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Influência do volume e da intensidade na realização do exercício de supino horizontal e agachamento na perceção subjetiva de esforço

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UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO

Influência do Volume e da Intensidade na

realização do exercício de Supino Horizontal

e Agachamento na Perceção Subjetiva de

Esforço

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM CIÊNCIAS DO DESPORTO

ESPECIALIZAÇÃO EM AVALIAÇÃO E PRESCRIÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA

Miguel António Macedo de Araújo

Orientador: Professor Doutor José Vilaça

Coorientador: Professor Doutor Francisco Saavedra

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UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO

Influência do Volume e da Intensidade na

realização do exercício de Supino Horizontal

e Agachamento na Perceção Subjetiva de

Esforço

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM CIÊNCIAS DO DESPORTO ESPECIALIZAÇÃO EM AVALIAÇÃO E PRESCRIÇÃO DA ATIVIDADE

FÍSICA

Miguel António Macedo de Araújo

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Influência do Volume e da Intensidade na

realização do exercício de Supino Horizontal e

Agachamento na Perceção Subjetiva de

Esforço

 

 

 

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM CIÊNCIAS DO DESPORTO ESPECIALIZAÇÃO EM AVALIAÇÃO E PRESCRIÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA

Miguel António Macedo de Araújo

Orientador: Professor Doutor José Vilaça

Coorientador: Professor Doutor Francisco Saavedra

 

 

Composição do Júri: 

 ___________________________________________________________ 

 ___________________________________________________________ 

 ___________________________________________________________   

  

Vila Real, 2014 

 

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Esta dissertação tem como objetivo a obtenção do grau de mestre em ciências do desporto, na vertente de especialização em avaliação e prescrição da atividade física, de acordo com o disposto no Decreto-lei 107/2008 de 25 de Junho.

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Agradecimentos

Desejo agradecer em primeiro lugar e em especial ao meu falecido pai e falecida mãe, tudo o que fizeram por mim, pois todo o seu apoio, suporte e encorajamento que me dedicaram ao longo da vida, funcionou sempre como uma motivação para muitas das realizações alcançadas, sobretudo nesta minha jornada académica. Agradeço também de uma forma calorosa aos meus tios São e Veiga, que pela sua disponibilidade e apoio constante me proporcionaram uma presença deveras fundamental na gestão do meu dia-a-dia, fomentando deste modo mais tempo livre e disponibilidade para me dedicar a este projeto de mestrado.

Agradeço também e de uma forma entusiasta à minha magnânima amiga Dra. Paula Pinto toda a disponibilidade e assentido voto de credibilidade, que me proporcionou sempre força e ânimo nos momentos mais difíceis. Não menos importante foi o apoio da minha namorada Lara Macedo, sempre tolerante e animada quando a opção era o estudo e atendendo de bom grado a responsabilidade de levar a bom porto esta experiência académica.

Da mesma forma esta dissertação de mestrado não teria sido concluída sem o encorajamento das pessoas que pertencem à minha esfera social e laboral. Quero desta forma, e de uma maneira dedicada agradecer a todos os meus amigos e colegas de trabalho que sempre se mostraram interessados pelo desenrolar deste estudo e fizeram com que mantivesse sempre viva a chama do empenho.

Quero também agradecer ao Professor Doutor Francisco Saavedra e Professor Doutor José Vilaça todo a dedicação que tiveram como orientadores e pelas assertivas sugestões que sempre me foram dadas com o objetivo de completar este trabalho de dissertação, que hoje é uma realidade.

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Índice

Agradecimentos ... iii

Índice ... iv

Índice de Figuras ... vi

Índice de Quadros ... viii

Índice de Tabelas ... ix Índice de Equações ... x Índice de Abreviaturas ... xi Resumo ... xii Abstract ... xiii 1 - Introdução ... 1 2- Revisão Bibliográfica ... 6 2.1-Treino de Força ... 6 2.1.1- Volume e intensidade ... 8

2.1.2- Uma Repetição Máxima (1RM) ... 10

2.3-Escalas de PSE ... 13

2.3.1-Escala de Borg RPE ... 14

2.3.2-Escala de Borg CR10 ... 15

2.3.3-Escala OMNI ... 16

2.4-Fiabilidade e validade da escala OMNI ... 18

2.5-Definições da PSE ... 22

2.5-Critérios na utilização das escalas de PSE ... 29

2.6-PSE de sessão ... 29

2.6.1-Fiabilidade e validade da PSE de sessão ... 31

3 – Metodologia ... 35

3.1 - Amostra ... 35

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3.2 – Instrumentos ... 36 3.3 – Medições ... 37 3.4 – Procedimentos ... 43 3.5 – Tratamento Estatístico ... 46 4 – Resultados ... 47 5 – Discussão ... 52 6 – Conclusão ... 59 7 – Referências Bibliográficas ... 60

ANEXO I – Par-Q teste ... 68

ANEXO II – Anamnese ... 69

ANEXO III – Termo individual de consentimento ... 70

ANEXO IV – Escala de OMNI-res ... 71

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Índice de Figuras

Figura 1 - Montagem ilustrada da escala OMNI ……….. Figura 2 - Escala OMNI-caminhar/correr ……….. Figura 3 - Escala OMNI-res para crianças e adolescentes para determinação da PSE……… Figura 4 - Escala OMNI para exercícios com pesos (OMNI-res) para determinação da PSE………

Figura 5 – Organograma sequencial das 5 sessões para a realização do presente estudo………..

Figura 6 – Médias marginais estimadas da perceção subjetiva de esforço no exercício de agachamento (AG), em relação aos diferentes volumes utilizados (3 versus 6 séries) ………

Figura 7 – Médias marginais estimadas da perceção subjetiva de esforço no exercício de agachamento (AG), em relação às diferentes ordens utilizados (início agachamento versus início supino)………

Figura 8 – Médias marginais estimadas da perceção subjetiva de esforço no exercício de supino (SU), em relação aos diferentes volumes utilizados (3 versus 6 séries)………...

Figura 9 – Médias marginais estimadas da perceção subjetiva de esforço (PSE), no exercício de agachamento (AG), em relação às diferentes intensidades………. 17 19 20 21 45 47 48 48 49

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Figura 10 – Médias marginais estimadas da perceção subjetiva de esforço (PSE), no exercício de supino (SU), em relação às diferentes intensidades……….

Figura 11 – Médias marginais estimadas da perceção subjetiva de esforço (PSE), no exercício de supino (SU), em relação às diferentes ordens de execução do exercício………

Figura 12 – Médias marginais estimadas da perceção subjetiva de esforço (PSE),após execução de exercícios, em relação ao volume de séries (3 versus 6 séries), usando como covariável o valor 5 minutos após exercícios……….

Figura 13 – Médias marginais estimadas da perceção subjetiva de esforço (PSE), após execução de exercícios, em relação às diferentes ordens de execução dos exercícios AG e SU, usando como covariável o valor 5 minutos após exercícios………...

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Índice de Quadros

Quadro 1 - Expressões verbais dirigidas a adultos e crianças utlizadas na

escala OMNI ……….

Quadro 2 - Modelo de intervalo de Borg para a escala de PSE……….

Quadro 3 - mediadores fisiológicos da PSE………... 18

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Índice de Tabelas

Tabela 1 – Médias e respetivos desvios padrão das medidas antropométricas e de força máxima, dos sujeitos da amostra………

Tabela 2 – Médias e respetivos desvios padrão dos valores da perceção subjetivo de esforço (PSE) durante e após a execução do exercício de agachamento (AG) e o exercício de supino horizontal (SU)………

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Índice de Equações

(1) - Densidade Corporal = 1,112 – (0,00043499 (∑ das 7 pregas cutâneas) + (0,00000055 (∑ das 7 pregas cutâneas)2

) – (0,00028826 (idade))………..

(2) - Massa de gordura estimada = (4,95/densidade corporal) – 4,50………

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Índice de Abreviaturas

PSE – Perceção Subjetiva de Esforço FC – Frequência Cardíaca

VO2 – Consumo de oxigénio

TF – Treino de Força

1RM – Uma Repetição Máxima AG – Agachamento

SU – Supino

MI – Membros Inferiores MS – Membros superiores LV - Limiar Ventilatório

EMG - Atividade Eletromiográfica RMs – Repetições máximas VE - Ventilação

PCO2 - Produção de Dióxido de Carbono PS - Pressão Sanguínea

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Resumo

A intensidade e o volume do treino de força influenciam a perceção subjetiva de esforço (PSE). Desta forma, o objetivo do presente estudo foi observar o efeito da intensidade, volume e ordem dos exercícios na PSE.

