• Nenhum resultado encontrado

Tabagismo: buscando estratégias para o ensino de Graduação em Medicina

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Tabagismo: buscando estratégias para o ensino de Graduação em Medicina"

Copied!
62
0
0

Texto

(1)

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENSINO NA SAÚDE MESTRADO PROFISSIONAL EM ENSINO NA SAÚDE (MPES)

SUZIANNE RUTH HOSANAH LIMA PINTO

TABAGISMO: BUSCANDO ESTRATÉGIAS PARA O ENSINO DE GRADUAÇÃO EM MEDICINA

NATAL/RN 2019

(2)

SUZIANNE RUTH HOSANAH LIMA PINTO

TABAGISMO: BUSCANDO ESTRATÉGIAS PARA O ENSINO DE GRADUAÇÃO EM MEDICINA

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ensino na Saúde, curso de Mestrado Profissional em Ensino na Saúde (MPES), da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito para a qualificação para obtenção do título de Mestre em Ensino na Saúde. Orientadora: Profa. Dra. Maria José Pereira Vilar.

Linha de Pesquisa: Ensino-Aprendizagem e Tecnologias Educacionais na Saúde.

NATAL/RN 2019

(3)
(4)

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENSINO NA SAÚDE

Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Ensino na Saúde. Curso de Mestrado Profissional em Ensino na Saúde: Profa. Dra. Ana Cristina Pinheiro Fernandes de Araújo.

(5)

SUZIANNE RUTH HOSANAH LIMA PINTO

TABAGISMO: BUSCANDO ESTRATÉGIAS PARA O ENSINO DE GRADUAÇÃO EM MEDICINA

Aprovado em:___/___/___

Banca examinadora:

Presidente da Banca:

_________________________________________________ Profa. Dra. Maria José Pereira Vilar

Universidade Federal do Rio Grande do Norte Orientadora

Presidente da Banca Membros da Banca:

___________________________________________________ Profa. Dra. Iana Oliveira e Silva Ribeiro

Universidade Federal do Rio Grande do Norte Examinador interno

___________________________________________________ Profa. Dra. Valéria Goes Ferreira Pinheiro

Universidade Federal do Ceará Examinador externo

(6)

Às pessoas que sempre me apoiaram e incentivaram na vida entre elas meus pais, meu irmão, meu esposo, meu filho, meus professores, minha orientadora, meus alunos e principalmente aos pacientes.

(7)

AGRADECIMENTOS

A Deus, pelo dom da vida e por me guiar na escolha de um ofício tão precioso na ajuda ao próximo

Aos meus pais, por todo amor incondicional a mim dispensado, pela base de virtudes que sempre me ensinaram, pelo suporte familiar, por todo o apoio, pelo sacrifício que fizeram para que eu pudesse estar aqui, vivendo esse momento de realização pessoal, profissional e acadêmica.

A meu esposo pelo carinho e amor demonstrados, estando sempre ao meu lado nas escolhas e dificuldades inerentes à profissão, além do suporte familiar.

Ao meu filho, Rafael, pelo incentivo diário, com esse sorriso lindo, para eu me aperfeiçoar, me especializar e me aprimorar. Também é por você, meu filho, que tanto amo incondicionalmente.

Ao meu irmão, pelo amor, por estar ao meu lado nas horas que tanto preciso, entre outras coisas, pela ajuda com o seu afilhado Rafa.

Aos demais familiares e amigos pelo grande apoio e incentivo que me dão sempre.

Aos amigos mestrandos do Mestrado Profissional em Ensino na Saúde (MPES), que se tornaram irmãos, não só pela convivência, mas pela ajuda fornecida em momentos tão importantes, tanto no MPES quanto na vida pessoal.

Aos mestres que passaram em minha vida acadêmica, incluindo os do MPES, que além dos maravilhosos ensinamentos, aumentaram o meu amor pela docência, com maestria ao ensinar.

À Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), em especial ao Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL), minha segunda casa, de onde veio quase toda minha formação médica.

Aos colegas da Disciplina de Doenças do Sistema Respiratória (DDSR), pelo total apoio, pela ajuda fornecida e incentivo para que eu pudesse realizar esse curso. À minha orientadora, Profa. Dra. Maria José, pelos ensinamentos tão importantes, pelo suporte, e por ter me impulsionado para frente sempre durante o MPES nestes últimos anos.

(8)

RESUMO

Introdução: A utilização de estratégias pedagógicas diversificadas no ensino de graduação em medicina, tem sido crescente desde as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) de 2001. No entanto, essa mudança ainda é um desafio para docentes e discentes nos cursos de medicina no Brasil. Na mesma linha, temas importantes como Tabagismo, uma das principais causas evitáveis de mortes em todo mundo, também são pouco abordados de forma sistematizada nas escolas médicas, o que resulta em resultando em estudantes e médicos residentes com dificuldade na escuta, abordagem e orientação de pacientes tabagistas e ex-tabagistas. Objetivo: Nesse sentido, o estudo tem como objetivo implementar diferentes estratégias pedagógicas para o ensino do Tabagismo no componente curricular “Disciplina de Doenças do Sistema Respiratório” (DDSR) do curso de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Metodologia: Um estudo descritivo com estudantes do quarto ano (VII semestre) que cursavam a DDSR foi realizado em duas turmas: T1 no primeiro semestre e T2 no segundo semestre de 2018. Duas estratégias educacionais foram utilizadas: uma Comunidade Virtual via plataforma Sistema Integrado de Gestão de Atividades Acadêmicas (SIGAA) e um Projeto de Extensão Universitária. Durante oito semanas, os estudantes participaram da Comunidade Virtual intitulada ”Utilização do SIGAA como ferramenta para o ensino sobre Tabagismo”, recebendo do pesquisador principal, vídeos, links, artigos científicos e outros materiais sobre Tabagismo, uma vez por semana, com sete dias para comentários e perguntas. Ao final, receberam respostas comentadas, além de links confiáveis e gratuitos para aprofundamento daquele tópico. Para os estudantes da T2, foi utilizado também o Projeto de Extensão “Grupo de Tabagismo do Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL)”, inserido no componente curricular obrigatório DDSR onde os estudantes participaram, em média, de 3 reuniões do grupo, durante 6 semanas, junto ao médico pesquisador e uma equipe multiprofissional, discutindo vários aspectos do Tabagismo. A percepção dos estudantes sobre essas estratégias foi avaliada com um questionário online em escala Likert. Resultados: A participação dos estudantes nas atividades da Comunidade Virtual via SIGAA foi menor que o esperado, sendo mais intensa nas 3 primeiras semanas e sem diferença entra as turmas T1 e T2. A maioria (48% da T1e 71%da T2) dos estudantes respondeu que participou em menos de 30% das atividades. No entanto, quanto à contribuição das

(9)

atividades para o aprendizado, todos concordaram que foi positiva em vários aspectos. Quase metade dos estudantes responderam que alunos e professores da UFRN não têm hábito de usar o SIGAA como ferramenta de ensino-aprendizagem. Quanto à participação no Grupo de Tabagismo, os estudantes concordaram que este teve vários aspectos positivos em relação à aprendizagem do tema. Todos discordaram que os tópicos abordados no grupo já tivessem sido vistos durante o curso até aquele momento. Considerações Finais: A percepção positiva dos estudantes sobre a diversificação de estratégias de ensino propostas para o ensino do Tabagismo, certamente é um estímulo à sua continuidade e aprimoramento, especialmente quanto à inserção curricular da Extensão, que desponta como pioneira na graduação em medicina na UFRN.

Palavras-chave: Tecnologias Educacionais. Extensão Universitária. SIGAA. Grupo de Tabagismo. Tabagismo.

