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CUIDANDO. Ser Conselheiro Tutelar é ser a voz de crianças e adolescentes na defesa de seus direitos

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CUIDANDO

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Ser Conselheiro Tutelar é ser a voz de crianças e adolescentes

na defesa de seus direitos

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Projeto Cuidando do Cuidador CUIDANDO

IVANILDO DE OLIVEIRA

Procurador-Geral de Justiça

MARCOS VALÉRIO TESSILA DE MELO

Promotor de Justiça – Diretor do CAO-INF

EquIPE TÉCNICA DO CAO-INF

ANA LúCIA CORTEz DE MEDEIROS

Pedagoga

CRISTIANA GOMES RODRIGuES

Assessora Técnica

DANIELA BENTES DE FREITAS

Psicóloga

EDNA FERNANDES FERREIRA DA SILVA

Cientista Social

LuCIANA SILVA

Cientista Social

ANTÔNIO COSME SALIM PEREIRA

Assessor Jurídico

SEGRAF / MPRO

Produção e Projeto Gráfico

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Projeto Cuidando do Cuidador CUIDANDO

O Ministério Público de Rondônia apresenta ao Sistema de Garantia de Direitos, em especial aos Conselheiros Tutelares e conselheiros de direito da criança e do adolescente, a publicação integrante do projeto Cuidando do Cuidador, que é fruto da constatação, aferida ao longo de sua atuação na temática da infância, juventude e educação, de que capacitação e difusão da informação contribuem para o fortalecimento da teoria da proteção integral.

O caderno contém informações sobre valores humanos, que devem ser imanentes aos conselheiros; esboço sobre o sistema de proteção e garantia definido no Estatuto da Criança e do Adolescente; papel, limites e forma de atuação dos conselheiros e dos conselhos; políticas públicas de proteção, assistência social, saúde, educação, acolhimento institucional, convivência familiar e comunitária e atendimento socioeducativo.

Busca a publicação conferir simplicidade a temas sistêmicos e complexos, vertidos no Sistema Único de Saúde (SUS), Sistema Único de Assistência Social (SUAS), Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (SINASE), Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) e Plano Nacional de Promoção, Proteção e Defesa dos Direitos de Crianças e Adolescentes à Convivência Familiar e Comunitária, que dão suporte primário às garantias definidas no Estatuto da Criança e do Adolescente.

O lançamento da publicação ocorre propositalmente no Dia Nacional do Conselheiro Tutelar, criado pela lei nº11.622, de 19 de dezembro de 2007, dada a relevância deste profissional na consolidação dos direitos de crianças e adolescentes.

Boa leitura a todos e que possamos disseminar o conteúdo desta publicação.

Marcos Valério Tessila de Melo

Promotor de Justiça – Diretor do CAO-INF

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O Direito da Infância e da Juventude ...11

A Doutrina da Proteção Integral ...11

Princípios: ...13

Grupos de direitos: ...13

Estatuto da Criança e do Adolescente ...14

1. Mudanças de Conteúdo ...14 2. Mudança de Método ...15 3. Mudança de Gestão ...15 Criação ...19 Permanente ...19 Autônomo ...19 Não jurisdicional ...20

Encarregado pela sociedade ...20

Zelar pelo cumprimento dos direitos ...20

Quantidade de Conselhos Tutelares no Município ...20

Composição do Conselho Tutelar...21

A Condução e Recondução dos Conselheiros Tutelares ...22

Requisitos à candidatura ...22

Funcionamento do Conselho Tutelar ...23

Exercício de Função ...24

Atribuições ...24

As Medidas de Proteção ...25

O que é representar em nome da pessoa e da família? ...31

Quais são as providências judiciais cabíveis? ...31

O que é violação dos direitos previstos no artigo 220 da Constituição Federal? ...31

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Projeto Cuidando do Cuidador CUIDANDO

Estatuto da Criança e do Adolescente

CUIDANDO

Projeto Cuidando do Cuidador

Como se determina a competência do Conselho Tutelar ...35

Competência Territorial ...35

Competência pelo domicílio ...36

Competência pelo local ...36

Competência pelo ato praticado ...37

Competência pelo local da emissão ...38

Processo para a escolha dos membros do Conselho Tutelar ...39

A fiscalização do Conselho Tutelar nas entidades de atendimento ...40

A relação do Conselho Tutelar com o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente ....40

O que São Políticas Públicas ...43

Marco Legal das Políticas Públicas...43

As Políticas Sociais Básicas ...43

As Política de Assistência Social ...44

As Políticas de Proteção Especial ...44

Sistema Único de Assistência Social (SUAS) ...44

Gestão e Operacionalização da Política de Assistência Social ...46

Proteção Social Básica (PSB) ...46

Proteção Social Especial (PSE) ...47

Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) ...47

Centros de Referência Especializada de Assistência Social (CREAS) ...48

Público Alvo do CREAS ...49

Programas Sociais e Serviços do Governo ...49

Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família ( PAIF) ...49

Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI) ...50

Bolsa Família ...50

Serviço de Acolhimento Institucional ...51

Valores Humanos no Trabalho ...55

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Projeto Cuidando do Cuidador CUIDANDO

O Direito da Infância e da Juventude

“Para fazermos amanhã o impossível de hoje, é preciso fazer hoje o possível de hoje.” Paulo Freire

A Doutrina da Proteção Integral

O artigo 227 da Constituição Federal de 1988 introduziu no direito brasileiro um conteúdo e um enfoque próprios da Doutrina da Proteção Integral da Organização das Nações Unidas, trazendo para nossa sociedade os avanços obtidos na ordem internacional em favor da infância e da juventude:

“É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão”.

“É dever”:

O referido artigo não começa falando em direito, e sim em dever, obrigação. “da família, da sociedade e do estado”:

A família, a sociedade e o Estado são explicitamente reconhecidos como as três instâncias reais e formais de garantia dos direitos dispostos na Constituição e nas leis. A referência inicial à família explicita sua condição de esfera primeira, natural e básica de atenção.

“assegurar”:

A palavra assegurar significa garantir. Garantir alguma coisa é reconhecê-la como direito. Reconhecer algo como direito é admitir que isto pode ser exigido pelos detentores desse direito. Diante do não-atendimento de algo reconhecido como direito, o titular desse direito pode recorrer à Justiça para fazer valer o que a Constituição e as leis lhe asseguram.

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CUIDANDO Projeto Cuidando do Cuidador

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Projeto Cuidando do Cuidador CUIDANDO

“à criança e ao adolescente”:

Criança e adolescente é assim que devemos nos reportar a população infanto-juvenil. O termo menor foi abolido.

“com absoluta prioridade”:

A expressão absoluta prioridade corresponde ao artigo terceiro da Convenção Internacional dos Direitos da Criança, que trata do interesse superior da criança, o qual, em qualquer circunstância, deverá prevalecer.

“o direito”:

O emprego da palavra direito, em vez de necessidade, significa que a criança e o adolescente deixam de ser vistos como portadores de necessidades, de carências, de vulnerabilidades, para serem reconhecidos como sujeitos de direitos exigíveis com base nas leis.

“à vida, à saúde, à alimentação”:

Esses direitos referem-se à SOBREVIVÊNCIA, ou seja, à subsistência da criança e do adolescente.

“à educação, à cultura, ao lazer e à profissionalização”:

Esses direitos referem-se ao DESENVOLVIMENTO PESSOAL E SOCIAL de nossa infância e juventude.

“à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária”:

Esses já se referem à integridade física, psicológica e moral de cada criança e de cada adolescente.

