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Perfil psicológico de prestação e orientações cognitivas no andebol

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO

Perfil Psicológico de Prestação e Orientações

Cognitivas no Andebol

Dissertação de Mestrado em Psicologia

Joana Manuel de Sousa Barroca Moreira

Orientador: José Jacinto Vasconcelos-Raposo

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III

Dissertação apresentada à Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, para a obtenção do grau de Mestre em Psicologia, especialização em Psicologia do Desporto, sob a orientação do Professor Catedrático José Jacinto Vasconcelos-Raposo.

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V

AGRADECIMENTOS

«Tudo quanto fazemos, na arte ou na vida, é a cópia imperfeita do que pensámos em fazer».

Fernando Pessoa

Ao professor José Vasconcelos-Raposo, pela sua fantástica transmissão de conhecimentos e orientação inigualável, que me fez descobrir a pequena investigadora que há em mim.

A todos os dirigentes, treinadores, fisioterapeuta e atletas do Andebol do Futebol Clube do Porto, pela magnífica oportunidade e por todo o apoio, dedicação e disponibilidade ao longo da elaboração deste projecto. Um especial bem-haja ao professor José Magalhães.

Ao professor Joaquim Escola, com quem pude sempre contar, pela constante disponibilidade para resolver os contratempos ao longo destes 5 anos.

‘Às de Bragança’, obrigada pela compreensão quando precisei de sacrificar dias e fins-de-semana da vossa companhia em prol do trabalho e obrigada por estarem sempre comigo e me terem feito acreditar de que era capaz.

A elas, que Vila Real não teria o mesmo significado (especial e único) sem as nossas partilhas e entregas, que nunca deixaram que me sentisse só nestes 5 anos. Um especial obrigada à Lia Temudo, essencial e única, por juntas termos aprendido a ultrapassar todos os obstáculos, mesmo que em alguns nos tivéssemos visto gregas.

Ao meu dia-a-dia no Porto, que me ensinou a desafiar o impossível e a eternidade, e me fez ver a vida com outros olhos.

À minha família, que me moldaram e me fizeram esboçar um sorriso quando mais precisei dele. Em especial ao meu pai e à minha mãe, pelo verdadeiro significado de amor incondicional, principais responsáveis pelo meu trajecto académico e de vida. E à minha avó, força da natureza, modelo e orgulho de vida, que me ensina sempre a procurar novas formas de encontrarmos as nossas forças.

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VI

RESUMO

Objectivou-se caracterizar o perfil psicológico de prestação de jogadores de andebol e identificar as diferenças entre escalões (iniciados, juvenis, juniores e seniores) ao nível dos skills psicológicos. A amostra contou com 57 andebolistas do sexo masculino nascidos entre 1977 e 1997. Foram utilizados 3 instrumentos, o Perfil Psicológico de Prestação, Questionário sobre a Orientação para a Tarefa e para o Ego no Desporto e Escala de Negativismo e Autoconfiança. Os resultados indicam que os jogadores de andebol se preparam mentalmente para a competição contudo não o fazem de forma sistemática. De um modo geral, os andebolistas seniores têm skills psicológicos mais desenvolvidos, tendo sido encontradas diferenças significativas na autoconfiança, controlo do negativismo, atitude competitiva e motivação. Averiguou-se que existem diferenças significativas entre os escalões na orientação para a tarefa e que os atletas do escalão mais elevado têm as médias mais altas na orientação para a tarefa e as mais baixas na orientação para o ego. Nas dimensões da ENAC, verificou-se que existem diferenças inter-escalões ao nível da autoconfiança e que os seniores são os que têm médias mais altas de autoconfiança e os juniores médias mais baixas de negativismo. Os anos de prática da modalidade e o tempo de presença no clube influenciam os skills psicológicos, as orientações cognitivas, a autoconfiança e o negativismo, embora por si só não assegurem um nível óptimo de preparação psicológica. Os valores dos skills psicológicos, orientação cognitiva, autoconfiança e negativismo são idênticos independentemente da posição ocupada em campo. Concluiu-se que a psicologia do desporto tem um papel fulcral no deConcluiu-senvolvimento dos skills psicológicos, que por sua vez são preponderantes na melhoria da prestação do andebolista e no alcance do sucesso desportivo.

