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Uma paisagem para as quintas vinhateiras da Sogrape. Proposta para a Herdade do Peso.

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Academic year: 2021

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Uma paisagem para as quintas vinhateiras da

Sogrape

Proposta para a Herdade do Peso

Inês Moreira Paiva de Carvalho e Sousa

Arquitetura Paisagista

Departamento de Geociências, Ambiente e Ordenamento do Território 2020

Orientador

Isabel Maria Henriques Martinho da Silva, Professora Auxiliar Faculdade de Ciências da Universidade do Porto

Supervisor

Paulo Palha, Engenheiro Agrónomo Neoturf

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Todas as correções determinadas pelo júri, e só essas, foram efetuadas.

O Presidente do Júri,

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Agradecimentos

O presente trabalho simboliza o culminar de, provavelmente, a etapa mais importante da minha vida, tanto a nível académico como pessoal. Quero começar por agradecer aos meus pais e ao meu irmão – Manuel Sousa, Damiana Sousa e Pedro Sousa – por estarem sempre presentes, que sempre me incentivam a querer ser melhor, por todo o apoio ao longo da minha vida, por possibilitarem a minha formação académica. Dedico este trabalho a vocês, que sempre acreditaram em mim e nas minhas capacidades. A toda a minha família, com quem posso sempre contar.

À Adriana Passos, que me acompanhou desde o início deste percurso. Pela amizade, com quem muito aprendi, quem sempre me ajudou, e quem esteve sempre presente nos bons e maus momentos. Obrigada por teres tornado estes anos tão especiais.

À minha turma de mestrado, em especial ao João Soares, à Maria João Martins e ao Felipe Sanches, amigos que em pouco tempo se tornaram tão especiais e que tornaram os momentos da faculdade e fora dela tão melhores. Gostaria de agradecer também à Professora Isabel Martinho da Silva por toda a disponibilidade e ensinamentos ao longos destes meses.

À equipa da Neoturf, por me receberem e por toda a disponibilidade, em especial à minha prima - arquiteta Sandra Bastos – e à arquiteta Ana Miguel.

A todos que direta ou indiretamente contribuíram neste meu percurso.

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A arquitetura paisagista utiliza, como principal ferramenta, o projeto. Neste trabalho, é desenvolvido um projeto, ao nível de estudo prévio, para uma quinta vinícola da Sogrape, a Herdade do Peso, na Vidigueira, Portugal. Esta proposta pretende encontrar soluções projetuais que possam ser replicadas noutras quintas vinícolas Sogrape, contribuindo assim para a criação de uma identidade inscrita em detalhes da paisagem das quintas vinícolas da marca.

Este trabalho surgiu de uma encomenda feita pelos proprietários da Herdade do Peso à Neoturf, com o intuito de desenvolver um projeto de arquitetura paisagista que contribua para a criação da identidade Sogrape.

Após uma pesquisa que incluiu uma revisão bibliográfica sobre a paisagem vinhateira no país e a paisagem vinhateira no Alentejo, a análise de um conjunto de quintas vinícolas dedicadas ao enoturismo, e a análise de estudos feitos sobre estratégias para tornar as estas quintas espaços turísticos e apelativos ao utilizador, definiu-se um conjunto de estratégias para a Herdade do Peso.

Este trabalho termina com uma proposta para a Herdade do Peso, tendo em conta as condicionantes impostas pelo cliente. A proposta baseia-se essencialmente na definição de novas funções para os espaços, a criação de um conjunto de percursos e experiências ligadas ao enoturismo, a criação de sinalética, e composições de vegetação. Muitas destas intervenções poderão ser replicadas noutras quintas Sogrape, pela sua flexibilidade de adaptação a cada quinta e respetivas condicionantes.

Palavras-chave

Herdade do Peso, Paisagem Vinhateira, Vinho, Alentejo, Quinta vinícola, Sogrape, Enoturismo

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Landscape architecture uses the project as its main tool. In this work, a master plan is developed for a Sogrape wine estate, Herdade do Peso, located in Vidigueira, Portugal. This proposal aims to find design solutions that can be replicated in other Sogrape wine estates, contributing to the creation of an identity impressed on details of the landscape for the brand's wineries.

This work was born from a request made by the owners of Herdade do Peso to Neoturf, with the aim of developing a landscape architecture project that contributes to the creation of the identity Sogrape.

After a research, that included a literature review on the Portuguese vineyard landscape and the Alentejo vineyard landscape, the analysis of a set of wine estates dedicated to enotourism, and the analysis of studies on the strategies to make these farms touristic spaces and spaces appealing to the users, a set of strategies for Herdade do Peso was defined.

This work ends with a proposal for Herdade do Peso, according to the conditions imposed by the client. The proposal is essentially based on the definition of new functions for the spaces, the creation of a set of paths and experiences related to wine tourism, the creation of signage, and vegetation compositions. Many of these interventions can be replicated in other Sogrape wine estates, due to their flexibility in adapting to each farm and its constraints.

Keywords

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1. INTRODUÇÃO ... 9

1.1. TEMÁTICA ... 9

1.2. PROBLEMAS E OBJETIVOS ... 9

1.3. METODOLOGIA ... 10

2. PAISAGEM VINHATEIRA EM PORTUGAL ... 11

2.1. PAISAGEM VINHATEIRA NO ALENTEJO ... 14

2.2. VIDIGUEIRA ... 16

2.2.1. LOCALIZAÇÃO ...16

2.2.2. ANÁLISES BIOFÍSICAS DO CONCELHO DE VIDIGUEIRA...17

2.3. ENOTURISMO ... 19 3. SOGRAPE ... 20 3.1. ASOGRAPE ... 20 4. CASOS DE ESTUDO ... 22 4.1. QUINTA DO VALLADO ... 22 4.2. HERDADE DO ESPORÃO ... 23 4.3. QUINTA DO SEIXO ... 24

5. CASO DE ESTUDO - HERDADE DO PESO... 25

5.1. ENQUADRAMENTO E HISTÓRIA ... 25

5.2. ANÁLISES BIOFÍSICAS DA PROPRIEDADE ... 26

5.2.1. OCUPAÇÃO E USO DO SOLO ...26

5.2.2. LINHAS DE ÁGUA E CURVAS DE NÍVEL ...27

5.2.3. HIPSOMETRIA ...27 5.2.4. PLANTA DE ORDENAMENTO ...28 5.2.5. PLANTA DE CONDICIONANTES...28 5.3. A PROPRIEDADE ... 29 6. ESTRATÉGIAS PAISAGÍSTICAS ... 38 7. PROPOSTA ... 41 7.1. PLANO GERAL ... 41 7.1.1. VIAS E ACESSOS ...47 7.1.2. PERCURSOS E EXPERIÊNCIAS ...49 7.1.3. SINALÉTICA ...55 7.1.4. TIPOLOGIAS DE VEGETAÇÃO ...56 8. IDENTIDADE SOGRAPE ... 57 8.1. CONTRIBUIÇÕES ... 57 9. CONCLUSÃO ... 58 10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 59

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Índice de Figuras

Figura 1 Regiões Vinícolas com propriedade Sogrape ... 11 Conteúdo informativo: Sogrape Vinhos; Processamento de imagem: Adobe Photoshop

Figura 2 Paisagem vinhateira do Douro ... 13 Fonte: https://www.lugardasletras.com/paisagem

Figura 3 Paisagem vinhateira do Alentejo ... 13 Fonte: https://www.sograpevinhos.com/blog/2014/10/20/herdade-do-peso-nomeada-pela-revista-mais-alentejo/

Figura 4 Localização da região do Alentejo no mapa de Portugal Continental ... 15 Fonte imagem base: Google Earth Pro; Conteúdo informativo: Infovini; Processamento de imagem: Adobe Phhotoshop

Figura 5 Região demarcada do Alentejo ... 15 Fonte imagem base: Google Earth Pro; Conteúdo informativo: Infovini; Processamento de imagem: Adobe Phhotoshop

Figura 6 Rotas dos Vinhos no Alentejo ... 15 Fonte imagem base: Google Earth Pro; Conteúdo informativo: Clube Vinhos Portugueses; Processamento de imagem: Adobe Photoshop

Figura 7 Enquadramento geográfico do concelho de Vidigueira ... 16 Fonte imagem base: Google Earth Pro; Processamento de imagem: Adobe Photoshop

Figura 8 Enquadramento geográfico do concelho de Vidigueira e Herdade do Peso ... 16 Fonte imagem base: Google Earth Pro; Processamento de imagem: Adobe Photoshop

