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A Utilização das Normas Step nos Sistemas CAD/CAM para Integração entre Fornecedores do Setor Automotivo 1 *

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A Utilização das Normas

Step nos Sistemas

CAD/CAM para Integração

entre Fornecedores do

Setor Automotivo

1

The Step Standartization Utilization on CAD/CAM Systems for the

Integration of the Suppliers from Automotive Section

KLAUS SCHÜTZER

Universidade Metodista de Piracicaba schuetzer@unimep.br

NARA LUCIADE SOUZA

Universidade Metodista de Piracicaba m9702168@unimep.br

RESUMO – O presente artigo expõe o desenvolvimento virtual de produto como fonte de vantagens competitivas, bem como a tendência da indústria automobilística em realizar a integração com os seus fornecedores para o desenvolvimento de novos produtos. São apresentados fatores que devem ser avaliados e algumas das dificuldades enfrentadas pelos fornecedores para conseguir essa integração. A mudança no cenário produtivo automotivo em função da globalização tem como conseqüência a introdução de novas tecnologias, como o digital mockup (DMU) e as ferramentas que envolvem o seu funcionamento, como os sistemas CAD/CAM, a necessidade de modelos gerados 3D para efeitos de visualização virtual do produto e a utilização de sistemas EDM/PDM para gerenciamento das informações referente ao produto. É importante a utilização das normas STEP (Standart for the Exchange of Product Model Data) para padroniza-ção dos meios de transferências de dados existentes entre sistemas CAD/CAM para as empresas conquistarem vantagens competitivas no desenvolvimento de novos produtos.

Palavras-chave: FORNECEDORES – INTEGRAÇÃODE CAD/CAM – DIGITALMOCKUP – STEP ESISTEMAS EDM/PDM.

ABSTRACT – The present article exposes the virtual product development as source of competitive advantages, and the

tendencies of integration with the suppliers in this development. The difficulties are shown to achieve this integration. The globalization, the introduction of new technologies as the digital mockup (DMU), the basic tools of CAD/CAM sys-tems, the necessity of generating 3D models for visualization of the virtual product and the sustems information manage-ment (EDM/PDM) are also treated in the this documanage-ment. The importance of standardization of product data transfer methods to integrate these systems is unique, and brings advantages to the entire development of a new product.

Keywords: SUPPLIERS – INTEGRATIONOF CAD/CAM – DIGITALMOCKUP (DMU) – STEP ANDSYSTEMS EDM/PDM.

1 Projeto de pesquisa realizado com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP).

*

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INTRODUÇÃO

s empresas têm enfrentado nos últimos anos um aumento crescente no grau de exigência do mercado consumidor e também do nível de competitividade dos comércios interno e externo. Devido a esses fatores, a única forma de sobrevivên-cia para elas tem sido procurar atingir um melhor desempenho global, especialmente no que se refere às variáveis como qualidade, custo e flexibilidade, pro-curando obter vantagem competitiva em relação aos concorrentes e, conseqüentemente, tornar-se atraente aos consumidores. No setor automobilístico o cenário não é diferente, e a competitividade está cada vez mais acirrada com a globalização da economia.

O sucesso de uma indústria automobilística está intimamente associado a sua capacidade de introduzir novos produtos no mercado. Um pro-duto será tão mais competitivo quanto maior o seu diferencial com relação aos seus concorrentes no que diz respeito ao atendimento das necessidades do consumidor, qualidade e preço. Outra vantagem competitiva é a capacidade da empresa de não somente produzir produtos cada vez melhores, mas também reduzir significativamente o seu tempo de desenvolvimento, pois quanto menor esse tempo maior a freqüência com que novos produtos pode-rão ser introduzidos no mercado (Schneider, 1998). Em busca de vantagens competitivas, as empresas estão vivenciando um processo de redes-coberta da área de desenvolvimento de produtos, que ocorre cada vez mais de modo simultâneo e dis-tribuído por locais, com vistas a reduzir o tempo de desenvolvimento, aumentar a qualidade e diminuir os custos de projeto. Nesse sentido, as empresas caminham em busca de atividades que realmente agreguem valores ao seu produto final para torná-los atraentes ao mercado consumidor.

