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CRESCIMENTO INDUSTRIAL, EMPREGO E RENDA NO RAMO METALÚRGICO

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Academic year: 2021

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CRESCIMENTO INDUSTRIAL, EMPREGO E RENDA NO RAMO

METALÚRGICO

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Emprego

O ano de 2004 tem se mostrado como o melhor dos últimos dez anos na indústria metalúrgica no que diz respeito ao emprego, com um crescimento de 10%, o que representa 136.317 postos de trabalho até setembro de 2004.

A indústria metalúrgica brasileira já chegou a ter cerca de 2,8 milhões de trabalhadores (1987), mas a partir de 1990 esse número veio caindo ano a ano. Em 1997 o número de trabalhadores metalúrgicos já havia sido reduzido em 52,2%, ou seja, praticamente 1,5 milhões de postos de trabalho foram eliminados!

De 1997 a 1999 os postos de trabalho continuaram sendo eliminados e apesar da recuperação em 2000-2002, o saldo de todo o período (1997-2002) ficou negativo em 7.890 postos de trabalho.

Esse quadro trágico começou a mudar: de janeiro de 2003 a setembro de 2004, apesar da pequena recuperação da economia, a indústria metalúrgica já registra um saldo positivo de 180.689 postos de trabalho, o que representa um crescimento de 13,7%, totalizando cerca de 1,5 milhões de trabalhadores metalúrgicos no Brasil. Vale lembrar que esse número só não é maior porque as indústrias utilizam o dispositivo das horas extras de forma indiscriminada.

As clausulas de limitação às horas extras conquistadas na negociação coletiva de 2004 pelas montadoras e autopeças em São Paulo, a exemplo do que já existia em Caxias do Sul, são os primeiros passos para se contrapor a essa realidade.

Número de trabalhadores na indústria metalúrgica e saldo dos postos de trabalho de 1997-2004

ANO Nº de

TRABALHADORES** POSTOS DE SALDO DE TRABALHO POSTOS DE TRABALHO POR PERÍODO 1987 2.757.944 - 1997 1.324.657 -1.834 -1.439.342 (-52,2%)

CNM/CUT - CONFEDERAÇÃO NACIONAL DOS METALÚRGICOS DA CUT

DIEESE - DEPARTAMENTO INTERSINDICAL DE ESTATÍSTICA E ESTUDOS SÓCIO-ECONÔMICOS – SUBSEÇÃO CNM/CUT

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1998 1.205.541 -119.116 1999 1.185.556 -19.985 2000 1.260.802 75.246 2001 1.288.232 27.430 2002 1.318.601 30.369 2003 1.362.973 44.372 2004* 1.499.290 136.317 180.689

Fonte: RAIS/CAGED, MTE,2004. Elabora? o: DIEESE/CNM/CUT, 2004. * Resultado de janeiro a setembro. ** Em dezembro de cada ano.

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Renda

A renda, apesar de não apresentar o mesmo desempenho tem demonstrado sinais de recuperação também. A partir do levantamento dos reajustes salariais conquistados pelos Sindicatos metalúrgicos filiados a CNM/CUT que já encerraram suas campanhas em 2004, podemos observar que praticamente todos os sindicatos conseguiram repor as perdas (94,5%), considerando o INPC. Praticamente dois terços das Convenções e/ou Acordos Coletivos de Trabalho observados conquistaram aumento real entre 1% a 4,4%.

O resultado é bastante positivo se compararmos com os resultados de 2003 quando apenas 45% dos Sindicatos conseguiram repor a inflação com algum ganho que variava entre 0,1 a 2,64%. No ano passado, cerca de 25% dos Sindicatos não conseguiram repor a inflação, chegando a acumular uma perda que varia de 0,84 até 8,86%.

Quando observamos os setores do ramo metalúrgico podemos perceber que as diferenças de ganhos reais nas diferentes regiões do país são consideráveis. Mesmo com indicadores bastante expressivos em todos os setores da indústria metalúrgica em nível nacional, como podemos ver mais abaixo, trabalhadores de um mesmo setor, por exemplo, o automotivo, tiveram ganhos entre 0,41% a 4%, na Bahia e em São Paulo, respectivamente. O setor eletroeletrônico obteve ganhos de 1,5% a 4%, a depender da região.

Ganhos Reais nos Acordos e Convenções Coletivas no Ramo Metalúrgico (2004*) Percentual de Reajustes Acima do INPC Faixa de reajuste

Freqüência %

Menor que o índice 03 4,3

Igual ao índice 01 1,4

Maior que o índice 66 94,5

Até 0,5% de ganho real 02 2,9

De 0,51 a 1,50 % de ganho real 23 32,9

De 1,51 a 2,50 % de ganho real 03 4,3

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De 3,51 a 4,50 % de ganho real 35 50,0 De 4,51 a 6,00 % de ganho real% de

ganho real

1 1,4

Fonte: Sindicatos de Metalúrgicos Filiados a CNM/CUT, 2004. Elabora? o: DIEESE/CNM/CUT, 2004.

