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Orçamento de Estado para 2012

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Academic year: 2021

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Orçamento de Estado para 2012

O Orçamento de Estado para 2012 (OE de 2012), aprovado através da Lei nº 64-B/2011, foi publicado no Diário da República nº 250 (Suplemento), Série I, no passado dia 30 de Dezembro de 2011.

I – Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares (IRS)

Rendimentos da Categoria A

É reduzido o montante do subsídio de refeição excluído de tributação, quer em sede de IRS quer, por remissão, em sede de segurança social. Na prática, o limite excluído de tributação é de 5.12€ ou 6.83€ (quando atribuído em vales de refeição), quando em 2011 era de, respectivamente, 6.41€ ou 7.26€.

No que respeita á tributação de indemnizações/compensações pela cessação de contractos de trabalho ou de determinadas funções, procede-se a duas importantes alterações:

Clarifica-se o conceito de Gestor, o qual inclui somente o gestor publico e o representante de estabelecimentos estáveis de entidades não residentes, sendo sujeitos a tributação pela totalidade das importâncias recebidas aquando da cessação de funções, tal como se verifica para os Administradores e Gerentes;

Reduz-se o limite excluído de tributação aplicável aos restantes trabalhadores, ou seja, o montante excluído de tributação tem como limite 1 (antes de 1.5) vez o valor médio das remunerações regulares com carácter de retribuição sujeitas a imposto, auferidas nos últimos 12 meses, multiplicado pelo numero de anos ou fracção de antiguidade ou de exercício de funções.

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Rendimentos da Categoria B

Relativamente aos rendimentos resultantes de actividades agrícolas, silvícolas e pecuárias, apenas se verifica uma exclusão de tributação quando o valor dos proveitos ou das receitas, isoladamente ou em cumulação com outros rendimentos sujeitos a englobamento, não exceda 4.5 vezes o valor anual da IAS (antes o limite era 5 vezes o valor anual da RMMG), ou seja, procede-se a uma redução do limite para efeitos da exclusão de tributação, de 33 250.00€ para 26 410.86€, agravando-se, assim, a tributação sobre este tipo de rendimentos.

Agregado Familiar - Dependentes

É introduzida a possibilidade de uma pessoa poder ser considerada dependente em dois agregados familiares, nas situações de separação de facto, de divórcio, separação judicial de pessoas e bens, declaração de nulidade ou anulação do casamento em que se verifique o exercício em comum por ambos os progenitores das responsabilidades parentais relativas aos filhos. Neste caso, as deduções referentes aos dependentes são reduzidas em 50%, por cada agregado familiar.

Imputação de lucros

O OE de 2012 vem introduzir importantes alterações no que concerne à imputação de lucros de entidades não residentes sujeitas a um regime fiscal privilegiado.

Em primeiro lugar, é alargado o âmbito da imputação, deixando de apenas ser aplicável a sócios, directos ou indirectos, para passar também a incluir as situações em que a participação no capital das entidades não residentes é detida através de mandatário, fiduciário ou interposta pessoa, incluindo através de entidades com as quais existam relações especiais.

Em segundo lugar, para aferir a percentagem de controlo e determinar o montante de lucros / rendimentos a imputar, além da participação no capital da entidade não residente, passam a ser também relevantes os direitos de voto ou os direitos sobre

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rendimentos ou elementos patrimoniais. Em suma, visa-se a aplicação de uma abordagem de substância sobre a forma, com o objectivo de combater estruturas antes utilizadas para evitar a imputação em causa.

Por outro lado, vem clarificar-se que a imputação de lucros não será aplicada relativamente a entidades residentes em Estados membros da União Europeia ou do Espaço Económico Europeu, neste último caso quando exista acordo de cooperação no domínio da fiscalidade, na medida em que o contribuinte demonstre que a existência da entidade não residente tem por base razões económicas válidas e que a mesma desenvolve uma actividade de natureza agrícola, comercial, industrial ou de prestação de serviços.

Deduções ao rendimento – profissões de desgaste rápido

O OE de 2012 vem introduzir uma importante limitação à dedução de importâncias despendidas pelos sujeitos passivos que desenvolvam profissões de desgaste rápido, na constituição de seguros de doença, acidentes pessoais e seguros de vida que garantam exclusivamente os riscos de morte, invalidez ou reforma por velhice, desde que cumpridos determinados requisitos. De facto, vem estabelecer-se um limite correspondente a 5 vezes o valor do IAS, ou seja, 2.096,10 Euros, quando anteriormente não existia qualquer limitação à referida dedução.

Deduções ao rendimento - pensões

À semelhança de anos anteriores, agrava-se a tributação dos rendimentos de pensões mediante nova redução da respectiva dedução específica, passando a mesma a ser de 4.104 Euros (anteriormente de 6.000 Euros). Assim, a dedução específica para os rendimentos de pensões fica igual à dedução específica para os rendimentos do trabalho, objectivo que amplamente se vinha anunciando há vários anos.

Contudo, ao manter-se uma redução do montante da dedução específica, aplicável para as pensões que excedam 22.500 Euros, em 20% da parte da pensão que exceda 22.500 Euros, verifica-se que os rendimentos de pensões passam a ser tributados segundo regras mais desfavoráveis que os rendimentos do trabalho.

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Reporte de Perdas

Ao contrário do verificado com a Lei do Orçamento do Estado para 2011, que veio reduzir o período de reporte de perdas para 4 anos, o OE de 2012 vem agora alargar esse período para 5 anos. O novo período apenas se aplica às perdas apuradas a partir de 2012, inclusive, continuando a aplicar-se o período de 4 anos às perdas apuradas anteriormente.

Deficientes (grau de invalidez permanente igual ou superior a 60%)

O OE de 2012 vem prorrogar o regime transitório para os sujeitos passivos deficientes, mantendo-se a isenção de IRS para 10% dos rendimentos brutos das Categorias A, B e H, com o limite de 2.500 Euros por categoria.

Taxas Gerais

Com o OE de 2012, verifica-se a manutenção dos escalões de rendimento colectável e das taxas normais de IRS.

Taxa Adicional

Estabelece-se, com referência aos rendimentos auferidos nos anos de 2012 e 2013, uma taxa adicional de IRS de 2,5%, incidente sobre o rendimento colectável que exceda 153.300 Euros.

Taxas liberatórias

O OE de 2012 introduz algumas normas contra a evasão fiscal, mediante aplicação de uma taxa de retenção na fonte de 30% com carácter liberatório, relativamente a rendimentos de capitais, incluindo rendimentos de valores mobiliários, pagos por entidades portuguesas a entidades não residentes sem estabelecimento estável em território português e sujeitas a regime fiscal claramente mais favorável, ou devidos

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por estas últimas a sujeitos passivos residentes e pagos ou colocados à disposição dos respectivos beneficiários por intermédio de entidades que estejam mandatadas por devedores ou titulares que ajam por conta de uns ou outros.

