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Antecedentes da intenção empreendedora: aplicação a estudantes de uma instituição de ensino superior de Portugal

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Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

ANTECEDENTES DA INTENÇÃO EMPREENDEDORA: APLICAÇÃO A

ESTUDANTES DE UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR DE

PORTUGAL

Dissertação de Mestrado em Ciências Económicas e Empresariais

Filipa Margarida Eira Jorge

Orientadora:

Prof. Dr.ª Ana Paula Rodrigues

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Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

ANTECEDENTES DA INTENÇÃO EMPREENDEDORA: APLICAÇÃO A

ESTUDANTES DE UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR DE

PORTUGAL

Dissertação de Mestrado em Ciências Económicas e Empresariais

Filipa Margarida Eira Jorge

Orientadora:

Prof. Dr.ª Ana Paula Rodrigues

Composição do júri:

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Esta dissertação foi expressamente elaborada com vista à obtenção do grau de Mestre em Ciências Económicas e empresariais pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, sob orientação da Professora Doutora Ana Paula Rodrigues.

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Agradecimentos

Esta jornada de investigação culminou no trabalho aqui impresso mas esconde por trás muitos meses de trabalho. Sei que não teria sido possível realizá-lo da mesma forma sem o contributo de algumas pessoas.

Dirijo o meu primeiro agradecimento à Professora Doutora Ana Paula Rodrigues, orientadora desta dissertação. Ao longo deste percurso agradeço a disponibilidade, o profissionalismo, a compreensão, o empenho, a dedicação mas acima de tudo o apoio incondicional que demonstrou.

Expresso o meu profundo agradecimento à D. Manuela do DESG e ao Senhor Joaquim da Escola de Ciências e Tecnologias, que tornaram possível a maratona de encontrar docentes e alunos disponíveis para responder aos questionários.

Em seguida quero expressar o meu profundo agradecimento aos meus pais, pela paciência, pelo apoio, pelo afeto e pelo carinho. Agradeço igualmente a toda a família que esteve sempre presente. Sem uma base familiar tão sólida nunca poderia ter sido possível dedicar-me a este projeto.

Não posso deixar de agradecer ao André, que apesar de haver momentos menos bons, sempre demonstrou acreditar em mim e nas minhas capacidades bem como pela compreensão em todos os momentos. Esse apoio foi essencial.

Quero ainda deixar um agradecimento a todos os meus amigos que foram compreensivos nas ausências. Em especial à Alicia e à Joana, que ouviram muitos dos meus desabafos e que demonstraram sempre o seu apoio e amizade para além da força e confiança que depositaram em mim.

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Resumo

Na temática do empreendedorismo estão a ser discutidos quais os fatores que podem ser relevantes na formação de intenções empreendedoras. A investigação sobre intenções empreendedoras revela-se pertinente pois a formação das referidas intenções é, possivelmente, o primeiro passo no processo empreendedor.

A investigação que suporta esta dissertação pretende examinar a ligação entre a espiritualidade, a inteligência emocional, a criatividade, as atitudes pessoais para o empreendedorismo, o controlo comportamental percebido e a formação de intenções empreendedoras numa amostra formada por estudantes universitários portugueses. Foram redigidas hipóteses que relacionam os construtos anteriores, na soma de todas as hipóteses está um modelo empírico original.

Esta dissertação realizou um estudo quantitativo de corte transversal. Os dados empíricos foram obtidos através de 345 questionários aplicados a estudantes do 3º ano da licenciatura e a alunos de mestrado. Para analisar os referidos dados foi utilizada a técnica de análise de caminhos, a qual nos permitiu verificar a validade estatística das hipóteses expressas no modelo empírico.

Os principais resultados indicam que a inteligência emocional tem um efeito positivo na criatividade. As hipóteses que pressupõem a influência das atitudes pessoais para o empreendedorismo e o controlo comportamental percebido sobre as intenções empreendedoras também foram validadas. Verifica-se ainda o papel mediador das atitudes pessoais para o empreendedorismo e do controlo comportamental percebido na relação entre a inteligência emocional e as intenções empreendedoras. Contudo, a espiritualidade mostra uma influência residual ou inexistente sobre os outros conceitos.

À luz dos resultados anteriores é possível tirar conclusões que beneficiem a promoção do empreendedorismo tanto em instituições de ensino superior como em outros contextos. Deste modo, para potenciar a formação de intenções empreendedoras recomenda-se que sejam levadas em conta características psicológicas bem como atitudes e comportamentos.

Palavras-chave: Espiritualidade; Inteligência emocional; Criatividade; Atitudes pessoais para o empreendedorismo; Controlo comportamental percebido; Intenções empreendedoras; Estudantes; Instituições de ensino superior.

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Abstract

In the Entrepreneurship thematic are being discussed which factors might be relevant in the formation of entrepreneurial intentions. The investigation on entrepreneurial intentions reveals itself pertinent for the formation of those intentions. Entrepreneurial intentions is possibly the first step in the entrepreneurial process.

The research that supports this dissertation aims to examine the link between spirituality, emotional intelligence, creativity, personal attitudes towards entrepreneurship, perceived behavioral control and the formation of entrepreneurial intentions in a sample composed by Portuguese university students. Hypotheses were written relating the previous constructs, the sum of all hypotheses is an original empirical model.

This dissertation conducted a quantitative cross-sectional study. Empirical data were obtained through 345 questionnaires applied to undergraduate students and master's students. To analyse those data was used to path analysis technique, which allow us to verify the statistical validity of its hypotheses expressed in the empirical model.

The main results indicate that emotional intelligence has a positive effect on creativity. The hypotheses that assume the influence of personal attitudes towards entrepreneurship and behavioral control realized on the entrepreneurial intentions were also validated. It also notes the mediating role of personal attitudes towards entrepreneurship and behavioral control perceived the relationship between emotional intelligence and entrepreneurial intentions. However, spirituality shows a residual or no influence on other concepts.

In the light of previous results can take elations that benefit the promotion of entrepreneurship higher education institutions and in other contexts. Thus, to enhance the training of entrepreneurial intentions are recommended to be taken into consideration psychological characteristics and attitudes and behaviors.

Keywords: Spirituality; Emotional intelligence; Creativity; Personal attitude toward entrepreneurship; Perceived behavioural control; Entrepreneurial intention; Students; Higher education instituition

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ÍNDICE

PARTE I ... 1

1. Introdução ... 2

1.1. Enquadramento do tema e do problema de investigação ... 2

1.2. Objetivos e questões de investigação ... 5

1.3. Breve caracterização do setor do ensino superior em Portugal ... 7

1.3.1. O caso particular da UTAD... 11

1.4. Aspetos metodológicos e estrutura da dissertação ... 13

PARTE II ... 17

Capítulo 1 ... 18

ANTECEDENTES DA INTENÇÃO EMPREENDEDORA NUM CONTEXTO UNIVERSITÁRIO: PROPOSTA DE UM MODELO CONCETUAL ... 19

Capítulo 2 ... 42

ANTECEDENTES DA INTENÇÃO EMPREENDEDORA: ANÁLISE CORRELACIONAL APLICADA A ESTUDANTES DE UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR DE PORTUGAL ... 43

Capítulo 3 ... 63

THE ROLE OF EMOTIONAL INTELLIGENCE AND SPIRITUALITY IN UNDERSTANDING ENTREPRENEURIAL INTENTION: APPLICATION TO A PORTUGUESE HIGHER EDUCATION INSTITUTION ... 64

PARTE III ... 82

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 83

3.1. Principais Conclusões ... 83

3.2. Contributos e originalidade ... 86

3.3. Limitações ao estudo e sugestões de investigação futura ... 88

4. Referências bibliográficas ... 90

Anexos ... 92

ANEXO 1 – Formas de entrada no Sistema de Ensino Superior ... 93

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ANEXO 3 – Declaração de aceitação na Tourism & Management Studies International Conference ... 99 Anexo 4 – Comprovativo de submissão do artigo “The role of emotional intelligence

and spirituality in understanding entrepreneurial intention: application to a

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1. Introdução

Esta dissertação foca-se numa investigação que aborda a intenção empreendedora, uma vez que esta temática tem especial relevância no atual contexto económico depressivo. Este estudo foi aplicado aos estudantes de uma instituição de ensino superior (IES) do interior norte de Portugal Continental - a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD).