Para o efeito 16 sujeitos, do sexo masculino com idades compreendidas entre os 18 e 29 anos foram sujeitos a 2 sessões de estudo em que efetuavam 3 séries de repetições, com uma carga de 40% e 60% da 1RM. Previamente a estas duas sessões houve duas semanas de adaptação aos exercícios usados (supino (SU) e Agachamento com barra (AG)). Todos os sujeitos, antes do início do presente estudo, preencheram dois questionários (Par-Q teste e Anamnese) e assinaram uma declaração de consentimento livre e esclarecido, elaborada para o efeito e de acordo com a declaração de Helsinki. Para efetuar a estatística inferencial, foi usado para comparar as médias dos valores de PSE entre volumes, intensidades e ordens, no exercício de AG e SU, uma ANOVA univariada e para comparar os valores de PSE após a execução dos exercícios, uma ANOVA de medidas repetidas, com o modelo 6 momentos x 2 grupos, com Post-Hoc de Bonferroni. Todos os pressupostos de utilização da estatística paramétrica foram assegurados e o nível de significância foi estabelecido em 5%.

Foram observadas diferenças significativas (p<0,0001), entre as PSE exteriorizadas nos diferentes volumes avaliados. Em relação à ordem dos exercícios, relacionada com o volume, no exercício AG, verificou-se valores superiores, (p<0,005), quando executado no final da ordem. Os valores da PSE avaliados, a diferentes intensidades, vão de encontro com os valores observados quanto ao volume. O exercício de SU, quando realizado no início da ordem, apresenta valores significativamente superiores (p=0,008). Não se registaram valores significativos na PSE de sessão, em relação às intensidades e ordens. Já em relação ao volume observou-se um efeito momento (p=0,030) nos momentos 5, 10, 15 e 20 minutos. Em relação ao volume os momentos 5, 10, 15 e 20 minutos após são significativamente superiores aos momentos 25 e 30 minutos após (p<0,0001).

Através dos dados observados no presente estudo podemos concluir que quer o volume quer a intensidade afeta a exteriorização da PSE. Igualmente se pode referir que os tempos, após sessão de exercícios, em que os valores de PSE deixam de baixar situam-se em torno 25 minutos.

Palavras-chave: Perceção Subjetiva de Esforço; Volume; Intensidade; Ordem dos Exercícios; Treino de Força

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Abstract

The intensity and volume of the strength training influences the variation of the subjective effort perception (SEP). In this way, the aim of the present study was to observe the effect of intensity, the volume and the order of exercises in SEP. For this purpose, 16 subjects, male aged between 18 and 29 years were subjected to 2 study sessions, where performed 3 sets, of 10 repetitions, with a load of 40% and 60% of the 1RM, of the chest press (CP) and Squat (SQ) exercises. Prior to these two sessions there were two weeks of adaptation to the exercises used. All subjects before the start of this study signed an informed consent declaration drawn up for the purpose and in accordance with the Declaration of Helsinki. It was used to compare the averages of the values of SEP between volumes, intensities and orders, in the exercise of SQ and CP, a univariate ANOVA and to compare the values of SEP after the execution of the exercises, an ANOVA for repeated measures, with the model 6 moments x 2 groups, with a Post-hoc Bonferroni analyses. All the assumptions of parametric statistical utilization were assured and the significance level was set at 5%. Significant differences were observed (p<0,0001), between the SEP in different volumes evaluated. Regarding the order of exercises, related to the volume, in exercise SQ were observed higher values, (p<0,005), when executed at the end of the order. However, in the SU, the higher values of the SEP were observed when this exercise was performed at the beginning of the order, (p=0,008). No significant values in SEP were registered, in relation to the intensities and orders. In relation to the volume it was observed a moment effect (p=0,030) at 5, 10, 15 and 20 minutes. In relation to the volume the moments 5, 10, 15 and 20 minutes after were significantly higher than the moments 25 and 30 minutes after (p<0,0001).

Into in account the data observed in the present study we could conclude that both, the volume and the intensity, affect the SEP. Also we could refer that the SEP values cease to download at around 25 minutes post exercise.

Keywords for this page: Subjective Perception of Effort; Volume; Intensity; Order of exercises; Strength training

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1 - Introdução

De um ponto de vista histórico, o estudo da Perceção Subjetiva de Esforço (PSE) teve início por volta de 1950, tendo como pioneiro o pesquisador sueco Gunnar Borg. Entre muitos outros pesquisadores, os principais, além de Borg, podem-se citar, Noble, Morgan e Cafarelli, Pandolf Robertson, como sendo os de maior contribuição científica até metade da década de 90 (Noble & Robertson, 1996; Tiggemann, Pinto, & Kruel, 2010). A PSE é entendida por Robertson & Noble, (1997), como sendo a intensidade subjetiva de esforço, tensão, desconforto e/ou fadiga que os sujeitos experimentam durante os exercícios físicos, quer aeróbios, quer de força; a sua área de aplicação é bastante grande, tendo como ponto principal a capacidade de medir o esforço físico (Borg, 1982).

A PSE é um método de quantificação e monitorização da intensidade do esforço relacionada com a área do treino desportivo (Borresen & Lambert, 2008; Clarke, Farthing, Norris, Arnold, & Lanovaz, 2012; Foster et al., 2001; Wallace, Coutts, Simpson, & Slattery, 2008). Apesar de inicialmente a sua utilização ter sido substancialmente empregue em desportos de caris aeróbio (exemplo da corrida, ciclismo, natação), o uso da PSE revelou-se uma ferramenta de extrema importância para o auxílio na quantificação da intensidade das cargas de treino numa grande variedade de disciplinas desportivas, sendo por este fato extensamente relatada na literatura (Day, McGuigan, Brice, & Foster, 2004; Impellizzeri, Rampinini, & Marcora, 2005; Kraemer & Ratamess, 2004; Milanez et al., 2011; Minganti, Capranica, Meeusen, Amici, & Piacentini, 2010; Naclerio et al., 2011; Wallace, et al., 2008), e recomendada por diferentes pesquisadores e instituições internacionais reconhecidas,(ACSM, 2009; Bjarnason-Wehrens et al., 2004; Kraemer, Ratamess, & French, 2002; Pollock et al., 2000; Williams et al., 2007). Contudo, é importante realçar que a sua utilização e as suas recomendações estabelecidas têm actualmente um referencial teórico bastante significativo, que sustenta de uma forma consistente a sua utilização no Treino de Força (TF)(Singh, Foster, Tod, & McGuigan, 2007; Sweet, Foster, McGuigan, & Brice,

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2004; Tiggemann, et al., 2010). A avaliação da intensidade tendo como base a PSE é realizada socorrendo-se de diferentes escalas numéricas com diferentes descrições verbais e pictórico-verbais, assentes no princípio que no exercício todo o esforço está balizado num ponto compreendido entre um mínimo e um máximo para cada indivíduo, ponto fulcral em que assentam as escalas existentes (Robertson & Noble, 1997).

O paradigma dominante para a ciência no estudo do exercício está na quantificação nas variáveis objetivas para quantificar a intensidade do exercício físico: Consumo de Oxigénio (VO2), Frequência Cardíaca (FC), Concentração de Lactato Sanguíneo e o Limiar Ventilatório (LV). O método subjetivo da PSE tem-se mostrado uma fórmula válida e alternativa aos métodos objetivos, tendo estes uma correlação positiva na avaliação da intensidade do exercício (Foster, Daines, Hector, Snyder, & Welsh, 1996; Foster, et al., 2001). Alguns exemplos de métodos indiretos utilizados para a avaliação da PSE são: as escalas RPE e CR10 de Borg (Borg, 1982) a escala de OMNI (Colado et al., 2012; Robertson et al., 2003), a escala visual analógica (VAS) (Ueda, Nabetani, & Teramoto, 2006) etc.

