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Sustentabilidade ambiental na gestão da sede do Sebrae, em Salvador: como integrar novas práticas?

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO E GESTÃO SOCIAL

MESTRADO MULTIDISCIPLINAR E PROFISSIONAL EM DESEMPENHO E GESTÃO SOCIAL

RITA DE CÁSSIA MACHADO ARAÚJO

SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL NA GESTÃO DA SEDE DO

SEBRAE, EM SALVADOR: COMO INTEGRAR NOVAS PRÁTICAS?

Salvador

2014

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SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL NA GESTÃO DA SEDE DO

SEBRAE, EM SALVADOR: COMO INTEGRAR NOVAS PRÁTICAS?

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado Multidisciplinar e Profissional em Desenvolvimento e Gestão Social do Programa de Desenvolvimento e Gestão Social da Universidade Federal da Bahia, como requisito parcial, à obtenção do grau de Mestre em Desenvolvimento e Gestão Social.

Orientadora: Prof.ª Dr.ª Maria Suzana de Souza Moura (Doutora em Administração pela UFBA)

Salvador

2014

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Escola de Administração - UFBA

A663 Araújo, Rita de Cássia Machado.

Sustentabilidade ambiental na gestão da sede do Sebrae, em Salvador: como integrar novas práticas? / Rita de Cássia Machado Araújo. – 2014. 146 f.

Orientador: Profa. Dra. Maria Suzana de Souza Moura.

Dissertação (mestrado) – Universidade Federal da Bahia, Escola de Administração, Salvador, 2015.

1. Sebrae-BA – Aprendizagem organizacional. 2. Sustentabilidade e meio ambiente. 3. Desenvolvimento sustentável. 4. Responsabilidade ambiental da empresa. 5. Organizações – Políticas ambientais. I. Universidade Federal da Bahia. Escola de Administração. II. Título.

CDD – 658.408

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SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL NA GESTÃO DA SEDE DO

SEBRAE, EM SALVADOR: COMO INTEGRAR NOVAS PRÁTICAS?

Dissertação apresentada, como requisito parcial para obtenção do grau de

Mestre em Desenvolvimento e Gestão Social, na Universidade Federal da Bahia,

à seguinte banca examinadora:

Aprovada em 11 de novembro de 2014.

Banca Examinadora

Prof.ª Dr.ª Maria Suzana de Souza Moura ___________________________________

Doutora em Administração

Universidade Federal da Bahia (UFBA)

Prof. Dr. José Célio Silveira Andrade _______________________________________

Doutor em Administração

Universidade Federal da Bahia (UFBA)

Prof.ª Dr.ª Andréa Ventura _________________________________________________

Doutora em Administração

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À minha amada e inesquecível mãe Noêmia (in memorian) pela vida, amor, carinho, sabedoria, perseverança, fé e dedicação à família.

Ao meu pai, João, que me mostrou importantes valores humanos.

A minha querida irmã, Rose, presente em todos os momentos da minha vida. Minha inspiração diária.

Aos meus queridos irmãos Robson, Roberto, Neize e Nadjane pelo apoio, união e compreensão.

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Em especial a Deus, em nome do nosso Senhor Jesus Cristo, que me deu forças, saúde, perseverança e fé para enfrentar a todas as dificuldades.

Na última e mais difícil etapa da elaboração desta dissertação, tive inestimáveis apoios para concluir. Dentre eles os solidários colegas e parceiros do Sebrae Bahia, em especial a equipe da Unidade de Atendimento Individual (UAIN). Também merecedores de gratidão os colegas do Sebrae Mato Grosso e Espírito Santo, profissionais generosos que me acolheram e compartilharam suas valiosas experiências.

Aos dirigentes e colegas do Sebrae-BA por terem me fornecido condições e apoio para a realização deste trabalho.

A Nadja Souza, Isabel Ribeiro, Dora Costa, Milena Oliveira, Olívia Biasin, Paloma Noblat, Marcos Fonseca – para estas pessoas e organizações fica registrado especial reconhecimento, mesmo que estas palavras jamais possam expressar plenamente a intensidade dos sentimentos de respeito e simpatia.

Aos professores que fizeram a diferença e a turma pela harmonia, pela convivência e compartilhamento de informações e conhecimentos.

A minha orientadora, professora Drª. Maria Suzana Moura, pela sua competência, condescendência, paciência e incentivo.

Ao CIAGS/UFBA, pela oportunidade e aprendizado.

Muito obrigada por possibilitarem essa experiência enriquecedora e gratificante de suma importância para meu crescimento como ser humano e profissional.

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“O homem é ao mesmo tempo obra e construtor do meio ambiente que o cerca, o qual lhe dá sustento material e lhe oferece oportunidade para desenvolver-se intelectual, moral, social e espiritualmente”.

Declaração de Estocolmo - 1972

“Estamos todos aqui neste planeta, por assim dizer, como turistas. Nenhum de nós pode morar aqui pra sempre. O maior tempo que podemos ficar é aproximadamente 100 anos. Sendo

assim, enquanto estamos aqui

deveríamos procurar ter um bom coração e fazer de nossas vidas algo positivo e útil. Quer vivamos poucos anos ou um século inteiro, seria lamentável e triste passar este tempo agravando os problemas que afligem as outras pessoas, os animais e o meio ambiente. O mais importante de tudo é ser uma boa pessoa”.

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Desenvolvimento em Gestão Social da Universidade Federal da Bahia. 146 f. Salvador, BA, 2014.

RESUMO

A sustentabilidade é muito mais do que uma agenda ambiental. Ser sustentável não é apenas ser “verde” ou pensar na preservação do meio ambiente. É um conjunto de práticas e ações que se mostrem perene e sejam replicáveis na estratégia da organização. O presente trabalho objetiva verificar as práticas que podem potencializar a inserção da sustentabilidade ambiental na gestão interna do Sebrae-BA. A necessidade de identificar práticas ambientais desenvolvidas pelo Sebrae deu início à fase exploratória da pesquisa, de caráter qualitativo, com estudo de caso e um aporte teórico descritivo que, somados aos resultados das visitas ao campo, estudos sobre sustentabilidade no âmbito das organizações, contribuíram para responder à principal questão de partida: Quais são as práticas que podem potencializar a inserção da sustentabilidade ambiental na gestão interna do Sebrae, em Salvador? Para responder a essa pergunta, utilizou-se a seguinte combinação de técnicas: pesquisa bibliográfica, pesquisa de campo, averiguação de trabalhos já realizados, conhecimentos prévios e casos de experiências bem-sucedidas efetivadas no Centro Sebrae de Sustentabilidade, Sebrae-MT e Sebrae-ES. A aplicação de um instrumento de coleta de dados (questionário estruturado e semiestruturado) direcionado aos colaboradores da unidade Sebrae em questão possibilitou traçar recomendações propositivas. Nesta perspectiva, o caminho metodológico escolhido levou ao desenvolvimento de uma proposta de ação para integrar novas práticas sustentáveis, considerando a responsabilidade ambiental na gestão estratégica interna. Dentre os resultados obtidos com a pesquisa, percebe-se que existem várias maneiras do Sebrae-BA mostrar-se atuante quanto à conservação do meio ambiente e solidária quanto à garantia de vida futura saudável no planeta. Para tanto, é imprescindível o compromisso dos dirigentes, que devem incluir na estratégia da organização a implementação da gestão sustentável e inclusiva com vistas à melhoria contínua do desempenho ambiental, assim como promover ações de conscientização junto aos colaboradores, deste modo, contribuindo com o uso racional e equilibrado dos recursos naturais no desenvolvimento de qualquer atividade, adotando medidas de menor impacto ambiental.

Palavras-chave: Sebrae-BA – Aprendizagem organizacional. Sustentabilidade e meio

ambiente. Desenvolvimento sustentável. Responsabilidade ambiental da empresa. Organizações – Políticas ambientais.

