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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM VIGILÂNCIA SANITÁRIA. Análise de resíduos de agrotóxicos em alimentos

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM VIGILÂNCIA SANITÁRIA

Análise de resíduos de agrotóxicos em alimentos

Adriana Del´Isola¹ Daniela Buosi Rohlfs² ¹ Engenheira Agrônoma formada pela Universidade de Brasília, UnB, Brasil. Aluna da Pós-Graduação em Vigilância Sanitária, pela Universidade Católica de Goiás/IFAR.

² Orientadora: Engenheira Florestal pela Universidade de Brasília; Mestre em Ciências Ambientais pela Universidade de Brasília; Especialista em Gestão Integrada das Águas- Saneamento Ambiental pela Universidade das Águas da Itália; Especialista em Saúde e Poluição Atmosférica pela Universidade de São Paulo; Doutoranda em Saúde Coletiva pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ. Professora de especialização da IFAR/PUC-GO. Atuando como Coordenadora Geral de Vigilância em Saúde Ambiental do Ministério da Saúde.

RESUMO

Este trabalho é uma revisão sobre os estudos a respeito dos resíduos de agrotóxicos em alimentos consumidos in natura pela população. Apresenta informações gerais a respeito dos agrotóxicos e a legislação brasileira que trata desse assunto. Além disso, analisa os resultados do Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos feito pela Agência Nacional de Vigilância de Sanitária (ANVISA) no que se refere às hortaliças: alface, batata, cebola, cenoura, pimentão e tomate. Verificou-se que na amostra selecionada, a principal irregularidade encontrada era a ocorrência de resíduos de agrotóxicos não autorizados para aquelas culturas, em que ocorria com maior frequência no pimentão, na alface e no tomate.

Palavras-chave: Agrotóxicos. Resíduos. Hortaliças.

ABSTRACT

The objective of this paper is a review of the studies on the pesticide residues in foods consumed raw by the population. Displays general information about pesticides and Brazilian low that addresses this issue. Moreover, analyzes the results of the Program Analysis of Pesticide Residues done by the Nation Agency of Sanitary Surveillance (ANVISA) in the case of vegetables: lettuce, potatoes, onions, carrots, peppers and tomatoes. It was found that the selected sample the main irregularity was found to occur pesticide residues not approves for those cultures in which more frequently occurring in pepper, lettuce and tomato.

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1. INTRODUÇÃO

A partir da Revolução Verde, na década de 70, a agricultura começou a incorporar tecnologias, como fertilizantes sintéticos, variedades melhoradas geneticamente, agrotóxicos, irrigação, motomecanização, visando aumentar a produtividade das culturas (MAROUELLI, 2003). Segundo Albergoni e Pelaez (2007), em 30 anos a produtividade de cereais dobrou, proporcionando um incremento de 7% no total de alimento per capta produzido no Terceiro Mundo. O modelo de produção agrícola brasileiro foi construído sob esse paradigma e permanece até os dias de hoje.

Apesar dos benefícios, o uso dos agrotóxicos na agricultura para o combate às pragas se configura como um risco potencial à saúde humana e à contaminação do meio ambiente. Além disso, os resíduos de agrotóxicos nos alimentos podem se configurar como uma barreira sanitária para a exportação, já que muitos países têm adotados medidas preventivas a esse respeito (OVIEDO, 2002).

No Brasil, em 2011, a venda de defensivos agrícolas somou R$ 14 bilhões, o que representa um incremento de 11% quando comparado com 2010. Os segmentos de inseticidas e herbicidas se destacam com o faturamento de R$ 4,9 bilhões e R$ 4,6 bilhões, respectivamente, e juntos representam 67,3% do total. As culturas que mais consumiram esses produtos foram a soja com 44%, o algodão com 13% e a cana-de-açúcar com 12% (SINDAG, 2012).

Em virtude da grande utilização desse insumo o monitoramento dos resíduos nos alimentos e no ambiente é fundamental. No entanto, a avaliação da qualidade dos alimentos que chegam aos consumidores é recente. No Brasil, nas últimas décadas, esse monitoramento era feito de forma isolada por órgãos da área de saúde, agricultura e institutos de pesquisa (ANVISA, 2006). Contudo, em 2001 a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) criou o Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (PARA), o qual tem como finalidade avaliar continuamente os níveis de resíduos de agrotóxicos nos alimentos in

natura (ANVISA, 2012).

