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Incidência de fibropapilomatose em tartarugas marinhas na Bacia Potiguar RN/CE

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Academic year: 2021

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(1)UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE BIOCIÊNCIAS DEPARTAMENTO DE MORFOLOGIA PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA ESTRUTURAL E FUNCIONAL. EDSON SOARES DA SILVA JÚNIOR. INCIDÊNCIA DE FIBROPAPILOMATOSE EM TARTARUGAS MARINHAS NA BACIA POTIGUAR RN / CE. Natal-RN 2016.

(2) EDSON SOARES DA SILVA JÚNIOR. Incidência de fibropapilomatose em tartarugas marinhas na Bacia Potiguar RN / CE. Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Biologia Estrutural e Funcional da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito à obtenção do título de Mestre em Biologia Estrutural e Funcional Orientador: Prof. (a) Dr. (a) Simone Almeida Gavilan. Natal-RN 2016.

(3) Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Central Zila Mamede. Silva Júnior, Edson Soares da. Incidência de fibropapilomatose em tartarugas marinhas na bacia potiguar RN/CE / Edson Soares da Silva Júnior. - 2016. 79 f.: il. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Biociências, Programa de Pós-graduação em Biologia Estrutural e Funcional. Natal, RN, 2016. Orientadora: Profª. Drª. Simone Almeida Gavilan. 1. Tartarugas marinhas - Dissertação. 2. Chelonia mydas Dissertação. 3. Fibropapilomatose - Dissertação. 4. Bacia Potiguar RN/CE - Dissertação. I. Gavilan, Simone Almeida. II. Título. RN/UF/BCZM. CDU 598.132.6.

(4) AUTOR: SILVA-JÚNIOR, Edson Soares da. TÍTULO: Incidência de fibropapilomatose em tartarugas marinhas na Bacia Potiguar RN / CE.. Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Biologia Estrutural e Funcional da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito à obtenção do título de Mestre em Biologia Estrutural e Funcional. DATA DA DEFESA: ___/ ___/ ___ BANCA EXAMINADORA:. _________________________________________________________________________ Profa. Dra. Eliana Reiko Matushima Universidade de São Paulo. _________________________________________________________________________ Profa. Dra. Simone Almeida Gavilan Universidade Federal do Rio Grande do Norte. _________________________________________________________________________ Prof. Dr. Flávio José de Lima Silva Universidade do Estado do Rio Grande do Norte.

(5) AGRADECIMENTOS Agradeço acima de tudo a Deus, pois sem Ele nada disso teria sido possível. Agradeço pela saúde, força e por ter me guiado em seus caminhos sempre focado em conquistar meus objetivos. Grato também aos meus pais, por todo amor, apoio, carinho, companheirismo e dedicação em me ensinar valores e princípios dos quais jamais esquecerei. Por toda força e determinação inspirado no meu grande pai e por todo amor e sabedoria aprendida com meu anjo na terra, minha amiga, companheira e verdadeira mãe. Ao meu irmão Miguel que em tão pouco tempo tanto ensinou com um amor incondicional fazendo com que eu sempre me mantivesse firme e centrado trilhando meus objetivos em prol sempre de nossas melhoras. Aos meus avós, em especial a eterna Dona Janete, avó eternizada como anjo que estará sempre olhando por mim e me guiando em toda caminhada. Aos meus primos Kael e Dudu que sempre estiveram comigo em todos os momentos. A Marília, amiga, companheira, noiva, futura esposa e eterna namorada, por toda ajuda, por caminhar ao meu lado, mesmo estando na mesma maratona de mestrado e por todos os momentos mais que especiais vividos por nós que sempre nos trouxeram aprendizados, alegrias, realizações e nos motivaram a continuar sempre em busca de nossos objetivos. Imensamente grato a toda ajuda, paciência, correria, oportunidades e aprendizado que somente uma “super professora” como a Professora Dra. Simone Almeida poderia me proporcionar como amiga e orientadora. Serei sempre grato a Deus por ter me presenteado com alguém tão especial, cheia de vida, disposição e sempre confiando em mim e me dando oportunidades ímpares. A todos os amigos que de alguma forma mandaram boas vibrações sempre me fazendo acreditar que seria possível. As tartarugas marinhas, seres pelos quais me apaixonei desde o primeiro contato e sempre serei uma ferramenta para auxiliar na conservação de todas. Ao IBAMA e a Petrobras cuja participação foi essencial para que fosse possível a realização deste trabalho. Quero agradecer imensamente a grande família PCCB, pessoas que conheci e convivi e que se tornaram parte de minha história, onde sempre terão grande importância em minhas conquistas. A toda equipe do Laboratório de Técnicas Histológicas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, por toda a dedicação e auxílio no preparo das lâminas e esclarecimento de dúvidas. Agradecer a toda equipe do Hospital Universitário Veterinário da Universidade Federal Rural do Semiárido que participou das cirurgias e ao Professor Iberê, grande parceiro durante toda essa atividade. A grande ajuda dada pela Professora Dra. Eliana Reiko Matushima na leitura das lâminas e pela disponibilidade para sempre esclarecer dúvidas. Também a um grande amigo e companheiro de trabalho Radan Elvis pela paciência para fotografar as lâminas (mesmo com os empecilhos de ônibus quebrado e falta de energia) e por todo suporte dado para melhor organização das imagens. Ao Professor Dr. Sérgio Adriane, e a Dr. Dalila Leão pela participação na banca de qualificação e pelas valiosas considerações realizadas. Aos amigos Iara, Maria Iohara, Raquel, Rebeca e Rafael que fazem parte do Laboratório de Morfofisiologia Comparada pela ajuda em todos os momentos. A Universidade Federal do Rio Grande do Norte e todo seu corpo docente que participou de minha formação na graduação e na pós-graduação. A todos que me apoiaram..

(6) LISTA DE FIGURAS Figura 01 – Localização da área de estudo, Bacia Potiguar, RN / CE, Brasil.................................................................... 17. Figura 02 – Feições características do trecho A, Grossos – Icapuí. em “I”: Embarcações utilizadas nas atividades de pesca; em “II”: Regiões de falésias presentes ao longo do trecho; em “III”: Tanques de salinas instaladas na região; em “IV”: Bares e restaurantes instalados nas praias. Fonte: Arquivo Projeto Cetáceos da Costa Branca – UERN.................................................................................................................................................................................................................... 18. Figura 03 –Feições características do trecho B, Areia Branca – Porto do Mangue. Em “I”: Região de praia com áreas de formações rochosas que sofre ação das marés; em “II”: Parques eólicos instalados ao longo do trecho; em “III”: Residências de população nativa que desempenham atividade de pesca artesanal; em “IV”: Área com presença de bancos de alimentação das espécies da fauna marinha. Fonte: Arquivo Projeto Cetáceos da Costa Branca – UERN................................................................................................................................................................................. 19. Figura 04 – Feições características do trecho C, Guamaré - Macau. em “I”: Região de faixa de praia com presença de torres eólicas; em “II”: Trecho arenoso com estrada de barro construída para acesso as torres eólicas; em “III”: Embarcações utilizadas para atividade de pesca artesanal, RDS Costa do Tubarão; em “IV”: Área que sofre constante ação da dinâmica de marés. Fonte: Arquivo Projeto Cetáceos da Costa Branca – UERN ................................................ 21. Figura 05 – Feições características do trecho D, Galinhos – Caiçara do Norte. em “I”: Farol ; em “II”: Parque eólico; em “III”: Atividade de pesca artesanal; em “IV”: Embarcações utilizadas na pesca artesanal e profissional . Fonte: Arquivo Projeto Cetáceos da Costa Branca – UERN......................................................................................................... 22. Figura 06 – Registros de indivíduos com presença de fibropapilomas no ano de 2015. (A) Animal registrado no dia 21/03/2015, na Restinga de Diogo Lopes/RN, apresentando fibropapiloma na nadadeira anterior direita. (B) Animal registrado com diversos fibropapilomas espalhados pelo corpo (setas), no dia 06/10/2015, na Restinga de Diogo Lopes/RN. (C) Animal registrado com fibropapilomas nas quatro nadadeiras (setas), no dia 16/04/2015, na praia de Quitérias/CE. (D) Animal registrado com fibropapiloma na região da cauda, no dia 01/03/2014, na praia de Pontal dos Anjos/RN. Fonte: Arquivo Projeto Cetáceos da Costa Branca – UERN..................................................................... 23.