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VII

ABSTRACT

It was aimed to characterized the psychological profile of handball player’s performance and indentify psychological variables that differentiate players of different competitive levels (started, juvenile, junior and senior). 57 male handball players participated in investigation, born between 1977 and 1997. Three instruments were used, the Psychological Performance Inventory (PPP), the Task and Ego Orientation in Sport Questionnaire (TEOSQ) and Scale of Negativism and Self-Confidence (ENAC). The results suggest that the handball players prepare mentally for the competition, but they don’t do it systematically. In general the senior handball players have more developed psychological skills, and significant differences were found in self-confidence, control of the negativism, competitive attitude and motivation. There are significant differences between the levels in task orientation, and it was verified that the players of higher competitive level have the highest averages in task orientation and lower in ego orientation. In the dimensions of ENAC, it was found that there are differences between levels in the self-confidence, and seniors are those with higher scores of self-confidence and the juniors have a lower average of negativism. The years of practice and the time spent by the sport club influence the psychological skills, cognitive orientations, self-confidence and negativism, although by itself doesn’t guarantee an optimal level of psychological preparation. The scores of psychological skills, cognitive orientation, self-confidence and negativism didn’t differ according distinct game positions. It was concluded that sport psychology has a key role in the development of psychological skills, which in turn are crucial in improving the athletic performance of handball players and in achieving sporting success.

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VIII

ÍNDICE GERAL

AGRADECIMENTOS……….. V RESUMO……….. VI ABSTRACT……… VII ÍNDICE GERAL………... VIII ÍNDICE DE QUADROS………... X LISTA DE ABREVIATURAS………... XII

1. INTRODUÇÃO……… 1

1.1 O andebol e a sua história………. 2

1.2 O problema………... 4

1.3 Organização e estrutura do trabalho………. 5

2. REVISÃO DA LITERATURA……… 7

2.1 Factores psicológicos determinantes do rendimento desportivo……….. 7

2.2 Autoconfiança………... 8 2.3 Negativismo……….. 9 2.4 Pensamentos Positivos……… 10 2.5 Atenção………....11 2.6 Imagética……….... 12 2.7 Atitude Competitiva………... 13 2.8 Motivação……….. 14 2.8.1 Orientações cognitivas……….. 14 3. METODOLOGIA………. 18 3.1 Amostra………. 18 3.2 Variáveis……… 20 3.3 Instrumentos………. . 20

3.3.1 Questionário de dados pessoais………... 21

3.3.2 Perfil Psicológico de Prestação………... 21

3.3.3 Questionário de Orientação para a Tarefa e para o Ego no Desporto……….. 22

3.3.4 Escala de Negativismo e Autoconfiança……… 23

3.4 Procedimentos………...…. 23

3.4.1 Procedimentos estatísticos………... 24

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IX

4. RESULTADOS……….. 26

4.1 Skills Psicológicos……….. 26

4.1.1 Escalão competitivo……… 27

4.1.2 Anos de prática da modalidade………... 28

4.1.3 Tempo de presença no clube….………... 29

4.1.4 Posição competitiva……… 30

4.2 Orientações cognitivas……… 32

4.2.1 Escalão competitivo……… 32

4.2.2 Anos de prática da modalidade………... 33

4.2.3 Tempo de presença no clube……….. 34

4.2.4 Posição competitiva……… 35

4.3 Negativismo e Autoconfiança……… 36

4.3.1 Escalão competitivo……… 37

4.3.2 Anos de prática da modalidade………... 38

4.3.3 Tempo de presença no clube……….. 38

4.3.4 Posição competitiva……… 39

4.4 Correlações………. 40

4.5 Sumário………... 43

5. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS……….. 45

5.1 Skills Psicológicos……….. 45

5.2 Orientações cognitivas………50

5.3 Negativismo e Autoconfiança……….53

5.4 Correlações………... 55

6. CONCLUSÕES……….. 57

6.1 Recomendações para futuras investigações………..…... 58

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X

ÍNDICE DE QUADROS

Quadro 1 – caracterização da amostra em função do escalão competitivo 18

Quadro 2 – caracterização da amostra em função dos anos de prática da

modalidade 19

Quadro 3 – caracterização da amostra em função do tempo de presença no clube 19

Quadro 4 – caracterização da amostra em função da posição competitiva 20

Quadro 5 – itens utilizados para o cálculo de cada skill psicológico do PPP 21 Quadro 6 – significado dos valores de PPP 22 Quadro 7 – itens utilizados para o cálculo das escalas do TEOSQp 22 Quadro 8 – itens utilizados para o cálculo das escalas da ENAC 23 Quadro 9 – análise descritiva dos skills psicológicos 26 Quadro 10 – comparação e diferenciação dos skills psicológicos em função do escalão

competitivo 27

Quadro 11 – comparação e diferenciação dos skills psicológicos em função dos anos de

prática da modalidade 29

Quadro 12 – comparação e diferenciação dos skills psicológicos em função do tempo

de presença no clube 30

Quadro 13 – comparação e diferenciação dos skills psicológicos em função da posição

competitivo 31

Quadro 14 – análise descritiva das orientações cognitivas 32 Quadro 15 – comparação e diferenciação das orientações cognitivas em função do