Esta secção inicia-se pelo enquadramento do tema do empreendedorismo e do problema de investigação. Em seguida, serão expostos os objetivos e hipóteses de investigação e, consecutivamente, será apresentada uma breve caracterização do setor das IES Português. Finalmente, a secção termina com uma breve explicação dos aspetos metodológicos utilizados e com a estrutura da dissertação.

1.1.

Enquadramento do tema e do problema de investigação

Há muitos anos que Portugal vem apesentando elevadas taxas de desemprego em consequência de sucessivas crises. Segundo dados do INE (2014), a taxa de desemprego de Portugal atingiu o seu pico de 17,7% no primeiro trimestre de 2013. Neste momento, este indicador está em franca recuperação e ficou-se nos 12,2% no quarto trimestre de 2015 (INE, 2016). Acresce ainda a preocupação expressada pela Comissão Europeia (2016), a qual se foca no desemprego de longa duração que o mercado de trabalho não consegue absorver apesar da recuperação assistida em 2014 e 2015. Assim sendo, o empreendedorismo apresenta-se como uma possível solução para esta problemática.

Neste contexto, importa esclarecer o conceito de empreendedor. Este conceito tem vindo a gerar discórdia na literatura, uma vez que, ao longo de vários séculos, se vem alterando e mudando de acordo com a sociedade e com a opinião sobre a figura do empreendedor. Apesar da discórdia, é comumente aceite que o primeiro autor a referir-se à figura do empreendedor foi Cantillion (1755), o qual considerou que o empreendedor é alguém que cria o seu próprio emprego e que se ajusta ao risco quando o retorno que daí pode advir é incerto (Palich & Bagby, 1995). No início do século passado mais uma definição se tornou relevante: Knight (1921) esclareceu o conceito de empreendedor como correspondendo ao individuo que toma decisões em conjunturas de incerteza. De igual importância é a opinião de Schumpeter (1942), que classifica o empreendedor como o agente de desenvolvimento económico através da inovação. No mesmo sentido, segue a definição proposta por Liles (1974), uma vez que o autor defende que não é o ato de criar uma empresa que faz do

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individuo empreendedor mas sim a sua capacidade de inovar, identificar e criar oportunidades e, ainda, combinar recursos para maximizar os benefícios vindos da inovação. Mais simplista, mas simultaneamente inclusiva, é a definição de empreendedor de Krueger & Brazeal (1994), a qual classifica como empreendedores os indivíduos que se identificam como estando na perseguição de oportunidades de negócio.

No século XVIII, Cantillion (1755) circunscreve o empreendedorismo como o autoemprego, seja ele de que tipo for, e introduz ainda o conceito de incerteza, uma vez que o empreendedor compra a um preço fixado no presente e irá vender a um preço futuro que é incerto. A raiz da palavra empreendedor deriva da língua francesa, em particular do verbo entreprendre, que pode ser traduzido como assumir, desafiar, tentar (Solomon & Winslow, 1988). Na literatura são considerados três tipos de empreendedorismo: o primeiro tipo corresponde à criação de um novo negócio ou de uma nova unidade de negócio numa organização já existente; o segundo tipo corresponde à alteração ou renovação da estratégia de uma organização já existente; e, o terceiro tipo acontece quando uma organização altera as regras de concorrência dentro da sua indústria (Wennekerrs & Thurik, 1999).

O empreendedorismo pode ser estudado através de diferentes teorias ou escolas de pensamento, que partilham as mesmas bases mas reconhecem diferentes funções ao empreendedor (Wennekerrs & Thurik, 1999). A Escola do Pensamento Germânica vê o empreendedorismo como criação de instabilidade e destruição criativa. Já a Escola do Pensamento Neoclássico entende o empreendedor como o indivíduo que organiza a produção dentro da empresa. Na Escola do Pensamento Austríaco, o empreendedor é visto como quem perceciona as oportunidades lucrativas, que normalmente surgem no seguimento do choque exogéneo. Neste contexto, surge ainda a Escola do Pensamento de Crescimento Exogéneo, na qual a importância do empreendedor é desencadeada pelo efeito exogéneo da inovação e do capital humano. Considera-se, igualmente, a Escola do Pensamento da História Económica, na qual o empreendedorismo encerra a importância de ferramentas legais e institucionais, contudo estas ferramentas são de extrema importância sendo que sem elas não seria possível acontecer este fenómeno. No que diz respeito à Escola do Pensamento da Economia Industrial, o empreendedorismo era visto como a ponte entre a invenção/inovação e o crescimento económico. Por último, a Escola do Pensamento do Evolucionismo, a qual deriva da Teoria de Biologia da evolução dos seres vivos, no contexto empreendedor preconiza que as empresas têm uma espécie de herança genética em termos de rotinas técnicas e procedimentos; contudo, através da concorrência são selecionadas rotinas que já não são adequadas.

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Quando se estuda a temática do empreendedorismo é normal ter em consideração o Global Entrepreneurship Monitor (GEM). Este documento é um relatório com dados relativos ao empreendedorismo dos diferentes países que, na sua última versão contou com a análise de 60 países espalhados um pouco por todo o mundo. Portugal é considerado um país com intenções empreendedoras medianas, uma vez que se encontra na 33ª posição em 60 países com uma pontuação de 16.2 (Kelley, Singer, & Herrington, 2015). De realçar ainda que a população portuguesa analisada pontua o empreendedorismo como uma boa opção de carreira em 63,4 pontos, qualificando Portugal no 24º lugar do ranking dos 60 países já referidos (Kelley et al., 2015). Segundo dados deste mesmo relatório as Motivações Empreendedoras dos portugueses são, na sua maioria, a Oportunidade, o Aperfeiçoamento das Oportunidades, a Necessidade e o Inicio de Carreira na Atividade Empreendedora (Kelley et al., 2015). O GEM faz também uma comparação de cada país com a média dos 60 países analisados, Portugal destaca-se particularmente nas categorias da Educação Empreendedora na Fase Escolar e de Politicas Governamentais: impostos e burocracia. No sentido inverso, Portugal encontra-se abaixo da média em apenas duas categorias, nomeadamente a categoria das Infraestruturas Físicas e na categoria das Infraestruturas comerciais e legais (Kelley et al., 2015).

Deste contexto, é notório que o empreendedorismo é um caminho para o desenvolvimento económico de um país (Wennekerrs & Thurik, 1999). Daí se entende que os governos e políticos estejam atentos ao empreendedorismo, um pouco por todo o mundo (O’Connor, 2013). Generalizando, também o empreendedorismo tem vindo a destacar-se como um tópico económico e social muito estudado, um pouco por todo o mundo (Fayolle & Gailly, 2008). Assim, é cada vez mais flagrante a preocupação com a educação empreendedora dos jovens, para que se possa incutir nas gerações vindouras a paixão pelo empreendedorismo. A temática da educação para o empreendedorismo tem vindo a ser estudada pela literatura mais conceituada e sendo colocada em prática em muitos programas de empreendedorismo em universidades à volta do globo. A educação para o empreendedorismo não é apenas um método de transmitir técnicas instrumentais para quem já decidiu que pretende seguir a carreira empreendedora, mas sim dar a conhecer esta opção de carreira a indivíduos que não a tinham no seu horizonte (Liñán, Rodríguez-Cohard & Rueda-Cantuche, 2011). Nos últimos anos tem vindo a aumentar o número de cursos que, com diferentes nomes e metodologias, tentam incutir o espirito empreendedor nos seus frequentadores.

Na última década, a literatura tem prestado atenção às Intenções Empreendedoras, um campo de pesquisa que está a evoluir rapidamente (Fayolle & Liñán, 2014). Como o

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empreendedorismo é um comportamento intencional e planeado, logo é passível de ser estudado com recurso aos modelos das intenções (Krueger, Reilly, & Carsrud, 2000). Bird (1988) conceptualiza a intenção empreendedora como um estado de espírito que tende a guiar e direcionar as ações de um indivíduo no sentido de este desenvolver e implementar um novo conceito de negócio.