Figura 9 Hidrografia associada ao concelho de Vidigueira ... 17 Fonte imagem base: Google Earth Pro; Conteúdo informativo: GTF Municipal de Vidigueira; Processamento de imagem: Adobe Photoshop

Figura 10 Distribuição Quintas Sogrape em Portugal ... 20 Conteúdo informativo: Sogrape Vinhos; Processamento de imagem: Adobe Photoshop

Figura 11 Distribuição mundial Sogrape ... 21 Conteúdo informativo: Sandeman Quinta do Seixo; Processamento de imagem: Adobe Photoshop

Figura 12 Quinta do Vallado Wine Hotel ... 22 Fonte: https://www.portugaldeluxe.com/pt/private-tours/hoteis/quinta-do-vallado-wine-hotel/

Figura 13 Herdade do Esporão ... 23 Fonte: https://www.esporao.com/pt-pt/sobre/herdade-do-esporao/uma-breve-historia.html/

Figura 14 Quinta do Seixo ... 24 Fonte: https://www.winetourismportugal.com/pt/catalogo/adegas-vinhas/quinta-do-seixo/

Figura 15 Limites da propriedade da Herdade do Peso ... 25 Fonte imagem base: Google Earth Pro; Processamento de imagem: Adobe Photoshop

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Fonte imagem base: Google Earth Pro; Conteúdo informativo: Neoturf; Processamento de imagem: Adobe Photoshop Figura 17 Linhas de água da propriedade ... 27 Fonte imagem base: Google Earth Pro; Conteúdo informativo: Neoturf; Processamento de imagem: Adobe Photoshop

Figura 18 Hipsometria da propriedade ... 27 Fonte imagem base: Google Earth Pro; Conteúdo informativo: Neoturf; Processamento de imagem: Adobe Photoshop

Figura 19 Planta de Ordenamento de Ocupação do Solo ... 28 Fonte: Direção Geral do Território em https://www.dgterritorio.gov.pt/ordenamento/sgt/igt-vigor; Processamento de imagem: Adobe Photoshop

Figura 20 Planta de condicionantes ... 28 Fonte: Direção Geral do Território em https://www.dgterritorio.gov.pt/ordenamento/sgt/igt-vigor; Processamento de imagem: Adobe Photoshop

Figura 21 Elementos de interesse na propriedade Herdade do Peso ... 29 Fonte imagem base: Google Earth Pro; Processamento de imagem: Adobe Photoshop

Figura 22 Vista aérea e constituição do complexo... 30 Fonte imagem base: Google Earth Pro; Processamento de imagem: Adobe Photoshop

Figura 23 Entrada na Herdade do Peso ... 30 Fonte: Neoturf

Figura 24 Adega ... 30 Fonte: Neoturf

Figura 25 Entrada na casa principal ... 30 Fonte: Neoturf

Figura 26 Espaços exteriores à Adega ... 31 Fonte: Neoturf

Figura 27 Vegetação com sinais de intolerância ao sol ... 31 Fonte: Neoturf

Figura 28 ETAR ... 31 Fonte: Neoturf

Figura 29 Zona de provas e refeições com coberto e espaços envolventes ... 32 Fonte: Neoturf

Figura 30 Vista aérea e constituição do Armazém... 33 Fonte imagem base: Google Earth Pro; Processamento de imagem: Adobe Photoshop

Figura 31 Edifício do Armazém ... 33 Fonte: https://evaton.com/brand/herdade-do-peso/

Figura 32 Armazém visto da Casa Principal ... 33 Fonte: Neoturf

Figura 33 Vista aérea do Olival Milenar ... 34 Fonte imagem base: Google Earth Pro; Processamento de imagem: Adobe Photoshop

Figura 34 Olival Milenar... 34 Fonte: Neoturf

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Fonte imagem base: Google Earth Pro; Processamento de imagem: Adobe Photoshop

Figura 36 Ruína ladeada pelas oliveiras e azinheiras ... 35 Fonte: Neoturf

Figura 37 Vista da Ruína ... 35 Fonte: Neoturf

Figura 38 Integração da Ruína na paisagem envolvente ... 36 Fonte: Neoturf

Figura 39 Enquadramento da barragem na paisagem envolvente ... 36 Fonte: https://www.sograpevinhos.com/regioes/Alentejo/locais/Herdade%20do%20Peso

Figura 40 Sistema de rega das vinhas na Herdade do Peso ... 37 https://www.herdadedopeso.pt/herdade/as-castas/984/

Tabela 1 Tabela-síntese dos pontos de vista expressos por agricultores e profissionais

sobre a perceção visual das quintas vinícolas………38 Fonte: Tassinari et al (2013)

Figura 41 Plano geral ... 41 Imagem base: AutoCAD; Processamento de imagem: Adobe Photoshop

Figura 42 Zonas de plantação de novas vinhas ... 42 Fonte: Neoturf; Processamento de imagem: Adobe Photoshop

Figura 43 Proposta final para o complexo principal e respetivas entradas... 43 Imagem base: AutoCAD; Processamento de imagem: Adobe Photoshop

Figura 44 Zoom ao Complexo da Adega ... 44 Imagem base: AutoCAD; Processamento de imagem: Adobe Photoshop

Figura 45 Intervenções na nova Casa de Campo ... 45 Imagem base: AutoCAD; Processamento de imagem: Adobe Photoshop

Figura 46 Fotomontagem do antes e do depois da recuperação da ruína e dos espaços

exteriores ... 45 Fonte: Neoturf; Processamento de imagem: Adobe Photoshop

Figura 47 Intervenções nos espaços exteriores do Armazém... 46 Imagem base: AutoCAD; Processamento de imagem: Adobe Photoshop

Figura 48 Intervenções na novo Olival Milenar ... 46 Imagem base: AutoCAD; Processamento de imagem: Adobe Photoshop

Figura 49 Fotomontagem do antes e do depois da introdução do passadiço em madeira no

Olival Milenar ... 46 Fonte: Neoturf; Processamento de imagem: Adobe Photoshop

Figura 50 Entradas na propriedade ... 47 Fonte imagem base: Google Earth Pro; Processamento de imagem: Adobe Photoshop

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Fonte: Neoturf; Processamento de imagem: Adobe Photoshop

Figura 52 Fotomontagem do antes e do depois das intervenções na nova Entrada 2 ... 48 Fonte: Neoturf; Processamento de imagem: Adobe Photoshop

Figura 53 Conexão entre o Peso 1 e o Peso 2 ... 49 Processamento de imagem: Adobe Photoshop

Figura 54 Mapa dos percursos e experiências propostos ... 49 Imagem base: AutoCAD; Processamento de imagem: Adobe Photoshop

Figura 55 Percurso da Barragem ... 50 Imagem base: AutoCAD; Processamento de imagem: Adobe Photoshop

Figura 56 Percurso dos Terroirs ... 51 Imagem base: AutoCAD; Processamento de imagem: Adobe Photoshop

Figura 57 Terroirs da Herdade do Peso ... 51 Fonte: https://www.herdadedopeso.pt/herdade/os-terroirs/983/

Figura 58 Acessos à experiência na Vinha de Exposição... 52 Imagem base: AutoCAD; Processamento de imagem: Adobe Photoshop

Figura 59 Imagem de referência das provas de degustação na vinha de exposição ... 52 Fonte: https://grandesescolhas.com/alentejo-tinto-por-menos-de-e5-muitos-e-bons/

Figura 60 Acesso à Experiência Casa de Campo... 53 Imagem base: AutoCAD; Processamento de imagem: Adobe Photoshop

Figura 61 Acesso à experiência do Olival Milenar ... 54 Imagem base: AutoCAD; Processamento de imagem: Adobe Photoshop

Figura 62 Vista aérea do novo percurso do Olival Milenar ... 54 Fonte imagem base: Google Earth Pro; Processamento de imagem: Adobe Photoshop

Figura 63 Exemplo de sinalética de um painel explicativo sobre os Percursos e Experiências

na Herdade do Peso ... 55

Figura 64 Exemplo de sinalética de introdução à experiência do Olival Milenar na Herdade

do Peso ... 55 Processamento de imagem: Adobe Photoshop

Figura 65 Exemplo de um panfleto para o percurso da barragem ... 55 Processamento de imagem: Adobe Photoshop

Figura 66 Exemplos de composições de vegetação a utilizar na Herdade do Peso ... 56 Processamento de imagem: Adobe Photoshop

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1.1. Temática

O presente relatório foi desenvolvido no âmbito do estágio curricular do Mestrado em Arquitetura Paisagista da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto. Este estágio foi realizado na empresa Neoturf, sediada em Matosinhos, e decorreu de janeiro a junho de 2020. O tema geral do relatório consiste no desenvolvimento de um projeto de arquitetura paisagista para a Herdade do Peso, uma quinta vinícola da Sogrape no Alentejo, que consiga, a par de outros objetivos, reorganizar os espaços exteriores e definir várias estratégias e atividades, que favoreçam o enoturismo.

