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REDUÇÃO DE SOBREPESO E OBESIDADE NA ACADEMIA DA SAÚDE: ESTUDO PILOTO

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Academic year: 2021

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(1)

Rybria Torres Rosa

1

Paulo Victor Gomes Barros

2

Laiara Manuelle dos Santos Rios

3

Sheilla Brito Freitas de Lorena e Sá

4

Alberto Malta Junior

5

RESUMO

O sobrepeso e a obesidade são fatores de risco que contribuem para a baixa qualidade de vida. O espaço da Academia

da Saúde foi pensado para apoiar a execução da Política Nacional de Promoção da Saúde estimulando o cidadão a ser

protagonista do cuidado com a própria saúde. Representa também uma oportunidade para a execução de projetos que

possam apoiar a adoção de práticas corporais e hábitos saudáveis. O objetivo dete trabalho foi demonstrar o impacto do

Projeto 100% Saúde para pessoas com sobrepeso ou obesidade acompanhados na Academia da Saúde em um município

do Brasil. Esse foi um estudo do tipo prospectivo, longitudinal, envolvendo a população vinculada a duas Unidades da

Estratégia Saúde da Família (ESF) em um município do interior da Bahia. Foram selecionados cinquenta e seis voluntários,

através dos seguintes critérios de inclusão: indivíduos com sobrepeso ou obesidade que desejassem participar do projeto,

atestado médico favorável e faixa etária entre 20 e 60 anos. Foram excluídos da pesquisa pessoas com deficiência,

gestantes e pacientes que não foram aprovados na avaliação médica. As variáveis consideradas foram Índice de massa

corporal (IMC), circunferência abdominal e variação de peso. Cinquenta e seis pessoas foram encaminhadas, mas apenas

dezoito finalizaram o período de intervenção. A maioria experimentou com o projeto perda de peso (67%), redução da

circunferência da cintura (72%) e redução do IMC mudando de classificação (obesidade II para sobrepeso – 16%) durante

a vigência do projeto. O projeto conseguiu estimular a prática de atividades físicas e houve perda de peso na maioria dos

envolvidos que finalizaram o período de estudo. Entretanto, é preciso pensar em estratégias para aumentar a adesão em

projetos como este.

Palavras chaves: Sobrepeso. Obesidade. Promoção da Saúde.

ABSTRACT

Overweight and obesity are risk factors contributing to the low quality of life. The space of the Academy of Health was

thought to support the implementation of the National Health Promotion Policy by stimulating the citizen to be the

protagonist of care for his own health. It also represents an opportunity for the implementation of projects that can support

the adoption of bodily practices and healthy habits. The objective of this work was to demonstrate the impact of the Project

100% Health for overweight or obesity people accompanied by the Health Academy in a municipality in Bahia-Brazil. This

was a study of the prospective, longitudinal type, involving the population linked to two units of the Family Health Strategy

in a municipality of Bahia, Brazil. Fifty-six volunteers were selected, through the following inclusion criteria: overweight or

obese people who wished to participate in the project, favorable medical attestation and age range between 20 and 60

years. They were excluded from the survey of disabled people, pregnant women and patients who were not approved in

medical evaluation. The variables considered were body mass index (BMI), abdominal circumference and weight variation.

Among the selected people, only eighteen ended the intervention period. Most experienced with the weight loss project

(67%), reducing waist circumference (72%) and reduction of BMI changing classification (Obesity II for overweight – 16%)

during the duration of the project. The project was able to stimulate the practice of physical activities and there was weight

loss in most of the involved who finished the study period. However, we need to think of strategies to increase adherence

in projects like this.

Key words: Overweight. Obesity. Health Promotion.

1 Fisioterapeuta, Secretaria Municipal da Saúde de Abaré, Abaré-BA 2 Educador Físico, Secretaria Municipal da Saúde de Abaré, Abaré-BA 3 Nutricionista, Secretaria Municipal da Saúde de Abaré, Abaré-BA

ORIGINAL

REDUÇÃO DE SOBREPESO E OBESIDADE NA

ACADEMIA DA SAÚDE: ESTUDO PILOTO

REDUCTION OF OVERWEIGHT AND OBESITY IN THE

HEALTH ACADEMY: PILOT STUDY

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INTRODUÇÃO

A Organização Mundial da Saúde define promoção da saúde como sendo o processo de emponderar as pessoas para que estas possam ter controle e melhorar sua própria saúde (WHO, 2015).

