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4.1 Utilização da Comunidade Virtual via SIGAA para o ensino sobre o tabagismo na graduação em medicina

A Tabela 1 apresenta os dados sócio-demográficos das duas turmas participantes do estudo. Observa-se uma discreta predominância do sexo masculino. A média (DP) de idade dos participantes foi de 23,37 anos, sendo idade mínima e máxima de 21 e 27 anos, respectivamente. Um aluno da T1 e dois alunos da T2, foram excluídos do estudo, pois não participaram em nenhuma ocasião da Comunidade Virtual.

Tabela 1 - Características sócio-demográficas dos estudantes participantes da pesquisa (T1 e T2)

Perfil do entrevistado Frequência

absoluta % Turma 1º semestre (T1) 25 51,02 2º semestre (T2) 24 48,98 Sexo Masculino 25 51,02 Feminino 24 48,98

Faixa etária Até 23 anos 30 61,22

Acima de 23 anos 19 38,78

Fonte: Elaborado pela autora (2020).

Nas duas turmas (T1 e T2) observou-se um comportamento similar dos estudantes em relação a participação das discussões dos vários tópicos disponibilizados na Comunidade Virtual via SIGAA: nas três primeiras semanas, houve uma boa discussão em torno dos tópicos propostos, com perguntas e observações da parte deles, gerando uma discussão sobre o Tabagismo, com uma média de participação de 15 alunos em algum momento da discussão, em ambas as turmas.

Nas quarta e quinta semanas, notou-se uma diminuição do número de estudantes que questionavam ou debatiam sobre os tópicos ofertados, mas ainda aconteceram algumas discussões, inclusive com pedido de que mais material fosse disponibilizado.

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Nas três últimas semanas do estudo, houve pouquíssima participação dos estudantes nesse período (em média 5 nas duas turmas), pouca interação com o professor (pesquisador principal), ficando assim prejudicada a discussão dos tópicos.

Sobre a frequência de participação dos alunos Comunidade Virtual via SIGAA, observou-se que a maioria dos alunos (48% da T1 e aproximadamente 71% da T2), participou menos de 30% das vezes em que os tópicos sobre Tabagismo foram lançados para estudo, como mostra a Tabela 1. Observa-se que não houve diferença estatisticamente significante entre a T1 e T2 quanto à participação na Comunidade Virtual via SIGAA, mesmo com números tão diferentes, o que pode ser explicado pelo tamanho da amostra.

Tabela 2 - Frequência de participação dos alunos, nas discussões sobre Tabagismo na Comunidade Virtual via SIGAA

Resposta Turmas Valor-p

1ª semestre (2018) – T1 2º Semestre (2018) - T2 Menos de 30% 48,00% (n=12) 70,83% (n=17) 0,116* Entre 30% e 50% 44,00% (n=11) 16,67% (n=4) Mais de 50% 8,00% (n=2) 12,50% (n=3) Total 100,00% (n=25) 100,00% (n=24) *Teste Qui-quadrado

Fonte: Elaborado pela autora (2020).

Esse estudo aponta para a dificuldade que ainda se observa no uso de tecnologias educacionais, especialmente quanto à Plataforma SIGAA, criada pela UFRN e amplamente disponível para docentes e discentes da instituição. Nesse sentido, em relação à utilização da Comunidade Virtual via SIGAA, foi visto que a adesão dos estudantes à manutenção semanal de uma discussão de tópicos sobre Tabagismo foi menor que a esperada. Vale salientar que a descrição das interações se refere ao número de alunos que participaram, sem levar em consideração as repetições.

Dentre os tópicos abordados, os que se referiam a Tabagismo Passivo, Síndrome de Abstinência, Câncer de Pulmão e Tratamento do Tabagismo, foram alguns dos que suscitaram discussões e questionamentos. É fato que aulas teóricas tradicionais são ainda as mais utilizadas no curso de medicina, não sendo diferente no componente curricular DDSR e, é possível que isso contribua para a baixa adesão a esse formato de ensino proposto no estudo.