(7) Figura 07 – Biometria realizada em animal encalhado morto no dia 12 de novembro de 2014 na praia de Gado Bravo, município de Tibau – Rio Grande do Norte .A- Comprimento curvilíneo da carapaça (CCC); B- Largura curvilínea da carapaça (LCC). Fonte: Arquivo Projeto Cetáceos da Costa Branca – UERN............................................. 24. Figura 8 – Cirurgia de remoção de fibropapilomas em tartaruga resgatada pela equipe do PCCB-UERN realizada no Hospital Veterinário da UFERSA. Fonte: Arquivo Projeto Cetáceos da Costa Branca – UERN...................................... 26. Figura 09 – Tartaruga marinha juvenil da espécie Chelonia mydas com presença de fibropapilomas, encalhada no dia 18/09/2020 na Paria de Macau - RN. Fonte: Arquivo Projeto Cetáceos da Costa Branca – UERN.................................. 27. Figura 10 – Divisão corporal para análise da distribuição corporal. NPD: Nadadeira posterior direita; NAD: Nadadeira anterior direita; NAE: Nadadeira anterior esquerda; NPE: Nadadeira posterior esquerda............................... 27. Figura 11 A - Frequência absoluta de registros de tartarugas marinhas por ano de monitoramento na Bacia PotiguarRN..................................................................................................................................................................................................... 30 Figura 11 B- Frequência absoluta de registros de tartarugas marinhas por meses de monitoramento, encalhadas na Bacia Potiguar - RN........................................................................................................................................................... 31. Figura 12 – Frequência relativa de registros de "Animais sem fibropapilomas" e "Animais com fibropapilomas" entre os anos de 2011 a 2015, encalhadas na Costa Branca - RN............................................................................................... 33. Figura 13 - Frequência absoluta de registros de tartarugas marinhas acometidas por fibropapilomatose por anos de monitoramento, encalhadas na Bacia Potiguar - RN......................................................................................................... 33. Figura 14 - Frequência absoluta de registros de tartarugas marinhas acometidas por fibropapilomatose por meses de monitoramento, encalhadas na Bacia Potiguar - RN......................................................................................................... 34.

(8) Figura 15 – Frequência absoluta de registros de “animais com fibropapilomas” e “animais sem fibropapilomas” por trechos de Monitoramento na Bacia Potiguar - RN........................................................................................................... 35. Figura 16 – Frequência percentual proporcional de registros de tartarugas marinhas acometidas por fibropapilomatose por trecho de Monitoramento............................................................................................................. 36. Figura 17 – Frequência absoluta de tartarugas marinhas acometidas com fibropapilomatose por fases de desenvolvimento entre os anos de 2011 a 2015, encalhadas na Costa Branca – RN......................................................... 36. Figura 18 – Frequência absoluta de tartarugas marinhas acometidas com fibropapilomatose por fases de desenvolvimento e trechos de monitoramentos entre os anos de 2011 a 2015, encalhadas na Costa Branca – RN.......... 37. Figura 19 – Cortes histopatológicos de fibropapiloma em tartaruga-verde (Chelonia mydas) corados em HE observados em microscópico óptico. Em A - seta preta indicando vacúolos intra-citoplasmático ao redor do núcleo; 1 indicando camada granulosa do epitélio, 2 indica a camada espinhosa do epitélio, 3 indicando a camada basal e por fim o 4 indicando o tecido conjuntivo frouxo; em B- linha azul indicando hiperqueratinização do epitélio; linha preta indicando epitélio estratificado pavimentoso; linha amarela indicando a camada de tecido conjuntivo; Em C – setas pretas indicando vasos sanguíneos, setas amarelas indicam fibroblastos; em D seta preta indica vaso sanguíneo, seta amarela mostra hemácias e leucócitos presentes no tecido sanguíneo. Fonte: Arquivo Projeto Cetáceos da Costa Branca – UERN.................................................................................................................................................................. 38. Figura 20 – Cortes histopatológicos de fibropapiloma em tartaruga-verde (Chelonia mydas) corados em HE observados em microscópico óptico. Em A, as setas pretas indicam vários ovos de parasitas agrupados no tecido conjuntivo denso, a seta amarela mostra a estrutura de pérola córnea; em B, verifica-se um único ovo de parasita no tecido conjuntivo (seta) em maior aumento. Fonte: Arquivo Projeto Cetáceos da Costa Branca – UERN................................................................................................................................................................................. 39.

(9) Figura 21 – Cortes histopatológicos de fibropapiloma associado a carcinoma em tartaruga-verde (Chelonia mydas) corados em HE observados em microscópico óptico. Em A - estrutura hiperqueratinizadas em meio ao tecido conjuntivo. Em B - observa-se, indicado pela seta preta, epitélio estratificado pavimentoso, a seta branca incida o acúmulo de queratina, o asterisco preto indica região do tecido conjuntivo; Em C – tem-se várias pérolas córneas instaladas dentro do tecido conjuntivo (setas). Fonte: Arquivo Projeto Cetáceos da Costa Branca – UERN................................................................................................................................................................................. 40. Figura 22 – Frequência relativa percentual da distribuição corporal dos fibropapilomas no corpo das tartarugas marinhas encalhadas de 2011 a 2015 na Bacia Potiguar RN/CE....................................................................................... 41.

(10) Lista de Tabelas Tabela 01 - Determinação do início da fase adulta para tartarugas marinhas, conforme referências na área....... 24 Tabela 02 – Menor comprimento de indivíduo registrado desovando................................................................... 25. Tabela 03 - Frequência absoluta e relativa de indivíduos de tartarugas marinhas acometidas com fibropapilomatose entre os anos de 2011 a 2015................................................................................................... 31 Tabela 04 – Frequência absoluta dos registros de "animais com fibropapilomas" e "animais sem fibropapilomas" encalhadas na Costa Branca - RN............................................................................................... 32.

(11) LISTA DE ABREVIAÇÕES. ABIO. Autorização para captura, coleta e transporte de material biológico. CCC. Comprimento curvilíneo do caso. ChHV-5. Chelonid herpesvirus 5. LCC. Largura curvilínea do casco. FP. Fibropapilomatose. HE. Hematoxilina e Eosina. IBAMA. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. PMP-BP. Projeto de Monitoramento de Praia da Bacia Potiguar. SISBIO. Sistema de Autorização e Informação em Biodiversidade. NAD. Nadadeira anterior direita. NAE. Nadadeira anterior esquerda. NPD. Nadadeira posterior direita. NPE. Nadadeira posterior esquerda. RDS. Reserva de Desenvolvimento Sustentável.

