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Segue abaixo a degravação dos principais trechos do julgamento: Voto do Ministro Marco Aurélio (Relator):

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Academic year: 2021

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STF – Plenário – Pedido de vista interrompe julgamento a respeito do cômputo de juros moratórios no período compreendido entre a data de realização da conta de liquidação e a

expedição da requisição de pagamento

Pedido de vista feito pelo Ministro Dias Toffoli interrompeu o julgamento do RE nº. 579.431, no qual se discute se são devidos juros de mora no período compreendido entre a data de elaboração da conta de liquidação e a expedição do precatório ou da requisição de pequeno valor. O caso já conta com seis votos, todos favoráveis aos contribuintes (Ministro Marco Aurélio – Relator – no que foi acompanhado pelos Ministros Edson Fachin, Roberto Barroso, Teori Zavascki, Rosa Weber e Luiz Fux).

Conforme exposto pela Dra. Thaynara Teixeira Rodrigues, em artigo publicado no Consultor Jurídico1, o julgamento do STF vem em boa hora, pois a jurisprudência pátria aplicava à hipótese o entendimento do próprio STF firmado em caso que tratou do chamado iter constitucional, como se fossem situações semelhantes. Porém, o período compreendido entre a elaboração da conta e a expedição do precatório não se confunde com o período compreendido entre a expedição do precatório e o seu efetivo pagamento.

Segue abaixo a degravação dos principais trechos do julgamento:

Voto do Ministro Marco Aurélio (Relator):

“Vou adentrar o campo da redundância. A mora decorre da demora. E há um responsável pela demora. E esse responsável não é o credor, esse responsável é o devedor. Argumento em termos de dificuldade de caixa, em que pese a carga tributaria massacrante, é um argumento metajurídico. Não é um argumento jurídico. Não se pode apostar na morosidade da justiça. Aqui a aposta foi feita pelo Estado.

Acabei de dizer em um encontro na cidade maravilhosa que o estado há de adotar uma postura exemplar que sirva de norte ao cidadão e não simplesmente tripudiar o cidadão. Hoje o estado vem tripudiando.

Atenderam-se os pressupostos de recorribilidade. Conheço. Juros da mora em execução movida contra a Fazenda Pública é conhecida pelo colegiado.

O regime previsto no art. 100 da CF consubstancia sistema de liquidação de débito que nada tem a ver com moratória.

No RE 304.354 consignei que “a requisição não opera como se fosse pagamento, fazendo desaparecer a responsabilidade do devedor”. Estava a discutir a incidência dos juros da mora durante o prazo previsto no art. 100 do diploma legal. Se levarmos em conta juros de 6% a.a., presentes os 18 meses, teremos um prejuízo para o credor de 9%.

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No RE 298.616, de relatoria do Ministro Gilmar Mendes, reafirmei no Plenário a ótica anterior assentando que o precatório estampa o que se contém no título executivo, na sentença coberta pela preclusão maior, a qual, impondo condenação do Estado, certifica que ele mostrou-se inadimplente, devedor, pois deixou de satisfazer, levando o cidadão ao judiciário, por uma obrigação que deveria observar espontaneamente. O precatório não consubstancia uma moratória, não é um atestado liberatório, ao contrário, pressupõe inadimplemento e, se este persiste, incidem juros. Está inadimplente, conforme a sentença proferida que certifica os juros da mora, até o pagamento, até a liquidação do débito.

Reiterei a posição uma vez mais quando o Plenário se reuniu para aprovar o verbete vinculante nº 17. Disse: “a mora é documentada pela citação inicial e vem a ser posteriormente confirmada mediante uma certidão pública, a sentença condenatória, e persiste até a liquidação do débito”. Continuo convencido de que, enquanto persistir o quadro de inadimplemento do Estado, hão de incidir os juros da mora. Desde a citação, como termo firmado no título executivo, até a efetiva liquidação da requisição de pequeno valor, os juros moratórios devem ser computados, o que compreende o período entre a data da elaboração dos cálculos e a da requisição objeto de exame no presente extraordinário.

Reconheço que tenho ficado vencido no plenário quando a controvérsia diz respeito aos juros da mora no período de 18 meses. O colegiado maior chegou a aprovar verbete vinculante no sentido de afastar o cômputo da aludida verba acessória neste caso, desde que liquide. Se não liquidar dentro dos 18 meses, tem-se a incidência continuada, sem cogitar-se de um período que estaria fora da pecha de inadimplente.