No sentido de operacionalizar a intenção foram desenvolvidos vários modelos explicativos, cada um deles com diferentes variáveis preditoras. O modelo de intenções empreendedoras que é mais comumente aceite na literatura é a Teoria do Comportamento Planeado (Fayolle & Liñán, 2014). Resumidamente esta teoria assenta em três variáveis preditoras: as Atitudes para o Comportamento, as Normas Sociais e o Controlo Comportamental Percebido (Ajzen, 1991). Nos últimos anos, a investigação vem acrescentando outras variáveis que possam ajudar a compreender mais e melhor a intenção empreendedora. É nesta perspetiva que este estudo se insere, recorrendo a variáveis relativamente pouco estudadas neste contexto. Ou seja, para além das atitudes pessoais face ao empreendedorismo e do controlo comportamental percebido, são consideradas as seguintes variáveis preditoras da intenção empreendedora: criatividade, inteligência emocional e espiritualidade.

Em seguida serão expostos os objetivos e questões de investigação inerentes ao presente estudo.

1.2.

Objetivos e questões de investigação

Em termos globais pretende-se analisar antecedentes da intenção empreendedora de estudantes de uma instituição de ensino superior de Portugal. Esta dissertação de mestrado está estruturada com o formato de três artigos científicos. A temática da intenção empreendedora é transversal aos três artigos científicos que compõem esta dissertação. Contudo, cada um dos artigos é autónomo em relação aos demais, tendo por isso os seus próprios objetivos e questões de investigação.

No primeiro artigo é apresentado um modelo concetual sobre antecedentes da intenção empreendedora, sendo feita a sua sustentação teórica. Sabendo nós que as variáveis preditoras, que foram recolhidas na literatura, para a intenção empreendedora estão dispersas por vários quadrantes da literatura científica, foi necessário fazer uma revisão bibliográfica sólida que fosse capaz de provar que o modelo proposto tem os seus alicerces firmes. Na seguinte tabela estão expostos o objetivo geral e os objetivos específicos bem como as questões de investigação deste primeiro artigo.

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Tabela 1 - Objetivos e Questões de investigação do primeiro artigo

Objetivo Geral: Propor um modelo concetual que estude antecedentes da intenção empreendedora de estudantes de uma IES.

Objetivos específicos: Questões de investigação:

a) Rever a literatura sobre cada uma das variáveis em estudo.

a) Qual o estado da arte de cada uma das variáveis em estudo?

b) Explicitar as relações já estudadas na literatura, entre as variáveis em causa.

b) De entre as variáveis em estudo quais as relações já estudadas pela literatura?

c) Redigir as hipóteses de investigação incorporadas no modelo concetual proposto.

c) Quais as hipóteses de investigação que compõem o modelo concetual proposto?

Fonte: Elaboração Própria

Em seguida, consta o segundo artigo, no qual se estudam as ligações existentes entre os antecedentes da intenção empreendedora, a partir de uma análise correlacional. Estão expressos, na Tabela 2, os objetivos do artigo e, ainda, as respetivas questões de investigação.

Tabela 2 - Objetivos e Hipóteses de investigação do segundo artigo

Objetivo Geral: Compreender as ligações existentes entre os antecedentes da intenção empreendedora.

Objetivos específicos:

a) Conhecer as perceções sobre os conceitos em estudo.

b) Correlacionar os conceitos em estudo.

c) Analisar a existência de diferenças nas perceções dos estudantes relativamente a estes conceitos, em função de

determinadas varáveis

académicas e

sociodemográficas.

Questões de investigação:

a) Quais as perceções sobre os conceitos em estudo?

b) Quais as correlações entre os conceitos presentes no estudo? c) Quais as diferenças nas

perceções dos estudantes relativamente a estes conceitos, em função de determinadas

varáveis académicas e

sociodemográficas?

Fonte: Elaboração Própria

No último artigo apresenta-se o estudo empírico do modelo concetual apresentado no primeiro artigo aplicado a uma amostra estudantil. Mais concretamente, o artigo expõe os resultados obtidos através da análise de caminhos e as respetivas conclusões. Em suma, na tabela 3 estão postulados os objetivos específicos, o objetivo geral para além das hipóteses de investigação.

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Tabela 3 - Objetivos e Hipóteses de Investigação do terceiro artigo

Objetivo Geral: Testar empiricamente o modelo concetual proposto. Objetivos específicos:

a) Conhecer as perceções dos

estudantes universitários sobre os conceitos em análise, determinando o seu grau;

b) Testar, empiricamente, as hipóteses estabelecidas no modelo concetual proposto.

Questões de investigação:

a) Quais são as perceções dos estudantes universitários sobre os conceitos em análise?

b) Das hipóteses estabelecidas, quais são aceites ou são rejeitadas?

Hipóteses de investigação:

H1a - A espiritualidade tem influência positiva direta na criatividade.

H1b - A espiritualidade tem influência positiva direta nas atitudes pessoais face ao empreendedorismo.

H1c - A espiritualidade tem influência positiva direta no controlo comportamental percebido.

H1d- A espiritualidade tem influência positiva direta na intenção empreendedora. H2a - A inteligência emocional tem influência positiva direta na criatividade.

H2b - A inteligência emocional tem influência positiva direta nas atitudes pessoais face ao empreendedorismo.

H2c - A inteligência emocional tem influência positiva direta no controlo comportamental percebido.

H2d- A inteligência emocional tem influência positiva direta na intenção empreendedora.

H3- A criatividade tem influência positiva direta na intenção empreendedora.

H4- As atitudes pessoais face ao empreendedorismo têm influência positiva direta na intenção empreendedora.

H5- O controlo comportamental percebido tem influência positiva direta na intenção empreendedora.

Fonte: Elaboração Própria

Na próxima secção será exposta a caracterização do ensino superior em Portugal, bem como o caso particular da UTAD.

1.3.

Breve caracterização do setor do ensino superior em Portugal

Após a queda do regime de ditadura militar, vigente em Portugal até 25 de Abril de 1974, o Ensino Superior Português sofre a sua maior expansão. Até essa data, o Ensino Superior era considerado um luxo, ao alcance de poucos e consequentemente existiam muito poucas IES. No decorrer da reforma política, que deu origem ao regime democrático em que vivemos hoje, assistiu-se a uma diversificação das IES e à ampliação do número de IES públicas, sejam elas Universidades ou Institutos Politécnicos. Em resultado desta dilatação

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das IES houve um aumento exponencial do número de alunos como não se verificou em nenhum outro país da Europa em nenhuma outra data.

Durante as décadas seguintes o setor do Ensino Superior cresceu e diversificou-se, e para isso abriram novas IES com novos programas e novas áreas de ensino. Em resultado surgiram estudantes com diferentes idades, origens socioeconómicas distintas e trabalhadores que já estavam inseridos no mercado de trabalho.

Há que considerar uma das mais importantes reestruturações ocorrida nas IES, a implementação do Processo de Bolonha. Em consequência deste processo quase todos os primeiros ciclos do Ensino Superior passaram de 5 para 3 anos letivos. Assim sendo, foi necessária uma profunda modificação de programas e metodologias nas IES.

Atualmente Portugal, na figura do Estado, apresenta uma débil regulamentação eficaz do ensino superior. Em consequência surge um sistema de Ensino Superior carente de racionalização no sentido de conseguir uma otimização dos recursos disponíveis. Para esse efeito foi criada, em 2009, a Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior (A3ES), sendo a principal função desta entidade compatibilizar a oferta das IES com aquilo que a legislação determina. Ate à data de criação da A3ES, as reestruturações que ocorriam nas IES eram da inteira responsabilidade das mesmas e surgiam de forma espontânea. As reestruturações praticadas iam desde encerramentos e fusões de ciclos de estudos bem como parcerias para a abertura de ciclos de estudos em associação com outras IES no sentido de otimizar recursos e conjuntamente oferecer as melhores condições aos estudantes.