No que respeita a rendimentos de capitais, excepto royalties, verifica-se um aumento da taxa liberatória de retenção na fonte, bem como da taxa especial aplicável à mesma natureza de rendimentos obtidos no estrangeiro por sujeitos passivos residentes, de 21.5% para 25%.

Taxas especiais

Verifica-se o aumento, de 15% para 16.5%, da taxa aplicável aos rendimentos prediais auferidos em território português por sujeitos passivos não residentes. Esta alteração visa somente harmonizar a taxa final de imposto com a taxa de retenção na fonte, que havia sido alterada para 16.5% em 2010.

A taxa especial aplicável ao saldo positivo entre mais-valias e menos-valias - resultante da alienação onerosa de valores mobiliários, operações relativas a instrumentos financeiros derivados, operações relativas a warrants autónomos e operações relativas a certificados que atribuam ao titular o direito a receber um valor de determinado activo subjacente – aumenta dos actuais 20% para 25%, alinhando-se, assim, a taxa de tributação das mais-valias com a dos rendimentos de capitais.

Os rendimentos de capitais, incluindo rendimentos de outros valores mobiliários, auferidos no estrangeiro por sujeitos passivos residentes, devidos por entidades não residentes sem estabelecimento estável em território português e sujeitas a regime fiscal claramente mais favorável, não sujeitos a retenção na fonte em Portugal, passam a ficar sujeitos a uma taxa de tributação autónoma de 30%, harmonizando-se assim a tributação com aquela que se pretende aplicar ao mesmo tipo de rendimentos de fonte estrangeira em cujo pagamento intervenha um agente pagador estabelecido em território português.

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Taxa de retenção para residentes não habituais

O OE de 2012 vem estabelecer uma taxa de retenção de 20% para os rendimentos das categorias A e B auferidos no âmbito de actividades de elevado valor acrescentado, com carácter científico, artístico ou técnico, definidas em portaria, por residentes não habituais.

Congelamento dos limites das deduções

Mantêm-se, nos termos da Lei do Orçamento do Estado para 2011, os montantes das deduções indexadas ao IAS, continuando a aplicar-se transitoriamente o valor de 475 Euros até que o IAS atinja este montante.

Prazos de liquidação e pagamento do imposto

No âmbito do OE de 2012, estabelece-se o mesmo prazo para a emissão da liquidação de IRS – 31 de Julho do ano seguinte, isto é, atrasa-se 1 mês quando apenas são auferidos rendimentos das categorias A e H – e para o pagamento do IRS – 31 de Agosto do ano seguinte, ou seja, adianta-se 1 mês quando são auferidos rendimentos de outras categorias que não apenas das categorias A e H –, independentemente do tipo de rendimentos obtidos pelos sujeitos passivos.

Despesas de saúde

O OE de 2012 vem reduzir substancialmente a dedução à colecta do IRS referente a despesas de saúde, uma vez que a mesma passa a ser de 10% das importâncias suportadas, com o limite de 2 vezes o IAS, ou seja, 838,44 Euros, quando anteriormente a dedução era efectuada numa percentagem de 30% e sem limite. Contudo, nos agregados com 3 ou mais dependentes a seu cargo, o limite é elevado em 30% do IAS, i.e., 125,77 Euros por cada dependente, caso existam, relativamente a todos, despesas de saúde.

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Pensões de alimentos

A dedução à colecta das pensões de alimentos passa, com o OE de 2012, a ter o limite mensal de 1 vez o valor do IAS (419,22 Euros), por cada beneficiário, reduzindo-se, mais uma vez, a poupança fiscal associada a este tipo de encargo.

Note-se que, até 2008, esta era considerada uma dedução ao rendimento (passível de resultar numa poupança até 42% do montante da pensão de alimentos), convertendo-se, a partir de 2009, numa dedução à colecta (apenas possibilitando uma poupança de 20% do montante da pensão de alimentos), tendo em 2011 ficado sujeita a um valor máximo de 1.048,05 Euros por mês, por cada beneficiário.

Encargos com imóveis – habitação própria e permanente ou arrendamento com o mesmo destino

O OE de 2012 vem reduzir significativamente a dedução à colecta do IRS referente a encargos com imóveis, uma vez que a mesma passa a ser de 15% das importâncias despendidas, em vez dos anteriores 30%, mantendo-se o limite de 591 Euros.

Contudo, é eliminada a possibilidade de majoração da dedução em função da emissão de certificado energético referente ao imóvel.

Verifica-se, ainda, a eliminação da possibilidade de dedução da amortização de capital referente a contractos de empréstimo e contractos com cooperativas de habitação, embora se passe a poder deduzir os juros pagos ao abrigo de contractos de locação financeira imobiliária.

Acresce, que esta dedução à colecta do IRS apenas será aplicável relativamente a contractos de empréstimo, contractos com cooperativas de habitação e contractos de locação financeira imobiliária, celebrados até 31 de Dezembro de 2011. Assim, para contractos celebrados posteriormente, deixa de ser aplicável a dedução das respectivas despesas, apenas se mantendo relativamente a contractos de arrendamento celebrados nos termos da lei.

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À semelhança do que já acontecia com as rendas pagas a entidades não residentes sujeitas a um regime fiscal claramente mais favorável, não são também dedutíveis os encargos com juros devidos no âmbito de contractos de locação financeira imobiliária, mesmo que essas entidades sejam tributadas em sede de IRC sobre um rendimento predial presumido equivalente a 1/15 do VPT do respectivo imóvel.

A majoração do limite de 591 Euros, em 50%, 20% e 10%, para os sujeitos passivos com rendimento colectável enquadrável no 2º, 3º e 4º escalões, respectivamente, passa também a aplicar-se aos encargos dedutíveis no âmbito de contractos de locação financeira imobiliária e contractos de arrendamento celebrados nos termos da lei.

Finalmente, o OE de 2012 prevê um regime transitório ao abrigo do qual se vai reduzindo progressivamente o limite referente à dedução de encargos com imóveis, como se segue:

75% em 2013, 50% em 2014 e 25% em 2015, eliminando-se a partir de 2016, por completo, a dedução referente a encargos dedutíveis no âmbito de contractos de empréstimo, contractos com cooperativas de habitação e contractos de locação financeira imobiliária;

85% em 2013, 70% em 2014, 55% em 2015, 40% em 2016 e 25% em 2017, eliminando-se a partir de 2018, por completo, a dedução referente a encargos dedutíveis no âmbito de contractos de arrendamento celebrados nos termos da lei.