A ideia principal é criar ao nível de estudo prévio, um projeto para a Herdade do Peso que se enquadre, aos mais variados níveis, na paisagem alentejana da Vidigueira e, conseguir que certas propostas sejam replicáveis nas várias quintas vinícolas Sogrape em Portugal, contribuindo, deste modo, para criar um carácter identitário da marca através de intervenções na paisagem.

1.2. Problemas e objetivos

Atualmente, não existe na Herdade do Peso uma boa articulação entre a parte edificada da quinta e o espaço exterior, no sentido de criar condições favoráveis ao bem-estar dos trabalhadores e dos visitantes. Cada vez mais os espaços exteriores assumem um papel importante, devendo ser locais providos de condições que proporcionem o bem-estar aliado ao contexto de trabalho.

Posto isto, e de forma a dar resposta ao tema deste relatório, foram definidos os seguintes objetivos a atingir:

a) Unificar a propriedade, através de percursos e atividades que permitam ao utilizador usufruir do espaço como um todo;

b) Tornar a Herdade do Peso um espaço turístico associado ao enoturismo, integrando-a na rede de desta modalidade de turismo, e criando estratégias que permitam o aumento do número de visitantes;

c) Valorizar a paisagem e desenvolver uma nova perceção da mesma para o visitante. Criar uma paisagem mais atrativa.

d) Definir algumas diretrizes/intervenções que possam ser aplicadas em várias quintas Sogrape em Portugal, criando um carácter identitário.

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O presente relatório de estágio foi elaborado de acordo com a metodologia Análise, Síntese e Proposta.

Definição de estratégias e intervenções para a proposta. ANÁLISE

Recolha de informação in situ; Revisão bibliográfica;

Análises biofísicas do Alentejo e de Vidigueira; Análises biofísicas da propriedade da Herdade do Peso;

Análise de casos de estudo;

SÍNTESE

Projeto de arquitetura paisagista para a Herdade do Peso de acordo com as condicionantes existentes, atribuindo novas funções aos espaços;

Aplicação de um conjunto de intervenções que permitam o desenvolvimento do enoturismo. Contributo para a definição de uma identidade que caracterize as quintas Sogrape.

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2. Paisagem Vinhateira em Portugal

A Paisagem vinhateira tem uma grande importância na paisagem portuguesa, sendo variável de norte a sul do país. Portugal é um território de contrastes, muito díspar de região para região, tanto ao nível da paisagem no geral como, ao nível da paisagem vinhateira em particular. Toda esta diversidade se deve a uma conjugação de fatores, como a posição geográfica, o relevo, o clima, a proximidade ao mar e a influência de diversas civilizações (Ribeiro, 1945) Cada vez mais surgem paisagens vinhateiras, e as quintas vinícolas têm vindo a influenciar a paisagem de várias regiões em Portugal. Uma das regiões onde este impacto é mais notório é o Douro, onde a paisagem vinhateira desta região é considerada, na categoria de paisagem cultural, Património da Humanidade.

No que diz respeito à Região Demarcada do Alentejo, que se caracterizava anteriormente, por extensos campos de trigo, nos dias de hoje, muitos desses campos deram lugar a vinhas extensas, a olivais e montados de sobro e de azinho, que tão bem caracterizam esta paisagem.

Pensa-se que a cultura da vinha tenha surgido em Portugal no século 7 a.C., impulsionada pela técnica de produção de vinho introduzida pelos fenícios na Península Ibérica (Martinho da Silva, 2001). Assim, quando os romanos chegaram a Portugal, a cultura do vinho e da vinha já faziam parte dos hábitos e tradições das populações locais.

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A Reconquista Cristã promove os usos do solo relacionados com a trilogia Mediterrânica consagrada pelo cristianismo: o pão, o azeite, e o vinho (Martinho da Silva, 2001), continuando assim a tradição da cultura da vinha.

A vinha começa a consolidar-se, enquanto cultura de excelência, com a criação da primeira região demarcada do mundo, no Douro, cuja delimitação territorial foi feita em 1756 (Museu do Douro, 2020).

Ao longo dos últimos anos, a vinha foi ganhando importância, essencialmente no período Pós-Adesão à Comunidade Económica Europeia (CEE), hoje União Europeia (EU), sendo que a partir dessa data (1986) houve tendencialmente uma expansão da sua cultura no nosso país. A Política Agrícola Comum (PAC) assenta em dois pilares, sendo que o primeiro remete para a organização comum dos mercados dos produtos agrícolas e os pagamentos diretos aos agricultores; e o segundo está relacionado com a política de desenvolvimento rural. Este segundo pilar, promoveu a expansão da cultura da vinha, através de estratégias que procuram incentivar o crescimento e o emprego através do desenvolvimento rural sustentável das zonas rurais, quer do ponto de vista territorial quer ambiental. Estas estratégias focaram-se, essencialmente, no apoio à competitividade, apoio à inovação e ao conhecimento, o incentivo aos jovens agricultores e a promoção da gestão sustentável dos recursos naturais e o desenvolvimento territorial. (Silva L. , 2016)

Com a grande expansão das paisagens vinhateiras em Portugal, surge o interesse dos consumidores na procura de atividades associadas às mesmas – enoturismo.

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Figura 2 Paisagem vinhateira do Douro

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2.1. Paisagem Vinhateira no Alentejo

“As imensidões das planícies dão a sensação de que o horizonte é infinito. O Alentejo oferece uma paisagem única, verdejante nos meses mais frios e dourada nos quentes meses de verão.” (Rota dos Vinhos de Portugal, 2020)

Em 1977, com a criação do Projeto de Viticultura do Alentejo, foram criadas condições técnicas para a implementação de um estatuto de qualidade do vinho no Alentejo. Em 1988 regulamentaram-se as primeiras denominações de origem alentejanas e, no ano seguinte, foi garantida a certificação e regulamentação dos vinhos do Alentejo pela Comissão Vitivinícola Regional Alentejana. (Vinhos do Alentejo, 2020)

A região do Alentejo apresenta um clima temperado, com características mediterrânicas e continentais, com primaveras e verões quentes e secos e com a precipitação mais concentrada nos meses do Inverno. (Instituto da Vinha e do Vinho , 2011)

A temperatura média anual é de 15,5 - 16ºC, com um valor muito elevado de horas de sol anuais – 3000 horas –, em particular nos meses antecedentes às vindimas, o que contribui para a perfeita manutenção das uvas e qualidade dos vinhos.

A paisagem alentejana é caracterizada pela sua planura devido à existência de poucos acidentes orográficos, o que impede a condensação da humidade vinda do mar, reduzindo a expressão atlântica no Alentejo.

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No entanto, são precisamente esses acidentes que influenciam e definem várias sub-regiões vitícolas (Figura 5) e que proporcionam as várias especificidades de condições para a cultura da vinha por toda a região. (Vinhos do Alentejo, 2020)

Atualmente, a produção de vinha ocorre em toda a região do Alentejo (distritos de Portalegre, Beja e Évora), apresentando uma maior representatividade nas sub-regiões vitícolas demarcadas de Portalegre (1), Borba (2), Évora (3), Redondo (4), Reguengos (5), Granja-Amareleja (6), Vidigueira (7), e Moura (8). Nestas sub-regiões vitícolas estão instalados cerca de 17 500 hectares de vinha. No total, a região do Alentejo possui quase 24 000 hectares, distribuídos por aproximadamente 4 000 proprietários, com localizações distintas no território e implantação em condições biofísicas muito variadas (de relevo, de solo e de microclima). (Freire & Ramos, 2019)

No Alentejo, as rotas do vinho estão divididas em três grandes rotas: A Rota de São Mamede, a Rota Histórica e a Rota do Guadiana, na qual faz parte a Herdade do Peso. Esta rota caracteriza-se pelas suas grandes planícies e pela presença do rio Guadiana, abrangendo Mourão, Moura, Vidigueira, Alvito e Viana do Alentejo.