Fazendo uma comparação do Sistema de Ensino Superior português da atualidade com o Sistema vigente em 1974, este tem evoluído de forma visível. Os indicadores educativos de Portugal datado de 1974, espelhavam a deficitária saúde do Ensino Superior que abrangia menos alunos, atingindo apenas as elites. Em contra ponto surgem os indicadores educativos referentes à última década que ainda revelam haver algum trabalho a realizar neste sentido contudo os sinais revelam que o Ensino Superior está mais acessível à população em geral.

O Sistema de Ensino Superior Português pode ser considerado binário, uma vez que, quando se analisa as IES quanto às estruturas de organização, elas podem ser Universidades ou Institutos Politécnicos, do mesmo modo que, se for considerada a natureza jurídica da IES, ela pode ser uma instituição pública ou privada (Figura 1).

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Figura 1 - Classificação das IES Fonte: Elaboração própria

A maioria das vagas das IES públicas são preenchidas através de um Concurso Nacional. Neste Concurso os candidatos são colocados pela hierarquia da sua média geral, previamente calculada através da ponderação da média proveniente do Ensino Secundário e da nota do Exame Nacional da Prova especifica requerida pelo curso a que se candidata. As restantes vagas estão distribuídas através de Concursos mais pequenos e que se encontram sistematizados na tabela do Anexo 1.

Em Portugal, existem atualmente 132 IES (Tabela 4), segundo dados da Direção Geral do Ensino Superior (DGES). A maioria delas é de natureza privada bem como a globalidade, no que toca à estrutura organizacional, são os Institutos Politécnicos como se pode ver na seguinte tabela 5. Analisando os dados aí presentes, verifica-se que as IES públicas correspondem a aproximadamente um terço das instituições e que a maioria das IES presentes em Portugal são Institutos Politécnicos Privados, uma vez que estes representam cerca de 50% do total das IES presentes em Portugal. Analisando as tipologias de IES em simultâneo é possível verificar que as Universidade Públicas são o tipo mais escasso, existindo apenas 19 em Portugal, havendo de grosso modo, uma destas IES em cada distrito de Portugal.

Tabela 4 - Número de IES em Portugal

Instituições Públicas Instituições Privadas Total Institutos Politécnicos 20 67 87 Universidades 19 26 45 Total 39 93 132 Fonte: http://www.dges.mctes.pt/DGES/pt/Estudantes/Acesso/

Instituições

de Ensino

Superior

Quanto às

estruturas de

organização

Universidades

Institutos

Politécnicos

Quanto à

natureza

juridica

Instituição

Pública

Instituição

Privada

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Considera-se que cada IES se divide em organismos menores, para que seja mais fácil a sua gestão, cada um deles fica responsável por uma determinada área académica. Estes organismos denominam-se Estabelecimentos de Ensino Superior e cada IES pode ter um ou mais Estabelecimentos de Ensino Superior. De acrescentar que cada Estabelecimento de Ensino Superior pode estar localizado na mesma cidade que a IES a que pertence.

Tabela 5 - Número de Estabelecimentos de Ensino Superior, por NUTS I e II referentes ao ano letivo 2014/2015

EES PÚBLICAS EES PRIVADAS

TOTAL EES Universidades Institutos Politécnicos Total das EES Públicas Universidades Institutos Politécnicos Total das EES Privadas PORTUGAL 78 (27%) 98 (33%) 176 (60%) 50 (17%) 67 (23%) 117 (40%) 293 Norte 19 (19%) 25 (25%) 44 (44%) 23 (23%) 33 (33%) 56 (56%) 100 Centro 12 (21%) 32 (56%) 44 (77%) 7 (12%) 6 (11%) 13 (23%) 57 A. M. Lisboa 35 (37%) 19 (20%) 54 (57%) 18 (19%) 23 (24%) 41 (43%) 95 Alentejo 4 (20%) 14 (70%) 18 (90%) --- 2 (10%) 2 (10%) 20 Algarve 4 (33%) 5 (42%) 9 (75%) 2 (17%) 1 (8%) 3 (25%) 12 R.A. AÇORES 3 (60%) 2 (40%) 5 (100%) --- --- --- 5 R.A. MADEIRA 1 (25%) 1 (25%) 2 (50%) --- 2 (50%) 2 (50%) 4 Fonte: http://w3.dgeec.mec.pt/dse/eef/indicadores/Indicador_5_13.asp

Olhando para os dados da tabela 6 podemos ver que a maioria dos Estabelecimentos de Ensino Superior se situa na NUT II Norte, seguindo-se a NUT II Área Metropolitana de Lisboa onde existem 95 Estabelecimentos de Ensino Superior. Em antítese temos as NUTS I Região Autónoma da Madeira e Região Autónoma dos Açores onde há 4 e 5 Estabelecimentos de Ensino Superior respetivamente, onde a oferta Privada é praticamente nula. Quando comparamos percentagens dentro da mesma NUT podemos observar que, no Alentejo, 90% dos Estabelecimentos de Ensino Superior pertencem a IES Públicas; contudo, é na NUT II Norte que a oferta é mais equilibrada, sendo que 44% dos Estabelecimentos de Ensino Superior são de IES Públicas enquanto 56% pertencem a IES Privadas.

Tabela 6 - Número de estudantes que entraram no Ensino superior, em Portugal, no ano letivo 2014/2015

ANO LETIVO

IES PÚBLICAS IES PRIVADAS

TOTAL IES Universidades Institutos Politécnicos Total das IES Públicas Universidades Institutos Politécnicos Total das IES Privadas 2014/2015 57 500 (55%) 29 881 (29%) 87 381 (84%) 12 176 (12%) 4 081 (4%) 16 257 (16%) 103 638 Fonte: PORDATA

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No ano letivo em que o estudo recolheu os dados empíricos, 2014/2015, entraram no Sistema de Ensino Superior 103 638 estudantes. Por observação da tabela 6 podemos constatar que mais de 50% dos estudantes que entraram numa IES fizeram-no numa Universidade Pública. Quando se analisam o número de estudantes matriculados no ensino superior pode-se observar semelhantes proporções, como se pode ver na tabela 7.

Tabela 7 - Número de estudantes que estavam matriculados no Ensino superior, em Portugal, no ano letivo 2014/2015

ANO LETIVO

IES PÚBLICAS IES PRIVADAS

TOTAL IES Universidades Institutos Politécnicos Total das IES Públicas Universidades Institutos Politécnicos Total das IES Privadas 2014/2015 198 380 (55%) 103 279 (28%) 301 654 (83%) 44 495 (12%) 16 051 (5%) 60 546 (17%) 362 000 Fonte: PORDATA

Apesar de as Universidade Públicas serem as IES em menor número em Portugal, são elas quem tem um maior número de estudantes a entrar e, simultaneamente, o maior número de estudantes matriculados no Sistema de Ensino Superior Português. Desta forma, consideram-se que são IES com maior relevância.

Por oposto figuram os Institutos Politécnicos Privados, que são as IES mais numerosas do presente Sistema de Ensino Superior; contudo, eles apenas contam com aproximadamente 5% dos estudantes que entraram no ano letivo 2014/2015 e a mesma proporção de estudantes matriculados no Ensino Superior no mesmo ano letivo. Assim sendo, considera-se que este tipo de IES existe em abundância em Portugal mas com poucos estudantes, tendo por isso menor relevância.

Nota-se ainda que as IES Públicas representam mais de 80% dos estudantes do Sistema de Ensino Português apesar de serem apenas 60% dos Estabelecimentos de Ensino Superior de Portugal.

1.3.1. O caso particular da UTAD

No caso particular da IES em estudo, em 1973, como que em prelúdio do contexto social, político e económico do final do Estado Novo nasce o Instituto Politécnico de Vila Real, com sede no centro da cidade. As aulas desta instituição iniciaram-se em Dezembro de 1975 com um grupo de 40 alunos.