Seguros de saúde

O OE de 2012 vem reduzir a dedução à colecta do IRS referente a prémios de seguros ou contribuições pagas a associações ou a instituições sem fins lucrativos que tenham por objecto a prestação de cuidados de saúde.

É reduzida a percentagem de dedução, dos anteriores 30% para 10%, bem como os limites da mesma: de 85 Euros para 50 Euros, para sujeitos passivos não casados, de 170 Euros para 100 Euros, para sujeitos passivos casados, e de 43 Euros para 25 Euros, por cada dependente.

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Limitação geral às deduções à colecta

O OE de 2012 continua a impor um limite máximo para o somatório das deduções à colecta referentes a despesas de saúde, educação e formação profissional, encargos com lares e imóveis, passando para 2012 também a ser considerados os encargos com pensões de alimentos, em função do escalão de rendimento colectável, como se segue:

Escalão de Rendimento Colectável Limite para 2012

Até 4 898.00€ Sem limite De 4 898.00 € até 7 410.00€ Sem limite De 7 410.00€ até 18 375.00€ 1 250.00€ De 18 375.00€ até 42 259.00 € 1 200.00€ De 42 259.00€ até 61 244.00€ 1 150.00€ De 61 244.00€ até 66 045.00€ 1 100.00€ De 66 045.00€ até 153 300.00€ 0.00€ Superior a 153 300.00€ 0.00€

Não obstante, os limites previstos para o 3º, 4º, 5º e 6º escalões de rendimentos são majorados em 10% por cada dependente ou afilhado civil que não seja sujeito passivo de IRS.

Mantém-se o limite global das deduções à colecta que resultem de benefícios fiscais (incluindo-se aqui as deduções referentes a planos de poupança-reforma, regime público de capitalização, investidores de capital de risco, reabilitação urbana e seguros de saúde), em função do escalão de rendimento tributável, como se segue:

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Escalão de Rendimento Colectável Limite para 2012

Até 4 898.00€ Sem limite De 4 898.00 € até 7 410.00€ Sem limite De 7 410.00€ até 18 375.00€ 100.00€ De 18 375.00€ até 42 259.00 € 80.00€ De 42 259.00€ até 61 244.00€ 60.00€ De 61 244.00€ até 66 045.00€ 50.00€ De 66 045.00€ até 153 300.00€ 50.00€ Superior a 153 300.00€ 0.00€

Actos isolados – facturação

Os titulares de rendimentos da categoria B decorrentes de actos isolados, antes apenas obrigados a emitir recibo de quitação, passam a ter de cumprir com as obrigações de facturação (passar recibo de modelo oficial ou factura ou documento equivalente). Na prática, esta alteração visa harmonizar o Código do IRS com a Portaria n.º 879-A/2010, de 20 de Novembro, que introduziu o recibo verde electrónico.

Rendimentos pagos a não residentes

Nos termos do OE de 2012, prevê-se que as entidades devedoras de rendimentos pagos a não residentes (pessoas singulares e colectivas, atenta a remissão para o Código do IRC) tenham de reportar os rendimentos, bem como a respectiva retenção, se aplicável (através do chamado “Modelo 30”), até ao final do segundo mês seguinte ao do pagamento ou colocação à disposição dos respectivos beneficiários.

Até agora, esta obrigação podia ser cumprida até ao final do mês de Julho do ano seguinte, pelo que a alteração introduzida implica uma exigência adicional de prestação de informação por parte das entidades devedoras de rendimentos, bem como a possibilidade de um mais célere cruzamento da informação por parte da administração fiscal, inclusive para efeitos de processos de pedido de reembolso, total ou parcial, do imposto retido, nos termos de Convenções para Evitar a Dupla Tributação ou Directivas Comunitárias.

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Obrigações declarativas

Nos termos do OE de 2012, as obrigações declarativas, incluindo a emissão de declaração aos sujeitos passivos, passam a abranger as empresas de locação financeira, no que respeita a encargos com imóveis.

Elimina-se a obrigação declarativa relativamente às operações resultantes de valores mobiliários, operações relativas a instrumentos financeiros derivados, operações relativas a warrants autónomos e operações relativas a certificados que atribuam ao titular o direito a receber um valor de determinado activo subjacente.

Comunicação da atribuição de subsídios

O OE de 2012 vem introduzir uma obrigação declarativa para as entidades que paguem subsídios ou subvenções não reembolsáveis no âmbito do exercício de uma actividade empresarial ou profissional, a qual deve ser cumprida até ao final do mês de Fevereiro do ano seguinte.

Representante fiscal

Na sequência do Acórdão do Tribunal de Justiça das da União Europeia (TJUE), de 5 de Maio de 2011, no processo n.º C-267/2009, que opôs Portugal à Comissão Europeia, o OE de 2012 vem alterar o Código do IRS e a LGT no sentido de tornar facultativa a obrigação de designar representante fiscal para os sujeitos passivos não residentes que sejam residentes de um estado-membro da UE ou do EEE, neste último caso quando exista acordo de cooperação no domínio da fiscalidade, bem como para os residentes que se ausentem por mais de 6 meses do território português para esses estados.

Refira-se que, na prática, a administração fiscal já estava a aplicar a dispensa de nomeação de representante fiscal nas situações acima elencadas.

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Retenções na fonte – Decreto-Lei n.º 42/91

O OE de 2012 vem alterar o diploma referido em epígrafe, de modo a garantir a sua consistência com o já disposto no Código do IRS, no que concerne a retenção na fonte sobre rendimentos das categorias A, B, E e F.

Por outro lado, e à semelhança do que já era aplicável em sede de IRC, vem prever-se o pagamento de juros indemnizatórios a não residentes quando o reembolso de retenção na fonte, praticada em excesso em relação ao estabelecido em Convenção sobre dupla tributação, não seja efectuado no prazo de 1 ano a contar da apresentação do respectivo pedido, devidamente instruído com todos os elementos relevantes.

II. Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Colectivas (IRC)

Taxa de IRC e derrama estadual

É eliminada a taxa de 12,5% sobre o primeiro escalão de 12.500 Euros de matéria colectável, passando a taxa normal de IRC a ser de 25%.

Por outro lado, e como já havia sido anunciado, os limites e taxas da derrama estadual são alterados, no sentido de passarem a estar sujeitos a derrama estadual os lucros tributáveis superiores a 1,5 milhões de Euros (anteriormente, 2 milhões de Euros), à taxa de 3% (anteriormente 2,5%). Em consonância, o pagamento adicional por conta passa a ser de 2,5% (anteriormente 2%) do lucro tributável do ano anterior superior a 1,5 milhões de Euros.