*Parcial.

Observamos que foram bastante positivos os resultados das campanhas salariais até o momento, com destaque para as Convenções Coletivas de Trabalho de Imperatriz, MA, com 4,64% de aumento real para uma reposição da inflação de 5,6% e do setor de autopeças de São Paulo, com um aumento de 4,4% para uma reposição de 5,4%.

Apesar de serem conquistas importantes, estão aquém do que poderíamos alcançar, em especial, quando comparamos com os resultados econômicos dos setores do ramo metalúrgico (quadro anexo).

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Indústria

O ganho real nas negociações coletivo poderia ser ainda maior, considerando os ganhos expressivos que os diversos setores da indústria metalúrgica conquistaram nesse mesmo período, o ganho real poderia ser bem superior, principalmente, para repor perdas salariais passadas. Para termos uma idéia, o setor automotivo apresenta um crescimento acumulado na produção de 21%, o de fundição 24,8%. O crescimento do faturamento na indústria de autopeças foi de 14,4%, o setor de bens de capital 22,4% e o setor siderúrgico de 54,5%! Poderíamos citar também outros indicadores positivos para essa indústria como o crescimento dos preços dos produtos metalúrgicos, da produtividade e dos financiamentos obtidos através do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).

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Política Industrial

Diversas ações do governo federal desde 2003 contribuem para garantir um ambiente favorável ao desenvolvimento da industria nacional, tais como o início da implementação de um conjunto de políticas para diversos setores da industria que envolve linhas especiais de financiamento para a produção, para o crédito, para a exportação, e para a agricultura familiar; programas de desenvolvimento tecnológico, pesquisa e certificação; desoneração do IPI para determinadas máquinas e equipamentos e a formação do Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial e da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial com o papel de propor, implementar e acompanhar a política industrial. O governo federal também garantiu a produção nacional de plataformas da Petrobrás pela indústria naval brasileira e o incremento do Fundo da Marinha Mercante.

Mas em nossa avaliação ainda são necessárias novas ações que garantam o crescimento econômico e o crescimento industrial mas com desenvolvimento social, que tenha reflexo no mercado interno e que não seja puxado somente pelas exportações. O primeiro ponto é que muitos desses programas deveriam prever contrapartidas sociais e metas de geração de emprego e renda, já que estamos falando, em muitos casos, de incentivos através do dinheiro público. A recuperação da renda é fator fundamental para a

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recuperação do mercado interno no mesmo ritmo que as exportações, e importante para alavancar setores como, por exemplo, o eletroeletrônico.

Outro ponto diz respeito à política de controle da inflação via taxa de juros, que inibe os investimentos no setor produtivo. Para um crescimento sustentável é necessária a adoção de medidas como investimento em infra-estrutura, aumento da capacidade produtiva da indústria, garantia de fornecimento de matéria-prima, redução da taxa de juros básicos e na ponta do crédito, redução do superávit fiscal, além de uma política de recuperação dos salários e da ação do Estado nas políticas públicas nas áreas sociais. É importante destacar também, a proposta apresentada pela CUT de controle da inflação via negociação de metas setoriais entre os atores econômicos.

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Ação sindical

No que diz respeito à ação sindical, podemos perceber que os resultados das negociações coletivas, apesar de positivos, estão aquém do que poderíamos obter. Os ganhos reais, além de estarem distantes dos resultados que os setores do ramo metalúrgico conquistaram esse ano, são bastante variados nas diferentes regiões do país: enquanto as montadoras de carros e autopeças em SP conquistaram 4% e 3,64%, respectivamente, outros sindicatos, como no estado do RS e Bahia, onde encontramos novas plantas automotivas, os ganhos reais foram de 1% e 0,41% respectivamente. No caso de regiões com grande concentração da indústria de Bens de Capital os ganhos reais foram de 4% em SP e 1% no RS; A indústria eletroeletrônica em SP obteve um aumento real de 4% e em Manaus 1,9%. Os pisos salariais também são bastante diversos, variam de R$ 300,00 a R$ 700,00 e a jornada de trabalho varia entre 40, 42 e 44 horas de trabalho semanais.

Esse quadro só reforça o que aprovamos no 6o. Congresso Nacional dos

Metalúrgicos da CUT: centrar forças nas ações que caminhem para o Contrato Coletivo Nacional de Trabalho, definindo quais são os setores estratégicos nesse primeiro momento e também em quais empresas podemos iniciar ou aprofundar ações para também firmar Contratos Coletivos Nacionais por grupo de empresa, procurando, assim, definir pontos mínimos nacionalmente que diminuam as diferenças regionais.