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12

Esta IES Pública teve um papel preponderante no desenvolvimento regional ocorrido nos anos seguintes à sua origem, uma vez que era foco de conhecimento e era capaz de atrair pessoas a uma região interior. Por tudo isto, em 1979, é alargado o âmbito do nome desta IES e passa a ser denominada de Instituto Politécnico de Trás-os-Montes e Alto Douro, posteriormente foi Instituto Universitário de Trás-os-Montes. No decorrer do ano de 1986, esta IES vê alterados os seus estatutos e no sentido de se tornar uma Universidade, denominando-se Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) até aos dias de hoje.

Ao longo dos 40 anos em que esta IES lecionou teve vários espaços físicos. Atualmente a Quinta dos Prados é a sede da UTAD, onde se reúnem quase todas as valências desta instituição. A UTAD é composta por cinco Estabelecimentos de Ensino Superior independentes (Figura 2), nomeadamente, a Escola de Ciências Agrárias e Veterinárias, a Escola de Ciências Humanas e Sociais, a Escola de Ciências e Tecnologias, a Escola das Ciências da Vida e do Ambiente e ainda a Escola Superior de Enfermagem, tal como se pode ver na figura 2. No ano letivo 2014/2015, a UTAD teve a seu cargo 6662 estudantes universitários, ao longo dos 3 ciclos de estudos e nos cinco Estabelecimentos de Ensino Superior.

Figura 2 - Estabelecimentos de Ensino Superior da UTAD, com dados relativos ao ano letivo 2014/2015

Fonte: Dados fornecidos pela UTAD

Neste sentido, considera-se a UTAD como uma IES de interesse no estudo empírico, uma vez que é uma Universidade Pública e que detém estudantes de várias áreas científicas. No próximo ponto será feita uma síntese da metodologia utilizada nesta investigação e da forma como esta dissertação será estruturada.

Universidade de Trás-os-Montes e Alto

Douro

Escola de Ciências Agrárias e Veterinárias 4 Departamentos 6 Licenciaturas 1 Mestrado Integrado 6 Mestrados 3 Doutoramentos 1166 alunos Escola das Ciências Humanas e Sociais 3 Departamentos 11 licenciaturas 24 Mestrados 4 Doutoramentos 2108 alunos Escola de Ciências e Tecnologias 3 Departamentos 11 Licenciaturas 13 Mestrados 5 Doutoramentos 1307 alunos Escola das Ciências da Vida e do Ambiente 5 Departamentos 9 Licenciaturas 13 Mestrados 6 Doutoramentos 1698 alunos

Escola

Superior de

Enfermagem

1 Licenciatura 4 Mestrados 383 alunos

(21)

13

1.4.

Aspetos metodológicos e estrutura da dissertação

A dissertação de mestrado que aqui se apresenta centra-se numa investigação empírica que recorreu a uma abordagem quantitativa, com base numa inquirição de corte transversal, uma vez que apenas foram recolhidos dados num único momento. A inquirição foi aplicada a uma amostra de estudantes da UTAD, mais concretamente os estudantes do 3º ano da licenciatura e os estudantes de mestrado. A escolha destes alunos prende-se com o facto de serem estes que se encontrarão no mercado de trabalho no curto prazo, sabendo-se que o empreendedorismo é uma das alternativas disponíveis. Além disso, justifica-se pelo facto de serem os jovens a faixa etária com maior taxa de desemprego (INE, 2016), e o facto de serem os estudantes de Universidades Públicas aqueles que representam a maior fatia dos estudantes de IES.

Numa primeira fase, tentou-se estabelecer quotas de acordo com a proporção do número de alunos de cada escola para o número total de alunos da UTAD. Contudo, no decorrer da recolha dos dados mostrou-se difícil conseguir alcançar as quotas em algumas Escolas Superiores que constituem a Instituição, pelo que foi usada uma amostra por conveniência. A escolha deste tipo de amostra deve-se ao escasso tempo que se dispõe para a conclusão do estudo que é atribuído a uma dissertação de mestrado.

No que diz respeito à técnica metodológica de recolha de dados considerou-se mais adequado a inquirição por questionário aplicado de forma presencial. Quando possível, foi pedido a docentes que distribuíssem os questionários nas suas aulas. No momento em que os estudantes estavam a contactar pela primeira vez com o questionário era-lhes explicado que este serviria para a obtenção de dados estatísticos de um estudo relativo ao empreendedorismo e que os dados por eles disponibilizados eram totalmente anónimos.

Foi pedido aos estudantes para responderem a um conjunto de itens recolhidos da literatura para além de dados sociodemográficos e académicos. O questionário foi desenvolvido com base em escalas já existentes na literatura, relativas aos seguintes conceitos: espiritualidade, inteligência emocional, criatividade, atitudes pessoais face ao empreendedorismo, controlocomportamental percebido e intenção empreendedora. No que diz respeito às variáveis de caracterização, foi perguntado aos estudantes: a idade, o género, a ausência da cidade natal, a licenciatura/mestrado e ano que frequentam, o estatuto que detêm, a experiência de trabalho bem como a existência de empreendedorismo na família, seja através do próprio ou de familiares próximos. Foi feito um pré-teste do questionário com 20 indivíduos com as mesmas características da amostra.

(22)

14

Foram distribuídos cerca de 400 inquéritos, no mês de maio e junho de 2015, sendo que 345 destes mostraram-se válidos. Para analisar e tratar a informação proveniente desses 345 questionários realizaram-se vários procedimentos estatísticos. Num momento inicial foram utilizados métodos estatísticos univariados, bivariados e multivariados a um nível de significância de 5% com recurso ao software Statistical Package for the Social Science (SPSS) - versão 22. Com o intuito de analisar as relações diretas e indiretas entre as variáveis foi usado o método de Análise de Caminhos (Path Analysis) utilizando-se o software estatístico AMOS versão 22 para Windows.

A estruturação da presente dissertação dividiu-a em 3 partes principais. A figura abaixo mostra sinteticamente a composição de cada uma das partes.

Figura 3 - Estrutura da Dissertação Fonte: Elaboração própria

A Parte I corresponde à introdução desta dissertação, na qual se faz um breve enquadramento da temática do empreendedorismo ao longo da História recente e se pretende demostrar a sua crescente importância. Segue-se uma componente em que são

DISSERTAÇÃO

ENQUADRAMENTO DO TEMA E DO PROBLEMA DE INVESTIGAÇÃO

PARTE I

OBJETIVOS E QUESTÕES DE INVESTIGAÇÃO

BREVE CARACTERIZAÇÃO DO SETOR DO ENSINO SUPERIOR EM PORTUGAL

PARTE II

CAPITULO 1. ANTECEDENTES DA INTENÇÃO EMPREENDEDORA NUM CONTEXTO UNIVERSITÁRIO: PROPOSTA DE UM MODELO CONCETUAL

ASPETOS METODOLÓGICOS E ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO

CAPITULO 2. ANTECEDENTES DA INTENÇÃO

EMPREENDEDORA: ANÁLISE CORRELACIONAL APLICADA A ESTUDANTES DE UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR DE

PORTUGAL

CAPÍTULO 3. THE ROLE OF EMOTIONAL INTELLIGENCE AND SPIRITUALITY IN

UNDERSTANDING ENTREPRENEURIAL

INTENTION: APLLICATION TO A PORTUGUESE HIGHEREDUCATIONINSTITUTION

PARTE III

ARTIGO

T

EORICO ARTIGO

E

MPÍRICO ARTIGO

E

MPÍRICO CONCLUSÕES REFERÊNCIAS ANEXOS

(23)

15

referidos os objetivos e hipóteses de investigação. O terceiro fragmento desta parte I constrói uma breve caracterização do sector das IES em Portugal. Por último, tem-se um breve resumo da metodologia utilizada ao longo deste estudo e a estruturação do mesmo.