As cargas de treino têm três componentes principais: a frequência, a duração e a intensidade. A frequência e a duração representam o volume (Smith, 2003), sendo este fácil de avaliar, pois pode ser representado pelo número de séries de exercícios por semana ou o total de minutos por sessão. Já a intensidade devido aos seus inúmeros fatores fisiológicos envolvidos acarreta maior dificuldade de avaliação (Apel, Lacey, & Kell, 2011; Buford, Rossi, Smith, & Warren, 2007; Rhea, Ball, Phillips, & Burkett, 2002). A intensidade do exercício e a sua complexa avaliação pela origem fisiológica do estímulo, levaram Robertson, (2001) a formular uma teoria que a origem do estímulo em termos fisiológicos tanto pode ser utilizada para exercícios de caris global (correr, caminhar, etc.), como para a realização de exercícios localizados (exemplo dos exercícios de força).

De um ponto de vista clássico Robertson, (2001), afirma que a PSE periférica possuiu diversos mediadores fisiológicos, como é o exemplo da acidose metabólica sanguíneo e muscular, concentração de lactato sanguíneo,

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o tipo de fibras musculares, as concentrações de substratos energéticos (glicose e lípidos) e a perfusão sanguínea. Já na PSE respiratória-metabólica os principais mediadores fisiológicos englobados são: VO2, FC,LV, pressão arterial. Por último a PSE não específica, é constituída pelas secreções hormonais (beta endorfinas e as catecolaminas), os exercícios com produção de dor e com incremento de temperatura corporal. Ainda e em termos da concepção clássica de modelos da exteriorização da PSE; Watt & Grove, (1993) atribuíram à alteração da PSE aos fatores locais (as sensações do trabalho muscular ou articular), e aos fatores centrais (sensações do sistema cardiorrespiratório). Desta forma, o aparecimento da fadiga, surge quando os sujeitos experimentam desconforto ou tensão, quer no sistema cardiorrespiratório quer no sistema muscular, ou em ambos, originando portanto um aumento da perceção do esforço. Recentemente tem ganho terreno um novo modelo que contradiz em parte os modelos clássicos atrás referidos. Esta nova abordagem da origem da PSE“ the central governor” (Noakes, 2011), é baseado num processo cerebral, e tem como pressuposto principal, atribuir ao cérebro e não qualquer outra componente fisiológica, metabólica ou hormonal, a responsabilidade pelo mecanismo fundamental do esforço percebido pelo corpo. Portanto este novo modelo assume a primazia do cérebro na exteriorização da PSE num ciclo contínuo de “feedback e feedforward”, entre este órgão sensorial e os sistemas fisiológicos solicitados no exercício, com o objetivo primário de lhes assegurar a homeostasia e manter uma reserva suplementar para um eventual derradeiro esforço físico.

De uma forma usual a PSE, é avaliada logo após cada exercício ou série de exercícios, todavia, o conceito foi alargado, e passou também a incluir a PSE da sessão (Day, et al., 2004; Milanez, et al., 2011; Singh, et al., 2007). Em trabalhos inovadores levados a cabo por Foster, et al., (1996) e Foster, et al., (2001), foram quem primeiramente enunciaram este conceito que tem como fundamento avaliar a PSE no final da totalidade da sessão, dando desta forma a apreciação e uma estimativa da totalidade do treino numa determinada intensidade. Segundo Minganti et al., (2011), a PSE de sessão surge como um valioso instrumento de baixo custo e fácil de aplicar para o acompanhamento de qualquer sessão de treino e são vários os benefícios da sua utilização,

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incluindo a possibilidade dos treinadores compararem as avaliações do nível de esforços sobretudo relacionados com os diversos componentes do programa (Wallace, Slattery, & Coutts, 2009).

Embora se tenham produzido inúmeros estudos sobre a quantificação global da intensidade, a aplicação de um tempo de repouso de 30 minutos após exercício para avaliação PSE de sessão, continua a ser utilizado e considerado suficiente para prevenir a influência do último exercício executado (Foster, et al., 2001). A aplicação da PSE da sessão num grupo de nadadores (Wallace, et al., 2008; Wallace, et al., 2009), levaram os investigadores a concluir que o aumento da PSE de sessão para uma determinada carga externa, pode ser utilizada como indicador de fadiga excessiva ou da redução da capacidade de trabalho do atleta. Já de um outro ponto de vista, a redução da PSE da sessão para a mesma carga de trabalho, poderia indicar adaptação ao treino delineado pelo treinador. No entanto uma elevada ou uma reduzida PSE pode resultar no conhecimento prévio ou antecipada da carga a vencer, a qual pode estar dissociada á fadiga ou dor associada ao exercício executado (Watt & Grove, 1993). Esta situação pode corromper a relação que há entre as intensidades das cargas fisiológicas e a taxa da PSE, que pode ser particularmente problemático quando o exercício termina antes da exaustão física do indivíduo.

A escala OMNI tem sido bastante utilizada nas suas várias nomenclaturas pictóricas como forma de controlo da intensidade do exercício (Colado, et al., 2012; Marin, Santos-Lozano, Santin-Medeiros, Robertson, & Garatachea, 2012; Ozéas et al., 2012; Utter et al., 2004). E foi validada com a designação OMNI-res quer para crianças e adolescentes (Robertson et al., 2005b), quer para adultos (Lagally & Robertson, 2006; Robertson, et al., 2003), onde se constatou uma forte correlação (r = 0,94 a 0,97), entre a escala de OMNI e Borg-15 categorias. Concluindo-se desta forma que ambas as escalas medem as mesmas propriedades da PSE.

Uma assertiva escolha da ordem e do volume (como por exemplo a intensidade, número de repetições, as séries e período de descanso) são variáveis que descrevem todas as possibilidades que compõem uma sessão de

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treino (Kraemer & Fry, 1995; Kraemer & Ratamess, 2004). O conhecimento que cada variável tem numa sessão de treino é de grande importância para a maximização dos resultados e fundamental para se atingir os objetivos pretendidos.

A ordem dos exercícios refere-se à sua sequência dentro de uma sessão de treino, sendo a ordem dos exercícios dependente das metas e objetivos do indivíduo. Tradicionalmente os exercícios que envolvem grandes massas musculares têm sido recomendados para serem executados no início da sessão, de modo que a sequência expressa não venha a comprometer por pré-exaustão os grupos com menor massa muscular (Sforzo & Touey, 1996; Spreuwenberg et al., 2006; Stone & Wilson, 1985).

Simao, Farinatti Pde, Polito, Maior, & Fleck, (2005), não encontraram diferenças significativas na PSE de sessão numa sequência de exercícios para a parte superior do corpo, dos grande grupos musculares para os pequenos e vice-versa, sugerindo que a ordem de exercícios não influencia a sensação de esforço no final da sessão. No entanto os autores evidenciaram que a execução quer dos exercícios envolvendo grandes grupos musculares, quer envolvendo pequenos grupos musculares no final da sequência, resultava numa significativa diminuição de repetições das três séries de um determinado exercício. Num estudo mais recente de Simao, Farinatti Pde, Polito, Viveiros, & Fleck, (2007) examinaram se a ordem de execução teria o mesmo efeito em mulheres treinadas, e da mesma forma que o estudo anteriormente referido, demonstrou que a PSE de sessão não foi significativamente diferente entre as sequências. No entanto o número médio de repetições por série era sempre menor quando um exercício era realizado no final da sequência. Portanto ambos os estudos produziram resultados similares independentemente do sexo dos indivíduos.

Como se pode constatar, na literatura ainda subsistem muitas lacunas relativas ao modo como a intensidade, o volume e a ordem dos exercícios interferem na perceção da PSE num TF principalmente quando não consideram à sua avaliação antes da exaustão física (Chaves et al., 2013; Miranda, Figueiredo, Rodrigues, Paz, & Simao, 2013; Romano et al., 2013;

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Simao, et al., 2005; Simao, Figueiredo, Leite, Jansen, & Willardson, 2012). Da mesma forma, que a na PSE logo após, também na PSE de sessão se assiste a poucos estudos, na literatura, que se debrucem sobre a temática da ordem dos exercícios em vários momentos avaliativos (Milanez, et al., 2011; Minganti, et al., 2011; Wallace, et al., 2009)

Objectivos

O presente estudo teve por objetivo observar os diferentes efeitos da combinação (logos após exercício e no fim da totalidade de sessão), de dois exercícios (AG e SU), a diferentes intensidades (40% e 60%), com diferentes volumes (3 e 6 séries) e diferentes ordens de execução na exteriorização da PSE. A avaliação da PSE terá dois objetivos específicos, primeiro avaliar a PSE no final de cada série de exercícios e outro no final da totalidade sessão em 6 momentos distintos (5,10,15,20,25 e 30 minutos após o último exercício).