Diante desse desafio as indústrias passaram a utilizar tecnologias de ponta no ciclo de desenvolvi-mento de sua produção, desde a idealização do pro-duto até a sua reciclagem, envolvendo notadamente o uso de sistemas CAD/CAM (Computer Aided Design/Computer Aided Manufacturing) integra-dos e sistemas de gerenciamento de informações. Com os sistemas integrados é possível a utilização da realidade virtual ou engenharia virtual, permi-tindo que as pessoas envolvidas no processo de desenvolvimento trabalhem com modelos virtuais no computador. Dessa maneira pode-se eliminar os protótipos físicos a serem construídos para efeito de visualização, testes funcionais, verificação e

valida-ção do projeto, resultando em um produto com menor custo e menor tempo de desenvolvimento.

Para essa produção de modo simultâneo e integrado é necessário assegurar a capacidade de comunicação informatizada entre diversos parceiros e fornecedores. Assim, a indústria automobilística vêm cada vez mais buscando a integração total com os seus fornecedores. Trabalhar em conjunto no desenvolvimento de componentes e de novos pro-dutos permite que ambos os lados se beneficiem do conhecimento detalhado do produto e de sua rapi-dez na introdução de novos produtos e de projeto e manufatura realizáveis em tempo real.

Este artigo relata o desafio da indústria automo-bilística em realizar a integração com os seus fornece-dores para o desenvolvimento de novos produtos. São apresentados as novas tendências tecnológicas e os impactos que estas causam no setor automotivo.

GERENCIAMENTO

DE INFORMAÇÕES

Para o real sucesso da integração entre parcei-ros, segundo Schneider (1998), é importante assegu-rar a capacidade de comunicação entre os diversos fornecedores e a própria indústria automobilística, e a utilização de sistemas de gerenciamento de infor-mações.

É fundamental definir interfaces padrão e modelos unificados para alcançar a comunicação efi-ciente entre empresas. É necessário ter a todo momento os dados mais recentes do produto dispo-nível, que podem ser armazenados em um banco de dados central e acessíveis de modo independente de várias localizações. Atualmente algumas empresas já possuem sistemas EDM/PDM (Engineering Data Management/Product Data Management), ferra-mentas utilizadas para gerenciar informações. Segundo a Eikon (1998), fabricante de sistemas EDM/PDM, essas ferramentas aumentam a produti-vidade e são responsáveis pelo gerenciamento de toda informação relacionada com os produtos da empresa, incluindo arquivos digitais e registros de banco de dados, e também de todo o ciclo de vida dos produtos. Baake et al. afirmam que esses sistemas oferecem uma “plataforma de integração de todas as pessoas participantes do processo de desenvolvi-mento, mas não contribuem diretamente para que esse trabalho conjunto possa ser coordenado, isto é, processado de forma objetiva, efetiva e eficiente” (1997, p. 241).

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Fig. 1. Previsão e utilização dos sistemas EDM/PDM.

Fonte: Schützer et al. (1998).

O gerenciamento de dados de engenharia EDM/PDM é o princípio metodológico para a administração e utilização integradas de todos os dados referentes a produto e a meios de produção que incidam no âmbito do processo de geração do produto. Esses sistemas estão em condições de inte-grar muitos sistemas aplicativos autônomos num sis-tema geral logicamente relacionado. Na empresa, eles formam hoje em dia a base para integrar os sis-temas aplicativos de todo o processo de desenvolvi-mento de produto através de uma base de dados comum e aprimoram a sua competitividade através da melhor utilização dos sistemas CAD/CAM/CAE (Computer Aided Engineering), do aperfeiçoa-mento de procediaperfeiçoa-mentos operacionais, do suporte ao intercâmbio de informações com os parceiros, do atendimento aos requisitos de padrões da indús-tria e do governo, além de desenvolver habilidade para utilização de tecnologias futuras. Com isso, os sistemas de EDM/PDM integram todos os compo-nentes da cadeia de geração de valor de uma empresa e administram documentos não apenas estaticamente, mas controlando também sua gera-ção, liberação e modificação.

