O Risco de morrer por doença crónica em Portugal de
1980 a 2012: tendência e padrões de sazonalidade
Baltazar Nunes
Departamento de Epidemiologia
Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge
IV Congresso Nacional de Saúde Pública, Lisboa 2-3 Outubro 2014
Principais causas de morte em Portugal
Taxa padronizada para a idade 1990 - 2010
Objetivos e métodos
• Doenças crónicas selecionadas: doença isquémica do coração (CID 10:
I20-25), doença cerebrovascular (CID 10: I60-69), diabetes mellitus (CID 10: E10-E14) e doença crónica das vias aéreas inferiores (CID10: J40-J47) – fonte “Risco de morrer em Portugal”, DGS e INE; WHO mortality database:
• Variação anual (%) observada na taxa de mortalidade padronizada para a idade – Regressão Jointpoint (Poisson)*;
•Evolução do risco de morrer entre 1980-2012 por sexo e grupo etário; • Alterações da sazonalidade da taxa de mortalidade mensal entre
1980 a 2012 – Razão entre a taxa de mortalidade observada no mês de
40 60 80 100 120 140 m or tal idade padr oni zada por 1 0 0 .0 0 0 habi tan te s Homens Tendência - Jointpoint "Mulheres" Tendência - Jointpoint 1% 2,9% 5,7% 0,9% 2,6% 5,8%
Doença isquémica do coração (CID10: I20-25)
(variação anual)
1993
1993
2003
Doença isquémica do coração (CID10: I20-25)
400 500 600 700 800 900 1000 1100 1200 1980 1982 1984 1986 1988 1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010 2012 Tax a de m or tal idade br uta por 1 0 0 .0 0 0 habi tante s Masculino Feminino 50 100 150 200 250 300 350 400 Tax a de m or tal idade br uta por 1 0 0 .0 0 0 habi tan te s Masculino 35 aos 54 Masculino 55 aos 75 Feminino 35 aos 54 Feminino 55 aos 75 75 e mais anos 35 aos 74 anos50 100 150 200 250 300 350 de m or tal idade padr oni zada por 1 0 0 .0 0 0 habi tan te s Homens Tendência - Jointpoint "Mulheres" Tendência - Jointpoint 2,5% 6,4% 2,7% 6,5%
Doença cerebrovascular (CID10: I60-69)
(variação anual)
1995
Doença cerebrovascular (CID10: I60-69)
75 e mais anos 35 aos 74 anos 100 200 300 400 500 600 700 Tax a de m or tal idade br uta por 1 0 0 .0 0 0 habi tan te s Masculino 35 aos 54 Masculino 55 aos 75 Feminino 35 aos 54 Feminino 55 aos 755 10 15 20 25 30 35 m o rta lida de pa dr o ni zad a po r 1 0 0 .0 0 0 ha bi ta nte s Homens Tendência - Jointpoint "Mulheres" Tendência - Jointpoint 6,3% 0,7% 7,0% 0,6%
Diabetes mellitus (CID10: E10-E14)
(variação anual)
Diabetes mellitus (CID10: E10-E14)
75 e mais anos 35 aos 74 anos 0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 1980 1982 1984 1986 1988 1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010 2012 Tax a de m or tal idade br uta por 1 0 0 .0 0 0 habi tan te s Masculino Feminino 10 20 30 40 50 60 70 80 90 Tax a de m or tal idade br uta por 1 0 0 .0 0 0 habi tan te s Masculino 35 aos 54 Masculino 55 aos 75 Feminino 35 aos 54 Feminino 55 aos 75Doenças crónicas das vias aéreas inferiores (CID10: J40-J47)
(variação anual)
10 20 30 40 50 60 m o rta lida de pa dr o ni zad a po r 1 0 0 .0 0 0 ha bi ta nte s Homens Tendência - Jointpoint "Mulheres" Tendência - Jointpoint 3,0% 2,6%Doenças crónicas das vias aéreas inferiores (CID10: J40-J47)
75 e mais anos 35 aos 74 anos 0 100 200 300 400 500 600 1980 1982 1984 1986 1988 1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010 2012 Tax a de m or tal idade br uta por 1 0 0 .0 0 0 habi tan te s Masculino Feminino 20 40 60 80 100 120 140 Tax a de m or tal idade br uta por 1 0 0 .0 0 0 habi tan te s Masculino 35 aos 54 Masculino 55 aos 75 Feminino 35 aos 54 Feminino 55 aos 75Tendência da variação sazonal do risco de morrer
(Janeiro
versus Setembro).