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Duas reflexões devem ser feitas, quanto à baixa participação nessa atividade no presente estudo: primeiro, o fato de não ter sido programado algo que os alertasse para a participação semanal na atividade, justamente para que se sentissem livres para participar do estudo. Segundo, a não atribuição de notas ou pontos para atividade no conceito final do componente DDSR; isso não seria possível, pois somente a metade da turma participou do estudo, em decorrência das dificuldades operacionais do pesquisador principal.

Uma revisão sistemática mostrou, em 14 estudos selecionados sobre o uso de mídias em educação médica, que essas ferramentas foram associadas a um melhor conhecimento (exemplo, notas nos exames), atitudes (exemplo, empatia) e habilidades (exemplo, escrita reflexiva) por parte dos estudantes. Os desafios mais citados nesses estudos foram participação variável dos alunos, questões técnicas e preocupações com privacidade/segurança. Estes últimos, algumas vezes são fatores que podem contribuir para o afastamento dos alunos dessas ferramentas para consultas23.

O estudo recente, utilizando o “Interactive Spaced Education”, realizado no componente curricular DDSR, também avaliou a percepção do estudante quanto a utilização da ferramenta ISE, além de avaliar se houve melhora da aprendizagem em temas de Pneumologia. Nesse estudo todos faziam um pré e pós-teste e recebiam os questionários duas vezes por semana, durante 12 semanas via e-mail. Concomitantemente, todos os participantes, também recebiam o conteúdo do componente DDSR pelo método convencional. Ao final observou-se que a ferramenta ISE teve uma boa aceitação por parte dos estudantes, com cerca de 84% deles considerando que houve uma contribuição desta para um melhor aprendizado. Um dos pontos que o diferencia do presente estudo, foi o fato de ter sido a atribuído nota ao conceito final do componente curricular, o que pode ter contribuído para a maior adesão dos estudantes15.

Estratégias de ensino que utilizam as TEs, são hoje uma realidade nas IEs do Brasil e em todo o mundo. No Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL), por exemplo, desde 2011, a Rede Universitária de Telemedicina é uma iniciativa que visa a apoiar o aprimoramento da infraestrutura para Telemedicina já existente em hospitais universitários. A RUTE do HUOL é uma ferramenta de aprendizagem para estudantes e médicos residentes deste hospital que acompanham discussões clínicas e procedimentos cirúrgicos, em tempo real. Na sala da telemedicina do HUOL também

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é possível disponibilizar o serviço de Teleconsulta, favorecendo diretamente os pacientes, tanto do HUOL como de outros hospitais do Estado, evitando o deslocamento de pacientes do interior para a capital12.

A Tabela 3 apresenta o resultado da percepção dos alunos sobre a utilização da Comunidade Virtual via SIGAA. Observa-se que não houve diferença estatisticamente significante entre os itens avaliados comparando as duas turmas. Tabela 3 - Percepção dos alunos das turmas T1 e T2 sobre a participação na Comunidade Virtual conforme escala Likert

Itens avaliados Turmas Valor-p

T1 T2

A abordagem do tema Tabagismo pela COMUNIDADE VIRTUAL via SIGAA foi importante para o seu processo

de aprendizagem. Concordo 100,00% (n=25) 100,00% (n=24) ---

A leitura dos temas via SIGAA facilitou as respostas da

avaliação sobre Tabagismo ao final Concordo 100,00% (n=25) 100,00% (n=24) ---

Os tópicos abordados via SIGAA foram, em sua maioria,

relevantes para o seu aprendizado Concordo 100,00% (n=25) 100,00% (n=24) ---

A Abordagem de conteúdo via SIGAA é prática, rápida e

fácil Concordo 100,00% (n=25) 100,00% (n=24) ---

O ensino via SIGAA foi mais produtivo e didático do que

aulas teóricas convencionais Concordo 100,00% (n=25) 100,00% (n=24) ---

Após a utilização da estratégia via SIGAA, sente mais segurança em abordar pacientes tabagista e ex-

tabagistas Concordo 100,00% (n=25) 100,00% (n=24) ---

Os alunos de medicina da UFRN possuem o hábito de estudar via SIGAA

Discordo 44,00% (n=11) 41,67% (n=10)