Alguns trabalhos foram realizados com intuito de mostrar a importância do monitoramento dos resíduos de agrotóxicos em alimentos para que a população tenha acesso a um produto seguro e de qualidade, como o de Zavatti e Abakerli (1999), que analisou se os frutos de tomate produzidos na região norte do estado de São Paulo apresentavam resíduos de agrotóxicos; Oviedo (2002), que pesquisou a presença de resíduos de organoclorados e piretróides em algumas hortaliças na Universidade de Campinas; e Caldas e Souza (2000),

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que avaliaram o risco de agrotóxicos aprovados no Brasil para o uso em cultura de consumo

in natura.

Este trabalho visa analisar a qualidade das hortaliças alface, batata, cebola, cenoura, pimentão e tomate que chegam à mesa dos consumidores, no que se refere aos resíduos de agrotóxicos, utilizando os dados divulgados pela ANVISA por meio do Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (PARA).

2. METODOLOGIA

Esse trabalho de revisão bibliográfica utilizou como fonte de informação artigos e outros trabalhos acadêmicos disponibilizados na base de dados da Bireme, Scielo e nas bibliotecas virtuais das Universidades Federais. Além disso, para a análise da presença de resíduos de agrotóxicos utilizou-se os resultados do PARA nos anos de 2009 e 2010, já que até a entrega do estudo não havia sido disponibilizados os dados de 2011 e 2012, para o grupo de hortaliças referentes às culturas da alface, batata, cebola, cenoura, pimentão e tomate.

3. DISCUSSÃO

3.1. Agrotóxicos

3.1.1. Definição e Classificação

A lei federal nº 7.802, de 11 de julho de 1989, em seu Artigo 2º, Inciso I define que agrotóxicos e afins são:

“(...) produtos e os agentes de processos físicos, químicos ou biológicos, destinados ao uso nos setores de produção, no armazenamento e beneficiamento de produtos agrícolas, nas pastagens, na proteção de florestas, nativas ou implantadas, e de outros ecossistemas e também de ambientes urbanos, hídricos e industriais, cuja finalidade seja alterar a composição da flora ou da fauna, a fim de preservá-las da ação danosa de seres vivos considerados nocivos, bem como as substâncias e produtos, empregados como desfolhantes, dessecantes, estimuladores e inibidores de crescimento” (BRASIL, 1989).

Segundo o CODEX ALIMENTARIUS/FAO/OMS, o termo agrotóxico é definido como:

“qualquer substância destinada a prevenir, destruir, atrair, repelir ou controlar qualquer praga, incluindo espécies indesejáveis de plantas ou animais durante a produção, armazenamento, transporte, distribuição e processamento de alimentos, commodities agrícolas e alimentos para animais. O termo inclui substâncias destinadas a serem utilizadas como regulador de crescimento, desfolhante, dessecante, inibidor, desbaste, entre outras, aplicadas para as culturas antes ou

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depois da colheita para proteção de deterioração da mercadoria durante o transporte e armazenagem” (CODEX ALIMENTARIUS, 2012).

Os agrotóxicos podem ser classificados de acordo com a sua finalidade, com o grupo químico e em relação aos efeitos no ambiente e na saúde humana (YAMASHITA, 2008):

a) Finalidade:

Acaricidas: controle de ácaros; Fungicidas: controle de fungos;

Herbicidas: controle de plantas invasoras; Inseticidas: controle de insetos;

Nematicidas: controle de nematoide;

b) Grupo químico: estes podem ser classificados como orgânicos ou inorgânicos. O último está dividido em sintéticos, ou seja, produtos produzidos pelo homem, e naturais.

