Introdução
As teorias sociológicas abordam analiticamente o papel da família, da escola e do processo educativo como instrumentos de formação individual.
Telford e Sawrey (1978), relacionam a Delinqüência com as questões específicas do desvio social, e caracterizam o delinqüente à partir de seus hábitos, de seus distúrbios e da natureza de seu desajustamento emocional.
Contexto Histórico
Ao longo dos anos, a origem do comportamento delinquencial tem sido matéria de estudos de várias áreas do conhecimento humano, como a Filosofia, a Sociologia, a Psiquiatria, a Genética, a Etologia, a Psicanálise, as Ciências Jurídicas, além da Psicologia e de suas ramificações.
O estudo desse tema tem se tornado polêmico entre as várias correntes e teorias interpretativas, principalmente nos questionamentos que se suscita entre hereditariedade e o meio ambiente.
A Escola Positivista se opunha aos conceitos da Escola Clássica na definição da natureza humana.
A Escola Clássica com os seus principais precursores, havia assumido um legado racionalista, utilitarista e reformador da filosofia da ilustração, cujos conceitos sobre o comportamento partiam do método
dedutivo, abstrato e formal onde propuseram um
sistema de pensamento que partia da natureza racional hedonista e livre do ser humano.
Em contrapartida, a Escola Positivista que surgiu na Europa por volta do século XIX, fez oposição aos pressupostos da Escola Clássica, que descreve a natureza humana susceptível as influências causais do meio ambiente podendo o comportamento se tornar conflitual, provocado pelas tensões psicossociais.
Modelos Teóricos que analisam as variáveis
Sociais
1. Teoria da Cultura de Pobreza:
São princípios básicos que define a cultura de pobreza como um grupo social marginalizado, com baixo nível de organização e valores (morais e éticos), com pouco conhecimento de seus direitos e deveres. Existindo fatores como hereditariedade e o meio ambiente que influenciam o desenvolvimento humano.
a)
Os pobres estão ausentes na participação e
integração
nas
principais
instituições
da
sociedade;
b) Ao nível da sociedade, observa-se a
existência de condições precárias de habitação
e mínimo de organização (falta de esgoto, luz
elétrica, água tratada e encanada).
c) No âmbito da família, os principais traços da
cultura de pobreza são: a ausência de infância,
a iniciação sexual precoce, união livres e
ocorrência freqüente de abandono da esposa e
filhos.
d) No nível do indivíduo, os principais traços são, um forte sentimento de marginalidade, de desamparo, de dependência e de inferioridade.
Exemplos: pessoas idosas, toxicômanos, aidéticos, desempregados , alcoólatras , prostitutas, doentes e outros.
2. Teorias Sub-Culturais:
Cohen (1955), Matza, Sykes (1961) foram os primeiros a desenvolver as chamadas Teorias Sub-Culturais. Alguns aspectos devem ser observados nesse contexto sub-cultural:
a) O que determina esse ambientesão as condições de sobrevivênciasocial, que lhes impõe um limite de recursos de nivelamento social com relação a outros grupos sociais.
b) Em decorrência desse empobrecimento de recursos a conduta coletiva do grupo se manifesta de forma incongruente e exacerbada.
c) As características sintomáticas mais reveladas no ambiente de sub-cultura são a desagregação da família, a desarmonia das relações interpessoais, o baixo índice de conduta moral, o baixo nível de escolaridade entre outros.
d) No que tange a perspectiva de vida futura, os interesses motivacionais se voltam muito mais para o presente, com metas objetivas para se atender de imediato aquilo que é mais importante.
Com referência à conduta, a sub-cultura
delinqüente surge como uma forma de reação
grupal a uma estrutura social não integradora e
nesse aspecto esse ambiente se apresenta como
uma solução integrativa para certos problemas
comuns para o agrupamento de indivíduos
socialmente marginalizados.
Segundo Cloward e Ohlim (1960) existem 3 tipos diferentes de sub-cultura:
a) A Sub-cultura Antagônica:
É aquela que se predispõe a prática da violência e da agressividade para se obter status e posição social.
b) A Sub-cultura Criminal:
É aquela que pretende obter benefícios econômicos por meios ilícitos.
c) A Sub-cultura Marginal:
É aquela cujos sujeitos buscam experiências esotéricas ou prazeres excitantes, como o hedonismo para justificar suas necessidades de auto-afirmação ou de sentido direcional da vida.