É ainda criado um novo escalão da derrama estadual, para lucros tributáveis acima de 10 milhões de Euros, que passam a ser tributados em 5% adicionais. Assim, a parte do lucro tributável até 10 milhões de Euros é tributada a 3% e o excesso é tributado a 5%. Em consonância também, o pagamento adicional por conta passa a ser de 2,5% (anteriormente 2%) do lucro tributável do ano anterior até 10 milhões de Euros e 4,5% sobre o lucro tributável superior a 10 milhões de Euros.

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Os pagamentos adicionais por conta com base nas novas regras já são devidos em 2012.

Derrama municipal no RETGS

Vem, finalmente, merecer consagração legal a determinação da derrama municipal no âmbito do regime especial de tributação dos grupos de sociedades (RETGS), que tem sido objecto de litigio nos tribunais fiscais.

Com a alteração agora introduzida à Lei das Finanças Locais, quando seja aplicável o RETGS, a derrama passa a incidir definitivamente sobre o lucro tributável individual de cada uma das sociedades do grupo.

Período de tributação

Altera-se o regime da adopção de período de tributação diferente do ano civil, no caso em que as sociedades dominadas sejam adquiridas e estejam impedidas de mudar o período de tributação, por ainda não ter decorrido o prazo mínimo de cinco anos.

Isenções de IRC

É eliminada a isenção de IRC aplicável às entidades anexas às IPSS, sendo ainda revogadas as isenções concedidas (ou a conceder) a estas entidades até 31 de Dezembro de 2011.

Elementos depreciáveis

Passam a constar dos elementos depreciáveis os activos biológicos que não sejam consumíveis, ou seja, os de produção, beneficiando assim de tratamento fiscal idêntico ao dos activos fixos tangíveis. No Código do IRC, e no diploma que regulamenta o regime das depreciações (Decreto Regulamentar nº 25/2009), não estava prevista a depreciação para efeitos fiscais, uma vez que estes activos são mensurados ao justo valor. Contudo, uma vez que, contabilisticamente, é admitida a mensuração ao custo

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sempre que o justo valor não possa ser determinado, permite-se que tais activos mensurados ao custo sejam depreciáveis para efeitos fiscais.

Esta alteração vem, assim, permitir às empresas agrícolas e pecuárias manter a depreciação dos activos biológicos de produção (vinha, árvores de fruto e animais produtores, por exemplo), colmatando a lacuna legal existente aquando da adaptação do Código do IRC aos novos normativos contabilísticos.

Política contabilística relativa a planos de pensões e outros benefícios pós-emprego

É criado um regime transitório para a adopção, em 2011, da Norma Internacional de Contabilidade n.º 19, nos termos do qual as variações patrimoniais negativas registadas em 2011 decorrentes da alteração da política contabilística de reconhecimento dos ganhos e perdas actuariais relativos a planos de pensões e outros benefícios pós-emprego de benefício definido, respeitantes a contribuições efectuadas nesse período ou em períodos de tributação anteriores, não concorrem para os limites estabelecidos nos n.os 2 e 3 do artigo 43.º do Código do IRC, sendo consideradas dedutíveis para efeitos de apuramento do lucro tributável, em partes iguais, no período de tributação que se inicie em ou após 1 de Janeiro de 2012 e nos nove períodos de tributação seguintes.

Prejuízos fiscais

São várias as novidades a este respeito:

É aumentado o período de dedução dos prejuízos fiscais de 4 para 5 anos (recorde-se que havia sido reduzido de 6 para 4 anos, em 2010). O novo prazo apenas é aplicável aos prejuízos fiscais apurados a partir de 2012.

Simultaneamente, é introduzida uma regra de limitação da dedução, que não pode exceder, durante o prazo de dedução, 75% do lucro tributável dos exercícios em que ocorrer a dedução.

Uniformiza-se também para 5 anos o prazo relativo às deduções efectuadas pelos sujeitos passivos na sequência de correcções aos prejuízos. Ao contrário do prazo para dedução de prejuízos fiscais, a lei define que estas regras se

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aplicam a prejuízos anteriores a 2012, i.e., aplicar-se-ão à liquidação de IRC de 2012.

Finalmente, é eliminada, com efeitos retroactivos, a norma criada em 2011, que fazia depender a dedução de prejuízos fiscais em dois anos consecutivos da certificação legal das contas por Revisor Oficial de Contas. Na prática, a norma introduzida em 2011 nunca será aplicada.

Pagamentos a entidades offshore

Estende-se o agravamento da não dedutibilidade em IRC dos pagamentos a entidades não residentes sujeitas a regime fiscal privilegiado às transacções em que o sujeito passivo tenha ou devesse ter conhecimento do destino dos pagamentos, havendo uma presunção desse conhecimento quando existam relações especiais entre o sujeito passivo e o não residente, mandatário, fiduciário ou interposta pessoa que proceda aos pagamentos.

A não dedutibilidade continua a ser afastada quando se provar que as operações foram efectivamente realizadas e não têm carácter anormal ou montante exagerado.

Regime da transparência fiscal internacional - imputação de lucros offshore

São introduzidas alterações no aperfeiçoamento do regime da transparência fiscal internacional, relativo à imputação de lucros obtidos por entidades não residentes sujeitas a um regime fiscal privilegiado, designadamente:

Mudança de terminologia de “sociedade” para “entidade”, e de “sócio” para “sujeito passivo residente em território português”;

Passa a haver imputação dos lucros à entidade portuguesa, mesmo que a participação na entidade não residente seja detida através de mandato, contrato fiduciário (trust) ou por interposta pessoa;

O montante englobável passa a ser não apenas o lucro mas, alternativamente, os rendimentos obtidos;

É eliminada a possibilidade de dedução do crédito de imposto por dupla tributação internacional no prazo de 5 anos, pelo que em caso de inexistência

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de colecta no próprio ano a que os lucros ou rendimentos digam respeito, o crédito de imposto deixa de poder ser utilizado;

Impõe-se a inclusão no dossier fiscal dos instrumentos jurídicos que respeitem aos direitos de voto ou direitos sobre rendimentos ou elementos patrimoniais; A contagem das participações nas entidades não residentes passa a ter em conta as partes de capital e direitos detidos por via de entidades relacionadas; Finalmente, deixa-se claro que o regime da transparência fiscal internacional não é aplicável relativamente a entidades residentes na União Europeia ou no Espaço Económico Europeu, salvaguardando, assim, o respeito pela aplicação dos princípios comunitários da não discriminação e da liberdade de estabelecimento. Em qualquer caso, o afastamento do regime está condicionado à demonstração das razões económicas válidas da constituição e funcionamento da entidade não residente e de que esta desenvolve efectivamente uma actividade económica.