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development and Social management of the Federal University of Bahia. 146 f. Salvador, BA, 2014.

ABSTRACT

Sustainability is much more than an environmental agenda. Be sustainable is not just being "green" or thinking about preserving the environment. Is a set of practices and actions that are perennial and are replicable in the strategy of the organization. The present work aims to check the practices that can foster the integration of environmental sustainability in the internal management of Sebrae-BA. The need to identify environmental practices developed by Sebrae initiated the exploratory phase of the research, qualitative character, with case study and a theoretical contribution, added to the descriptive results of field visits, studies on sustainability within the organizations, contributed to answer the main question: what are the practices that can foster the integration of environmental sustainability in the internal management of Sebrae in Salvador? To answer that question, we used the following combination of techniques: bibliographical research, field research, investigation of work already carried out, previous knowledge and successful experiences take effect in the center of sustainability Sebrae, Sebrae-MT and Sebrae-ES.The implementation of a data collection instrument (questionnaire structured and semi-structured) directed to employees of the unit concerned, enabled trace Sebrae recommendations propositivas. In this respect, the methodology chosen path has led to the development of a proposal for action to integrate new sustainable practices, considering the environmental responsibility in strategic management. Among the results obtained with the search, there are several ways of Sebrae-BA show active regarding environmental conservation and caring about the future healthy life assurance on the planet. To this end, it is essential the commitment of leaders, who must include in the strategy of the Organization the implementation of sustainable and inclusive management with a view to continual improvement of environmental performance, as well as promote awareness campaigns among the employees, thus contributing to the rational and balanced use of natural resources in the development of any activity, adopting measures to lower environmental impact.

Keywords: Sebrae-BA-organizational learning. Sustainability and the environment.

Sustainable development. Environmental responsibility. Organizations-Environmental Policies.

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Figura 1 Síntese dos conceitos de desenvolvimento sustentável 31

Figura 2 Evolução das expectativas sociais 36

Figura 3 Indicadores para a sustentabilidade empresarial 38

Figura 4 Modelo das três dimensões de organização sustentável 40

Figura 5 Tripé da Sustentabilidade Empresarial 41

Figura 6 Visão dos 3Ps 41

Figura 7 Eixos temáticos da A3P 43

Figura 8 Espiral do Sistema de Gestão Ambiental 48

Figura 9 Gestão estratégica, competitiva e sustentável 54

Figura 10 Gestão estratégica de pessoas 56

Figura 11 Mapa Estratégico Sebrae 2013-2022 61

Figura 12 Desempenho das ações sustentáveis 68

Figura 13 Eixos sustentáveis prioritários do plano de gestão sustentável do Sebrae-ES 77

Figura 14 Segregação dos resíduos secos e úmidos 78

Figura 15 Identificação dos coletores: lixo seco (azul) e úmido (preto) 79

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Quadro 1 Síntese dos principais conceitos de sustentabilidade nas organizações 32

Quadro 2 Mudanças na empresa pela conscientização ambiental 57

Quadro 3 Ações implantadas 2011 - 2014 87

Quadro 4 Principais iniciativas em responsabilidade socioambiental 90

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ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

AIA Avaliação de Impacto Ambiental

ANA Agência Nacional das Águas

A3P Agenda Ambiental na Administração Pública

CEBDS Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável Cempre Compromisso Empresarial com a Reciclagem

CGU Controladoria Geral da União

Conama Conselho Nacional de Meio Ambiente

CRA Centro de Recursos Ambientais – BA

CSS Centro Sebrae de Sustentabilidade

EIA Estudo de Impacto Ambiental

EPI Equipamento de Proteção Individual

Femsa Fomento Econômico Mexicano

FNQ Fundação Nacional da Qualidade

GEM Global Entrepreneurship Monitor

Ibama Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis IBGC Instituto Brasileiro de Governança Corporativa

IBQP Instituto Brasileiro da Qualidade e Produtividade IFBA Instituto Federal de Educação Bahia

ISO International Organization for Standardization LEED Leadership in Energy and Environmental Design

MEG Medida Estratégica de Gestão

MEI Microempreendedor Individual

MMA Ministério do Meio Ambiente

MPE Micro e Pequena Empresa

OIT Organização Internacional do Trabalho

OMS Organização Mundial da Saúde

ONG Organização Não Governamental

ONU Organização das Nações Unidas

Osha Occupational Safety and Health Administration

PGA Programa de Gestão Ambiental

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PNRS Política Nacional de Resíduos Sólidos

Pnuma Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente PPRA Programa de Prevenção de Riscos Ambientais PSEG Programa Sebrae de Excelência em Gestão

RNC Relatório de Não Conformidade

RS Responsabilidade Socioambiental

Sebrae Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas Sebrae-BA Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Estado Bahia

Sebrae-ES Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Estado Espírito Santo Sebrae-MT Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Estado Mato Grosso Sema Secretaria Especial do Meio Ambiente

SGA Sistema de Gestão Ambiental

SGI Sistema de Gestão Integrada

Sisnama Sistema Nacional do Meio Ambiente

SNUC Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza

TCU Tribunal de Contas da União

UAIN Unidade de Atendimento Individual

UNCED United Nations Conference on Environment and Development WBCSD World Business Council for Sustainable Development

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1 INTRODUÇÃO 14

2 SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL NAS ORGANIZAÇÕES 20

2.1 CONTEXTO DO SURGIMENTO DOS CONCEITOS DE SUSTENTABILIDADE 20 2.2 COMO AS ORGANIZAÇÕES ESTÃO INSERINDO A SUSTENTABILIDADE

AMBIENTAL 34

2.2.1 O tripé da sustentabilidade 39

2.2.2 Agenda Ambiental na Administração Pública (A3P) 42

2.2.3 Política ambiental da organização 47

2.2.4 Instrumentos de gestão ambiental 49

2.3 OS DESAFIOS DA PRÁTICA DE SUSTENTABILIDADE 52

3 REFERÊNCIAS PRÁTICAS DE SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL NO

SEBRAE 60

3.1 A EXPERIÊNCIA DO CENTRO SEBRAE DE SUSTENTABILIDADE - MATO GROSSO 65

3.2 A EXPERIÊNCIA DO NÚCLEO SEBRAE-ES DE SUSTENTABILIDADE 75

4 SUSTENTABILIDADE NO SEBRAE EM SALVADOR 84

4.1 PROPOSTAS E PRÁTICAS RECENTES 86

4.1.1 O comitê de sustentabilidade 86

4.1.2 Feira do empreendedor sustentável 89

4.2 SEBRAE: PERCEPÇÃO SOBRE A SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL NA SEDE

DE SALVADOR 91

4.3 PROPOSIÇÕES PARA FORTALECER A INSERÇÃO DA SUSTENTABILIDADE

AMBIENTAL NO SEBRAE, EM SALVADOR 96

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 100

REFERÊNCIAS 106

APÊNDICE A - Questionário da pesquisa 116

APÊNDICE B - Resultados da pesquisa 120

APÊNDICE C - Diretriz teórica e prática 141

ANEXO A - Termo de referência para atuação do sistema Sebrae em sustentabilidade 142

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1 INTRODUÇÃO

As preocupações com o meio ambiente têm assumido dimensões cada vez maiores em decorrência dos desequilíbrios gerados à natureza pelo homem. As organizações, vistas há algum tempo como as principais responsáveis pelo problema, estão, gradativamente, conseguindo responder à questão ambiental com atitudes positivas. Ainda que as ações ambientalmente responsáveis não sejam adotadas por uma parcela significativa das organizações, aquelas que o fazem conquistam boa reputação e se tornam referências em seus setores de atividades, figurando como exemplos para adoção de diretrizes de sustentabilidade.