“além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão”:

Essas são as circunstâncias das quais a criança e o adolescente devem ser colocados a salvo, isto é, protegidos. “Ao se referir a essas situações, a Convenção Internacional dos Direitos da Criança emprega reiterada e alternadamente os termos: medidas de proteção especial.”

O objetivo estratégico do enunciado do artigo 227 obedece aos princípios gerais dos direitos humanos: da universalidade, da indivisibilidade, da responsabilidade e da participação. Nesse sentido, é importante conhecer melhor tais conceitos.

Princípios:

• Universalidade: os direitos não devem ser aplicados de maneira diferente a pessoas de

diferentes culturas e tradições.

• Indivisibilidade: os direitos são interdependentes e correlacionados – nenhum grupo de

direitos (políticos, civis, econômicos, sociais e culturais) é mais importante que o outro.

• Responsabilidade: o Estado é responsável por todos os cidadãos, sem exceção, e, como

tal, deve prestar contas dessa obrigação e responsabilidade.

• Participação: o indivíduo tem a prerrogativa de participar da vida política e cultural, de

contribuir para o desenvolvimento e dele desfrutar. Cabe ao Estado incentivar a participação dos seus cidadãos em todas as esferas.

Grupos de direitos:

• Direitos políticos: são aqueles que dizem respeito à participação dos cidadãos no governo,

têm relação com questões como direito de votar e de participar de entidades e órgãos de representação popular, como os conselhos.

• Direitos civis: são aqueles que asseguram a vida, a liberdade, a igualdade e a manifestação

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Projeto Cuidando do Cuidador CUIDANDO

• Direitos sociais: são aqueles que garantem condições dignas de vida, como o direito à

alimentação, saúde, educação e moradia.

• Direitos Econômicos: são aqueles relacionados à produção, distribuição e consumo da

riqueza. Entre os direitos designados estão os que garantem condições justas e favoráveis de trabalho.

• Direitos Culturais: constituem o direito a participar da vida cultural e de beneficiar-se do

progresso científico, assim como o direito das minorias étnicas e raciais, de gênero, orientação sexual, etc.

Estatuto da Criança e do Adolescente

Com o Estatuto da Criança e do Adolescente, houve três mudanças significativas, distintas do antigo Código de Menores:

1. Mudanças de Conteúdo

O Estatuto concebe a criança e o adolescente como sujeitos de direitos, isto é, considera-os como criança cidadã e adolescente cidadão, com direitconsidera-os legalmente exigíveis em determinadas circunstâncias.

A criança e o adolescente deixam de ser vistos como meros objetos de intervenção social e jurídica por parte da família, da sociedade e do Estado. Dessa forma, evita-se que fiquem vulneráveis a um poder arbitrário, garantindo-lhes participação pró-ativa na vida social. Crianças e adolescentes são considerados pessoas em condição peculiar de desenvolvimento – indivíduos que estão em um período de mudança, de alterações bio-psico-sociais e detentores de todos os direitos que têm os adultos e mais aqueles especiais ao seu ciclo de vida, à sua idade, ao seu processo de desenvolvimento. Isso porque não estão em condições de exigi-los do mundo adulto e não são capazes, ainda, de prover suas necessidades básicas sem prejuízo ao seu desenvolvimento pessoal e social.

O ECA reconhece, ainda, a criança e o adolescente como absoluta prioridade, ou seja, compreende o valor intrínseco e o valor projetivo das novas gerações. O valor intrínseco reside no

reconhecimento de que, em qualquer etapa do seu desenvolvimento, a criança e o adolescente são seres humanos, na mais plena acepção do termo. O valor projetivo evoca o fato de que cada criança e cada adolescente é um portador do futuro de sua família, de seu povo e da humanidade.

2. Mudança de Método

O Estatuto introduz as garantias processuais no relacionamento do adolescente com o sistema de administração da justiça juvenil.

Além disso, supera a visão assistencialista e paternalista: crianças e adolescentes não estão mais à mercê da boa vontade da família, da sociedade e do Estado. Seus direitos passam a ser exigíveis com base na lei e quem descumpri-los poderá ser levado a responder judicialmente por isso.

O ECA também inaugura uma nova forma de atendimento por meio da articulação de um Sistema de Garantia de Direitos, compreendendo as instâncias legais de exigibilidade de direitos para enfrentar as situações de violações dos direitos humanos de crianças e de adolescentes.

3. Mudança de Gestão

O Estatuto introduz uma nova divisão do trabalho social, tanto entre as três esferas de governo – União, Estado e Município, como entre estes e a sociedade civil organizada.

Ele dispõe, ainda, que os Conselhos dos Direitos, em todas as esferas, e os Conselhos Tutelares, em nível municipal, são parte fundamental do esforço de tornar efetiva a democracia brasileira. O ECA visa a uma democracia cada vez mais beneficiada pela participação da cidadania organizada na formulação das políticas públicas, na agilização do atendimento às crianças e aos adolescentes e no controle das ações em todos os âmbitos. É aqui que se situa a importância do esforço de criação e consolidação dos Conselhos Municipais dos Direitos da Criança e do Adolescente e dos Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente nos diversos municípios brasileiros.

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Projeto Cuidando do Cuidador CUIDANDO

Conselho Tutelar

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Projeto Cuidando do Cuidador CUIDANDO

Criação

O Conselho deve ser criado através de lei municipal, devendo o Executivo Municipal instalá-lo, garantindo sua estrutura de funcionamento, sua manutenção e seu apoio administrativo, bem como, fixando a eventual remuneração dos Conselheiros Tutelares.

A iniciativa de elaboração da lei é de competência privativa do Chefe do Executivo Municipal, que deverá respeitar as disposições contidas na Constituição Federal e no ECA, além de observar as peculiaridades locais, através da participação popular, em reuniões conjuntas com o Legislativo Municipal, organizações governamentais e não-governamentais, sindicatos, associações de bairro, educadores, profissionais de saúde, entre outros.

Art. 131 – O Conselho Tutelar é órgão permanente e autônomo, não jurisdicional, encarregado

pela sociedade de zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente, definidos nesta Lei.

Permanente

O Conselho Tutelar a partir da sua criação passa a integrar definitivamente a estrutura da administração municipal, para desenvolver uma ação contínua e ininterrupta, ou seja, não deve sofrer suspensão, sob qualquer pretexto. O que muda são os conselheiros, porém o Conselho permanece, no município, como serviço público essencial à garantia dos direitos de crianças e adolescentes ameaçados ou violados.

Autônomo

A autonomia é um atributo fundamental do Conselho Tutelar, pois o colegiado tem liberdade para tomar suas próprias decisões, no que diz respeito as suas atribuições, ou seja, sua independência

é funcional, inclusive para denunciar e corrigir distorções existentes na própria administração municipal,

relativas ao atendimento às crianças e aos adolescentes, porém sua atuação é passível de controle tanto interno (Regimento Interno), como externo (Lei Municipal específica), de modo que evite abusos e omissões.

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Projeto Cuidando do Cuidador CUIDANDO

Como órgão autônomo não existe subordinação funcional do Conselho Tutelar a qualquer órgão ou instância. Entretanto, a atividade do Conselho Tutelar está vinculada a uma estrutura orgânica do Poder Executivo Municipal.

Não jurisdicional

O Conselho Tutelar não integra o Poder Judiciário, não pode exercer seu papel, nem suas funções na apreciação e julgamento de conflitos de interesse, pois não tem poder para fazer cumprir as determinações legais ou punir quem as infrinja, pois suas funções são de caráter administrativo, vinculada ao Poder Executivo Municipal.

Encarregado pela sociedade

Há uma necessidade de estreitam a ligação do Conselho Tutelar com a comunidade. Os conselheiros tutelares devem ser pessoas da comunidade. Ao conselheiro não basta a legalidade da escolha, é preciso a legitimidade pelo desempenho da função. A forma de escolha mais democrática é através do voto direto, universal e facultativo dos moradores do município.

