• Nenhum resultado encontrado

CORAL INVASOR Tubastraea spp. EM RECIFES DE CORAIS E SUBSTRATOS ARTIFICIAIS NA BAÍA DE TODOS OS SANTOS (BA)

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "CORAL INVASOR Tubastraea spp. EM RECIFES DE CORAIS E SUBSTRATOS ARTIFICIAIS NA BAÍA DE TODOS OS SANTOS (BA)"

Copied!
6
0
0

Texto

(1)

CORAL INVASOR Tubastraea spp. EM RECIFES DE CORAIS E SUBSTRATOS

ARTIFICIAIS NA BAÍA DE TODOS OS SANTOS (BA)

Ricardo J. Miranda

1,2,3

; Lua Porto

3

; Igor C. S. Cruz

4

; Francisco Barros

2

1

ricardojdemiranda@gmail.com (Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Biomonitoramento, Universidade Federal da Bahia, Rua Barão de Geremoabo,s/n, 40.170-115, Salvador, BA)

2

(Laboratório de Ecologia Bentônica, Instituto de Biologia, Universidade Federal da Bahia, Rua Barão de Geremoabo,147 , 40.170-290, Salvador, BA)

3

(Organização Socioambientalista PRÓ-MAR, Av. Vital Soares, 13, 44470-000 Ilhota, Mar Grande, Vera Cruz) 4

(Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Evolução, Universidade Estadual do Rio de Janeiro, Rua São Francisco Xavier 524, PHLC Sala 220 Maracanã, 20559-900 Rio de Janeiro, RJ)

ABSTRACT

The invasive coral Tubastraea spp. known as orange cup coral, has the first occurrence in Brazil in 80s. It was introduced by oil platform at Campos basin (Rio de Janeiro) and it was observed in the states of São Paulo, Santa Catarina, and Espírito Santo. Recently, Tubastraea spp. was found at three sites in Baía de Todos os Santos (BTS), Bahia. Our goal in this work is to characterize two communities where orange cups corals are found and report three new sites of occurrence. We use the technique of video transect to describe communities. In our results, the abundances of these invaders corals in a coral reef varied between eight and in a pier war one percent. In this case, there was a greater preference for natural substrate, possibly due to the depth. We also found two new places of occurrence, both them near the site of an oil platform, which are considered possible routes of introduction. This indicates an expansion of these species in this bay. Corals invaders are expanding their distribution in the coral reefs and artificial environments BTS threatening local marine biodiversity.

Keywords: non indigenous species, Tubastraea, coral reefs, brazilian eastern coast.

INTRODUÇÃO

O aumento do comércio internacional devido a crescente globalização vem contribuindo para a transferência de espécies para outras regiões além da sua distribuição geográfica natural (Carlton, 1987). Estas espécies, consideradas exóticas, ao colonizarem uma nova área podem encontrar condições ambientais favoráveis ao seu desenvolvimento e em alguns casos, estas podem ser mais eficientes que as espécies nativas no uso de recursos (Lodge, 1993). Estas espécies são denominadas invasoras e causam problemas ecológicos, como o declínio de espécies nativas, perda da biodiversidade e alterações nas funções das comunidades e ecossistemas (Molnar et al., 2008).

No Brasil, as espécies de coral sol Tubastraea tagusensis e T. coccinea são consideradas exóticas (de Paula & Creed, 2004). Originárias do oceano Pacífico, teve seu primeiro registro no Brasil na década de 80 incrustado em plataformas de petróleo (Castro & Pires, 2001). Estas vêm expandindo sua distribuição e causando alterações em comunidades bentônicas dos costões rochosos da costa sul brasileira (nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Espírito Santo e Santa Catarina cf. de Paula & Creed, 2005; Creed et al., 2008; Silva & Barros, 2011; Mantelatto et al., 2011; Lages et al., 2011).

Na Baía de Todos os Santos (BTS), o coral Tubastraea foi visto pela primeira vez em 2008 no naufrágio Cavo Artemidi e três anos depois da Marina de Itaparica e no recife de coral do Cascos (Sampaio et al., 2012). Este foi o primeiro relato de Tubastraea em recifes de corais no Brasil. Compreender a distribuição e abundância das espécies exóticas do coral Tubastraea spp. na BTS é fundamental para implementação das ações de manejo e mitigação dos impactos (Bax, 2001). Por isso, o presente estudo teve como objetivo descrever a distribuição geográfica de Tubastraea spp. na BTS, apresentando os resultados parciais de abundância relativa desses corais invasores nesta baía.