I) Acaricidas:

Organoclorados: Dicofol, Tetradifon Dinitrofenóis: Dinocap, Quinometionato II) Fungicidas:

Inorgânicos: Calda bordalesa Ditiocarbamatos: Mancozeb, Tiram Dinitrofenóis: Binapacril

Organomercuriais: Acetato de fenilmercúrio Antibióticos: Estreptomicina

Trifenil estânico: Duter

Compostos formilamina: Triforina Fentalamidas: Captam

III) Herbicidas:

Inorgânicos: Cloreto de sódio Dinitrofenóis: Bromofenoxim Fenoxiacéticos: 2,4-D

Carbamatos: Bendiocarb Dipiridilos: Paraquat

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Dinitroanilinas: Nitralin Benzonitrilas: Bromoxinil Glifosato: Round-up IV) Inseticidas:

Inorgânicos: fosfato de alumínio Extratos Vegetais: óleos vegetais Organoclorados: Aldrin

Organofosforados: Paration Carbamatos: Carbofuran Piretróides: Permetrina

Microbiais: Bacillus thuringiensis V) Nematicidas:

Hidrocarbonetos halogenados: Dicloropropeno Organofosforados: Diclofention

c) Periculosidade ambiental: Classe I: altamente perigoso Classe II: muito perigoso Classe III: perigoso Classe IV: pouco perigoso

d) Efeitos na saúde humana: classificados conforme Tabela 1 abaixo Tabela 1 - Classificação dos agrotóxicos segundo os efeitos na saúde humana.

Classe toxicológica Toxicidade DL50* Faixa colorida

I Extremamente tóxico ≤ 5 mg/kg vermelha

II Altamente tóxico entre 5 e 50 mg/kg amarela

III Medianamente tóxico entre 50 e 500 mg/kg azul

IV Pouco tóxico entre 500 e 5.000 mg/kg verde

- Muito pouco tóxico acima de 5.000 mg/kg Fonte: Peres et al. 2003.

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*DL 50: Calculada pela capacidade de mortalidade da amostra, ou seja, quando é letal para 50% dos animais pesquisados.

Os agrotóxicos podem provocar intoxicações caso não sejam manuseados de forma correta. Segundo Peres et al (2003), esses produtos podem causar dois tipos de efeitos à saúde humana: agudos e crônicos. Os efeitos agudos são resultantes da exposição à concentração de um ou mais agente tóxico capaz de causar danos em um período de 24 horas, que são mais visíveis e ocorrem durante ou após o contato com o produto. As características mais comuns são náuseas, espasmos musculares, desmaios e vômitos. Já os efeitos crônicos são consequência de uma exposição contínua a doses baixas de um ou mais produto. Estes podem aparecer após semanas ou até mesmo em outras gerações, desta forma, são mais difíceis de diagnosticar.

A toxicidade a esses produtos pode ocorrer em três situações diferentes, no campo com a manipulação e aplicação dos produtos, na fábrica no processo de produção e na população por meio do consumo de alimentos com resíduos. Os agrotóxicos podem ser absorvidos de várias formas e simultaneamente, sendo as mais comuns a via oral, cutânea e por inalação (OVIEDO, 2002).

3.1.2. Legislação Brasileira

Os agrotóxicos só podem ser utilizados no país se forem registrados no órgão federal competente, levando em consideração as exigências dos órgãos da área da saúde, meio ambiente e da agricultura (BRASIL, 1989).

A legislação para agrotóxicos e afins, Lei nº 7.802/89, é regulamentada pelo Decreto nº 4.047, de janeiro de 2002 (BRASIL, 2002), que estabelece as competências em relação ao registro desses produtos nos três órgãos responsáveis: Ministério da Saúde (MS), por meio da ANVISA, Ministério do Meio Ambiente (MMA), pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) e Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).

No que se referem às competências, o Capítulo II, designa no Art.3º que:

“(...) cabe aos Ministérios da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e da Saúde, no âmbito de suas respectivas áreas de competência monitorar os resíduos de agrotóxicos e afins em produtos de origem vegetal.”

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Com relação às competências exclusivas do MAPA, o Decreto nº 4.047 no Art 5º relaciona:

“(...) I - avaliar a eficiência agronômica dos agrotóxicos e afins para uso nos setores de produção, armazenamento e beneficiamento de produtos agrícolas, nas florestas plantadas e nas pastagens; e

II - conceder o registro, inclusive o Registro Especial Temporário (RET), de agrotóxicos, produtos técnicos, pré-misturas e afins para uso nos setores de produção, armazenamento e beneficiamento de produtos agrícolas, nas florestas plantadas e nas pastagens, atendidas as diretrizes e exigências dos Ministérios da Saúde e do Meio Ambiente.”