Zelar pelo cumprimento dos direitos

Zelar é administrar, é fiscalizar, é estar atento. Zelar pelo cumprimento de direitos não é atender os direitos e sim fiscalizar para que quem deva atender não se omita. O Conselho Tutelar atua no sentido de promover a defesa de direitos e requisitar os serviços indispensáveis, pois a finalidade não é o atender os direitos, mas zelar pelo cumprimento dos direitos, defender e garantir para que aquele que deve atendê-los o faça.

Quantidade de Conselhos Tutelares no Município

Art. 132 – Em cada Município haverá, no mínimo, um Conselho Tutelar composto de cinco

membros, escolhidos pela comunidade local para mandato de três anos, permitida uma recondução.

Todo município deve possuir um Conselho Tutelar para o exercício das atribuições previstas na Lei. É preciso cuidar para que não seja adotada prática ilegal de se criar Conselho Tutelar com número diferente da determinação legal. O Conselho deve ser composto por cinco membros (nem mais e nem menos).

De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente, em cada município deverá ter, no mínimo, um Conselho Tutelar. Haverá tantos Conselhos quantos forem julgados necessários, seguindo os indicadores: população do município; extensão territorial; densidade demográfica; estimativa de casos de violações de direitos cometidos contra crianças e adolescentes.

Para que possa existir mais um Conselho Tutelar no município é necessário que sejam debatidas e decididas, juntamente com a sociedade, as reais necessidades e possibilidades do município.

Por considerar relevante para a implementação de uma política de atendimento eficiente para o município, o CONANDA recomenda a criação de um Conselho Tutelar para cada 200 mil habitantes, ou em densidade populacional menor quando o município for organizado por Regiões Administrativas ou tenha extensão territorial que justifique a criação de mais de um Conselho Tutelar por região.

Composição do Conselho Tutelar

De acordo com o art. 132 do ECA: “em cada município haverá, no mínimo , um conselho tutelar, composto de cinco membros, escolhidos pela comunidade local, para mandato de três anos, permitida uma recondução”. Por isso as ações e decisões do Conselho, devem ser fruto do coletivo e não do individual, para que as ações e decisões sejam do colegiado.

A população, quando escolhe, escolhe um conselho e não um conselheiro, embora seja possível o voto singular. A idéia é do trabalho em equipe, da conjunção de ações, do inter-relacionamento das habilidades e potencialidades dos membros, da construção conjunta.

As atribuições previstas no ECA são para o Conselho Tutelar e não para o conselheiro tutelar, por isso é inadmissível que um Conselho Tutelar funcione com menos de cinco conselheiros.

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Projeto Cuidando do Cuidador CUIDANDO

A Condução e Recondução dos Conselheiros Tutelares

A condução e a recondução se dão somente pelo processo de escolha da comunidade local, sendo permitida uma recondução, o Artigo 132, do ECA, é claro ao estabelecer isto.

A permissão de recondução é restrita: uma só vez. Mas só é considerada recondução a escolha para um mandato imediatamente seguinte, nada impedindo que o Conselheiro, após passar um mandato sem se candidatar, volte a ocupar o cargo, pois, nesse caso, não estaria havendo recondução”.

Requisitos à candidatura

Conforme disposto no art. 133 do ECA, existem três requisitos legais válidos para todos os municípios:

• Reconhecida idoneidade moral • Idade superior a 21 anos • Residir no município

Essas são as três condições mínimas e obrigatórias fixadas pelo ECA, mas cada município, de acordo com as particularidades e necessidades, também pode estabelecer, por meio de legislação própria, outras exigências em relação aos candidatos. Isso é possível, uma vez que os municípios podem suplementar a legislação federal, no que couber, conforme disposto na Constituição Federal (art.30, inciso II).

Alguns requisitos, exigidos nas legislações municipais:

Residir pelo menos dois anos no município.

Exigência de escolaridade mínima.

Prova de conhecimentos do ECA.

Comprovação de experiência anterior na área da infância e juventude.

Avaliação psicológica.

Participação em curso de capacitação.

Funcionamento do Conselho Tutelar

Art. 134 – Lei Municipal disporá sobre local, dia e hora de funcionamento do Conselho Tutelar,

inclusive quanto a eventual remuneração de seus membros.

Parágrafo Único: Constará da Lei Orçamentária municipal, previsão dos recursos necessários

ao funcionamento do Conselho Tutelar.

Cabe à Lei Municipal dispor sobre o local, dia e horário de funcionamento dos Conselhos Tutelares, respeitando a jornada semanal, ainda que atuem em regime de plantão.

O valor dos recursos destinados ao funcionamento dos Conselhos Tutelares, aí incluindo local, estrutura de pessoal, aparelhamento logístico para o desenvolvimento das ações e a remuneração dos conselheiros, deve constar na lei orçamentária do município, não sendo possível a destinação de verba do Fundo Municipal para esse fim.

Para maior dinamismo do trabalho a ser efetuado pelo Conselho Tutelar, o CONANDA recomenda que ele esteja institucionalmente (para fins meramente administrativo-burocráticos) vinculado à estrutura geral do Poder Executivo, a exemplo dos demais órgãos do município.

Portanto a Lei Municipal deve estabelecer, expressamente, tanto o horário quanto o local de funcionamento do Conselho Tutelar, o CONANDA entende que o funcionamento do Conselho Tutelar deve respeitar o horário comercial durante a semana, assegurando-se um mínimo de 8 horas diárias para todo o colegiado e rodízio para o plantão, por telefone móvel ou outra forma de localização do conselheiro responsável, durante a noite e final de semana.

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Exercício de Função

Art. 135 – O exercício efetivo da função de conselheiro constituirá serviço público relevante,

estabelecerá presunção de idoneidade moral e assegurará prisão especial, em caso de crime comum, até o julgamento definitivo.

O conselheiro quando investido em sua função assume o posto de autoridade pública municipal, sendo seu serviço considerado de alta relevância, concedendo as benesses da presunção de idoneidade moral e da prisão especial em caso de crime comum.

Atribuições

Art. 136 – São atribuições do Conselho Tutelar:

O Conselho Tutelar atua em duas frentes de ação, igualmente importantes: uma preventiva, fiscalizando entidades, mobilizando sua comunidade ao exercício de direitos assegurados a todo cidadão, cobrando as responsabilidades daqueles que prestam o atendimento às crianças e adolescentes e suas respectivas famílias.

Inciso I – atender as crianças e adolescentes nas hipóteses previstas no art. 98 e art. 105,

aplicando as medidas previstas no art. 101, I a VII;

O Conselho Tutelar atende crianças (de zero a doze anos incompletos) e adolescentes (de doze a dezoito anos incompletos).

Art.98. As medidas de proteção à criança e ao adolescente são aplicáveis sempre que os direitos

reconhecidos na lei forem violados:

I - por ação ou omissão da sociedade ou do Estado; II- por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável; III- em razão de sua conduta.

As Medidas de Proteção

Devem ser aplicadas isolada ou cumulativamente, podendo ser substituídas a qualquer tempo, devendo levar em conta as necessidades pedagógicas, e preferindo as que visem o fortalecimento de vínculos familiares e comunitários – Artigos 99, 100 e 101, Incisos I a VII:

I - encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo de responsabilidade; II - orientação, apoio e acompanhamento temporários;

III- matrícula e freqüência obrigatórias em estabelecimento oficial de ensino fundamental; IV- inclusão em programa comunitário ou oficial de auxílio à família, à criança e ao adolescente; V- requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico em regime hospitalar ou ambulatorial;

VI- inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos;

VII- Acolhimento Institucional. (Redação dada pela Lei n° 12.010 de 03 de agosto de 2009) Muitos conselheiros tutelares confundem-se na aplicação da Medida de Proteção do inciso II do art. 101 do ECA. A orientação, apoio e acompanhamento temporário não é o Conselho Tutelar que realiza, e sim aplica a medida, porém essa será executada por uma entidade de atendimento que tenha programa específico.