Ressalto, porém, dois pontos que reputo de relevância para o julgamento do recurso:

O primeiro é que o verbete vinculante 17 não deve ser observado na situação concreta porquanto não se trata do período de 18 meses aludido no artigo 100, parágrafo 5º da Carta de 1988. Versa-se o lapso temporal compreendido entre a elaboração dos cálculos e a requisição, cuidando-se especificamente a requisição de pequeno valor, não submetida ao mencionado prazo de 18 meses. O segundo e mais importante, para mim definitivo. O entendimento encampado pela sempre ilustrada maioria da não incidência dos juros da mora durante o aludido prazo de 18 meses foi superado pela Emenda Constitucional nº 62/09, a qual incluiu no artigo 100 da Carta o parágrafo doze com a seguinte redação: “A partir da promulgação desta Emenda Constitucional, a atualização de valores de requisitórios, após sua expedição, até o efetivo pagamento, independentemente de sua natureza, será feita pelo índice oficial de remuneração básica da caderneta de poupança, e, para fins de compensação da mora, incidirão juros simples no mesmo percentual de juros incidentes sobre a caderneta de poupança, ficando excluída a incidência de juros compensatórios”.

Notem que a emenda foi publicada em 10 de dezembro de 2009, após a aprovação do verbete vinculante 17, ocorrida na sessão plenária de 29 de outubro de 2009. Então o verbete foi aprovado quando não havia explicitação sobre a incidência dos juros da mora até a liquidação do débito.

O preceito envolve a incidência de juros simples sobre os requisitórios. Hoje, a norma constitucional confirma a ótica que sustentei nos votos que proferi sobre a matéria. O sistema de precatório que

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Supremo a proposta do CFOAB por meio da qual se requer o cancelamento ou a revisão do verbete vinculante 17. O incidente foi sobrestado pelo Min. Dias Toffoli para aguardar o julgamento deste recurso.

Assentada a mora da fazenda até o efetivo pagamento do requisitório, não há fundamento jurídico para afastar incidência dos juros moratórios durante o lapso temporal anterior a expedição da Requisição de Pequeno Valor, que é o objeto do extraordinário.

No plano infraconstitucional, entrou em vigor a Lei 11.960/09, que modificou o art. 1º-F da 9494/97. A norma passou a prever a incidência dos juros para compensar a mora, se é que há compensação, nas condenações impostas à Fazenda Pública “até o efetivo pagamento”. Transcrevo o dispositivo:

“Art. 1o-F. Nas condenações impostas à Fazenda Pública, independentemente de sua natureza e para fins de atualização monetária, remuneração do capital e compensação da mora, haverá a incidência uma única vez, até o efetivo pagamento, dos índices oficiais de remuneração básica e juros aplicados à caderneta de poupança.”

O quadro revela ausência de fundamento constitucional ou legal que justifique o afastamento dos juros da mora enquanto persistir a inadimplência do Estado, o que por certo abrange o lapso temporal entre a elaboração dos cálculos e a requisição de pequeno valor. Não foi por culpa do judiciário, nem por culpa do credor.

No mais, vê-se a improcedência da alegação de que o ato voltado a complementar os juros seria vedado (§8 do art. 100 CF). Existem julgados do Supremo no sentido da dispensa da expedição de requisitório complementar, mesmo nos casos de precatório, quando se cuidar de erro material, inexatidão dos cálculos do precatório ou substituição, por força de lei, do índice empregado.

Também se mostra insubsistente o argumento de que o requisitório deveria ser corrigido apenas monetariamente ante a parte final da regra do §5º do art. 100 da CF/88. O fato de o constituinte haver previsto atualização monetária no momento do pagamento, não tem condão de afastar a incidência dos juros da mora. Tanto é que o a EC nº 62/09, no campo pedagógico, versa a previsão dos juros moratórios no §12, mantendo a redação anterior do §1º, hoje §5º, no tocante à atualização.