Já no que constam as responsabilidade do MS o Art 6º mostra:

“(...) I - avaliar e classificar toxicologicamente os agrotóxicos, seus componentes, e afins;

II - avaliar os agrotóxicos e afins destinados ao uso em ambientes urbanos, industriais, domiciliares, públicos ou coletivos, ao tratamento de água e ao uso em campanhas de saúde pública, quanto à eficiência do produto;

III - realizar avaliação toxicológica preliminar dos agrotóxicos, produtos técnicos, pré-misturas e afins, destinados à pesquisa e à experimentação;

IV - estabelecer intervalo de reentrada em ambiente tratado com agrotóxicos e afins; V - conceder o registro, inclusive o RET, de agrotóxicos, produtos técnicos, pré-misturas e afins destinados ao uso em ambientes urbanos, industriais, domiciliares, públicos ou coletivos, ao tratamento de água e ao uso em campanhas de saúde pública atendidas as diretrizes e exigências dos Ministérios da Agricultura e do Meio Ambiente; e

VI - monitorar os resíduos de agrotóxicos e afins em produtos de origem animal.” Para o MMA, o Decreto estabelece no Art. 7º que cabe:

“(...) I - avaliar os agrotóxicos e afins destinados ao uso em ambientes hídricos, na proteção de florestas nativas e de outros ecossistemas, quanto à eficiência do produto;

II - realizar a avaliação ambiental, dos agrotóxicos, seus componentes e afins, estabelecendo suas classificações quanto ao potencial de periculosidade ambiental; III - realizar a avaliação ambiental preliminar de agrotóxicos, produto técnico, pré-mistura e afins destinados à pesquisa e à experimentação; e

IV - conceder o registro, inclusive o RET, de agrotóxicos, produtos técnicos e pré-misturas e afins destinados ao uso em ambientes hídricos, na proteção de florestas nativas e de outros ecossistemas, atendidas as diretrizes e exigências dos Ministérios da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e da Saúde.” (BRASIL, 2002)

3.2. Programa de análise de resíduos de agrotóxicos em alimentos – PARA

Em 2001, a ANVISA criou um Projeto de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos, com a finalidade de estruturar um serviço para avaliar a qualidade dos alimentos e executar ações para o controle de resíduos. A partir da Resolução da Diretoria Colegiada – RDC 119, em 2003, o Projeto passou a ser um Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (PARA), que foi desenvolvido dentro Sistema Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA, 2010).

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Entre os objetivos do PARA, se destaca a promoção da saúde, por meio do acesso a produtos de qualidade. Os resultados obtidos a partir do Programa têm subsidiado medidas para restrição ou banimento de agrotóxicos que colocam em risco a saúde da população (ANVISA, 2010).

A metodologia de amostragem é feita utilizando os mesmo parâmetros recomendados no manual do CODEX ALIMENTARIUS, que é a coleta em lugares onde as pessoas compram seus produtos (supermercados, mercearias, etc), já que a intenção é analisar os alimentos que chegam ao consumidor final. O método analítico empregado é o de “multiresíduos”, que é uma tecnologia reconhecida e utilizada em países como os Estados Unidos e Canadá (ANVISA, 2010). Segundo Lemes et al (2011), o método multiresíduos permite avaliar se os agrotóxicos utilizados estão de acordo com os Limites Máximos de Resíduos (LMRs), assim como detectar a presença de ingredientes ativos não autorizados. 3.2.1. Resultados do PARA

No ano de 2009, o PARA monitorou 20 alimentos, entre eles: alface, batata, cebola, cenoura, pimentão e tomate. No total foram coletadas 3.130 amostras e analisados 234 diferentes ingredientes ativos de agrotóxicos. Já em 2010, o PARA monitorou 18 alimentos e o número de amostras somou 2.488.

Os resultados obtidos, que podem ser observados no Gráfico 1, após as análises mostraram que, em 2009, 29% das amostras foram consideradas insatisfatórias, em que a participação de agrotóxicos não autorizados para a cultura foi de 23,8%. Em 2010, a porcentagem de amostras irregulares foi de 28%, sendo que em 24,3% foram detectados a presença de agrotóxicos não autorizados.