escalão competitivo 33

Quadro 16 – comparação e diferenciação das orientações cognitivas em função dos

anos de prática da modalidade 34

Quadro 17 – comparação e diferenciação das orientações cognitivas em função do

tempo de presença no clube 35

Quadro 18 – comparação e diferenciação das orientações cognitivas em função da

posição competitiva 36

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XI

Quadro 20 – comparação e diferenciação do negativismo e da autoconfiança2 em

função do escalão competitivo 37

Quadro 21 – comparação e diferenciação do negativismo e da autoconfiança2 em função dos anos de prática da modalidade 38 Quadro 22 – comparação e diferenciação do negativismo e da autoconfiança2 em

função do tempo de presença no clube 39

Quadro 23 – comparação e diferenciação do negativismo e da autoconfiança2 em

função da posição competitiva 40

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XII

LISTA DE ABREVIATURAS

C Central

CSAI Competitive State Anxiety Inventory

DP Desvio padrão

ENAC Escala de Negativismo e Autoconfiança

F Razão F

FAP Federação de Andebol de Portugal

GR Guarda-Redes

L Lateral

M Média

P Ponta

Piv Pivot

PPP Perfil Psicológico de Prestação

SPSS Statistical Package for the Social Sciences TEOSQ Task and Ego Orientation in Sport Questionnaire

U Universal

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1

1. INTRODUÇÃO

O desporto nos dias de hoje tem uma importância muito para além dos benefícios individuais de quem o pratica, este não deve ser visto apenas como importante para a comunidade e agentes desportivos relacionados com ele. Uma análise do desporto, no tempo, demonstra que este se tem constituído como um factor fundamental para o desenvolvimento social e cultural de todos os povos do mundo (Scalon, 2004).

O envolvimento regular no desporto proporciona benefícios sociais, funcionais e psicológicos (Santana, 2009), desta forma, a psicologia do desporto e da actividade física tem como preocupação e objecto central de estudo, perceber os efeitos dos factores psíquicos e emocionais sobre o rendimento desportivo e o efeito da participação num desporto sobre esses mesmos factores psíquicos e emocionais (Cox, 2009).

A praxis desportiva deve actuar como uma forma de transmitir valores correctos e saudáveis, sendo esses valores transmitidos essencialmente pelos treinadores, professores, pais, entre outros (Vasconcelos-Raposo & Mahl, 2005). Para acompanhar as exigências e a complexidade inerentes ao desporto é necessário procurar estratégias eficazes para a optimização do rendimento de um atleta. A psicologia do desporto tem tido um papel preponderante na busca dessas estratégias que permitem ao atleta enfrentar os desafios e optimizar o seu rendimento desportivo, tanto a nível de treino como de competição. Snyder, Lopez e Pedrotti (2010) corroboram a ideia, afirmando que a psicologia do desporto é uma abordagem científica aplicada na procura dos pontos fortes do indivíduo e na promoção das suas capacidades positivas.

Desde o período clássico, em Atenas, existem alusões à utilização do treino mental no desporto, em que era solicitado aos atletas que treinassem tanto o corpo quanto a mente. Fonseca (2007) defende que, tal como as habilidades motoras, as habilidades cognitivas também devem ser treinadas, de forma que os desportistas possam aperfeiçoar as suas capacidades motoras através da optimização das competências psicológicas.

O Perfil Psicológico de Prestação permite identificar os níveis de preparação dos atletas nas diferentes componentes psicológicas (autoconfiança, controlo do negativismo, atenção, imagética, motivação, pensamentos positivos e atitude competitiva) de forma a categorizar o perfil de prestação dos desportistas. A obtenção

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2

de valores elevados reflecte prestações desportivas mais consistentes. Conhecendo o nível de preparação dos atletas é possível planear e elaborar intervenções mais adequadas às necessidades e especificidades de cada desportista.

Nos últimos anos tem sido crescente o número de equipas que incluem o treino psicológico como parte integrante do programa de treino implementado e espera-se que, nos próximos tempos, aumente a inclusão de psicólogos desportivos nas equipas desportivas a fim de melhorar o potencial dos atletas e da equipa.

1.1

O andebol e a sua história

O andebol caracteriza-se por ser uma modalidade de elevada intensidade uma vez que exige que os atletas executem inúmeras acções motoras num curto espaço de tempo tais como sprints, saltos, blocos defensivos, contacto físico, mudanças de direcção, remates, entre outras. Almeida (2009) corrobora com a ideia, afirmando que são características essenciais do andebol o contacto físico constante com os adversários, o máximo empenhamento no jogo, a resistência para as colisões e faltas e a capacidade de responder às exigências de mudanças súbitas de direcção e sentido. O andebol é o resultado de uma série de influências de jogo de equipa, de alta velocidade em que se passa a bola de mão em mão até encontrar o golo (Vieira & Freitas, 2007).

Diversos autores (Gonçalves, 2003; Borges, 2007; Vieira & Freitas, 2007; e a FAP) serviram de base para construir a cronologia que se apresenta de seguida, quer a nível internacional quer a nível nacional.