(10)

ABSTRACT

Introduction: The use of diversified pedagogical strategies in undergraduate medical education has been increasing since the National Curriculum Guidelines (DCNs) of 2001. However, this change is still a challenge for professors and students in medical courses in Brazil. In the same vein, important topics such as smoking, one of the leading preventable causes of death worldwide, are also poorly addressed in medical schools, resulting in students and resident physicians who have difficulty in listening, addressing and mentoring smokers and former smokers. Objective: In this sense, the study aims to implement different pedagogical strategies for the teaching of smoking in the curriculum component “Discipline of Diseases of the Respiratory System” (DDSR) of the Medical School of the Federal University of Rio Grande do Norte (UFRN). Methodology: A descriptive study with fourth year students (VII semester) attending DDSR was conducted in two classes: T1 in the first semester and T2 in the second semester of 2018. Two educational strategies were used: a Virtual Community via Integrated Academic Activity Management System platform (SIGAA) and a University Extension Project. For eight weeks, students participated in the Virtual Community entitled “Using SIGAA as a Tool for Teaching Smoking”, receiving from the principal researcher videos, links, scientific articles and other smoking materials once a week, with seven days to comments and questions. At the end, they received commented answers, as well as free and reliable links to deepen that topic. For T2 students, the Extension Project “Smoking Group of Onofre Lopes University Hospital (HUOL” was also used, inserted in the compulsory curriculum component DDSR where students attended, on average, 3 group meetings over 6 weeks. together with the medical researcher and a multiprofessional team, discussing various aspects of smoking. Students' perceptions of these strategies were assessed with a Likert-scale online questionnaire. Results: Students' participation in the activities of the Virtual Community via SIGAA was lower than expected, being more intense in the first 3 weeks and without difference between T1 and T2. The majority (48% of T1 e 71% of T2) of the students answered that they participated in less than 30% of the activities. However, as for the contribution of the activities to learning, all agreed that it was positive in several respects. Almost half of the students answered that UFRN students and teachers do not have the habit of using SIGAA as a teaching-learning tool. Regarding participation in the Smoking Group, the students agreed that it had several

(11)

positive aspects regarding learning about the theme. Everyone disagreed that the topics covered in the group had already been seen during the course. Final Considerations: The positive perception of students about the diversification of teaching strategies proposed for the teaching of smoking, certainly stimulates their continuity and improvement, especially regarding the extension curriculum insertion, which emerges as a pioneer in undergraduate medicine at UFRN.

Keywords: Educational Technologies. University Extension. SIGAA. Smoking group. Smoking.

(12)

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Tópicos sobre Tabagismo abordados semanalmente na Comunidade Virtual via SIGAA... 27 Quadro 2 - Tópicos discutidos durante as reuniões do Grupo de Tabagismo

(13)

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Características sócio-demográficas dos estudantes participantes da pesquisa (T1 e T2)... 31 Tabela 2 - Frequência de participação dos alunos, nas discussões sobre

Tabagismo na Comunidade Virtual via SIGAA... 32 Tabela 3 - Percepção dos alunos das turmas T1 e T2 sobre a participação

na Comunidade Virtual conforme escala Likert... 34 Tabela 4 - Características sócio-demográficas dos estudantes participantes

da pesquisa... 37 Tabela 5 - Percepção dos alunos da segunda turma (T2) sobre a

participação no Projeto de Extensão: “Grupo de Tabagismo do HUOL” conforme escala Likert... 39

(14)

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CEP Comitê de Ética em Pesquisa CID Código Internacional de Doenças

CONSEPE Conselho de Ensino Pesquisa e Extensão DCNs Diretrizes Curriculares Nacionais

DDSR Disciplina de Doenças do Sistema Respiratório EaD Ensino à Distância

HUOL Hospital Universitário Onofre Lopes IES Instituições de Ensino Superior ISE Interactive Spaced Education OMS Organização Mundial da Saúde PPC Projeto Pedagógico do Curso

PROEX Pró-Reitoria de Extensão Universitária

RUTE Rede Universitária de Telemedicina

SIGAA Sistema Integrado de Gestão de Atividades Acadêmicas

SUS Sistema Único de Saúde

TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido TE Tecnologia Educacional

TICs Tecnologias de Informação e Comunicação UFRN Universidade Federal do Rio Grande do Norte

(15)

SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO... 16 2 OBJETIVOS... 25 2.1 Objetivo geral... 25 2.2 Objetivos específicos... 25 3 METODOLOGIA... 26

3.1 Descrição das intervenções... 26

3.1.1 Utilização da Comunidade Virtual via SIGAA para o ensino sobre o Tabagismo na graduação em medicina... 26

3.1.2 Utilização do projeto de Extensão “Grupo de Tabagismo do HUOL - UFRN” no componente curricular obrigatório “Disciplina de Doenças do Sistema Respiratório”... 27

3.2 Descrição da avaliação das intervenções... 29

3.3 Análise estatística... 29

3.4 Aspectos éticos... 30

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO... 31

4.1 Utilização da Comunidade Virtual via SIGAA para o ensino sobre o tabagismo na graduação em medicina... 31

4.2 Utilização do projeto de Extensão “Grupo de Tabagismo do HUOL - UFRN” no componente curricular obrigatório “Disciplina de Doenças do Sistema Respiratório”... 37

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS... 42

6 APLICAÇÕES PRÁTICAS DO SEU CURSO PARA FORMAÇÃO DOS PROFISSIONAIS NA ÁREA DA SAÚDE... 43

6.1 Outros produtos decorrentes dessa dissertação... 44

REFERÊNCIAS... 46

APÊNDICE A – COMUNIDADE VIRTUAL VIA SIGAA - EXEMPLO DE COMO OCORRERAM AS POSTAGENS SOBRE TABAGISMO NA COMUNIDADE VIRTUAL ATRAVÉS DO SIGAA... 50

APÊNDICE B – QUESTIONÁRIO EM ESCALA LIKERT DE PERCEPÇÃO DOS ESTUDANTES SOBRE A UTILIZAÇÃO DA COMUNIDADE VIRTUAL VIA SIGAA... 51

(16)

APÊNDICE C – QUESTIONÁRIO EM ESCALA LIKERT DE PERCEPÇÃO DOS ESTUDANTES QUANTO A UTILIZAÇÃO DA EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA PARA O ENSINO SOBRE TABAGISMO. 53 APÊNDICE D – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO... 55 ANEXO A – APROVAÇÃO DA PESQUISA NO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA DO HOSPITAL ONOFRE LOPES – UFRN... 59 ANEXO B – APROVAÇÃO DE PARTE DO TRABALHO PARA APRESENTAÇÃO EM CONGRESSOS... 60

(17)

16

1 INTRODUÇÃO

A graduação em Medicina, um dos cursos que mais forma profissionais a cada ano no Brasil, tem duração média de seis anos e foi tradicionalmente, por muitos anos, dividida em três fases (ou ciclos): básico, clínico e o internato. Nesse modelo de formação, era apenas no internato (último ano do curso) que o estudante se via integralmente inserido no ambiente de prática, momento oportuno do curso para demonstrar todos os conceitos aprendidos. No entanto, um amplo questionamento desse formato nas últimas décadas, resultou em grandes transformações curriculares1.

A formação do profissional médico é considerada um fator para a qualidade em saúde, tornando-se uma das preocupações de instituições como a Organização Mundial da Saúde (OMS), Associação Brasileira de Educação Médica e Organização Pan-Americana de Saúde, entre outras. No século XIX, o relatório Flexner conduziu por muitos anos o modelo de assistencialismo em saúde no País, voltado ao atendimento hospitalocêntrico. Tal paradigma instaurou um método reducionista de educação e possibilitou o desenvolvimento de escolas médicas que condicionavam o discente a um olhar exclusivamente anátomo-clínico de seus pacientes. Com a criação do Sistema Único de Saúde (SUS), essa conformação profissional tornou-se inconsistente, uma vez que não era capaz de atender às demandas da população atendida pelo SUS, tendo em vista a inoperante personalidade generalista que esses médicos carregavam consigo1.

Em 2001, após inúmeras discussões sobre o modelo de educação médica até então vivenciado no país, entram em vigor as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) para o Curso de Medicina, documento que se propôs a guiar, a partir de então, a composição curricular das escolas médicas, ocorrendo nesse período um esforço para a reorientação na formação em medicina no Brasil. Concomitante, outros cursos da área de saúde começaram também a trabalhar em suas diretrizes curriculares, que atualmente apresentam aspectos gerais comuns a todos os cursos da área de saúde, representando, nessas últimas décadas, uma reorientação no ensino em saúde2.

A partir das DCNs 2001, está proposto para os cursos de medicina que aspectos socioculturais, humanísticos e biológicos do ser devem ser considerados de forma interdisciplinar e multiprofissional ao longo do curso. Em 2014, uma revisão foi feita e novas DCNs para os cursos de graduação em Medicina foram publicadas, que

(18)

17

trazem no seu escopo a necessidade de capacitar os futuros profissionais para atuarem nos diferentes níveis de atenção. Além disso, reforçam o compromisso com a defesa da dignidade humana, da saúde integral e da transversalidade da sua prática orientada pela determinação social do processo saúde-doença2,3.