Figura 6 Rotas dos Vinhos no Alentejo Figura 5 Região demarcada do Alentejo

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2.2. Vidigueira

2.2.1. Localização

O território em que se inscreve o concelho da Vidigueira, localizado entre Beja e Évora, encontra-se ladeado a norte pela Serra do Mendro, a leste pelo rio Guadiana e a sul e a oeste pelas vastas planícies que se prolongam no horizonte (Município de Vidigueira, 2020)

O concelho de Vidigueira divide-se em quatro freguesias: Vila de Frades, Vidigueira, Selmes e Pedrógão, na qual se encontra a Herdade do Peso.

Figura 8 Enquadramento geográfico do concelho de Vidigueira e Herdade do Peso Figura 7 Enquadramento geográfico do concelho de Vidigueira

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2.2.2. Análises biofísicas do concelho de Vidigueira

2.2.2.1. Microclima e Solos

A especificidade do relevo é indissociável do clima. A falha da Vidigueira, acidente natural que faz a divisão entre o Alto e o Baixo Alentejo (Serra do Mendro), determina a razão de ser do microclima da Vidigueira: um clima mais temperado do que o normal no Alentejo, registando-se uma temperatura média entre os 15º e os 17.5º C. (Município de Vidigueira, 2020). Este clima é propício, desde o tempo dos romanos, ao florescimento de variadas e ricas culturas, principalmente, o vinho e o azeite.

Os solos são maioritariamente de origem granítica e xistosa. (Vinhos do Alentejo, 2020)

2.2.2.2. Hidrografia

De acordo com a Agência Portuguesa do Ambiente (2020), a Região do Alentejo divide-se em duas regiões hidrográficas: uma respeitante à bacia hidrográfica do Rio Sado e Mira e outra à bacia hidrográfica do Rio Guadiana. O concelho de Vidigueira está inserido na bacia hidrográfica do Rio Guadiana. A Vidigueira, conta ainda com a proximidade à Barragem do Alqueva e do Alvito, como é possível visualizar na Figura 9.

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2.2.2.3. Vegetação espontânea

De acordo com o ICNF (2011), o concelho da Vidigueira encontra-se na região mediterrânica de Portugal, que tem uma taxa de arborização de 31%.

Nesta região predomina o carvalhal da zona continental seca e quente, dominado pela azinheira (Quercus rotundifolia), espécie que domina nas zonas mais secas pela sua grande adaptação à secura.

De acordo com o livro “A Árvore em Portugal” o carvalhal da zona continental seca e quente é composto, no que diz respeito a árvores, pela azinheira (Quercus rotundifolia), sobreiro (Quercus suber), carvalho-cerquinho (Quercus faginea), carvalho-negral (Quercus pyrenaica), zambujeiro (Olea europeae sylvestris), catapereiro (Pyrus bourgaeana), medronheiro (Arbutus unedo), zêlha (Acer monspessulanum), pinheiro-manso (Pinus pinea), carrasco (Quercus coccifera). Relativamente ao estrato arbustivo este é composto pela gilbardeira (Ruscus aculeatus), espargo-bravo-menor (Asparagus acutifolius), estrepes (Asparagus albus), giesteira-branca (Cytisus multiflorus), piorno-amarelo (Retama sphaerocarpa), cornalheira (Pistacia terebinthus), lentisco (Pistacia lentiscus), jasmineiro-do-monte (Jasminum fruticans), madressilva-caprina (Lonicera caprifolium), sanguinho-das-sebes (Rhamnus alaternos), loendro (Nerium oleander) e bela luz (Thymus mastichina). (Cabral & Telles, 1999).

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2.3. Enoturismo

O vinho, cada vez mais, vem assumindo uma multifuncionalidade, estando a ele associado um turismo de paisagem ligado à cultura vinícola – o enoturismo. O enoturismo é reconhecido desde finais do século XX como uma variante do turismo, associado às quintas vinícolas. Resulta da associação de todos os aspetos inerentes a atividades relacionadas com a cultura da vinha e do vinho, essencialmente em espaço rural. É uma atividade praticada a várias escalas e, por esse motivo, as intervenções da arquitetura paisagista para o enoturismo também podem ter diferentes escalas: numa escala maior, no enquadramento e planeamento da quinta na paisagem envolvente; numa escala menor, ao nível de projeto para a quinta, através da criação de percursos, espaços e outras ações mais localizadas e pormenorizadas. (Fernandes, 2014)

Atualmente, em Portugal, já se verificam várias iniciativas de enoturismo, com maior incidência nas regiões vinícolas do Douro e Alentejo.

Existe uma vasta lista de herdades no Alentejo que praticam o enoturismo, dinamizando o turismo da região durante o ano, uma vez que que esta modalidade de turismo tem a vantagem de poder ser praticada ao longo de todo o ano.

O enoturismo é uma atividade em franca expansão no concelho da Vidigueira, dotado de várias quintas com condições para receber os apreciadores de vinho e que permitem a visita a espaços de produção, participação em vindimas e provas de vinhos. (Vidigueira Winelands, 2016)

A Herdade do Peso não consta da lista anteriormente referida. Apesar de estar integrada em rotas de vinhos, é pouco conhecida no ramo do enoturismo.

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3. Sogrape

3.1. A Sogrape

A Sogrape foi fundada em 1942 por Fernando van Zeller Guedes, que tinha a ambição de dar a conhecer ao mundo os vinhos portugueses, com uma visão, a longo prazo, assente na qualidade dos vinhos a comercializar. (Sogrape Vinhos, 2020)

Atualmente, a Sogrape é a maior empresa exportadora de vinho portuguesa, sendo um grupo de empresas e marcas, que se dedica à produção de vinhos de qualidade. A Sogrape conta com onze vinhas e oito adegas que são testemunho da sua presença nas regiões do Douro, Vinhos Verdes, Dão, Bairrada e Alentejo (Figura 10).

A Sogrape possui cerca de 830 hectares de vinhas em Portugal, com paisagens vinhateiras muito distintas conforme a região do país.

1) Vinhos Verdes

A Quinta de Azevedo (Lama, Barcelos)

2) Vinhos do Douro

Quinta do Seixo (Tabuaço) Quinta do Porto (Pinhão) Quinta do Caêdo (Pinhão) Quinta do Vau (Pinhão) Quinta da Leda (Almendra)

Quinta do Sairrão (São João da Pesqueira) Quinta da Granja (Castelo Melhor)

3) Vinhos da Bairrada

Quinta de Pedralvites e Barzomba (Mogofores, Anadia)

4) Vinhos do Dão

Quinta dos Carvalhais (Mangualde)

5) Vinhos do Alentejo

Herdade do Peso (Pedrógão, Vidigueira)

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A Sogrape Vinhos, que adquiriu experiência nos mercados internacionais, ao longo de 75 anos, tem permitido desenvolver e consolidar a sua presença mundial. Hoje, a maior parte das vendas é realizada fora de Portugal, representando o mercado português apenas 34% do volume de negócios. (Sogrape Vinhos, 2020)

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4. Casos de Estudo

Para o desenvolvimento deste trabalho foi importante fazer uma pesquisa sobre quintas vinícolas onde é praticado o enoturismo, e das atividades a este associadas. Esta pesquisa foi fulcral para desenvolver uma proposta de atividades de enoturismo para a Herdade do Peso.

4.1. Quinta do Vallado

A Quinta do Vallado, situa-se perto da localidade de Peso da Régua, e é uma das quintas mais antigas e famosas do Vale do Douro. Abrange 65 hectares de vinha, plantadas em encostas de solo xistoso.

Paralelamente à produção de vinhos Vallado, o enoturismo é atualmente uma atividade de grande importância para a Quinta do Vallado, dispondo esta empresa de dois pequenos hotéis: A Quinta do Vallado na Régua e a Casa do Rio em Vila Nova de Foz Côa.

Para além da modalidade de turismo de habitação, na quinta também existe a possibilidade de fazer tours, visitas e provas privadas, workshops e almoços e jantares vínicos. (Quinta do Vallado, 2020)

Tanto da Quinta do Vallado como da Casa do Rio é possível obter vistas deslumbrantes para o rio Douro, devido à localização privilegiada na qual se encontram.

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4.2. Herdade do Esporão

A Herdade do Esporão, situada no Alentejo, em Reguengos de Monsaraz, estende-se por 1830 hectares, dos quais 617 hectares são vinha, 80 são olival e os restantes são ocupados por outras culturas em Modo de Produção Biológico.