O Brasil estabeleceu desde 2006 a Política Nacional de Promoção da Saúde para ratificar o compromisso com a ampliação e qualificação das ações de promoção da saúde nos serviços e na gestão do Sistema Único de Saúde. O objetivo dessa política envolve promover a qualidade de vida e reduzir vulnerabilidade e riscos à saúde relacionados aos seus determinantes e condicionantes – modos de viver, condições de trabalho, habitação, ambiente, educação, lazer, cultura, acesso a bens e serviços essenciais (BRASIL, 2006).

A publicação dessa política trouxe um olhar diferente sobre as intervenções em saúde. A partir de então, buscou-se ampliar o escopo, tomando como objeto os problemas e as necessidades de saúde e seus determinantes e condicionantes (GUARDA et al., 2014).

A promoção da saúde, dentro do contexto da política nacional, representa uma estratégia de articulação transversal para o enfrentamento de fatores que colocam a saúde da população em risco (LOPES et al., 2016).

Há indicadores mostrando que ações de promoção da saúde podem atuar de maneira positiva em reduzir os fatores de risco e consequentemente gerar uma atenuação do impacto das doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) (BRASIL, 2013; MALTA et al., 2014a).

O Brasil, através do Sistema Único de Saúde, tem desenhado várias políticas para combater as doenças crônicas como o Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das DCNT e a Política Nacional de Alimentação e Nutrição (BRASIL, 2013a; MALTA et al., 2014a) com a proposta de estimular na população a mudança de hábitos (SILVEIRA et al., 2011; FRANZONI et al., 2013).

As estatísticas de mortalidade das capitais dos estados brasileiros indicam que a proporção de mortes por DCNT aumentou em mais de três vezes entre 1930 e 2006 (BRASIL, 2013). O aumento da população que apresenta agravos crônicos não transmissíveis enfatiza a necessidade de organização dos serviços de saúde para atender essa demanda de maneira organizada e qualificada (BRASIL, 2014a).

Há benefício da prática periódica de atividade física para o organismo (SOUZA et al., 2014a). Recomenda-se pelo menos 150 minutos de atividade física semanal de nível moderado ou 75 minutos de nível vigoroso no sentido de melhorar o estado de saúde (SOUZA et al., 2014). A atividade física é uma forma de lazer e de restaurar a saúde dos efeitos nocivos que o estresse do cotidiano proporciona. O exercício, após superado o período inicial, é uma atividade usualmente agradável e produz vários benefícios ao praticante, que incluem desde a melhora do perfil lipídico até a melhora da autoestima (SILVA et al., 2010).

Dentro do contexto da mudança de perfil da saúde o Programa Academia da Saúde surgiu com a finalidade de promover práticas corporais e atividade física, alimentação saudável, modos saudáveis de vida, produção do cuidado, entre outros, por meio de ações culturalmente inseridas e adaptadas aos territórios locais (BRASIL, 2014b).

Os objetivos do Programa Academia da Saúde são (BRASIL, 2014b):

• Fortalecer a promoção da saúde como estratégia de produção de saúde;

• Desenvolver a atenção à saúde nas linhas de cuidado, a fim de promover o cuidado integral;

• Promover práticas de educação em saúde;

• Promover ações intersetoriais com outros pontos de atenção da Rede de Atenção à Saúde e outros equipamentos sociais do território;

• Promover a convergência de projetos ou programas nos âmbitos da saúde, educação, cultura, assistência social, esporte e lazer;

• Ampliar a autonomia dos indivíduos sobre as escolhas de modos de vida mais saudáveis;

• Aumentar o nível de atividade física da população; • Promover hábitos alimentares saudáveis;

• Promover mobilização comunitária com a constituição de redes sociais de apoio e ambientes de convivência e solidariedade.

O Programa Academia da Saúde compõe, dentro do contexto do Sistema Único de Saúde, a rede de atenção à saúde, como componente da Atenção Básica, fazendo parte das linhas de cuidado. Ressalta-se a sua maior resolubilidade ao comprometer-se com a articulação intersetorial, buscando a integralidade no cuidado dos usuários do SUS (BRASIL, 2014b).