Regime especial de tributação dos grupos de sociedades

Passa a constar da norma que a prova do preenchimento das condições de aplicação do regime compete à sociedade dominante.

Uniformiza-se também o prazo para dedução dos prejuízos fiscais com o prazo geral de 5 anos (para os prejuízos gerados a partir de 2012), bem como com o limite de 75% do lucro tributável da sociedade a que respeitam, quer para prejuízos anteriores ao regime quer para prejuízos fiscais do grupo (neste caso, as regras podem aplicar-se a prejuízos anteriores a 2012), i.e., aplica-se já à liquidação de IRC de 2012.

Rendimentos de capitais

Prosseguindo o agravamento de tributação dos rendimentos de capitais, vem agora estender-se a tributação de 30% aos rendimentos de capitais pagos a não residentes domiciliados em países, territórios ou regiões sujeitas a regime fiscal mais favorável,

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constantes da portaria do Ministro das Finanças, mesmo quando seja identificado o beneficiário efectivo.

A redacção final da Lei do Orçamento do Estado incorpora a remissão do conceito “rendimentos de capitais” para o Código do IRS, o que implica, entre outros aspectos, que a tributação ocorre no momento do pagamento ou da colocação à disposição, vencimento ou apuramento do quantitativo.

Taxa de retenção na fonte de rendimentos de capitais

É aumentada de 21,5% para 25%, e harmonizada com a tributação em IRS, a taxa de retenção na fonte de rendimentos de títulos de dívida e outros rendimentos de capitais não expressamente tributados a taxa diferente, obtidos por entidades que não tenham sede nem direcção efectiva em território português e aí não possuam estabelecimento estável ao qual os mesmos sejam imputáveis.

Tributação autónoma

A taxa de tributação autónoma de 70% sobre despesas não documentadas passa a incidir sobre despesas efectuadas no âmbito da actividade sujeita ao imposto especial de jogo.

É ainda aumentada de 20% para 25% a taxa de tributação autónoma dos lucros distribuídos por entidades sujeitas a IRC a sujeitos passivos que beneficiam de isenção total ou parcial.

Regime simplificado de escrituração das entidades que não exercem uma actividade económica a título principal

É elevado para 150 mil Euros o limiar a partir do qual estas entidades são obrigadas a dispor de contabilidade organizada para actividades económicas exercidas a título acessório. É ainda eliminada a obrigação de passar a dispor de contabilidade organizada sempre que seja ultrapassado durante dois anos o limite de rendimentos resultantes de actividades económicas acessórias.

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Representação de entidades não residentes

Na sequência de jurisprudência comunitária recente, e à semelhança da alteração legislativa em sede de IRS, é eliminada a obrigatoriedade de nomeação de representação de entidades não residentes, caso as entidades em causa sejam consideradas residentes fiscais na União Europeia ou no Espaço Económico Europeu. A nomeação passa a ser meramente facultativa.

Despesas com equipamentos e software de facturação

Mantém-se para 2012 a dispensa de comunicação prévia das desvalorizações excepcionais decorrentes do abate de programas e equipamentos informáticos de facturação que sejam substituídos em consequência da exigência de certificação do software de facturação.

São também consideradas como gasto fiscal num único exercício (2012), as despesas com a aquisição de programas e equipamentos informáticos de facturação certificados.

Regime jurídico da transmissão electrónica de facturas e documentos com relevância fiscal

Prevê-se uma autorização legislativa para regular a emissão e transmissão electrónica de facturas recibos de quitação de vencimento, rendas e outros pagamentos, bem como de documentos de transporte de bens em circulação, com o fim de assegurar a fiabilidade, integridade e segurança na emissão e transmissão electrónica dos mesmos.

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Obrigações declarativas

Prevê-se que as entidades que paguem subsídios a sujeitos passivos de IRC passem a enviar anualmente uma declaração dos valores atribuídos no ano anterior.

No que diz respeito aos sujeitos passivos que não integram o cadastro especial de contribuintes, clarifica-se que apenas deverão fazer a entrega do dossiers fiscal e de preços de transferência quando notificados para o efeito.

É ainda consagrada a utilização obrigatória de programas e equipamentos informáticos de facturação previamente certificados pela actual Autoridade Tributária (anterior DGCI).

III. Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA)

Isenções de IVA nas operações internas: transmissão do direito de autor

O OE de 2012 contempla a exclusão da isenção de IVA para a transmissão do direito de autor e a autorização para a utilização da obra intelectual, definidas no Código de Direito de Autor, quando efectuadas por pessoa colectiva.

Alteração do conceito de valor tributável – sujeitos passivos com relações especiais

Com o OE de 2012, nas transmissões de bens e prestações de serviços efectuadas por sujeitos passivos que tenham relações especiais (entidades relacionadas nos termos do n.º 4 do artigo 63º do Código do IRC) com os respectivos adquirentes ou destinatários, independentemente de estes serem ou não sujeitos passivos, o valor tributável das operações deixa de ser o valor da contraprestação obtida ou a obter do adquirente, do destinatário ou de um terceiro e, sempre que não seja feita prova de que a diferença entre a contraprestação e o valor normal se justifica por circunstâncias independentes da existência de uma relação especial entre as partes, o mesmo passa a atender ao valor normal dos bens ou serviços adquiridos em condições normais de mercado

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calculado de acordo com o n.º 4 do artigo 16º do Código do IVA (arm’s length principle).

Dispensa do cumprimento de obrigações gerais dos contribuintes

Os sujeitos passivos a que seja aplicável o regime de normalização contabilística para microentidades ficam dispensados da obrigação de entrega da declaração de informação contabilística e fiscal e anexos respeitantes à aplicação do Decreto-Lei n.º 347/85, de 23 de Agosto.

Obrigações declarativas: sujeitos passivos isentos nos termos do artigo 53º do Código do IVA

Os sujeitos passivos isentos nos termos do artigo 53º do Código do IVA continuam dispensados das obrigações previstas no Código do IVA. Contudo, o OE de 2012 adita uma nova obrigação: deverão indicar na declaração recapitulativa a que se refere a alínea c) do n.º 1 do artigo 23º do Regime do IVA nas Transacções Intra-Comunitárias, as prestações de serviços efectuadas a sujeitos passivos que tenham noutro Estado Membro a sede ou estabelecimento estável para o qual os serviços são prestados quando tais operações não sejam tributadas em território nacional em resultado da aplicação da regra geral de localização da alínea a) do n.º 6 do artigo 6º do Código do IVA (B2B).