O acolhimento institucional é medida extremada, devendo figurar somente como medida provisória e excepcional. Importante salientar que:

Crianças e adolescentes somente poderão ser encaminhados às instituições que executam programas de acolhimento institucional, governamentais ou não, por meio de uma Guia de Acolhimento, expedida pela autoridade judiciária. (Incluído pela Lei n° 12.010, de 2009)

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O dirigente de entidade que desenvolve programa de acolhimento institucional é equiparado ao guardião, para todos os efeitos de direito.

Atender as crianças autoras de ato infracional – Artigos 136, Inciso I e 105;

A pessoa até 12 anos incompletos – criança – que praticar ato infracional (qualquer ato tipificado como crime ou contravenção penal) será atendida pelo Conselho Tutelar, que aplicará as medidas de proteção previstas no art. 101, I a VI do ECA.

Inciso II – atender e aconselhar os pais ou responsável, aplicando as medidas previstas no

art. 129, I a VII;

Artigo 129, Incisos I a VII:

I-encaminhamento a programa oficial ou comunitário de proteção à família;

II- inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento à alcoólatras e toxicômanos;

III- encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátrico; IV- encaminhamento a cursos ou programas de orientação;

V- obrigação de matricular o filho ou pupilo e acompanhar sua freqüência e aproveitamento escolar;

VI- obrigação de encaminhar criança ou adolescente a tratamento especializado; VII - advertência;

O Conselho Tutelar atende os pais ou responsável (não suas necessidades) e aconselha-os sobre a sua situação e os encaminhamentos que poderão tomar. Ao aplicar uma medida das dispostas acima, o conselheiro responsabiliza os pais ou responsável, cobrando-lhes cumprimento da aplicação.

O descumprimento de suas determinações configura infração administrativa com penalidades prevista na lei.

Inciso III – promover a execução de suas decisões, podendo para tanto:

a) requisitar serviços públicos nas áreas de saúde, educação, serviço social, previdência, trabalho e segurança;

O Conselho Tutelar aplica medidas e executa suas decisões através da requisição de serviços públicos nas áreas de saúde, educação, serviço social, previdência, trabalho e segurança. Requisitar é um verbo de ordem, imperativo, que imprime a obrigação do acatamento (não é nenhuma solicitação ou um pedido). As áreas de serviço enumeradas são exemplificativas, podendo ser requisitados serviços públicos em outras áreas.

b) representar junto à autoridade judiciária nos casos de descumprimento injustificado de suas deliberações;

Faculta ao Conselho Tutelar entrar diretamente com um procedimento judicial, contra aquele que injustificadamente descumpriu uma de suas deliberações.

Inciso IV – encaminhar ao Ministério Público notícia de fato que constitua infração administrativa

ou penal contra os direitos da criança ou adolescente;

Encaminhar ao Ministério Público notícia de fato que constitua infração administrativa ou penal contra os direitos da criança ou adolescente – Artigo 136, Inciso IV;

a) representar, em nome da pessoa e da família, contra a violação dos direitos previstos no art. 220, § 3º, Inciso II, da Constituição Federal – Artigo 136, Inciso X;

b) representar ao Ministério Público para efeito das ações de perda ou suspensão do Poder Familiar – Artigo 136, Inciso XI.

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penal (arts. 228 a 244 do ECA, ou Código Penal e demais leis esparsas).

Tendo conhecimento de infração penal, o encaminhamento da notícia ao Ministério Público é obrigatório, sendo única autoridade competente para promover a denúncia ao juízo. Em relação à infração administrativa, esta poderá ser ajuizada pelo Conselho Tutelar diretamente à autoridade judiciária (arts. 194 e ss. do ECA), ou ainda encaminhada ao Ministério Público para que assim ele proceda.

Inciso V – encaminhar à autoridade judiciária os casos de sua competência;

Encaminhar à Justiça da Infância e da Juventude os casos que envolvam questões litigiosas, contraditórias, contenciosas, de conflito de interesses; por exemplo: destituição do poder familiar; guarda; tutela; adoção.

Encaminhar também os casos que envolvam situações de adolescente envolvido ou supostamente envolvido com ato infracional, dentre outras, enumeradas nos art. 148 e 149 do ECA. Assim, sempre que tratar-se de algum desses assuntos, o Conselho Tutelar encaminhará o caso à autoridade judiciária.

Inciso VI – providenciar a medida estabelecida pela autoridade judiciária, dentre as previstas no

art. 101, de I a VI, para o adolescente autor de ato infracional;

A medida a ser providenciada pelo Conselho Tutelar já deve vir estabelecida pelo juiz, dentre as do art. 101, I a VI do ECA. Além da medida estabelecida pelo juiz, poderá o Conselho Tutelar cumular qualquer outra medida, desde que não afronte a medida judicial. No atendimento realizado ao adolescente, o Conselho não deve enfocar o ato infracional praticado, deve verificar e analisar a situação de risco pessoal e social dele.

Inciso VII – expedir notificações;

A notificação do Conselho Tutelar pode se referir a atos ou fatos passados ou futuros, segundo se refira a situações ocorridas ou a ocorrer que gerem importantes conseqüências jurídicas emanadas do Estatuto, da Constituição ou outras legislações.

O Conselho pode expedir notificação de que algo ocorreu. Exemplo: notificar o Diretor de Escola que o Conselho determinou a medida de proteção nº III (matrícula e freqüência obrigatórias) em relação ao aluno fulano de tal, matriculado naquela unidade de ensino. Ou expedir notificação para

que algo ocorra. Exemplo: notificar os pais do aluno fulano de tal para que cumpra a medida aplicada,

garantindo a freqüência obrigatória de seu filho em estabelecimento de ensino, em decorrência de seu dever constitucional de assisti-lo, criá-lo e educá-lo.

Entretanto, é com as notificações que muitos Conselhos Tutelares e até mesmo muitos conselheiros individuais (usurpando a função do Conselho como colegiado – usurpar é crime -) vêm agindo ameaçando e violando direitos. Estão confundindo a competência de expedir notificações com a competência de expedir intimações.

Inciso VIII – requisitar certidões de nascimento e de óbito de criança ou adolescente, quando

necessário;

O Estatuto dispõe expressamente que:

Art. 102. As medidas de proteção de que trata este capítulo serão acompanhadas da regularização do registro civil.

Parágrafo 1º- Verificada a inexistência de registro anterior, o assento de nascimento da criança ou adolescente será feito à vista dos elementos disponíveis, mediante requisição da autoridade judiciária.

Parágrafo 2º- Os registros e certidões necessárias à regularização de que trata este artigo são isentos de multas, custas e emolumentos, gozando de absoluta prioridade.

Isso significa que o Conselho, ao determinar quaisquer das medidas de proteção, deverá fazê-las acompanhar, necessariamente, da regularização do registro civil. Inexistindo o registro, o Conselho comunica ao Juiz para que este requisite o assento do nascimento, o que será feito com absoluta prioridade (passará à frente dos demais casos, com isenção de multas, custas e emolumentos, vale dizer, sem despesas para a família).