A Academia da Saúde representa um espaço para mudança de paradigma do fazer saúde em que se empodera a pessoa para o autocuidado e se procura valorizar a promoção da saúde. É um espaço privilegiado de captação de indivíduos com doenças crônicas e com fatores de risco como a obesidade (BRASIL, 2014a).

Assim, o objetivo deste trabalho foi demonstrar o impacto do Projeto 100% Saúde para pessoas com sobrepeso ou obesidade acompanhados na Academia da Saúde em um município do Brasil.

METODOLOGIA

Foi realizado um estudo do tipo prospectivo, longitudinal, envolvendo a população vinculada a duas Unidades da Estratégia Saúde da Família (ESF) em um município do interior da Bahia. Os profissionais das equipes A e B foram abordados e apresentados ao Projeto 100% Saúde, que foi criado como uma estratégia para evitar que as pessoas adoeçam, fazendo uma intervenção nos hábitos alimentares e estimulando as pessoas a adotarem práticas corporais. Os profissionais do Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) desenharam o projeto para executá-lo e contaram com espaço da Academia da Saúde construída com recursos do Ministério da Saúde e contrapartida municipal. Desenharam-se as seguintes etapas: seleção de pacientes, acompanhamento nutricional e prática de atividade física com monitoramento de parâmetros antropométricos.

As duas equipes da ESF foram informadas que deveriam ser selecionados sessenta participantes (trinta para cada equipe), de acordo com os seguintes critérios: indivíduos que se auto consideravam saudáveis ou com alguma doença crônica ou fator de risco para adoecimento e que aceitassem participar do projeto. Após essa triagem os participantes foram

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submetidos à avaliação médica e atestado de aptidão, sendo aprovadas cinquenta e seis pessoas para participarem do Projeto 100% Saúde.

No primeiro mês, os participantes receberam esclarecimentos sobre o projeto e assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido para que fizessem adesão ao projeto e permitissem o uso dos dados pela pesquisa. Cada participante recebeu um cartão de acompanhamento para marcação das consultas e atividades. O cartão possuía uma tabela com informações sobre sexo, idade, peso, data de início e IMC. Trazia também orientações para pesagem e os valores de classificação do IMC para acompanhamento.

Os usuários foram avaliados individualmente pela nutricionista e pelo educador físico, na Academia da Saúde. O atendimento nutricional incluiu cálculo de IMC, medida da

circunferência da cintura, prescrição de cardápio

individualizado, visitas domiciliares, revisão a cada três meses e rodas de conversa com os participantes.

Durante todo o projeto, o Educador Físico conduziu atividades duas vezes por semana com as pessoas realizando atividades corporais e esportivas, acompanhamento do peso e fortalecimento das articulações. As atividades de práticas corporais totalizavam sessenta minutos por dia. Atividades educativas também foram inseridas no projeto mensalmente, ministradas pelos demais profissionais do NASF (Assistente

Social, Fisioterapeuta, Fonoaudióloga, Psicóloga e

Farmacêutico) e das equipes da ESF (Médicos, Enfermeiros E Odontólogos).

Os pesos das pessoas foram obtidos a partir de uma Balança Antropométrica da marca Caumaq® LTDA (mod. AT 180, capacidade 180kg), com estadiômetro acoplado que foi utilizado para a medição de altura.

Os critérios de inclusão das pessoas foram: pessoas com sobrepeso ou obesidade que desejassem participar do projeto, atestado médico favorável e faixa etária entre 20 e 60 anos. Foram excluídos da pesquisa pessoas com deficiência, gestantes e pacientes que não foram aprovados na avaliação médica.

Este projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Faculdade de Juazeiro do Norte através do parecer número 1.342.469.