Corroborando surgiram, a partir de uma revisão da anterior, as DCNs 2014, que definem como áreas de competência, divididas em três eixos temáticos: Atenção à Saúde, Gestão em Saúde e Educação em Saúde3.

As DCNs enfatizam a preocupação em formar médicos generalistas efetivos na abordagem ao paciente da atenção básica e da urgência/emergência e que sejam resolutivos na promoção e redução dos riscos em saúde. Propõem aos discentes o aprendizado de habilidades que permitam maior aptidão em lidar com os problemas da sociedade brasileira e da saúde pública, com ênfase na adequação às demandas do SUS e a programas como a Política Nacional de Atenção Básica, por exemplo. Isso se concretiza com o estímulo à inserção precoce do estudante no ambiente de prática, o convívio com o paciente em seu cotidiano, conhecendo a sua realidade por meio de visitas domiciliares, práticas de extensão, atividades de promoção, prevenção e recuperação do processo saúde-doença, empregando a visão biopsicossocial do ser. O emprego de novas metodologias de ensino também está previsto nas DCNs, como a aprendizagem baseada em problemas, o uso de portfólios e disciplinas preponderantemente de cunho prático, contribuem para transformar a visão do próprio discente acerca da graduação e a atuação do profissional médico2,3.

A Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) já em 2001, fez a revisão do Projeto Pedagógico do Curso (PPC), em sintonia com as DCNs, buscando cumprir com a sua missão como instituição pública, de educar, produzir e disseminar o saber universal, preservar e difundir as artes e a cultura e contribuir para o desenvolvimento humano. Nesse sentido, fez mudanças em sua matriz curricular, como a integração de componentes curriculares, inserção do ensino na comunidade e da urgência/emergência, utilização de metodologias ativas de ensino e promoveu avanços significativos nos instrumentos de avaliação do estudante. A disciplina de Pneumologia, por exemplo, inserida no quarto ano do curso de Medicina (VII semestre), que antes se desenvolvia de forma isolada, passou a atuar conjuntamente à Cirurgia Torácica, facilitando a integração das áreas clínica e cirúrgica no ensino do diagnóstico e tratamento de doenças dessa área. Com isso o componente curricular passou a fazer parte do Departamento de Medicina Integrada, sendo denominado:

(19)

18

DMI-0030 - Disciplina de Doenças do Sistema Respiratório (DDSR), da qual faço parte como professora.

O componente curricular DDSR, onde se desenvolveu o presente estudo, tem uma carga horária de 90 horas, divididas em 60h de aulas práticas, e 30h de aulas teóricas. Oito professores fazem parte das atividades, cinco pneumologistas e três cirurgiões de tórax, que ministram aulas teóricas e atividades teórico-práticas a todos os alunos. As aulas teóricas são todas em formato de aulas expositivas e abordam os temas clássicos da área como: semiologia respiratória, métodos diagnósticos, pneumonias, derrame pleural, pneumotórax, tuberculose pulmonar, asma, trauma torácico, pneumotórax, doença pulmonar obstrutiva crônica, tromboembolismo pulmonar, doenças intersticiais pulmonares, ventilação mecânica, doenças supurativas, insuficiência respiratória, derrames pleurais e tumores e cistos pulmonares etc. As atividades teórico-práticas são desenvolvidas nos ambulatórios, enfermarias, centros cirúrgicos, broncoscopia, salas de imagem e outros locais, todos no ambiente do Hospital universitário Onofre Lopes (HUOL). Durante o curso, todos os professores ministram aulas teóricas e teórico – práticas para alunos do internato do curso médico4.

As novas metodologias propostas pelas DCNs, entretanto, ainda não estão totalmente incorporadas e alguns componentes curriculares e parte de seu corpo docente, apresentam resistências a essas mudanças, mesmo com a recente revisão no PPC em 20145, realizada pela coordenação do curso. Certamente esses componentes carecem de alguma iniciativa no sentido de inserir metodologias de ensino diferentes das habituais, que possam contribuir para a melhoria no processo de aprendizagem. Da mesma forma, ocorre a necessidade de abordagem de temas gerais afins, como por exemplo o Tabagismo. Nesse sentido entendemos o Tabagismo, como um tema que poderia estar inserido em vários períodos do curso, inclusive na DDSR, mas que é pouco abordado. Percebe-se também que alunos nos vários níveis de graduação não possuem segurança para realizar a anamnese de pacientes tabagistas e ex-tabagistas, o que é preocupante, visto que, o Tabagismo é uma das principais causas evitáveis de mortes em todo mundo.

A exposição ao tabaco está associada à ocorrência de diversas doenças circulatórias, câncer, doenças respiratórias crônicas, patologias oculares, crescimento uterino retardado, além de ser importante fator de risco para doenças transmissíveis, como a tuberculose. O fumante passivo também está exposto à muitas patologias:

(20)

19

câncer de pulmão ou da face, doença cardiovascular, infarto, acidente vascular cerebral, enfisema pulmonar, dentre outras6.

Em 1997, o Tabagismo foi reconhecido como doença e inserido no Código Internacional de Doenças (CID 10), no grupo de transtornos mentais e comportamentais pelo uso de substâncias sob o código F.178. Considerada um marco histórico para a saúde pública mundial, a Convenção-Quadro da OMS entrou em vigor em 2017 e determina a adoção de medidas intersetoriais que visam conscientizar os fumantes sobre os malefícios e as consequências do cigarro etc6.

Nesse sentido é necessário ampliar o contato dos alunos com o tema Tabagismo e especialmente com as pessoas que necessitam de cuidados de saúde relacionados ao Tabagismo. Surge então um questionamento de como ensinar sobre Tabagismo utilizando outros formatos de ensino, que não o tradicional, dentro das salas de aula. Buscando introduzir outras estratégias educacionais no componente curricular DDSR, a possibilidade de utilização de Tecnologias Educacionais (TEs) e da Extensão Universitária, surgem como alternativas para preencher essa lacuna.

As TEs são a incorporação de Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) na educação, para apoiar os processos de ensino e aprendizagem em diferentes contextos de educação formal e não formal. O termo Tecnologias da Informação e Comunicação refere-se ao conjunto de tecnologias que permitem o acesso à informação através do uso de telecomunicação. Telecomunicação, por sua vez, é a transmissão de sinais a longas distâncias, por exemplo através da Internet e das redes de telefonia celular. O uso das TICs vem transformando o cotidiano das atividades humanas, sendo que, desde o final da década de 1990 e início da década de 2000 a atenção voltou-se principalmente para a área da Saúde7.

O conceito de tecnologia educacional evoluiu ao longo dos anos, não sendo possível associar uma evolução cronológica às concepções apresentadas. A crescente evolução tecnológica traz possibilidades de uso de novos recursos nas práticas de cuidado e de ensino de saúde. As tecnologias mostram a diversidade de ferramentas que existem para se comunicar com o paciente. A comunicação pode ocorrer face a face, como durante a utilização de cartilhas, manuais ou sessões de aconselhamento ou por via de recursos computacionais como softwares e websites. Tais inovações atraem o potencial de novas tecnologias para fornecer um contexto de aprendizado rico com acesso a informações bem estruturadas e novos espaços para a colaboração do conhecimento. As TEs têm sido cada vez mais utilizadas na

(21)

20

educação em Ciências da Saúde para apoiar ou substituir as abordagens didáticas tradicionais ao ensino e à aprendizagem8.

É crescente o número de escolas e centros de educação que estão usando ferramentas on-line e colaborativas para aprendizado e busca de informações. Na mídia popular, o dispositivo é muitas vezes visto como um "motivador" ou estimulador da curiosidade do aluno.

Em relação à utilização de TEs pelo corpo docente nas instituições de ensino, destaca-se necessidade de formação qualificada, abordando aspectos técnicos e pedagógicos e a necessidade de parcerias e apoio para o trabalho cotidiano. Os docentes percebem a necessidade de revisão de suas práticas e mesmo de uma mudança cultural9.