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Combinando-se o inciso VIII do artigo 136, com o parágrafo primeiro do artigo 102, verifica-se que dois são os órgãos legitimados para requisitar certidões e registros: a Justiça da Infância e da Juventude, nos casos em que não há registro, e o Conselho Tutelar, nos casos em que há o registro, mas, administrativamente, há a necessidade da certidão que comprove a existência desse registro.

Inciso IX – assessorar o Poder Executivo local na elaboração da proposta orçamentária para

planos e programas de atendimento dos direitos da criança e do adolescente;

O Conselho Tutelar deve ser o local primeiro onde chegam as demandas de ameaça e violação de direitos. A partir da análise do grau de incidência das categorias de violação de direitos, é possível o Conselho Tutelar avaliar as carências no sistema municipal de proteção e atendimento aos direitos, assessorando o Poder Executivo Municipal na elaboração de proposta orçamentária para planos e programas de atendimento dos direitos da criança e do adolescente. Dessa atribuição decorre a íntima relação que deve existir entre o Conselho Tutelar e o Conselho de Direitos, que delibera a política municipal e destina recursos do fundo para programas que atendam as prioridades apontadas.

O Estatuto da Criança e do Adolescente dispõe, em seu artigo 4º, que a garantia de prioridade compreende:

a. primazia de receber proteção e socorro em quaisquer circunstâncias; b. precedência de atendimento nos serviços públicos ou de relevância pública; c. preferência na formulação e na execução das políticas sociais públicas;

d. destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com a proteção à infância e à juventude.

Ou seja, a própria elaboração orçamentária está sujeita ao princípio da prioridade absoluta. Por essa razão, o Estatuto prevê que o órgão encarregado de atender casos de ameaças ou violações a esses direitos (o Conselho Tutelar) tenha a atribuição de assessorar o Poder Executivo local na elaboração orçamentária.

Inciso X – representar, em nome da pessoa e da família, contra violação dos direitos previstos no

art. 220, parágrafo. 3º inciso II, da Constituição Federal;

O que é representar em nome da pessoa e da família?

Representar contra a violação desses direitos significa o Conselho Tutelar, tendo recebido reclamação expressa de quem se julgou prejudicado, encaminhar requerimento ao Juiz da Infância e da Juventude expondo os fatos violadores, explicitando as normas violadas, descrevendo o desvio inaceitável entre os fatos e as normas e pedindo as providências judiciais cabíveis.

Quais são as providências judiciais cabíveis?

O Estatuto caracteriza como infração administrativa (art. 254) transmitir, através de rádio ou televisão, espetáculo em horário diverso do autorizado, ou sem aviso de sua classificação.

Se for este o caso, a providência judicial será aplicar a pena correspondente prevista no mesmo artigo 254: multa de vinte a cem salários de referência, duplicada em caso de reincidência, podendo a autoridade judiciária determinar a suspensão da programação da emissora por até dois dias. O valor da multa vai para o fundo controlado pelo Conselho Municipal de Direitos.

O que é violação dos direitos previstos no artigo 220 da

Constituição Federal?

Em seu artigo 220, a Constituição imprime o princípio da livre manifestação do pensamento, criação, expressão e informação, com a ressalva de que devem ser observadas as normas a esse respeito previstas na própria Constituição.

O inciso I do parágrafo 3º, do artigo 220, diz que compete a lei federal (no caso o Estatuto) regular diversões e espetáculos públicos, cabendo ao Poder Público informar sobre a natureza deles, as faixas etárias a que não se recomendam, locais e horários em que sua apresentação se mostre inadequada.

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O inciso II do parágrafo 3º, do artigo 220, impõe a norma de que compete à lei federal estabelecer os meios legais que garantam à pessoa e à família a possibilidade de se defenderem de programas e programações de rádio e televisão que contrariem o disposto no artigo 221, bem como da propaganda de produtos, práticas e serviços que possam ser nocivos à saúde e ao meio ambiente.

O artigo 221 da Constituição dispõe que a produção e a programação das emissoras de rádio e televisão atenderão aos seguintes princípios:

I - preferência a finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas;

II - promoção da cultura nacional e regional e estímulo à produção independente que objetive sua divulgação;

III - respeito aos valores éticos e sociais da pessoa e da família.

O Estatuto da Criança e do Adolescente estabelece meios legais que garantem à pessoa e à família se defenderem de programas ou programações que contrariam esses princípios. Com relação ao primeiro desses princípios, deve o Conselho Tutelar levar sempre em consideração o que o Estatuto trata no art. 74. “O Poder Público, através do órgão competente, regulará as diversões e espetáculos públicos, informando sobre a natureza deles, as faixas etárias a que não se recomendem, locais e horários em que sua apresentação se mostre inadequada”.

Cumprindo esse artigo, o Ministério da Justiça emitiu normas a respeito, fixando as faixas etárias correspondentes. Através da Portaria 773, de 19 de outubro de 1990, (os interessados deverão ver o Diário Oficial da União de 29-10-1990) o Ministro da Justiça dispõe que os programas para emissão de televisão, inclusive trailers, deverão ter classificação indicativa feita por órgão competente daquele Ministério e publicada no Diário Oficial da União para conhecimento geral da população.

Quando a classificação for livre o programa pode ser veiculado em qualquer horário¸ quando não recomendado para menores de 12 anos, é inadequado para antes das vinte horas; se não recomendado para menores de 14 anos é inadequado para antes das vinte e uma horas¸ classificado como não recomendado para menores de 18 anos, é inadequado para antes das vinte e três horas.

A mesma Portaria do Ministério da Justiça também dispõe que são dispensados de classificação os programas de televisão transmitidos ao vivo, responsabilizando-se o titular da empresa televisiva ou seu apresentador e toda a equipe de produção, pelos abusos e desrespeito à legislação e normas regulamentares vigentes. Para que o público se oriente sobre qual a classificação do programa levado ao ar, a portaria estabelece que nenhum programa de rádio ou televisão será apresentado sem aviso de sua classificação, antes e durante à transmissão.

Fica claro, portanto, que o Conselho Tutelar representa a autoridade judiciária pedindo a aplicação de multa pela infração administrativa (artigo 254 do Estatuto), quando não houver aviso de sua classificação, quando desrespeitada a classificação indicativa do Ministério da Justiça ou pedindo a aplicação de sanção por responsabilidade civil, no caso de abusos nos programas ao vivo, que são dispensados dessa classificação.

Inciso XI – representar ao Ministério Público, para efeito das ações de perda ou suspensão do

Poder Familiar.

Quando o Conselho Tutelar atende reclamações ou recebe denúncias de ameaças ou violações dos direitos de criança ou adolescente pode, como vimos, aplicar medidas de proteção, relacionadas à própria criança ou adolescente, ou medidas relativas aos pais ou responsável. Essas “medidas” se destinam a garantir que o ameaçado ou violado seja assistido, criado e educado.

Há, porém, situações em que esse processo de assistência, criação e educação não pode ou não deve continuar a ser exercido pelo próprio pai ou mãe. São os casos mais graves, em que os pais estão sujeitos a processo, com amplo direito de se defenderem, para possível perda ou suspensão temporária do pátrio poder.

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Essas providências são da alçada da Justiça da Infância e da Juventude, casos em que o Conselho Tutelar toma as providências urgentes que lhe são destinadas pelo Estatuto para proteção do filho e encaminha representação ao Promotor para que este mova, no Judiciário, a competente ação relativa ao Poder Familiar.

Representar, em Direito, é expor alguma coisa a uma autoridade. Essa exposição consiste em descrever os fatos da realidade, descrever a norma violada, identificar o desvio entre os fatos e a norma, mostrar como se corrige o desvio (repetindo: há que saber e mostrar como se corrige o desvio, o que não é possível para pessoas ignorantes) e pedir as providências para essa correção.