Existem várias teorias pouco consensuais sobre o local de surgimento do andebol, mas pensa-se que este terá surgido na Ásia ou na Europa. Algo semelhante ao jogo de andebol, conhecido por Jogo da Ucrânia, foi retratado na Odisseia de Homero, este jogo terá surgido em Atenas, mítica cidade do desporto, em 600 A.C. Na passagem da Idade Média para o Renascimento, praticavam-se em França certas actividades recreativas idênticas ao jogo de andebol. No século XVIII, pela mão do dinamarquês Holger Nielsen, difundiu-se o jogo designado Handbold. Uns anos mais tarde, na antiga Checoslováquia, surgiu uma outra variante denominada Azena e pela mesma altura, Gualberto Valetta dava a conhecer o El Balón no Uruguai. No final do século XIX ainda não havia uma homogeneização total das regras e das intenções do jogo, tendo o andebol moderno sido originado fundamentalmente a partir dos jogos Azena, Handbold e Torball. Só em 1890 é que se dá uma intensificação dos três jogos referidos, havendo

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3

uma uniformização de utilização de baliza de cada lado e área reservada ao guarda-redes, com o objectivo de cada equipa passar a bola com a mão e executando um remate final, tentando marcar golo na baliza adversária. Os principais impulsionadores da modalidade foram o dinamarquês Holger Nielsen, o sueco G. Wallstrom e os alemães Konrad Kech, Wasc Heiser, Hirschmann e Karl Schelenz sendo estes dois últimos, considerados por muitos, os pais do andebol. Apenas após o fim da 1ª guerra mundial, em 1920, deu-se a uniformização oficial do andebol de 11, e em 1928 houve o reconhecimento da 1ª associação internacional de andebol, a designada International Amateur Handball Federation (IAHF). A modalidade foi incluída pela primeira vez nos jogos olímpicos em 1936, ocorridos em Berlim, dois anos depois disputou-se o I Campeonato do Mundo de Andebol, com vitória da Alemanha. Apenas a partir de 1954 é que as competições internacionais de andebol da variante de 7 passaram a ser disputadas com regularidade.

A nível nacional, muito antes de ser divulgado o andebol no país, existia na cidade do Porto um jogo semelhante, conhecido por Malheiral, pelo facto do seu criador se chamar Porfírio Malheiro. Em 1914 surgem no país algumas modalidades idênticas ao andebol dos dias de hoje mas só em 1929 Armando Tschopp traz o andebol para Portugal como era conhecido no resto do mundo. A 5 de Outubro de 1930 realizou-se o primeiro jogo entre duas equipas portuguesas de andebol, ainda na variante de 11, o Futebol Clube do Porto frente ao Sport Clube do Porto, embora alguns defendam que apenas a 31 de Janeiro de 1931 se tenha realizado o primeiro jogo oficial da modalidade. O primeiro jogo entre uma equipa do Porto e uma equipa de Lisboa realiza-se no ano de 1934 e o país reconheceu o realiza-seu primeiro campeão nacional de andebol em 1939. Nesse mesmo ano, a 1 de Maio constitui-se de forma oficial a Federação Portuguesa de Andebol (FPA). Dez anos depois, em 1949 o alemão Henrique Feist introduziu a variante de 7 e realiza-se o último jogo de andebol de 11 em 1957, acabando por emergir na década de 70 a prática de andebol feminino no país.

O andebol de 7 é uma modalidade relativamente recente no nosso país em comparação com outras modalidades. Segundo a FAP, antigamente designada Federação Portuguesa de Andebol, o grande incremento desta modalidade a nível mundial deve-se ao aparecimento da variante do andebol de 7 em detrimento do andebol de 11, praticado originalmente. A crescente popularidade do andebol de 7 conduziu à extinção gradual do andebol de 11 tanto no nosso país como a nível mundial. É

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consensual que o andebol nos dias de hoje em Portugal tem uma importância inegável, e as estatísticas apresentadas pela FAP confirmam-no, mais de 30 mil atletas e agentes desportivos, prática regular nacional, é a modalidade mais praticada pelas mulheres portuguesas e o crescente incremento de audiência aos jogos devido a participações internacionais. Vieira e Freitas (2007) assumem que a riqueza do andebol está justamente no facto de ser uma mistura de diversas práticas desportivas reconhecidas num amplo período da história da humanidade.