Ensino à distância (EaD) é uma modalidade de educação mediada por tecnologias em que discentes e docentes estão separados espacial e/ou temporalmente, ou seja, não estão fisicamente presentes em um ambiente presencial de ensino-aprendizagem. O EaD também é considerado um recurso que contempla as necessidades de desenvolvimento da autonomia do aluno. O desenvolvimento da autonomia é considerado peça chave do processo de aprendizagem, no qual o aluno é o foco e o professor possui papel secundário, pois apenas orienta o aluno que, por sua vez, escolhe o ritmo e a maneira como quer estudar e aprender, de acordo com suas necessidades pessoais. Considerando as possibilidades do EaD e das TICs, é possível trabalhar no desenvolvimento profissional e humano utilizando diferentes mídias. Também é possível construir discussões significativas sobre temas relevantes. Portanto, um dos elementos essenciais dessa modalidade é a comunicação potencializada, dados os avanços tecnológicos que facilitaram o acesso ao diálogo, conteúdo e informação em tempo real, diretamente em seu ambiente de trabalho10 O uso de plataformas digitais para o EaD - E-learning, vem crescendo em todo o mundo, sendo este considerado um sistema de ensino inovador, que permite que seu conteúdo e aplicação sejam totalmente adaptados aos requisitos pedagógicos essenciais para o melhor aprendizado dos alunos, podendo cada professor acompanhar o desenvolvimento de seus alunos individualmente, tendo a possibilidade de realizar intervenções, quando necessárias, muito antes das avaliações finais11.

(22)

21

No campo da saúde, o EaD encontra-se entre as inúmeras possibilidades metodológicas que podem ser desenvolvidas como otimizadoras da educação em saúde no Brasil. Embora não seja a única forma de praticá-la, a internet é tida como referência pelas possibilidades e facilidades que proporciona11.

No HUOL - UFRN, a Rede Universitária de Telemedicina (RUTE) é uma iniciativa que visa apoiar o aprimoramento da infra-estrutura para Telemedicina já existente em hospitais universitários, bem como promover a integração de projetos entre as instituições participantes. A participação nos Grupos de Interesses Especiais (SIGs) e a prática da Telessaúde já são realidade no HUOL12.

Nos últimos anos, praticamente em todos os órgãos e instituições públicas e privadas a comunicação entre os gestores e todos os envolvidos se faz utilizando plataformas digitais. Nas instituições de ensino, os sistemas de gestão acadêmica têm sido desenvolvidos geralmente em ambiente WEB13.

Com o uso crescente das TICs pelos estudantes nos últimos anos, a utilização de novos métodos de ensino passaram a ter uma melhor aceitação por parte destes, sendo até muitas vezes requisitada14.

O SIGAA (Sistema Integrado de Gestão de Atividades Acadêmicas) entrou em produção em 2007, tendo sido desenvolvido pela UFRN e utilizado como modelo por várias Instituições de Ensino Superior (IES) brasileiras trazendo um conjunto de unidades e serviços para a comunidade acadêmica, com o propósito de diminuir o tempo de operação das atividades mediante automação de atividades acadêmicas, entre estas, unifica os processos intrínsecos às atividades de ensino, pesquisa e extensão, além de outras atividades acadêmicas13. Permite o ensino de maneira ampla e de maneiras diversas, tornando o estudo prático, dinâmico, acessível e não– monótono, por exemplo, sobre a forma de Comunidade Virtual, questionários, tarefas, blogs, etc. A Comunidade Virtual, por exemplo, visa uma comunicação com fácil e ampla interação aluno - professor, em que material sobre o assunto a ser estudado pode ser lançado sob várias formas, instigando o aluno ao contato com o tema, assim como o debate do mesmo13.

A plataforma SIGAA veio para trazer muitos benefícios para a comunidade universitária, tais como: compartilhamento de arquivos na turma virtual a partir do dispositivo, recebimento de mensagens, publicações de notas e tarefas, data de provas, prazo de trabalhos/tarefas e aproximação do limite de faltas, conforme mostra um estudo desenvolvido na UFRN14

(23)

22

Um fator estimulante na busca de métodos inovadores de ensino-aprendizagem para o tema Tabagismo, foi uma recente experiência no componente curricular DDSR com EaD, na utilização do “Interactive Spaced Education” (ISE), para o ensino de temas gerais de Pneumologia. ISE é uma ferramenta, que consiste em dois componentes, sendo o primeiro chamado de componente de avaliação, composto por questões de múltipla escolha e/ou respostas curtas, e o segundo conhecido como componente educacional, com um feedback imediato à resposta, contendo breve explicação sobre o tema e referências e/ou links para aprofundar o conhecimento. Nessa experiência, foi utilizado o e-mail dos conteúdos para envio do material, com o objetivo avaliar o aprendizado em temas gerais de Pneumologia, assim como percepção dos alunos sobre a ferramenta, cujo resultado mostrou que a ferramenta teve uma boa aceitação pelos estudantes e uma boa contribuição desta para o aprendizado15.

Conforme relatado anteriormente, é de fundamental importância que haja um incremento no ensino sobre o tema Tabagismo, no seu sentido mais amplo nas escolas médicas, estimulando os alunos a se aproximarem do tema em razão da sua importância na sociedade.

A extensão universitária, como a prática exercida frente ao contato com a comunidade, pode ser uma alternativa para o estimular o estudo sobre Tabagismo. Observa-se nos últimos anos, que a formação médica tem estado no cerne de diferentes discussões e políticas no campo da saúde. Embora o ensino médico brasileiro venha evoluindo, seja em aspectos curriculares ou metodológicos, ainda há importantes lacunas a preencher para se garantir uma formação integral e humanista. Não basta transformar as metodologias e a matriz curricular; é fundamental inserir os estudantes em espaços de prática e reflexão, capazes de afetar positivamente seus “mundos existenciais”. Uma possível ferramenta de construção desses espaços é a Extensão Universitária16. Em novembro 2014 ocorreu o evento Diálogos com a Extensão, promovido pela Universidade Federal de Santa Maria - RS, sendo que um dos principais pontos levantados na ocasião foi a obrigatoriedade de que, a partir de 2020, os cursos de graduação das universidades públicas federais brasileiras dediquem no mínimo 10% de sua grade curricular a atividades de extensão17 .

Em dezembro de 2018, foi homologada a Resolução que estabelece as

Diretrizes para as Políticas de Extensão da Educação Superior Brasileira, no Conselho

(24)

23

princípios para a Extensão na Educação Superior, a fim de proporcionar e qualificar uma aprendizagem ativa e cidadã aos estudantes, assim como uma interação dialógica efetiva com os demais setores da sociedade, proporcionando a construção de saberes e práticas transformadoras. Com foco na atuação direta para com a comunidade externa, a Extensão pode ser desenvolvida nas modalidades de programas, projetos, cursos, oficinas, eventos, prestação de serviços, etc. As diretrizes para a Extensão regulamentam também que as atividades acadêmicas de extensão devem fazer parte de, no mínimo, 10% da carga horária curricular estudantil dos cursos de graduação na forma de componentes curriculares18.

Em consonância com a Resolução que estabelece as Diretrizes para as Políticas de Extensão da Educação Superior Brasileira no Conselho Nacional de Educação, a UFRN vem, há algum tempo, discutindo o papel da inserção da Extensão com carga horária obrigatória nos componentes curriculares na graduação. Um Seminário de Extensão Universitária, promovido pela Pró-Reitoria de Extensão da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (PROEX/UFRN), aconteceu em novembro de 2015 no Campus Central da UFRN com o objetivo de proporcionar aos participantes trocas de experiências e o debate sobre a Extensão Universitária de forma crítica e participativa19. A resolução número 037/2019, de 23 de Abril de 2019, do Conselho de Ensino Pesquisa e Extensão (CONSEPE), normatiza a inserção da Extensão Universitária nos Projetos Pedagógicos dos Cursos (PPCs) de Graduação da UFRN20.

Um estudo sobre o papel da Extensão na visão das comunidades mostrou que a mesma possui ainda uma função essencial no ensino superior brasileiro, tanto para o aperfeiçoamento dos discentes, quanto para o processo de formação continuada dos docentes, para que ambos busquem uma maior integração com os demais setores da sociedade, melhorias na qualidade de vida dos moradores das comunidades circunvizinhas e para que as lutas sociais se fortaleçam, contribuindo, assim, com a construção de um pensamento crítico e colaborando para que o homem possa escrever a sua própria história21.