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2- Revisão Bibliográfica

2.1-Treino de Força

O treino de força pode ser prescrito utilizando um número específico de Repetições Máximas (RMs) ou numa percentagem específica de 1RM. A RM é a mais pesada carga ou resistência que poderá ser levantada num número específico de vezes (Tan, 1999)

É importante destacar que o conceito de força muscular referente ao ser humano escapa à esfera meramente mecânica, pois depende de uma conjunto de aspetos coordenativos, e sobretudo pela influência das características neuromusculares pertencentes ao movimento humano (Jones, Rutherford, & Parker, 1989; Lewinson, Fukuchi, Worobets, & Stefanyshyn, 2012). Ainda, não se pode simplesmente extrapolar o conceito mecânico de força para o âmbito das tarefas motoras, pois acontece frequentemente que a força aplicada não depende apenas da aceleração mas também de fatores como o grau de estiramento inicial do músculo o tipo de fibras musculares ou dos fatores de sincronização neuromuscular (Gulch, 1994; Knapik, Mawdsley, & Ramos, 1983)

O TF é uma modalidade de exercício que tem vindo a crescer de popularidade principalmente na última década e meia, sobretudo pela sua capacidade de melhorar o desempenho atlético através do aumento da força muscular, hipertrofia, potência, resistência muscular, desempenho motor, equilíbrio e coordenação (ACSM, 2009; Walker et al., 2013). No entanto nos dias que decorrem há uma melhor compreensão dos benefícios relacionados com os exercícios de força; tais como o aumento da massa e qualidade dos músculos esqueléticos (Hurley & Roth, 2000), aumento da taxa metabólica basal, decréscimo da pressão sanguínea e do esforço cardiovascular em exercício (Kraemer, et al., 2002), tornando-se desta forma uma atividade desportiva popular que é amplamente recomendada pela literatura; (Bjarnason-Wehrens, et al., 2004; Feigenbaum & Pollock, 1999). Recomendações estas

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direcionadas visando a maioria da população; adultos saudáveis, jovens e populações com patologias do foro cardiovasculares, neuromusculares, diabetes, obesidade, osteoporose, etc. (Feigenbaum & Pollock, 1999; Pollock, et al., 2000)

É importante que o TF seja supervisionado por profissionais qualificados para prevenir a eventualidade de lesões e potencializar os efeitos sobre a saúde associados a esta modalidade (Tan, 1999). Este fator de acompanhamento é importante para o sucesso do treino de força em qualquer idade ou nível de aptidão física, implicando o desenho de programas com instruções precisas como por exemplo, a técnica, a respiração, o uso correcto do equipamento, as áreas a desenvolver do interesse do praticante, a correta prescrição do exercício e progressão ao longo das etapas do treino de força.

A prescrição do TF depende sobretudo da aptidão física e objetivos do sujeito (Kraemer et al., 2000), por exemplo, cargas leves compreendidas aproximadamente entre os 45-50% de 1RM ou menos, unicamente provoca uma melhoria dos níveis de capacidade dinâmica de força em indivíduos destreinados, sobretudo devido à melhoria da aprendizagem motora do exercício e coordenação (Rutherford & Jones, 1986). Face ao exposto, cargas pesadas não são recomendadas para o aumento de força nestes níveis iniciais de TF enquanto o praticante não desenvolve a técnica e a forma correta relativa aos exercícios (Pollock et al., 1991; Shaw, McCully, & Posner, 1995). No entanto, grandes cargas são necessárias para o aumento da força, como uma eficaz progressão desde os níveis intermédios até ao nível máximo, que Segundo Hakkinen, Alen, & Komi, (1985), as cargas de valor elevado como as compreendidas entre 80-85% de 1RM são as que melhores adaptações neurológicas produzem quando se realiza TF em níveis avançados. Os estudos demonstram convincentemente que cargas pesadas de 70-120% da 1RM ou 1-6RM são as mais efetivas na melhoria da força máxima (Berger, 2003; Hakkinen et al., 1998; Moss, Refsnes, Abildgaard, Nicolaysen, & Jensen, 1997; Schmidtbleicher & Haralambie, 1981), o que também é verdade quando se pretende manter a força máxima (Morehouse, 1967). Este fator é de grande importância pois melhora a sincronização e o recrutamento das fibras

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musculares e é crucial para o desenvolvimento da força máxima através do aumento da massa muscular durante o treino intenso (Campos et al., 2002).

Programas de treino com grandes volumes e moderadas intensidades (exemplo de 8-12 séries de 6-12RMs), com pequenos intervalos de descanso são propícios a desenvolver a hipertrofia, enquanto exercícios utilizando baixos volumes e altas intensidades será espectável adquirir ganhos de força com ligeiros incrementos hipertróficos (Kraemer et al., 1990). Embora altas intensidades e baixos volumes produzam relativamente pouca hipertrofia pois é difícil de a eliminar completamente, um protocolo de baixo volume (séries de 8-12RM executados 3-4 vezes por semana) provocou um aumento de 2,84% de massa magra (Hurley et al., 1984), da mesma forma um protocolo de muito alto volume provocou um similar aumento de massa magra (Stone, Wilson, Blessing, & Rozenek, 1983). Utilizando cargas de elevada intensidade, outros tecidos como as fibras ósseas tem uma resposta igualmente favorável, ajudando desta forma a fixação do cálcio ósseo (Hurley & Roth, 2000; Kraemer, et al., 2002)

2.1.1- Volume e intensidade

O volume de treino é uma componente quantitativa e refere o tempo ou a quantidade de exercícios numa sessão de treino; por outro lado o volume de treino implica a quantidade de treino executado por semana, mês ou num ano e é a combinação da duração e da frequência (Smith, 2003). Para Feigenbaum & Pollock, (1999), o volume de treino total é obtido pelo produto do número de séries e repetições pela carga utilizada em cada exercício. Já para Rahimi, (2005) o volume de treino é o somatório do número total de repetições multiplicado pela intensidade da carga utilizada. O termo “volume” e “duração” são muitas vezes confundidos e usados erroneamente (Bompa, 1999). Quando um atleta progride desde iniciado, júnior e finalmente sénior e já está apto a tolerar cargas de treino, a totalidade de volume torna-se num fator importante (Ratamess et al., 2009). A continuidade do aumento do volume é provavelmente uma das maiores prioridades no treino contemporâneo,

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principalmente em treinos cuja componente aeróbia predomine (Bompa, 1999). Muitos dos sistemas fisiológicos incluindo o nervoso, metabólico, hormonal e muscular revela-se muito sensível à variável volume de treino (Collins, Hill, Cureton, & DeMello, 1986; Hakkinen, Komi, Alen, & Kauhanen, 1987; Kraemer, et al., 2000; Mulligan et al., 1996). Alterando o volume de treino, este ato vem acompanhado pela alteração do número de exercícios executados numa sessão, o número de repetições realizadas numa série ou o número de séries executadas por exercício. Neste contexto Hakkinen, et al., (1985), afirmam que o número de repetições deve estar ajustado ao objetivo do treino, menos repetições para a força/potência muscular, mais repetições para o desenvolvimento da resistência muscular.