0,869 (1)

Concordo 56,00% (n=14) 58,33% (n=14)

Os docentes de Medicina da UFRN possuem o hábito de ensinar via SIGAA

Discordo 48,00% (n=12) 45,83% (n=11)

0,879 (1)

Concordo 52,00% (n=13) 54,17% (n=13

O SIGAA deveria ser mais utilizado na graduação do curso de Medicina da UFRN

Discordo 8,00% (n=2) 12,50% (n=3)

0,667 (2)

Concordo 92,00% (n=23) 87,50% (n=21)

A maioria dos tópicos abordados via Comunidade virtual - SIGAA, já haviam sido expostos em algum

momento do curso Discordo 88,00% (n=22) 91,67% (n=22) 1,000 (2) Concordo 12,00% (n=3) 8,33% (n=2) Total 100,00% (n=25) 100,00% (n=24) (1) Teste QuiQuadrado

(2) Teste Exato de Fischer

Obs: Concordo: concordo totalmente+concordo parcialmente e Discordo: discordo totalmente e discordo parcialmente

Fonte: Elaborado pela autora (2020).

Embora a participação dos alunos tenha sido pequena na Comunidade Virtual, a maioria destes concordou ter havido ganho no aprendizado, além do que, a ferramenta foi considerada prática, rápida e fácil de ser utilizada.

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segundo ao sexto ano, sobre utilização TICs para aprendizado, mostrou que 85% dos deles possuem dispositivos móveis com acesso à internet. As principais ferramentas apontadas como auxiliares no aprendizado foram as páginas da Web, Google drive® e Dropbox®. Os autores concluíram que as TICs são utilizadas de forma cotidiana e frequente pelo estudante de medicina. A inserção destas no processo de ensino- aprendizagem parece ser uma estratégia inovadora e interessante como facilitadora na educação permanente, tomada de decisões, atualização do conhecimento, aproximando o estudante dos assuntos médicos de forma rápida, segura, interativa e diversificada24.

O fácil acesso e o domínio que os jovens têm dos dispositivos móveis, pode ter contribuído para os estudantes considerarem a Comunidade Virtual via SIGAA uma estratégia prática, didática e que pode levar a ganho no aprendizado no presente estudo. Outro estudo, com quatro escolas de medicina no Canadá, demonstrou que estudantes, médicos residentes, instrutores clínicos e professores estão usando seus dispositivos móveis para responder a perguntas clínicas de várias maneiras. O estudo investigou os tipos de informações procuradas, facilitadores para o uso de dispositivos móveis na busca de informações médicas, barreiras ao acesso, necessidades de suporte, familiaridade com os recursos licenciados institucionalmente e os recursos mais usados. Os estudantes de terceiro e quarto ano de graduação e os médicos residentes, em comparação com outros estudantes de pós-graduação e professores, usavam seus dispositivos móveis com mais frequência, em uma ampla variedade de atividades e adquiriam mais recursos para seus dispositivos. Ao que parece, os dispositivos móveis terão uma presença cada vez maior na educação médica e na prática da medicina e barreiras ao acesso e falta de conscientização podem impedi- los de usar recursos confiáveis e licenciados pelas bibliotecas da Universidades25.