Consecutivamente surge a Parte II que se divide em três capítulos, sendo que cada um deles corresponde a um artigo científico. No Capítulo 1 apresenta-se o modelo concetual no qual se baseia esta dissertação, fazendo a justificação teórica das hipóteses colocadas com base na literatura mais recente. Em seguida surge o Capítulo 2, no qual são expostas as correlações entre os conceitos estudados em função daquelas que foram as perceções dos estudantes da IES em causa, bem como a identificação das diferenças nestas mesmas perceções em função de algumas variáveis sociodemográficas e académicas. Logo após surge o Capítulo 3, o qual é composto pelo artigo empírico onde são apresentados os resultados das hipóteses colocadas no modelo concetual proposto (e justificado no Capítulo 1). Os artigos aqui mencionados foram submetidos a revistas e conferências internacionais subordinadas ao tema do empreendedorismo, como se pode confirmar na seguinte tabela.

Tabela 8 - Submissões dos artigos

Capítulo Título do artigo Revistas/Conferências a que

foram submetidos

1

Antecedentes da intenção empreendedora: o caso dos estudantes de uma universidade

portuguesa

Apresentado, sob a forma de um projeto de dissertação, ao WIN 2015

(Workshop de Investigadores Nascentes1), que estava incluído no

XVII Seminário Luso-Espanhol de Economia Empresarial Antecedentes da intenção

empreendedora num contexto universitário: Proposta de um

modelo concetual

Confirmada a sua apresentação no TMS Algarve 2016 – Tourism and Management Studies Internacional

Conference2.

2 Antecedentes da intenção

empreendedora: análise correlacional aplicada a estudantes de uma instituição de

ensino superior de Portugal

Apresentado no XVII Seminário Luso-Espanhol de Economia

Empresarial e publicado na respetiva ata do Seminário.

3 The role of emotional intelligence and spirituality in understanding

entrepreneurial intention: application to a Portuguese higher

education institution

Submetido, em Agosto de 20163, ao Journal of

Organizational Change Management Fonte: Elaboração própria

1 O WIN tem como objetivo a partilha de projetos de investigação a desenvolver no decurso de dissertações de mestrado e

teses de doutoramento. O documento que serviu de base à apresentação do projeto de investigação não foi publicado.

2 Em resultado desta conferência, o artigo será publicado como capítulo de livro. 3 Ver carta de submissão no Anexo 4.

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16

No final vem a Parte III. Nesta componente do trabalho é feita uma breve conclusão referindo apenas os principais resultados, as limitações mais relevantes e, ainda, as linhas investigativas futuras. Em seguida, tem-se as Referências Bibliográficas utilizadas na Parte I e Parte III. Por último, surgem os anexos, onde estão documentos que consideramos serem relevantes no processo de leitura desta dissertação.

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17

(26)

18

(27)

19

ANTECEDENTES DA INTENÇÃO EMPREENDEDORA NUM CONTEXTO

UNIVERSITÁRIO: PROPOSTA DE UM MODELO CONCETUAL

4

ENTREPRENEURIAL INTENTION ANTECEDENTS IN AN UNIVERSITY CONTEXT: PROPOSAL OF

A CONCEPTUAL MODEL

RESUMO

O estudo dos fatores que influenciam as intenções empreendedoras é relevante, especialmente tendo em conta os benefícios socioeconómicos geralmente atribuídos ao empreendedorismo. O empreendedorismo é um fator crítico no desenvolvimento da inovação e na criação de emprego, e acredita-se que constitui uma estratégia efetiva no desenvolvimento da empregabilidade. Existem alguns estudos que sugerem que fatores psicológicos desempenham um papel essencial no desenvolvimento de modelos alternativos do processo empreendedor. Contudo, os estudos que diretamente exploram como a inteligência emocional, a espiritualidade e a criatividade se relacionam com as intenções empreendedoras são relativamente escassos. Assim, este artigo concetual propõe, através de uma extensão da teoria do comportamento planeado, um modelo teórico que analise antecedentes da intenção empreendedora de estudantes de uma universidade portuguesa. Especificamente, a inteligência emocional e a espiritualidade constituem as variáveis independentes; e a criatividade, o controlo comportamental percebido e as atitudes pessoais face ao empreendedorismo atuam como variáveis mediadoras.

Palavras-chave: Espiritualidade; Inteligência emocional; Criatividade; Teoria do comportamento planeado; Instituição de ensino superior

ABSTRACT

The study of factors that influence entrepreneurial intention is relevant, especially given the socio-economic benefits commonly attributed to entrepreneurship. Entrepreneurship is a critical factor in fostering innovation and job creation and it is believe to be an effective strategy in handling the issue of employability. There are some studies that suggests that psychological factors play an essential role in developing alternative models to the entrepreneurial process. However, the studies that directly explore how emotional intelligence, spirituality and creativity relate to entrepreneurial intention are relatively few. As such, this conceptual paper proposes a research framework by extending the theory of planned behavior to study entrepreneurial intention among students of an Portuguese university. Specifically, emotional intelligence and spirituality are the independent variables; meanwhile, creativity, perceived behavioral control and attitudes toward entrepreneurship act as the mediating variables.

Keywords: Spirituality; Emotional Intelligence; Creativity; Theory of planned behavior; Higher education institution.

1. INTRODUÇÃO

Em tempos de crise como aqueles que o mundo está a travessar o empreendedorismo toma especial importância, uma vez que o empreendedorismo pode ser uma carreira a seguir quando alguma das alternativas se revelam infrutíferas. O empreendedorismo tem um papel preponderante na criação de empregos, ganhos de produtividade e crescimento económico de um país (Heuer & Kolvereid, 2014; Parker, 2005). A um nível macro importa desenvolver políticas e mecanismos de apoio aos empreendedores. A um nível micro deve-se promover a educação empreendedora, uma vez que esta é um dos três pilares que apoiam o reacendimento do espirito empreendedor (Panc, 2015). Para o autor, é através da educação que os estudantes podem desenvolver a mentalidade empreendedora pela aquisição de conhecimento, competências e atitudes tais como a criatividade, a iniciativa, a tenacidade, o trabalho de equipa, a consciência do risco e o sentido de responsabilidade. Daqui se revela a vital importância da investigação do tema empreendedorismo em estudantes universitários.

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20

Como o papel das universidades é vital na promoção do empreendedorismo, em especial junto dos estudantes (Padilla-Meléndez, Fernández-Gámez, & Molina-Gómez, 2014; Parker, 2005) deverá ser a este público que os estudos se devem dirigir. No sentido de estudar esta população de particular interesse, a literatura tem vindo a estudar a intenção empreendedora (IE), sendo esta de primordial importância pois são o primeiro passo no processo de descoberta, conceção e exploração de oportunidades (Schlaegel & Koenig, 2014).Torna-se, assim, evidente a necessidade de realizar mais investigações neste contexto, para que as universidades se possam tornar locais estruturantes para uma maior sensibilização das questões do empreendedorismo e para o desenvolvimento de características, psicológicas e comportamentais, que reforcem o espírito empreendedor dos seus estudantes.

Alguns dos estudos demonstram que o sucesso dos empreendedores pode ser influenciado pelas suas características pessoais e são vários os fatores psicológicos que têm vindo a ser associados ao desenvolvimento dessas intenções empreendedoras e do próprio processo empreendedor (Ferreira, Raposo, Gouveia Rodrigues, Dinis, & Paço, 2012). Compreender as formas como as características psicológicas influenciam a IE poderá ajudar a incrementar o conhecimento que se detém sobre o processo empreendedor (Ferreira et al., 2012) e sobre o desenvolvimento de atividades de empreendedorismo. No âmbito dessas características, neste estudo, serão objeto de análise a inteligência emocional (IEmo), a espiritualidade e a criatividade.

As emoções são responsáveis pela coordenação de muitos subsistemas psicológicos e normalmente surgem em resposta à mudança nas relações do individuo (Koohbanani, Dastjerdi, Vahidi, & Far, 2013). Goleman (1995), com o seu livro “Emotional Intelligence”, tornou popular que um dos domínios da inteligência também é ver experiências e expressar emoções. A IEmo é a capacidade de as pessoas lidarem com as suas emoções (Salovey & Mayer, 1990). Já no ano 2002, Wong & Law (2002) consideravam a IEmo um constructo emergente na psicologia, educação e gestão e, mais recentemente, Oriarewo, Agbim, & Zever (2014) demonstram que a sua importância no desenvolvimento organizacional e pessoal. Este conceito vem sendo desenvolvido até aos dias de hoje, tanto o seu papel nos estudos académicos como a sua relevância nas organizações. A IEmo capacita gestores e indivíduos de competências valiosas (Segon & Booth, 2015) e pode ser considerada como crucial numa gestão bem-sucedida (Gunkel, Schlägel, & Engle, 2014).