O andebol é um jogo rápido onde o número de decisões a tomar num curto espaço de tempo é uma constante, além de evidenciar altas exigências atencionais (devido à própria rapidez e dinâmica). Há ainda, no caso específico deste estudo, elevadas exigências a nível de clube, uma vez que os atletas integram um clube nacional que se encontra na 1ª divisão e é o clube nacional com maior número de títulos no conjunto de todos os escalões. A modalidade impõe que o atleta mantenha uma concentração alta e esteja apto para responder às exigências físicas da competição, desta forma, é necessário que o andebolista tenha não só uma elevada preparação física, mas também é fundamental que este esteja capaz psicologicamente, tendo uma boa preparação mental. Fernandes, Bombas, Lázaro e Vasconcelos-Raposo (2007) corroboram a ideia, defendendo que para manter um estado psicológico compatível com as exigências impostas pela competição é necessário que o atleta acredite nas suas capacidades (autoconfiança), se mantenha em controlo da situação, com ausência de negativismo, esteja alerta a todos os factores que lhe permitam identificar, atempadamente, as circunstâncias, estando preparado para agir em conformidade com elas (atenção/concentração) e reafirme as suas capacidades e/ou determinação durante a competição (atitude competitiva).

1.2

O problema

É importante para os treinadores e outros agentes desportivos perceberem como é que as características psicológicas dos atletas se alteram ao longo da vida desportiva, e quais as variáveis que mais influenciam essas alterações, de modo a criar planos de intervenção úteis visando as especificidades da modalidade e do atleta. Uma vez que os atletas pertencentes ao mesmo escalão têm vivências desportivas muito idênticas (tais como, treinos, treinador, horas de treino, torneios, jogos, idades semelhantes),

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5

consideramos ser importante determinar o perfil psicológico de prestação em função dos escalões de forma a tentar perceber quais os aspectos psicológicos que caracterizam cada escalão e quais as principais diferenças existentes entre eles. Loehr (1986) e mais tarde Vasconcelos-Raposo (1993) defenderam que quanto maior o nível competitivo, maior importância é atribuída à dimensão psicológica no rendimento desportivo.

Os skills psicológicos podem ser avaliados e determinados através do Perfil Psicológico de Prestação, e por isso se torna tão essencial o aprofundamento dos conhecimentos acerca desta temática, estabelecendo-se especificamente neste estudo uma comparação entre os escalões competitivos.

O controlo da energia negativa e do estado de ansiedade, a visualização mental, a autoconfiança e a habilidade de concentração são fulcrais para atingir a elite (Bois, Sarrazin, Southon, & Boiché, 2009). Torna-se então necessário para os treinadores e dirigentes desportivos perceber como os atletas se sentem psicologicamente de modo a poder prever em parte os seus comportamentos e, consequentemente, planear o seu futuro desportivo, orientando-os segundo as necessidades específicas de cada escalão e de cada atleta.

O objectivo central definido para este estudo é a comparação de diferentes escalões competitivos, diferentes anos de prática da modalidade, diferentes tempos de presença no clube e diferentes posições competitivas ao nível dos skills psicológicos (autoconfiança, controlo do negativismo, atenção, imagética, motivação, pensamentos positivos e atitude competitiva) e das orientações cognitivas (orientação para a tarefa e para o ego).

1.3

Organização e estrutura do trabalho

O presente trabalho está organizado por capítulos. Inicialmente é feita uma introdução onde se descreve e delimita o problema, incluindo os objectivos e a pertinência do projecto. Seguidamente é apresentado o capítulo da revisão da literatura onde é feito um enquadramento teórico dos conceitos e no qual se destacam os resultados obtidos noutros estudos com as variáveis abordadas neste trabalho. No capítulo da metodologia são descritas a amostra, as variáveis, os instrumentos, os procedimentos funcionais e estatísticos bem como as dificuldades e limitações encontradas ao longo do estudo. Segue-se a apresentação dos resultados alcançados e a

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6

discussão entre os nossos resultados e os resultados obtidos noutros estudos. Posteriormente são expostas as principais conclusões, é feita uma reflexão e apresentadas as propostas para futuras investigações. Numa última instância incluem-se as referências bibliográficas e os anexos.

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7

2. REVISÃO DA LITERATURA

Neste capítulo será apresentada uma revisão da literatura no âmbito dos constructos e das variáveis psicológicas abrangidas no estudo. Serão também descritos os resultados obtidos noutros estudos referentes à temática da nossa investigação, especificamente para cada uma das variáveis dependentes autoconfiança, negativismo, pensamentos positivos, atenção, imagética, atitude competitiva, motivação e orientações cognitivas. Foi dada especial relevância aos exemplos e estudos relacionados com o andebol.

2.1

Factores psicológicos determinantes do rendimento

desportivo

Torna-se cada vez mais importante perceber como é que um atleta age, sente e pensa a prática desportiva, e para isso é essencial perceber a sua personalidade desportiva. “A compreensão e determinação das componentes psicológicas geradoras de diferenças de rendimento nos momentos de competição revela-se fundamental para o desenvolvimento de intervenções adequadas ao nível do treino desportivo” (Bodas, Lázaro, & Fernandes, 2007, p. 33). O aumento do número de investigações relativas à compreensão dos factores psicológicos determinantes do rendimento desportivo tem sido uma mais-valia para os psicólogos desportivos implementarem programas de treino psicológicos que se coadunem com as necessidades dos atletas.

