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Deficiências minerais em bovinos de Roraima, Brasil I. Zinco e cobalto

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DEFICIENCIAS MINERAIS EM BOVINOS DE RORAIMA, BRASIL 1. ZINCO E COBALTO 1

JULIO CESAR DE SOUSA2 e GILFREDO DARSIE3

RESUMO - Foi feito um levantamento das deficiências minerais em bovinos, de seis regiões localizadas a nordeste do Território Federal de Roraima. Foram amostrados solos, plantas forrageiras e tecido ani-mal (fígado), nas estações seca e chuvosa. Foi encontrada deficiência de Zn nas forrageiras, em todas as regiões estudadas. Os níveis de Zn no fígado dos animais foram baixos em todas as regiões; estas de-ficiências eram mais pronunciadas no período chuvoso (79 ppm em animais adultos e 76 ppm ernjo-vens), Os níveis de Co nos solos em cinco regiões foram 0,32, 0,25, 0,24, 0,18 e 0,12 ppm, e em uma, 0,06 ppm. Nas forrageiras, o nível de Co foi adequado em apenas uma região, mas no tecido hapítico dos animais as concentrações de Co foram normais em todas as regiões. As espécies forrageiras mostra-ram-se deficientes em Zn. O Co foi deficiente em quatro espécies, e adequado às exigências nutricio-nais dos bovinos em outras quatro, de um total de oito espécies amostradas.

Termos para indexação: gado de corte, época seca e chuvosa, nutrição mineral MINERAL DEFICIENCY IN CATTLE OF RORAIMA. BRAZIL

1. Z1NC AND COBALT

ABSTRACT - An experiment was conducted using samples from six regions of the ncrtheast of Rorai-ma Federal Territory, Brazil. The sou, forage, and bovine tissue (liver) were colIected during the wet and dry season of the voar. Forage Zn values were deficient in ali aix regions. Liver Zn was Iow in ali regions, and during the wet season the deficiency was more pronounced (79 ppm in cows and 76 ppm in yeariing animais) thari in the dry season (108 ppm in cows and 115 ppm in yeariing animais).Soui Co in five regions wero 0.32. 0.25, 0.24. 0.18, and 0.12 ppm, and 0.06 ppm in one region oniy Forage Co leveis were adequate in only one region, but tiver Co leveis were normal in ali regions. ,',ii forage species were Zn deficient. Of the eight forage species evaluated for Co content, four were normal and four aeficient,

index terms: beef caule, dry and wet season, mineral nutrition INTRODUÇÃO

Os estudos das deficiências minerais em bovinos de corte são escassos em nosso país, apesar da sua importância para suplementação mineral correta do rebanho.

Deficiências de Zn nos bovinos e em forrageiras no Brasil foram diagnosticadas por Sousa et ai. (1982), em fazendas no norte do Estado de Mato Grosso, e por Sousa et aI. (1983), na região sudeste do Estado de Mato Grosso do Sul.

Deficiências. de Co têm sido encontradas em diversas regiões: Gavillon & Quadros (1966) no Rio Grande do Sul, Gaio et ai. (1974) em São Paulo e Pereira et ai. (1971) em Minas Gerais. Jar-

Aceito para publicação em 21 de outubro de 1985.

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Eng. - Agr., Ph.D., EMBRAPA/Centro Nacionai de Pesquisa de Gado de Corte (CNPGC), Caixa Postal 154, CEP 79100 Campo Grande, MS.

Méd. - Vet., Dept. de Produção Animal, Sec. Agric. do Rio Grande do Sul, Caixa Postal 11003, CEP 90000 Porto Alegre, RS.

dim et ai, (1966), examinando forrageiras nativas do Pantanal mato-grossense em Corumbá, encon-traram níveis médios de 0,03 ppm do Co, nível este considerado deficiente para bovinos. Corrêa et ai. (1971), em São Paulo, diagnosticaram defi-ciência de Co em cordeiros, os quais apresentavam emagrecimento, alopecia e anemia.

No Território Federal de Roraima não existem estudos sobre as deficiências minerais dos bovinos. O rebanho possui baixos índices zootécnicos; a maioria das pastagens é nativa, e a suplementação mineral, deficiente.