(12) SUMÁRIO. RESUMO............................................................................................................................................................ 4. ABSTRACT........................................................................................................................................................ 5. 1. INTRODUÇÃO............................................................................................................................................ 6. 1.1. Tartarugas Marinhas.............................................................................................................................. 1.2. Fibropapilomatose no Brasil................................................................................................................... 10 12. 2. OBJETIVOS................................................................................................................................................. 14. 2.1. Geral..................................................................................................................................................... 2.2. Específico.............................................................................................................................................. 14 14. 3. MATERIAL E MÉTODOS.......................................................................................................................... 15. 3.1. ÁREA DE ESTUDO.............................................................................................................................. 16. 3.1.1 Caracterização do SETOR I............................................................................................................. 17. 3.1.1.1 Trecho de monitoramento A......................................................................................................... 17. 3.1.1.2 Trecho de monitoramento B......................................................................................................... 18. 3.1.2 Caracterização do SETOR II........................................................................................................... 20. 3.1.2.1 Trecho de monitoramento C......................................................................................................... 20. 3.1.2.1 Trecho de monitoramento D......................................................................................................... 21. 3.2. PROCEDMIENTOS............................................................................................................................... 22. 3.3. INDIVÍDUOS AMOSTRAIS................................................................................................................. 25. 3.4. MICROSCOPIA..................................................................................................................................... 25. 3.5. TUMORES............................................................................................................................................. 26. 3.6. ANÁLISE DOS DADOS....................................................................................................................... 28. 4. RESULTADOS............................................................................................................................................ 29 4.1. Registros de encalhes de tartarugas marinhas por ano de monitoramento;........................................... 4.1.1.. 30. Incidência de encalhes de tartarugas marinhas mensais;............................................................ 30. 4.2. Incidência de fibropapilomatose por espécies de tartarugas marinhas;................................................. 31. 4.3. Análise Espaço-Temporal dos registros de tartarugas marinhas acometidos por fibropapilomatose;... 32 4.3.1 Incidência de fibropapilomatose por período Total;...................................................................... 32. 4.3.2 Incidência de fibropapilomatose por anos de Monitoramento;....................................................... 33.

(13) 4.3.3 Incidência de fibropapilomatose mensal....................................................................................... 34. 4.3.4 Incidência de fibropapilomatose por trecho de monitoramento.................................................... 35. 4.4. Análise por fase de desenvolvimento................................................................................................... 36. 4.4.1 Incidência de fibropapilomatose por trecho e fase de desenvolvimento......................................... 37. 4.5 Análises histopatológicas......................................................................................................................... 37. 4.6 Distribuição corporal dos tumores........................................................................................................... 41. 5. DISCUSSÃO................................................................................................................................................ 42. 6. CONCLUSÃO.............................................................................................................................................. 51. 7. REFERÊNCIAS........................................................................................................................................... 53 8. ANEXOS...................................................................................................................................................... 59.

(14) RESUMO As cinco espécies de tartarugas marinhas que ocorrem no litoral brasileiro estão classificadas como espécies em risco de extinção pelas listas mundiais de espécies ameaçadas. Tal status é decorrente das diferentes ameaças que esses animais vêm sofrendo no decorrer das últimas décadas, dentre estas a destruição do habitat, fotopoluição, pesca incidental, tráfego de veículos e predação de ovos. Outra considerável ameaça a esses animais, descrita na literatura, é a ocorrência da fibropapilomatose. Esta doença acomete as tartarugas marinhas, em especial indivíduos juvenis da espécie Chelonia mydas, embora tenha sido descrito também nas demais espécies. Este trabalho pretende investigar a distribuição espacial e temporal dos registros de tartarugas marinhas com fibropapilomatose que encalham, vivos ou mortos, entre as praias dos municípios de Icapuí/CE até Caiçara do Norte/RN, bem como analisar os aspectos histopatológicos das lesões. Para isso foram realizados monitoramentos diários, utilizando-se quadriciclos, a fim de registrar a ocorrência de tartarugas marinhas nas praias da Bacia Potiguar RN / CE. Os animais que foram encontrados mortos, dependendo do estado da carcaça, foram avaliados quanto à espécie, ao número e posicionamento dos tumores, fotografados e georreferenciados. Os animais vivos foram resgatados e translocados para a Base de Reabilitação do Projeto Cetáceos da Costa Branca/UERN-Areia Branca onde foi realizado o procedimento de contagem e localização dos tumores. Para o desenvolvimento da pesquisa estão sendo utilizados dados coletados entre os anos de 2011 e 2015. Dentre as 3.960 tartarugas marinhas encalhadas, 680 apresentaram tumores sugestivos de fibropapilomatose, valores estes que apresentaram crescimento durante os anos estudados. No que diz respeito a variação por trecho de monitoramento, a maior frequência de animais acometidos pela doença foi registrada no trecho C correspondente a "Guamaré-Macau”. Quanto a fase de desenvolvimento, a maior parte dos indivíduos acometidos estavam no estágio juvenil, porém também houve registro de animais adultos e subadultos acometidos pela doença. As lesões se configuram por apresentarem hiperplasia da epiderme, do tecido conjuntivo, desorganização de fibras colágenas, hiperqueratinização de regiões dentro do tecido conjuntivo e vacuolização no citoplasma. Além disso, foram observados ovos de parasitas no estroma tumoral, além das projeções papilares que marcam de maneira peculiar a estrutura do fibropapiloma. A Bacia Potiguar RN / CE mostrou-se como sendo um trecho com características compartilhadas por outras áreas de registros da fibropapilomatose e com fatores que podem ter contribuído para o aumento dos registros de animais acometidos. Por se tratar de uma doença debilitante, que acomete principalmente animais juvenis e com etiologia ainda não bem definida, a fibropapilomatose impulsiona pesquisas que visam melhor entendimento da doença para conservação das espécies de tartarugas marinhas. Palavras-chave: Chelonia mydas; Fibropapilomatose; Bacia Potiguar RN / CE. 4.

(15) ABSTRACT The five species of sea turtles that occur in the brazilian coast are classified as species at risk of extinction by global lists of threatened species. Such status is due to the different threats that these animals have suffered over the past decades, among them the destruction of natural habitat, fotopoluição, incidental fishing, vehicle traffic and predation of eggs. Another significant threat to these animals, described in the literature, is the occurrence of fibropapillomatosis. This disease affects sea turtles, especially juveniles of the species Chelonia mydas, although it was also described in other species. This work intends to investigate the spatial and temporal distribution of records of sea turtles with fibropapilamatose stranding, living or dead, from the beaches of the municipalities of Icapuí / CE by Caiçara do Norte / RN, and to characterize the histology of these lesions. For this daily monitoring were performed, using quads in order to record the occurrence of sea turtles in the Bacia Potiguar RN / CE of beaches. Dead animals, depending of the decomposition state, they were evaluated for the type, number and positioning of tumors, photographed and georeferenced. The live animals were rescued and translocated to the rehabilitation base of the project Cetáceos da Costa Branca / UERN-Areia Branca where we performed the count procedure and location of the tumors. For the development of the research are being used data collected between 2011 and 2015. Among the 3.960 stranded sea turtles, 680 had tumors caused by fibropapillomatosis, values which grew during the years studied. In relation to the variation between the monitored sectors, the highest frequency of animals affected by the disease was recorded in the sector “C” "Guamaré-Macau." As the development phase, most of the affected individuals were in the immature stage, but there were also adult animals record and subadult affected by the disease. The lesions are configured for presenting papillary projections and epidermal hyperplasia, hyperkeratinisation regions within the connective tissue and points with suggestive of inflammation erythrocyte clusters. In addition, we observed parasites and leech eggs present within tumor structure. The Bacia Potiguar RN / CE has been shown to be an excerpt with features shared by other areas of fibropapillomatosis occurrence and with factors that may have contributed to the increase of the records of affected animals. Because it is a debilitating disease, which affects mainly juvenile animals with etiology not yet well defined, fibropapillomatosis promotes research aimed at a better understanding of the disease for the conservation of sea turtle species. Keywords: Chelonia mydas; fibropapillomatosis; Bacia Potiguar RN / CE. 5.

(16) Fonte: Arquivo Projeto Cetáceos da Costa Branca – UERN.. 1. INTRODUÇÃO. 6.