Conhecer a forma como os atletas pensam é particularmente útil para os treinadores pois poderão antever como actuar no futuro com esse mesmo atleta (Van Raalte, Cornelius, Brewer, & Hatten, 2000), tendo em conta as suas necessidades e especificidades.

Krane e Williams (2006) afirmam que os factores psicológicos determinantes para alcançar a excelência desportiva são a elevada confiança, concentração na tarefa, olhar para as adversidades como um desafio, o perfeccionismo, as atitudes positivas, as cognições sobre desempenho e a forte determinação e compromisso. MacNara, Burton e Collins (2010) acrescentam ainda que a chave do sucesso reside na capacidade dos atletas lidarem com a pressão e na habilidade de se manterem no topo, para além da habilidade de chegar lá.

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8

A determinação do perfil psicológico de prestação contribui para o conhecimento psicológico do indivíduo enquanto atleta. Tal como afirma Vasconcelos-Raposo (1992), cada atleta possui um estado psicológico ideal para a prestação e este é condicionado por variáveis que dão o seu contributo para a caracterização do atleta ao nível da sua prestação. Assim, se conhecermos os parâmetros e os factores que estão relacionados com a prestação de um atleta, podemos elaborar planos que permitam corrigir as lacunas da sua prestação e potenciar os aspectos positivos da mesma.

2.2

Autoconfiança

A autoconfiança é uma das variáveis psicológicas que tem maior valor preditivo do sucesso competitivo (Loehr, 1986), esta diz respeito à crença que o atleta tem acerca dos seus recursos internos, em especial as suas próprias habilidades, para atingir o sucesso (Vealey & Chase, 2008). Burton e Raedeke (2008) acrescentam que a autoconfiança é uma acumulação de todas as realizações em diferentes tarefas e situações juntamente com a preparação para o próximo evento, o que permite ao atleta desenvolver expectativas específicas de alcançar o sucesso futuro.

Ouvimos muitas vezes dizerem que um atleta ou uma equipa estão com elevada confiança, contudo a autoconfiança não se baseia apenas em discursos como “vamos ganhar”, “estamos confiantes” e “nem pensamos em perder” mas, tal como afirma Buceta (2004), a autoconfiança é um estado interno que implica um conhecimento real da dificuldade do objectivo e dos recursos individuais que o atleta pode ou não utilizar para conseguir esse mesmo objectivo.

A autoconfiança no desporto foi conceptualizada por Cruz e Viana (1996) num continuum que varia entra a falta de confiança e confiança excessiva, o nível óptimo de confiança situar-se-á entre estes dois extremos.

Qualquer atleta ou treinador reconhece a importância da autoconfiança para o sucesso desportivo, quer a nível individual quer a nível colectivo, assim não basta definir autoconfiança, é necessário perceber como é que esta influencia a performance de um atleta. Machado (2006) defende que quando a autoconfiança é desenvolvida em níveis ideais ajuda no desempenho desportivo, uma vez que intensifica as emoções positivas, aumentando a concentração, estabelecendo metas mais desafiadoras, aumentando o esforço e desenvolvendo estratégias competitivas efectivas.

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9

O escalão competitivo parece ser um factor preditivo da autoconfiança. Cortesão (1995), num estudo com nadadores, encontrou valores superiores de autoconfiança em atletas de escalões superiores comparativamente aos atletas dos escalões inferiores. Num outro estudo com atletas de orientação pedestre, os desportistas mais novos evidenciaram menores níveis de autoconfiança comparativamente aos atletas de escalões superiores (Libório, 2007). Costa (2007), num estudo com atletas de orientação pedestre, correlacionou a autoconfiança com os anos de prática e verificou uma relação positiva entre as duas variáveis, o que lhe permitiu inferir que o treino bem como a experiência competitiva estão na base da construção da autoconfiança, conferindo ao atleta uma melhor prestação. No estudo de Lázaro, Casimiro e Fernandes (2005), na comparação dos atletas em função da posição competitiva, verificaram que o pivot foi aquele que evidenciou valores médios mais elevados ao nível da autoconfiança.

2.3

Negativismo

O negativismo é definido como um “estado emocional negativo caracterizado por nervosismo, preocupação e apreensão e que está associado com activação ou agitação do corpo” (Weinberg & Gould, 2009, p. 96). Vasconcelos-Raposo (2000) acrescenta ainda que esse estado emocional vivido em contexto desportivo se refere às sensações e dúvidas que o atleta pode ter em relação às suas capacidades nos momentos que antecedem a competição.