Este estudo foi feito com os seguintes objetivos: (a) mapear as deficiências minerais de Zn e Co em seis regiões do nordeste do Territ6rio de Roraima; (b) determinar as interrelações entre os níveis de minerais no solo, nas forrageiras e no tecido ani-mal; (c) comparar os níveis de minerais das diver-sas espécies estudadas; (d) verificar as variações es-tacionais dos níveis de minerais nos solos, forragei-ras e tecido animal, e (e) fazer recomendações so-bre suplementação mineral, com base nos níveis encontrados.

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MATERIAL E MËT000S

Foram selecionadas seis regiões pastoris do Território Federal de Roraima para levantamento das deficiéncias minerais, e em cada região foi escolhida uma fazenda re-presentativa; foram feitas amostragens de solo, forrageira e tecido animal.

As regiões foram selecionadas de acordo com a con-centração bovina e fez-se o histórico de possíveis car€ncias minerais. Cada fazenda dentro da região foi selecionada levando-se em conta a receptividade do criador e a exis-téncia de número suficiente de animais. Caso não fosse possível amostrar uma fazenda escolhida previamente, contactava-se a propriedade vizinha.

O delineamento experimental foi inteiramente casua-lizado, em parcelas subdivididas.

As regiões e fazendas estudadas foram as seguintes: Amajari (fazenda Pernambuco), Mucajai (fazenda Sossego e fazenda Santa iúlia),Caumé (fazenda Aningal), Serra da Lua (fazenda Verdum), Normandie (fazenda Caracaranã) e Surrão (fazenda São Joaquim) (Fig. 1). O levantamento foi feito na estação seca (outubro/abril) e chuvosa (maio/ setembro) de 1980.

Em cada fazenda foram coletadas amostras dos pastos onde os animais estavam por período superior a trôs me-ses. Na mesma ocasião foram coletadas amostras de solo e de tecido (fígado) de vacas em lactação e de animais de um a dois anos de idade. As amostras de fígado foram obtidas por biópsia, segunda a técnica descrita por Chap-man Junior et ai. (1963). As forragciras e o fígado foram processados segundo a metodologia descrita por Fick et ai. (1980). No fígado, nas forrageiras e no solo foram ana-lisados Zn e Co. No solo, o Zn foi extraído com Melhich 1 (112S0 0,025N e UCI 0,05N) e agitação durante cinco minutos, O Co do solo foi extraído com HCI 0,I1 ,1 e tem-po de agitação de duas horas, O Zn e o Co foram dosados por espectrofotometria de absorção atômica, com auxílio do forno de grafite (Anaiytical - - - 1973). O p11 foi deter-minado em água, o AI foi extraído com KC1 1N e dosado por titulação com NaOH 0,025N.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Variação de pH e AI nos solos das regiões amostra-d!s

A Tabela 1 mostra os níveis médios de pH e Ai nas regiões estudadas. Houve diferença estatistica- mente significativa (P < 0,05) para pH e AI entre regiões. Os p11 dos solos das seis regiões variaram de 4,4 a 5,6; os solos foram classificados como áci- dos ou medianamente ácidos. Os níveis de AI varia- ram de 0,116 a 1,518 eq. mg/100 g de solo, exis- tindo, portanto, regiões com baixa e regiões com alta concentração de AI no solo, segundo níveis da

Comissão de Fertilidade do Solo do Estado de Mi-nas Gerais (1978)

TABELA 1. Valores de p11 e Ai em solos de seis regiões do Território Federal de Roraima, Brasil.

eq. mg de Ali, pH lOOgde solo Regiões N' _____________ Média DP Média DP Amajari 40 51b ±013 0285be ±0,158 Mucaja( 40 5,3b ±0,5 0.229±0,301 Caumé 40 5,2 b ±0,7 0,383 ±0,456 Serra da Lua 40 54ab ± 0,5 0473b ± 0,717 Normandie 31 14,4c ±0,3 118a ±1,407 Surrão 40 5,6" ±0,6 0116 ±0,182

Número de observações

a, b, c Médias seguidas das mesmas letras, na mesma colu-na, não são estatisticamente diferentes P > 0,05), pelo teste de Dunean.