Como exposto anteriormente, é perceptível que os estudantes do curso de medicina e médicos residentes de Clínica Médica, têm muitas dúvidas na abordagem de pacientes tabagistas e ex-tabagistas. Embora tenham contato com o tema em outros momentos do curso, observa-se que, algumas vezes, os discentes têm pouco interesse no atendimento desses pacientes, especialmente quanto à anamnese, pois

(25)

24

os consideram resistentes, aos tratamentos propostos para cessar o hábito, o que realmente ocorre, devido ao poder de dependência química causada pela nicotina, assim como, pela abstinência da substância. No entanto, pela importância clínica da doença, é fundamental que saiam da Universidade com essa competência bem sedimentada na abordagem desses pacientes.

As IES têm seu papel nessa mudança comportamental em relação ao Tabagismo, com diversas ações educativas para alunos e professores, da área de saúde ou não, e para a população. Na UFRN, algumas ações de Extensão nesse sentido têm sido desenvolvidas nos últimos anos, especialmente nas áreas de Saúde Coletiva, Odontologia, Psiquiatria e Pneumologia22.

Um Projeto de Extensão inserido no componente curricular DDSR, intitulado: ”Grupo de Tabagismo do Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL)” criado recentemente, estudantes de medicina participam da escuta, orientação e tratamento dos pacientes que desejam cessar o hábito, orientados pelo professor (pesquisador principal do presente estudo) e por uma equipe multidisciplinar. Frente a esse movimento da UFRN em prol da inserção obrigatória carga horária de Extensão Universitária nos cursos de graduação, é importante a valorização essa experiência, visto que é algo ainda em fase de implementação na maioria das escolas médicas brasileiras.

Dessa forma, a inserção de Tecnologias Educacionais e da Extensão Universitária como ferramentas para incrementar o ensino do Tabagismo no curso de medicina da UFRN são estratégias que dão base a esse estudo.

(26)

25

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo geral

• Implementar estratégias pedagógicas não convencionais no ensino sobre Tabagismo no curso de Medicina da UFRN.

2.2 Objetivos específicos

• Descrever a percepção dos estudantes em relação ao uso da plataforma digital SIGAA para fins de ensino de graduação em Medicina;

• Descrever a percepção dos estudantes em relação ao uso da Extensão Universitária para ensino do Tabagismo na graduação em Medicina.

(27)

26

3 METODOLOGIA

Foi realizado um estudo descritivo, com estudantes do quarto ano (VII semestre) do curso de Medicina da UFRN, durante o componente curricular denominado Doenças do Sistema Respiratório. O estudo se desenvolveu de fevereiro a dezembro de 2018, em duas turmas: Turma 1 (T1) no primeiro semestre e Turma 2 (T2) no segundo semestre de 2018.

3.1 Descrição das intervenções

3.1.1 Utilização da Comunidade Virtual via SIGAA para o ensino sobre o Tabagismo na graduação em medicina

Após a primeira semana de aula, nas duas turmas, os estudantes foram convidados a participarem de uma Comunidade Virtual, via SIGAA (APÊNDICE A), intitulada: ”Utilização do SIGAA como ferramenta para o ensino sobre Tabagismo”. Devido ao tamanho das turmas (52 alunos) e apenas um professor (pesquisador principal) para dar suporte à estratégia, foi realizado um sorteio, em comum acordo com os estudantes, contemplando metade de cada turma para participar do estudo, sendo 26 da T1 e 26 da T2. Na ocasião foi acordado com os estudantes que o tema Tabagismo não faria parte da avaliação regular do componente curricular DDSR.

Inicialmente foi explicado aos 26 estudantes como seria a estratégia. A partir daí, estes receberam uma vez por semana, vídeos, links, artigos científicos e outros textos sobre diversos tópicos do Tabagismo, sendo disponibilizados sete dias para comentários e perguntas (Quadro 1). Cada um dos tópicos tinha objetivos de aprendizagem a serem alcançados durante a discussão com o professor (pesquisador principal): por exemplo, em relação ao Tabagismo Passivo, orientar como um paciente deve proceder para se proteger dos danos causados e conhecer as principais enfermidades que podem acometê-los. Decorrido esse tempo, foram enviadas as respostas comentadas, além de links confiáveis e gratuitos, para que pudessem estudar mais sobre o assunto da semana, ficando a discussão disponível para todos os integrantes da Comunidade Virtual.

(28)

27

Quadro 1 - Tópicos sobre Tabagismo abordados semanalmente na Comunidade Virtual via SIGAA

Semana 1 Vídeo sobre introdução ao tema Tabagismo

Objetivo: Reconhecer o Tabagismo como problema de saúde pública mundial

Semana 2 Artigo sobre as consequências do Tabagismo

Objetivos: Reconhecer as diversas patologias causadas pelo Tabagismo e orientar os pacientes sobre as mesmas

Semana 3 Vídeo e link sobre Tabagismo Passivo

Objetivo: Orientar os pacientes sobre como se proteger dos danos causados pelo Tabagismo

Semana 4 Vídeo e link sobre Câncer de Pulmão e Tabagismo

Objetivos: Reconhecer o Tabagismo como a principal causa de Câncer de Pulmão e informar aos pacientes sobre os principais sinais e sintomas da doença

Semana 5 Vídeo e link sobre cigarros eletrônicos

Objetivo: Conhecer o funcionamento dos cigarros eletrônicos e como podem afetar o Sistema Respiratório

Semana 6 Vídeo e artigo sobre o uso do Narguillé

Objetivo: Reconhecer os malefícios causados pelo Narguillé Semana 7 Vídeo e link sobre abstinência e Tabagismo

Objetivos: Reconhecer os sinais e sintomas da abstinência tabágica e saber orientar os pacientes

Semana 8 Vídeo e artigo sobre gravidez e Tabagismo

Reconhecer e informar os riscos do Tabagismo à curto, médio e longo prazo, durante a gravidez e após o nascimento

Fonte: Elaborado pela autora (2020).

3.1.2 Utilização do projeto de Extensão “Grupo de Tabagismo do HUOL - UFRN” no componente curricular obrigatório “Disciplina de Doenças do Sistema Respiratório”

Para a segunda turma participante do estudo (T2), outra estratégia educacional foi também utilizada para o ensino sobre o Tabagismo: o Projeto de Extensão

(29)

28

denominado “Grupo de Tabagismo do Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL)”, foi inserido no componente curricular DDSR como atividade obrigatória para todos os alunos nesse semestre, configurando assim a chamada "Curricularização" da Extensão Universitária. Vale salientar que a utilização do Projeto de Extensão A estratégia, pensada inicialmente para as duas turmas, (T1 e T2), como dependia do cumprimento das exigências do Ministério da Saúde - MS (infraestrutura de espaço físico nos ambulatórios e liberação de medicamentos para o funcionamento de Grupos de Tabagismo), não foi possível ser implementada na T1, pois não houve tempo de aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP).

Dessa forma, os 26 alunos do componente curricular DDSR participantes do estudo (T2), frequentaram as reuniões do grupo de Tabagismo, que aconteceram uma vez por semana, conforme recomendado pelo Ministério da Saúde. As reuniões foram coordenadas por um professor (pesquisador principal), juntamente com uma equipe multidisciplinar: um enfermeiro do setor da Psiquiatria/Pneumologia, uma psiquiatra, uma nutricionista, uma psicóloga e um educador físico. Os alunos passaram em média três vezes pelo Grupo de Tabagismo, participando ativamente das atividades inseridas no Projeto. Ao final de cada reunião, os alunos deveriam ser capazes de alcançar os objetivos de aprendizagem (Quadro 2).

Quadro 2 - Tópicos discutidos durante as reuniões do Grupo de Tabagismo do HUOL – UFRN

Semana1 Apresentação equipe/pacientes. Vídeo introdutório sobre o Tabagismo. Relato da história de Tabagismo dos pacientes. Escolha do tratamento.

