• Nenhum resultado encontrado

Estórias de Iracema. Maria Helena Magalhães. Ilustrações de Veridiana Magalhães

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Estórias de Iracema. Maria Helena Magalhães. Ilustrações de Veridiana Magalhães"

Copied!
16
0
0

Texto

(1)
(2)

Estórias de Iracema

Maria Helena Magalhães

Ilustrações de

(3)

Q

uando Iracema deixou o hospital depois da primeira visita à Gê, uma ideia não saía de sua cabeça: quando seria a próxima vez que veria a amiga? Se dependesse dela, gostaria de visitá-la todos os dias!

Além de morrer de saudade da Gê, Iracema também queria ouvir as novidades da turma lá do hospital e saber direitinho sobre as histórias de um tal de Luiz

Maurício, um menino carioca que também estava internado. Pelo que o Lipe tinha contado, esse Luiz Maurício sabia um

monte de histórias engraçadas sobre o Rio de Janeiro, a cidade maravilhosa à beira-mar. Iracema tinha tanta vontade de ver o mar, que só de ouvir estórias era como se ela tivesse “Lá”, olhando para o azul das águas e ouvindo o ir e vir de suas ondas.

Quando o dia da visita finalmente chegou, Iracema acordou animadíssima. E tratou logo de chamar os dois amigos inseparáveis. Magda foi avisada de que não poderia demorar duas horas pra se arrumar. Nada de ficar escolhendo mil brincos e roupas, nem gastar horas alisando as penas amassadas durante a noite! Mas a passarinha, vaidosa que era, abriu mão do café da manhã para não fazer feio na visita à Gê. Imagine se Magda faria uma visita mal arrumada...

(4)

Só faltava chamar o Binho, o outro companheiro inseparável de Iracema. Ninguém sabia dizer se ele era cachorro ou lobo, mas o que se sabia, sem dúvida nenhuma, é que era um amigo fiel e sempre presente. E animado, também! Quando iam nadar na cachoeira, por

exemplo, bastava a menina mencionar essa palavra, para que Binho ficasse pronto num instante, com o seu rabo abanando na porta de casa! E não era só da cachoeira que ele gostava, não. Na primeira vez que

foram mergulhar no rio, Binho pulava tanto que a menina começou a desconfiar se ele também não tinha algo de sapo, além de ser um cachorro-lobo.

Aliás, passeio e companhia dos amigos era com ele mesmo. Quando Iracema inventava de sair sozinha para a cidade, Binho ficava num desânimo só. Em compensação, toda vez que ela chegava em casa, o amigo pulava, lambia, abanava o rabo e uivava de felicidade.

Uma vez, Binho abraçou tão forte a amiga, que os dois caíram no chão.

Esse cachorro-lobo era mesmo um companheirão! Por isso, Iracema achou tão estranho que ele não estivesse acordado, pronto para ir ao

hospital com os amigos. E resolveu chamar o amigo: – Binho, acorde! Hoje é o dia de visitarmos a Gê. – Eu não vou ao hospital, Icê. Estou morrendo de sono! Falou o Binho, entre um bocejo e outro.

5

4

(5)

Não havia tempo para conversa, mas Iracema foi embora pensando: será que ele está passando bem? Nunca vi meu amigo com tanto sono assim.

No ônibus, Iracema, Lipe e Magda estavam numa animação só! Não viam a hora de chegar ao hospital.

(6)

Dessa vez, sem o Binho, Magda iria voando até a janela da sala da brinquedoteca. Iracema encontraria a Gê na

quimioterapia e Lipe iria logo depois de ter pegado uns exames da irmã.

Tudo combinado, cada um foi para seu lado.

Mas na hora de encontrar a Gê, cadê a amiga? Iracema passou por todos os leitos da quimioterapia, mas nada da Gê. Onde será que ela estava? Ainda bem que essa dúvida não durou muito tempo, pois uma enfermeira simpática sabia direitinho onde estava a paciente “sumida”:

– Você deve ser a amiga da Gê, não é? O Luiz fez

transplante de medula e ainda não pode descer. Eles estão no 404. Sabe onde é?

(7)

Saber, Iracema não sabia, mas ela era mestre em descobrir novos lugares.

Não demorou muito, a menina já estava batendo na porta do tal quarto 404. Luiz Maurício e Gê estavam com uma cara de preocupação, os olhos azuis do menino completamente arregalados e a Gê tamborilando os dedos na mesa, como fazia quando estava nervosa com alguma coisa.

Iracema quis logo saber o que estava acontecendo. A operação tinha dado errado? O Luiz Maurício não ia ficar bom? Que nada! A recuperação do menino ia de vento em popa. O que não ia bem eram as noites no hospital.

– Por quê? O que tem acontecido durante a noite? Iracema perguntou.

– A gente não tem nem conseguido dormir direito. É difícil de acreditar, Icê, mas nas últimas noites o hospital tem sido invadido por um lobo!

(8)

– Um lobo? Como assim, um lobo de verdade?

– De carne e osso, respondeu o Luiz Maurício com seu sotaque carioca. Ele vem na calada da noite, quando as enfermeiras e os médicos já estão dormindo.

– Nossa, Luiz! Será que não é sonho, quer dizer, um pesadelo que você tem tido, não?

– Antes fosse, Icê. No começo, eu até achei que fosse um sonho bem terrível, um lobo chegando perto da gente, com aqueles dentões afiados e brilhantes. Mas olhe só o que eu encontrei perto da cama da Gê.