No atual contexto de problemas ambientais, é preciso refletir sobre as causas e consequências e, sobretudo, a necessidade de disseminar atitudes educativas de caráter crítico, construtivo, consciente e participativo, voltadas para a organização, que impactem o cotidiano tanto de forma individual, quanto coletiva. Num cenário aquecido pelo tema da sustentabilidade ambiental, as organizações, nos diversos setores e segmentos econômicos, possuem papel relevante, pois podem contribuir de forma expressiva para o próprio crescimento, adotando medidas que irão motivar mudanças nos modos de consumir, prestar serviços e produzir, isto é, de fazer negócios.

A dimensão ambiental da sustentabilidade é, portanto, uma diretriz importante para todo tipo de organização, que deve implantar ações e iniciativas direcionadas a essa nova demanda, promovendo a efetiva transição para um modelo sustentável de negócio, em que haja redução do uso de recursos naturais e de energia, bem como adequada destinação dos resíduos sólidos e eletrônicos.

A competitividade nos negócios permeia os conceitos de inovação e sustentabilidade. Um novo contexto vem sendo desenhado ao longo dos últimos anos, em que a eficiência no uso de recursos, o desenvolvimento local e a sociedade do bem-estar ganham destaque ao mesmo tempo em que a economia extrativista encontra natural finitude. Nesta direção, a sustentabilidade ambiental desponta também como eixo estratégico fundamental para organizações, independente do setor em que atuam.

Esta pesquisa teve por base o desejo de conhecer a situação e perspectivas do Sebrae, em Salvador em relação à sustentabilidade ambiental. Tal desejo foi motivado pelas observações cotidianas na sede do Sebrae-BA, isto é, os comportamentos incipientes na minimização dos desperdícios, na gestão das atividades e processos e nas ações de adequação à legislação ambiental vigente. A partir daí, surgiram algumas questões prementes: Como o

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Sebrae-BA se situa perante as outras Unidades Federativas do Sebrae? Quais os principais avanços já realizados em relação às práticas ambientais? Como incluir, de forma prática, a sustentabilidade ambiental na sede do Sebrae Salvador? Quais os principais desafios a enfrentar? Os colaboradores, de algum modo, adotam ou pretendem adotar as práticas de gestão ambiental nas suas atividades e processos?

Nesse contexto, a pesquisa tem como objetivo geral identificar as práticas que potencializarão a inserção da sustentabilidade ambiental na gestão interna do Sebrae, em Salvador. Como desdobramento do objetivo geral, têm-se os seguintes objetivos específicos: sistematizar as referências teóricas e práticas sobre sustentabilidade ambiental aplicada às organizações; investigar práticas ambientais desenvolvidas pelo Sebrae em outros estados e desenvolver uma proposta de ação interna para a gestão ambiental do Sebrae, em Salvador.

Esta dissertação-projeto justifica-se pela necessidade de se diagnosticar as lacunas e dificuldades na implantação de efetivas ações sustentáveis na gestão interna na sede do Sebrae, em Salvador. A referida organização disponibiliza programas, métodos e serviços para o desenvolvimento ambiental aos seus clientes-alvo, às Micro e Pequenas Empresas. Cumpre-lhe também o papel de proporcionar às empresas de pequeno capital, os instrumentos para busca do aprimoramento de práticas de responsabilidade ambiental, destinadas à melhoria na gestão do uso racional dos recursos naturais. Assim sendo, é imprescindível que o Sebrae, como agente de transformação, dê exemplos de ações conscientes na sua gestão interna, colocando em prática as recomendações existentes para inserir a sustentabilidade ambiental no âmbito interno da gestão, pois percebe-se que, embora a organização detenha o conhecimento teórico, pouco tem sido feito para alcançar esse fim.

Convém esclarecer, que os Sebrae Estaduais têm autonomia para adotar as medidas que consideram eficientes no que diz respeito à aplicação de medidas mitigadoras e potencializadoras direcionadas aos impactos ambientais. As Unidades são livres para formular, diversificar as diretrizes, os eixos estratégicos prioritários e difundir as práticas ambientais para promover mudanças relevantes na sua gestão interna. Assim, o Sebrae Nacional atribui direcionamento estratégico, apoia, mas não impõe a adoção de ações sustentáveis nas Unidades Federativas.

O presente estudo é uma pesquisa de caráter exploratório e qualitativo. Exploratório porque, embora o tema da sustentabilidade venha sendo debatido, ainda são poucos os estudos especificamente voltados para o setor de serviços, que é o caso do Sebrae, e que se direcionem para o âmbito interno da gestão. A abordagem dos dados é qualitativa porque é

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pautada na aplicação de questionário, observação, análise de documentos e na percepção dos atores do próprio Sebrae-BA, entre eles, a pesquisadora.

Quanto à realização da pesquisa, ela foi desenvolvida, basicamente, em duas etapas, a saber: pesquisa bibliográfica e pesquisa de campo. A pesquisa bibliográfica e seleção dos elementos teórico-práticos envolveram autores e organizações de notório saber em questões de sustentabilidade ambiental, de modo a formar uma estrutura metodológica convergente com o tema da dissertação-projeto. As teorias que serviram de base para o desenvolvimento desta pesquisa vieram da leitura de dissertações, teses, artigos científicos, técnicos, normas e livros, destacando-se os seguintes autores: Reinaldo Dias (2011), José Eli da Veiga (2005), Alcir Vilela Júnior (2013), Jacques Demajorovic (2013), José Carlos Barbieri (2009), Jorge Emanuel Reis Cajazeira (2009), Enrique Leff (2001), Lilian Aligleri (2011), Luiz Antônio Aligleri (2011), Isak Kruglianskas (2009), Ignacy Sachs (1993), Fritoj Capra (1996, 2002, 2006), Carlos Loureiro (2003), Roberto Guimarães (2001), entre outros referenciados no trabalho.

A pesquisa de campo foi feita no próprio Sebrae, com uso de instrumentos de coleta de dados, quais sejam: análise de documentos (leituras dos relatórios de gestão, Termo de Referência para atuação do Sebrae em Sustentabilidade, plano de gestão sustentável, boletins, balanço de atividades, normas, campanhas educativas, cartilhas, folhetos, dentre outros), observação, compartilhamento de experiências e aplicação de questionário. A análise de documentos consistiu em levantar, identificar, verificar e avaliar as informações específicas sobre a concepção e as boas práticas ambientais desenvolvidas pelo Sebrae.

A observação direta ocorreu no ambiente de trabalho da pesquisadora (a sede de Salvador do Sebrae). A análise complementar foi realizada durante a Residência Social1 no Centro Sebrae de Sustentabilidade - Sebrae Mato Grosso e no Sebrae Espírito Santo, realizada em novembro de 2013. Tais unidades foram às escolhidas pela autora por serem exemplos reconhecidos de boas práticas e capacidade mobilizadora junto aos Sebrae UF. As unidades supracitadas conquistaram um espaço de referência legitimado pela qualidade das ações realizadas. De maneira pragmática e com resultados visíveis, o Centro Sebrae de

1A Residência Social (RS) configura-se como um tipo especial de atividade curricular de aprendizagem

prático-reflexiva. Propõe a imersão do mestrando em contextos sócios práticos relacionados com o campo da gestão social e o desenvolvimento social de territórios, bem como seu tema específico de estudo, que sejam diferentes dos seus contextos habituais de ação, de forma a promover um tipo especial de aprendizagem, situada e significativa. O objetivo principal da RS é proporcionar um espaço prático para formação dos gestores alunos do mestrado, onde eles possam articular diferentes saberes, desenvolvidos ao longo do curso, com os seus próprios saberes em uma vivência prática intensiva. A RS pode gerar demandas por intervenção ou sugestões de alternativas de ação para a organização ou projeto visitado. Entende-se que, nesse processo, o visitante aprende e também contribui para a reflexão, a aprendizagem e o desenvolvimento das práticas no local onde realiza a residência, numa relação de reciprocidade. (Regulamento da Atividade de Residência Social, 2012, p.1)

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Sustentabilidade buscou certificação de suas instalações, conquistando em 2013 a certificação da Eletrobrás/Procel de prédios eficientes, o que serve de estímulo para que todas as sedes do Sistema Sebrae também busquem este resultado.