Objetivos: Reconhecer o conceito de equipe multidisciplinar e reconhecer a importância do contexto social do paciente

Semana 2 Conversa com os pacientes. Vídeo sobre Síndrome de Abstinência. Objetivo: Reconhecer os sinais e sintomas da abstinência tabágica e saber como orientar os pacientes

Semana 3 Conversa com os pacientes. Psicólogo

Objetivo: Reconhecer quando os pacientes que devem ser encaminhados para uma avaliação psiquiátrica

(30)

29

Objetivo: Reconhecer a importância da atividade física para a cessação do tabaco

Semana 5 Conversa com os pacientes. Decisão sobre terapia combinada Nutricionista.

Objetivo: Reconhecer os pacientes candidatos ao uso de terapia combinada

Semana 6 Conversa com os pacientes. Encerramento com toda a equipe. Café da manhã.

Objetivo: Observar a evolução dos pacientes ao final desses encontros

Fonte: Elaborado pela autora (2020).

3.2 Descrição da avaliação das intervenções

Para avaliar a percepção dos estudantes sobre as estratégias educacionais utilizadas para o ensino sobre Tabagismo (Comunidade Virtual e Grupo de Tabagismo do HUOL), sobre cada uma delas, foram enviadas Escalas Likert ao final do estudo (APÊNDICE B).

3.3 Análise estatística

O banco de dados foi construído em formato EXCEL, versão 2017, para realização das tabelas descritivas e aplicação de testes estatísticos utilizou-se o software estatístico livre R, versão 3.2.0.

Foi feita uma análise por meio de distribuições de frequências absolutas e relativas (%). Nas variáveis quantitativas utilizou-se as medidas de tendência e de dispersão dos dados, como por exemplo: mínimo, máximo, média e desvio padrão.

Na comparação dos itens sobre a Comunidade Virtual via SIGAA entre as turmas, aplicou-se o teste Qui-quadrado, que permite avaliar se as variáveis estão relacionadas, ou o teste Exato de Fisher, para o caso de valores esperados inferiores a 5%. Para todos os testes estatísticos realizados, o nível de significância foi de 5%.

(31)

30

3.4 Aspectos éticos

A participação dos estudantes no estudo foi voluntária e sem ajuda de custo, exceto quanto a participação na comunidade virtual que, por ser curricular, todos teriam que participar. Todos assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) – (APÊNDICE C). Foi informado a todos os estudantes que a participação ou não no estudo não implicaria no resultado final da avaliação individual no componente curricular DDSR.

O estudo foi submetido e aprovado ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da UFRN – Natal (CAAE de número 81965518400005292 e aprovado com parecer de número: 2484510) – (ANEXO A).

(32)

31

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Utilização da Comunidade Virtual via SIGAA para o ensino sobre o tabagismo na graduação em medicina

A Tabela 1 apresenta os dados sócio-demográficos das duas turmas participantes do estudo. Observa-se uma discreta predominância do sexo masculino. A média (DP) de idade dos participantes foi de 23,37 anos, sendo idade mínima e máxima de 21 e 27 anos, respectivamente. Um aluno da T1 e dois alunos da T2, foram excluídos do estudo, pois não participaram em nenhuma ocasião da Comunidade Virtual.

Tabela 1 - Características sócio-demográficas dos estudantes participantes da pesquisa (T1 e T2)

Perfil do entrevistado Frequência

absoluta % Turma 1º semestre (T1) 25 51,02 2º semestre (T2) 24 48,98 Sexo Masculino 25 51,02 Feminino 24 48,98

Faixa etária Até 23 anos 30 61,22

Acima de 23 anos 19 38,78

Fonte: Elaborado pela autora (2020).

Nas duas turmas (T1 e T2) observou-se um comportamento similar dos estudantes em relação a participação das discussões dos vários tópicos disponibilizados na Comunidade Virtual via SIGAA: nas três primeiras semanas, houve uma boa discussão em torno dos tópicos propostos, com perguntas e observações da parte deles, gerando uma discussão sobre o Tabagismo, com uma média de participação de 15 alunos em algum momento da discussão, em ambas as turmas.

Nas quarta e quinta semanas, notou-se uma diminuição do número de estudantes que questionavam ou debatiam sobre os tópicos ofertados, mas ainda aconteceram algumas discussões, inclusive com pedido de que mais material fosse disponibilizado.

(33)

32

Nas três últimas semanas do estudo, houve pouquíssima participação dos estudantes nesse período (em média 5 nas duas turmas), pouca interação com o professor (pesquisador principal), ficando assim prejudicada a discussão dos tópicos.

Sobre a frequência de participação dos alunos Comunidade Virtual via SIGAA, observou-se que a maioria dos alunos (48% da T1 e aproximadamente 71% da T2), participou menos de 30% das vezes em que os tópicos sobre Tabagismo foram lançados para estudo, como mostra a Tabela 1. Observa-se que não houve diferença estatisticamente significante entre a T1 e T2 quanto à participação na Comunidade Virtual via SIGAA, mesmo com números tão diferentes, o que pode ser explicado pelo tamanho da amostra.

Tabela 2 - Frequência de participação dos alunos, nas discussões sobre Tabagismo na Comunidade Virtual via SIGAA

Resposta Turmas Valor-p

1ª semestre (2018) – T1 2º Semestre (2018) - T2 Menos de 30% 48,00% (n=12) 70,83% (n=17) 0,116* Entre 30% e 50% 44,00% (n=11) 16,67% (n=4) Mais de 50% 8,00% (n=2) 12,50% (n=3) Total 100,00% (n=25) 100,00% (n=24) *Teste Qui-quadrado

Fonte: Elaborado pela autora (2020).

Esse estudo aponta para a dificuldade que ainda se observa no uso de tecnologias educacionais, especialmente quanto à Plataforma SIGAA, criada pela UFRN e amplamente disponível para docentes e discentes da instituição. Nesse sentido, em relação à utilização da Comunidade Virtual via SIGAA, foi visto que a adesão dos estudantes à manutenção semanal de uma discussão de tópicos sobre Tabagismo foi menor que a esperada. Vale salientar que a descrição das interações se refere ao número de alunos que participaram, sem levar em consideração as repetições.

Dentre os tópicos abordados, os que se referiam a Tabagismo Passivo, Síndrome de Abstinência, Câncer de Pulmão e Tratamento do Tabagismo, foram alguns dos que suscitaram discussões e questionamentos. É fato que aulas teóricas tradicionais são ainda as mais utilizadas no curso de medicina, não sendo diferente no componente curricular DDSR e, é possível que isso contribua para a baixa adesão a esse formato de ensino proposto no estudo.

(34)

33

Duas reflexões devem ser feitas, quanto à baixa participação nessa atividade no presente estudo: primeiro, o fato de não ter sido programado algo que os alertasse para a participação semanal na atividade, justamente para que se sentissem livres para participar do estudo. Segundo, a não atribuição de notas ou pontos para atividade no conceito final do componente DDSR; isso não seria possível, pois somente a metade da turma participou do estudo, em decorrência das dificuldades operacionais do pesquisador principal.

Uma revisão sistemática mostrou, em 14 estudos selecionados sobre o uso de mídias em educação médica, que essas ferramentas foram associadas a um melhor conhecimento (exemplo, notas nos exames), atitudes (exemplo, empatia) e habilidades (exemplo, escrita reflexiva) por parte dos estudantes. Os desafios mais citados nesses estudos foram participação variável dos alunos, questões técnicas e preocupações com privacidade/segurança. Estes últimos, algumas vezes são fatores que podem contribuir para o afastamento dos alunos dessas ferramentas para consultas23.

O estudo recente, utilizando o “Interactive Spaced Education”, realizado no componente curricular DDSR, também avaliou a percepção do estudante quanto a utilização da ferramenta ISE, além de avaliar se houve melhora da aprendizagem em temas de Pneumologia. Nesse estudo todos faziam um pré e pós-teste e recebiam os questionários duas vezes por semana, durante 12 semanas via e-mail. Concomitantemente, todos os participantes, também recebiam o conteúdo do componente DDSR pelo método convencional. Ao final observou-se que a ferramenta ISE teve uma boa aceitação por parte dos estudantes, com cerca de 84% deles considerando que houve uma contribuição desta para um melhor aprendizado. Um dos pontos que o diferencia do presente estudo, foi o fato de ter sido a atribuído nota ao conceito final do componente curricular, o que pode ter contribuído para a maior adesão dos estudantes15.