A intensidade do treino é uma componente qualitativa e é uma função da atividade desempenhada numa dada unidade de tempo (Smith, 2003). Para O’Bryant, Ronald, & Michael, (1988), a intensidade absoluta é referente à carga levantada por repetição expressa em quilogramas, enquanto a intensidade relativa é referente à percentagem de 1RM levantada. A intensidade pode ser avaliada de modo diferente conforme a modalidade desportiva, como por exemplo, em desportos cuja distância e o tempo são fatores fundamentais, a intensidade absoluta é avaliada como velocidade (Smith, 2003). Em actividades executadas contra resistências, a intensidade é avaliada em quilogramas ou na distância resultante de um lançamento. Já em desportos de raquete ou coletivos, a intensidade é medida pela frequência ou ritmo dos movimentos ou ainda o tempo de jogo (Bompa, 1999). Por outro lado, a intensidade pode ser quantificada como uma proporção da velocidade máxima de um atleta, do desempenho em competição ou por variáveis fisiológicas como a FC (Smith, 2003). Para a prescrição do exercício é proposto a percentagem do V02 máx (Bouchard et al., 1995; Skinner et al., 2000); e a frequência cardíaca de reserva (Karvonen, Kentala, & Mustala, 1957; Swain & C., 1997); de igual modo também é muito utilizado em estudos o parâmero do V02 e da concentração de lactato sanguíneo em exercícios de protocolo incremental em laboratório (Henritze, Weltman, Schurrer, & Barlow, 1985; Kindermann, Simon, & Keul, 1979). A percentagem de VO2 máx é inferior ao

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V02 e a concentração de lactato sanguíneo, portanto, recomenda-se a utilização destes parâmetros na determinação da intensidade em exercício (Smith, 2003)

2.1.2- Uma Repetição Máxima (1RM)

O teste de 1RM é considerado o modelo de ouro padrão para avaliação da força muscular fora do laboratório (Levinger et al., 2009). É definido por Ploutz-Snyder & Giamis, (2001), como a maior carga que um indivíduo é capaz de mover ou suportar numa única repetição, realizada respeitando uma amplitude específica de movimento com uma correta execução. É comparativamente a outros modelos de avaliação relativamente fácil de aplicar e não requer dispositivos caros como os utilizados em laboratórios (Kraemer & Ratamess, 2004). O teste de 1RM é normalmente utilizado por treinadores, profissionais em avaliação da aptidão física e especialistas em reabilitação física, para quantificar o nível de esforço físico, avaliar os desequilíbrios de força e avaliar o desenrolar de um programa de treino (Bjarnason-Wehrens, et al., 2004).

Em estudos já realizados tem sugerido que o teste de 1RM para avaliação da força muscular é segura para os participantes (Featherstone, Holly, & Amsterdam, 1993; Ghilarducci, Holly, & Amsterdam, 1989; Gordon et al., 1995).

O número de testes de 1RM a serem realizados para garantir um resultado fiável da avaliação é de grande importância, a familiarização com os exercícios tem neste contexto grande influência na avaliação da força máxima para evitar o aumento da força muscular devido à melhor coordenação e outras adaptações neuronais (Kraemer & Ratamess, 2004; Ploutz-Snyder & Giamis, 2001). Este processo de familiarização é normalmente colmatado com a realização de duas avaliações da 1RM e desta forma atenua-se este desvio sistémico optando-se pelo segundo teste (Frontera, Hughes, Dallal, & Evans, 1993; Hopkins, 2000)

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Quanto á seleção da carga inicial para o aquecimento não parece haver um parâmetro rígido normalizado, é usual ser baseada na experiência adquirida do avaliador e algumas vezes também pelo próprio sujeito avaliado (Cronin & Henderson, 2004). É regularmente empregue no aquecimento cargas leves com uma ou duas séries entre 5 a 10 repetições para um exercício proposto (Phillips, Batterham, Valenzuela, & Burkett, 2004)

O método de tentativa e erro é utilizado na determinação da carga máxima no teste de 1RM, no qual é utilizando sucessivos incrementos de carga, até o avaliado conseguir executar uma só repetição. Concretizando com estudos realizados utilizaram-se valores absolutos de incrementos de carga entre os (2,2 a 10kg) (Cotterman, Darby, & Skelly, 2005; Kravitz, Akalan, Nowicki, & Kinzey, 2003). Já Ronnestad et al., (2007) utilizaram o método percentual relativo às cargas com valores entre (2,5 a 5%). Esta estratégia de utilização da percentagem relativa á carga utilizada embora não tenha uma utilização tão comum como a de incrementos de valores absolutos, é uma estratégia bastante utilizada como forma de incrementos tendo em vista a determinação da 1RM.

Os intervalos entre as tentativas podem variar, sendo sugerido por alguns autores a aplicação de 2 a 5 minutos de recuperação (Matuszak, Fry, Weiss, Ireland, & McKnight, 2003). Debruçando-nos sobre algumas pesquisas em concreto verifica-se que são pouco evidentes os efeitos de diferentes períodos de repouso em repetidas tentativas de realização de 1RM. No trabalho de Weir, Wagner, & Housh, (1994) não foram encontradas diferenças significativas na execução do exercício de supino em duas tentativas seguidas, com intervalos que diferiam de 1, 3, 5, e 10 minutos. Num outro trabalho realizado por Matuszak, et al., (2003), com intervalos de recuperação de 1, 3 e 5 minutos no exercício de agachamento verificou-se não haver alteração da performance das duas tentativas de execução de (1RM).

A técnica de execução está implicitamente relacionado não só com a segurança do executante como também garantir uma correta aplicação da metodologia em curso. Num estudo realizado por Moura, Borher, Prestes, & Zin, (2004), foi elaborado um teste de (1RM) em que se utilizou diferentes

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amplitudes articulares em dois exercícios diferentes - “legpress” e puxada frontal. Chegaram à conclusão que no exercício de “legpress” uma variação de 10º no ângulo do joelho variou entre 22,3% a 29,6% o valor final da 1RM, já no exercício de puxada frontal as diferenças encontradas nas diferentes amplitudes articulares não foram significativas nos valores finais obtidos da 1RM

A informação visual das cargas é outro dos aspetos a considerar ao realizar um teste de avaliação da força máxima. Num estudo levado a cabo por Maior, Varallo, Matoso, Edmundo, Oliveira, & Minari, (2007) realizaram os testes de (1RM) deixando visualizar ou não as cargas durantes as tentativas realizadas, os resultados das comparações revelaram que os avaliados quando não tinham informação visual conseguiam maiores resultados nos testes de (1RM). Este estudo teve porem uma falha metodológica pelo fato de não ter randomizado os testes o que poderá comprometer a veracidade dos resultados.

O tipo de equipamento utilizado pode de igual forma comprometer os resultados finais da avaliação; Ratamess, Faigenbaum, Mangine, Hoffman, & Kang, (2007), compararam os resultados do teste de (1RM) em diferentes exercícios utilizando para o efeito barras com diferentes diâmetros (2,54, 5,08 e 7,62 cm). Concluíram os autores que as barras com maior diâmetro influenciavam negativamente a performance dos executantes da força máxima quando os exercícios incluíam a ação de puxar, quanto aos exercícios de empurrar já os resultados com diferentes diâmetros das barras não tinham uma interferência significativa na performance final.

Conforme o exposto anteriormente é notório a não existência de um protocolo claramente definido para a realização dos testes de (1RM), resultando desta forma que uma boa aplicação dos testes de força máxima irá em grande medida depender do bom senso e experiência do avaliador. Saber aplicar os corretos incrementos das cargas durante a avaliação, dosear os períodos de recuperação e do número de tentativas para a obtenção de um fiável resultado final, deve por força ter em atenção as caraterísticas individuais dos sujeitos a serem avaliados.

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2.3-Escalas de PSE

Na tentativa de medir a PSE, Gunnar Borg psicofisiologista da universidade de Estocolmo, foi pioneiro a apreender as exteriorizações psicofisiológicas da intensidade do esforço, desenvolveu para o efeito uma escala por categorias orientada para avaliar a PSE durante o exercício físico (Noble & Robertson, 1996). Borg entendia que as variáveis fisiológicas de um modo isolado não espelhavam a totalidade da dinâmica referente à intensidade do exercício, argumentava que as escalas psicofisiológicas tinham a grande vantagem de avaliar tanto as respostas fisiológicas como as respostas psicológicas do esforço desenvolvido, integrando os sinais periféricos e centrais num conceito explicativo da intensidade a que o autor designa por “gestalt” (Borg, 1982; Noble & Robertson, 1996; Robertson, 1982). Escalas com esta especificidade são de grande utilidade como ferramenta para uma avaliação efetiva, incluindo diagnósticos clínicos, avaliação da capacidade funcional e para a prescrição de exercício (Borg, 1973, 1998)

Foi com base num dos seus estudos clássicos, centrando-se na PSE em sujeitos pedalando num ciclo ergómetro executando séries de exercício de duração inferior a um minuto, que Borg correlacionou a PSE com a FC, (Robertson & Noble, 1997). Borg apercebeu-se que a PSE crescia positivamente e de uma forma linear em função do aumento da resistência imposta, estes resultados foram confirmados posteriormente com séries de exercícios de maior duração (Borg, 1973).