O CSS vem alcançando feitos importantes em sua ainda recente existência, tais como sua participação na Conferência Mundial do Clima – Rio+20, onde, através de diversas demonstrações de práticas de sustentabilidade, atraiu o interesse de visitantes de vários países em conhecer a forma pragmática com que o Sebrae, por meio do CSS, traz elementos sobre a sustentabilidade ambiental. No ano de 2014, contribuiu amplamente para a difusão do tema, disponibilizando aos colaboradores e credenciados do Sistema Sebrae, uma plataforma de acesso à distância, cujo nome faz alusão à fonte de energia e de sobrevivência do planeta, chamada “SOL”. Com mais esta iniciativa, que agrega novos atores na discussão de práticas de sustentabilidade, o CSS conquistou sua legitimidade como referência sobre o tema no Sistema Sebrae e também no habitat das MPE, que buscam os caminhos para se desenvolverem de forma sustentável.

Houve ainda intercâmbio de informações, via e-mail, com o Sebrae Goiás, Rio Grande do Norte, Ceará, Minas Gerais, Distrito Federal e Santa Catarina, que são referências e exemplos pelas suas práticas ambientais, e serviram de inspiração para a elaboração da proposta de ação ambiental. O objetivo desses diálogos foi buscar mais informações sobre a experiência de inserir, na gestão da organização, as novas ações ambientais, verificar as limitações, os desafios e as oportunidades de melhorias.

Cabe ressaltar que sempre foram levadas em consideração as adaptações necessárias à aplicação de práticas de sustentabilidade ambiental para que proporcionem resultados semelhantes no Sebrae-BA. Com isso, entende-se por compartilhamento de boas práticas as ações organizadas e estruturadas que tenham proporcionado benefícios concretos ao meio ambiente natural na organização adotante e que tenham potencial de disseminação, ou seja, que tenham obtido resultados positivos na dimensão da sustentabilidade ambiental.

Para complementar a pesquisa de campo, aplicou-se um questionário na Sede do Sebrae, em Salvador, à qual a pesquisadora está vinculada. Para coletar os dados dos respondentes foi aplicado um questionário estruturado, composto por onze (11) questões, sendo nove (9) objetivas e duas (2) subjetivas (Apêndice A), para 130 (centro e trinta) integrantes, sendo 3 (três) dirigentes e 127 (cento e vinte e sete) colaboradores. Conforme Gil (2009), esse instrumento deve constar de questões abertas e fechadas; isto porque as questões abertas dão aos respondentes a liberdade de expressar sua opinião, além de incluir sugestões

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que podem trazer à luz um ponto de vista não explorado; e as questões fechadas possibilitam ao respondente mais de uma opção, que melhor retrate sua realidade.

O questionário eletrônico ficou disponível no Portal Intranet e a pesquisadora monitorou diariamente a quantidade de respondentes. Como resultado, foram contabilizados 38 (trinta e oito) respondentes, aproximadamente 30% dos colaboradores lotados nessa sede.

Por fim, para a análise dos dados e formulação da proposta, foram confrontadas as referências teóricas (estudos secundários) e os dados primários obtidos na pesquisa de campo. A análise de dados foi desenvolvida para averiguar as práticas que podem potencializar a inserção da sustentabilidade sob a perspectiva da dimensão ambiental. Na busca da confirmação dos resultados, foram cruzadas algumas informações coletadas a fim de comprovar como a sustentabilidade ambiental é entendida e se é praticada pelos colaboradores entrevistados.

Diante do exposto, este trabalho pretende contribuir, especificamente, de quatro maneiras para a prática da Gestão Ambiental: no diagnóstico sobre a situação existente, possibilitando a identificação e o entendimento das práticas ambientais adotadas nas Unidades Federativas visitadas; no prognóstico das condições ambientais com a recomendação propositiva no plano de ação ambiental; com as práticas ambientais mitigadoras e potencializadoras a serem adotadas e com o programa de acompanhamento e monitoramento da evolução das ações ambientais nas atividades e serviços.

Esta dissertação-projeto, apresentada em forma de relato, está estruturada em quatro capítulos, sendo o primeiro esta introdução, na qual estão expostos os aspectos metodológicos, o problema abordado, os objetivos a serem atingidos, a justificativa para a sua consecução, o referencial teórico-prático que o embasa, a metodologia, coleta, análise e interpretação dos dados e resultados.

O Capítulo 2 trata das abordagens de sustentabilidade ambiental nas organizações e traz o histórico dos conceitos de desenvolvimento sustentável e sustentabilidade, levando a entender os objetivos das dimensões ambiental, social e econômica.

O Capítulo 3 apresenta o relato das experiências práticas de sustentabilidade ambiental vivenciadas na Residência Social, no Centro Sebrae de Sustentabilidade - Sebrae Mato Grosso e no Núcleo Sebrae-ES de Sustentabilidade.

O Capítulo 4 apresenta as práticas ambientais atualmente adotadas pelo Sebrae, em Salvador, tais como a formação do Comitê da Sustentabilidade e a Feira do Empreendedor, com ações de responsabilidade socioambiental; as percepções e sugestões de práticas sustentáveis dos colaboradores, obtidas por meio da análise dos resultados da pesquisa

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aplicada e, por fim, os desafios e as propostas para implementar e integrar a prática da sustentabilidade ambiental nessa organização.

Após os citados capítulos, chega-se às considerações finais e ao referencial bibliográfico utilizado em toda a dissertação-projeto. Expõem-se os principais resultados obtidos, relacionando-os à pergunta de partida e aos objetivos estabelecidos no início desse trabalho, além de elencar as contribuições geradas e as recomendações para estudos futuros.

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2 SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL NAS ORGANIZAÇÕES

As seções subsequentes contextualizam as origens e desenvolvimento do conceito de sustentabilidade aplicado à realidade humana, além das organizações preocupadas com a sua relação com o meio ambiente. Inicialmente, será abordada a ideia de sustentabilidade nos eixos ambiental, social e econômico. Em seguida, o desenvolvimento sustentável, suas principais divisões e aplicações nas organizações, bem como a visão estratégica da sustentabilidade nos novos modelos de gestão.

Há diferentes conceitos nem sempre consensual para os termos desenvolvimento sustentável e sustentabilidade. Assim, faz-se necessária uma breve retrospectiva histórica com a intenção de se conhecerem as abordagens apresentadas. O tópico seguinte trará os principais fatos relacionados com o desenvolvimento sustentável e as questões ambientais no mundo e no Brasil, conforme o ponto de vista de Dias (2011, p. 40-42).

2.1 CONTEXTO DO SURGIMENTO DOS CONCEITOS DE SUSTENTABILIDADE

A industrialização causou diversos problemas ambientais, como alta concentração populacional, devido à urbanização acelerada; consumo excessivo de recursos naturais, sendo alguns não renováveis, como por exemplo, petróleo e carvão mineral; contaminação do ar, do solo, das águas e desflorestamento, entre outros.

A agressão industrial ao meio ambiente não foi contestada ao longo do século XIX e por um período do século XX. O equívoco de que os recursos naturais eram ilimitados e estavam à disposição do ser humano, só começou a ser percebido e debatido pela humanidade na década dos anos 70, ainda que nos anos 50 e 60 tenha havido atos pontuais nesse sentido, quando os processos de desgaste ambiental e a probabilidade de esgotamento de determinados recursos naturais se tornaram mais evidentes.