No que se refere às hortaliças monitoradas pelo Programa observa-se que o pimentão se destaca com o maior número de casos de irregularidades nos dois anos selecionados pelo estudo. Em 2009, observou-se que 64,8% das amostras apresentavam uso de produtos não autorizados. Já em 2010, detectou-se que a quantidade com resíduo de agrotóxicos não autorizados aumentou para 84,6%.

Em seguida aparece a alface e o tomate, que demonstraram que 37,7% e 31,3% das amostras analisadas, em 2009, apresentavam resíduo de produtos não autorizados, respectivamente. Em 2010, na alface, a porcentagem de produtos encontrados com essa irregularidade aumentou para 51,9%, no entanto, no tomate houve uma redução significativa, passando para 14,2%.

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A batata foi o produto que apresentou menor problemas com a utilização dos agrotóxicos. Em 2009, apenas duas amostras apresentaram resíduos de agrotóxicos não autorizados e no ano de 2010 essa quantidade reduziu a zero.

Gráfico 1. Comparativo da participação de agrotóxicos não autorizados presentes nas amostras no ano de 2009 e 2010.

Fonte: ANVISA, 2009 e 2010.

Com relação ao grupo químico de agrotóxicos que apresentaram maior ocorrência nas culturas selecionadas pelo estudo, observa-se no Gráfico 2 que tanto em 2009 como em 2010 o grupo que se destacou foi o do Organofosforado, com 216 e 225 amostras com resíduo desse produto, respectivamente. Em seguida, tem-se o grupo químico dos Piretróides que foram detectados em 112 amostras em 2009 e no ano seguinte em 119. Outro grupo que apresentou relevância foi o Benzimidazol, que no ano de 2010 aumentou o número de amostras com resíduos para 116, enquanto que em 2009 a quantidade era de apenas 24 amostras.

Dentro desses grupos químicos, alguns ingredientes ativos apareceram com maior frequência nas amostras selecionadas, conforme pode ser visualizado no Gráfico 3. No grupo do Organofosforado, o Clorpirifós foi o que apresentou maior ocorrência. Em 2009, 83 amostras continham resíduo desse agrotóxico e em 2010 esse número elevou-se para 100, predominando nas culturas do pimentão, tomate e cenoura.

Já nos Piretróides observou-se a predominância de dois ingredientes ativos, a Cipermetrina e o Lambda-cialotrina, em que 30 e 33 amostras, respectivamente, apresentaram resíduos desses produtos em 2009. Em 2010, o número de amostras com Cipermetrina

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aumentou para 42 e o de Lambda-cialotrina manteve-se inalterado. Vale ressaltar que a presença desses produtos foi maior na cultura do pimentão.

Gráfico 2. Grupos químicos que apresentaram maior ocorrência nos anos 2009 e 2010 nas culturas selecionadas pelo estudo.

Fonte: ANVISA, 2009 e 2010.

O Carbendazim é o ingrediente ativo que mais se destaca no grupo químico do Benzimidazol. Em 2010, o número de amostras em que foram detectados resíduos desse produto foi de 116, enquanto que em 2009 o quantitativo era de apenas 23. A maior quantidade de resíduos foi detectada na cultura do pimentão e da alface.

Alguns ingredientes ativos proibidos pela ANVISA foram detectados nas amostras selecionadas no período analisado, são eles: Acefato, Carbofuram, Endossulfam e Metamidofós. O Acefato foi encontrado nas amostras de cebola, cenoura e alface; o Carbofuram no pimentão; o Endossulfam na alface, pimentão, cebola e tomate; e o Metamidofós em todas as culturas analisadas. Estes dados são encontrados no Gráfico 4.

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Gráfico 3. Ingredientes ativos que apresentaram maior ocorrência nos anos 2009 e 2010. Fonte: ANVISA, 2009 e 2010. 30 0 25 54 19 1 21 54 0 10 20 30 40 50 60 Acefato Carbofuram Endossulfam Metamidofós 2010 2009

Gráfico 4. Ingredientes ativos proibidos encontrados nas amostras selecionadas nos anos 2009 e 2010.