A figura 1 é o resultado parcial de pesquisa que está sendo realizada pelos fornecedores da indústria automobilística e mostra a caracterização de utilização dos sistemas EDM/PDM. Como pode ser observado, 43% dos fornecedores já estão utili-zando esses sistemas e, em dois anos, chegarão a 82% os usuários dessas ferramentas para

gerencia-mento das informações. As metas com a utilização do EDM/PDM são, entre outras, a redução dos tempos de planejamento e de construção, processa-mento paralelo do projeto, auprocessa-mento da segurança de dados, bem como recursos aprimorados de con-trole e de gerenciamento (Fitzgerald, 1995).

INTEGRAÇÃO ENTRE

SISTEMAS CAx

Com a introdução do digital mockup2 (DMU)

são otimizados todos os processos de desenvolvi-mento de produto. O DMU permite que todas as informações e funções relativas a um determinado produto possam ser apresentados como modelo vir-tual de computador. Com isso possibilita que o pro-duto todo seja testado antes que qualquer peça tenha sido fabricada. Se ocorrerem falhas nas peças, estes problemas já poderão ser identificados e corri-gidos no computador pelos projetistas, ainda no estágio inicial do desenvolvimento do produto. Muitos desses projetistas encontram-se distribuídos pelos fornecedores, daí a importância da integração total entre sistemas com os seus fornecedores.

Um dos problemas para essa integração é o fato dos fornecedores atenderem simultaneamente diferentes empresas automobilísticas, possuindo cada uma delas suas próprias exigências no que se refere à troca de informações digitais, sistemas CAD/CAM etc. 39 4 39 18 0 10 20 30 40

Utiliza na Produção Utiliza fase Piloto Implantará em 2 anos Não Implantará CARACTERIZAÇÃO DA UTILIZAÇÃO DOS SISTEMAS EDM/PDM

Amostragem: 23 empresas

EMPRESAS (%)

2 Digital mockup (DMU): modelo virtual do produto, aplicado em simulações e análises do produto.

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Fig. 2. Sistemas CAD utilizados pelos fornecedores.

Fonte: Schützer, et al. (1998).

Para a integração total entre as montadoras e os seus fornecedores no desenvolvimento de produto é necessário que estes possuam sistemas CAD/CAM compatíveis, para facilitar a comunicação entre todos os envolvidos. No desenvolvimento de produto, as montadoras trabalham com sistemas CAD diferentes e exigem que seus fornecedores atuem dentro do mesmo sistema, para facilitar e agilizar a comunica-ção e a transferência de dados de projetos. Mas para os fornecedores torna-se difícil trabalhar com os mes-mos sistemas CAD/CAM de seus clientes, pois estes são diversos e seus sistemas também.

As figuras 2 e 3 apresentam os diferentes siste-mas CAD utilizados pelas empresas automobilísticas e seus fornecedores. O desafio que um fornecedor enfrenta para trocar dados eficientes com as empre-sas automobilísticas pode ser notado na figura 3: um único fornecedor, fabricante de autopeças, para atender as quatro montadoras automotivas teria de possuir três sistemas diferentes de CAD e poder

tro-car informações de projetos com esses clientes; os

sistemas seriam: Unigraphics®, Catia® e I-DEAS®.

Outro dado a ser considerado é o fato das empresas automobilísticas utilizarem sistemas CAD de grande porte, cujo custo é bastante elevado para grande parcela dos fornecedores. Diante disso, eles são obrigados a recorrer a normas de transferência de dados disponíveis atualmente no mercado (IGES, VDA-FS, DXF etc.). Entretanto, a utilização desses modos de transferências normalizados geram perda de dados dos projetos, o que causa retrabalhos e atrasos nos projetos.

A transferência de dados de projetos de CAD desenvolvidos em sistemas de fornecedores diferen-tes é sempre problemática. As normas existendiferen-tes – como IGES (EUA), VDA-FS (Alemanha) e SET (França) – e as ferramentas de software específicas para traduzir os dados de projeto de um sistema CAD para outro ainda se mostram deficientes. Para Tânio (1997), a possibilidade de distorção de dados

está sempre presente.