(17) 1. INTRODUÇÃO As tartarugas marinhas são classificadas em sete espécies e apresentam ampla distribuição, habitando diversas regiões do mundo (ROBERT, 1986; SANTOS, 1994). Na costa brasileira ocorrem cinco espécies, são elas: Chelonia mydas (Tartaruga-verde); Eretmochelys imbricata (Tartaruga-de-pente); Lepidochelys olivacea (Tartaruga-oliva); Caretta caretta (Tartarugacabeçuda); Dermochelys coriacea (Tartaruga-de-couro) (MARCOVALDI, 1987; MARCOVALDI, 1999). Todas as espécies de tartarugas marinhas, de acordo com o Ministério do Meio Ambiente (2003), estão ameaçadas de extinção no Brasil e de acordo com a União Internacional para Conservação da Natureza – IUCN (2015) ameaçadas em todo o mundo. Dentre as espécies ocorrentes no Brasil, os indivíduos das espécies Chelonia mydas (Tartaruga-verde); Eretmochelys imbricata (Tartaruga-de-pente) e Lepidochelys olivacea (Tartarugaoliva) utilizam a costa litoral setentrional do Rio Grande do Norte como áreas de atividade reprodutiva e de alimentação (GAVILAN-LEANDRO et al, 2016) e estão classificadas nas categorias "ameaçada", "criticamente ameaçada" e "vulnerável" respectivamente (IUCN, 2015). Diferentes fatores colocam em risco a conservação desses animais, dentre eles a destruição do habitat natural, fotopoluição, pesca incidental, tráfego de veículos e predação de ovos (MARTINS e MOLINA, 2009). Essas ameaças estão presentes em todo o litoral brasileiro, afetando, portanto, também os animais que ocorrem no litoral do Rio Grande do Norte. Outro potencial fator que contribui para a redução do número de indivíduos dessas espécies são as doenças provocadas por vários agentes infecciosos (HERBST, 1994), em especial a fibropapilomatose. De acordo com Zwarg (2014) trata-se de uma doença debilitante que pode provocar a morte, atingindo principalmente as tartarugas marinhas da espécie Chelonia mydas, representando assim uma importante ameaça a esses animais. A Fibropapilomatose em tartarugas marinhas foi descrita primeiramente na Flórida por Lucke, Smith e Coates (1938) sendo relatada a presença de processos tumorais localizados externamente em tartaruga-verde (Chelonia mydas). No Brasil o primeiro caso foi registrado no ano de 1986 no estado do Espírito Santo por Baptistotte (2007). Tal enfermidade é caracterizada pela presença de tumores cutâneos localizados ou distribuídos por todo o corpo, com etiologia não definida (HERBST et al., 1998). Tais tumores benignos podem ser externo ou internos, e variam de tamanho de 0,1 a 30 cm, podendo apresentarse de forma sésseis ou pediculados.(HERBST et al., 1999; CUBAS e BAPTISTOTTE, 2007; GEORGE, 1997). 7.

(18) Estudos como o de Herbst et al. (1998) e Ene et al. (2005), que evidenciaram a presença de um herpesvírus associado a 100% dos casos naturais da doença e em 95% em situações induzidas (QUACKENBUSH et al. 2001), sugerem que a origem possa ser viral. Entretanto, algumas variáveis como desenvolvimento demográfico, atividades industriais e agronômicas, próximas as praias, podem influenciar contribuindo para o aumento da doença (ADNYANA et al. 1997). Nesse sentido, Keller et al. 2014 descreveram que o aumento de poluentes ambientais como compostos organaclorados e organofosforados, além de selênio e metais pesados parecem ser possíveis fatores na patogênese da fibropapilomatose. O herpesvírus encontrado associado a fibropapilomatose pertence à família Herpesviridae, a subfamília Alphaherpesvirinae, do gênero Scutavirus e foi denominado de ChHV-5 (Chelonid Herpesvírus 5), sendo este classificado em quatro grupos (Atlântico, Médio Pacífico, Pacífico Oeste e Pacífico Leste) de acordo com a análise da glicoproteína B (PATRICIO et al. 2012). GREENBLATT et al., (2003) indicam o sanguessuga marinho do gênero Ozonbranchus como um possível vetor desse herpesvírus, tendo grande potencial para ser um possível transmissor da fibropapilomatose em tartarugas marinhas, pois possui capacidade de carrear o material genético do vírus ChHV-5. Embora Williams et al.,1994 descrevam a possibilidade de outros parasitas também possuírem potencial para carrear material genético do vírus, os maiores índices de carga viral foram observado em sanguessugas do gênero Ozonbranchus (GREENBLATT et al., 2003). Ademais à transmissão por agente biológico, Jones, 2016 destaca aspectos comportamentais como possíveis agentes facilitadores e causadores de transmissão horizontal, principalmente na fase nerítica, citando comportamentos agonísticos entre os animais ou ainda aqueles relacionados a atividade de cópula, que mesmo tendo frequência baixa nos adultos podem estar presentes nos casos onde animais nessa fase de desenvolvimento são acometidos. Adicionalmente, outros fatores, como os que afetam o sistema imunológico dos animais, devem ser. considerados. Desta forma, Ritchie (2006) cita agentes estressores como migração,. modificações na alimentação e aumento na densidade da população em uma área. Desse modo, a Fibropapilomatose. é caracterizada pelo surgimento de massas tumorais. benignas, com origem não definida, podendo ser viral, por poluição, estresse ou de etiologia multifatorial (HERBST 1994; RITCHIE 2006). Os tumores podem ser de características morfológicas distintas, possíveis de serem avaliados externamente de maneira macroscópica. Apresentam coloração e texturas variáveis. Podem ser pigmentados, apresentando coloração de acinzentados à enegrecidos, ou não, quando são pálidos ou 8.

(19) esbranquiçados. Podem ser ainda, verrucosos ou lisos de acordo com sua superfície. Os tumores diferem quanto sua estrutura microscópica podendo ser massas fibroepiteliais cutâneas ou fibromas quando encontrados em vísceras (KANG et al., 2008). Segundo Matushima (2003), histologicamente, os fibropapilomas são caracterizados por projeção papilar e uma marcante hiperplasia da epiderme com feixes de fibras colagenosas. Com base nas características histológicas, a doença pode apresentar três tipos de processos tumorais: Fibropapilomas, Fibromas e Papilomas cutâneos (HERBST, 1994). Os processos tumorais classificados como Papilomas cutâneos apresentam características de tumores com crescimento de epiderme (KANG et al., 2008). A fase de Fibromas se caracteriza por desenvolvimento, principalmente, de colágeno e é encontrado em tumores internos que acometem as vísceras do indivíduo, por fim, os Fibropapilomas são quando os tumores apresentam crescimento tanto da epiderme quanto da matriz dermal com o colágeno maduro (KANG et al., 2008). Tais tumores podem provocar alterações na hidrodinâmica do animal dificultando sua movimentação, alimentação e interfere também no processo de flutuabilidade do indivíduo (ADNYANA et al. 1997). As massas tumorais podem acometer desde regiões oral, axilar e inguinal, como também as nadadeiras, pescoço, cabeça, olhos, na conjuntiva, carapaça e plastrão. Quando internos, os órgãos mais afetados são os pulmões, trato gastrointestinal, coração, fígado e rins, podendo ser invasivos, quando o tumor passa para sua fase maligna, e ocasionar a morte dos indivíduos por comprometer a função dos órgãos afetados (YU et al., 2000; HERBST, 1994) Além do aumento de casos registrados da doença (BAPTISTOTTE, 2007) e as dúvidas sobre o agente etiológico, outra preocupação que impulsiona pesquisas sobre a fibropapilomatose é o fato de a doença acometer indivíduos jovens que, por não resistirem às lesões, vêm a óbito e não atingem a idade adulta, resultando em uma diminuição do número de indivíduos que se reproduzem (EHRHART, 1991). Duas hipóteses buscam explicar a prevalência da doença em indivíduos jovens. Sugere-se que a Fibropapilomatose acomete em maior frequência indivíduos juvenis porque a exposição aos possíveis agentes etiológicos ocorre na fase pelágica, porém o vírus possui um grande período de latência que só é quebrado em sua fase juvenil mais tardia, por fatores estressantes como migração e mudança do hábito alimentar (HERBST 1994; HIRAMA & EHRHART 2007) A segunda hipótese prediz que o contato com os agentes etiológicos só acontece após os indivíduos retornaram para a zona nerítica, e então a doença se manifesta durante a fase juvenil. (HERBST 1994; HIRAMA & EHRHART 2007) 9.