RESULTADOS E DISCUSÃO

Este estudo fez uma descrição dos usuários que foram selecionados para participar de um projeto para promover a saúde, denominado Projeto 100% Saúde, dentro da Academia da Saúde. As academias foram inseridas no Sistema Único de Saúde (SUS) na perspectiva de oportunizar espaços físicos para o desenvolvimento de ações voltadas para incentivar estilo de vida saudável e que podem agregar ações de alimentação saudável (MALTA et al., 2016). A proposta da adoção de práticas corporais está ligada ao conceito de qualidade de vida. Esse conceito coloca sua centralidade na capacidade de viver sem doenças ou de superar as dificuldades dos estados ou condições de morbidade (COELHO E BURINI, 2009).

O Projeto 100% Saúde iniciou suas atividades em 24 de julho de 2015 e finalizou em 12 de julho de 2016. Cinquenta e seis pessoas foram encaminhadas, mas apenas dezoito finalizaram o período de intervenção.

O perfil dos participantes do projeto está registrado na Tabela 1. Os participantes finalistas deste trabalho foram 100% do sexo feminino, maioria de faixa etária entre 40 e 49 anos, com histórico de hipertensão na família (88%), sem doença declarada à época do projeto (72%) e em sua maioria sedentários (61%).

A maioria experimentou com o projeto perda de peso (67%), redução da circunferência da cintura (72%) e redução do IMC mudando de classificação (obesidade II para sobrepeso – 16%) durante a vigência do projeto (Tabelas 2, 3 e 4).

Para este projeto, considerou-se indivíduos com sobrepeso aqueles com IMC de 25 kg/m² a 29,9 kg/m² e obesidade, IMC de 30 kg/m² a ≥ 40 kg/m² (BRASIL, 2014a).

A expectativa do projeto era incentivar a perda de peso através de práticas corporais e orientação sobre alimentação saudável utilizando o espaço da Academia da Saúde. Sabe-se que a atividade física produz uma série de efeitos benéficos como redução do risco por doenças do coração e reduz o impacto de fatores como o ganho de peso (COLOMBO et al., 2013; SONATI et al., 2014; FERREIRA et al., 2015). Programas comunitários de atividade física vem sendo descritos como motivadores para a busca de uma melhor qualidade de vida (FERREIRA et al., 2015).

Tabela 1 - Parâmetros antropométricos das pessoas que participaram do Projeto 100% Saúde no período de jul-2016 a jul-2017 Variável n % Sexo Feminino 18 100 Masculino - - Faixa etária 20 a 29 4 22 30 a 39 5 28 40 a 49 8 44 50 a 59 1 6 Total 18 100

Histórico de doença na família

Hipertensão 8 44

Hipertensão e diabetes 8 44

Sem doenças aparentes 2 12

Total 18 100

Histórico pessoal

Hipertensão 3 16

Outros 2 12

Sem doenças declaradas 15 72

Total 18 100

Prática de atividade física anterior

Sim 7 39

Não 11 61

Total 18 100

Diversas pesquisas mostram associação entre aumento dos níveis de atividade física e redução da mortalidade geral e por doenças cardiovasculares em

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indivíduos adultos e idosos. Apesar de ainda não estarem totalmente compreendidos, os mecanismos que ligam a atividade física à prevenção de doenças e seu tratamento e incapacidade funcional, incluem especialmente a redução da adiposidade corporal, a queda da pressão arterial, a melhoria do perfil lipídico e da sensibilidade à insulina, o aumento do gasto energético, da massa e força muscular, da capacidade cardiorrespiratória, da flexibilidade e do equilíbrio (COELHO E BURINI, 2009). Associado a isso, destaca-se o papel da alimentação como proposta para prevenção do ganho de peso, do surgimento de doenças crônicas e melhora a qualidade de vida (SICHIERI, 2000).

Tabela 2 – Variação de peso entre as pessoas participantes do Projeto 100% Saúde no período de jul-2016 a jul-2017

Pessoas Peso inicial (kg) Peso final (kg) Redução de peso (Kg)

P1 71,3 69,4 1,9 P2 70,2 66,3 3,9 P3 69,2 62,3 6,9 P4 85,1 75,6 9,5 P5 82,6 73,4 9,2 P6 111,8 103,8 8 P7 95,7 91 4,7 P8 73,2 72,3 0,9 P9 93,2 85,8 7,4 P10 63,3 61,3 2 P11 69,5 69,3 0,2 P12 103 91,6 11,4 P13 93,6 94,1 -0,5 P14 65,7 66,4 -0,7 P15 64,3 65,8 -1,5 P16 67,4 69,3 -1,9 P17 72 75,3 -3,3 P18 70,2 70,7 -0,5

Números de 2013 da Federação Mundial de Obesidade apontam que em torno de um bilhão de adultos esteja com sobrepeso e outros 475 milhões com obesidade (MALTA et al, 2014a).