Apesar de o começo do desenvolvimento industrial ter ocorrido há quase 300 anos, foi somente nas duas últimas décadas do século XX que o volume físico da produção industrial no mundo cresceu de forma exagerada. Considera-se que, na segunda metade do século XX, foram usados mais recursos naturais na produção de bens que em toda a história anterior da humanidade. Para Dias (2011, p.7), “um dos problemas mais visíveis causados pela industrialização é a destinação dos resíduos de qualquer tipo (sólido, líquido ou gasoso) que sobram do processo produtivo, e que afetam o meio ambiente natural e a saúde humana”.

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Nesta linha do tempo, cabe sublinhar as explosões das bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki no Japão, durante a Segunda Guerra Mundial, em 1945, pela Força Aérea dos Estados Unidos. Ao mesmo tempo, as destruições dessas duas cidades e as mortes de cerca de 200 mil pessoas alertaram a humanidade para o poder destrutivo da indústria bélica2. Após a Segunda Guerra Mundial, o mundo passou por uma fase de significativas transformações tecnológicas, desencadeadas, sobretudo, pela interação entre conhecimento científico e produção industrial. O processo industrial, ligado ao conhecimento científico e à pesquisa, foi a principal característica da chamada Terceira Revolução Industrial.

Essa nova percepção da realidade provoca uma mudança radical de paradigma por parte das organizações do setor privado e público, que passam a levar em consideração a opinião da sociedade humana quando se trata das questões ambientais. Tal atitude se mostra relevante como resposta a um cenário global de crise ambiental, evidenciada pelas emissões de gases de efeito estufa, aquecimento global, desmatamento, além da geração e lançamento de poluentes em grandes quantidades, sem respeito à capacidade de suporte dos ecossistemas. As organizações precisam reconhecer o manejo do meio ambiente como uma das mais altas prioridades, além de adotá-lo como fator determinante e essencial para o desenvolvimento sustentável.

Ainda que os princípios básicos sejam aparentemente simples, a concepção de desenvolvimento sustentável gera controvérsias sobre a questão ambiental em quaisquer setores das atividades humanas. A seguir serão abordados os principais acontecimentos históricos globais que corroboraram para os desdobramentos conceituais teóricos que os estudiosos elaboraram para estabelecerem o significado do termo.

Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), o movimento ambientalista começou tempos atrás como uma resposta à industrialização e à era nuclear, que fizeram surgir temores de um novo tipo de poluição por radiação.

Em 1968, com o objetivo de analisar o crescimento econômico e seus impactos, empresários, cientistas e pesquisadores formaram um grupo de discussão que ficou conhecido como o “Clube de Roma”. O resultado desses debates foi à publicação, em 1972, do relatório

Os Limites do Crescimento, que apresentou um balanço do ritmo de degradação dos recursos

naturais advinda da rápida expansão das economias mundiais no período pós-guerra. O documento afirma que qualquer que seja a associação realizada entre os cinco fatores básicos

2

A expressão indústria bélica faz referência a um negócio global destinado à produção de armas, equipamento e tecnologia militar. Tal setor concentra-se na pesquisa, desenvolvimento e produção de equipamento bélico, em geral, e atende principalmente às forças armadas dos países de todo o mundo. (SANTIAGO, 2003)

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decisivos do crescimento (população, produção agrícola, recursos naturais, produção industrial e poluição) os resultados serão sempre aterrorizantes com intensa perda: a estabilidade da condição humana até o ano de 2100.

A Declaração de Estocolmo – documento final da Confederação das Nações Unidas para o Meio Ambiente Humano – realizada em 1972, reuniu delegações de 113 países, e dois chefes de Estado: o da Suécia e a primeira ministra da Índia, Indira Gandhi, que representou o bloco dos países pobres. O encontro teve como objetivo criar metas e estabelecer uma agenda de discussões sobre aspectos ambientais. Para Sachs, Secretário Geral da Conferência, o desenvolvimento sustentável será alcançado se três critérios fundamentais forem obedecidos concomitantemente: equidade social, prudência ecológica e eficiência econômica.

Como consequências positivas, diversos países criaram os próprios ministérios, secretarias e agências do meio ambiente e passaram a adotar uma legislação mais rigorosa para controlar os impactos negativos promovidos principalmente pelas indústrias. Assim, o principal documento originado por ocasião da Conferência das Nações Unidas, Estocolmo, Suécia, de 5 a 15 de junho de 1972, foi a Declaração sobre o ambiente humano, e também foi instituído o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma). O lançamento, em 1982, do Pnuma, criado para celebrar os dez anos da Conferência de Estocolmo, estimulou várias atividades, propostas e programas ambientais em diversos países do mundo.

Em 1987, o Relatório Brundland, mais conhecido como Nosso futuro comum3, apresentou o conceito de desenvolvimento sustentável, convidando os indivíduos a modificarem seus estilos de vida para evitar desigualdades sociais e degradação ambiental. Apresentado pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Cmmad), coordenada por Gro Halem Brundland4, primeira ministra da Noruega, e produzido pela Comissão Brundland, o relatório é um marco histórico na definição oficial das Nações Unidas para o termo “desenvolvimento sustentável”, declarando que desenvolvimento sustentável é “aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem às suas próprias necessidades”. (CMMAD, 1991, p.46)

3 Elaborado em 1987 pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Cmmad), esse

documento integra uma série de iniciativas anteriores à agenda 21 que tratam dos riscos do uso excessivo dos recursos naturais sem considerar a capacidade de suporte dos ecossistemas. O relatório Nosso futuro comum (1988) mostra que os padrões atuais de produção e consumo são incompatíveis com o desenvolvimento sustentável.

4 Gro Harlem Brundland (1939) política e diplomata norueguesa. Formada em medicina e ligada ao Partido dos

Trabalhadores da Noruega (social democrata). Tornou-se, em 1981, a primeira mulher a assumir a chefia do governo daquele país. Entre 1983 e 1987, presidiu a Comissão Brundland da ONU, dedicada ao estudo da relação entre o meio ambiente e o progresso econômico e social. (VOLTOLINI, 2011, p. 22)

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Esta primeira definição, no entanto, tem sido criticada por ser passível de diversas interpretações. Uma delas é a de que o desenvolvimento sustentável poderia representar uma revolução, estabelecendo uma nova postura para o comportamento humano; para outros grupos sociais ele seria apenas um mecanismo de ajuste dos padrões de produção e consumo da sociedade capitalista.

Um dos principais resultados da iniciativa da Organização das Nações Unidas consistiu na realização de uma nova Conferência Internacional, mais conhecida como Rio-92, no Rio de Janeiro, em 1992.

A Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e o Desenvolvimento, a Rio-92, teve um relevante resultado: a Agenda 21, que propõe ações para um novo modelo de desenvolvimento e uso sustentável dos recursos naturais, além da preservação da biodiversidade com garantia da qualidade de vida das futuras gerações, por meio da educação e formação profissional. Dedica também um capítulo específico às empresas, no qual recomenda que elas considerem a gestão socioambiental como uma das suas mais altas prioridades e fator determinante do desenvolvimento sustentável.

Em 1997, foi realizada a Conferência Rio+5, em Nova York, para avaliar os avanços da Agenda 21. Cinco anos depois, reuniu-se a Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável, Rio+10, em Johanesburgo-África do Sul, para avaliar os encaminhamentos da Agenda 21 e fortalecer suas iniciativas locais. No ano de 2007, a Conferência Rio+15, discutiu, no Rio de Janeiro, as consequências da Rio-92: o que avançara e o que precisava ser fortalecido e/ou modificado. Por fim, em 2012, a Conferência Rio+20, discutiu formas de assegurar o compromisso político das nações com o desenvolvimento sustentável, isto é, para decidir como o mundo enfrentará os desafios que afetam o crescimento econômico, o bem-estar social e a proteção ambiental nos próximos anos.