Estratégias de ensino que utilizam as TEs, são hoje uma realidade nas IEs do Brasil e em todo o mundo. No Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL), por exemplo, desde 2011, a Rede Universitária de Telemedicina é uma iniciativa que visa a apoiar o aprimoramento da infraestrutura para Telemedicina já existente em hospitais universitários. A RUTE do HUOL é uma ferramenta de aprendizagem para estudantes e médicos residentes deste hospital que acompanham discussões clínicas e procedimentos cirúrgicos, em tempo real. Na sala da telemedicina do HUOL também

(35)

34

é possível disponibilizar o serviço de Teleconsulta, favorecendo diretamente os pacientes, tanto do HUOL como de outros hospitais do Estado, evitando o deslocamento de pacientes do interior para a capital12.

A Tabela 3 apresenta o resultado da percepção dos alunos sobre a utilização da Comunidade Virtual via SIGAA. Observa-se que não houve diferença estatisticamente significante entre os itens avaliados comparando as duas turmas. Tabela 3 - Percepção dos alunos das turmas T1 e T2 sobre a participação na Comunidade Virtual conforme escala Likert

Itens avaliados Turmas Valor-p

T1 T2

A abordagem do tema Tabagismo pela COMUNIDADE VIRTUAL via SIGAA foi importante para o seu processo

de aprendizagem. Concordo 100,00% (n=25) 100,00% (n=24) ---

A leitura dos temas via SIGAA facilitou as respostas da

avaliação sobre Tabagismo ao final Concordo 100,00% (n=25) 100,00% (n=24) ---

Os tópicos abordados via SIGAA foram, em sua maioria,

relevantes para o seu aprendizado Concordo 100,00% (n=25) 100,00% (n=24) ---

A Abordagem de conteúdo via SIGAA é prática, rápida e

fácil Concordo 100,00% (n=25) 100,00% (n=24) ---

O ensino via SIGAA foi mais produtivo e didático do que

aulas teóricas convencionais Concordo 100,00% (n=25) 100,00% (n=24) ---

Após a utilização da estratégia via SIGAA, sente mais segurança em abordar pacientes tabagista e

ex-tabagistas Concordo 100,00% (n=25) 100,00% (n=24) ---

Os alunos de medicina da UFRN possuem o hábito de estudar via SIGAA

Discordo 44,00% (n=11) 41,67% (n=10)

0,869 (1)

Concordo 56,00% (n=14) 58,33% (n=14)

Os docentes de Medicina da UFRN possuem o hábito de ensinar via SIGAA

Discordo 48,00% (n=12) 45,83% (n=11)

0,879 (1)

Concordo 52,00% (n=13) 54,17% (n=13

O SIGAA deveria ser mais utilizado na graduação do curso de Medicina da UFRN

Discordo 8,00% (n=2) 12,50% (n=3)

0,667 (2)

Concordo 92,00% (n=23) 87,50% (n=21)

A maioria dos tópicos abordados via Comunidade virtual - SIGAA, já haviam sido expostos em algum

momento do curso Discordo 88,00% (n=22) 91,67% (n=22) 1,000 (2) Concordo 12,00% (n=3) 8,33% (n=2) Total 100,00% (n=25) 100,00% (n=24) (1) Teste QuiQuadrado

(2) Teste Exato de Fischer

Obs: Concordo: concordo totalmente+concordo parcialmente e Discordo: discordo totalmente e discordo parcialmente

Fonte: Elaborado pela autora (2020).

Embora a participação dos alunos tenha sido pequena na Comunidade Virtual, a maioria destes concordou ter havido ganho no aprendizado, além do que, a ferramenta foi considerada prática, rápida e fácil de ser utilizada.

(36)

35

segundo ao sexto ano, sobre utilização TICs para aprendizado, mostrou que 85% dos deles possuem dispositivos móveis com acesso à internet. As principais ferramentas apontadas como auxiliares no aprendizado foram as páginas da Web, Google drive® e Dropbox®. Os autores concluíram que as TICs são utilizadas de forma cotidiana e frequente pelo estudante de medicina. A inserção destas no processo de ensino-aprendizagem parece ser uma estratégia inovadora e interessante como facilitadora na educação permanente, tomada de decisões, atualização do conhecimento, aproximando o estudante dos assuntos médicos de forma rápida, segura, interativa e diversificada24.

O fácil acesso e o domínio que os jovens têm dos dispositivos móveis, pode ter contribuído para os estudantes considerarem a Comunidade Virtual via SIGAA uma estratégia prática, didática e que pode levar a ganho no aprendizado no presente estudo. Outro estudo, com quatro escolas de medicina no Canadá, demonstrou que estudantes, médicos residentes, instrutores clínicos e professores estão usando seus dispositivos móveis para responder a perguntas clínicas de várias maneiras. O estudo investigou os tipos de informações procuradas, facilitadores para o uso de dispositivos móveis na busca de informações médicas, barreiras ao acesso, necessidades de suporte, familiaridade com os recursos licenciados institucionalmente e os recursos mais usados. Os estudantes de terceiro e quarto ano de graduação e os médicos residentes, em comparação com outros estudantes de pós-graduação e professores, usavam seus dispositivos móveis com mais frequência, em uma ampla variedade de atividades e adquiriam mais recursos para seus dispositivos. Ao que parece, os dispositivos móveis terão uma presença cada vez maior na educação médica e na prática da medicina e barreiras ao acesso e falta de conscientização podem impedi-los de usar recursos confiáveis e licenciados pelas bibliotecas da Universidades25.

Os alunos concordaram que se sentem mais seguros em abordar pacientes tabagistas e ex-tabagistas após as discussões pela Comunidade Virtual. Estudos mostram que o sentimento de auto-eficácia, a crença na própria capacidade de realização, vai alimentando a busca por novas aprendizagens, e maior apreensão de conteúdo. Esse sentimento é dependente do retorno dos professores. Não basta que o aluno tenha bom desempenho, ele precisa ter ciência disso. Nesse sentido, o professor deve atuar como um mediador efetivo entre o discente e os saberes. Deve aproximar os dois, despertando no aluno o desejo de aprender. Essa aproximação, consequentemente faz com que as habilidades, necessidades e dificuldades de cada

(37)

36

discente seja reconhecida e prontamente trabalhada. Com base na teoria da autodeterminação, as necessidades psicológicas básicas compreendem autonomia, competência e relação. Essas três necessidades podem influenciar uma à outra 26,27. Em relação ao uso da plataforma SIGAA como ferramenta de ensino-aprendizagem pelos docentes e discentes do curso de medicina, apenas pouco mais da metade dos alunos, no presente estudo, concordaram que ambos têm hábito de utilizar a plataforma. Esse é um aspecto preocupante, no sentido de que a plataforma SIGAA é uma ferramenta criada pela UFRN e cujos recursos não estão sendo bem aproveitados. Por fim, a grande maioria dos alunos no estudo concordaram que SIGAA, como estratégia de ensino, deveria ser mais utilizado durante o curso de Medicina.

Isso mostra que há interesse dos alunos nesse tipo estratégia educacional. No entanto, para tal, carece fortemente da participação dos professores. A obrigatoriedade para o corpo docente de participar em oficinas de capacitação para uso da plataforma SIGAA com finalidade de ensino, além do Programa de Atualização Pedagógica (PAP) do estágio probatório, poderia ser pensado pelos gestores, com demanda dos próprios departamentos acadêmicos da UFRN.

Em 2015, um estudo que envolveu 82% dos estudantes de medicina da UFRN, mostrou que a maioria deles tem condições de acesso às TICs, tanto em hardware como em software. As bases on-line, Up To Date e SIGAA foram as ferramentas mais utilizadas na instituição. Com relação ao SIGAA, no entanto, havia uma diferença significativa com relação à frequência de acesso entre os anos do curso, sendo maior nos anos iniciais. Esse achado alertava para uma subutilização desse sistema, que pode gerar um ambiente virtual de fácil comunicação entre docente e discente, permitindo, por exemplo, formar grupos, disponibilizar diretrizes atualizadas, esclarecer dúvidas geradas em sala de aula, sendo totalmente disponível para todos28.