Nesta primeira escala desenvolvida por Borg contendo 21 pontos por categorias, estava desenhada para estimar diretamente a intensidade do exercício em qualquer momento e apta a realizar comparações entre indivíduos. As escalas por categoria empregam números e uma formas de descrição verbal distribuída em iguais intervalos contendo partições a que corresponde uma resposta sensorial (Robertson & Noble, 1997). Estas descrições verbais funcionam como âncoras, de forma que, quando uma

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pessoa relata uma carga como “pesada” e uma segunda pessoa relate a mesma carga como “leve”, fica claro que a mesma carga para o primeiro individuo é mais difícil do que para o segundo (Borg, 1982).

2.3.1-Escala de Borg RPE

Como método validado, a escala por categorias de 21 pontos, demonstrou ter uma correlação positiva com a FC (r = 0,80 a 0,90) (Borg, 1973). No entanto para melhor robustez da existente linearidade com a FC, Borg modificou esta escala numa outra contendo 15 números, indo de 6 a 20, e contendo sete parâmetros verbais, ou âncoras verbais, esta escala também conhecida como “Borg RPE” foi pensada de modo que ao multiplicar o valor percebido por 10, o resultado representaria o valor da frequência cardíaca atingida no esforço físico (Borg, 1973, 1982). Como forma de demostrar a complementaridade dos valores objetivos e subjetivos (Dunbar et al., 1992; Eston & Williams, 1988) demonstraram que a escala de “Borg RPE” pode ser efetivamente utilizada para trabalhar numa intensidade desejada em paralelo com os valores de FC e VO2 pretendidos. Em ambos os estudos, aos sujeitos foi-lhes fornecido os valores da PSE estimados anteriormente onde, e em simultâneo se mediram os valores da FC e VO2, posteriormente foi-lhes pedido para nova serie de exercícios com a mesma intensidade para desta forma demostrarem em teoria a utilidade da PSE na prescrição do exercício.

Num estudo levado a cabo por Eston & Williams, (1988), em sujeitos realizando exercício num ciclo ergómetro com cargas auto ajustadas pelos próprios executantes, realizaram um conjunto de séries baseadas na sua PSE de 9,13 e 17 na escala “Borg RPE”. Quando alcançado o “steady-state” o VO2 e a FC eram avaliados e comparados com os resultados do VO2 e FC estimados da PSE obtida anteriormente. Os resultados indicaram, quer para homens que para mulheres, a obtenção de %VO2máx similar aos valores da PSE de 9,13 e 17, concluindo-se desta forma, haver um forte coeficiente de correlação dos valores objetivos e uma efetiva validade da escala “Borg RPE“ para determinação das intensidades do exercício. No outro estudo de Dunbar,

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et al., (1992) foram apresentados resultados semelhantes quando se propôs aos participantes que executasses intensidades baseadas nos valores da PSE indexados a 50% e 70% do VO2máx durante exercícios realizados em ciclo ergómetro e passadeira. Observou-se uma variação máxima de 2% entre a intensidade PSE auto selecionada do exercício e o alvo a atingir referente ao VO2.

2.3.2-Escala de Borg CR10

Desde o início dos estudos das escalas psicofisiológicas era evidente os dados objetivos de origem central como a FC e o VO2 não eram os únicos mediadores da PSE, os sinais periféricos eram de igual modo entendidos como tendo grande importância, especialmente em altas intensidades (Robertson, 1982). Estes sinais periféricos foram igualmente observados a ter incrementos não lineares, com crescimento exponencial à medida que crescia a intensidade, como o caso da concentração sanguínea de lactato, em que se observou crescer exponencialmente em função da intensidade do exercício (Noble, Borg, Jacobs, Ceci, & Kaiser, 1983); originando desta forma o desenvolvimento da escala de Borg CR10, incorporando na sua génese classes de rácio tendo em conta o crescimento não linear da PSE, especialmente em altas intensidades.

Noble, et al., (1983), examinaram a relação entre a escala de Borg CR10, concentração de lactato sanguíneo e o lactato muscular em sujeitos enquanto realizavam um exercício num cicloergómetro até à exaustão. Os resultados confirmaram que a FC cresce de uma forma linear com o aumento da intensidade, enquanto o lactato sanguíneo e o lactato muscular se expressam melhor numa função não linear da intensidade. Estes resultados foram confirmados por Borg, Van Den Burg, Hassmen, Kaijser, & Tanaka, (1987), onde observaram a relação entre a PSE, lactato sanguíneo e FC nas modalidades de ciclismo, corrida e na atividade de caminhar. Os autores concluíram que a FC cresce de um modo quase linear nas modalidades de ciclismo e caminhar, enquanto a concentração de lactato sanguíneo crescia de um modo positivo e exponencial em todas as modalidades.

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Num outro estudo realizado mais tarde, Suminski et al., (1997) obtiveram resultados muito similares quando avaliaram duas séries de múltiplos exercício de força utilizando a escala de Borg CR10. Na primeira série de exercícios utilizaram uma carga de 70% de 1RM, enquanto na segunda serie usaram uma carga de 50% de 1RM. Os autores concluíram que os exercícios a 70% de 1RM produziam significativamente maiores valores de lactato sanguíneo e de PSE do que os exercícios a 50% de 1RM. Curiosamente a diferença de FC entre as séries não foi significante, estes resultados podem indicar que a concentração de lactato sanguíneo deva ser um melhor indicador do aumento da intensidade absoluta do que a FC.

2.3.3-Escala OMNI

O termo OMNI é um diminutivo da palavra omnibus, cujo significado pretende delinear uma escala contendo estruturalmente um conjunto de ilustrações especificamente colocadas de uma forma uniforme ao longo de um declive, contendo para o efeito, intensidades de esforço crescentes e visualmente bem discerníveis expressas entre os valores 0 a 10 (Robertson, 2004).

A escala de OMNI revela um formato de figuras que pode assumir vários contextos (execução de um exercício ou a realização de uma atividade física). Possuindo deste modo, propriedades generalizáveis numa ampla gama de desempenhos físicos e desportivos (figura 1). Abrangendo em termos de intensidade do exercício, do muito leve ao muito pesado (Robertson, et al., 2003)

A primeira versão da escala de OMNI foi desenvolvida para crianças e adolescentes (Robertson et al., 2000), sendo desenvolvida em resposta ao crescente interesse na pesquisa clinica na área da perceção do esforço (Robertson, 2004). Inicialmente muitos destes investigadores avaliaram em crianças escalas desenvolvidas para adultos, contudo a semântica usada

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colocava muitas limitações quando usada por crianças e adolescentes, cognitivamente associar números a frases relacionadas com a PSE em exercício não era de todo eficaz, pois não faziam parte do seu vocabulário (Robertson, et al., 2000).

Figura 1 - Montagem ilustrada da escala OMNI (Robertson 2004b)

No decurso da elaboração da escala OMNI, o conjunto das diferenças semânticas registadas foram analisadas de modo a serem encontradas seis sugestões que correspondessem aos diferentes níveis de intensidade de esforço, esta análise revelou existir um conjunto de expressões verbais comuns para as crianças e outro para os adultos. Para as crianças a expressão verbal mais utilizada para a realização da escala foi “cansaço”, já para os adultos a palavra-chave encontrada foi “fácil e difícil” (quadro 1) (Robertson et al., 2005a; Robertson et al., 2004b).

É de frisar que as escalas PSE descritas anteriormente (Borg RPE, Borg CR10 e OMNI), não são as únicas desenvolvidas para a avaliação do esforço em exercício. Muitas outras escalas foram desenvolvidas com o

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mesmo propósito, das quais se podem citar; a escala de Hogane Fleishman (Robertson & Noble, 1997), a escala visual analógica – VAS (Ueda, et al., 2006), a escala PCERT (Yelling, Lamb, & Swaine, 2002), entre muitas outras.