O conceito de desenvolvimento continuou, durante muito tempo, associado ao crescimento econômico. O aumento de riquezas poderia melhorar as condições de vida da população, embora conceitualmente, desenvolvimento e crescimento não tenham o mesmo significado, podendo, inclusive, serem conduzidos de formas opostas.

De certa maneira, esta visão afasta-se da realidade, pois nela é ressaltada apenas a geração de riquezas, não havendo consideração de ordem social, cultural e ambiental. Nesse modelo, a premissa básica está na tentativa de aumentar o bem-estar social por meio de processo de industrialização, que objetiva a produção de bens e serviços para atender às necessidades da sociedade humana. Esta relação conflitava com o uso de recursos naturais, cujas externalidades negativas pouco eram avaliadas. Sob esta ótica, o caminhar do

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desenvolvimento correspondia a um ritmo acelerado de crescimento econômico, propagação da tecnologia, acumulação de capital, exploração do trabalho e desejo por incrementar o consumo per capita.

Nesse contexto, observou-se que o desenvolvimento deveria ter uma conotação que superasse o aspecto econômico, incluindo as organizações e o governo, além dos atores sociais e privados. Apenas isso, porém não seria suficiente, pois devido às características centralizadoras do planejamento realizado pelos governos, nem sempre as peculiaridades locais eram respeitadas como peças chave para atingir o desenvolvimento.

Assim, teve início a reflexão, em diversos campos das áreas do conhecimento (biologia, geografia, economia, pedagogia, administração, filosofia, ciência política, antropologia, sociologia, direito, física, química e engenharia) a respeito de um novo conceito de desenvolvimento: o desenvolvimento sustentável e sustentabilidade.

Esses dois termos por muitas vezes se confundem, mas têm significados distintos. O desenvolvimento sustentável tem como objetivo preservar o ecossistema, mas também atender às necessidades socioeconômicas das comunidades e manter o desenvolvimento econômico. A sustentabilidade, por sua vez, visa a estabelecer um equilíbrio entre o que a natureza pode oferecer e qual o limite para o consumo dos recursos naturais e a melhora da qualidade de vida. Isso mostra que os termos são multidisciplinares, complexos, polêmicos e, integram as diferentes dimensões em suas práticas.

Para o canadense Maurice Strong5, o conceito normativo básico de desenvolvimento sustentável surgiu na Conferência de Estocolmo de 1972 denominado, no período, “abordagem do ecodesenvolvimento” e, depois, renomeado com a designação atual. O tema tomou forma em 1972 quando o ecossocioeconomista polonês, naturalizado francês, Ignacy Sachs, discorreu sobre ecodesenvolvimento. Além da preocupação com o meio ambiente, agrupou as devidas atenções às questões sociais, econômicas, culturais, de gestão participativa e ética. Serrão, Almeida e Carestiato (2012, p.14), argumentam que “na década de 1980, o economista francês Ignacy Sachs desenvolveu o termo, propondo estratégias para alcançar o ecodesenvolvimento em âmbito planetário, na mesma época em que se discutia a crise ambiental”. Pode-se constatar que ao longo dos anos, principalmente nos livros, artigos e entrevistas de Sachs, o conceito relativo ao ecodesenvolvimento foi posteriormente, adotado para desenvolvimento sustentável. Atualmente, Sachs usa comumente os termos “ecodesenvolvimento” e “desenvolvimento sustentável” como sinônimo. Ambos abordam,

5

Nas palavras de Maurice Strong, “[...] o conceito vem sendo continuamente aprimorado, e hoje possuímos uma compreensão mais acurada das complexas interações entre a humanidade e a biosfera”. (STRONG apud SACHS, 1993, p. 7)

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grosso modo, conjuntos de questões para a concepção de um mundo equilibrado e com uma

sociedade sustentável.

O conceito de sustentabilidade formulado por Sachs (1993, p.37-38) abrange as seguintes dimensões:

 Sustentabilidade ambiental: utilizar os recursos naturais que são renováveis e limitar o uso dos recursos não renováveis;

 Sustentabilidade social: trata do desenvolvimento e tem por objetivo a melhoria da qualidade de vida da população. Para o caso de países com problemas de desigualdade e de inclusão social, sugere a adoção de políticas distributivas e a universalização de atendimento à saúde, educação, habitação e seguridade social;

 Sustentabilidade econômica: possibilita uma gestão eficiente dos recursos em geral e caracteriza-se pela regularidade de fluxos do investimento público e privado. Implica a avaliação da eficiência por processos macrossociais (Agenda 21 brasileira);

 Sustentabilidade política nacional: baseia-se no processo de construção da cidadania para garantir a incorporação plena dos indivíduos ao processo de desenvolvimento;

 Sustentabilidade política internacional: trata da promoção da paz e da cooperação internacional, do controle financeiro internacional, da gestão da diversidade natural e cultural e da cooperação científica e tecnológica;

 Sustentabilidade espacial ou territorial: busca de equilíbrio na configuração rural-urbana e melhor distribuição territorial dos assentamentos humanos e atividades econômicas, melhorias no ambiente urbano e elaboração de estratégias ambientalmente seguras para áreas ecologicamente frágeis, a fim de garantir a conservação da biodiversidade e do ecodesenvolvimento;

 Sustentabilidade cultural: trata do respeito à cultura de cada local, garantindo continuidade e equilíbrio entre a tradição e a inovação.

Em consonância parcial com as abordagens de Sachs (1993, GUIMARÃES, 1997 apud LOUREIRO, 2003, p.27), acrescenta que os “princípios do desenvolvimento sustentável, normalmente apontados como norteadores da ação social e do pensamento acerca de uma sociedade substantivamente democrática e ecologicamente viável”, são:

 Sustentabilidade planetária: reversão dos processos globais de degradação (emissão de poluentes, depleção da camada de ozônio, desmatamento, desertificação e redução da biodiversidade), com o devido respeito à soberania dos Estados-Nação;

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 Sustentabilidade ecológica e ambiental: engloba o respeito aos ecossistemas naturais;

 Sustentabilidade demográfica: urbanização planejada, dinâmica e demográfica, realizada sob as bases sociais e econômicas justas;

 Sustentabilidade cultural: respeito à pluralidade de valores aceitos universalmente e às minorias étnicas, entre outras;

 Sustentabilidade social: melhor qualidade de vida para todos, pautada em justiça distributiva, satisfação das necessidades básicas, convivência e respeito entre os povos e culturas, e garantia dos direitos civis, políticos e sociais;

 Sustentabilidade política: consolidação de espaços públicos participativos e deliberativos, democracia e cidadania plena;

 Sustentabilidade institucional: projeta no próprio desenho das instituições, que regulam a sociedade e a economia, as dimensões sociais e políticas da sustentabilidade em seu conteúdo macro.

Neste contexto, a sustentabilidade é multidimensional, compondo um sistema complexo, no qual o ser humano está inserido. No último decênio do século XX, consolidou-se uma nova visão de deconsolidou-senvolvimento que não somente envolve o meio ambiente natural, mas também inclui os aspectos socioculturais em uma posição de destaque, revelando que a qualidade de vida dos seres humanos passou a ser a condição para o progresso. As propostas de desenvolvimento sustentável estão baseadas na perspectiva de utilização atual dos recursos naturais desde que sejam preservados para as gerações futuras (DIAS, 2011, p.35).

Além das dimensões citadas, Sachs (1993), apontou cinco aspectos condutores do modelo de desenvolvimento que chamou a atenção às seguintes questões: satisfação das necessidades básicas; participação da população envolvida; preservação dos recursos naturais e do meio ambiente em geral; elaboração de um sistema social garantindo emprego, segurança social e respeito a outras culturas; programas de educação.