Neste território estão plantadas cerca de 40 castas de vinha, 4 variedades de azeitonas, para além de pomares e hortas.

Dentro das atividades de enoturismo que a Herdade do Esporão oferece, estão visitas às vinhas, às hortas, ao campo ampelográfico1, visitas a monumentos históricos que se encontram na propriedade e a um complexo arqueológico. Também é possível fazer visitas às adegas e caves e fazer vários tipos de provas.

Aliado a estas atividades existe, ainda, a possibilidade de fazer passeios pela herdade em carrinha com provas de vinhos e azeite, passeios de bicicleta, percursos pedestres e um conjunto de workshops vínicos.

Existe ainda um restaurante e uma esplanada, que se estendem até um jardim, com uma vista privilegiada para as vinhas, e onde é possível degustar refeições que envolvem o visitante numa experiência única. (Herdade do Esporão, 2020)

1 É um campo de ensaios instalado na Herdade do Esporão, no qual foram plantadas 189 castas (Vitis vinifera l.), reunindo todas

as castas da região do Alentejo, todas as castas da região do Douro, as principais castas de todas as regiões vitivinícolas de Portugal, outras castas nacionais com pouca expansão, mas com potencial vitivinícola, e castas internacionais com potencial para esta região do Alentejo.

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4.3. Quinta do Seixo

A Quinta do Seixo, pertencente ao universo Sogrape, conta com uma localização privilegiada na margem sul do rio Douro, entre a Régua e a vila do Pinhão.

Estende-se ao longo de 100 hectares, dos quais 65 são plantados com vinhas. Abrange vinhas centenárias, onde podemos encontrar dezenas de castas diferentes e que resultam numa das mais importantes e tradicionais produções de vinho na Região do Douro Vinhateiro.

Na Quinta do Seixo existe uma visita na qual é contada toda a história da região duriense e que culmina numa sala com vista panorâmica sobre o rio Douro, na qual é possível fazer provas de vinhos.

Para além disto, existem visitas às vinhas velhas, piqueniques organizados nos vinhedos e programas gourmet.

Com estes casos de estudo, verificamos uma certa similaridade no que diz respeito ao enoturismo e a relação de cada propriedade com a paisagem.

Existe um conjunto de aspetos que têm vindo a favorecer o aumento de visitantes nestes espaços, que poderão ser aplicados à Herdade do Peso. Verifica-se a existência de locais de provas e refeições e, também, percursos que permitem percorrer a propriedade – algo notório essencialmente na Herdade do Esporão. Também se verifica a criação de espaços de contemplação, panorâmicos, que valorizam a paisagem envolvente, percecionando a grandeza da mesma.

Estes aspetos não se repetem nas propriedades Sogrape, nas quais não se verifica qualquer identidade que as identifique.

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5. Caso de estudo - Herdade do Peso

5.1. Enquadramento e História

Localizada na freguesia de Pedrógão, município da Vidigueira, a Herdade do Peso foi adquirida pela Sogrape em 1996 e prolonga-se ao longo de 465 hectares, dos quais 120 hectares são ocupados por vinhas (111,7 hectares de uvas tintas e 8,3 hectares de uvas brancas), 20 hectares são ocupados por uma barragem, 54 hectares ocupados por azinhais e cerca de 130 hectares são ocupados por olival.

Existem registos datados do século XVIII que revelam que, na Herdade do Peso, haveria uma importante produção de cereais, sendo uma das maiores da região. Também teria olivais de importantes dimensões. 2

A Herdade do Peso integra vanguarda, inovação tecnológica e práticas antigas, quer na vinha quer na adega, conjugando, harmoniosamente as dádivas da Natureza e a prática humana, sempre tendo em consideração preocupações de equilíbrio económico, social e ambiental. (D'Uva, 2020)

A propriedade é, dividida e denominada pelos proprietários como Peso 1 e Peso 2, devido à Estrada Nacional 258 que a atravessa.

2 Informação fornecida pela Herdade do Peso à Neoturf.

Figura 15 Limites da propriedade da Herdade do Peso

PESO 1

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5.2. Análises biofísicas da propriedade

5.2.1. Ocupação e uso do solo

Neste mapa verifica-se que para além das extensas zonas de vinhas, olivais e azinhais, existem terrenos atualmente incultos, sem qualquer uso atribuído.

Verifica-se uma maior diversidade de tipos de ocupação de solo no Peso 1 em comparação ao Peso 2, espelhando o maior esforço pelo desenvolvimento que acontece nesta parte da propriedade.

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5.2.2. Linhas de água e Curvas de nível

5.2.3. Hipsometria

Figura 17 Hidrografia da Herdade do Peso

Figura 18 Hipsometria da Herdade do Peso

Os níveis hipsométricos mais baixos, com cotas a partir dos 116 metros, correspondem à zona da barragem, e deste ponto a altitude vai aumentando, atingindo cotas entre os 146 e os 158 metros. Estas zonas mais altas abrangem, essencialmente, a zona edificada da Herdade, e grande parte do Peso 2.

Verifica-se, através do mapa de hidrografia, que as linhas de água afluem, na sua maioria, para a barragem existente na propriedade, sendo este o elemento hidrográfico de maior relevância.

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5.2.4. Planta de Ordenamento

5.2.5. Planta de Condicionantes

Figura 19 Planta de Ordenamento da Herdade do Peso

Figura 20 Planta de condicionantes

Toda a propriedade é uma área com aptidão agrícola para sistemas agrícolas intensivos; parte da Herdade pertence à Reserva Ecológica Nacional (REN) (84,5 %), existindo ainda duas áreas com aptidão para sistemas Silvo-Pastoris à base de montados e pastagens.

A propriedade faz parte, na sua maioria, tanto da Reserva Ecológica Nacional, como da Reserva Agrícola Nacional. Verifica-se, assim, que a propriedade é uma área com valor e sensibilidade ecológicos, condicionada ao nível da ocupação, uso e transformação do solo (Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro, 2020). Para além disso, faz parte de uma porção de território que, devido a um conjunto de características agroclimáticas, geomorfológicas e pedológicas, assume grande aptidão para a atividade agrícola, restringindo a utilidade pública na utilização não agrícola do solo. (Direção-Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural , 2020)

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5.3. A propriedade

A propriedade é muito extensa, sendo, contudo, possível destacar, quatro zonas de grande potencial para uma futura intervenção (figura 20): o complexo da adega, escritório e casa principal (1); o armazém (2); um olival milenar (3); e um pequeno edifício que, atualmente, se encontra em ruínas (4).

Este conjunto de elementos poderá funcionar como uma zona irradiadora de intervenções para o resto do território da Herdade.

1. Adega, Escritórios, Casa Principal e Zona de Provas e Refeições

Este complexo está localizado junto à atual entrada da propriedade. A adega (figura 23), construída em 1998, tem capacidade para a laboração de cerca de 1 250 000 quilos de uva e contempla zonas para receção, fermentação e armazenagem (Herdade do Peso, 2020). É uma zona mais industrial, com pouca qualidade estética. Na entrada ocorre uma alameda composta por oliveiras (Figura 23) e noutros espaços não edificados da zona encontramos algumas plantações pontuadas de oliveiras. Atrás da adega encontra-se o edifício principal (Figura 25), cujos acessos são pouco demarcados, o que põe em causa a importância do mesmo.

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Figura 24 Adega Figura 22 Vista aérea e constituição do complexo

Figura 23 Entrada na Herdade do Peso

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Reparou-se, em visita ao local, que os espaços exteriores apresentam alguma carência em manutenção. Também não existe uma transição clara entre os espaços verdes e os espaços pavimentados (Figura 26).

Verifica-se também que algumas espécies vegetais revelam alguns sinais de intolerância à exposição solar (alteração da coloração das folhas), como se pode visualizar na Figura 27.

Neste local existe uma Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) desenquadrada paisagisticamente. É, atualmente, delimitada por uma rede (Figura 28), e uma sebe de loureiro-cereja (Prunus laurocerasus), sem grande valor estético. Para quem visita a Herdade do Peso, este elemento causa um certo impacte visual negativo, que poderia ser solucionado através de um reforço da vegetação nas suas imediações.

A zona 1 carece de zonas de estadia e de espaços de estacionamento. Atualmente está a ser desenvolvido um projeto de arquitetura, em fase de licenciamento, para a Adega e Casa Principal. Este projeto irá incluir obras de conservação e restauro dos edifícios, reformulação de edificados existentes, algumas intervenções nos interiores e um estacionamento coberto.