As práticas corporais e atividades físicas também fazem parte das prioridades para a PNPS. Compreendem promover ações, aconselhamento e divulgação de práticas corporais e atividades físicas, incentivando a melhoria das condições dos espaços públicos, considerando a cultura local e incorporando brincadeiras, jogos, danças populares, dentre outras práticas (BRASIL, 2014a).

A primeira constatação desse trabalho foi a dificuldade para manter as pessoas no projeto, apesar dos conhecidos benefícios do mesmo. Observou-se uma dificuldade de se acompanhar a evolução do indivíduo em projetos como esse, fato já constatado na literatura (MACHADO et al., 2013). Entre os que concluíram o período do estudo, observou-se uma maioria que, apesar de histórico familiar de hipertensão ou hipertensão e diabetes, não tinham em seu histórico individual uma doença diagnosticada. Isso pode ser um indicador de

preocupação em evitar o surgimento de doenças. A maioria da amostra (n=18) também referiu não ter prática de atividade física anterior e isso vem a fortalecer o papel da Academia da Saúde em estimular as pessoas a praticar atividade física. Este trabalho não investigou as causas da desistência de 68% dos inscritos.

Tabela 3 – Parâmetros antropométricos avaliados entre as pessoas participantes do Projeto 100% Saúde no período de jul-2016 a jul-2017 Variável n % Variação de peso (kg) Perda de 0 a 1,9 3 16 Perda de 2 a 3,9 2 12 Perda de 4 a 6,9 2 12 Perda de 7 a 9,9 4 22 Perda Acima de 10 1 6 Ganho de peso 6 33 Total 18 100 Circunferência do abdômen (cm) Sem redução 4 24 De 0,1 a 2,0 3 16 De 2,1 a 4,0 3 16 De 4,1 a 6,0 5 32 Acima de 10 2 12 Ganho de 2,0 1 6 Total 18 100

Tabela 4 – Comportamento do IMC avaliado antes e depois entre as pessoas participantes do Projeto 100% Saúde no período de jul-2016 a jul-2017

Índice de Massa Corporal (kg/m2) Antes Depois

Normal (18,6 a 24,9) 1 1

Sobrepeso (25 a 29,9) 5 8

Obesidade grau I (30 a 34,9) 7 7

Obesidade grau II (35 a 39,9) 4 1

Obesidade grau III

(Maior ou igual a 40) 1 1

Total 18 18

Apesar do pequeno número de pessoas restante ao final do período, a perda de peso aconteceu para 67% das pessoas. Um fator que precisa ser levado em consideração é que nesse desenho, apenas foram realizados dois encontros semanais, o que deve ter sido insuficiente para promover uma maior perda de peso por parte das pessoas. Outros trabalhos referem mais dias de atividade por semana para o alcance de maiores perdas (COLOMBO et al., 2013). Uma dificuldade em comparar resultados é que há uma escassez de estudos contendo resultados de intervenções em atividade física sobre grupos de pessoas na Academia da Saúde.

Outro fator importante a ser considerado foi a diminuição da circunferência abdominal em 72% dos

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participantes. Segundo as Diretrizes Brasileiras de Obesidade (2009/2010), a medida da circunferência abdominal reflete melhor o conteúdo de gordura visceral e também se associa muito à gordura corporal total. A OMS estabelece como ponto de corte para risco cardiovascular aumentado medida de circunferência abdominal igual ou superior a 94 cm em homens e 80 cm em mulheres caucasianos.