Quadro 1 - Expressões verbais dirigidas a adultos e crianças utlizadas na escala OMNI

(Robertson, 2004b)

2.4-Fiabilidade e validade da escala OMNI

A fiabilidade de uma escala é um processo importante para a sua posterior utilização. O estudo de Pfeiffer, Pivarnik, Womack, Reeves, & Malina, (2002), examinou pela primeira vez a fiabilidade quer da escala de OMNI quer da escala de Borg de 15 categorias em sujeitos que realizaram um exercício com sucessivos incrementos de intensidade numa passadeira rolante. O coeficiente de correlação observado variou para a escala de OMNI entre (r = 0,91 a 0,95), e de (r = 0,64 a 0,78) para a escala de Borg RPE. Ambas as escalas mostraram ter um grau elevado de fiabilidade, mas a escala OMNI no formato de exercício em bicicleta demostrou ter melhores resultados que a escala de Borg RPE.

A escala de OMNI foi validada neste estudo utilizando crianças dos 8 a 12 anos (Robertson, et al., 2000), através de um exercício de intensidade crescente num ciclo ergómetro. Como variáveis critério utilizaram VO2; FC; e a taxa de PSE referente à totalidade do corpo, pernas e peito. Os patamares de intensidade consistiram em (25,50,75 e 100W) e os resultados obtidos permitiram apurar ser positivo a correlação (r =0,85 a 0,94) (p<0,01) entre a

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PSE referente à totalidade do corpo, pernas e peito, em função VO2 e FC. Os autores concluíram que as respostas psicofisiológicas evidenciadas neste estudo validam o uso da escala de OMNI em crianças quando submetidas a uma larga variedade de exercícios a diferentes intensidades.

Noutro estudo levado a cabo por Utter, Robertson, Nieman, & Kang, (2002) com crianças de ambos os sexos os autores utilizaram também um teste de passadeira com um protocolo incremental e a escala OMNI com nomenclatura apropriada (figura 2). Nos resultados obtidos observaram-se significativas correlações entre a escala OMNI, a PSE, VO2, %VOmáx, FC, rácio Vf/VO2 e a taxa respiratória durante o teste máximo na passadeira. Fortes correlações foram encontradas entre PSE e %VO2máx (r = 0,41 – 0,60 p<0,001) e a PSE/FC (r = 0,26 – 0,52 p<0,01). Concluindo os autores, que a escala OMNI-caminha/correr é válida quando usada por crianças em diferentes intensidades.

Figura 2 - Escala OMNI-caminhar/correr (Robertson 2000)

Para o trabalho de força Robertson (2005b), validou a escala OMNI-res para jovens de ambos os sexos com idade compreendidas entre 10 – 14 anos (figura 3), utilizando os exercícios de extensão do joelho e bicípite. O critério de avaliação foi o total de peso levantado em ambos os exercícios, executado em séries separadas de (6,10 e 14 repetições) a 50% de 1RM. A PSE foi avaliada referente ao músculo ativo e referente à totalidade do corpo. Os resultados encontrados mostraram haver uma positiva correlação, variando (r = 0,72 a

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0,88; p<0,01) entre a totalidade do peso levantado e a PSE do músculo activo e a totalidade do corpo. Comprovando desta forma a validação da escala OMNI-res para a PSE de índole local ou global em adolescentes para exercícios utilizando a parte superior e inferior do corpo.

Figura 3 - Escala OMNI-res para crianças e adolescentes para determinação da PSE

(Robertson 2005b)

A validação da escala OMNI-res para adultos (figura 4) (Robertson, et al., 2003) foi estabelecida através da utilização da carga total levantada e da concentração de lactato sanguíneo como variáveis de critério.

Para o efeito, fizeram parte do estudo 20 sujeitos do sexo masculino e de igual número do sexo feminino, onde realizaram o exercício de extensão do joelho e de bicípite executando 4,8 ou12 repetições em séries separadas a uma intensidade de 65% de 1RM. Os resultados demostraram que a PSE do músculo ativo variou entre (3,6 a 8,2) para bicípite e (5,1 a 9,6) na extensão do joelho. Para a PSE da totalidade do corpo os valores variaram entre (2,4 a 6,7) para bicípite e entre (4,2 a 7,6) para a extensão do joelho. Os resultados permitiram apurar ser positivo os coeficientes de correlação (r = 0,79 a 0,91; p<0,01) entre a carga total, PSE do músculo activo e da PSE da totalidade do corpo quer na extensão do joelho que no bicípite em ambos os géneros. De igual modo foi também encontrada uma correlação positiva (r = 0,87; p<0,01) entre a concentração de lactato sanguíneo e a PSE final do músculo ativo para o exercício de bicípite. A PSE não diferiu entre homens e mulheres em

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qualquer dos pontos de avaliação nos exercícios de bicípite e extensão do joelho, no entanto a PSE do músculo ativo foi significativamente maior que a PSE da totalidade do corpo.

Figura 4 - Escala OMNI para exercícios com pesos (OMNI-res) para determinação da PSE

(Robertson et. al, 2003)

Num outro trabalho de validação da escala OMNI-res para adultos, Lagally & Robertson, (2006), relacionaram a escala de Borg RPE já validada em trabalhos anteriores (Dunbar, et al., 1992; Eston & Williams, 1988), sendo utilizada para este estudo como termo de comparação métrico. Estudando-se desta forma a correlação existente entre as escalas (OMNI e Borg-15 categorias). Os sujeitos incluídos neste estudo eram de ambos os sexos e realizaram uma repetição da extensão de joelho a 40, 50,60,70,80 e 90% de 1RM. Os valores de PSE para a escala de OMNI e Borg foram registados logo após cada repetição. Os resultados revelaram uma forte relação entre as duas escalas (r = 0,94 a 0,97). Concluindo desta forma os autores que ambas as escalas medem as mesmas propriedades da PSE.

Seria muito fastidioso abordar a totalidade das escalas OMNI validadas e aceites pela literatura, para um melhor enquadramento deu-se um realce mais pormenorizado a alguns trabalhos por serem em nosso entendimento dos

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mais citados na literatura. Muitas outras escalas OMNI foram validadas, por exemplo, para crianças e adolescentes validou-se a escala OMNI-step (Robertson, et al., 2005a); para adultos validaram-se OMNI-walk/run (Utter, et al., 2004); OMNI-step (Robertson, et al., 2005a); OMNI-Cycle (Robertson, et al., 2004b); OMNI-Eslatic band (Colado, et al., 2012); OMNI-Bribation (Marin, et al., 2012)

2.5-Definições da PSE

A PSE segundo Borg, (1982), pode ser compreendida como um género de “gestalt”, ou conjunto de sensações: dor, fadiga muscular periférica, do sistema pulmonar e alguns outros sinais sensoriais, ou seja, a perceção é estruturada por uma complexidade de sensações que integra diferentes sinais físicos, incluindo os sistemas cardiorrespiratório, muscular, as articulações utilizadas, e o sistema nervoso central; incluindo também um conjunto de processos relacionados com as emoções que de certa forma estão ligados à aprendizagem e motivação. Diz ainda que a PSE está intimamente relacionada ao conceito de intensidade do exercício, ou seja, “de quão pesada e extenuante é uma tarefa física”(Borg, 1973, 1982).

Para Robertson & Noble, (1997), definem PSE como sendo a intensidade subjetiva de esforço, tensão, desconforto e/ou fadiga que são experimentados durante os exercícios físicos, quer aeróbios quer de força. A PSE pode também ser definida como um ato de detectar e interpretar as sensações vindas do corpo durante o exercício físico, processo que aborda os diferentes fatores fisiológicos, psicológicos (Noble & Robertson, 1996).