Figura 27 Vegetação com sinais de intolerância ao sol Figura 26 Espaços exteriores à Adega

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Ainda neste complexo existe um espaço utilizado para provas de vinhos pelos proprietários, e, através de marcação prévia, por visitantes. Este espaço, com uma mesa e uma lareira ao abrigo de um coberto, funciona como alpendre, e apresenta grande potencial para estadia, provas e refeições.

A contemplação da paisagem, a partir deste ponto, será valorizada, uma vez que, deste local, será possível ver as novas vinhas que irão ser plantadas na propriedade (última imagem da Figura 29). Atualmente são feitas algumas provas neste local.

(35)

2. Armazém

Neste local os espaços exteriores encontram-se desprovidos de qualquer intervenção paisagística, sendo uma zona meramente de armazenamento de produtos, materiais e de máquinas. É uma zona onde, provavelmente, os trabalhadores se concentram durante o dia e, na qual, os espaços envolventes deveriam estar melhor pensados e em concordância com o edifício.

Figura 30 Vista aérea e constituição do Armazém

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3. Olival Milenar

A Herdade do Peso possui um conjunto de oliveiras com idade superior a 2000 anos, sem qualquer identificação ou delimitação ou valorização do espaço como sendo de elevado valor patrimonial pela longevidade e dimensões destes espécimes.

Este espaço deverá ser afirmado na proposta de intervenção, nomeadamente através da criação de algo que remeta para um museu ao ar livre.

Figura 33 Vista aérea do Olival Milenar

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4. Ruína

Esta pequena ruína, de um só piso, revela um enorme potencial paisagístico para exploração turística. Junto a esta construção encontramos mais duas oliveiras de enormes dimensões, possivelmente milenares, e duas grandes azinheiras. De acordo com indicações dadas pelos proprietários, esta ruína, que se localiza a uma cota alta, irá ser envolvida em breve por plantações de vinhas.

Deste local é possível avistar o olival milenar tendo, portanto, numa localização privilegiada. De acordo com informações dadas pelos proprietários à Neoturf, o desenho do espaço envolvente deve ser adaptado às novas vinhas que irão ser plantadas.

Figura 37 Vista da Ruína Figura 35 Vista aérea da Ruína

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Existe, também, uma barragem de 20 hectares, que se encontra a cerca de 1,6 quilómetros de distância do núcleo edificado da Herdade do Peso, que abastece os sistemas de rega da propriedade (Figura 39).

Os vários talhões de vinhas são pensados individualmente de acordo com as suas necessidades hídricas específicas, fornecendo apenas a quantidade de água necessária a uma irrigação equilibrada, evitando desperdícios e permitindo acompanhar o ciclo vegetativo das plantas com o intuito de ser facultada uma evolução saudável.

Figura 39 Enquadramento da barragem na paisagem envolvente Figura 38 Integração da Ruína na paisagem envolvente

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Em simultâneo, e de modo a ser reduzida a perda de água por transpiração, é usada a solução de rega gota-a-gota nas vinhas, que atua apenas durante a noite, quando as temperaturas são significativamente reduzidas quando comparadas com as atingidas durante o dia. Com isto, a Sogrape Vinhos poupa 20% de água na Herdade do Peso. Tendo em conta a localização da Herdade, no Alentejo, e tendo em conta a crescente escassez de recursos hídricos, a Sogrape adotou estratégias de poupança dos mesmos. (Sogrape Vinhos, S.A., 2014).

A Herdade adotada um modo de viticultura de precisão, com um acompanhamento diário das plantas, sendo que a irrigação de detalhe é com uma técnica que tem vindo a ser desenvolvida com o duplo objetivo de otimizar a rega de cada casta em função do estilo de vinho que se pretende produzir e de assegurar uma utilização o mais racional possível do recurso hídrico. (Público, 2016)

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6. Estratégias paisagísticas

Para a conceção do projeto de arquitetura paisagista para a Herdade do Peso, foram analisadas várias estratégias utilizadas noutras quintas vinícolas, com enfoque no estudo feito por Tassinari et al (2013) para quintas italianas.

Este estudo aborda a questão da qualidade da paisagem no projeto de uma quinta vinícola. Nele são definidas as principais variáveis que devem ser consideradas na conceção dos espaços exteriores das quintas vinícolas, conjugando valores funcionais e estéticos. (Tassinari , Torreggiani, Benni, & Dall'Ara, 2013).

Tabela 1 Tabela-síntese dos pontos de vista expressos por agricultores e profissionais sobre a perceção visual das quintas vinícolas Nota: A coluna 'Frequência' Indica a frequência de adoção das várias soluções na amostra estudada de quintas.

Tabela 2 Tabela-síntese dos pontos de vista expressos por agricultores e profissionais sobre a perceção visual das

quintas vinícolas. A coluna 'Frequência' Indica a frequência de adoção das várias soluções na amostra estudada de quintas.

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Através da análise do estudo representado pela Tabela 1, verifica-se que o aprimoramento da vegetação, bem como dos elementos construídos, respeitando o carácter vernacular do local, é percecionado como um contributo positivo para a qualidade visual das quintas vinícolas. A componente estética dos espaços exteriores é associada pelos agricultores a um jardim, um local com valor ornamental que serve como imagem da quinta, sendo que, normalmente, os espaços de produção dificilmente assumem este carácter e/ou preocupação estética.

A Tabela 1, que representa a perceção visual dos agricultores e profissionais do setor em relação às quintas vinícolas italianas, pode e deve ser tida em consideração neste trabalho uma vez que põe em evidência aspetos e estratégias que contribuem para o aumento da qualidade visual da paisagem de uma quinta vinícola.

As estratégias aplicadas à vegetação e pavimentação devem ser adaptadas e aplicadas à Herdade do Peso através de:

a) plantação de alamedas a demarcar os percursos de entrada na quinta. Este elemento confere uma certa imponência às entradas, identificando-as e alimentando alguma curiosidade aos visitantes;

b) utilização de plantas ornamentais que confiram qualidade estética ao jardim;

c) instalação de novos pavimentos e eventual recuperação dos pavimentos existentes, usando materiais confortáveis. Esta ação contribui para o aumento e melhoramento da acessibilidade, e para guiar o utilizador pela propriedade;

d) recuperação e restauro de edifícios.

Um outro estudo, por Brennan (2009), The Art Behind the Attraction of Wineries: A Look ar Napa Valley, California, analisou várias quintas no Napa Valley no sentido de perceber as características que as tornam atrativas aos visitantes. Este estudo culminou na definição de um conjunto de diretrizes para o desenho de uma quinta vinícola:

a) uma entrada demarcada e imponente, que cause boa impressão nos visitantes que entram na propriedade e também naqueles que apenas passam por lá sem intenção, suscitando curiosidade e interesse;

b) a quinta deve ter pelo menos um aspeto caracterizador, que a identifique como única, que seja memorável e que motive o regresso;

c) A quinta deve ter locais de estadia sombreados com vista para uma paisagem privilegiada ou um elemento de água;

d) A quintas deve proporcionar visitas guiadas ou não, que permitam aos visitantes conhecer e aprender um pouco sobre a cultura vinícola, e as áreas a ela associada;

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e) deve existir facilidade de estacionamento e indicações claras do acesso a percursos e atividades existentes na propriedade. A falta de informação ou a existência de informação confusa desencoraja os visitantes;

f) deve haver coerência, uniformidade e critérios estéticos na escolha do mobiliário, que irá complementar os vários elementos contruídos da quinta, caracterizando-a;

g) devem existir áreas de merenda e de lazer, onde os visitantes poderão apreciar o vinho da quinta e a comida regional;

h) deve ser respeitado o estilo arquitetónico e patrimonial do local e da região ou acrescentar algo completamente novo e diferente;

i) devem ser utilizadas práticas sustentáveis desde a escolha dos materiais, ao aproveitamento racional da água e energia.

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7. Proposta

7.1. Plano Geral

Figura 41 Plano geral

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1) Nova zona de vinha

Para informar a proposta foi importante identificar as condicionantes atuais e/ou alterações futuras na propriedade. A Sogrape referiu que iria ser instalada uma nova zona de vinha, cujo desenho e orientação já teriam sido propostos pela empresa (Figura 41 e 42).

Existe também a intenção de criar uma nova entrada na propriedade e abrir um percurso ligando esta ao complexo da Adega, definido ao longo da nova vinha. Também no Peso 2, é proposta outra zona com vinha e a respetiva intenção de percurso, de acesso a uma ruína existente (Figura 41 e 42).