O grande desafio reside em como integrar esses fornecedores, dentro de um único padrão, para que se dimi-nuam custos, tempos de desenvolvi-mento de produto e retrabalhos devido a transferências de dados incompletas, de modo que se possam trabalhar de forma conjunta e simultânea.

Nesse sentido vem se aprimo-rando uma nova norma que busca tal

SISTEMAS CAD MAIS UTILIZADOS

Amostragem: 22 empresas

Questão que permite mais de uma resposta Outros sistemas: menos que 9% 45 27 32 18 32 14 14

AutoCAD Pro/Engineer Unigraphics Microstation CATIA I-DEAS EMS/Intergraph

EMPRESAS (%) 0 10 20 30 40 50

Fig. 3. Sistemas CAD utilizados pelas indústrias automobilísticas. Fornecedores Volkswagem General Motors Mercedes Benz Ford Catia Unigraphics Catia I-DEAS ® ® ® ®

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padronização, o grupo de normas ISO 10.303, STEP. A STEP (Standard for the Exchange of Product Model Data) é um padrão internacional para o intercâmbio de dados de produto independente do sistema CAx. Como formato neutro, essa norma isenta os usuários dos formatos de dados específicos de fabricante de sis-temas CAD. Há anos a norma STEP é preparada como padrão internacional para o intercâmbio de dados de produtos entre diferentes sistemas CAD/ CAM (Xavier, et al. 1998).

TRANSFERÊNCIA

DO CAD PARA O CAM

Se os sistemas CAD e CAM forem do mesmo fabricante, não devem ocorrer problemas durante a transferência de dados, mas, se de fabricantes dife-rentes, é necessário a utilização de uma interface padrão para a realização dessa transferência, sob risco de perda de informações.

O modelo gerado no sistema CAD contém apenas informações geométricas do produto, não possuindo os dados tecnológicos, como exemplo, as tolerâncias. O problema que ocorre é os dados tec-nológicos, quando definidos pelo usuário do sis-tema CAD, não serem transferidos para o sissis-tema CAM, forçando o usuário a recorrer também ao desenho 2D para manufatura da peça. Com o desenvolvimento e aplicação do conceito de form features3 esse problema será eliminado.

A transferência do sistema CAD para o CAM é realizada através de duas formas:

• interfaces: IGES, DXF, VDA-FS, triangulariza-ção de superfícies etc.;

• softwares de conversão direta de dados entre dois sistemas específicos.

De acordo com os resultados parciais de pes-quisa realizada pela Universidade Metodista de

Pira-cicaba (UNIMEP), no Laboratório de Sistemas

Computacionais para Projeto e Manufatura (Lab. SCPM), entre os diversos fornecedores do setor automotivo os meios de transferências mais comuns estão demonstrados na figura 4.

Conforme indicado na figura 4, a interface padrão mais utilizada pelos fornecedores de uma indústria automobilística é o IGES. Mas essa interface tem apresentado problemas de perda de dados na transferência: possui várias versões e, na transferência

de dados entre os sistemas, poderá haver distorção dos dados se as versões do IGES forem diferentes (Tânio, 1997). Sugerida pela associação da indústria automobilística alemã com o objetivo de solucionar os problemas de trocas de informações de superfícies complexas em CAD apresentados pelas outras inter-faces, a VDA-FS tem produzido dados mais confiá-veis, mas está mais restrita à indústria alemã.

As empresas que costumam efetuar grandes volumes de trocas de dados com parceiros e forne-cedores chegam a gastar milhões de dólares na com-patibilização dos dados. A BMW, por exemplo, declarou gastar US$ 6 milhões anuais com essa fina-lidade (Tânio, 1997).

Ainda na figura 4, pode-se observar que nem um dos fornecedores pesquisados da indústria auto-mobilística no Brasil utiliza a norma STEP e muitos nem têm conhecimento de sua existência. Segundo Tânio (1997), como o uso no país ainda é restrito, existe um ceticismo quanto à possibilidade da norma STEP vir a ser um padrão de fato. É preciso um trabalho de marketing em cima dessa idéia, e de conscientização da necessidade da utilização desse padrão, assim como sobre as vantagens oferecidas por ele a todos os parceiros.