No caso, o promotor é quem é legitimado pelo Estado para propor a ação de suspensão ou perda do poder familiar, perante o Juiz competente. O Conselho leva ao Promotor elementos de convicção para que este exerça a representação judicial. Elementos de convicção são indícios, são provas. Sem indícios ou provas não há como querer iniciar um processo contra alguém. E sem o devido processo legal não há como se querer tirar o exercício da guarda dos filhos, pois a guarda é atributo do exercício do pátrio poder.

Decisões do Conselho Tutelar

Art. 137 – As decisões do Conselho Tutelar somente poderão ser revistas pela autoridade

judiciária a pedido de quem tenha legítimo interesse.

O Conselho Tutelar goza de um poder discricionário para agir e para decidir seus casos de atendimento. São suas mais destacadas expressões de autonomia. Não há obrigatoriedade do Conselho Tutelar para proferir decisão escrita, nem de aprofundar-se em uma fundamentação. Como órgão de defesa da cidadania, cabe sempre ao Conselho Tutelar informar a possibilidade do recurso judicial de suas decisões.

Como se determina a competência do Conselho Tutelar

Art. 138 – Aplica-se ao Conselho Tutelar a regra de competência constante do art. 147.

Competência do Conselho Tutelar é o limite funcional (conjunto das atribuições previstas no artigo 136 do Estatuto) e territorial (locais onde pode atuar) do serviço público por ele prestado à população.

Competência Territorial

A Competência territorial tem dois aspectos. O primeiro é o da jurisdição do Conselho Tutelar. Diz-se que o Conselho Tutelar tem jurisdição administrativa sobre determinada área quando, no espaço físico do Município, a Lei Municipal fixa os limites sobre os quais o Conselho tem o poder de praticar o serviço público previsto em suas atribuições, resolvendo os problemas que lhe são afetos (como se viu no comentário ao número 1 esse poder advém dos artigos 24, XV, e parágrafo 1º e 3º, e 30, I e V, da Constituição Federal.

Cabe à lei que o cria o Conselho definir se ele atuará atendendo casos de todo o território municipal, ou se haverá mais de um, cada um deles atuando em uma parte definida desse território. Em princípio o Município deve organizar dezenas ou centenas de serviços para desenvolver programas de proteção e sócio-educativos, mas deve ter um só Conselho Tutelar. Nesse caso, a competência deste se estende por todo o território municipal. Muitos municípios estão errando ao criar muitos Conselhos Tutelares que acabam exercendo a função dos programas. Conselho Tutelar não é programa. É uma Autoridade Pública municipal.

O segundo aspecto refere-se ao local de onde provém o tipo de caso levado à apreciação do Conselho Tutelar. Temos aí três sub-aspectos: o do domicílio dos pais ou responsável; o do lugar da prática do ato infracional; o do lugar da emissão de rádio ou televisão.

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Competência pelo domicílio

É competente para receber queixas, reclamações ou denúncias, o Conselho Tutelar cuja jurisdição administrativa se estenda ao território onde os pais ou responsável tenham domicílio. Ou seja, existindo pais ou responsável, onde eles mantiverem residência com ânimo de permanência (isso é domicílio), desse pedaço do território municipal é competente o Conselho Tutelar para tomar conhecimento da ameaça ou violação de direitos da criança ou adolescente.

Se só houver um Conselho Tutelar, é ele competente para prestar seus serviços a todos os casos em que os pais residam nesse município.

O princípio geral é, portanto, o seguinte: pouco importa onde o ato ou a omissão foi praticada na ameaça ou violação de criança ou adolescente. O caso será apreciado pelo Conselho Tutelar do local onde os pais tenham seu domicílio. Se pai e mãe residirem em locais diferentes, em qualquer deles. Se um deles apenas tiver a guarda, prevalece o domicílio deste.

Competência pelo local

Dá-se essa competência quando ocorre a falta dos pais ou responsável. Ou seja, não havendo pais ou responsável, ou não sendo possível identificá-los, é competente para receber queixa, reclamação ou denúncia, o Conselho Tutelar do local onde se encontre a criança ou o adolescente.

Para que o próprio Conselho Tutelar não se torne mais um serviço público lesivo aos direitos de crianças e adolescentes, sendo impossível localizar pais ou responsável, deve assumir a proteção do caso o Conselho Tutelar do local onde os lesados se encontrem, evitando toda e qualquer delonga burocratizante.

Jamais se pode admitir que o Conselho retarde a proteção de vida, por questões formais de onde residam ou se encontrem pais ou responsável. Atendido o caso, se a posteriori se identificarem pais ou responsável, o Conselho Tutelar originário informalmente encaminha o caso ao Conselho Tutelar da

jurisdição domiciliar, passando-lhe rapidamente a informação que porventura tenha a respeito.

O Conselho Tutelar não é criado para disputar com outro quem protege ou não determinada criança. Mas sim, para dar a proteção, com prioridade absoluta (artigo 227 da Constituição; 4º e 6º do Estatuto).

Competência pelo ato praticado

É competente para atender ao caso, aplicar medidas ou requisitar serviços, o Conselho Tutelar do local onde se deu a prática do ato infracional.

Quando o ato é praticado por adolescente, normalmente o Juiz aplica medidas sócio-educativas (artigo 112 do Estatuto), mas pode aplicar, se o caso requer, medidas de proteção (artigo 101) vedada a medida de abrigo (a medida de abrigo é privativa do Conselho Tutelar, não há um só lugar do Estatuto que lhe dê essa competência).

Quando aplica medidas sócio-educativas, o juiz encaminha o adolescente para o serviço público de entidade governamental ou não-governamental, que desenvolve programa sócio-educativo, devidamente registrado no Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente. Quando aplica a medida sócio-educativa e entende que ao adolescente seja aplicada medida de proteção, o Juiz encaminha o caso para o Conselho Tutelar.

Quando o infrator é criança (até 12 anos incompletos) o Conselho Tutelar é competente para aplicar medidas previstas nos artigos 101 e 129 do Estatuto (1. de proteção; 2. relativas aos pais ou responsável), bem como requisitar serviços públicos, o Conselho Tutelar cuja jurisdição se estende ao local onde o ato foi praticado.

Se vários forem os atos praticados e um deles já tiver sendo apreciado por um Conselho, os demais atos devem a ele serem anexados. Essa anexação para harmonia da proteção a ser garantida se chama, em teoria jurídica prevenção, o que mais uma vez mostra que a mesma palavra pode ter várias acepções. Da mesma forma, se queixas forem feitas a Conselhos diferentes por atos praticados pela

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mesma criança as matérias devem ser unificadas num deles (a isso se dá o nome - também equívoco - de conexão e continência, em teoria jurídica). Por exemplo, as matérias devem ser unificadas no Conselho Tutelar que tenha jurisdição do domicílio dos pais, ou se for mais conveniente, do local onde o serviço requisitado deva ser prestado. Tudo isso, para manter a harmonia da medida tutelar cabível (ver artigos 137 e 147, parágrafo 1º do Estatuto)

De qualquer forma, a execução das medidas aplicadas poderá sempre ser delegada (transferida) ao Conselho Tutelar competente da residência dos pais ou responsável legal, ou do local onde se encontra a sede da entidade que abrigar a criança ou o adolescente (artigo 147, parágrafo 2º do Estatuto).

Competência pelo local da emissão

Já vimos que o Conselho Tutelar tem a atribuição de representar em nome da pessoa e da família contra a violação de direitos cometida através da emissão de rádio ou televisão.