Acresce, ainda, que os sujeitos passivos que tendo iniciado actividade em data anterior à entrada em vigor do Código do IVA, e que por isso foram dispensados do cumprimento das obrigações de registo, deixam de estar obrigados a apresentar declaração de início de actividade sempre que deixem de verificar-se as condições de aplicação do regime de isenção do artigo 53º do Código do IVA.

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Introdução de limites mínimos ao valor das liquidações oficiosas de imposto

Caso a declaração periódica de IVA não seja apresentada, a administração fiscal, com base nos elementos de que disponha – relativos ao sujeito passivo ou ao respectivo sector de actividade –, procede à liquidação oficiosa de imposto, estabelecendo o OE de 2012 os seguintes limites mínimos:

Um valor anual igual a 6 vezes a retribuição mínima mensal garantida, para os sujeitos passivos enquadrados no regime mensal;

Um valor anual igual a 3 vezes a retribuição mínima mensal garantida, para os sujeitos passivos enquadrados no regime trimestral.

Ainda neste âmbito, é reformulada a disposição que contempla a contagem do prazo para pagamento do imposto liquidado oficiosamente, no sentido de o mesmo não poder ser inferior a 90 dias contados a partir da data da notificação ao invés de 90 dias contados desde o seu envio.

Revisão das Tabelas anexas ao Código do IVA

Tabela I - taxa reduzida:

Os seguintes produtos/serviços são excluídos da Tabela I e passam a ser tributados à taxa normal de IVA, o que significa um aumento de 17 p.p. no respectivo preço:

Sobremesas de soja

Águas adicionadas de outras substâncias Bebidas e sobremesas lácteas

Batata fresca descascada, inteira ou cortada, pré-frita, refrigerada, congelada, seca ou desidratada, ainda que em puré ou preparada por meio de cozedura ou fritura

Refrigerantes, incluindo os xaropes de sumos, as bebidas concentradas de sumos e os produtos concentrados de sumos

Espectáculos, provas e manifestações desportivas e outros divertimentos públicos

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Tabela II – taxa intermédia:

Os seguintes produtos/serviços são excluídos da Tabela II e passam a ser tributados à taxa normal de IVA, o que significa um aumento de 10 p.p. no respectivo preço:

Gasóleo de aquecimento

Frutas e frutos: conservas de frutas e frutos, designadamente em molhos, salmoura ou calda e suas compotas, geleias, marmeladas ou pastas

Frutas e frutos secos, com ou sem casca

Produtos hortícolas: conservas de produtos hortícolas, designadamente em molhos, vinagre ou salmoura e suas compotas

Gorduras e óleos comestíveis: óleos directamente comestíveis e suas misturas (óleos alimentares), margarinas de origem animal e vegetal

Café verde ou cru, torrado, em grão ou em pó, seus sucedâneos e misturas Aperitivos à base de produtos hortícolas e sementes

Produtos preparados à base de carne, peixe, legumes ou produtos hortícolas, massas recheadas, pizzas, sandes e sopas, ainda que apresentadas no estado de congelamento e refeições prontas a consumir, nos regimes de pronto a comer e levar ou com entrega ao domicílio

Aperitivos ou snacks à base de estrudidos de milho e trigo, à base de milho moído e frito ou de fécula de batata, em embalagens individuais

Aparelhos, máquinas e outros equipamentos exclusiva ou principalmente destinados a captação e aproveitamento de energia solar, eólica, geotérmica; captação e aproveitamento de outras formas alternativas de energia; produção de energia a partir de incineração ou transformação de detritos, lixo e outros resíduos; prospecção e pesquisa de petróleo e ou desenvolvimento da descoberta de petróleo e gás natural; e medição e controlo para evitar ou reduzir as diversas formas de poluição

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Tabela II – taxa intermédia:

Os seguintes produtos são aditados à Tabela II e passam a ser tributados à taxa intermédia de IVA, o que significa um aumento de 7 p.p. no respectivo preço: Águas de nascente e minerais, medicinais, e de mesa, águas gaseificadas ou adicionadas de gás carbónico, com excepção das águas adicionadas de outras substâncias

Entradas em espectáculos de canto, dança, musica, teatro, cinema, tauromaquia e circo. Exceptuam-se as entradas em espectáculos de carácter pornográfico ou obsceno

Alteração ao regime da renúncia à isenção do IVA nas operações relativas a bens imóveis

Prevê-se a alteração do artigo 7º do regime da renúncia à isenção de IVA nas operações relativas a bens imóveis no sentido em que na transmissão ou locação de bens imóveis com renúncia à isenção de IVA por sujeitos passivos que tenham entre si relações especiais (nos termos no n.º 4 do artigo 63º do Código do IRC) o valor tributável é o valor normal de mercado (determinado nos termos do n.º 4 do artigo 16º do Código do IVA).

Alteração ao regime do IVA nas vendas efectuadas aos exportadores nacionais

Redefinição das condições de aplicação do regime no sentido de simplificar a sua aplicação, designadamente:

Fixação de prazo de 90 dias, a contar da data da emissão da factura pelo fornecedor, para o exportador entregar ao fornecedor o certificado comprovativo de exportação (CCE).

A declaração aduaneira, para além da aposição do código específico definido na Regulamentação Aduaneira, deverá indicar os seguintes elementos: (i) Fornecedor: número de identificação fiscal; (ii) Mercadorias: designação,

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quantidade, natureza dos volumes, peso bruto e peso líquido; (iii) Factura do fornecedor número, data e valor.

O certificado comprovativo de exportação (CCE) deverá conter os seguintes elementos: (i) Fornecedor: número de identificação fiscal; (ii) Mercadorias: designação, quantidade, natureza dos volumes, peso bruto e peso líquido; (iii) Factura do fornecedor número, data e valor; (iv) Exportador: nome, morada e número de identificação fiscal; (v) Fornecedor: nome e morada; (vi) Local de apresentação das mercadorias; (vii) Marca e número do contentor, quando for o caso; (viii) Número e data de aceitação da declaração aduaneira de

exportação; (ix) Estância aduaneira e data de saída das mercadorias do território aduaneiro da Comunidade; (x) data de validação do certificado.

Alteração ao regime do IVA nas transacções intracomunitárias

Prevê-se a alteração do artigo 30º do RITI no que respeita ao limite mínimo a partir do qual os sujeitos passivos devem enviar a declaração recapitulativa, passando o mesmo de 100.000 Euros para 50.000 Euros.