O conceito de espiritualidade remete para a palavra espirito que, tal como indica Piles (1990), é parte essencial do indivíduo. A ascensão da importância que a espiritualidade tem na investigação pode ser comprovada através das diversas áreas de investigação nas quais está presente, tais como a geriatria (Agli, Bailly, & Ferrand, 2015), a enfermagem (Draper, 2012; Sinclair, Pereira, & Raffin, 2006), a gestão (Balog, Baker, & Walker, 2014), o empreendedorismo (Balog et al., 2014), a psicologia (Hill et al., 2000; Moberg, 2008), as ciências biológicas (Hamer, 2004), entre outras. É tempo de evoluir na investigação da espiritualidade, deixar para trás o período de compreensão do fenómeno e caminhar para um novo período, no qual se testam hipóteses e modelos (Balog et al., 2014). A importância do conceito da espiritualidade tem vindo a aumentar nas ciências humanas (Moberg, 2008), como é o caso da gestão.

A criatividade não é mais do que uma jornada para além do que nos é familiar em direção ao desconhecido e, neste contexto, os problemas são encarados como possibilidades ao invés de puras

(29)

21

dificuldades (Puhakka, 2011). É, por isso, um dos fatores que leva a civilização rumo ao futuro (Hennessey & Amabile, 2010). Assim, é facilmente percetível o porque de a criatividade ser um fator cada vez mais exigido no mercado de trabalho, uma vez que é considerada como um dos fatores organizacionais mais marcantes no dinamismo e sobrevivência (Mobarakeh, 2011). No atual contexto socioeconómico, as mentes criativas são apontadas como uma ajuda na resolução da crise do desemprego (Ghasemi, Rastegar, Jahromi, & Marvdashti, 2011). A isto se acrescentam os argumentos de que as empresas carecem de criatividade para conseguirem estar abertas às falhas existentes no mercado (Kirzner, 1997), e de que o conceito da criatividade é essencial para a eficácia organizacional (George, 2007). Neste sentido, é notória a necessidade de criar condições dentro das universidades para o progresso da criatividade, nomeadamente a espontaneidade, a confiança, o respeito, o tempo, a aceitação da falha, a vontade de ir contra convenções e a eliminação de barreiras entre disciplinas individuais (Likeschová & Tichá, 2013).

Um número crescente de estudos tem utilizado a teoria do comportamento planeado (TCP) como pano de fundo no estudo da IE (Zampetakis, Gotsi, Andriopoulos, & Moustakis, 2011). Esta teoria liga as intenções às atitudes e comportamentos, realçando três antecedentes das IE (Ajzen, 1991): atitudes em relação ao comportamento, norma subjetiva e controlo comportamental percebido (CCP). Tendo em conta o referido anteriormente, o objetivo deste estudo consiste em Propor um modelo concetual que estude antecedentes da intenção empreendedora de estudantes de uma IES. Especificamente, pretendemos: Rever a literatura sobre cada uma das variáveis em estudo, explicitar as relações já estudadas na literatura, entre as variáveis em causa e ainda redigir as hipóteses de investigação incorporadas no modelo concetual proposto.

Para além desta introdução, o artigo encontra-se dividido em três secções: realizamos uma breve revisão da literatura; posteriormente, é explicitado o modelo concetual proposto e respetivas hipóteses; são feitas algumas considerações metodológicas e, por último, são tecidos alguns comentários finais.

2. REVISÃO DA LITERATURA

2.1.

Espiritualidade

Nos primórdios do estudo da espiritualidade ela foi rejeitada como objeto de estudo científico devido à sua subjetividade e à sua difícil mensuração. Com o evoluir do pouco estudo inicial que foi sendo feito caminhou-se no sentido do desenvolvimento da definição, da objetivação do conceito, do desenvolvimento contínuo das suas dimensões e do conhecimento do efeito deste conceito no quotidiano dos indivíduos, o que tornou possível a operacionalização da espiritualidade pois tornou-se quantificável de forma científica (Moberg, 2008). Contudo, ainda não foi encontrado um contornou-senso no que diz respeito à sua definição. A espiritualidade pode ser vista de diversas formas, desde a versão tradicional como expressão de religiosidade, a busca do sagrado, até a uma visão humanista do conceito que não engloba a religião (Fisher, 2011).

Miller & Sheppard (2014) argumentam que a discussão relativa à definição da espiritualidade na literatura tem três domínios principais: o primeiro em que os autores não reconhecem a existência de diferenças entre a espiritualidade e a religião, o segundo em que existe a combinação dos dois termos, assumindo-os como sinónimos e, por último, no terceiro domínio é afirmado que uma definição única e concreta não será fidedigna com a complexidade que estes conceitos têm. Assim,

(30)

22

Meezenbroek et al. (2012) declaram a espiritualidade como um conceito complexo e multidimensional. Também Agli et al. (2015) acrescentam que este conceito é, frequentemente e infelizmente, definido de modo pobre. Muitos autores definem espiritualidade de diversas formas pois têm sido propostas diferentes perspetivas e disciplinas (Meezenbroek et al., 2012). Modod (2011) vai mais longe ao afirmar que esta multiplicidade de definições de espiritualidade torna complexa a tarefa de compreender os constructos, bem como aquilo que eles pretendem medir.

Não existindo assim um conceito ou definição que seja unanime, considera-se as seguintes definições como as que mais influenciaram este estudo (Tabela 1):

Tabela 1 - Definições de espiritualidade presentes na literatura

AUTORES DEFINIÇÃO DE ESPIRITUALIDADE

MAURITZEN (1988) “A dimensão humana que transcende os aspetos biológicos,

psicológicos e sociais de viver” p. 118

VAUGHAN (1991) “Espiritualidade é essencialmente uma experiência subjetiva

do sagrado” p. 105

MULDOON & KING (1995) “A espiritualidade tem vindo a designar a forma como as pessoas compreendem e vivem as suas vidas tendo em conta o seu significado último e valor.” p. 336

CASCIO (1999) “Fenómeno intrínseco, uma conexão pessoal e experimental

com o transcendente ou a última realidade que é expressada nas crenças e comportamentos de alguém ”p. 130

EMMONS (2000) “A expressão pessoal do último interesse.” p. 4

PUCHALSKI & ROMER (2000) “Vejo a espiritualidade como algo que permite que a pessoa experimente o significado transcendente da vida.” p. 129 DAALEMAN, FREY, WALLACE, &

STUDENSKI (2002)

A espiritualidade expressa um senso de significado, propósito ou poder a partir de dentro ou de uma fonte transcendente.

HILL & PARGAMENT (2003) “A espiritualidade pode ser compreendida como uma

procura pelo sagrado, um processo através do qual as pessoas buscam descobrir, segurar e, quando necessário, transformar o que quer que seja que consideram sagrado nas suas vidas. ”p. 65

MASCARO, ROSEN, & MOREY (2004)

“Extensão na qual o individuo acredita que a vida, ou de alguma força da qual a vida é uma função, tem um propósito, vontade ou maneira pela qual os indivíduos participam. “ p. 845

MAUK & SCHMIDT (2004) “A espiritualidade é um conceito abstrato com muitas facetas. É o núcleo do ser das pessoas que envolve a relação com Deus ou com um poder maior.” p.15

DELANEY (2005) “A espiritualidade é definida neste estudo como um

fenómeno multidimensional que é universalmente experienciado, em parte socialmente construído e individualmente desenvolvido durante toda a vida.” p. 152.