Os alunos concordaram que se sentem mais seguros em abordar pacientes tabagistas e ex-tabagistas após as discussões pela Comunidade Virtual. Estudos mostram que o sentimento de auto-eficácia, a crença na própria capacidade de realização, vai alimentando a busca por novas aprendizagens, e maior apreensão de conteúdo. Esse sentimento é dependente do retorno dos professores. Não basta que o aluno tenha bom desempenho, ele precisa ter ciência disso. Nesse sentido, o professor deve atuar como um mediador efetivo entre o discente e os saberes. Deve aproximar os dois, despertando no aluno o desejo de aprender. Essa aproximação, consequentemente faz com que as habilidades, necessidades e dificuldades de cada

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discente seja reconhecida e prontamente trabalhada. Com base na teoria da autodeterminação, as necessidades psicológicas básicas compreendem autonomia, competência e relação. Essas três necessidades podem influenciar uma à outra 26,27. Em relação ao uso da plataforma SIGAA como ferramenta de ensino- aprendizagem pelos docentes e discentes do curso de medicina, apenas pouco mais da metade dos alunos, no presente estudo, concordaram que ambos têm hábito de utilizar a plataforma. Esse é um aspecto preocupante, no sentido de que a plataforma SIGAA é uma ferramenta criada pela UFRN e cujos recursos não estão sendo bem aproveitados. Por fim, a grande maioria dos alunos no estudo concordaram que SIGAA, como estratégia de ensino, deveria ser mais utilizado durante o curso de Medicina.

Isso mostra que há interesse dos alunos nesse tipo estratégia educacional. No entanto, para tal, carece fortemente da participação dos professores. A obrigatoriedade para o corpo docente de participar em oficinas de capacitação para uso da plataforma SIGAA com finalidade de ensino, além do Programa de Atualização Pedagógica (PAP) do estágio probatório, poderia ser pensado pelos gestores, com demanda dos próprios departamentos acadêmicos da UFRN.

Em 2015, um estudo que envolveu 82% dos estudantes de medicina da UFRN, mostrou que a maioria deles tem condições de acesso às TICs, tanto em hardware como em software. As bases on-line, Up To Date e SIGAA foram as ferramentas mais utilizadas na instituição. Com relação ao SIGAA, no entanto, havia uma diferença significativa com relação à frequência de acesso entre os anos do curso, sendo maior nos anos iniciais. Esse achado alertava para uma subutilização desse sistema, que pode gerar um ambiente virtual de fácil comunicação entre docente e discente, permitindo, por exemplo, formar grupos, disponibilizar diretrizes atualizadas, esclarecer dúvidas geradas em sala de aula, sendo totalmente disponível para todos28.

Por fim a grande maioria dos alunos discordaram (totalmente + parcialmente), que os tópicos sobre Tabagismo abordados na Comunidade Virtual, ainda não havia sido visto em nenhum momento durante o curso de medicina. Talvez o fato do Tabagismo ser reconhecido como doença em tempo relativamente recente e a resistência de alguns discentes e docentes em enfrentar as questões psicológicas que envolvem esses pacientes tabagistas, expliquem essa lacuna. Além disso,parte do problema pode ser atribuído a algumas dificuldades de adaptação as mudanças

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curriculares que propiciam uma visão interdisciplinar sobre o Tabagismo31. Portanto, essa oportunidade mais ampliada de discussão apresentada no presente estudo, pode ser um estimulo para o aprimoramento da estratégia utilizada.

4.2 Utilização do projeto de Extensão “Grupo de Tabagismo do HUOL - UFRN” no componente curricular obrigatório “Disciplina de Doenças do Sistema Respiratório”

A Tabela 4 apresenta dados sócio-demográficos dos participantes do estudo. Tabela 4 - Características sócio-demográficas dos estudantes participantes da pesquisa

Perfil do entrevistado Frequência absoluta % Turma

24 100

Sexo

Masculino 12 50

Feminino 12 50

Fonte: Elaborado pela autora (2020).

A média (DP) de idade dos participantes foi de 23,37 anos, sendo idade mínima e máxima de 21 e 27 anos.