O Estatuto prevê (artigo 147, parágrafo 3º) que a penalidade a ser aplicada à estação emissora é da competência do Juiz do local da emissão, salvo quando a transmissão atinja mais de uma comarca, caso em que a competência passa a ser do Juiz da sede estadual da emissora ou rede, tendo a sentença eficácia para todas as transmissoras ou retransmissoras do respectivo Estado.

Assim sendo, recebida a reclamação no município onde se situa, ou na área municipal sob sua jurisdição, o Conselho Tutelar faz a representação ao Juiz da Comarca da sede estadual da emissora, cumprindo o que determina os artigos 138 e 147, I e II do Estatuto.

A única hipótese de alteração de competência é no caso da falta dos pais, quando, por inexistência ou ausência deles, o Conselho Tutelar competente é o do local onde a criança ou adolescente se encontra.

Processo para a escolha dos membros do Conselho Tutelar

Art. 139 – O processo para a escolha dos membros do Conselho Tutelar será estabelecido em Lei

Municipal e realizado sob a responsabilidade do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente e a fiscalização do Ministério Público.

O processo de escolha dos Conselheiros dar-se-á de acordo com o disposto na Lei Municipal e realizado sob a responsabilidade do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente de acordo com o disposto no Art. 139 do Estatuto.

A escolha dos membros do Conselho Tutelar será feita pela comunidade, podendo a lei municipal optar pela eleição direta, universal e facultativa, com voto secreto ou pela escolha indireta, através da formação de um Colégio Eleitoral formado por entidades de atendimento a crianças e adolescentes, instituições ou associações que compõe o Fórum dos Direitos da Criança e do Adolescente, ou conforme a lei municipal dispuser.

Art. 140 – São impedidos de servir no mesmo Conselho marido e mulher, ascendentes e

descendentes, sogro e genro ou nora, irmãos, cunhados, durante o cunhadio, tio e sobrinho, padrasto ou madrasta e enteado.

Parágrafo único – Estende-se o impedimento do conselheiro, na forma deste artigo, em relação

à autoridade judiciária e ao representante do Ministério Público com atuação na Justiça da Infância e da Juventude, em exercício na comarca, foro regional ou distrital.

Pessoas que tenham relações de parentesco entre si são impedidas de servir no mesmo Conselho Tutelar.

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A fiscalização do Conselho Tutelar nas entidades de

atendimento

Fiscalizar entidades de atendimento governamentais e não-governamentais, em conjunto com o Poder Judiciário e o Ministério Público, conforme dispõe o ECA, art. 95.

No caso de constatação de alguma irregularidade ou violação dos direitos de crianças e adolescentes abrigados, semi-internados ou internados, o Conselho deverá aplicar, sem necessidade de representar ao Juiz ou ao Promotor de Justiça, a medida de advertência prevista no art. 97 do ECA.

Se a entidade ou seus dirigentes forem reincidentes, o Conselho comunicará a situação ao Ministério Público ou representará à autoridade judiciária competente para aplicação das demais medidas previstas no art. 97 do ECA.

O Conselho Tutelar ao fiscalizar as organizações governamentais e organizações não governamentais, deve considerar e avaliar suas práticas pedagógicas, com vistas ao resgate da cidadania.

A relação do Conselho Tutelar com o Conselho Municipal dos

Direitos da Criança e do Adolescente

Não deve ser uma relação de subordinação e sim uma relação de parceria, cabendo salientar que a integração e o trabalho em conjunto dessas duas instâncias de promoção, proteção, defesa e garantia de direitos são fundamentais para a efetiva formulação e execução da política de atendimento e para a efetivação dos direitos das crianças e adolescentes.

O Art. 86 do ECA menciona: “a política de atendimento dos direitos da criança e do adolescente far-se-á através de um conjunto articulado de ações governamentais, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios”.

Politicas Públicas

Políticas Públicas e Políticas Sociais

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O que São Políticas Públicas

São benefícios ou serviços que devem ser oferecidos a toda a população indistintamente, presumem a existência de programas de ação de interesse da coletividade que concretiza direitos sociais conquistados pela sociedade.

Para combater as situações de pobreza e extrema pobreza, em que vive boa parte da população brasileira, o Governo tem concebido e implementado diversos programas sociais.

Marco Legal das Políticas Públicas

As políticas públicas para crianças e adolescentes tiveram o marco histórico com a

constituição de 1988, e conforme o artigo 227 da Constituição Federal:

“É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, adolescente e jovens, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, À dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.”

Em 1990 o Presidente da República sanciona a Lei 8.069/90, que dispõe sobre o Estatuto da Criança e Adolescente

O Estatuto prevê um conjunto articulado de ações que podem ser divididas em quatro linhas:

As Políticas Sociais Básicas

As políticas sociais básicas são aquelas consideradas direito de todos e dever do Estado, como ocorre com a saúde e com a educação. São, portanto, universais. As políticas de assistência social não são universais. Dirigem-se apenas ao universo daqueles que delas necessitam, ou seja, estão em estado de necessidade. Destinam-se a pessoas, grupos e comunidades em desvantagem social.

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As Política de Assistência Social

Concebida, constitucionalmente, como direito social e como política pública integrante do Sistema de Seguridade Social, cabendo ao Estado o dever de assegurá-la.

Regulamentada pela Lei Orgânica de Assistência Social – LOAS, de 1993, a assistência social, direito do cidadão e dever do Estado, foi definida como Política de Seguridade Social não contributiva, que deve realizar-se de forma integrada às políticas setoriais, visando ao enfrentamento da pobreza, à garantia dos mínimos sociais, ao provimento de condições para atender as contingências sociais e à universalização dos direitos sociais (Art. 1º).

As Políticas de Proteção Especial

As políticas de proteção especial preocupam-se em assegurar a integridade física, psicológica e moral daqueles que estão violados ou ameaçados de violação em seus direitos. Elas tratam das chamadas medidas especiais de proteção, como abrigos, programas protetivos em meio aberto, programas de prevenção e redução da violência familiar, social e institucional, e também à proteção dos adolescentes privados de liberdade.

Em 1993 é sancionada a Lei 8742/93, Lei orgânica de Assistência Social que representou

um marco na história brasileira e definiu a assistência social como política pública, traduzindo-se em dever do Estado e um direito do cidadão.

Em 1996 foi sancionada pelo Presidente Fernando Henrique Cardoso a Lei de Diretrizes e

Bases da Educação Nacional, Lei 9493/96, trazendo diversas mudanças em relação às leis anteriores,

como a inclusão da educação infantil (creches e pré-escola) como primeira etapa da educação básica.

Sistema Único de Assistência Social (SUAS)

O Suas organiza a oferta da assistência social em todo o Brasil, promovendo bem-estar e proteção social a famílias, crianças, adolescentes e jovens, pessoas com deficiência, idosos, enfim, a todos

que dela necessitarem. As ações são baseadas nas orientações da nova Política Nacional de Assistência Social (PNAS), aprovada pelo Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS) em 2004.

O SUAS encontra amparo na matricialidade da família, estando as suas ações focadas no desenvolvimento das potencialidades de cada um de seus membros e no fortalecimento dos vínculos familiares.

Nesse contexto, na defesa dos direitos de crianças e adolescentes, faz-se necessário integrar as diretrizes do SUAS com o Plano Nacional de Promoção, Proteção e Defesa do Direito de Crianças e Adolescentes à Convivência Familiar e Comunitária. Isto porque a implementação de políticas públicas e de programas de atendimento à população infanto-juvenil e as suas famílias será desenvolvida no âmbito dos territórios em que vivem, tendo como locus os Centros de Referência de Assistência Social

(CRAS), responsáveis pelos serviços de proteção social básica e os Centros de Referência Especializada de Assistência Social (CREAS), aos quais incumbe a proteção social especial.