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2) Complexo da Adega

Na imagem da Figura 43 está redesenhado o novo complexo da Adega, onde se propõe: a) a redefinição da Entrada 1, com manutenção da atual pavimentação em cubo de

granito e plantação de uma alameda de ciprestes intercalados com oliveiras; b) o revestimento de zonas permeáveis com prado de sequeiro e prado florido; c) a pavimentação das zonas de circulação com cubo de granito;

d) a mitigação do impacto visual da ETAR através da plantação de uma fiada de ciprestes (Cupressus sempervirens sempervirens) na sua envolvência;

e) a ornamentação do percurso da Entrada 2 com maciços de vegetação, com o objetivo de lhe conferir ritmo e dinâmica;

f) a acompanhar algumas árvores (oliveiras e/ou ciprestes) sugere-se a composição com espécies arbustivas típicas da região, como a gilbardeira (Ruscus aculeatus), giesteira-branca (Cytisus multiflorus), piorno-amarelo (Retama sphaerocarpa), madressilva-caprina (Lonicera etrusca) e loendro (Nerium oleander).

g) a criação de zonas de estacionamento.

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Na figura 44 estão pormenorizados alguns aspetos do Complexo da Adega:

a) Em ambos os jardins de receção propõe-se a plantação de composições de árvores e arbustos, que irão ser explicadas posteriormente, no ponto 7.1.4.. Estes jardins recebem o utilizador, pelo que devem ser espaços que cativem o olhar pelo carácter ornamental que apresentam.

b) O Laranjal, com laranjeiras da variedade laranja-pêra, de reduzido grau de acidez, revela um elevado potencial, havendo a possibilidade do utilizador o percorrer e provar os frutos.

c) O acesso à entrada na Casa Principal foi redefinido, com pavimento em cubo de granito, guiando o utilizador ao longo de um bonito laranjal, até um pátio pavimentado onde se encontram duas palmeiras existentes, a ladear a entrada.

d) Finalmente, a zona de provas e refeições, será formalizada como tal, com a possibilidade de provas de vinhos e refeições mais completas, permitindo simultaneamente um olhar sobre as vinhas e a infinidade da paisagem alentejana.

LARANJAL ENTRADA CASA

PRINCIPAL

JARDIM DE RECEÇÃO DA ENTRADA 2

JARDINS DE

RECEÇÃO DA ENTRADA 1

ZONA DE PROVAS E REFEIÇÕES Figura 44 Zoom ao Complexo da Adega

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3) Casa de Campo

Este pequeno edifício será recuperado, com fachadas revestidas a pedra e ripado de madeira na área em frente ao edificado, conforme a visualização da Figura 46. Nas imediações da Casa propõe-se a plantação de prado florido, onde já se encontram as duas azinheiras de grandes dimensões. A pavimentação de acesso será em cubo de granito, como os restantes pavimentos da propriedade.

Figura 26 Intervenções na nova Casa de CampoEste

pequeno edifício será recuperado, com fachadas revestidas a pedra e ripado de madeira na área em frente ao edificado, conforme a visualização da Figura 45. Nas imediações da Casa propõe-se a plantação de prado florido, onde já se encontram as duas azinheiras de grandes dimensões. A pavimentação de acesso será em cubo de granito, como os restantes pavimentos da propriedade.

Figura 46 Fotomontagem do antes e do depois da recuperação da ruína e dos espaços exteriores Figura 45 Intervenções na nova Casa de Campo

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4) Armazém

No armazém procedeu-se à formalização de uma zona de estacionamento ornamentada com vegetação, com plantação de ciprestes e alguns maciços arbustivos. Propõe-se também, a construção de duas caldeiras para a plantação de duas azinheiras. O caminho pedonal/automóvel existente, mantém-se.

5) Olival milenar

Esta zona, que alberga um conjunto de oliveiras milenares, foi requalificada no sentido de as tornar visitáveis através da criação de um acesso. Ao longo deste olival, que possui exemplares a rondar os dois mil anos, foi criado um percurso, pedonal, com cerca de 500 metros de comprimento e 2,5 metros de largura. De modo a que esta intervenção seja o menos intrusiva possível ao nível do solo, este percurso será construído em passadiço de madeira, como na Figura 49.

Figura 48 Intervenções no novo Olival Milenar

Figura 47 Intervenções nos espaços exteriores do Armazém

Figura 49 Fotomontagem do antes e do depois da introdução do passadiço em madeira no Olival Milenar 5

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7.1.1. Vias e acessos

1. Entradas

A propriedade tem, atualmente, em uso a Entrada 1, que é uma entrada com um carácter mais de suporte à atividade agrária, pela proximidade à Adega e aos escritórios. Esta entrada apresenta algumas carências ao nível da manutenção e alguma falta de preocupação estética. A Entrada 2 e respetivo percurso até ao Complexo da Adega constituem um novo acesso à Herdade do Peso. O desenho acompanha a nova vinha assumindo uma linguagem mais biomórfica e ornamental, mais atrativa para quem a percorre, permitindo a observação das vinhas que a envolvem, despertando assim o interesse do utilizador para propriedade.

A primeira intervenção a ser considerada foi a entrada atual da Herdade do Peso, assinalada na Figura 50 com o número 1. Esta entrada, mais direcionada para os trabalhadores e proprietários, deve salientar a imponência da Herdade, com uma ornamentação da entrada bastante vincada.

Propõe-se para o percurso da Entrada 1, que conduz ao complexo da Adega, uma alameda de ciprestes (Cupressus sempervirens sempervirens) intercalados com oliveiras (Olea europeae europeae), que serão visíveis da Estrada Nacional nº258 (EN 258). O facto destas duas espécies poderem ser usadas na totalidade do território nacional, permite a replicação desta alameda nas entradas das várias quintas Sogrape. A pavimentação atual é feita com cubo de granito, que se apresenta pouco definido. Proponho a manutenção do mesmo, e a sua limpeza ou recuperação de modo torná-lo visível.

Figura 50 Entradas na propriedade

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A nova entrada e respetivo percurso, assinalada na Figura 50 com o número 2, irá atravessar a nova vinha conduzindo a uma outra entrada no complexo da Adega, que guia o visitante até ao edifício principal, cuja envolvência já assume um carácter mais ornamental. Este percurso, com 4 metros de largura, poderá ser percorrido por veículos e por peões.

Ao longo deste percurso propõe-se alguns maciços de vegetação, através de composições com oliveiras (Olea europea europea), e espécies arbustivas como a alfazema (Lavandula angustifolia), o sargaço-branco (Teucrium fruticans), a stipa (Stipa tenuissima), e as rosêlhas (Cistus albidus), que permitam valorizar o percurso e a vinha que o envolve, não a escondendo, mas sim, enquadrando-a com vegetação.

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Uma intervenção importante é o estabelecimento de ligações entre as áreas denominadas Peso 1 e Peso 2, contribuindo para a unificação da Herdade. Estas duas grandes áreas da propriedade estão divididas pela EN258 e, de modo a contrariar esta divisão física, a estratégia será criar um conjunto de percursos e experiências que permitam ao visitante conhecer e percorrer toda a propriedade.

Propõe-se criar, no Peso 1, um percurso que contorne a barragem, e desenvolver

experiências que envolvem uma vinha de exposição. No Peso 2, foi desenhado um percurso que percorre alguns dos talhões, permitindo chegar, através de novos caminhos, à casa de campo e ao olival milenar, nos quais o utilizador pode usufruir de diversas experiências sensoriais. Estes percursos serão percursos pedestres e cicláveis ou automóveis.

Figura 54 Mapa dos percursos e experiências propostos Figura 53 Conexão entre o Peso 1 e o Peso 2

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De modo a conectar toda a propriedade criaram-se dois grandes percursos que, tanto no Peso 1 como no Peso 2, abrangem os elementos de maior interesse.

P1 – Percurso da Barragem

A barragem, com cerca de vinte hectares, é um elemento com bastante relevância para a propriedade, nomeadamente paisagística. Assim, proponho a criação de um percurso desde o complexo principal da Herdade até a este elemento de água. Este percurso tem cerca de cinco metros de largura e quatro quilómetros de extensão, e poderá ser percorrido de automóvel, de bicicleta ou a pé. Ao longo dele, será possível, através de vários pontos de observação, apreciar a paisagem envolvente.