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Está é uma constatação importante, pois o uso não autorizado e indiscriminado desses produtos nas culturas para os quais não tinham sido aprovados apresenta sérios problemas à sociedade. Para os consumidores, aumenta o risco dietético por ingerir produto contaminado em que não foi considerado o cálculo da Ingestão Diária Aceitável (IDA) e para os trabalhadores rurais, além desse, também correm risco toxicológico pelo aumento da exposição ao ingrediente ativo (ANVISA, 2010).

4. CONCLUSÃO

A produção agrícola brasileira vem utilizando agrotóxicos em larga escala com importante aumento nas últimas décadas. Esses produtos, assim como outras tecnologias, permitiram um crescimento significativo na produtividade de diversas culturas.

No entanto, apesar dos benefícios, é fundamental o controle dos resíduos dos agrotóxicos, a fim de proteger a população e o meio ambiente dos problemas relacionados à exposição elevada desses produtos. O Programa de Análise de Resíduos de Alimentos (PARA), da ANVISA, foi criado com intuito de monitorar os resíduos de agrotóxicos nos alimentos que são consumidos pela população, com a finalidade de proteger a saúde dos cidadãos.

Os resultados analisados do PARA em 2009 e 2010, conforme apresentados neste estudo, demostraram que entre as hortaliças selecionadas o pimentão apresentou maior número de amostras com resíduos de agrotóxicos não autorizados para cultura, em 2009 e em 2010. Em seguida, aparece a alface e o tomate, em 2009, com essa irregularidade.

Além disso, o estudo mostra que ingredientes ativos que foram proibidos no país continuam sendo utilizados pelos produtores rurais. Os que apareceram em maior frequência nas amostras são o Metamidofós e o Endossulfam.

Apesar de ser um importante Programa para o controle de resíduos de agrotóxicos em alimentos é relevante destacar as limitações que o PARA apresenta. O número de culturas analisadas ainda é bastante limitado, bem como o número total de amostras analisadas por cultura que, apesar do crescimento apresentado entre os anos de 2007 a 2009, em 2010 teve um decréscimo de 20%. Além disso, a divulgação dos resultados não ocorrido em tempo oportuno, uma vez que em 2013 ainda não foram divulgados os dados de 2011 e de 2012 pela ANVISA.

Para que as ações de Vigilância em Saúde sejam efetivas é importante que o PARA seja ampliado para outras culturas, tenha uma representatividade em todo o território

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brasileiro, bem como uma divulgação mais rápida de seus resultados, possibilitando, assim, uma ação de intervenção nos alimentos que apresentem problemas de contaminação por agrotóxicos.

Em virtude desse quadro, é de fundamental importância implementar ações que visem aumentar o acesso a informação sobre os riscos e o uso correto dos agrotóxico, por meio de eventos de capacitação para os produtores rurais e outros profissionais ligados a área. Além disso, deve-se aumentar a fiscalização nos pontos de vendas para controlar a comercialização e evitar que os produtos não permitidos no país sejam utilizados na produção.

REFERÊNCIAS

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ANVISA, 2010. Relatório de atividades de 2010: programa de análise de resíduos de agrotóxicos em alimentos. Disponível em: Disponível em: < http://portal.anvisa.gov.br/>. Acesso em: 04 jan. 2013.

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BRASIL, 1989. Lei nº 7802, de 11 de julho de 1989. Dispõe sobre a pesquisa, a experimentação, a produção, a embalagem e rotulagem, o transporte, o armazenamento, a comercialização, a propaganda comercial, a utilização, a importação, a exportação, o destino final dos resíduos e embalagens, o registro, a classificação, o controle, a inspeção e a fiscalização de agrotóxicos e seus componentes e afins, e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br>. Acesso em: 20 dez. 2012.

BRASIL, 2002. Decreto nº 4.047, de janeiro de 2002. Regulamenta a lei nº 7.802, de 11 de julho de 1989. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br>. Acesso em: 20 dez. 2012. CALDAS, E. D.; SOUZA L. C. K., 2000. Avaliação de risco crônico da ingestão de resíduos de pesticidas na dieta brasileira. Rev. Saúde Pública, Faculdade de Ciências da Saúde, Universidade de Brasília, Brasília.

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