1.1.1.1.1 Exemplo conjunto – amortização de ágio relativo a vários itens do ativo da investida
Supondo que uma empresa investidora (DORA) tivesse adquirido 90% do capital de uma empresa investida (TIDA) na seguinte situação:
(a) o valor do patrimônio líquido da investida era de R$ 100.000,00, e
(b) o valor pago, por ocasião da aquisição dessas ações fosse de R$ 140.000,00, conseqüentemente, com um ágio total de R$ 50.000.000,00;
(c) o referido ágio está fundamentado no valor de mercado dos bens do ativo da investida, correspondente a:
- terrenos 10.000,00; - edificações 20.000,00; - maquinários 15.000,00; - estoques 5.000,00.
A figura a seguir ilustra a situação patrimonial inicial:
Caixa 140.000,00 ---PL Inv - Tida -100% 0% Tida Despesas Receitas Dora
90.000,00
(+) ágio 50.000,00
10% 90%
Bens (+) Direitos Obrigações
---PL terrenos 20.000,00 11.111,11 Total do PL 100.000,00 edificações 40.000,00 22.222,22 maquinários 30.000,00 16.666,67 estoques 10.000,00 5.555,56 Tida ativo Passivo Despesas Receitas
A memória de cálculo do ágio – por ativo – encontra-se a seguir demonstrada: Ativo valor contabilizado parte oculta percentual de participação ágio terrenos 20.000,00 11.111,11 90% ######## edificações 40.000,00 22.222,22 90% ######## maquinários 30.000,00 16.666,67 90% ######## estoques 10.000,00 5.555,56 90% 5.000,00 100.000,00 ########
Caixa ---PL Inv - Tida 90.000,00 (+) ágio (90.000,00) 10% 90%
Bens (+) Direitos Obrigações
---PL terrenos 20.000,00 11.111,11 Total do PL 100.000,00 edificações 40.000,00 22.222,22 maquinários 30.000,00 16.666,67 estoques 10.000,00 5.555,56 Tida ativo Passivo Despesas Receitas Dora
ativo Passivo Demais sócios
Com relação aos terrenos, como os terrenos não são depreciáveis, os 10.000.000,00 de ágio, a eles relativos, somente seriam amortizados: (1) por ocasião da alienação dos terrenos, ou; (2) por reavaliação na investida.
Com relação aos edifícios, supondo que a investida os deprecie e que tenham uma vida útil remanescente de 20 anos, a amortização dos R$ 20.000.000,00 de ágio, será de R$ 1.000.000 (5%) ao ano.
Com relação ao maquinário, o ágio de R$ 15.000.000,00, será amortizado no prazo da vida útil do maquinário. Supondo que esta vida útil seja de 3 anos, teríamos a amortização de 33,33% ao ano – R$ 5.000.000,00.
(10.000,00) - CMV 10.000,00 Desp depreciação 10.000,00 Desp depreciação 2.000,00 Despesas Receitas
A partir da situação acima, os fundamentos do ágio (ativos ocultos) são proporcionalmente realizados, conforme memória de cálculo abaixo:
Ativo inicial % realização remanescente % participação inicial (-) amortização (=) remanescente terrenos 11.111,11 0% 11.111,11 90% 10.000,00 - 10.000,00 edificações 22.222,22 5% 21.111,11 90% 20.000,00 (1.000,00) 19.000,00 maquinários 16.666,67 33% 11.111,11 90% 15.000,00 (5.000,00) 10.000,00 estoques 5.555,56 100% - 90% 5.000,00 (5.000,00) -39.000,00 ágio parte oculta
A figura a seguir ilustra a situação patrimonial após a amortização do ágio por depreciação/baixa dos ativos:
Caixa ---PL Inv - Tida 90.000,00 (+) ágio 39.000,00 10% 90% Desp amort 11.000,00
Bens (+) Direitos Obrigações
---PL terrenos 20.000,00 11.111,11 Total do PL 100.000,00 edificações 38.000,00 21.111,11 maquinários 10.000,00 11.111,11 estoques - - desp deprec 12.000,00 cmv 10.000,00 Despesas Receitas Tida ativo Passivo Despesas Receitas Dora
ativo Passivo Demais sócios
Supondo que, ao final do ano, seguinte à aquisição, a investida tivesse efetuado uma reavaliação de alguns dos bens que fundamentaram o ágio, nos seguintes valores:
- terrenos 15.000.000,00; - edificações 20.000.000,00;
Caixa ---PL
Inv - Tida 90.000,00 RRR terr 3.500,00
(+) ágio 1.000,00 RRR maq. 800,00 10% 90% Desp amort 11.000,00 38.000,00
Bens (+) Direitos Obrigações
---PL
terrenos 35.000,00
(3.888,89)
outras contas 100.000,00
edificações 58.000,00 Res reav terr 15.000,00 1.111,11 Res reav edif 20.000,00
maquinários 32.000,00 Res reav maq 12.000,00 (888,89) estoques - - desp deprec 12.000,00 cmv 10.000,00 Despesas Receitas Tida ativo Passivo Despesas Receitas Dora
ativo Passivo Demais sócios
Repare que:
- no caso de remanescer uma parte (positiva) oculta para o ativo, temos ágio remanescente no investimento;
a um ativo oculto de valor negativo), temos a constituição de uma reserva de reavaliação reflexa.