Taxa de mortalidade por 10^5 habitantes (>=65 anos), por doença isquémica do coração (ICD10: I20-I25)
Ano T a xa d e m o rt a lid a d e / 1 0 ^5 1980 1985 1990 1995 2000 2005 2010 20 30 40 50 60 70
Taxa de mortalidade por 10^5 habitantes (>=65 anos), por doença cerebrovascular (ICD10: I60-I69)
Ano T a xa d e m o rt a lid a d e / 1 0 ^5 1980 1985 1990 1995 2000 2005 2010 50 100 150 200
Doença isquémica do coração (ICD10: I20-I25)
o rt a lid a d e ( Ja n e iro /S e te m b ro ) 1.6 1.7 1.8 1.9 2.0
Doença cerebrovascular (ICD10: I60-I69)
m o rt a lid a d e ( Ja n e iro /S e te m b ro ) 1.6 1.7 1.8 1.9 2.0
Resumo das tendências de longo termo e da variação
sazonal do risco de morrer
• Tendência decrescente na TMP por doença isquémica do coração (DIC), cerebrovascular (DCV) e respiratória crónica das vias aéreas inferiores;
• Decréscimo mais acentuado a partir de 1993-95 na TMP por DIC (~6%/ano) e DCV (~6,5%/ano) e constante para DRC;
• Inversão da tendência crescente da TMP por diabetes mellitus a partir de 1991, com estabilização da taxa entre 1991 e 2012
( 0,7%/ano);
• A redução da amplitude de variação sazonal da mortalidade só se observou na TM mensal por DCV (≥ 65 anos).
Fatores associados à tendência decrescente do risco de morrer por doença crónica:
redução da prevalência ou incidência da doença crónica?
Prevalência – Inquérito Nacional de Saúde Incidência hipertensão – Rede médicos sentinela
1995 1996 1997 2011 2012 2013 Homens 377.7 408.5 383.9 730.8 694.4 821.0 Mulheres 443.6 436.7 480.6 585.1 581.9 838.7 0 200 400 600 800 1,000
Fatores associados à tendência decrescente do risco de morrer por doença crónica:
redução da taxa de letalidade por doentes crónica?
70 90 110 130 150 170 190 210 230 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
Portugal - Taxa bruta de letalidade intra-hospitalar Enfarte Agudo do Miocárdio (por 1000 doentes internados)
HM H M 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012
Portugal - Taxa bruta de letalidade intra-hospitalar Diabetes Mellitus (por 1000 doentes internados)
Letalidade intra-hospitalar DM-Diagnóstico Principal Letalidade intra-hospitalar DM-total
Fonte: ACSS, GDH
Diabetes: Factos e Números 2013
− Relatório Anual do Observatório Nacional da Diabetes 11/2013. Sociedade Portuguesa de Diabetologia
Fonte: ACSS, GDH
Neto M, Matias Dias C, Nunes B, Calheiros J. Tendências na taxa de letalidade intra-hospitalar por enfarte agudo do miocárdio em Portugal no período de 2000 a 2011. Boletim Epidemiológico Observações. N 2 especial, 2013.
Fatores potencialmente associados à tendência decrescente
do risco de morrer por doença crónica.
• Diagnóstico mais precoce da doença crónica;
• Melhoria do controlo da doença crónica e dos cuidados
preventivos na população dos doentes crónicos;
• Melhoria dos cuidados de saúde prestados (cuidados de
saúde primários e hospitalares), da eficácia e otimização
dos meios terapêuticos.
Limitações das estatísticas da mortalidade.
• Qualidade: em 2012 9,5% dos óbitos tinham causas mal
definidas - preenchimento imperfeito
(2011 Vital Statisticsperformance index =80,4%)*;
• Dificuldade em definir a causa principal do óbito,
principalmente na presença de várias co-morbilidades;
• Distinção entre óbito por doença crónica e óbito com
doença crónica.
Necessidade de desenvolver estudos específicos
longitudinais que permitam estudar de forma mais precisa o
risco de morrer dos doentes crónicos.
O Risco de morrer por doença crónica em Portugal de
1980 a 2012: tendência e padrões de sazonalidade
Baltazar Nunes
Departamento de Epidemiologia
Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge
IV Congresso Nacional de Saúde Pública, Lisboa 2-3 Outubro 2014