Variação de Zn e Co no solo, por região

As análises de variáncia de Zn e Co no solo en-tre regiões indicaram diferenças estatisticamente significativas .(P c 0,05). A Tabela 2 mostra as médias e os desvios-padrões. Sousa et aI, (1982), estudando fazendas no Estado de Mato Grosso, verificaram que solos com mais de 1 ppm de Zn po-dem produzir plantas com níveis acima de 20 ppm de Zn. Sanchez (1976) indica que o nível crítico de Zn no solo é de 1,5 ppm e está associado com 14 ppm de Zn nos tecidos das forrageiras. Seguin-do-se qualquer dos critérios, observa-se que os ní-veis de Zn nos solos de Roraima estão acima das concentrações consideradas deficientes, pois os va-lores variaram de 3,8 a 7,4 ppm

A Tabela 2 mostra, também, os níveis de cobal-to no solo; houve diferenças estatisticamente signi-ficativas (P < 0,05) entre regiões. As concentra-ções no solo variaram de 0,06 a 0,32 ppm Kubota (1968), estudando solos americanos, encontrou que solos com 0,11 a 1,41 ppm de Co eram capa-zes de produzir pastagens com níveis adequados para bovinos. Seguindo-se este critério, apenas a região de Amajari apresentou solos deficientes em Co. Entretanto, nas condições deste experimento foram encontrados, na região de Amajari, solos Pesq. agropec. bras., Brasília, 20(11): 1309-1316, nov. 1985,

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DEFICIÊNCIAS MINERAIS EM BOVINOS DE RORAIMA 1311 1 tO 5r -5 1 _ qU r a a BOAVSTA 7 4 CARACARAÍ .9 .9 ,.1_ -l i o .9 o -o, o e, o -r 52 611 60F 59 Legenda ® Capital Cidadi £ R•gii•s amestradas

1 Amajeri 1 Fat•nde P.rnanbuae )

2 Ceu m( ( Faz•nda Aningal )

3 Normandie 1 Fetenda Caracarena 1

4 Serra da Lua 1 Fazenda V.rdum 1

5 Surrio 1 Fazenda 5h Joaquim 1

Mucajai 1 Fazenda Sn..go

7 Mucajal 1 Fazenda Santa Júlia 1 5 4 1 o •0 p

FIG. 1. Mapa do Território Federal de Roraima (Brasil) mostrando as regi6es e as fazendas estudadas.

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com 0,06 ppm de Co associado com nível de 0,27 ppm de Co nas forrageiras. Por outro lado, as régiões de Mucajaí, Caumé e Serra da Lua apresen-taram 0,12; 0,32 e 0,18 ppm de Co, níveis conside-rados adequados no solo.

TABELA 2. Níveis de Zn e Co em solos de seis regiões do Território Federal de Roraima, Brasil.

ppmdeZn ppmdeCo

Regiões N

Média DP Média DP

cajaí, Caumé e Serra da Lua produziram pastagens com 0,02 ppm, o que indica deficiência de Co flP

dieta dos bovinos. A região de Amajari apresentou forrageiras com 0,27 ppm de Co, nível considerado adequado para bovinos.

TABELA 3. Níveis de Zn e Co em plantas (orrageiras de seis regiões do Território Federal de Rorai-ma, Brasil. ppm de Zn ppm de Co Regiões N* Média DP Média OP Amajari 40 53b ± 4,2 40 006d ± 0,04 Amajari 144 11,7" 65b ± ± 10,4 76 0273 002b ± 0,11 Mucaja( 40 50b ±4,2 40 012cd ±0,13 Mucaja( 41 ± 4 2cd 9,3 41 95 002b ±0,00 ± 0,00 Caumé 40 38c ±4,1 40 032a ± 0,27 Caumé Serrada Lua 95 1,9d ± 2,1 2,7 48 002b ±0.00 Serrada Lua 40 74a ±7,3 39 018bc ±022 07d ± o

Normandie 35 47bc ±4,0 38 024ab ±0,23 Normandie 72 50bc ± 0,7

Surrão 39 7,1' ±5,7 40 025ab ±0,20 Surrão 86 6,8 O - - * Número de observações

a, b, e, d Médias seguidas das mesmas letras, na mesma coluna, não são estatisticamente diferentes

(P> 0.05), pelo teste de Ouncan. Variação de Zn e Co nas forrageiras, por região

As diferenças entre regiões foram estatistica-mente significativas (P < 0,05) (Tabela 3). As con-centrações de Zn variaram de 0,7 a 11,7 ppm nas forrageiras, níveis considerados deficientes para atender às exigências nutricionais dos bovinos, O National Research Council (1976) recomenda um mínimo de 20 a 30 ppm da dieta. Todas as re-giões foram altamente deficientes em Zn. Apenas as forrageiras da região de Mucajaí eram capazes de fornecer aproximadamente 58% das exigências nutricionais mínimas dos bovinos. As das demais regiões forneciam menos de 32% das necessidades mínimas. Trabalhos realizados nas Guianas, pró-ximo às regiões de Roraima, por Legg & Sears (1960), revelaram deficiências de Zn nas pastagens e nos animais, inclusive com sintomas típicos de paraquerotose nos bovinos em pastejo.