A Mercedes Benz do Brasil, para se citar um caso, utiliza o software Catia®, mas nem todos os seus forne-cedores possuem esse produto, portanto, eles precisam recorrer a uma interface padrão, como o IGES.

Nos últimos anos não faltaram iniciativas por partes dos fornecedores de sistemas CAD no sentido de tentar solucionar esse problema, porém a ausência de um comprometimento absoluto desses fornecedo-res de sistemas acfornecedo-rescida da regionalização de suas ini-ciativas – por exemplo, IGES nos EUA, VDA na Alemanha e SET na França – continuaram privando os usuários de uma solução definitiva (Pedra, 1997).

Mas atualmente os processos de integrações tecnológicas que vêm surgindo no mundo todo estão intensificando o intercâmbio de dados entre empresas, de maneira que os fornecedores de siste-mas CAD estão cada vez mais pressionados a tornar a troca de dados para seus sistemas uma operação fácil e confiável (Pedra, 1997). Segundo Tânio (1997), nos EUA e Alemanha há avanços significati-vos indicando que a norma STEP caminha para se tornar um padrão de fato. Centros de fomento ao STEP já funcionam em diversos países: PDES Inc. (EUA), ProSTEP (Alemanha), Nippon STEP Center (Japão), CADDETC (Inglaterra), Goset (França), C-STEP (China) e B-C-STEP (Brasil).

3 Form features: conceito que descreve um modelo baseado nas infor-mações geométricas e tecnológicas do produto para a sua manufatura.

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Fig. 4. Interfaces utilizadas nas trocas de dados entre sistemas CAx.

Fonte: Schützer et al. (1998).

É necessário também verificar os modelos geo-métricos utilizados pelos fornecedores. Para uma visualização do produto e a utilização da engenharia virtual, cabe que as empresas trabalhem com mode-los que permitam a visualização volumétrica do pro-duto. Na pesquisa mencionada anteriormente, realizada com fornecedores da indústria automobilís-tica, foi possível verificar que eles estão trabalhando com sistemas CAD 3D, como pode ser observado na figura 6, mas o volume de trabalho deles continua sendo maior com modelos geométrico 2D (fig. 5).

Para a implementação do DMU é necessário que os fornecedores passem a trabalhar com os modelos geométricos 3D, o qual possibilitaria a visualização volumétrica do produto. Isso permitirá também a realização de simulações com o produto, a fim de se testá-lo virtualmente, antes mesmo de ter sido produzida qualquer peça.

Os atuais sistemas CAM realizam a progra-mação do CNC com maior rapidez se forem utili-zados modelos gerados em CAD. Para MOTTA (1997), a utilização do modelo geométrico 3D e o recurso de simulação gráfica da usinagem permi-tem a verificação de todas as operações envolvidas, através de animação tridimensional, abarcando a peça e as ferramentas de corte. Entretanto, apenas uma pequena parcela (28%) das empresas entrevis-tadas utiliza o recurso de integração CAD/CAM,

incluindo aqui os modelos 2D utilizados para gera-ção de programas NC para peças simples.

TENDÊNCIAS PARA

OS PRÓXIMOS ANOS

Na indústria automobilística está clara a ten-dência de se trabalhar em parceria com os fornecedo-res durante o desenvolvimento de novos produtos. Espera-se que eles tenham condições de preencher os requisitos do projeto. Para os fornecedores, isso implica custos consideráveis, porque têm de melho-rar os seus sistemas para o mesmo nível de seus clien-tes, adaptar os métodos de engenharia e investir na área de recursos humanos, com a realização de trei-namentos internos para capacitar o pessoal a traba-lhar com tais tecnologias. Segundo Motta (1997), isso permite que ambas as partes se beneficiem do conhecimento detalhado do produto e de sua manu-fatura. Essa integração entre clientes e fornecedores está envolvendo também os sub-fornecedores, ou seja, há também uma integração dos fornecedores com os sub-fornecedores.

Os meios de transferências de documentos uti-lizados devem ser o mais seguro, eficiente e rápido possível. Foi observado na pesquisa mencionada que a maioria dos fornecedores possue uma rede local (LAN), a qual é utilizada para a transferência de documentos, entretanto, para a transferência de desenhos o meio ainda mais utilizado é o papel. 95 15 5 0 0 64 35 20 0 20 40 60 80 100

IGES VDA-FS VDA-IS SET STEP DXF CAD/CAD CATIA INTERFACES

Amostragem: 20 empresas

Questão que permite mais de uma resposta

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Fig. 5. Modelamento geométrico utilizados pelos fornecedores.