Por fim a grande maioria dos alunos discordaram (totalmente + parcialmente), que os tópicos sobre Tabagismo abordados na Comunidade Virtual, ainda não havia sido visto em nenhum momento durante o curso de medicina. Talvez o fato do Tabagismo ser reconhecido como doença em tempo relativamente recente e a resistência de alguns discentes e docentes em enfrentar as questões psicológicas que envolvem esses pacientes tabagistas, expliquem essa lacuna. Além disso,parte do problema pode ser atribuído a algumas dificuldades de adaptação as mudanças

(38)

37

curriculares que propiciam uma visão interdisciplinar sobre o Tabagismo31. Portanto, essa oportunidade mais ampliada de discussão apresentada no presente estudo, pode ser um estimulo para o aprimoramento da estratégia utilizada.

4.2 Utilização do projeto de Extensão “Grupo de Tabagismo do HUOL - UFRN” no componente curricular obrigatório “Disciplina de Doenças do Sistema Respiratório”

A Tabela 4 apresenta dados sócio-demográficos dos participantes do estudo. Tabela 4 - Características sócio-demográficas dos estudantes participantes da pesquisa

Perfil do entrevistado Frequência absoluta % Turma

24 100

Sexo

Masculino 12 50

Feminino 12 50

Fonte: Elaborado pela autora (2020).

A média (DP) de idade dos participantes foi de 23,37 anos, sendo idade mínima e máxima de 21 e 27 anos.

Esse estudo é um dos primeiros no curso de medicina da UFRN a instigar a reflexão sobre a inclusão da extensão universitária como parte de um componente curricular obrigatório. Sobre a participação dos alunos nas reuniões do Grupo de Tabagismo do HUOL, as atividades aconteceram da seguinte forma: no primeiro dia, foi realizado um acolhimento dos pacientes, onde todos se apresentaram (professores, alunos e pacientes) falando do sentimento de estarem ali. A seguir, uma palestra ministrada pelo pesquisador principal, sobre o que é o tabaco, causas da dependência, tratamento e síndrome de abstinência. Depois vídeos sobre estratégias para cessar o vício foram passados e, ao final, os discentes aplicaram o Teste de Fagerström nos pacientes para avaliação do grau de dependência à nicotina. Com isso, a equipe (professores e alunos) discutiu e decidiu pela proposta de tratamento de cada paciente, seja medicamentoso ou não medicamentoso. Os discentes chegaram meio tímidos na primeira vez da reunião do grupo, falaram pouco e não

(39)

38

interagiram muito. Com o passar do primeiro dia do grupo, já na metade do tempo que se possui para a realização do mesmo, foi perceptível que o semblante dos alunos ia se modificando e demonstraram surpresa e interesse em relação às histórias de vida de cada paciente, às causas pelas quais ainda fumavam etc.

Durante os outros dias que participaram das aulas práticas (reuniões do grupo) já chegaram mais falantes e interagindo com todo o grupo, estimulando os pacientes a pararem de fumar, reforçando as sugestões passados pelos professores e até dando relatos de experiência de pessoas próximas a eles. No último dia que participaram, demonstraram tristeza por precisarem se despedir de todos, assim como interesse em saber posteriormente o que aconteceria com os pacientes.

Ao final de cada reunião do grupo, acontecia uma conversa com os alunos, um

feedback, para saber a percepção deles sobre a participação no Projeto. Sempre era

relatado que chegaram receosos, sem saber o que iriam encontrar, que acharam inicialmente que seria cansativo, longo e desinteressante escutar as histórias de vida de cada um por serem pacientes muito difíceis no sentindo psicológico. No entanto, falaram que com o passar do tempo, começaram a se envolver com cada relato e perceberam que existia uma doença muito grave naqueles pacientes e que a mesma deveria e poderia a ser tratada.

Os profissionais da equipe multidisciplinar participaram de diversas formas do Projeto, levando informações mediante dinâmicas, vídeos, e os alunos sempre participaram de todas as atividades propostas. No feedback também falaram da percepção da importância de uma equipe coesa, unida e interessada no paciente, assim como da importância de todos os profissionais para o sucesso do grupo.

Quanto à percepção dos alunos sobre a participação no Grupo de Tabagismo, todos tiveram respostas similares concordando (totalmente + parcialmente) com as afirmativas abaixo. Apenas quanto aos tópicos abordados já terem sido vistos em outras ocasiões durante o curso, todos os alunos discordaram totalmente, conforme mostra a Tabela 5.

(40)

39

Tabela 5 - Percepção dos alunos da segunda turma (T2) sobre a participação no Projeto de Extensão: “Grupo de Tabagismo do HUOL” conforme escala Likert.

Obs: Concordo: concordo totalmente+concordo parcialmente e Discordo: discordo totalmente e discordo parcialmente.

Fonte: Elaborado pela autora (2020).

No presente estudo, o Projeto de Extensão denominado “Grupo de Tabagismo do HUOL” foi utilizado como uma estratégia para o ensino do Tabagismo. O entendimento dos docentes do componente curricular DDSR ao incluir a Extensão Universitária com uma carga horária obrigatória no referido componente, se deu por uma proposta do pesquisador principal deste estudo, no sentido de aproximar os estudantes e médicos residentes do tema Tabagismo, por observar as dificuldades destes em lidar com pacientes que chegam com esse problema.

Essa iniciativa também vem ao encontro do propósito da UFRN, que começou a indicar alguns caminhos para a chamada “curricularização” da Extensão Universitária, especialmente pelo crescimento e importância desse pilar da na instituição nos últimos anos, conforme consta nos diversos Programas Institucionais, Projetos, Cursos e Eventos protagonizados pela Pró-Reitoria de Extenção22.

A chamada “curricularização” da extensão universitária desafia as instituições de ensino superior brasileiras a repensarem suas concepções e práticas extensionistas, o currículo e o papel da universidade na sociedade. Mais ainda, trata-se de uma oportunidade para reformular os processos de formação da graduação, saindo da esfera dicotomizada teoria-prática com a proposição de processos integrados de natureza interdisciplinar, político-educacional, cultural, científica e

Itens avaliados Resposta Frequência %

A passagem pelo grupo de Tabagismo foi importante para o seu processo

de aprendizagem Concordo 24 100,00

A passagem pelo grupo de Tabagismo facilitou as respostas na avaliação

ao final Concordo 24 100,00

Os tópicos específicos abordados no grupo de Tabagismo foram, em sua

maioria, relevantes para o aprendizado Concordo 24 100,00 O contato com pacientes tabagistas e ex-tabagistas foi relevante para

entender mais sobre o tema/problema Concordo 24 100,00 O grupo de Tabagismo foi didático Concordo 24 100,00

Participar do grupo de Tabagismo foi prazeroso Concordo 24 100,00

Os alunos aprendem mais com exemplos práticos sobre as doenças Concordo 24 100,00

Todas as disciplinas deveriam ter momentos práticos durante o ensino Concordo 24 100,00

Após a passagem pelo grupo de tabagismo, sente mais confiança em

abordar pacientes tabagistas e ex-tabagistas Concordo 24 100,00 A maioria dos assuntos abordados no grupo de Tabagismo, já haviam sido

Referências

Documentos relacionados

Entretanto, é evidenciado uma menor quantidade de células CD4+ e CD8+ nos pulmões dos animais P2X7RKO infectados com a cepa Beijing 1471 em relação àqueles dos camundongos

Nesse sentido, Ridola (2014) afirma o Estado possui como dever, perante a sociedade, a criação de condições que permitam o devido exercício da dignidade.. Entretanto,

5 “A Teoria Pura do Direito é uma teoria do Direito positivo – do Direito positivo em geral, não de uma ordem jurídica especial” (KELSEN, Teoria pura do direito, p..

O Conselho Federal de Psicologia (CFP) apresenta à categoria e à sociedade em geral o documento de Referências Técnicas para a Prática de Psicólogas(os) em Programas de atenção

É importante destacar também que, a formação que se propõem deve ir além da capacitação dos professores para o uso dos LIs (ainda que essa etapa.. seja necessária),

Atualmente existem em todo o mundo 119 milhões de hectarS destinados a plantações florestais, dos quais 8,2 milhões na América do Sul. No Brasil, em 1997 havia cerca de 4,7 milhões

Por outro lado, os dados também apontaram relação entre o fato das professoras A e B acreditarem que seus respectivos alunos não vão terminar bem em produção de textos,

O valor da reputação dos pseudônimos é igual a 0,8 devido aos fal- sos positivos do mecanismo auxiliar, que acabam por fazer com que a reputação mesmo dos usuários que enviam