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P2 – Percurso dos Terroirs

Este percurso visa criar um momento educativo, que permite ao utilizador conhecer os diversos tipos de terroirs3, e castas a eles associadas, proporcionando ao visitante o contacto com a natureza, fazendo-o percorrer estes caminhos percecionando a grandiosidade e valor deste espaço. Para além disso, este percurso guia o utilizador às experiências 2 e 3, e também permite o acesso ao armazém, cujos espaços exteriores foram intervencionados, através de uma formalização da zona de estacionamento, e uma valorização paisagística com a colocação espécies arbóreas e arbustivas.

3 Terroir é uma palavra francesa sem tradução em nenhum outro idioma. Significa a relação mais íntima entre o solo e o

microclima particular, que concebe o nascimento de um tipo de uva, que expressa livremente sua qualidade, tipicidade e identidade em um grande vinho, sem que ninguém consiga explicar o porquê.

Figura 57 Terroirs da Herdade do Peso Figura 56 Percurso dos Terroirs

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A Herdade do Peso revela um enorme potencial ao nível da criação de experiências a quem a visita. Desenvolveram-se três experiências diferentes, que permitem ao visitante conhecer toda a essência da propriedade.

E1 – Vinha de Exposição

Tendo em conta a imensidão da propriedade e das suas vinhas, criou-se um percurso no qual se poderá visitar vinhas de castas diversas e degustar vinhos. Para tal, criei uma vinha de exposição com percursos que permitem a sua visitação. Nesta porção de vinhas, podemos encontrar nos talhões 2 e 4 a casta Alicante Bouschet; nos talhões 6 e 7 a casta Syrah. Ambas as castas foram utilizadas para a confeção do vinho Essência do Peso em 2015 e 2014, respetivamente.

No seguinte mapa, estão assinalados os percursos que serão formalizados para poderem ser percorridos a pé, ao longo dos quais será possível fazer provas de vinhos.

Figura 59 Imagem de referência das provas de degustação na vinha de exposição

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E2 – Casa de Campo

Este percurso cujo acesso foi criado de acordo com a introdução de uma nova zona de vinha, consiste numa experiência de estadia longa. Esta Casa de Campo servirá de apoio às demais atividades de recreio possíveis neste local, com uma pequena loja na qual podem ser adquiridos e explicados os vinhos da Herdade do Peso, e alguns produtos artesanais regionais. Aqui, será possível a realização de provas de vinhos, e picnics. Este local apresenta uma localização privilegiada sobre a paisagem envolvente, sendo uma zona de contemplação do Olival Milenar.

Figura 60 Acesso à Experiência Casa de Campo

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E3 – Olival Milenar

Esta experiência decorre ao longo de um percurso biomórfico por entre as oliveiras milenares. Tem como objetivo despertar a ligação com a natureza, pela monumentalidade e longevidade destes espécimes arbóreos, valorizando e celebrando este olival como um museu vivo ao ar livre.

Ao longo do percurso irão surgir painéis com informações e curiosidades a cerca das oliveiras, da influência dos olivais e do azeite na Herdade do Peso.

Figura 61 Acesso à experiência do Olival Milenar

Figura 27 Vista aérea do novo percurso do Olival MilenarFigura 28 Acesso à experiência do Olival Milenar

Figura 62 Vista aérea do novo percurso do Olival Milenar

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7.1.3. Sinalética

Para toda a propriedade propõe-se a criação de nova sinalética, com indicações concretas e informativas. Em ambas entradas será colocado um painel informativo sobre a Herdade do Peso. Em cada percurso haverá sinalética que informa o visitante caso seja possível percorre-lo a pé, de carro ou bicicleta, e respetivas atividades.

Toda a sinalética proposta será em aço corten, por ser um material que requer pouca manutenção, por conter elementos que melhoram as suas propriedades anticorrosivas.

Também proponho a criação de panfletos, para cada percurso e para cada experiência, que informem o utilizador sobre a Herdade do Peso e as atividades existentes.

Estes elementos poderão contribuir para a criação da Identidade Sogrape, sendo algo que pode ser replicado noutras quintas da empresa.

Figura 65 Exemplo de um panfleto para o percurso da barragem Figura 63 Exemplo de sinalética de um painel explicativo sobre os Percursos e Experiências na Herdade do Peso

Figura 64 Exemplo de sinalética de introdução à experiência do Olival Milenar na Herdade do Peso

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7.1.4. Tipologias de vegetação

Ambas as composições apresentadas caraterizam-se por serem compostas por plantas perenifólias, de baixo consumo de água e de baixa manutenção.

São espécies de elevado carácter ornamental e adaptadas ao clima alentejano, com um bom ritmo cromático anual, com diferentes formas e com diferentes períodos de floração.

As folhagens têm diferentes formas, texturas e tonalidades de verdes e de cinza, o que faz destas composições florísticas conjuntos de elevado valor cénico, a que na primavera e verão se acrescenta o valor estético da floração.

Esta vegetação atrai diversos insetos e as aves, contribuindo para um aumento da biodiversidade. Composição 1 Composição 1 Figura 31 Exemplos de composições de vegetação a utilizar na Herdade do PesoComposição 1 Composição 1 Composição 2 Composição 2 Composição 2 Composição 2

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8.1. Contribuições

De acordo com Lavrador e Rocha (2010, p. 6), a identidade vinhateira de uma região resulta da projeção de elementos da paisagem vinícola, de atributos relativos à marca vinícola ou associados ao enoturismo.

Após uma análise das várias propriedades vinícolas da Sogrape em Portugal, verifica-se que, no que diz respeito à viticultura, a empresa sempre apostou, nas suas propriedades vinícolas, na melhor e mais moderna tecnologia respeitante aos centros de vinificação e sistemas de plantação das vinhas de cada propriedade. Para além disso, a empresa está apoiada em dois conceitos principais: o conhecimento e a experimentação. A partir destes conceitos surgem três linhas de ação seguidas pela Sogrape: informação, desenvolvimento e inovação.

A identidade Sogrape poderá ser criada a partir de um conjunto de intervenções, que sejam possíveis de aplicar noutras quintas, mantendo sempre o mesmo conceito e linha de pensamento, associando a isto práticas sustentáveis, como no uso de materiais sustentáveis, reutilização da água, e outras estratégias que contribuam para a sustentabilidade da empresa, tornando-se isto também uma característica da mesma. Fazer com que as intervenções não sejam intrusivas na paisagem, mas que se destaquem nela, pela inovação, bom gosto e também alguma rusticidade.

Para a construção desta identidade e, como ponto de partida, podem-se destacar as seguintes intervenções que podem ser replicadas noutras propriedades Sogrape: a) Apostar na criação de lugares onde se possam disfrutar vistas sobre a paisagem, algo que já acontece, por exemplo, na Quinta do Seixo, com uma vista panorâmica sobre o Rio Douro; b) A plantação intercalada de ciprestes e oliveiras nas alamedas de entrada, atendendo à adaptabilidade destas árvores a todo o país;

c) Disponibilização de informação sobre a história, o património e os produtos das quintas (através de museus informais ou informação em painéis ao longo da propriedade);

d) Elaboração de sinalética, painéis e panfletos relativos às quintas, utilizando os mesmos materiais e linguagem;

e) Desenvolvimento de percursos e experiências, que permitam ao visitante descobrir o que de maior interesse a propriedade oferece.

f) Utilização de composições vegetais com espécies autóctones ou espécies adaptadas à paisagem local.

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Neste trabalho foi feita uma análise da paisagem vinhateira alentejana, com enfoque no concelho da Vidigueira, onde se localiza o caso de estudo, Herdade do Peso, para o qual foi feita uma intervenção paisagística ao nível do estudo prévio, de modo a impulsionar o enoturismo nesta propriedade.

Imposto este objetivo geral, foi importante, inicialmente, perceber que a propriedade se encontra dividida por uma estrada nacional, havendo um maior descuido na zona denominada por Peso 2. Criou-se um conjunto de atividades que envolvem os elementos de maior interesse, tanto no Peso 1 como no Peso 2.

Com estas intervenções foram criadas condições para receber visitantes em maior número, motivando a prática do enoturismo, sensibilizando quem visita para o valor da paisagem - atrativa e monumental - como é o caso do Olival Milenar e também a imensidão de vinhas. Toda a proposta é compatível com o caso de estudo, com intervenções de fácil execução, de baixa complexidade e custo de implementação. São também, intervenções que se desenvolvem facilmente do geral para o particular, com possibilidade de serem replicadas noutras regiões de Portugal, contribuindo, assim, para construir a identidade Sogrape.

Referências

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