(2)

MATERIAL E MÉTODOS Área de Estudo

A Baía de Todos os Santos localiza-se na costa leste do Brasil, a qual é caracterizada por ser a região de maior diversidade de corais do oceano Atlântico Sul Ocidental (Laborel, 1970). Os recifes de corais desta baía estão concentrados na área interna a nordeste e a na porção exterior a leste da Ilha de Itaparica (Barros et al., 2009) (figura 1). Neste trabalho serão apresentados os dados de um recife de coral localizado na parte externa e um substrato artificial (píer) na parte interna da baía.

Coleta de dados

As coletas de dados foram realizadas nos meses de dezembro de 2011 e fevereiro de 2012. Nas estações Cascos e Marina de Itaparica, foram realizadas amostragens de abundância dos grupos macrobentônicos nativos assim como do coral invasor Tubastraea spp. Foi utilizada a técnica de Vídeo-Transecto (Cruz et al., 2008). Foram registrados transectos em banda de 20 por 0,21 metros nas estações Cascos (seis, três no topo e três na parede do recife) e Marina de Itaparica ao longo de todo o substrato inferior dos flutuadores (oito).

Análise dos dados

Cada vídeo gerado foi transformado em arquivos de imagens (*.jpg) não sobrepostas pelo programa Windows Live Movie Maker, e analisadas no programa Coral Point Counter with Excel Extensions (CPCe) v4.0 (Kohler & Gill, 2006), utilizando 20 pontos aleatórios em cada imagem. Foi estimada a média de cobertura (%) do coral Tubastraea spp e de corais nativos, algas calcárias, algas filamentosas, macroalgas, octocorais e esponjas.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

No recife do Cascos foi encontrada apenas a espécie Tubastraea tagusensis, que apresentou cobertura relativa de 8,6±14,8 (média e desvio padrão) (Figura 2), sendo maior na parede (17,0±18,2) do que no topo (>1%). No topo recifal a cobertura de corais nativos foi maior (26,7±3,8) do que na parede (10,0±7,2). As espécies que predominaram no topo foram Montastraea cavernosa e Mussismilia hispida e, na parede, Madracis decatis e M. cavernosa. Foram registradas também as espécies Favia leptophylla, Meandrina braziliensis, Siderastrea sp. e Phylangia americana fora da área de amostragem.

Nesse recife a maior cobertura do coral sol encontrada na parede, possivelmente foi devido ao grau de inclinação como indicado por Paula & Creed (2005) que registraram maior cobertura desse coral em zonas verticais dos costões rochosos da costa sul do Brasil. Além disso, na parede do recife a abundância de corais nativos é menor, além de apresentar uma diferença em sua composição. Esta diferença pode estar oferecendo mais espaço disponível ao coral sol por esta zona estar mais livre de interações com outros corais do que o topo. Os corais invasores parecem se desenvolver bem nessa zona. De uma forma geral, a abundância do coral invasor no Cascos é relativamente menor do que a dos corais nativos porém similar a das algas calcárias nativas.

Na Marina de Itaparica foram registradas as espécies T. tagusensis e T. coccinea além das espécies de coral nativas Phylangia americana e Astrangia brasiliensis. A cobertura relativa média das espécies invasoras foi baixa (1,0±1,2) (Figura 2). Contudo, foram encontradas colônias vivas no fundo a cinco metros de profundidade logo abaixo dos flutuadores, onde são encontradas poitas de concreto e galhos de vegetação onde os corais invasores estavam incrustados.

Os dados deste trabalho descrevem a abundância relativa do coral sol Tubastraea spp. em dois dos três primeiros locais colonizados por este invasor na BTS registrados por Sampaio e colaboradores (2012). Além disso, o coral sol foi registrado ocorrendo em dois novos locais desta baía distantes entre si, no recife do Poste 4 e em dois píers localizados na foz do rio Paraguaçu, ambos no interior da BTS

(3)

plataformas de petróleo que são trazidas periodicamente para reparos nas suas estruturas. Essa atividade foi apontada por Cairns (2000) como fonte de introdução dessas espécies.