Conquanto o Plenário físico haja, no julgamento da Questão de Ordem, reconhecido a repercussão geral de forma abrangente, a incluir os precatórios, o caso versa Requisição de Pequeno Valor, limito-me a julgar a matéria apreciada na origem. Ante o quadro, nego provimento ao Extraordinário. Proponho a seguinte tese para efeitos de repercussão geral: “Incidem os juros da mora no período compreendido entre a data da realização dos cálculos e a da requisição relativa a pagamento de débito de pequeno valor”. Cada dificuldade em seu dia.”

Voto do Ministro Edson Fachin:

“Tenho a honra de acompanhar integralmente o Relator. Entendo que dúvida alguma pode haver na caracterização da mora como retardamento culposo de uma obrigação. Os dispositivos legais citados e a jurisprudência da qual o eminente relator se socorreu é mais que suficiente para dar esse fundamento. Agregaria apenas dois dispositivos:

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Art. 394 do CC: “considerar-se em mora o dever que não efetuar o pagamento no tempo, lugar e forma que a lei ou a convenção estabelecer”. Se trata da hipótese, porque aqui se refere a tempo, lugar e forma. A pontualidade não é apenas a dimensão temporal stricto sensu, mas o cumprimento ponto por ponto, ou seja, integralmente da obrigação assumida. Nesta hipótese, ausência dos juros de mora significa o não cumprimento pontual, não no tempo, mas na dimensão de não ser um adimplemento integral.

Art. 219 do CPC: “a citação constitui o devedor em mora”. Quem deve e devendo não paga, tem uma vantagem indevida, muitas vezes um enriquecimento que não é exatamente lícito.”

Voto do Ministro Roberto Barroso:

“Estou acompanhando. Embora Sua Excelência tenha uma posição contrária à súmula vinculante 17, a tese proposta é compatível com a súmula vinculante porque se refere a cômputo de juros relativamente a período anterior.

O Ministro Marco Aurélio fez uma observação a propósito da litigiosidade existente e a presença do poder público nessa litigiosidade. O processo é de 2002 e estamos julgando em 2015. Nós todos achamos que em um mundo civilizado os processos devem levar de 6 meses a 1 ano e, em casos complexos, 18 meses e estamos distante disso. A presença do poder público em juízo é responsável por 1/3 desses processos (100 milhões).

O poder público vai ter que mudar o modo como litiga porque a cultura que existe, também da parte do poder publico, é a da judicialização de todas as questões, e nós vamos ter que partir para mecanismos de desjudicialização.

Voto do Ministro Teori Zavascki:

“Vou acompanhar Sua Execelência. Essa questão que demandava dúvidas antes da EC n. 62, e dúvidas haviam, não apenas sobre juros, mas até sobre correção monetária, me parece que não perdeu o sentido com a superveniência do parágrafo 12 do art. 100 da Constituição.

A propósito desse parágrafo 12, nós já tivemos aqui no plenário a oportunidade de dar a ele o entendimento adequado quando julgamos o ARE 638.198. Lá se discutia correção monetária, mas a questão dos juros de mora é a mesma questão e já naquela oportunidade meu voto foi no sentido de que a correção monetária, e digo agora em relação aos juros, se aplicam desde a data da elaboração da conta, não há um período solto a mais. Não há um período de vácuo, nem de incidência da correção monetária, nem de juros.

A propósito disso, a súmula vinculante n. 17 foi inspirada numa redação anterior a emenda constitucional 62. No meu entender, ela não tem mais compatibilidade. Talvez precise mesmo de ser reformulada ou pelo menos interpretada. Mas essa é uma questão que não esta posta em julgamento.”

Voto da Ministra Rosa Weber:

“Louvo o voto do relator e comungo com todos os fundamentos de Sua Excelência, inclusive no que diz quanto o termo final de que seria a data do efetivo pagamento do débito. O que nós estamos aqui

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Voto do Ministro Luiz Fux:

“Acompanho o relator. O parágrafo 12 do artigo 100 da Constituição Federal não deixa a menor dúvida. O advogado suscitou a questão de que o processo não pode ser levado a efeito contra o autor, no que tem razão.”

Voto do Ministro Dias Toffoli: “Peço vista.”

Em caso de dúvidas ou informações adicionais, entre em contato conosco nos endereços de email annapaola.zonari@dsa.com.br ou julio.soares@advds.com.br ou acesse nosso endereço eletrônico www.advds.com.br

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