Para Dias (2011, p. 37), a expressão “desenvolvimento sustentável” tem sido objeto de polêmicas desde a sua formulação. Quando se busca precisá-lo, aprofundam-se as divergências. Baroni (1992 apud DIAS, 2011, p.37), encontrou onze definições que “exemplificam a diversidade de ideias e refletem a falta de precisão na conceituação corrente do termo”. Desta forma, é relevante distinguir os conceitos de desenvolvimento, crescimento sustentável e uso sustentável, visto que os significados são distintos.

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Para Bigotto, Vitiello e Albuquerque (2010, p.204), o termo crescimento sustentável é, em si mesmo, uma contradição, pois seria impraticável crescer indefinidamente com sustentabilidade. A expressão uso sustentável, por sua vez, refere-se ao emprego de recursos naturais em quantidades compatíveis com sua capacidade de renovação. Conclui-se daí, que o desenvolvimento sustentável só seria possível dentro de padrões limitados de produção e consumo, e com o uso controlado dos recursos naturais.

Diante disso, Dias (2011, p. 38) reitera que:

Fica claro que o conceito dá margem a interpretações que de modo geral baseiam-se num desequilíbrio entre os três eixos fundamentais do conceito de sustentabilidade, que são: o crescimento econômico, a preservação ambiental e a equidade social. O predomínio de qualquer desses eixos desvirtua o conceito e torna-se manifestação de interesse de grupos, isolados do contexto mais geral, que é o interesse da humanidade como um todo.

Neste debate, Veiga (2010, p. 20-21), diante da pergunta “O que é sustentabilidade”? declara:

[...] não há resposta simples (e muito menos definitiva). O que exige muito cuidado com os vulgares abusos que estão sendo cometidos no emprego dessa expressão. Porém, não há como interditar que se apropriem dela em outros contextos, e muito menos proibir seu emprego metafórico, que já se consolidou [...]. Nada garante que tais comportamentos ou processos sejam realmente sustentáveis, mas essa foi a maneira selecionada para comunicar que está sendo feito algum esforço nessa direção.

Já segundo Mariotti (2013, p. 12-13), na sua complexa abordagem:

A sustentabilidade é um fenômeno natural. Suas práticas são elaborações da mente humana. O homem é ao mesmo tempo natural e cultural. [...] Em consequência, a porção cultural do homem em muitos casos é um estorvo à sua dimensão natural, e também uma das formas pelas quais ele exerce sua destrutividade sobre a natureza. Este é o núcleo da questão da sustentabilidade: saber se o mundo natural seguirá habitável apesar da presença do ser humano ou se não seguirá assim devido a ela. As ideias, atitudes e ações ligadas à sustentabilidade são meritórias e bem-vindas, mas é preciso reconhecer que para serem efetivas elas pressupõem a mudança da forma de pensar binária para um modo mais abrangente. Essa necessidade parece óbvia, mas está sujeita ao mesmo processo no qual se baseia a sua principal limitação: a resistência e a lentidão que nós, humanos, opomos às mudanças de qualquer natureza, mesmo quando sabemos que elas serão benéficas para nossa vida, bem-estar e o futuro de nossos descendentes.

Isso significa reforçar um dos princípios básicos da sustentabilidade: a relação entre o ser humano e o meio ambiente. As ações de cada indivíduo refletem na família, no trabalho e, em cadeia, no bairro, na cidade e no país. Como profere o físico austríaco e fundador do

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Centro de Ecoalfabetização, nos Estados Unidos, Fritjof Capra6 (1996): “A sustentabilidade não é uma propriedade individual, mas de uma teia completa de relacionamentos”.

Capra esclarece que o conceito de sustentabilidade tem assumido diversas formas desde a sua concepção na década de 1980: “Os primeiros passos [...] seriam entender como a natureza sustenta a vida, isso envolve toda uma nova compreensão ecológica, um pensamento sistêmico. É compreender que a natureza tem sustentado a ‘Teia da Vida” por milhões de anos”. (CAPRA, 1996, p. 228)

Em sintonia com o princípio maior do conceito de desenvolvimento sustentável, o físico afirma que “reconectar-se com a teia da vida significa construir, nutrir e educar comunidades humanas sustentáveis, onde se pode satisfazer as necessidades e aspirações sem diminuir as oportunidades das futuras gerações” (CAPRA, 1996, p. 231). Para tanto, enfatiza o autor, o ser humano precisa aprender as valiosas lições que o estudo dos ecossistemas pode proporcionar, já que são comunidades sustentáveis de plantas, animais e micro-organismos. No entanto, para que isso se torne possível, ele precisa aprender os princípios básicos da ecologia7. A partir daí, os indivíduos se tornarão ecologicamente alfabetizados, ou seja, entenderão os princípios de organização dos ecossistemas para saber aplicá-los nas comunidades humanas. Capra avalia que a “teoria dos sistemas vivos fornece o quadro conceitual para o estabelecimento do vínculo entre as comunidades ecológicas e as humanas, já que ambos são sistemas vivos que exibem os mesmos princípios básicos de organização”. (1996, p.231)

Com base nesses pressupostos, o mesmo autor expõe uma relação de princípios de organização, que podem ser identificados como princípios básicos da ecologia, para que possa transpô-los para a sociedade e utilizá-los como guia de construção das comunidades humanas sustentáveis. O primeiro princípio é a interdependência – todos os membros da comunidade ecológica estão conectados numa ampla e complexa rede de relações, a teia da vida; já o segundo é o da reciclagem – as comunidades de organismos têm evoluído dessa maneira, usando e reciclando de forma contínua as mesmas moléculas de minerais, de água e de ar. Por isso, não há produção de resíduos na natureza. A parceria, ou seja, a tendência à associação

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Físico e teórico de sistemas é um dos diretores-fundadores do Centro de Ecoalfabetização de Berkeley, Califórnia, que promove a divulgação do pensamento ecológico e sistêmico nas redes de educação primária e secundária. Ele faz parte do corpo docente do Schumacher College, centro internacional de estudos ecológicos, localizado na Inglaterra.

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Estuda a interação dos organismos uns com os outros e dos organismos com o lugar em que vivem. Em resumo, a ecologia estuda o ambiente, que é formado pelos fatores físicos (o solo, a água e a temperatura) e pelos seres vivos que nele habitam.

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que estabelece vínculos de cooperação, compõe o terceiro e o quarto princípios como uma característica essencial das comunidades sustentáveis.

As trocas cíclicas de matéria e energia nos ecossistemas são sustentadas por uma cooperação difundida entre os membros da rede. Nas comunidades humanas, a parceria significa a democracia e o poder pessoal, por causa dos diferentes papéis sociais desempenhados. Neste sentido, outro princípio destacado, por Capra, é a flexibilidade de um ecossistema que alcança o ponto de equilíbrio após um período de mudanças nas condições ambientais.

Em cada comunidade existem contradições e conflitos, como a tensão entre estabilidade e mudança, ordem e liberdade, tradição e inovação. O autor sugere que “esses inevitáveis conflitos são resolvidos pelo estabelecimento de um equilíbrio dinâmico, porque ambos os lados da tensão são importantes, dependendo do contexto em que se encontram, e a contradição dentro de uma comunidade não é nada mais do que um sinal de diversidade e vitalidade que contribui para a viabilidade do sistema”. (CAPRA, 1996, p.235)

Nesta conjetura, o referido pesquisador aborda o último princípio da ecologia: a diversidade, que está intimamente ligada à estrutura em rede do sistema. Um ecossistema diverso também será resiliente, pois ele possui muitas espécies com diversas funções ecológicas que podem ser parcialmente substituídas, caso um elo da rede se rompa. Quanto mais complexa for à rede, mais intricado é o padrão das conexões e, consequentemente, mais resiliente será o sistema. O resultado desses princípios é: interdependência, reciclagem, parceria, flexibilidade e diversidade. É a viabilidade do ecossistema, isto é, a sua sustentabilidade. A sobrevivência da humanidade no novo milênio dependerá da capacidade de entender os princípios da ecologia e viver em conformidade com eles, ou seja, da alfabetização ecológica.