De acordo com a Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica, o problema do excesso de peso e da obesidade tem alcançado proporções epidêmicas no mundo todo. A Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2008-2009, realizada em parceria entre o IBGE e o Ministério da Saúde, analisando dados de 188 mil pessoas brasileiras em todas as idades, mostrou que a obesidade e o excesso de peso têm aumentado rapidamente nos últimos anos, em todas as faixas etárias. Neste levantamento, 50% dos homens e 48% das mulheres se encontram com excesso de peso, sendo que 12,5% dos homens e 16,9% das mulheres apresentam obesidade. É bem estabelecida a relação da obesidade com as complicações para a saúde. A lista de problemas é longa, destacando-se o diabetes mellitus tipo 2, as dislipidemias, a apneia do sono, as doenças cardiovasculares e a alta mortalidade. (ABESO, 2010).

O excesso de peso é frequentemente apontado como muito prevalente. Ele e a obesidade constituem o sexto fator de risco mais importante para a carga global de doenças. Estão associados a doenças como o diabetes, a cirrose, as doenças cardiovasculares, entre outras (MALTA et al, 2014a; PEIXOTO et al., 2015). O determinante mais imediato do excesso de peso está no balanço energético positivo, onde a ingestão calórica é superior ao gasto calórico, acarretando acúmulo de energia sob a forma de gordura (BRASIL, 2014).

Há muito a literatura tem demonstrado que o sobrepeso e a obesidade são oriundos da baixa qualidade da alimentação e do sedentarismo. Além disso, hábitos como assistir TV associado com a ingestão de alimentos calóricos contribuem sensivelmente para o agravamento do peso (SALVE; BANKOFF, 2015; DORNELLES; ANTON; PIZZINATO, 2014).

Aproximadamente 50% das pessoas com 65 ou mais anos que apresentam sobrepeso e obesidade têm hipertensão arterial. Isso significa que muitos dos doentes idosos hipertensos têm peso corporal excessivo. Em um estudo, 60 a 70% dos hipertensos atribuíram o aumento da pressão arterial ao excesso de peso e, em outro verificou-se uma relação entre IMC e pressão arterial. No dizer dos autores, na maior parte dos casos, são os hábitos alimentares, através da ingestão excessiva de calorias e consumo excessivo de sal, com a correspondente retenção de líquidos que provoca o aumento do peso corporal e da pressão arterial. A agravar esta situação estará o sedentarismo e a diminuição da atividade física (MÁRTIRES; COSTA; SANTOS, 2013). A Sociedade Brasileira de Hipertensão mostra que a relação entre os aumentos de peso e da pressão arterial é quase linear, sendo observada em adultos e adolescentes. Perdas de peso e da circunferência abdominal correlacionam-se com reduções da PA e melhora de alterações metabólicas associadas (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, 2010).

CONCLUSÃO

O Projeto 100% Saúde conseguiu promover uma perda de peso naqueles pacientes que participaram do período do estudo. Percebeu-se que a perda de peso poderia ter sido maior se alguns aspectos do projeto fossem aplicados de forma diferente como o número de aulas de atividades física por semana. Os autores consideram que os resultados deste trabalho ficaram comprometidos por causa da pequena amostra restante.

A maior dificuldade foi manter as pessoas no projeto. A baixa adesão não foi investigada pelos autores. Esse fato revela que a execução de uma Política Nacional de Promoção da Saúde vai além da existência de espaços como a Academia da Saúde e da presença de equipe multiprofissional. São necessárias estratégias que envolvam por exemplo, qualificação do diálogo e negociação para que as pessoas possam refletir sobre a qualidade de vida que desejam ter e de assumir um papel de protagonismo no cuidado de si mesmas. Sem esse pensar, corre-se o risco dos investimentos em contratação de pessoal e infraestrutura ficarem subutilizados. Durante a execução do trabalho, percebeu-se que os profissionais da saúde estão pouco preparados para lidar com o fenômeno da baixa adesão das pessoas em iniciativas como essa, e isso pede intervenções nos cursos de graduação e pós-graduação.

REFERÊNCIAS

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Tabela  1  -  Parâmetros  antropométricos  das  pessoas  que  participaram do Projeto 100% Saúde no período de jul-2016  a jul-2017  Variável  n  %  Sexo  Feminino  18  100  Masculino  -  -  Faixa etária  20 a 29  4  22  30 a 39  5  28  40 a 49  8  44  50
Tabela 2 – Variação de peso entre as pessoas participantes  do Projeto 100% Saúde no período de jul-2016 a jul-2017

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