Os padrões de pensamentos negativos interferem com o fluxo mental dos atletas, gerando pensamentos relacionados com o fracasso, deflacionando a autoconfiança, promovendo o pessimismo, reduzindo os níveis de concentração e motivação, perturbando os níveis óptimos de arousal e enfraquecendo os pensamentos necessários para lidar com o fracasso e a adversidade (Burton & Raedeke, 2008). É então essencial para o sucesso desportivo, o controlo das emoções negativas e a manutenção das emoções positivas. Loehr (1986) destaca que a principal característica para manter a energia negativa em valores mínimos é a capacidade de se manter calmo, relaxado e concentrado. Se um atleta começa a ter dúvidas e pensamentos erróneos acerca da sua prestação irá ter mais dificuldades para se concentrar e manter motivado e dificilmente alcançará o sucesso.

Silva (2006) num estudo em que avaliou o negativismo competitivo de praticantes de canoagem, encontrou níveis baixos de negativismo nos atletas de escalões

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10

competitivos superiores comparativamente aos atletas de escalões inferiores. Num estudo com praticantes de atletismo, os anos de prática da modalidade correlacionaram-se significativa e positivamente com o controlo do negativismo (Silva, 2008), ou correlacionaram-seja, os atletas mais experientes têm um maior controlo do negativismo do que os atletas que praticam a modalidade à menos tempo. Vasconcelos-Raposo, Coelho, Mahl e Fernandes (2007) verificaram que atletas mais experientes evidenciaram níveis mais baixos de negativismo. Quanto à posição competitiva, no estudo de Lázaro, Casimiro e Fernandes (2005), os extremos juntamente com os guarda-redes são aqueles que apresentam valores de negativismo inferiores às restantes posições.

2.4

Pensamentos positivos

Segundo Burton e Raedeke (2008), os padrões de pensamentos positivos ajudam a criar um fluxo na mente e permitem ao atleta aumentar os níveis de confiança, manter uma atitude optimista, promover a concentração em momentos cruciais, aumentar a motivação para estender os seus limites, criar um nível óptimo de activação (arousal) e garantir o equilíbrio e a força mental perante o fracasso e as adversidades.

Weinberg e Gould (2007) afirmam que os pensamentos positivos que os atletas podem desenvolver são um ponto forte na formação de respostas emocionais durante os treinos e a competição. Contudo, estas respostas emocionais não são o resultado do evento, mas sim o resultado da interpretação que atleta faz desse mesmo evento. No que diz respeito ao positivismo, o papel do psicólogo desportivo é ensinar os atletas a manter os pensamentos positivos, contudo a manutenção não deve ser feita com excessos.

Os atletas do escalão superior, com idades compreendidas entre os 36 e 40 anos, foram os que obtiveram resultados mais elevados relativamente à variável positivismo no estudo de (Lázaro, Casimiro, & Fernandes, 2005).

Silva (2008) afirma que, comparando os pensamentos positivos em função dos anos de prática da modalidade, estes se relacionam positivamente, ou seja, os atletas com mais experiência evidenciam mais pensamentos positivos do que os atletas menos experientes. Comparando posições competitivas no andebol, o universal foi aquele que obteve valores máximos para a variável pensamentos positivos (Lázaro, Casimiro, & Fernandes, 2005).

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11

2.5

Atenção

“Toda a gente sabe o que é a atenção. É a tomada de posse por parte da mente, de uma forma vivida e clara, de um, de entre os vários objectos ou linhas de pensamento simultaneamente possíveis. Focalização, concentração da consciência são parte da sua essência.” (James, 2007, pp.403-404).

A atenção dos desportistas influencia decisivamente o seu rendimento desportivo, esta impõe que os atletas percebam e assimilem de forma clara a informação fornecida tanto pelo treinador como pelo meio que os envolve, detectando os estímulos mais significativos para cada situação específica e tomem as decisões mais favoráveis (Buceta, 2004). Desta forma, o controlo da atenção diz respeito à capacidade do atleta em manter-se conectado com os aspectos mais relevantes da competição, dirigindo a sua concentração e focalização para os mesmos, em detrimento dos aspectos menos relevantes.

A atenção pode ser focada, onde ocorre uma apresentação simultânea de dois ou mais estímulos, devendo o indivíduo responder apenas a um dos vários estímulos, ou pode ser dividida, em que há igualmente a apresentação de vários estímulos, mas nesta situação o indivíduo deve responder a todos eles (Eysenck & Keane, 2009).

Segundo Pinaud e Díez (2009) a atenção selectiva pode manifestar-se de três formas. Uma das formas consiste na dissociação persistente do foco atencional relativamente à direcção do olhar, sendo muito útil na prática de andebol na medida em que o foco atencional do atleta está na recepção da bola proveniente do colega, contudo o seu olhar está num outro colega ou na baliza, para onde irá enviar a bola.