De acordo com David W. Orr8 (apud CAPRA, 2006, p.117) “tornar-se ecologicamente alfabetizado, seria compreender o humano como uma repentina erupção na enormidade do tempo evolucionário”. Neste sentido, a alfabetização ecológica pressupõe a compreensão das relações estabelecidas entre as sociedades humanas e a natureza e como elas poderiam ocorrer em bases sustentáveis. Na mesma direção de David W. Orr, o Fritoj Capra (2006) ressalta que para o ser humano adquirir a sua inteira humanidade, seria necessário recuperar no cotidiano a experiência das conexões da teia da vida. O físico acrescenta:

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Diretor do Centro de Ecoalfabetização desde a sua fundação. Atualmente, é professor de ciências ambientais e presidente do Environmental Studies Program do Oberlim College. Já publicou mais de 120 artigos em publicações científicas especializadas e é editor-colaborador da revista Conservation Biology.

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Não é exagero dizer que a sobrevivência da humanidade vai depender da nossa capacidade, nas próximas décadas, de entender corretamente esses princípios da ecologia e da vida. A natureza demonstra que os sistemas sustentáveis são possíveis. O melhor da ciência moderna está nos ensinando a reconhecer os processos pelos quais esses sistemas se mantêm. Cabe a nós aprender a aplicar esses princípios e criar sistemas de educação pelos quais as gerações futuras poderão aprender os princípios e aprender a planejar sociedades que os respeitem e aperfeiçoem. (CAPRA, 2006, p. 57).

Assim, Capra sublinha a necessidade indispensável de o ser humano compreender os princípios de organização que os ecossistemas desenvolveram para sustentar a teia da vida. Para ele, a sabedoria da natureza, que fez com que os ecossistemas se organizassem de forma a maximizar a sustentabilidade em mais de três bilhões de anos de evolução, é o motivo para se confiar na necessidade de aprender lições a partir dos princípios da ecologia. A longevidade da natureza a qualifica como uma boa mestra. Contudo, enquanto David W. Orr limitou-se a discorrer sobre os fundamentos da alfabetização ecológica, Capra envolveu-se com a descrição dos princípios básicos da ecologia, considerados como princípios organizadores da teia da vida.

Ainda que não seja consensual entre os estudiosos, o conceito de desenvolvimento sustentável, já comentado anteriormente, “tem o mérito de incorporar a percepção multidimensional de desenvolvimento, envolvendo os aspectos econômico, social, ambiental, político, institucional e territorial, sendo que essas três últimas perpassam as demais. O grande desafio é associá-los na prática” (SERRÃO; ALMEIDA; CARESTIATO, 2012, p.26). O desenvolvimento sustentável é um processo dinâmico e permanente, isto é, que busca melhorias contínuas, significando que os seus desdobramentos futuros estão em aberto. Para Buarque (2002, p.58), o desenvolvimento sustentável “se difunde como uma proposta de desenvolvimento diferenciada, demandando novas concepções e percepções”.

Dentro desse panorama complexo que é o campo da sustentabilidade, destaca-se a dimensão ecológica. A sustentabilidade ecológica recomenda o uso dos ecossistemas com sua mínima destruição. Dessa forma, permite que a natureza encontre novos equilíbrios de recomposição, por meio de uma utilização que corresponda ao seu ciclo natural de vida e renovação. Para tanto, deve-se também conservar as fontes de recursos energéticos e hídricos. As autoras Serrão, Almeida e Carestiato (2012), ressaltam que para o alcance da sustentabilidade ecológica é imprescindível: desenvolvimento seguro para áreas ecologicamente frágeis, produção com respeito aos ciclos naturais dos ecossistemas, prudência no uso de recursos naturais não renováveis e respeito à capacidade de renovação

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dos ecossistemas naturais. O desafio, no entanto, é descobrir como o ser humano poderá contribuir para concretizar essa dimensão ecológica da sustentabilidade.

A adequação ao modelo de desenvolvimento sustentável questiona as formas de produção empregadas pela organização e o comportamento humano, demandando novos padrões de produção e consumo. Por outro lado, abre-se uma série de oportunidades que podem alavancar o desenvolvimento de regiões e países, baseadas em formas de produção que possibilitem o aumento da renda com a garantia da preservação ambiental.

Diante das reflexões, debates e conceitos ora apresentados, infere-se que desenvolvimento sustentável é o mesmo que sustentabilidade. Esse conceito estabelece o equilíbrio entre forças econômicas, sociais e ambientais na exploração dos recursos naturais, ou seja, a sustentabilidade entende que o empreendimento será perene e sólido caso se mostre economicamente rentável, ambientalmente correto e socialmente justo. A sustentabilidade é um conceito que dialoga cada vez mais com as atividades humanas em todos os níveis, passando por métodos de menor impacto ambiental, pelas ações conscientes no cotidiano das organizações.

De fato, desenvolvimento sustentável ou sustentabilidade, é poder crescer com a garantia de continuar evoluindo. Deve-se buscar, de forma ininterrupta, conservar e preservar a natureza para o bem-estar da humanidade.

A seguir, a composição dos principais conceitos de desenvolvimento sustentável, exemplificados por Lélé (1991), na Figura 1.

Figura 1– Síntese dos conceitos de desenvolvimento sustentável

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É interessante destacar, à luz das teorias citadas, o elenco das abordagens mais relevantes que buscam conciliar o comportamento ambientalmente responsável das organizações com o incremento da competitividade no negócio. São estudos publicados na literatura e em revistas técnicas especializadas, que trazem elementos que contribuem com novas diretrizes estratégicas e proposições de práticas sustentáveis a serem implementadas no Sebrae-BA. Estas podem ser entendidas pelo resumo disposto no Quadro1.

Quadro 1 - Síntese dos principais conceitos de sustentabilidade nas organizações

Continua...

AUTORES E

DOCUMENTOS REFERENCIADOS

DIRETRIZES E PROPOSIÇÕES

Relatório de Brundtland “Garantir os meios de atendimento às necessidades e exigências atuais sem comprometer a sobrevivência das gerações futuras”.

Princípios básicos: desenvolvimento econômico, proteção ambiental e equidade social.

Conferência de Ottawa (Carta de Ottawa, 1986). Integração da conservação e do desenvolvimento; Satisfação das necessidades básicas humanas; Alcance de equidade e justiça social; Provisão da autodeterminação social e da diversidade cultural; Manutenção da integração ecológica. Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e

Desenvolvimento (Cmmad, 1988, 1991).

Objetiva a conservação do uso racional dos recursos naturais incorporados às atividades produtivas.

Ignacy Sachs Sustentabilidades: ambiental; social; econômica; política nacional; internacional; espacial ou territorial; cultural. José Roberto Pereira Guimarães Sustentabilidades: planetária; ecológica e ambiental;

demográfica; cultural; social; política; institucional.

John Elkington Tripé da sustentabilidade corporativa: dimensão ambiental, social e econômica.

Enrique Leff “O desenvolvimento sustentável converte-se num projeto destinado a erradicar a pobreza, satisfazer as necessidades básicas e melhorar a qualidade de vida da população”.

Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável

O desenvolvimento sustentável procura a melhoria da qualidade de vida de todos os habitantes do mundo sem aumentar o uso de recursos naturais além da capacidade da Terra.

José Carlos Barbieri “Diretrizes e atividades administrativas e operacionais, tais como planejamento, direção, controle, alocação de recursos e outras realizadas com o objetivo de obter efeitos positivos sobre o meio ambiente, quer reduzindo ou eliminando os danos ou problemas causados pela ação humana”.

Referências

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