A Tabela 3mostra, também, os níveis de Co nas forrageiras, onde se observam diferenças estatisti-camente significativas (P < 0,05) entre regiões. O National Research Council (1976) indica que, para bovinos em pastejo, as exigências nutricionais de Co estão entre 0,05 a 0,10 ppm. As regiões de Mu-

* Número de observações

a, b, e, d, Médias seguidas das mesmas letras, na mesma coluna, não são estatisticamente diferentes (P>0,05), pelo teste de Duncan.

Variação de Zn e Co em fígado de bovinos, por região

A analise de variância para níveis de Zn no fíga-do indicou diferenças estatisticamente significati-vas (P c 0,05) entre regiões (Tabela 4). Segundo Miller & Milier (1962), o nível mínimo de Zn no fígado, e considerado normal, é de 84 ppm; entre-tanto, Underwood (1962) considera que níveis in-feriores a 125 ppm são deficientes. De acordo com este último critério, todos os bovinos das regiões possuem deficiência ou encontram-se próximo ao limite de deficiência de Zn. Os maiores níveis mé-dios de Zn foram os das regiões de Serra da Lua e Amajari, com 102 e 110 ppm para vacas em lacta-ção e 119 e 102 ppm para animais jovens, respecti-vamente. Nas demais regiões, os níveis de Zn varia-ram de 78 a 98 ppm em vacas lactantes, e 81 a 92 ppm em animais jovens. A região mais deficien-te em Zn foi a de Normandie, que apresentou 78 ppm no tecido hepático de vacas em lactação.

A Tabela 4 mostra, também, que houve diferen-ça estatisticamente significativa (P < 0,05) para as concentrações de Co no fígado, entre regiões. Un-derwood (1977) encontrou que níveis entre 0,08 a Pesq. agropec. bras., Brasília, 20(1 1):1309-1316, nov. 1985.

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DEFICIÊNCIAS MINERAIS EM BOVINOS DE RORAIMA 1313

TABELA 4, Níveis de Zn e Co em fígado de vacas em lactação e em animais jovens de uma dois anos, de seis regiões do Território Federal de Roraima, Brasil.

ppm de Zn ppm de Co

Regiões

Vaca N' Jovem Vaca Jovem

Amajari 20 110 19 102a 20 0,95a 19

Mucaja( 20 87ab 20 90b 10 029b 10

Caumé 20 84 20 82 20 0,70a 20 061a

Serra da Lua 19

iof"

20 it? 20 0,7? 20 0,808

Normandie t8 , 78b

18 81 18 045b 18 061a

Surrão 20 93ab 18 92b 10 0,33 10

* Número de observações

a,b Médias seguidas das mesmas letras, na mesma coluna, não são estatisticamente diferentes (P > 0.05), pelo teste de Duncan.

0,12 ppm de Co no f%ado de bovino é normal. Os dados médios de Co variaram de 0,29 a 0,95 ppm no fígado de vacas em lactação, e de 0,30 a 0,82 ppm no fígado de animais jovens, portanto bem acima dos níveis mínimos recomendados por Underwood (1977). Os níveis mais baixos para va-cas em lactação foram encontrados nas regiões de Mucajaí, Surrão e Normandie, com 0,29, 0,33 e 0,45 ppm, respectivamente. Para animais jovens, os níveis mais baixos foram os das regiões de Sur-rão e Mucajaí, com 0,30 e 0,33 ppm, respectiva-mente. Os mais altos níveis para vacas em lactação estavam nas regiões de Caumé, Serra da Lua e Amajari, com 0,70, 0,78 e 0,95, respectivamente. Para animais jovens, destacam-se as regiões de Amajari e Serra da Lua, com 0,82 e 0,80 ppm, respectivamente.