Esse ano, por diversos fatores, dentre eles as eleições municipais, não conseguimos materializar a Campanha Salarial Nacional Unificada, como foi definido no 6º Congresso da CNM/CUT em julho de 2004. Entretanto, será impossível avançarmos rumo a conquista do CCT Nacional se não houver comprometimento com a unificação das datas-base para o próximo ano, também definido em nosso Congresso. Em 2004, paradoxalmente, conseguimos fazer uma negociação/campanha salarial coordenada e com os mesmos resultados em São Paulo e no Paraná, onde o sindicato é filiado à Força Sindical, mas não conseguimos o mesmo com os sindicatos filiados à CUT.

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Organização da CNM/CUT

Com o forte crescimento do emprego nos últimos 20 meses, abre-se uma possibilidade concreta de crescimento e aprofundamento da organização da CNM/CUT, via aumento de nossas bases, criação de sindicatos em novas bases e disputa de bases de outras centrais.

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Além disso, o alto ritmo da produção nos dá a possibilidade de impor às empresas, através da mobilização da categoria e da negociação coletiva, o nosso modelo de organização sindical com a busca da Contratação Coletiva Nacional, com dito acima, mas com ênfase na conquista das OLT´s (Comissões de Fábrica, CSE´s, etc.).

No caso das OLT´s, além de utilizarmos os organismos já existentes no local de trabalho, tais como CIPAS, Comissões de PLR, entre outras, temos outros instrumentos/espaços, tais como as empresas que assinaram os Acordos Marco Internacionais (Volkswagen, DaimlerChrysler, Leoni, GEA, SKF, Rheinmetall e Bosch), e também as empresas que estão iniciando a organização ou consolidando as redes nacionais, entre elas, a Thyssen e a Philips – todas essas iniciativas concretizam nossas proposta de OLT.

Precisamos ainda, planejar nossa estratégia de crescimento, considerando os mais diversos cenários: com ou sem reforma sindical e prevendo eventuais alterações, no projeto formulado no FNT (Fórum Nacional do Trabalho), que possam ser feitas pelo Congresso Nacional.

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RESULTADOS DO CRESCIMENTO DOS SETORES DO RAMO METAL ÚRGICO JAN-JUL/2004

SETORES PRODUÇÃO FATURAMENTO PREÇOS EMPREGOS PRODUTIVIDADE DESEMBOLSOS BNDES INVESTIMENTOS

AUTOMOTIVO 1.820.177 unidades (+21%) out ND +9,8% +9,4% +12,4% R$ 1,4 bilhões (R$ 1,3 bilhões para exportação) +164,1% ND AUTOPEÇAS ND US$ 12,400 bilhões (+14,5%) out ND +8,9%3 R$ 148,4 milhões (R$70,4 milhões para exportação) +96% US$ 0,600 bilhões em 2004 SIDERÚRGICO 18.999 milhões Ton aço bruto (+5,5%) out US$ 1,8 bilhões (+54,5%)1 out +52% no preço do aço1 +6,6% +1,3% R$ 322,6 milhões (R$ 72,8 milhões para exportação) -29,3% US$ 7,4 bilhões, sendo 50,6% de recursos próprios gerando 50 mil empregos temporários com os investimentos no norte do país os investimentos sobem para US$

10,4 bilhões BENS DE CAPITAL R$ 24.746,7 milhões (+13,2% no consumo aparente) R$ 24.120,60 milhões (+22,4%) +11,64%2 +8,2% +9,4%3 R$ 473,9 milhões (R$ 373,6 milhões para exportação) +156,5% 2004: R$ 6.024,00 milhões (crescimento de 42,3%) 2005: R$ 7.800,00 milhões (crescimento de 29,5%)

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FUNDIÇÃO 2.083,7 milhões Ton (+24,8%) out ND Crescimento de 24,08% do preço do Ferro Fundido +10,7% +6,8% R$ 97,8 milhões (R$ 16,9 milhões para exportação) +387,9% ND ALUMÍNIO 844,1 mil Ton (+3,5%) ND +5,4% +4,3% –0,76% R$ 73,0 milhões (R$ 1,1 milhões) -53,5% ND AEROESPACIAL (Embraer) 66 aeronaves R$ 3.034,0 milhões (+83,9%)4 ND +16,4% 184 (+57,3%)3 R$ 2,7 bilhões (R$ 2,6 para exportação) +32,5% R$ 50 milhões no primeiro semestre de 2004 ELETROELETRÔNICO ND +23% ND 10% ND R$ 13,3 milhões -17,8% ND Fonte: ABAL, Sindipeças, Anfavea, IBS, Abimaq, Abinee, Abifa, Embraer, jornais, Caged/2004, London Metal Exchange, FGV.

Elaboração: DIEESE/CNM/CUT, 2004.

1Dados referentes ao período de Janeiro a Junho. 2Dados referentes ao de agosto/2003 a julho/2004. 3Produtividade a partir do faturamento.

4Receita líquida.

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