(20) No Brasil, de acordo com Baptistotte (2007), os indivíduos da espécie Chelonia mydas mais acometidos pela fibropapilomatose apresentam entre 20 cm - 40 cm de comprimento curvilíneo da carapaça. Nessa fase se observa migração, mudança do hábito alimentar e maior utilização de áreas costeiras com condições ambientais inadequadas, promovendo maior exposição a possíveis fatores que contribuem para a incidência da doença. Indivíduos de tamanhos inferiores a 30 centímetros não foram registrados provavelmente por não ter tempo suficiente para que a doença se manifeste, uma vez que tratam-se de animais com pouco tempo de vida. Quanto a classe com mais de 80 centímetros, foi verificado também níveis baixos de acometimento, sendo possível explicar pelo fato de que animais maiores apresentam maior capacidade imunológica de não manifestar os tumores ou então o fato dos juvenis serem acometidos impede que esses animais sobrevivam até atingirem tamanhos maiores (BAPTISTOTTE, 2007) Segundo HERBST (1994) os indivíduos mais afetados são da espécie Chelonia mydas, embora possa ocorrer em outras espécies. Os exemplares dessa espécie habitam profundidades de até vinte metros, sendo cosmopolitas e encontradas em águas tropicas e subtropicais. Possuem como área de nidificação praias em regiões tropicais (ANDRADE, 2006; CUBAS et al.,2007). Embora seja conhecido aspectos sobre a biologia da espécie, até o momento não é conhecido o motivo que justifique o fato da espécie C.mydas ser mais afetada pela doença do que as outras espécies (MATUSHIMA,2001).. 1.1 TARTARUGAS MARINHAS. As tartarugas marinhas são representantes da linhagem mais primitiva de répteis vivos, sendo datadas do período Jurássico (PRITCHARD, 1997). Todos os gêneros e espécies de tartarugas marinhas existentes atualmente, surgiram entre 60 e 10 milhões de anos (LUTZ, 1997). Na Chapada do Araripe no estado do Ceará, foi registrado o mais antigo fóssil de tartaruga marinha no mundo. O indivíduo encontrado pertence à espécie Santanachelys gaffneyi da família Protostegidae e tem aproximadamente 110 milhões (HIRAYAMA, 1998). Atualmente existem duas famílias de tartarugas marinhas, Cheloniidae e Dermochelyidae, entretanto, durante o período Cretáceo descreve-se duas famílias além das que se tem hoje, sendo elas: Toxochelyidae e Protostegidae (SPOTILA, 2004). As sete espécies de tartarugas marinhas existentes hoje estão distribuídas na família Cheloniidae, que abriga seis espécies, sendo elas: Caretta caretta, Chelonia mydas, Eretmochelys. 10.

(21) imbricata, Lepidochelys olivacea, Lepidochelys kempii, Natator depressus. Já a família Dermochelyidae abriga a espécie Dermochelys coriacea. (LUTZ, 1997). A espécie com hábitos mais costeiros é a tartaruga verde (Chelonia mydas), alimentando-se principalmente de algas em sua fase adulta e sendo onívora enquanto filhote. Os indivíduos dessa espécie apresentam carapaça com quatro placas na região lateral, distribuídas de maneira justaposta. Em sua cabeça possuem um par de placas pré-frontais e quatro pares de placas na região pós-orbital. Atingem em média de 1,15 m de comprimento curvilíneo da carapaça, podendo pesar aproximadamente 230 Kg. (MÁRQUEZ, 1990; MOREIRA, 2003) Os indivíduos juvenis da espécie Chelonia mydas são os mais registrados no litoral brasileiro, tanto por avistagens, quanto por encalhes. Também interagem com pesca e sofrem influência da poluição, urbanização das praias e interação antrópica de modo geral (SANTOS, 2011). As outras quatro espécies também possuem áreas de alimentação, reprodução e desenvolvimento no litoral brasileiro. A tartaruga-cabeçuda (Caretta caretta) possui ocorrência reprodutiva, principalmente, no Espirito Santo e litoral norte do Rio de Janeiro. Tem como hábito alimentar crustáceos e moluscos buscando alimento principalmente em áreas de zona nerítica. Atartaruga-de-couro (Dermochelys coriacea) possui como áreas de reprodução praias do norte do Espirito santo e tem sua alimentação baseada em zooplânctons gelatinosos. Além dessas, têm-se a tartaruga-oliva (Lepidochelys olivacea) cuja área de desova se dá em praias do sul do estado de Alagoas e também na região norte da Bahia. Essa espécie alimenta-se basicamente de peixes, moluscos e crustáceos (SANTOS, 2011) A tartaruga-de-pente (Eretmochelys imbricata) apresenta uma dieta composta por animais diversos como crustáceos, moluscos e peixes (FARIAS, 2014) e como uma característica importante apresenta área de desova no estado do Rio Grande do Norte (SANTOS, 2011) em regiões compreendidas dentro da área de estudo desta pesquisa. Assim, o conhecimento dos principais hábitos e áreas de reprodução das espécies de tartarugas marinhas, que ocorrem por toda a costa do país, se faz importante para este trabalho, pois ressalta a importância de pesquisas sobre fibropapilomatose no Brasil.. 11.

(22) 1.2 FIBROPAPILOMATOSE NO BRASIL. Segundo Baptistotte et al. (2001) a Fibropapilomatose no Brasil foi descrita pela primeira vez no ano de 1986 e no trabalho realizou-se evidenciar os registros de FP e seu crescimento desde o seu primeiro registro até o ano de 2000, bem como as áreas de ocorrência da doença, as fases de acometimento e suas possíveis causas. Baptistotte, 2007 estudando a incidência de fibropapilomatose entre os anos de 2000 a 2005, observou o crescimento da incidência de indivíduos acometidos ao longo da costa brasileira, destacando a maior frequência de ocorrência da doença para indivíduos da espécie Chelonia mydas em relação as outras espécies estudadas. Ainda de forma pioneira para o Brasil, Matushima et al, 2001, descreveram a caracterização histopatológica da fibropapilomatose. Os autores destacaram características importantes na identificação. microscópica. de. massas. tumorais. para. diagnosticar. a. Fibropapilomatose.. Adicionalmente foram descritas estruturas que sugeriram possivelmente infecções virais, interação com parasitas e modificação na organização normal do tecido epitelial e conjuntivo sendo estes estudos fundamentais para melhor compreensão da doença. (MATUSHIMA et al., 2001) Estudos mais recentes demonstram a caracterização histopatológica dos tumores em outras espécies, além da análise genética do vírus possivelmente associado a doença. Rossi et al, 2015 descreveram a ocorrência de fibropapilomatose em tartaruga-cabeçuda (Caretta caretta) a partir da análise histopatológica, associada a análise por PCR para identificar a presença do vírus, resultando em resposta positiva para o herpesvírus (ROSSI et al., 2015) Vários fatores parecem contribuir com o surgimento dos tumores nesses animais, dentre eles, o que mais se destaca é a qualidade ambiental das áreas de ocorrência. No estado do Espírito Santo foi realizado durante os anos de 2007 a 2008 um estudo que teve como objetivo classificar a qualidade ambiental de áreas com alta incidência de fibropapilomatose, avaliando a presença de algas indicadores de qualidade ambiental e fatores físico-químicos, utilizando-se como parâmetro comparativo áreas sem registros de fibropapiloma e de boa qualidade ambiental. Foi observado que áreas onde se tem maior prevalência da fibropapilomatose apresentam altos índices de degradação ambiental, baixos índices avaliativos da qualidade ecológica e prevalência de organismos indicadores de áreas de má qualidade (SANTOS et al., 2010). Essas informações foram contrárias em áreas de baixa ocorrência de FP, onde índices de avaliação ecológica e organismos presentes indicaram como áreas de boa qualidade. A área de estudo 12.