De uma forma conjunta, a amortização correspondente do ágio deveria ser efetuada conforme cálculos a seguir.
bens reavaliados reavaliação na investida reflexo na investidora (90%) terrenos 15.000.000,00 13.500.000,00 edifícios 20.000.000,00 18.000.000,00 maquinários 12.000.000,00 10.800.000,00 total 47.000.000,00 42.300.000,00 contas ágio Amortização por realização Amortização
por reavaliação saldo terrenos 10.000.000,00 - 10.000.000,00 -edifícios 20.000.000,00 1.000.000,00 18.000.000,00 1.000.000,00 maquinários 15.000.000,00 5.000.000,00 10.000.000,00 -total 45.000.000,00 6.000.000,00 38.000.000,00 1.000.000,00
Quanto aos terrenos, temos que:
- foi pago um ágio de R$ 10.000.000,00, para se ter direito a 90% de um ativo oculto;
- portanto, o ativo total era avaliado (pela investidora, no momento do pagamento) em R$ 10.000.000,00 (/) 90% (=) R$ 11.111.111,11;
- ocorre que, com a reavaliação, o ativo total passou a ser avaliado por R$ 15.000.000,00;
- com essa reavaliação, o terreno passou a estar refletido no investimento por 90% (*) R$ 15.000.000,00 (=) R$ 13.500.000,00;
fundamento R$ 20.000.000,00 (*) 5% (=) R$ 1.000.000,00, remanescendo apenas R$ 19.000.000,00;
- ocorre – ainda – que, com a reavaliação, o ativo total passou a ser avaliado por R$ 20.000.000,00;
- com essa reavaliação, o terreno passou a estar refletido no investimento por 90% (*) R$ 20.000.000,00 (=) R$ 18.000.000,00;
- esse valor é insuficiente para justificar todo o ágio remanescente, de R$ 19.000.000,00, porém justifica parte desse valor, restando apenas um ágio de R$ 1.000.000,00.
Quanto aos maquinários, temos que:
- foi pago um ágio de R$ 15.000.000,00, para se ter direito a 90% de um ativo oculto;
- portanto, o ativo total era avaliado (pela investidora, no momento do pagamento) em R$ 15.000.000,00 (/) 90% (=) R$ 16.666.666,67;
- ocorre que esse ativo foi depreciado em 33%, portanto, 33% do ágio perdeu seu fundamento R$ 15.000.000,00 (*) 33% (=) R$ 5.000.000,00, remanescendo apenas R$ 10.000.000,00;
- ocorre – ainda – que, com a reavaliação, o ativo total passou a ser avaliado por R$ 12.000.000,00;
- esse valor é suficiente para justificar todo o ágio remanescente de R$ 10.000.000,00 e ainda gerar um ganho de R$ 800.000,00 R$ 10.800.000,00 (-) R$ 10.000.000,00 (=) R$ 800.000,00.
Repare que o total o aumento líquido do investimento foi de R$ 3.500.000,00 (+) R$ 800.000,00 (=) R$ 4.300.000,00. Esse aumento é um ganho decorrente de reavaliação da investidora e, portanto, devia - à época – ser registrado como reserva de reavaliação reflexa. Lançamentos D = Investimentos 42.300.000,00 C = a diversos C = a ágio Terrenos 10.000.000,00 C = a ágio Edifícios 18.000.000,00 C = a ágio Maquinários 10.000.000,00 C = a Reserva de reavaliação 4.300.000,00
Obs.: o valor da reserva de reavaliação reflexa (R$ 4.300.000,00) compõe-se de: - R$ 3.500.000,00 oriundos da reavaliação dos terrenos; e
- R$ 800.000,00 dos maquinários.