Autorizações legislativas no âmbito do IVA

O Governo fica autorizado a proceder à transposição para a ordem jurídica interna do artigo 4º da Directiva 2008/8/CE do Conselho, de 12 de Fevereiro, nomeadamente:

Estabelecer que a locação de meios de transporte, com excepção da locação de curta duração, no caso de serviços prestados a não sujeitos passivos, se localiza no lugar onde o destinatário está estabelecido ou tem domicílio ou residência habitual;

Estabelecer que a locação de embarcações de recreio, com excepção da locação de curta duração, nos casos de serviços prestados a não sujeitos passivos, se localiza no lugar onde a embarcação é colocada à disposição do destinatário, quando a prestação de serviços seja efectivamente realizada por um prestador a partir da sua sede ou estabelecimento estável situados nesse lugar.

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O Governo fica ainda autorizado a proceder à transposição para a ordem jurídica interna dos nºs 1 a 5 do artigo 1º da Directiva 2010/45/UE do Conselho, de 13 de Julho, no que respeita às regras em matérias de facturação, nomeadamente:

Estabelecer que nas transmissões intracomunitárias de bens isentas nos termos do artigo 14.º do Regime do IVA nas Transacções Intracomunitárias, efectuadas de forma continuada por um período superior a um mês civil, o facto gerador e a exigibilidade ocorrem no final de cada mês civil;

Clarificar que as regras constantes do artigo 8.º do Código do IVA não são aplicáveis às prestações intracomunitárias de serviços, cujo imposto seja devido pelo adquirente nos termos da alínea e) do n.º 1 do artigo 2.º do Código do IVA, nem às transmissões intracomunitárias de bens;

Determinar que nas transmissões intracomunitárias de bens isentas nos termos do artigo 14.º do Regime do IVA nas Transacções Intracomunitárias o imposto se torna exigível no momento da emissão da factura ou, não tendo sido emitida factura até à data fixada, no termo do prazo para a respectiva emissão;

Prever que nas aquisições intracomunitárias de bens, o imposto se torna exigível no momento da emissão da factura ou, não tendo sido emitida factura até à data fixada, no termo do prazo para a respectiva emissão.

Regime de exigibilidade de caixa do IVA

De acordo com o OE de 2012, o Governo irá desenvolver as consultas e estudos preparatórios tendo em vista a apresentação, no decorrer do ano de 2012, de uma proposta de introdução de um regime de «exigibilidade de caixa» do IVA, simplificado e facultativo, destinado às microempresas que não beneficiem de isenção do imposto, permitindo que estas exerçam o direito à dedução do IVA e paguem o imposto devido no momento do efectivo pagamento ou recebimento, respectivamente.

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Regime de liquidação de IVA nas transmissões de combustíveis gasosos

A partir de 1 de Janeiro de 2012, o regime especial de tributação previsto no artigo 32.º da Lei n.º 9/86, de 30 de Abril, será substituído pelo regime normal de tributação em IVA.

Os sujeitos passivos que comercializem combustíveis gasosos podem deduzir o imposto correspondente às suas existências na data da cessação do regime especial de tributação, desde que elaborem e mantenham na sua posse um inventário das existências dos combustíveis gasosos, do qual devem constar as quantidades, a descrição dos bens, o preço de compra e o imposto suportado.

Os sujeitos passivos que comercializem combustíveis gasosos, nomeadamente de gás em botija, e que se encontrem enquadrados no regime especial de isenção ou no regime dos pequenos retalhistas, podem optar pelo regime normal de tributação, mediante apresentação da declaração de inicio de actividade ou declaração de alterações, durante o mês de Janeiro de 2012.

IV. Imposto Municipal sobre as Transmissões Onerosas de Imóveis (IMT)

Taxas

O OE de 2012 estabelece um aumento de 8% para 10% da taxa do IMT no caso de adquirentes que tenham residência ou sede em país, território ou região sujeito a um regime fiscal mais favorável, sem prejuízo da isenção prevista no artigo 7.º do Decreto-Lei n.º 540/76, de 9 de Julho (que instituiu o sistema poupança-crédito, de que somente podem beneficiar os emigrantes portugueses).

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Prescrição

De acordo com o OE de 2012, são estabelecidas alterações ao regime da prescrição em sede de IMT, passando a prever-se que, verificando-se a caducidade de benefícios, o prazo de prescrição comece a contar desde a data em que os benefícios ficaram sem efeito.

Reembolso independentemente da anulação da liquidação

É revogada a possibilidade de, independentemente da anulação da liquidação, o Ministro das Finanças ordenar o reembolso do imposto pago nos últimos quatro anos, quando o considere indevidamente cobrado.

V. Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI)

Início da tributação

De acordo com o OE de 2012, no caso de empresas cujo objecto seja a construção de edifícios para venda, a suspensão de imposto passa a contar-se em função do momento em que um terreno para construção tenha passado a figurar no inventário da empresa, o mesmo se aplicando para prédios detidos por uma empresa que tenha por objecto a sua venda. Não se altera, contudo, a contagem do início de tributação em sede deste imposto (a partir do quarto ano e do terceiro ano, respectivamente). Esta alteração tem carácter interpretativo no que diz respeito aos terrenos para construção.

Caso os sujeitos passivos não comuniquem ao serviço de finanças da área da situação dos prédios, no prazo de 60 dias contados da verificação do facto determinante da sua aplicação, a afectação dos prédios àqueles fins, o início da suspensão da tributação, passa a ocorrer a partir do ano da comunicação e não a partir do ano seguinte ao da comunicação.

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Inscrição na matriz predial pela administração fiscal

É introduzida a possibilidade de a administração fiscal proceder ao pré-preenchimento da Declaração Modelo 1 do IMI, quando disponha da documentação que, nos termos do Código, deve ser disponibilizada pelas câmaras municipais, sem prejuízo da validação que deverá ser efectuada pelo sujeito passivo.

Regras relativas à avaliação

O OE de 2012 introduz algumas alterações relativas às regras da avaliação:

Avaliação directa de prédios urbanos

Quando as telas finais e os projectos de loteamento exigíveis sejam entregues na câmara municipal e aí aprovados e sejam por aquela enviados ao serviço de finanças, fica o sujeito passivo dispensado de proceder à sua entrega nos serviços de finanças.

Segunda avaliação directa de prédios

A regra aplicável aos prédios em compropriedade, sempre que haja mais do que um pedido de segunda avaliação, quanto à nomeação de um só representante para a comissão responsável pela avaliação, passa a ser extensível em caso de transmissões sucessivas no decurso de uma avaliação, quando exista mais do que um alienante ou adquirente a reclamar.