(23) foi classificada como de má qualidade e teve alta ocorrência da doença, dado que corroborou para o pressuposto de que qualidade da área tem influência sobre a FP (SANTOS et al., 2010). De acordo com Keller et al. (2014) compostos organoclorados e fosforados relacionados a poluição ambiental, provavelmente, não teriam função de iniciadores da fibropapilomatose, mas sim em sua progressão. Desse modo a qualidade ambiental seria um fator potencializador da doença. Considerando a fibropapilomatose como uma das maiores ameaças atuais a conservação das tartarugas marinhas, bem como o incipiente conhecimento sobre os avanços da doença no Rio Grande do Norte, esse trabalho possui os seguintes objetivos:. 13.

(24) 2. OBJETIVOS GERAL. Caracterizar a incidência e distribuição espacial e temporal de fibropapilomatose em tartarugas marinhas na região da Bacia Potiguar RN / CE, descrevendo a histologia das lesões. ESPECÍFICOS i. Identificar as áreas de maior ocorrência de tartarugas marinhas acometidas por. fibropapilomatose ; ii. Verificar a existência de sazonalidade nos padrões de ocorrência destes animais acometidos. com a doença; iii. Avaliar a incidência dos tumores em diferentes fases de desenvolvimento;. iv. Descrever os aspectos histopatológicos dos tumores coletados em tartarugas marinhas na Bacia Potiguar RN/CE. v. Quantificar os encalhes de tartarugas marinhas na Bacia Potiguar RN/CE.. 14.

(25) Fonte: Arquivo Projeto Cetáceos da Costa Branca – UERN.. 3. MATERIAL E MÉTODOS. 15.

(26) 3.1 ÁREA DE ESTUDO. A pesquisa foi realizada na Bacia Potiguar RN / CE, em praias do litoral Setentrional do Rio Grande do Norte e Ceará, entre os municípios de Caiçara do Norte - RN (5° 4'1.15"S; 36° 4'36.41"O) e Icapuí/CE, (4°38'48.28"S; 37°32'52.08"O), perfazendo uma extensão aproximada de 300 km. O presente trabalho desenvolvido é resultante de amostras coletadas e dados fornecidos pelo “Projeto de Pesquisa com monitoramento dos encalhes de biota marinha em praias do litoral potiguar e cearense (PMP-BP) condicionante exigida pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, para as atividades de Exploração & Produção de hidrocarbonetos da Petrobrás na Bacia Potiguar e do Ceará. Devido à grande extensão, condição de acesso e características ambientais, a área de monitoramento foi dividida em dois Setores (1 e 2). Cada Setor conta com uma Base de Apoio que abrange dois Trechos de Monitoramento (Figura 01). Essa divisão geográfica foi utilizada também para a análise dos registros por trecho de monitoramento.. SETOR 1 A. Base de Apoio 1: Areia Branca i. Trecho de Monitoramento A: Areia Branca-RN até limite do município de Icapuí com Aracatí – CE. ii. Trecho de Monitoramento B: Areia Branca-RN até Porto do Mangue-RN.. SETOR 2. B. Base de Apoio 2: Guamaré i. Trecho de Monitoramento C: Guamaré-RN até Macau-RN. ii. Trecho de Monitoramento D: Galinhos-RN até o limite do Município de Caiçara do Norte-RN com município de São Bento do Norte – RN.. 16.

(27) Figura 01 – Localização da área de estudo, Bacia Potiguar, RN / CE, Brasil.. 3.1.1 Caracterização do SETOR 1 O Setor 1 está delimitado a leste pelo município de Porto do Mangue/RN, e a oeste pelo município de Icapuí/CE. Sua linha de costa possui uma extensão aproximada de 112 km e foi subdividida em dois trechos de monitoramento, denominados de A e B, ambos monitorados diariamente e atendidos pela Base de Areia Branca/RN. As principais drenagens existentes correspondem ao rio Apodi-Mossoró, que divide os municípios de Grossos/RN e Areia Branca/RN, assim como os trechos A e B, e ao rio Cuipiranga, que corta a praia de Manibu/RN. 3.1.1.1 Trecho de Monitoramento A. O trecho de monitoramento A, com 61 km de extensão, é constituído pela faixa costeira compreendida entre a Barra de Grossos, na margem esquerda do rio Apodi-Mossoró, município de Grossos/RN (04°57’03.0” S e 37°08’40.7” O), e o limite da praia de Retiro Grande, no município de Icapuí/CE (04°38’38.9” S e 37°32’30.2” O). A linha de costa do trecho A é caracterizada pela predominância de praias arenosas com geomorfologias distintas. 17.

(28) A ocupação territorial ocorre de forma moderada a intensa, com diferentes níveis de uso e ocupação do solo, havendo locais com elevado potencial turístico e presença de infraestrutura de veraneio. As principais atividades econômicas são baseadas no turismo e na pesca artesanal (Figura 02).. Figura 02 – Feições características do trecho A, Grossos – Icapuí. em “I”: Embarcações utilizadas nas atividades de pesca; em “II”: Regiões de falésias presentes ao longo do trecho; em “III”: Tanques de salinas instaladas na região; em “IV”: Bares e restaurantes instalados nas praias. Fonte: Arquivo Projeto Cetáceos da Costa Branca – UERN.. 3.1.1.2 Trecho de Monitoramento B. O trecho de monitoramento B, com 51 km de extensão, é constituído pela faixa costeira compreendida entre a praia do Meio, na margem direita do rio Apodi-Mossoró, município de Areia Branca/RN (04°56’28.8” S e 37°08’43.3” O), e o limite do município de Porto do Mangue/RN (05°03’22.6” S e 36°46’13.3” O).. 18.

(29) Deste ponto até o final do trecho, na praia do Meio, ocorre a predominância de praias arenosas planas com depósitos aluvionares que se estendem até o início do estuário do rio ApodiMossoró (CPRM, 2005b), com ocupação acentuada de salinas em suas margens. A ocupação territorial ocorre de forma moderada à intensa, com baixo potencial turístico e predominância de população nativa e ribeirinha nas zonas rurais, resultando em paisagem de vilarejos e praias parcialmente desertas. As maiores concentrações populacionais estão concentradas nas sedes dos municípios. As principais atividades econômicas são baseadas na pesca artesanal e salinicultura (Figura 03).. Figura 03 –Feições características do trecho B, Areia Branca – Porto do Mangue. Em “I”: Região de praia com áreas de formações rochosas que sofre ação das marés; em “II”: Parques eólicos instalados ao longo do trecho; em “III”: Residências de população nativa que desempenham atividade de pesca artesanal; em “IV”: Área com presença de bancos de alimentação das espécies da fauna marinha. Fonte: Arquivo Projeto Cetáceos da Costa Branca – UERN.. 19.

(30) 3.1.2 Caracterização do SETOR 2. O Setor 2 está inteiramente inserido no estado do Rio Grande do Norte e é delimitado a oeste pelo campo eólico de Macau/Serra, no município de Macau/RN, e a leste pelo município de Caiçara do Norte/RN. Possui uma extensão aproximada de 76 km e foi subdividido em dois trechos de monitoramento, denominados de C e D, ambos monitorados diariamente e atendidos pela Base de Guamaré/RN. 3.1.2.1 Trecho de Monitoramento C O trecho de monitoramento C, com 46 km de extensão, é constituído pela faixa costeira compreendida entre a praia de Camapum, no município de Macau/RN (05°05’05.2” S e 36°34’34.0” O), e o limite da praia do Minhoto, no município de Guamaré/RN (05°05’19.3” S e 36°21’30.7” O). Neste trecho situa-se a Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Estadual Ponta do Tubarão, unidade de conservação de uso sustentável. A ocupação territorial ocorre de forma baixa à moderada, com baixo potencial turístico e predominância de população ribeirinha e caiçara, resultando em uma paisagem de vilarejos e praias parcialmente desertas. A principal atividade econômica é baseada na exploração de recursos naturais como Petróleo e Gás e geração de Energia Eólica (Figura 4).. 20.