CONCLUSÕES

Os resultados deste trabalho mostraram uma ampla distribuição das espécies do coral invasor Tubastraea na BTS, onde ocupam recifes de corais e substratos artificiais. As eficientes estratégias de recrutamento e o crescimento acelerado desse coral (Creed & De Paula, 2007) podem estar causando aumento de suas populações e intensificando a competição por espaço com corais nativos nos recifes infestados. Caso as taxas de mortalidade dos corais nativos aumentem como resultado dessas interações (Creed, 2006), os recifes da BTS podem ser afetados em sua estrutura e como consequência, afetar todos os organismos que dependem destes recifes. Portanto, é necessário o desenvolvimento de estudos sobre os efeitos da competição entre esses corais e são imprescindíveis ações contínuas de monitoramento e manejo para controlar e erradicar esses corais invasores visando a conservação marinha dessa região.

AGRADECIMENTOS

GDK S/A, Marina de Itaparica, J.A. Reis-Filho, J.A.C.C. Nunes, B. Menezes, I. F. Andrade, R.D. Villegas, F.L. Lorders, R.M. Reis, R. Maia-Nogueira, C.L.S. Sampaio, J.C.B. Santos, J.C. Creed, M.C. Mantelatto, C. Menegola,.

REFERÊNCIAS

Barros, F.C.R.; Cruz, I.C.S.; Kikuchi, R.P.K. & Leão, Z.M.A.N. 2009. Ambiente Bentônico. In: Hatje, V. & Andrade, J.B. (ed.) Baía de Todos os Santos: aspectos oceanográficos. EDUFBA. 306p.

Bax, N.J. 2001. Invasive species and biodiversity management. J. Exp. Mar. Biol. Ecol. 257: 317-319. Carlton, J. T. 1987. Patterns of transoceanic marine biological invasions in the Pacific- Ocean. B. Mar. Sci. 41(2): 452-465.

Castro, C.B., & Pires, D. 2001. Brazilian coral reefs : what we already know and what is still missing. B. Mar. Sci. 69(2): 357-371

Creed, J.C. 2006. Two invasive alien azooxanthellate corals, Tubastraea coccinea and Tubastraea tagusensis, dominate the native zooxanthellate Mussismilia hispida in Brazil. Coral Reefs. 25: 350-350.

Creed, J.C., Eduardo, A., Oliveira, S., & Paula, A.F.D. 2008. Cnidaria, Scleractinia, Tubastraea coccinea Lesson, 1829 and Tubastraea tagusensis Wells, 1982 : Distribution extension. Check List. 4(3): 297-300.

Creed, J.C. & De Paula, A.F.D. 2007. Substratum preference during recruitment of two invasive alien corals onto shallow-subtidal tropical rocky shores. Mar. Ecol. Prog. Ser. 330: 101-111.

Cruz, I.C.S.; Kikuchi, R.K.P. & Leão, Z. M. A. N. 2009. Caracterização dos Recifes de Corais da Área de Preservação Ambiental da Baía de Todos os Santos para Fins de Manejo, Characterization of Coral Reefs from Todos os Santos Bay Protected Area for Management Purpose , Bahia , Brazil. Revista Gestão Costeira Integrada. 9(3): 3-23.

Cruz, I. C. S., Kikuchi, R. K. P., & Leão, Z. M. A. N. 2008. Use of the video transect method for characterizing the. Braz. J. Ocea. 56(4): 271-280.

De Paula, A.F. & Creed, J.C. 2004. Two species of the coral Tubastraea (cnidaria , scleractinia) in Brazil : A case of accidental introduction. B. Mar. Sci. 74: 175-183.

(4)

De Paula, A. F., & Creed, J.C. 2005. Spatial distribution and abundance of nonindigenous coral genus Tubastraea (Cnidaria, Scleractinia) around Ilha Grande, Brazil. Braz. J. Biol. 65(4): 661-673.

Kohler, K.E.; Gill, S.M. 2006. Coral Point Count with Excel extensions (CPCe): A Visual Basic program for the determination of coral and substrate coverage using random point count methodology. Comput. Geosci. 32: 1259-1269.

Laborel, J. 1970. Les Peuplement de Madreporaires de Côtes Tropicales du Brésil. 260p., Annales de L’Université D’Abidjan, Serie E - II Fascicule 3, Abidjan, Costa do Marfim. ISBN 2-7166-0216. Lages, B.; Fleury, B.; Menegola, C. & Creed, J. 2011. Change in tropical rocky shore communities due to an alien coral invasion. Mar. Ecol. Prog. Ser. 438: 85-96.