DALBY (2006) “A espiritualidade é compreendida como sendo preocupada

com a busca pelo significado na relação com o sagrado.” p. 5 MEEZENBROEK ET AL. (2012) Definem a “espiritualidade como o busca e a experiência de

conexão consigo mesmo, a conexão com os outros e com a natureza e ligação com o transcendente.” p. 338

(31)

23

Na literatura cada vez mais se acentuam as diferenças entre a espiritualidade e a religião. Moberg (2008) explica esta confusão entre os dois conceitos através da sobreposição dos termos e ao facto de as fronteiras que definem estes termos serem permeáveis. A espiritualidade vem sendo descrita como uma força, valores e crenças ou experiências individuais, que permitem aos indivíduos encontrar o sentido e o propósito da vida, já a religião é o envolvimento nas práticas institucionais associada a uma igreja ou grupo organizado (Egbert, Mickley, & Coeling, 2004; Kapuscinski & Masters, 2010; Moberg, 2008; Reid, 2012). Deste modo, a espiritualidade não depende da existência de um grupo ou instituições no seu contexto e pode ser influenciada por experiências pessoais, subjetivas e não necessariamente a associadas a instituições religiosas e às suas tradições ou práticas (Harrison-walker, 2008). Neste contexto, Saucier & Skrzypińska (2006) provaram empiricamente que a espiritualidade subjetiva e a religião orientada para o tradicional são altamente independentes.

Com isto nota-se que a espiritualidade tem uma conotação saudável, libertando caminho para o crescimento enquanto a religião é vista como uma potencial barreira restritiva (Kapuscinski & Masters, 2010). Hill et al. (2000), pelo contrário, afirmam que a diferença entre a espiritualidade e a religião não deve ser polarizada em “bom” e “mau”, nem devem ser consideradas incompatíveis. A isto Zinnbauer, Pargament, & Scott (1999) acrescentam que o ato da polarização dos termos só irá confundir as definições e a medição dos conceitos, influenciando assim os resultados obtidos. Contudo, Egbert et al. (2004) afirmam que estes dois conceitos têm uma linha investigativa contraditória. Agli et al. (2015) afirmam que a espiritualidade é independente de qualquer sistema religioso. Kapuscinski & Masters (2010) referem que muitos psicólogos dizem que os indivíduos têm a capacidade de viver a espiritualidade fora do contexto institucionalizado da religião. O que também é corroborado por Sinclair et al. (2006) ao proferir que a religião é apenas uma das muitas formas de expressão espiritual. Para não serem considerados estudos de religião, algumas investigações introduzem expressões como “poder superior” para substituir o termo “Deus” numa tentativa de ser mais inclusivo e/ou para aqueles que se consideram como não crentes (Hungelmann, Kenkel-Rossi, Klassen, & Stollenwerk, 1985).

Modod (2011) fez uma extensa e intensa revisão de literatura, na qual analisou diversas escalas de espiritualidade, afirmando ter encontrado diversas dimensões da espiritualidade. Todavia, propósito e significado são as dimensões mais vezes observadas, repetindo-se também algumas vezes as dimensões de satisfação com a vida, autoestima e tranquilidade. De modo similar, muitos autores concordam que um dos principais aspetos da espiritualidade é a busca pelo significado (Dalby, 2006). Nesta linha de investigação Breitbart (2002) argumenta o constructo da espiritualidade como envolvendo o conceito da Fé e o conceito do Significado. Para este autor, a Fé é a crença num poder superior e transcendente, que pode ou não ser Deus e que não precisa ser expresso com rituais e crença numa religião organizada. Já o Significado é a convicção que se está a desempenhar um papel único e que o propósito da vida é um dom, ou seja, a vida traz consigo a responsabilidade de a viver de acordo com o potencial de um ser humano e, simultaneamente, obter a sensação de paz, o contentamento e, até, a transcendência através da conexão com algo maior. Peterman & Fitchett (2002) estão também presentes na mesma liga de investigação e consideram como principais dimensões da espiritualidade, à época do seu estudo, a busca pessoal de significado e propósito na vida, a conexão com a dimensão transcendente da existência e os sentimentos associados a essa busca e conexão.

(32)

24

Em contra ponto, Delaney (2005) aponta quatro domínios interrelacionados presentes na espiritualidade, o poder superior ou inteligência universal, a auto descoberta, as relações e a consciência ecológica. Os referidos domínios existem dentro da espiritualidade e têm um contexto pessoal e transpessoal. Também Baldacchino & Draper (2001) apresentam diferente ponto de vista, na sua revisão de literatura, ao afirmarem que a espiritualidade engloba a componente física, psicológica e social. Por último, Fisher (2010) apresenta o conceito de bem-estar espiritual, o qual consiste na relação entre o individuo e a transcendência em quatro domínios: o domínio pessoal, no qual está presente a relação de cada indivíduo consigo próprio; o domínio comunitário, no qual se refere à relação do indivíduo com os outros; o domínio ambiental, que é a relação do indivíduo com a natureza e ainda o domínio transcendental, que está ligado à relação de cada individuo com uma energia supra-humana.

Moberg (2008) refere que todos os indivíduos são seres espirituais, mesmo que não o reconheçam, pois a espiritualidade é algo inerente ao ser humano. Resta assim rever algumas das formas de medi-la. Na revisão bibliográfica realizada, Draper (2012), afirma existirem quatro abordagens para avaliar a espiritualidade de um indivíduo: a abordagem genérica, a quantitativa, a qualitativa e a que se baseia nos domínios. Contudo, este mesmo autor refere que a literatura tem maior interesse em abordagens quantitativas, o que torna este tipo de abordagem mais influente para avaliar a espiritualidade.

Um dos grandes entraves na investigação da temática da espiritualidade reside na forma de a medir, uma vez que a maioria das investigações usam escalas quantitativas de religião e não de espiritualidade (Kapuscinski & Masters, 2010; Meezenbroek et al., 2012), ou seja, algumas das escalas disponíveis têm fortes referências à religião. Kapuscinski & Masters (2010) referem que a experiência da espiritualidade não é fácil de medir devido à dificuldade de verbalizar a espiritualidade, o que torna complexa a operacionalização da investigação empírica da espiritualidade. Já Fisher (2010) argumenta que a dificuldade de investigar a espiritualidade também se prende na mensuração uma vez que esta não pode ser medida diretamente. Segundo o mesmo autor, a dificuldade prende-se com o facto de qualquer instrumento de medição não poder ser perfeito, pois só ira avaliar o fenómeno ou as suas consequências. Meezenbroek et al. (2012) afirmam que a espiritualidade é muitas vezes concebida com recurso a termos vagos, consequentemente os itens das escalas tornam-se pouco compreensíveis ou de significado pouco consistente.

Uma das escalas quantitativas mais importantes na investigação da espiritualidade é a SIWB, Spiritual Index of Well Being Scale, desenvolvida por Daaleman, Frey, Wallace, & Studenski (2002), composta por 11 itens e agrupados em dois fatores: a auto eficácia e o esquema de vida. Esta escala foi desenhada para medir o efeito da espiritualidade sobre o bem-estar subjetivo. Também Hodge (2003) desenvolveu uma escala unidimensional de 6 itens com escalas de 0 a 10, para medir a espiritualidade intrínseca do indivíduo. Mascaro et al. (2004) contruíram uma escala de mensuração unidemensional da espiritualidade, a Spiritual Meaning Scale, com 14 itens. Outra das escalas mais influentes da literatura é a FACIT-sp, Funcional Assessment of Chronic Illness Therapy – Spiritual Well Being, da autoria de Peterman & Fitchett (2002) com 12 itens distribuídos por dois fatores: o Significado/paz com oito itens e a de Fé com quatro itens. Esta escala foi concebida para pesquisa em

Imagem

Tabela 1 - Objetivos e Questões de investigação do primeiro artigo
Figura 1 - Classificação das IES  Fonte: Elaboração própria
Tabela 5 - Número de Estabelecimentos de Ensino Superior, por NUTS I e II referentes ao ano  letivo 2014/2015
Tabela 7 - Número de estudantes que estavam matriculados no Ensino superior, em Portugal,  no ano letivo 2014/2015
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