(31) Figura 04 – Feições características do trecho C, Guamaré - Macau. em “I”: Região de faixa de praia com presença de torres eólicas; em “II”: Trecho arenoso com estrada de barro construída para acesso as torres eólicas; Em “III”: Embarcações utilizadas para atividade de pesca artesanal, RDS Costa do Tubarão; em “IV”: Área que sofre constante ação da dinâmica de marés. Fonte: Arquivo Projeto Cetáceos da Costa Branca – UERN.. 3.1.2.1 Trecho de Monitoramento D. O trecho de monitoramento D, com 30 km de extensão, é constituído pela faixa costeira compreendida entre os municípios de Galinhos/RN (05°05’05.2” S e 36°34’34.0” O), e Caiçara do Norte/RN (05°05’28.6” S e 36°17’37.9” O). O uso e ocupação do solo ocorrem de maneira incipiente, com baixo potencial turístico e predominância de população ribeirinha e caiçara, resultando em uma paisagem de vilarejos e praias parcialmente desertas. A principal atividade econômica está baseada na pesca artesanal, sendo esta profissionalizada na praia de Caiçara do Norte (Figura 05).. 21.

(32) Figura 05 – Feições características do trecho D, Galinhos – Caiçara do Norte. em “I”: Farol ; em “II”: Parque eólico; em “III”: Atividade de pesca artesanal; em “IV”: Embarcações utilizadas na pesca artesanal e profissional. Fonte: Arquivo Projeto Cetáceos da Costa Branca – UERN.. 3.2 PROCEDIMENTOS Para o desenvolvimento da pesquisa foram utilizados dados coletados entre os anos de 2011 e 2015. Os registros de tartarugas marinhas, com e sem fibropapilomas, foram realizados a partir de monitoramentos diários com o uso de quadriciclos pelos técnicos de campo do Projeto Cetáceos da Costa Branca (Figura 06). Foram registrados animais mortos e vivos. Os animais mortos dependendo do estado da carcaça, foram avaliados quanto a espécie, ao número e posicionamento dos tumores, fotografados e georreferenciados. Os indivíduos encontrados mortos na praia ou que vieram a óbito nas Bases, quando possível, foram necropsiados de acordo com as técnicas de Work (2001) e Wyneken (2001). 22.

(33) Os animais vivos foram notificados pelo técnico de campo e acionada a equipe de resgate, composta por um biólogo e um veterinário e translocados para a Base de Reabilitação em Areia Branca - RN. Inicialmente foram realizados os procedimentos de estabilização, reidratação e cuidados clínicos necessários para posterior contagem e localização dos tumores. Os animais receberam tratamento veterinário, que incluíam, quando possível, a remoção cirúrgica dos tumores, sendo acompanhado seu processo de recuperação e a posterior soltura, caso houvesse sucesso nos procedimentos de reabilitação.. Figura 06 – Registros de indivíduos com presença de fibropapilomas no ano de 2015. (A) Animal registrado no dia 21/03/2015, na Restinga de Diogo Lopes/RN, apresentando fibropapiloma na nadadeira anterior direita. (B) Animal registrado com diversos fibropapilomas espalhados pelo corpo (setas), no dia 06/10/2015, na Restinga de Diogo Lopes/RN. (C) Animal registrado com fibropapilomas nas quatro nadadeiras (setas), no dia 16/04/2015, na praia de Quitérias/CE. (D) Animal registrado com fibropapiloma na região da cauda, no dia 01/03/2014, na praia de Pontal dos Anjos/RN. Fonte: Arquivo Projeto Cetáceos da Costa Branca – UERN.. 23.

(34) Para cada tartaruga marinha registrada, viva ou morta, foram realizadas as medidas de comprimento curvilíneo da carapaça (CCC), medidos desde o início da placa pré-central até o fim da placa pós-central (BOLTEN,1999) e largura curvilínea da carapaça (LCC) (Figura 07). Tais medidas permitem, de acordo com Hirth (1997), determinar a fase de desenvolvimento de cada animal. Os indivíduos registrados foram classificados em juvenil, subadultos e adultos, conforme Tabela 01.. A. B. Figura 07 – Biometria realizada em animal encalhado morto no dia 12 de novembro de 2014 na praia de Gado Bravo, município de Tibau – Rio Grande do Norte .A- Comprimento curvilíneo da carapaça (CCC); B- Largura curvilínea da carapaça (LCC). Fonte: Arquivo Projeto Cetáceos da Costa Branca – UERN.. Tabela 01 - Determinação do início da fase adulta para tartarugas marinhas, conforme referências na área.. Categorias de Fases de desenvolvimento. Comprimento Curvilíneo da carapaça. JUVENIL. entre 6 centímetros a 40 centímetros De 41 centímetros até o valor que. SUBADULTOS. antecede o menor tamanho de cada espécie que foi registrado desovando. ADULTO. A partir do menor tamanho registrado desovando. 24.

(35) O período de início da atividade reprodutiva varia de acordo com a espécie. A Tabela 02 indica o menor comprimento de indivíduo registrado desovando de forma a caracteriza-lo como adulto.. Tabela 02 – Menor comprimento de indivíduo registrado desovando.. Espécie. Menor. comprimento. Referência. registrado desovando Chelonia mydas. 90 centímetros. MOREIRA, 2003. Eretmochelys imbricata. 86 centímetros. MARCOVALDI et al., 2009. Lepidochelys olivacea. 62,5 centímetros. SILVA et al., 2007. Caretta caretta. 75 centímetros. BARATA et al., 1998. 3.3 INDIVÍDUOS AMOSTRAIS Durante o período de monitoramento, foi possível registrar encalhes de indivíduos das cinco espécies de tartarugas marinhas que ocorrem no litoral brasileiro, sendo elas: Chelonia mydas, Eretmochelys imbricata, Lepidochelys olivacea, Caretta caretta e Dermochelys coreacea. Todos os procedimentos de resgate, manejo e coleta de material biológico estão resguardados pela posse das licenças SISBIO e ABIO (ABIO Nº 615/2015 ) de todos os membros da equipe.. 3.4 MICROSCOPIA O material utilizado para a confecção das lâminas foi obtido a partir da realização de necropsias em animais que vieram a óbito na Base de Reabilitação ou ainda a partir da remoção cirúrgica em animais vivos. Os procedimentos cirúrgicos foram realizados por equipe veterinária, no Hospital Veterinário da Universidade Federal Rural do Semi-Árido – UFERSA. (Figura 08).. 25.

(36) Figura 8 – Cirurgia de remoção de fibropapilomas em tartaruga resgatada pela equipe do PCCB-UERN realizada no Hospital Veterinário da UFERSA. Fonte: Arquivo Projeto Cetáceos da Costa Branca – UERN.. Os procedimentos de confecção das lâminas histológicas foram realizados no Laboratório de Morfofisiologia de Vertebrados da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN. O material coletado foi fixado em formol 10%, para posteriormente ser triado para preparação das lâminas. Os cortes foram coradas com Hematoxilina e Eosina (HE), seguindo os procedimentos de preparação segundo metodologia descrita em Tolosa (2005). Os cortes foram realizados utilizando-se Micrótomo da marca Leica, Modelo RR3520, com espessura de cortes de 5 µm. 3.5 TUMORES Os animais registrados com tumores (Figura 09) passaram por biometria de cada massa tumoral e contagem por cada área acometida. A biometria foi realizada utilizando-se um paquímetro e 26.

(37) foram registrados largura e comprimento de cada formação tumoral que se mostravam separados por sua inserção na pele do animal. A quantificação e localização dos tumores foi realizada por regiões do corpo do animal, sendo elas: cranial, cervical, nadadeira anterior esquerda, nadadeira anterior direita, nadadeira posterior esquerda, nadadeira posterior direita e caudal (Figura 10). Áreas que fossem acometidas além das regiões principais foram registradas em um campo de observação, destinado para tal, sendo elas: carapaça e plastrão.. Figura 09 – Tartaruga marinha juvenil da espécie Chelonia mydas com presença de fibropapilomas, encalhada no dia 18/09/2020 na Paria de Macau - RN. Fonte: Arquivo Projeto Cetáceos da Costa Branca – UERN.. .. Figura 10 – Divisão corporal para análise da distribuição corporal. NPD: Nadadeira posterior direita; NAD: Nadadeira anterior direita; NAE: Nadadeira anterior esquerda; NPE: Nadadeira posterior esquerda. 27.