Lodge, D. M. 1993. Biological invasions: Lessons for ecology. Tree. 8(4): 133-136.

Mantelatto, M.C.; Creed, J.C.; Mourão, G.G.; Migotto, A.E. & Lindner, A. 2011. Range expansion of the invasive corals Tubastraea coccinea and Tubastraea tagusensis in the Southwest Atlantic. Coral Reefs. 30: 397-397.

Molnar, J.L., Gamboa, R.L., Revenga, C. & Spalding, M. D. 2008. Assessing the global threat of invasive species to marine biodiversity. Front. Ecol. Env. 6, 485-492.

Sampaio, C.L.S.; Miranda, R.J.; Maia-nogueira, R. & Nunes, J.A.C.C. 2012. New occurrences of the nonindigenous orange cup corals Tubastrea coccinea and T. tagusensis (Scleractinia: Dendrophylliidae) in Southwestern Atlantic. Check List. 8(3): 528-530.

Silva, E.C. & Barros, F. 2011. Macrofauna Bentônica Introduzida No Brasil: Lista de Espécies Marinhas e Dulcícolas e Distribuição Atual. Oecologia Australis. 15(2): 326-344.

Figura 1. Locais de ocorrência do coral invasor Tubastraea spp. na Baía de Todos os Santos (1=Cascos, 2=Cavo Artemidi, 3=Marina de Itaparica, 4=Poste 4, 5=Paraguaçú). Adaptado de Barros et al. (2009).

(5)

Figura 2. Abundância relativa em percentual cobertura de Tubastraea spp. e dos grupos macrobentônicos

nativos (corais, octocorais, macroalgas, algas filamentosas, poliquetas e esponjas) no recife Cascos e píer da Marina de Itaparica. 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 Tubastraea spp.

coral macroalga alga filamentosa

alga calcária esponja

RECIFE DO CASCOS m éd ia d e co be rt ur a ( % ) 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 Tubastraea spp.

coral octocoral alga filamentosa poliquetas esponja MARINA DE ITAPARICA m éd ia d e co be rt ur a ( % )

(6)

Tabela 1. Locais registrados com a presença do coral exótico Tubastraea spp. na Baía de Todos os Santos com

as coordenadas geográficas, município do local registrado, ano de registro, profundidade e o tipo de substrato.

Local Ano de

registro

Município Coordenadas Profundidade

(m)

Tipo de substrato

Cavo Artemidi 2008 Salvador 13°3.31'S

38°31.551'W 15 naufrágio

Cascos 2011 Vera Cruz 13°7'27.34''S

38°38'17.44''W 21 recife de coral Marina de

Itaparica 2011 Itaparica

12°53'21.28''S

38°41'3.44''W 0,5 píer

Poste 4 2012 Madre de Deus 12°48'51.37''S

38°34'16.71''W 6 recife de coral Barra do Paraguaçu 2012 Salinas da Margarida 12°50'25.02''S 38°47'40.44''W 2 píer

Referências

Documentos relacionados

Dessa forma, as ordens transmitidas, via Internet, para os Sistemas Eletrônicos de Negociação, somente serão consideradas efetivamente atendidas quando não se constatar

Esta metodologia, utilizada mais comumente em estudos na área de sistemas de informação, administração, engenharia e computação, tem ganhado campo como uma alternativa

As umidades do solo obtidas através da técnica TDR foram ajustadas através de regressão com o método padrão de estufa para todas as áreas e profundidades estudadas.. Para

mulheres de idade avançada (e não os homens) estão mais expostas à pobreza, à solidão e à viuvez, tem mais problemas de saúde e menos oportunidades de contar com um companheiro

representar o OUTORGANTE perante quaisquer órgãos ou entidades públicas federais, estaduais, municipais, autárquicas, empresas públicas e sociedades de economia mista,

Segundo Castor e Rezende (2005) os planos diretores levam em conta apenas a organização do espaço físico da cidade e contam apenas com orçamento público para a sua

A analise da alternativa 2, um ciclo combinado com um conjunto a gás queimando gás natural em associação à um ciclo térmico a vapor incinerando (ou destruindo) RSM,

Proc. a) ÁREA DE CONHECIMENTO BÁSICO: Gestão de Micro e Pequenas Empresas - MEP’s, Administração de Empresas Familiares, Estratégia Empresarial.