3. Teorias de Transmissão Cultural:
Essa teoria se refere ao posicionamento excludente da sociedade, que marginaliza o indivíduo e o estigmatiza. Nesse contexto, o sujeito que não cumpre com as normas estabelecidas pelo contexto social é considerado como condutualmente desviado.
Nesse enfoque, a delinqüência é adquirida por interação social, transmitida através de uma população marginal, onde o foco de Valores predispõe coletivamente as infrações sociais.
Assim, estudos nessa perspectiva concluem que fatores de transmissão cultural, reforçados pela industrialização culminam com a marginalidade social, e que por si, definem certas ecologias humanas, que se constituem em ambiente predisposto ao desenvolvimento da cultura do crime.
Conceitos de transmissão Cultural são definidos por Bahr (1979), no qual assegura que a conduta delinqüencial se prende nos grupos primários pessoas e implica na formação de grupos de pares , que se dispõe as definições favoráveis ou desfavoráveis na violação da lei.
Bandura (1963, 1977), enfatiza que os modelos sociais se configuram em fontes de transmissão cultural para a modelação da conduta social. É evidente a observância de que certas culturas da violência se desenvolvem na ecologia urbana, em que a transmissão cultural da delinqüência pode se dar através de veículos de comunicação, pelo esporte, pela propaganda perniciosa, pela anti-cultura popular dos maus costumes, no ambiente permissivo e promiscuo da
classe marginalizada através dos costumes sociais
alienados, por intermédio de grupos corporativos e organizados do crime, e de uma forma estrutural pelo próprio regime sócio-econômico e político, de um sistema social que infringe limites ao homem, cerceando seus direitos individuais a liberdade, além de lhe imprimir o preconceito e a marginalização social.
4. Teoria da Anomia Social
A anomia é um estado de falta de objetivos e perda de identidade, provocado pelas intensas transformações ocorrentes no mundo social moderno. A partir do surgimento do Capitalismo, e da tomada da Razão, como forma de explicar o mundo, há um brusco rompimento com valores tradicionais, fortemente ligados à concepção religiosa. A Modernidade, com seus intensos processos de mudança, não fornece novos valores que preencham os anteriores demolidos, ocasionando uma espécie de vazio de significado no cotidiano de muitos indivíduos. Há um sentimento de se "estar à deriva", participando inconscientemente dos processos coletivos/sociais: perda quase total da atuação consciente e da identidade.
[...] „Anomia‟ não é só o „desmoronamento‟ ou „crise‟ de alguns valores ou normas em razão de determinadas circunstâncias sociais (o desenvolvimento econômico avassalador, o processo industrializador com todas suas implicações), senão, antes de tudo, o sintoma ou expressão do vazio que se produz quando os meios sócio estruturais existentes não servem para satisfazer as expectativas culturais de uma sociedade. A „conduta‟ irregular pode ser considerada sociologicamente como o sintoma da discordância entre as expectativas culturais preexistentes e os caminhos ou vias oferecidos pela estrutura social para a satisfação daquelas.
A teoria da Anomia Social, pressupõe uma contradição entre estrutura cultural e a estrutura social que caracteriza uma sociedade desestruturada e desorganizada, tendo como vítima principal o indivíduo, que inadaptado, desamparado e desassistido passa a desenvolver certos tipos de condutas anti-sociais como mecanismos de defesa, mas materializando-se em:
Rebelião; Violência;
conduta contra as normas sociais;
Desenvolvimento de valores próprios da cultura anômica.
A tensão entre as aspirações individuais e suas reais expectativas pode ser percebida em frases como “a grama do vizinho é sempre mais verde”; “eu gostaria de poder ter um carro melhor, uma casa maior, mas acho que nunca vou conseguir”. Outra ótica se deita no aspecto do agente perceber que não atinge suas aspirações por fatores externos à sua vontade, percebidos em frases como: “eu não consigo emprego, porque não tenho uma boa rede de amigos”; “sempre que estou prestes a conseguir algo, parece que um fator externo me puxa para