Esse estudo é um dos primeiros no curso de medicina da UFRN a instigar a reflexão sobre a inclusão da extensão universitária como parte de um componente curricular obrigatório. Sobre a participação dos alunos nas reuniões do Grupo de Tabagismo do HUOL, as atividades aconteceram da seguinte forma: no primeiro dia, foi realizado um acolhimento dos pacientes, onde todos se apresentaram (professores, alunos e pacientes) falando do sentimento de estarem ali. A seguir, uma palestra ministrada pelo pesquisador principal, sobre o que é o tabaco, causas da dependência, tratamento e síndrome de abstinência. Depois vídeos sobre estratégias para cessar o vício foram passados e, ao final, os discentes aplicaram o Teste de Fagerström nos pacientes para avaliação do grau de dependência à nicotina. Com isso, a equipe (professores e alunos) discutiu e decidiu pela proposta de tratamento de cada paciente, seja medicamentoso ou não medicamentoso. Os discentes chegaram meio tímidos na primeira vez da reunião do grupo, falaram pouco e não

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interagiram muito. Com o passar do primeiro dia do grupo, já na metade do tempo que se possui para a realização do mesmo, foi perceptível que o semblante dos alunos ia se modificando e demonstraram surpresa e interesse em relação às histórias de vida de cada paciente, às causas pelas quais ainda fumavam etc.

Durante os outros dias que participaram das aulas práticas (reuniões do grupo) já chegaram mais falantes e interagindo com todo o grupo, estimulando os pacientes a pararem de fumar, reforçando as sugestões passados pelos professores e até dando relatos de experiência de pessoas próximas a eles. No último dia que participaram, demonstraram tristeza por precisarem se despedir de todos, assim como interesse em saber posteriormente o que aconteceria com os pacientes.

Ao final de cada reunião do grupo, acontecia uma conversa com os alunos, um

feedback, para saber a percepção deles sobre a participação no Projeto. Sempre era

relatado que chegaram receosos, sem saber o que iriam encontrar, que acharam inicialmente que seria cansativo, longo e desinteressante escutar as histórias de vida de cada um por serem pacientes muito difíceis no sentindo psicológico. No entanto, falaram que com o passar do tempo, começaram a se envolver com cada relato e perceberam que existia uma doença muito grave naqueles pacientes e que a mesma deveria e poderia a ser tratada.

Os profissionais da equipe multidisciplinar participaram de diversas formas do Projeto, levando informações mediante dinâmicas, vídeos, e os alunos sempre participaram de todas as atividades propostas. No feedback também falaram da percepção da importância de uma equipe coesa, unida e interessada no paciente, assim como da importância de todos os profissionais para o sucesso do grupo.

Quanto à percepção dos alunos sobre a participação no Grupo de Tabagismo, todos tiveram respostas similares concordando (totalmente + parcialmente) com as afirmativas abaixo. Apenas quanto aos tópicos abordados já terem sido vistos em outras ocasiões durante o curso, todos os alunos discordaram totalmente, conforme mostra a Tabela 5.

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Tabela 5 - Percepção dos alunos da segunda turma (T2) sobre a participação no Projeto de Extensão: “Grupo de Tabagismo do HUOL” conforme escala Likert.

Obs: Concordo: concordo totalmente+concordo parcialmente e Discordo: discordo totalmente e discordo parcialmente.

Fonte: Elaborado pela autora (2020).

No presente estudo, o Projeto de Extensão denominado “Grupo de Tabagismo do HUOL” foi utilizado como uma estratégia para o ensino do Tabagismo. O entendimento dos docentes do componente curricular DDSR ao incluir a Extensão Universitária com uma carga horária obrigatória no referido componente, se deu por uma proposta do pesquisador principal deste estudo, no sentido de aproximar os estudantes e médicos residentes do tema Tabagismo, por observar as dificuldades destes em lidar com pacientes que chegam com esse problema.