O modelo de intervalos preconizado por Borg (quadro 2) descreve as variações da PSE conforme cresce a intensidade do exercício desde o nível mais baixo até ao nível mais alto (Borg, 1998). Este modelo foi estruturado contendo algumas suposições: (i) para um dado exercício, cuja variação é compreendida entre o estado de repouso total e o esforço máximo, existe sempre um ponto de ancoragem, sendo estes pontos sempre equidistantes uns

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dos outros. (ii) para todos os indivíduos, quer a percentagem da intensidade quer a percentagem dos sinais exteriorizados do esforço todos os intervalos intercalares compreendidos entre os extremos dos estímulos (leve e pesado) são iguais. Deste modo, quando a intensidade do exercício aumenta do leve para o pesado ocorre sempre um igual crescimento do esforço percebido (Borg, 1998; Robertson & Noble, 1997). A aplicação deste modelo fortalece a comparação entre indivíduos, quer se varie a idade, a condição física, ou o género. A aplicação deste modelo pode de fato ser aplicado para ancorar a PSE quer nos níveis de leve a pesado relativo á intensidade do exercício, tendo em vista os fatores fisiológicos, psicológicos e físicos, dentro claro está, da percentagem relativa e específica de cada sujeito. (Borg, 1973, 1982)

Quadro 2 - Modelo de intervalo de Borg para a escala de PSE (Borg, 1998; Noble &

Robertson, 1996)

Segundo Borg, (1973), considera-se que a carga física tem uma estreita relação com o volume e/ou intensidade do exercício, já a carga mental, relaciona-se por exemplo, com o “stress” e ansiedade da competição, resultando desta forma que ambas as cargas, iriam provocar respostas tanto fisiológicas como percetivas. Portanto, poder-se-á sintetizar este modelo tradicional preconizado por Borg da PSE como sendo a integração de sinais periféricos (músculos e articulações), centrais (ventilação) que, analisados pelo córtex sensorial, produzem a perceção geral ou local do desempenho para a realização de uma determinada tarefa (Borg, 1982). Este modelo sugere que a PSE seria originada a partir da interpretação de estímulos sensoriais, por meio

Exercício (estimulo) PSE (resposta)

Baixo

Alto

Mínimo (PSE-6)

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do mecanismo de retroalimentação (feedback). Este modelo é ainda hoje em dia aceite por uma notável quantidade de investigadores e profissionais da área do desporto. Alguns pesquisadores atribuem grande importância a esta variável psicofísica na regulação do desempenho em provas de endurance (Hampson, St Clair Gibson, Lambert, & Noakes, 2001; Tucker & Noakes, 2009)

Num outro modelo preconizado por Noble & Robertson, (1996), os autores afirmam que a PSE pode ser definida como um ato de detetar e interpretar as sensações vindas do corpo durante o exercício físico. De igual modo, os autores abordam como os diferentes fatores fisiológicos, psicológicos e de desempenho podem nos seus múltiplos fatores, organizar estruturalmente a PSE. Baseados neste conceito, Noble & Robertson, (1996), elaboraram um modelo baseado em princípios teórico denominado Global “Explanatory Model

of Perceived Exertion”. Este modelo postula que é a partir de um estímulo

inicial (um dado exercício), que se origina uma respostas fisiológicas que servem sobretudo como mediadores iniciais. Este processo funciona de modo que se dê o ajuste da intensidade da perceção do estímulo (acidose muscular, ventilação, sinais neuromusculares consumo de oxigénio, etc.).

Um dos resultados que se pode verificar neste modelo de Noble & Robertson, (1996), é o efeito que um estímulo promove na alteração das propriedades de produzir tensão nos músculos esqueléticos. Portanto o aumento da tensão observado nos músculos periféricos e/ou respiratórios durante qualquer exercício requer um correspondente aumento dos comandos centrais do “feedforward” que tem origem no córtex motor. As cópias deste comando motor são por sua vez enviadas ao córtex sensorial e todo este conjunto de informação subsequentemente é integrado às informações periféricas aferentes (feedback), produzindo por este processo todos os sinais da perceção de esforço. Há também outros aspetos a considerar, como os de carácter psicológico (ansiedade, motivação etc.), de performance (histórico de competição efeito da audiência, etc.) e finalmente outros sintomas gerais de esforço (dores musculares, respiração ofegante, etc.), que também são associados a estas informações, e de igual modo enviadas ao córtex sensorial. O final do processo da perceção tem lugar quando o aumento do sinal do córtex sensorial é combinado aos conteúdos compostos por filtros de referência da perceção cognitiva, e toda esta componente em forma de sinal é passado

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por uma matriz de acontecimentos presentes e passados, que tem como base as caraterísticas psicológicas e do próprio estilo individual (Noble & Robertson, 1996).

Neste modelo proposto por Noble & Robertson, (1996), pressupõe existir vários fatores psicológicos que influenciam a PSE durante o exercício. No entanto é importante ter um entendimento acerca de determinados mediadores que favorecem a aplicação da PSE na regulação do exercício físico, baseados no constantemente aumento das avaliações objetivas das variáveis fisiológicas.

Segundo Robertson, (2004), os fatores psicofisiológicos que influenciam a PSE podem ser classificados em; (i) metabólico-respiratório, (ii) periférico, (iii) não específico (Quadro 3).

Quadro 3 - mediadores fisiológicos da PSE (Noble & Robertson, 1996; Robertson, 2004a)

Metabólico-respiratório Periféricos Não específicos

VE Acidose metabólica (PH, Concentração lactato sanguíneo)) Hormonas de regulação (Catecolaminas e B-endorfinas VO2 Glicose sanguínea Regulação de temperatura (tronco e pele) PCO2 Perfusão sanguínea muscular Dor FC Tipo de fibras

musculares Cortisol e serotonina PS Ácidos gordos livres Irrigação e oxigenação

do cérebro Glicogénio muscular

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Nos factores metabólico-respiratório influenciados em exercício são exemplo; a Ventilação (VE), VO2, Produção de Dióxido de Carbono (PCO2), FC e a Pressão Sanguínea (PS), tendo a componente ventilatória o papel de maior relevância. Já a componente periférica como fator determinante a estrutura muscular e todos os fatores metabólicos a ela associados. Nos mediadores não específicos que influenciam a PSE são considerados aqueles que integram os fatores psicológicos e sistémicos associados a variações dos diferentes níveis de intensidade e que não estão directamente ligados aos sinais respiratório-metabólicos e periféricos. (Noble & Robertson, 1996).

Outros autores, de igual modo debruçaram-se sobre a forma como a PSE pode ser explicada segundo os seus vários aspetos psicofisiológicos. Para Kinsman & Weiser, (1976), a relação entre os vários níveis subjetivos da PSE e as respostas fisiológicas são importantes para compreender a mecânica da perceção do esforço. Os autores propuseram que a continuação ou a interrupção de um exercício físico está intimamente ligado aos níveis da perceção da fadiga, envolvendo sobretudo as estruturas musculares esqueléticas e o sistema cardiorrespiratório. Este modelo proposto (Kinsman & Weiser, 1976), é importante, pois pela primeira vez liga a PSE global aos mediadores fisiológicos, no entanto não contêm o conceito da PSE localizada. Pela mesma altura, num outro trabalho levado a cabo por Pandolf, Burse, & Goldman, (1975), os autores propuseram pela primeira vez o conceito de PSE local e global, onde se incluíam as taxas de fadiga dos músculos esqueléticos e do sistema cardiorrespiratório. Na elaboração deste modelo, os autores aplicaram exercícios realizados num ciclo ergómetro e caminhada em diferentes intensidades, onde concluíram, que os fatores locais ditavam uma maior PSE quando pedalavam, enquanto os fatores da PSE global foram mais expressivos no exercício de caminhar. Neste estudo levado a cabo por Pandolf, et al., (1975), concluíram portanto, que a PSE foi exteriorizada por um processo diferenciado, resultados semelhantes foram encontrados em inúmeros trabalhos demostrado valores mais expressivos da PSE local e em detrimento da PSE global (Cafarelli, Cain, & Stevens, 1977; Green, Crews, Pritchett, Mathfield, & Hall, 2004; Pandolf, 1982)

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Figura 1 - Montagem ilustrada da escala OMNI (Robertson 2004b)
Figura 2 - Escala OMNI-caminhar/correr (Robertson 2000)
Figura  3  -  Escala  OMNI-res  para  crianças  e  adolescentes  para  determinação  da  PSE  (Robertson 2005b)
Figura  4  -  Escala  OMNI  para  exercícios  com  pesos  (OMNI-res)  para  determinação  da  PSE  (Robertson et
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Referências

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