Variação de Zn e Co no solo nas épocas seca e chu-vosa

A Tabela 5 mostra que houve diferença estatis-ticamente significativa (P < 0,05) para Zn e Co no solo entre épocas. Nas épocas chuvosa e seca, as concentrações de Zn foram de 1,3 e 9,7 ppm, res-pectivamente. Os níveis de Zn do solo durante a estação chuvosa são considerados baixos (Sanchez 1976); entretanto, foi observado um nível 7,4 ve-zes mais alto na época seca. O Co no solo nas épo-cas chuvosa e seca, apresentou as concentrações de 0,17 e 0,22 ppm, respectivamente. Os níveis de Co no solo são considerados adequados para pasta-

gens, segundo estudos americanos realiz'ados por Kubota (1968).

TABELAS. Níveis de Zn e Co nos solos, em diferentes épocas de amostragens, no Território Fede-ral de Roraima, Brasil.

ppm de Zn ppm de Co Época N Média 1W Média DP Seca 118 9,7' ±4,2 118 022a ±0,20 Chuvosa 116 1,b ±0,8 117 017b ±0,21 * Número de observações

a, b, Médias seguidas das mesmas letras, na mesma colu-na, não são estatisticamente diferentes (P > 0,05), pelo teste de Duncan.

Variação de Zn e Co nas forrageiras, por época A Tabela 6 mostra que houve diferenças signi-ficativas (P c 0,05) para Zn e Co, nas forrageiras, entre épocas. Nas épocas seca e chuvosa, os níveis de Zn foram de 2,6 e 6,2 ppm, respectivamente. Em ambas as estações, os níveis de Zn nas forragei-ras foram considerados deficientes para bovinos de corte, de acordo com o National Research Council (1976). A menor concentração de Zn nas forragei-ras na época seca deve-se, provavelmente, à menor difusão do elemento do solo para as raízes, dado o menor teor de £gua disponível. Sousa et ai. (1982), estudando forrageiras da região norte de Mato Pesq. agropec. bras., Biasulia, 20(11):13094316, nov. 1985.

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Grosso, nas épocas seca e chuvosa, não encontra-ram diferenças significativas nas concentrações de Zn. A Tabela 6 mostra ainda os níveis médios de Co nas forrageiras; houve diferenças estatisticamen-te significativas (P < 0,05) entre épocas. Na época chuvosa as pastagens estavam deficientes em Co, com média de 0,02 ppm, e na época seca, de 0,12 ppm. O National Research Council (1976) re-comenda no mínimo 0,10 ppm na dieta para bo-vinos de corte.

TABELA 6. Níveis de Zn e Co nas plantas forrageiras,em diferentes épocas de amostragem, no Terri-tório Federal de Roraima, Brasil.

ppm de Zn ppm de Co Ëpoca N N Média DP Média DP Seca 279 26b ±4,7 192 0,128 ±0,13 Chuvosa 254 6,2, ±9,5 68 o,oP ± - Número de observações

a, b, Médias seguidas das mesmas letras, na mesma colu-na, não são estatisticamente diferentes (P> 0,05). pelo teste de Duncan.

Variaçâo de Zn e Co no fígado, por época

Houve diferença estatisticamente significativa (P < 0,05) para Zn no fígado, entre épocas (Tabe-la 7). Nas épocas seca e chuvosa, as concentrações para vacas em lactação foram de 108 e 79 ppm, respectivamente, o que indica níveis deficientes ou inadequados no tecido hepático das vacas amostra-das, segundo Underwood (1962). Para animais jovens, os níveis médios no fígado, nas estações se-ca e chuvosa, foram de 115 e 76 ppm, respectiva-mente. Embora tenha havido diferença significati-va entre épocas para Zn, Ambos os resultados são deficientes. As pastagens de Roraima são quase to-talmente nativas e um grande número de espécies foram amostradas. É possível que ocorram maiores variações entre épocas nas concentrações de Zn dessas forrageiras nativas do que em espécies cul-tivadas, provavelmente por causa de diferença de manejo, como fogo, sistema de pastejo, e outras práticas regionais.

A Tabela 7 mostra, ainda, que houve diferença estatisticamente significativa (P < 0,05) para Co

no fígado, entre épocas. Entretanto, em ambas as épocas, os níveis de Co no fígado de vacas em lac-tação e animais jovens foram considerados nor-mais. Os níveis mais elevados de Zn e Co no fíga-do, na época seca, em relação à chuvosa, indicam maior uso, pelo animal, destes minerais na época das águas, principalmente em virtude do intenso Metabolismo animal, provocado por maior dispo-nibilidade e melhor qualidade das pastagens nesta época do ano. O maior consumo de energia e pro-teína induz maior necessidade de minerais, em vis-ta de os bovinos esvis-tarem crescendo, ganhando peso ou exercendo qualquer outra função produtiva. Es-tes fatos mostram, portanto, maior necessidade de suplementação mineral na época chuvosa em relação à época seca. Estes dados concordam com Sousa etal. (1981, 1982).