Determinação do valor patrimonial tributário

O OE de 2012 prevê a aplicação aos terrenos para construção do coeficiente de ajustamento de áreas (Caj), o qual passará a ser aplicado às edificações autorizadas ou previstas, em função do número de afectações e da discriminação da área.

Quando existir mais do que uma afectação e não seja possível estabelecer a discriminação da área, aplica-se a tabela da afectação economicamente dominante.

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Quanto ao coeficiente de localização (Cl), prevê-se o aumento do limite máximo de 2 para 3,5 e deixa de estar prevista a aplicação de um coeficiente superior em zonas de elevado valor de mercado imobiliário.

No que concerne ao valor patrimonial dos terrenos para construção, o OE de 2012 determina que, quando o documento comprovativo de viabilidade construtiva apenas faça referência aos índices do PDM, os peritos avaliadores passam a ter de estimar, fundamentadamente, a respectiva área de construção, tendo em consideração, nomeadamente, as áreas médias de construção da zona envolvente.

Despesas da avaliação

O OE de 2012 determina diversas alterações relativamente à imputação das despesas da avaliação. Assim, quando a avaliação seja efectuada a pedido do sujeito passivo, as despesas da avaliação ficam a cargo deste, não só nos casos em que o valor contestado se mantenha, conforme já se encontrava previsto, como também quando o valor aumente. Por sua vez, prevê-se que as despesas de avaliação de prédio urbano, requerida pelas câmaras municipais, fiquem a seu cargo, quando em resultado da avaliação, não for dada razão à sua pretensão.

Relativamente à segunda avaliação, quando a mesma seja requerida pelo sujeito passivo, o OE de 2012 prevê que as despesas com a avaliação passem a ser reembolsadas à administração fiscal sempre que em resultado da mesma o valor patrimonial tributário se mantenha ou aumente. A taxa inicial devida pelo pedido de uma segunda avaliação é ainda aumentada, em ambos os limites, passando a fixar-se entre 7,5 (anteriormente 5) e 30 (anteriormente 20) unidades de conta, dependendo da complexidade da matéria.

Taxas

Estabelece-se um aumento de 0,1 pontos percentuais, para 0,5% a 0,8% (antes de 0,4% a 0,7%), das taxas de IMI aplicáveis aos prédios urbanos, e para 0,3% a 0,5% (antes de 0,2% a 0,4%) aos prédios urbanos avaliados, nos termos do Código do IMI.

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Aquelas taxas passam a ser elevadas, anualmente, para o triplo, no caso de prédios urbanos que se encontrem devolutos há mais de um ano, tal como já acontecia no caso de prédios em ruínas.

A taxa aplicável aos prédios detidos por entidades que tenham domicílio fiscal em país, território ou região sujeitos a um regime fiscal claramente mais favorável, passa de 5% para 7,5%.

Prédios urbanos construídos, ampliados, melhorados ou adquiridos a título oneroso, destinados a habitação

Nos termos do OE de 2012, a isenção de IMI prevista para prédios urbanos destinados a habitação própria e permanente do sujeito passivo ou do seu agregado familiar passa a ser aplicável apenas quando o rendimento colectável desse agregado, para efeitos de IRS, no ano anterior, não seja superior a 153.300 Euros.

Por outro lado, o período de isenção a conceder passa a ser de apenas três anos, aplicável a prédios urbanos cujo valor patrimonial tributário não exceda 125.000 Euros.

As mesmas condições passam a aplicar-se, quando se trate de primeira transmissão, na parte destinada a arrendamento para habitação, iniciando-se o período de isenção a partir da data da celebração do primeiro contrato de arrendamento.

Esta isenção, de acordo com as alterações constantes do OE de 2012, não é aplicável a entidades residentes em países sujeitos a um regime fiscal claramente mais favorável, constantes de lista aprovada por Portaria do Ministro das Finanças (tendo-se eliminado a excepção anteriormente prevista para os casos em que o valor anual da renda contratada for igual ou superior ao montante correspondente a um 1/15 do valor patrimonial tributário do prédio arrendado).

Prédios de reduzido valor patrimonial de sujeitos passivos de baixos rendimentos A isenção de IMI aplicável aos prédios de reduzido valor patrimonial de sujeitos passivos de baixos rendimentos passa a abranger os prédios rústicos e urbanos destinados e efectivamente afectos a habitação própria e permanente do sujeito

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passivo e do seu agregado familiar desde que o rendimento bruto total do agregado familiar não seja superior a 2,2 (anteriormente 2) vezes o valor anual do IAS e cujo valor patrimonial tributário global da totalidade dos prédios rústicos e urbanos pertencentes ao sujeito passivo não exceda 10 vezes o valor anual do IAS.

O requerimento a apresentar ao chefe do serviço de finanças da área da situação dos prédios passa a ser necessariamente apresentado no prazo de 60 dias contados da data da aquisição dos prédios e nunca depois de 31 de Dezembro do ano do início da isenção solicitada (anteriormente até 30 de Junho do ano em que tenha início a isenção solicitada).

Câmaras municipais

O OE de 2012 prevê algumas alterações relativamente às obrigações de informação impostas às câmaras municipais no âmbito do princípio de colaboração com os serviços de finanças.

Reclamação das matrizes

Passa a estar prevista a possibilidade do chefe do serviço de finanças competente promover, a todo o tempo, a rectificação de qualquer incorrecção nas inscrições matriciais, salvo as que impliquem alteração do valor patrimonial tributário resultante de avaliação directa com o fundamento de valor patrimonial tributário desactualizado, caso em que tal rectificação só pode efectuar-se decorridos três anos sobre a data do encerramento da matriz em que tenha sido inscrito o resultado daquela avaliação.

O OE de 2012 prevê ainda que os efeitos das reclamações bem como das correcções promovidas pelo chefe do serviço de finanças, nos termos acima expostos, só se venham a produzir na liquidação respeitante ao ano em que for apresentado o pedido ou promovida a rectificação.

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Actualização periódica

Com o OE de 2012, a actualização do valor patrimonial tributário dos prédios urbanos sofre alterações, fazendo-se uma distinção entre (i) prédios urbanos habitacionais, terrenos para construção ou outros e (ii) os prédios destinados ao comércio, indústria e serviços. Enquanto no primeiro caso, o valor patrimonial tributário é actualizado trienalmente com base em factores correspondentes a 75% dos coeficientes de desvalorização da moeda fixados anualmente por portaria do membro do Governo responsável pela área das Finanças para efeitos dos impostos sobre o rendimento, no segundo caso, a actualização é efectuada anualmente com base naqueles coeficientes de desvalorização monetária.

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