As inovações introduzidas no Estatuto da Criança e do Adolescente pela Lei nº 12.010/09, conhecida popularmente como “Nova Lei de Adoção”, mas que, em realidade, representa verdadeira legislação em prol do direito à convivência familiar e comunitária de que são titulares crianças e adolescentes tornam ainda mais evidente a necessidade de articulação entre o Sistema de Garantia de Direitos de Crianças e Adolescentes e o SUAS.

Apenas a título de exemplo, podemos citar a obrigatoriedade de implementação dos programas de acolhimento familiar nos Municípios, bem como a sua preferência em relação ao acolhimento institucional, conforme disposto no artigo 34 caput e parágrafo 1º do ECA. Tais programas podem ser classificados como de proteção social especial de alta complexidade, em que se verifica o rompimento dos vínculos familiares, razão pela qual devem ser supervisionados pelo CREAS.

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Gestão e Operacionalização da Política de Assistência Social

As ações da Política Nacional de Assistência Social de 2004 (PNAS) são organizadas através do SUAS, de acordo com os preceitos legais expresso na LOAS.

O SUAS propõe um modelo descentralizado e participativo de gestão, no qual as ações socioassistenciais são organizadas e reguladas em todo o território nacional. Essas ações têm a família e seus membros como foco prioritário e são executadas, de forma articulada, no âmbito das três esferas de governo, com a definição de responsabilidades e de competências técnicopolíticas.

O território no qual residem os usuários é à base de organização dos serviços, programas, projetos e benefícios, que compõem a Proteção Social de Assistência Social que, na organização hierárquica do SUAS, está classificada em dois tipos:

Proteção Social Básica (PSB)

A Proteção Social Básica tem como objetivo a prevenção de situações de risco por meio do desenvolvimento de potencialidades e aquisições e o fortalecimento de vínculos familiares e comunitários. Destina-se à população que vive em situação de fragilidade decorrente da pobreza, ausência de renda, acesso precário ou nulo aos serviços públicos ou fragilização de vínculos afetivos (discriminações etárias, étnicas, de gênero ou por deficiências, dentre outras).

Essa Proteção prevê o desenvolvimento de serviços, programas e projetos locais de acolhimento, convivência e socialização de famílias e de indivíduos, conforme identificação da situação de vulnerabilidade apresentada. Esses serviços e programas deverão incluir as pessoas com deficiência e ser organizados em rede, de modo a inseri-las nas diversas ações ofertadas. Os Benefícios Eventuais e os Benefícios de Prestação Continuada (BPC) compõem a Proteção Social Básica, dada a natureza de sua realização.

A Proteção Social Básica atua por intermédio de diferentes unidades. Dentre elas, destacam-se os Centros de Referência de Assistência Social (Cras) e a rede de destacam-serviços socioeducativos direcionados para grupos específicos, dentre eles, os Centros de Convivência para crianças, jovens e idosos

Proteção Social Especial (PSE)

A Proteção Social Especial (PSE) destina-se a famílias e indivíduos em situação de risco pessoal ou social, cujos direitos tenham sido violados ou ameaçados. Para integrar as ações da Proteção Especial, é necessário que o cidadão esteja enfrentando situações de violações de direitos por ocorrência de violência física ou psicológica, abuso ou exploração sexual; abandono, rompimento ou fragilização de vínculos ou afastamento do convívio familiar devido à aplicação de medidas.

Diferentemente da Proteção Social Básica que tem um caráter preventivo, a PSE atua com natureza protetiva. São ações que requerem o acompanhamento familiar e individual e maior flexibilidade nas soluções. Comportam encaminhamentos efetivos e monitorados, apoios e processos que assegurem qualidade na atenção.

As atividades da Proteção Especial são diferenciadas de acordo com níveis de complexidade (média ou alta) e conforme a situação vivenciada pelo indivíduo ou família. Os serviços de PSE atuam diretamente ligados com o sistema de garantia de direito, exigindo uma gestão mais complexa e compartilhada com o Poder Judiciário, o Ministério Público e com outros órgãos e ações do Executivo. Cabe ao Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), em parceria com governos estaduais e municipais, a promoção do atendimento às famílias ou indivíduos que enfrentam adversidades.

Centro de Referência de Assistência Social (CRAS)

É uma unidade pública estatal descentralizada da política de assistência social, responsável pela organização e oferta de serviços da proteção social básica do Sistema Único de Assistência Social (SUAS) nas áreas de vulnerabilidade e risco social dos municípios e DF.

Dada sua capilaridade nos territórios, se caracteriza como a principal porta de entrada do SUAS, ou seja, é uma unidade que propicia o acesso de um grande número de famílias à rede de proteção social de assistência social.

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O CRAS promove ações que garantem o fortalecimento dos vínculos internos e externos de solidariedade da família e seus vínculos com a comunidade.

São desenvolvidos os seguintes serviços que tornam eficazes a família como unidade de referência:

PAIF – Programa de Atenção Integral às Famílias;

Programa de Inclusão Produtiva e Projeto de enfrentamento à Pobreza;

Serviços para Crianças de 0 a 6 anos que tenham por objetivo o fortalecimento dos vínculos familiares;

Serviços sócio- educativos para crianças, adolescentes e jovens com idade entre 6 e 24 anos; Centros de informação e de educação para o trabalho, direcionados para jovens e adultos.

Centros de Referência Especializada de Assistência Social

(CREAS)

O Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) configura-se como uma unidade pública e estatal, que oferta serviços especializados e continuados a famílias e indivíduos em situação de ameaça ou violação de direitos (violência física, psicológica, sexual, tráfico de pessoas, cumprimento de medidas socioeducativa em meio aberto)

A oferta de atenção especializada e continuada deve ter como parâmetro a família e a situação vivenciada. Essa atenção especializada tem como foco o acesso da família a direitos socioassistenciais, por meio da potencialização de recursos e capacidade de proteção.

O CREAS deve, ainda, buscar a construção de um espaço de acolhida e escuta qualificada, fortalecendo vínculos familiares e comunitários, priorizando a reconstrução de suas relações familiares.

Para o exercício de suas atividades, os serviços ofertados nos Creas devem ser desenvolvidos de modo articulado com a rede de serviços da assistência social, órgãos de defesa de direitos e das demais políticas públicas. A articulação no território é fundamental para fortalecer as possibilidades de inclusão da família em uma organização de proteção que possa contribuir para a reconstrução da situação vivida.

Público Alvo do CREAS

Crianças e adolescentes vítimas e abuso sexual

Crianças e adolescentes vítimas de violência doméstica (violência física, psicológica, sexual e negligência)

Famílias inseridas no Programa de Erradicação do Trabalho Infantil – PETI

Adolescentes em cumprimento de medidas sócio-educativas de Liberdade Assistida – LA e de Prestação de Serviços a Comunidade – PSC

Adolescentes e Jovens após cumprimento de medida sócio-educativas.

Programas Sociais e Serviços do Governo

Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família ( PAIF)

O Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família (Paif ) é um trabalho de caráter continuado que visa a fortalecer a função de proteção das famílias, prevenindo a ruptura de laços, promovendo o acesso e usufruto de direitos e contribuindo para a melhoria da qualidade de vida.

Dentre os objetivos do Paif, destacam-se o fortalecimento da função protetiva da família; a prevenção da ruptura dos vínculos familiares e comunitários; a promoção de ganhos sociais e materiais às famílias; a promoção do acesso a benefícios, programas de transferência de renda e serviços socioassistenciais; e o apoio a famílias que possuem, dentre seus membros, indivíduos que necessitam de cuidados, por meio da promoção de espaços coletivos de escuta e troca de vivências familiares.

Referências

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