Essa iniciativa também vem ao encontro do propósito da UFRN, que começou a indicar alguns caminhos para a chamada “curricularização” da Extensão Universitária, especialmente pelo crescimento e importância desse pilar da na instituição nos últimos anos, conforme consta nos diversos Programas Institucionais, Projetos, Cursos e Eventos protagonizados pela Pró-Reitoria de Extenção22.

A chamada “curricularização” da extensão universitária desafia as instituições de ensino superior brasileiras a repensarem suas concepções e práticas extensionistas, o currículo e o papel da universidade na sociedade. Mais ainda, trata- se de uma oportunidade para reformular os processos de formação da graduação, saindo da esfera dicotomizada teoria-prática com a proposição de processos integrados de natureza interdisciplinar, político-educacional, cultural, científica e

Itens avaliados Resposta Frequência %

A passagem pelo grupo de Tabagismo foi importante para o seu processo

de aprendizagem Concordo 24 100,00

A passagem pelo grupo de Tabagismo facilitou as respostas na avaliação

ao final Concordo 24 100,00

Os tópicos específicos abordados no grupo de Tabagismo foram, em sua

maioria, relevantes para o aprendizado Concordo 24 100,00 O contato com pacientes tabagistas e ex-tabagistas foi relevante para

entender mais sobre o tema/problema Concordo 24 100,00 O grupo de Tabagismo foi didático Concordo 24 100,00

Participar do grupo de Tabagismo foi prazeroso Concordo 24 100,00

Os alunos aprendem mais com exemplos práticos sobre as doenças Concordo 24 100,00

Todas as disciplinas deveriam ter momentos práticos durante o ensino Concordo 24 100,00

Após a passagem pelo grupo de tabagismo, sente mais confiança em

abordar pacientes tabagistas e ex-tabagistas Concordo 24 100,00 A maioria dos assuntos abordados no grupo de Tabagismo, já haviam sido

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tecnológica que permitam uma interação transformadora entre as instituições de ensino superior e os outros setores da sociedade, por meio da produção e da aplicação do conhecimento, em articulação permanente com o ensino e a pesquisa.

Dessa forma, a concepção de extensão utilizada aqui se embasa na interação dialógica entre a universidade e setores sociais por meio de uma relação marcada pelo diálogo e troca de saberes, superando-se, assim, o discurso da hegemonia acadêmica e substituindo-o pela ideia de aliança com movimentos, setores e organizações sociais29.

Em fevereiro de 2020, a PROEX participou da semana pedagógica do Departamento de Enfermagem da UFRN. A ideia foi discutir sobre a curricularização da Extensão no Departamento de Enfermagem, ou seja, como modificar o projeto pedagógico para contemplar a implantação de 10% da carga horária do aluno como carga curricular extensionista. Além da semana pedagógica do Departamento de Enfermagem a PROEX, também tem participado de outras reuniões semelhantes para discutir a implantação de ações de extensão nos cursos da UFRN30.

A Universidade brasileira está embasada no tripé ensino, pesquisa e extensão, conforme escrito na Constituição Brasileira de 1988. Essa última consiste em uma ponte entre universidade junto à comunidade externa, disponibilizando, suas atividades advindas dos seus saberes. No entanto, em parte das instituições universitárias, esse tripé ensino, pesquisa e extensão ainda não é levado em conta na prática de muitos docentes, seja porque na graduação a ênfase recai sobre o ensino, ou porque na pós-graduação acentua-se a pesquisa e isso vem sendo objeto de debates e estudos, tanto na graduação como na pós-graduação31.

No presente estudo, a percepção dos alunos sobre a participação no grupo de Tabagismo, foi de que todos concordaram (totalmente + parcialmente) que trouxe ganho no aprendizado geral e em tópicos específicos do Tabagismo e foi considerado didático e prazeroso. Esses resultados são importantes frente à realidade da Extensão como uma parte obrigatória nos componentes curriculares que deve se instalar em

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