(38) 3.6 ANÁLISE DOS DADOS Os dados de Frequência absoluta e relativa foram analisados a partir de estatística descritiva utilizando-se gráficos e descrição Tabular. Foram empregadas análises estatísticas paramétricas e não paramétricas de Chi-quadrado (χ2), ANOVA e Post Hoc Tukey HSD, todos com nível de significância de 5%, realizada a partir da utilização dos software Excel e Bioestat 5.0.. 28.

(39) Fonte: Arquivo Projeto Cetáceos da Costa Branca – UERN.. 4. RESULTADOS. 29.

(40) 4.1. Registros de encalhes de tartarugas marinhas por ano de monitoramento. Durante o período analisado, 2011 a 2015, foram registrados 3.960 indivíduos de tartarugas marinhas. Deste total 284 animais foram registrados vivos e 3676 mortos. O menor número de encalhes foi registrado para o ano de 2011, totalizando 734 (18,53%) registros, sendo 54 vivos e 680 mortos. O maior registro de encalhes ocorreu no ano de 2014, totalizando 885 animais (22,34%), onde teve-se 56 vivos e 829 mortos. A análise estatística utilizando o Teste do Chi-Quadrado não evidenciou diferenças estatísticas entre os anos de 2011, 2012 e 2013. Porém foi observado que entre os anos 2011 e 2014 houve aumento significativo para os registros de quelônios marinhos encalhados. Para o ano de 2015 foram registrados 808 encalhes de tartarugas marinhas na região (Figura 11 A). Figura 11 A - Frequência absoluta de registros de tartarugas marinhas por ano de monitoramento na Bacia Potiguar RN / CE.. 4.1.1 Incidência de encalhes de tartarugas marinhas mensais A análise de registros de tartarugas marinhas por meses de monitoramento ao longo dos cinco anos demonstra que a maior frequência de ocorrência de encalhes desses animais se concentra entre os meses de setembro a janeiro. (Figura 11 B).. 30.

(41) Figura 11 B- Frequência absoluta de registros de tartarugas marinhas por meses de monitoramento, encalhadas na Bacia Potiguar RN / CE.. 4.2 - Incidência de fibropapilomatose por espécies de tartarugas marinhas A análise dos registros de incidência de fibropapilomatose por espécies para todo o período estudado, indica que indivíduos da espécie Chelonia mydas foram os mais acometidos com a doença (N= 674; 99,12%), seguidos de indivíduos de Eretmochelys imbricata (N= 2; 0,29%) e Caretta caretta (N=1; 0,15%). Não foram registrados casos de indivíduos de Dermochelys coriacea e Lepidochelys olivacea acometidos pela doença (Tabela 03). Tabela 03 - Frequência absoluta e relativa de indivíduos de tartarugas marinhas acometidas com fibropapilomatose entre os anos de 2011 a 2015. Espécie Chelonia mydas Eretmochelys imbricata Caretta caretta Dermochelys coriacea Lepidochelys olivacea Não identificada Total. N 674 2 1 0 0 3 680. % 99,12 0,29 0,15 0,00 0,00 0,44 100. 31.

(42) 4.3. Análise. Espaço-Temporal. dos. registros. de. tartarugas. marinhas. acometidos. por. fibropapilomatose 4.3.1. Incidência de fibropapilomatose por período Total Durante o período analisado, 2011 a 2015, foram registrados 3.960 indivíduos de tartarugas marinhas. Deste total, 3.280 (82,82%) exemplares não apresentaram tumores visíveis na massa corporal, enquanto que 680 (17,17%) possuíam algum tipo de lesão tumoral (Figura 12). Dos indivíduos registrados com processos tumorais sugestivos de fibropapilomatose 31 foram registrados vivos e 649 mortos. Com o objetivo de verificar a existência de diferenças estatísticas no número de registros de "animais com fibropapilomas" e "animais sem fibropapilomas", realizou-se o teste de Chi-quadrado. Foi observada diferença significativa, ao nível de 5%, entre os registros de "animais com fibropapilomas" e "animais sem fibropapilomas" (Tabela 04).. Tabela 04 – Frequência absoluta dos registros de "animais com fibropapilomas" e "animais sem fibropapilomas" encalhadas na Costa Branca - RN.. Frequência Observada vs. Esperada Tartarugas marinhas, 2016. Chi-Quadrado =1707,071; GL = 1; p = 0,05. Trecho Animais. sem. Fibropapilomas Animais Fibropapilomas TOTAL. com. Freq_Obs. Freq_Esp. O–E. (O-E)2/E. 3280. 1980. 1300. 853,5354. 680. 1980. 1300. 853,5354. 3960. 686,00. 00,00. 1707,071. 32.

(43) Figura 12 – Frequência relativa de registros de "Animais sem fibropapilomas" e "Animais com fibropapilomas" entre os anos de 2011 a 2015, encalhadas na Costa Branca - RN.. 4.3.2 Incidência de fibropapilomatose por anos de monitoramento Os registros de animais acometidos com fibropapilomatose apresentaram aumento no decorrer dos anos analisados. O menor número de casos ocorreu no ano de 2011 (N=29; 3,95%). O ano de 2015 apresentou o maior quantitativo de casos (N= 240; 29,70%), indicando um aumento de aproximadamente 827,6 % em relação ao primeiro ano de monitoramento (Figura 13).. Figura 13 - Frequência absoluta de registros de tartarugas marinhas acometidas por fibropapilomatose por anos de monitoramento, encalhadas na Bacia Potiguar RN / CE.. 33.

(44) 4.3.3 Incidência de fibropapilomatose mensal O número de registros de tartarugas marinhas com fibropapilomas variou ao longo dos meses, quando observado os 5 anos de monitoramento, constituindo um possível padrão de ocorrência sazonal. Os valores expressam uma tendência de elevação nos registros de animais com fibropapiloma entre os meses de agosto e janeiro (Figura 14). Esse padrão é acompanhado quando avaliado os registros totais de animais por meses do ano.. Figura 14 - Frequência absoluta de registros de tartarugas marinhas acometidas por fibropapilomatose por meses de monitoramento, encalhadas na Bacia Potiguar RN / CE.. 34.

(45) 4.3.4 Incidência de fibropapilomatose por trecho de monitoramento A análise por trechos de monitoramento indica que o Trecho A (Grossos- Icapuí) apresenta, para o período estudado, a maior frequência de encalhes na região, tanto para o registro total de animais (N= 1.570; 39,65%), como para animais com fibropapilomas (N=351; 51,62%). O Trecho B (Areia Branca - Porto do Mangue) apresentou o segundo maior valor de registro no total geral (N= 1.030; 26,1%). O trecho D (Galinhos-Caiçara do Norte) apresentou menores valores quando comparado aos demais trechos. (Figura 15).. Figura 15 – Frequência absoluta de registros de animais com fibropapilomas e animais sem fibropapilomas por trechos de Monitoramento na Bacia Potiguar RN / CE.. A análise da frequência relativa por trecho de monitoramento, em termos proporcionais, evidencia que o Trecho C (Guamaré- Macau) é o trecho de maior incidência (31,73%) de animais acometidos por esta doença (Figura 16).. 35.

(46) Figura 16 – Frequência percentual proporcional de registros de tartarugas marinhas acometidas por fibropapilomatose por trecho de Monitoramento.. 4.4 Análise por fase de desenvolvimento Foram registrados animais com fibropapilomas nas fases juvenil, subadulto e adulto. A maior frequência de ocorrência foi para indivíduos juvenis (N=493; 72,5%). As classes de sub adulto e adulto apresentaram 18,67% (n=127) e 7,5% (n=51), respectivamente (Figuras 17).. Figura 17 – Frequência absoluta de tartarugas marinhas acometidas com fibropapilomatose por fases de desenvolvimento entre os anos de 2011 a 2015, encalhadas na Costa Branca - RN. 36.

Referências

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