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3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

3.1. Principais Conclusões

O estudo desta dissertação é de caracter quantitativo, exploratório e de corte transversal. A amostra utilizada encontra-se entre as amostras mais importantes nas IES, os estudantes de 1º e 2º ciclo de uma universidade pública uma vez que no universo português estes são os mais numerosos dentro da população Estudantes do Ensino Superior Português e ainda por se entender que estes, com maior probabilidade poderão desempenhar atividades empreendedoras num futuro próximo. Os dados foram obtidos através do preenchimento de inquéritos presenciais no decurso das suas Unidades Curriculares, contando para isso com a colaboração dos docentes desta IES. No total, esta amostra é composta por 345 inquéritos validos ao longo de 27 cursos de 1º e 2º ciclos, sendo que procurou-se manter as quotas relativas a cada escola superior que compõe a IES em estudo. Os dados foram analisados tendo por base a metodologia de Análise de Caminhos, para que seja possível confirmar, ou negar, o apoio estatístico às hipóteses formuladas com recurso ao software Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) versão 22 para Windows e AMOS versão 22 para Windows.

Tendo em conta a análise estatística feita para descrever a amostra, podemos afirmar que esta é maioritariamente feminina, com uma média de idades de 23 anos, estudante do primeiro ciclo de estudos, deslocado da sua cidade natal, sem experiência de trabalho e sendo apenas estudante sem qualquer estatuto. De acrescentar que 60% dos indivíduos da amostra não frequentou nenhuma Unidade Curricular (UC) relacionada com o empreendedorismo, que 55,4% dos indivíduos são familiares próximos de algum empreendedor e ainda aproximadamente 95% dos inquiridos nunca possuiu o seu próprio negócio. Considera-se ainda que as perceções médias dos estudantes relacionadas com o empreendedorismo são relativamente baixas.

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Os resultados obtidos através da utilização da metodologia estatística de modelação de Análise de Caminhos permitem-nos afirmar que o modelo proposto consegue explicar uma variância de 71,8% da intenção empreendedora, o que se considera ser uma boa adequação à variável dependente em estudo. De entre as hipóteses colocadas todas aquelas que envolviam a espiritualidade foram rejeitadas, e ainda mais duas hipóteses que relacionam diretamente a IEmo e a criatividade com a IE. Quanto às variáveis académicas e sociodemográficas analisadas por esta investigação apenas o Estatuto do aluno, a educação empreendedora, os antecedentes familiares empreendedores e a experiência de trabalho se revelaram influenciadoras da IE.

Na seguinte tabela resume-se os resultados estatísticos que se obtiveram e ainda os principais resultados que se podem consultar na literatura.

Tabela 1 - Resultados obtidos na Investigação empírica e resultados obtidos pela literatura

Hipótese Resultado Resultados na literatura

H1a) espiritualidade ->

criatividade Rejeitada

Apesar de ser recente, esta ligação vem sendo estudada na literatura.

H1b) espiritualidade -> AP Rejeitada

Esta hipótese já foi confirmada por outros estudos, contudo a introdução da espiritualidade no âmbito do empreendedorismo é recente.

H1c) espiritualidade -> CCP Rejeitada Não são conhecidos estudos que relacionem estes conceitos.

H1d) espiritualidade -> IE Rejeitada

Existe uma relação ambígua entre a espiritualidade e o empreendedorismo. Por um lado há autores que defendem que a espiritualidade pode ser um antecedente do empreendedorismo. Há igualmente quem defenda que a espiritualidade em nada contribui para a formação de um empreendedor. Apesar de ser uma relação

controversa, esta hipótese já foi estatisticamente comprovada por outros autores.

H2a) IEmo -> criatividade Confirmada

Esta relação é muito estudada na literatura tendo já sido confirmada por vários estudos.

H2b) IEmo -> AP Confirmada A confirmação desta hipótese já havia sido estudada pela literatura.

H2c) IEmo -> CCP Confirmada

A relação entre estas variáveis já havia

sido testada e comprovada

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H2d) IEmo -> IE Rejeitada

Na literatura encontram-se alguns estudos relevantes confirmaram esta relação.

H3 criatividade -> IE Rejeitada

Apesar de se revelar uma hipótese sem significado estatístico neste estudo, a Criatividade já foi classificada com um antecedente importante na formação de Intenções Empreendedoras.

H4 AP -> IE Confirmada

Esta relação deriva da TPB, sendo por isso mais do que comprovada pela literatura.

H5 CCP -> IE Confirmada

Também esta relação deriva da TPB, sendo por isso muito relevante na literatura e mais do que comprovada. Fonte: Elaboração Própria

Através dos resultados estatísticos também podemos comprovar que os indivíduos do género masculino apresentam maior IE, bem como maiores níveis percecionados de AP, CCP e ainda maior criatividade. Apesar de não ser uma diferença estatisticamente significativa, constatou-se que os indivíduos do género feminino apresentam maiores perceções de espiritualidade. Os estudantes que são simultaneamente trabalhadores estudantes revelam maiores perceções de IE e de IEmo.

No sentido de estimar a educação empreendedora dos estudantes utilizou-se a participação em Unidades Curriculares relacionadas com o empreendedorismo. Os estudantes que assistiram a estas Unidades Curriculares mostram níveis mais elevados de IE, AP e maior CCP, nos restantes conceitos não se encontram diferenças significativas. Contudo não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas quando se comparam os indivíduos do 1º ciclo de estudos com os indivíduos do 2º ciclo. Fica assim explicita a importância da Educação Empreendedora no Sistema de Ensino Superior.

Quando se procuram diferenças relativas à área de estudos dos indivíduos encontram-se diferenças significativas apenas nas perceções do CCP e a criatividade. Relativamente a indivíduos com antecedentes empreendedores na família e a indivíduos com experiência de trabalho, estes apresentam maiores níveis de IE, AP, CCP e criatividade. Porém os indivíduos que já possuíram o seu próprio negócio apenas apresentam maiores perceções de CCP e criatividade. A espiritualidade não obteve diferenças estatisticamente significativas com nenhuma das variáveis académicas e sociodemográficas presentes no questionário.

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No panorama geral, a espiritualidade não se relaciona intensivamente com nenhum conceito, apenas tem um efeito residual com todos eles. Todavia se for considerado um nível de significância de 10% existe uma relação entre a espiritualidade e as AP bem como entre a espiritualidade e o CCP, uma vez que existe uma correlação positiva, apesar de ser muito ténue, entre a espiritualidade e AP e ainda entre a espiritualidade e o CCP.

Tal como já se previa pela literatura, a IEmo correlaciona-se positiva e moderadamente com a criatividade, logo é possível afirmar que a IEmo tem um efeito positivo na criatividade. Simultaneamente, a IEmo tem uma correlação positiva e moderada com o CCP.

A criatividade apenas tem uma associação com a IE quando se baixa nível de significância para os 10%, sendo por isso rejeitada a H3.

Como já se espectava, o CCP e as AP têm um forte efeito positivo na formação das IE, pois estas variáveis são parte integrante da TPB, na qual este estudo se baseia. Esta teoria já foi mais que confirmada pela literatura. Verificou-se ainda que o CCP e as AP têm um papel mediador na relação da IEm com as IE.

Para além disso, verificou-se que este tipo de IE tem como antecedentes: AP, CCP e IEmo. Através da Análise de Caminhos identificaram-se dois caminhos de efeitos indiretos estatisticamente significativos a 5%, o primeiro inicia-se na IntEmo segue para as AP e culmina na IE, o segundo caminho tem o seu princípio na IEmo depois apresenta-se o CCP e termina na IE.

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