Fonte: Schützer et al. (1998).

Fig. 6. Utilização do modelo geométrico 3D e previsão de implantação no período de dois anos.

Fonte: Schützer et al. (1998).

Para assegurar uma comunicação eficiente haverá necessidade de padrões para interfaces, men-sagens, documentos e rotinas. A transferência de documentos deverá acontecer de forma on-line, uti-lizando-se para tanto os meios já disponíveis nas empresas e provavelmente recursos tecnológicos já disponíveis no mercado, como Web e Internet, que também deverão contribuir como meio de transfe-rências (Pedra, 1997).

Em uma cooperação entre montadoras e for-necedores é necessário transferir e interpretar facil-mente os dados de projeto. Os fornecedores de sistemas CAD e empresas representativas de vários setores da economia mundial se uniram em torno da tarefa de especificar um formato de armazena-mento de dados definitivos, as normas STEP (Stan-dart for He Exchange of Product Model Data). O esforço agora é global e resultou na norma ISO10.303 (Xavier, et al. 1998).

79 3 9 2 1 6 0 20 40 60 80

Modelo 2D Wireframe Explícito Superfícies Explícito Volumétrico Paramétrico Superfícies Paramétrico Volumétrico TIPOS DE MODELOS GEOMÉTRICOS

Amostragem: 21 empresas M ÉDIA DE UTILIZA ÇÃ O (%) 79 21 0 0 20 40 60 80

Utiliza Não utiliza/implantar em 2 anos Não utiliza/não vai implantar UTILIZAÇÃO DE SISTEMA CAD 3D NO DESENVOLVIMENTO E PROJETO

Amostragem: 19 empresas

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Tabela 1. Sistema/versão disponibilizado(a) com padrão STEP.

Fonte: Xavier et al. (1998).

As grandes empresas envolvidas com sistemas CAD participam desenvolvendo pré e pós-processa-dores, algumas já dispondo de produtos que ope-ram com as normas STEP (tabela 1). A associação ProSTEP realizou mais de 250 testes com os softwa-res mencionados na tabela 1 para verificar a quali-dade da tradução entre os sistemas, obtendo bom resultado na maioria deles. Pode-se observar que os primeiros 90% da tradução foram conseguidos facilmente, enquanto os 10% remanescentes causa-ram mais trabalhos para alcançar um bom resultado (Xavier, et al. 1998).

O sucesso das normas STEP irá depender de como os fornecedores de sistemas CAD implemen-tarão seus sistemas, assim como do interesse do setor automobilístico em efetivamente adotar esse padrão. Somente os sistemas CAD cujos bancos de dados forem originados em STEP oferecerão reais benefí-cios, pois serão capazes de armazenar completa-mente os projetos com informações geométricas e tecnológicas de todos os produtos, podendo os seus usuários, assim, transferir dados a todos os seus clien-tes sem causar retrabalho.

Com esse sistema implementado, as indústrias poderão aumentar a sua eficiência global de modo significativo e ser capazes de fornecer um serviço melhor para seus clientes.

Muitos softwares de CAD/CAM já estão sendo implantados em Windows NT, o que permite uma significativa redução no custo do hardware na aquisi-ção de novos sistemas. Entre os fornecedores do setor automotivo pesquisados, foi observado que 48% deles operam com o sistema UNIX e, com Windows NT, apenas 9%. Como o sistema Windows NT

apre-senta uma relação custo/benefício melhor que a do sistema UNIX, este panorama vem se modificando, havendo uma previsão de redução da sua utilização para 35% e um aumento da utilização do sistema Windows NT para 65%. Este último oferece plata-forma de trabalho mais eficiente para softwares e aplicativos CAD/CAM de última geração.

Os pré-requisitos técnicos para uma integração no desenvolvimento de produtos já foram lançados. Embora os projetos estejam em andamento, muitos produtos já estão sendo disponibilizados no mercado com o intuito de melhorar essa integração entre indústrias automobilísticas e seus fornecedores.