TABELA 7. Níveis de Zn e Co no fígado de vaca em lac-tação e de animais jovens de um a dois anos,

em diferentes épocas, no Território Federal de Roraima, Brasil. ppmdeZn ppmdeCo Época Média DP Média DP Vaca Chuvosa 60 79b ±32 38 0,32b ±0,16 Seca 57 108a±39 60 1,15a ±0,53

Jovem

Chuvosa 60 76b ±26 37 033b ±0.16 Seca 55 115a49 60 111a±051

* Número de observações

a, b, Médias seguidas das mesmas letras, na mesma colu-na, não são estatisticamente diferentes (P > 0,05), pelo teste de Duncan.

Variaço de Zn e Co nas espécies forrageiras domi-nantes em Roraima

No Território Federal de Roraima a criação de bovinos de corte é quase inteiramente dependente dos campos nativos pois as pastagens cultivadas são pouco difundidas naquela região. A Tabela 8 mos-tra os níveis de Zn e Co nas espécies nativas e nas introduzidas mais comuns do Território. Houve di-ferença estatisticamente significativa (P < 0,05) para Zn e Co, entre espécies. Os capins

Andropo-gon sp., TrachypoAndropo-gon sp., Axonopus sp., e Farpa-

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DEFICIÊNCIAS MINERAIS EM BOVINOS DE RORAIMA 1315

TABELA 8. Níveis de Zn e Co nas espécies forragelras dominantes no Território Federal de Roraima, Brasil

Forrageira N ppm de Zn Média N ppm de Co Média

Axoriopus sp. (Capim-mimoso) iii 371) 56 010bc

Andropogon sp. (Capim-de-teso) 105 24b 42 013ab

Trochypogon sp. (Capim-de-teso) 82 33b 009bc

Paspa/umsp. 82 41ab 24 oisab

Panicum maximum Jaeq (Coloniâo) 43 11,8 29 0,02°

Panicuènsp. 34 5.8ab 21 017a

Brachiaria decun,bens 28 6,681) 24 0,02°

Panicum maximun? Jacq var. Gongyloides (Sempre Verde) 5 8081)

Hyparr/,enia rufa (Ness) Stpf. (Jaraguâ) 3 81ab 03

* Número de observações

a, 1), c Médias seguidas das mesmas letras, na mesma coluna, não são estatisticamente diferentes (P >0,05), pelo teste de Duncan.

lum sp. foram os que apresentaram os mais baixos níveis de Zn: 2,4, 3,3, 3,7 e 4,1 ppm, respectiva-mente. As demais espécies forrageiras apresenta-ram níveis de Zn. variando de 5,8 a 11,8 ppm. Considerando-se que o nível mínimo recomendado pelo National Research Council (1976) é de 20 a 30 ppm da dieta, verifica-se que todas as espécies forrageiras amostradas eram deficientes em Zn.

Quanto ao Co, as forrageiras Axonopus sp., Andropogon sp., Paspalum sp. e Panicum sp. apre-sentaram 0,10, 0,13 e 0,17 ppm, respectivamente, níveis estes considerados adequados para atender s exigências nutricionais dos bovinos, de acordo com o National Research Council (1976). As de-mais espécies apresentaram níveis deficientes ou no limite da deficiência.

CONCLUSÕES

L As forrageiras nativas e cultivadas pesquisa-das no Território Federal de Roraima são deficien-tes em Zn, e algumas espécies são deficiendeficien-tes em Co -

2. Os animais apresentaram concentrações hepá-ticas de Zn consideradas deficientes; na época chu-vosa a carência é maior do que na estação seca.

3. Recomenda-se a suplementação mineral com Zn e Co, numa proporção tal que cada unidade animal (bovino com 450 kg de peso vivo) receba,

diariamente, no mínimo 1 mg de Co (aproximada-mente 4 mg de sulfato de cobalto) e 200 mg de Zn (aproximadamente 1.000 mg de sulfato de zin-co ou 260 mg de óxido de zinco).

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Referências

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