Iracema chegou perto para olhar. – Luiz, isso é pelo de lobo!

Isso mesmo. Pelo de lobo. E dos legítimos! O medo de Luiz Maurício e de Gê tinha toda a razão de ser. Na calada da noite, os dois amigos estavam mesmo

sendo “visitados” por um lobo. Mas quem acreditaria naquela história maluca?

Os três estavam pensando como

resolveriam aquele problemão e para quem poderiam contar sobre o visitante noturno, quando Gê se lembrou do Dr. Di. Claro! O Dr. Di era o único a quem poderiam contar sobre o misterioso lobo. Era o único adulto que acreditaria neles.

13

12

(9)

Na sala do Dr. Di, estava o Lipe, que tinha acabado de levar os exames da irmã.

– Bom dia! Estávamos mesmo

falando sobre a Gê. Mas, que cara é essa de preocupação? Se for por causa dos exames, não precisa se preocupar porque as notícias são boas!

– Não é por causa dos exames, não, Dr. Di. Mas a eu precisava contar uma coisa para vocês.

Dr. Di e Lipe ouviram a tudo

atentamente e, segurando os pelos do lobo nas mãos, o médico disse para as crianças:

– Não há por que duvidar de vocês! Agora, resta saber quem é esse visitante misterioso e o que ele quer por aqui. Mas, para isso, temos de bolar um plano.

(10)

Hoje à noite, Iracema, Lipe e eu vamos nos esconder. Eu posso ficar fora do quarto e vocês dois ficam na parte de dentro. Quando o lobo entrar, jogamos a rede nele e o prendemos. Até a noite, para ninguém desconfiar, vocês ficam escondidos aqui na minha sala, combinado?

Combinadíssimo. O plano parecia prefeito. Agora era só esperar pelo fim do dia. Luiz Maurício foi o que ficou mais aliviado. Depois de várias noites em claro, poderia finalmente voltar a dormir.

17

16

(11)

E o que fariam com aquela ansiedade até o final do dia? O jeito era tentar se divertirem ao máximo. Primeiro, conversaram e conheceram Luiz Maurício e suas histórias sobre o Rio de Janeiro, sobre o mar e as aventuras vividas na praia. Que vontade de viajar até a cidade maravilhosa!

Depois, Iracema, Lipe e Gê foram até a brinquedoteca. Magda também estava por lá, só que do lado de fora, pousada no beiral da janela. Os amigos brincaram muito naquele dia e a noite não tardou a chegar.

(12)

Após o jantar, tudo ficou silencioso. As enfermeiras passaram sua última visita pelos quartos. O hospital estava às escuras e os nossos amigos, a postos em seus lugares, escondidos e preparados para enfrentar o terrível intruso.

21

20

(13)

Nem precisaram esperar muito tempo. Não era tão tarde

quando ouviram passos pelo corredor e a porta do quarto abrindo devagarinho com um rangido, nheeec. Dr. Di, Iracema e Lipe sabiam que tinha chegado a hora. Prepararam a rede e.... vupt! Pegaram o visitante misterioso! O bicho arfava e seus dentes brilhavam no escuro. Era medonho!

Dr. Di acendeu as luzes e qual não foi a surpresa de todos?

– Binho?! Os amigos disseram em coro. O que você está fazendo a essa hora no hospital?

Binho estava sem graça. Nunca tinha feito uma travessura tão grande, mas não aguentava sentir tanta saudade da Gê e preferia vir no meio da noite, quando podia chegar bem pertinho da amiga, mesmo que tivesse de ficar escondido, mas pelo menos, saberia como a amiga estava passando.

(14)

– Então é por isso que você anda com um sono danado de dia, hein, Binho?

E eu pensando que você também estava doente!

Binho desculpou-se por ter assustado a todos. Meter medo nos outros nunca havia sido do seu feitio. E em seguida, foi apresentado ao Dr. Di e ao Luiz Maurício. Ainda bem que aquele pesadelo todo tinha terminado em boas risadas!

(15)

Adaptação e revisão Ana Carolina Carvalho

Projeto gráfico e ilustrações Veridiana Magalhães

Assessoria gráfica Antonio Kehl

Apoio:

Colégio Uirapuru - Sorocaba Colégio Santa Cruz - São Paulo

Distribuição gratuita Dedico esta série ao meu pai

(16)

Referências

Documentos relacionados

O objetivo do presente trabalho foi entender quais os benefícios alcançados por meio da parceria entre a COPASUL, uma empresa com esforços direcionados à comercialização

The objectives of this article are as follows: (1) to describe the assessment protocol used to outline people with probable dementia in Primary Health Care; (2) to show the

Os resultados deste trabalho mostram que o tempo médio de jejum realizado é superior ao prescrito, sendo aqueles que realizam a operação no período da tarde foram submetidos a

Remontando ás origens do Drama Satírico da Antiguidade Clássica, sob a égide de Dionísio, mostrar-se-á como o estilo mesclado da tragicomédia aparece já nas

O estudo indicou que a utilização de méto- dos de interpolação para a construção de modelos digitais da batimetria de cursos d’água é uma al- ternativa viável para

10,0 Maria Luisa Vilela Zeller Direito civil: a evolução social e jurídica da mulher Marco Aurélio

Para análise das características gerais e ocorrência de possíveis interações medicamentosas todos os pacientes internados durante o período de estudo, com prontuário

Citar termos como política, aborto, prostituição e maternidade são de extrema relevância para se entender a vulnerabilidade da população feminina no Brasil,