São várias as vantagens que a integração entre fornecedores e a indústria automobilística traz para ambas as partes:

• os dois lados conhecem o produto detalhada-mente;

• rapidez na introdução de novos produtos e pro-jetos;

• aumento da produtividade; • redução do custo do produto;

• aumento da qualidade do produto final. Com a globalização e o mercado consumidor mais exigente, a indústria automobilística está cada dia mais competitiva. Para se alcançar uma grande vantagem competitiva é necessário a integração com os seus fornecedores, de modo que as vantagens acima citadas possam ser asseguradas e que o pro-duto seja diferenciado, no mercado consumidor, diante dos produtos concorrentes.

CONCLUSÕES FINAIS

A completa integração entre indústrias automo-bilísticas e seus fornecedores para desenvolvimento de produtos permitirá que as indústrias automobilísticas caminhem para um ambiente de trabalho de equipe geograficamente distribuído, disponibilizando imedia-tamente informações entre os diversos departamentos e fornecedores, acelerando o processo de tomadas de decisões, otimizando seus produtos e processos, asse-gurando assim a competitividade.

A comunicação entre indústrias automobilísti-cas e seus fornecedores é um fator muito impor-tante na integração entre eles. A comunicação precisa ser informatizada e tem-se de utilizar um sis-SISTEMA/VERSÃO FORNECEDOR

CADDS v.7.1.0/43.127 Computervision CATIA Solutions v.4 Release 1.8 FR 4.1.8 Dassault Systèmes CATIA v.4.1.8 Debis

Euclid Quantum v.1.2 Matra Datavision I-DEAS Master Séries 5 SDRC EMS 03.02.00.29 Intergraph Pro/Engineer v.18 PTC CoCreate Solid Designer 05.10P0806 CoCreate

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tema de gerenciamento de informações para assegu-rar a capacidade de comunicação eficiente e segura.

A padronização da troca de dados CAD/CAM com as normas STEP irá diminuir os problemas que os fornecedores enfrentam ao atender todos os siste-mas CAD de seus clientes. O uso das norsiste-mas STEP vai reduzir o tempo de desenvolvimento de novos produtos e, de certa forma, os custos adicionais gastos com a compatibilização dos dados de projeto.

A base de integração entre fornecedores e a indústria automobilística para desenvolvimento de novos produtos deverá ser a interface padrão STEP, que garantirá os dados de projetos corretos e seguros. Além disso, é necessário se pesquisar o parque

indus-trial das autopeças com vistas a se criar uma metodo-logia para realizar a integração dos fornecedores com a indústria automobilística de modo eficiente.

Com os softwares CAD/CAM disponíveis em sistemas Windows NT, a tecnologia CAD/CAM estará ao alcance de um “leque” maior de fornece-dores, facilitando a integração destes para o desen-volvimento de novos produtos.

A utilização dos sistemas CAD/CAM é uma ferramenta importante para quem pretende ser competitivo no mercado, no qual produtividade, qualidade e redução de custos são fatores cada vez mais fundamentais.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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FITZGERALD, A. Co-operative Engineeting – the new framework for collaborative product development. Opening Produc-tive Partnerhips. In: Adavances in Desing and Manufacturing, Eds. K.R. von Barisani, P.A. MacConail & K. Tier-ney, 1995.

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PEDRA, A. Há evidências de que os sistemas CAD passarão por uma revolução tecnológica. Máquinas e Metais, São Paulo, 32 (380): 123-130, set./97.

SCHNEIDER, H. A engenharia simultânea e sua importância competitiva. Techoje. Capturado em 4/fev./98. Disponível na Internet: <http://www.tchoje.com.br/au9509-1.html>.

SCHÜTZER, K; ABACKERLI, A. & SOUZA, N.L. de. Diagnóstico para “Digital Mockup”. Santa Bárbara d’Oeste: UNIMEP, 1998. [Relatório final: Projeto EDM]

TÂNIO, F. STEP para falar a mesma língua. Metal Mecânica, São Paulo, pp. 16-19, abr.-mai./97.

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Referências

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