Na prática de andebol é necessário que a atenção do andebolista seja flexível e varie em função do jogo devido à rapidez, exigência e imprevisibilidade do mesmo. O atleta deverá ser capaz de adaptar o seu foco atencional em função das diferentes situações. Antes de um remate ou da iniciação de uma jogada, o atleta deve preparar-se da melhor maneira possível para que a sua atenção seja ajustada à situação, com um foco e uma direcção adequados.

Num estudo com futebolistas, verificou-se que os atletas de escalões competitivos superiores obtêm desempenhos mais elevados relativamente aos níveis atencionais e de concentração (Santos, 2009b). O treino e a experiência competitiva promovem o desenvolvimento da atenção, segundo Varela (2009) a prática regular de escalada desportiva promove o desenvolvimento da atenção e da concentração nesta

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12

modalidade. No estudo de Lázaro, Casimiro e Fernandes (2005), comparando deferentes posições competitivas no andebol, verificou-se que os jogadores universais foram aqueles que obtiveram valores máximos ao nível da atenção.

2.6

Imagética

A visualização consiste na habilidade de nos vermos a nós próprios a desempenhar tarefas, recuperando informação que possuímos armazenada na memória e remodelando-a através dos processos cognitivos (Vasconcelos-Raposo, Costa, & Carvalhal, 2001). A imagética é um processo mais complexo e completo do que a visualização. Segundo Burton e Raedeke (2008) a imagética não se limita à visão, esta envolve múltiplos sentidos: ver, sentir (sensação idêntica àquela que é produzida quando os músculos se movem), tocar, ouvir, cheirar e provar, incluindo também emoções que estão associadas à experiência que está a ser imaginada.

Por exemplo, um jogador de andebol quando utiliza a imagética e se imagina a fazer um remate perfeito, ele não se vê apenas a fazer essa habilidade de forma perfeita, ele consegue experimentar as sensações nos seus músculos, recordar o som, sentir o toque da bola, sentir o cheiro da resina, consegue evocar os mais pequenos e importantes pormenores relacionados com essa prestação.

A imagética influencia a performance desportiva através de funções cognitivas e motivacionais. A função cognitiva inclui estratégia e habilidade específica de ensaio, a função motivacional consiste em ser bem sucedido, controlar as emoções e superar as adversidades (Gregg & Hall, 2006).

Embora seja evidente a importância da visualização no desenvolvimento da performance do atleta, esta só funcionará caso o atleta acredite nela. Segundo Smith, Wright, Allsopp e Westhead (2007) a performance atlética pode ser melhorada de forma efectiva através de uma intervenção estruturada da imagética. “A visualização ajuda-nos a conhecer o nosso corpo, os nossos limites e também a conseguir ultrapassá-los” (Vasconcelos-Raposo, 1998, p. 5).

Num estudo com ginastas seniores verificou-se que estes têm uma capacidade global de utilização da visualização elevada (Cunha, 2009). Num estudo no boccia, os atletas mais experientes demonstraram usar com mais frequência a visualização mental (Anacleto, 2009) do que os atletas com menos anos de prática. Por outro lado, para alcançar níveis elevados de visualização esta deve ser praticada diariamente e de forma

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13

sistemática. Quanto à posição competitiva, um estudo realizado no futsal, os GR apresentam valores superiores de imagética comparativamente aos jogadores de campo (Silva, 2002).

2.7

Atitude competitiva

A atitude competitiva traduz-se pela capacidade que o atleta tem em responder, frente a situações adversas, com emoções positivas (Mahl & Vasconcelos-Raposo, 2005). Olhar para as adversidades com a crença positiva de que estas são superáveis, revela uma atitude positiva (Talbot-Honeck & Orlick, 1998), ou seja, se o atleta encara os obstáculos desportivos como ultrapassáveis, então este revela uma atitude competitiva positiva.

A atitude competitiva é a vontade de um atleta querer alcançar os seus objectivos e esta é um dos factores mais importantes para atingir o sucesso na prestação desportiva (Orlick & Partington, 1988). Jarvis (2006) defende que as atitudes são duradouras, uma vez estabelecida uma atitude firme para o desporto, estamos propensos a ficar com ela. O mesmo autor afirma que as atitudes envolvem julgamentos e que é provável que as nossas atitudes face ao desporto surjam como claramente positivas ou negativas.

Se os pais e treinadores conseguirem entender como é que os jovens atletas adquirem atitudes, eles podem usar esse entendimento para tentar garantir que muitos destes atletas desenvolvem atitudes positivas relativamente ao desporto. Jarvis (2006) partilha da mesma opinião ao afirmar que uma compreensão da forma como as atitudes podem ser alteradas é valiosa para aumentar a participação desportiva e motivar os atletas.

Cortesão (1995) num estudo com nadadores verificou que os seniores apresentavam valores superiores ao nível da atitude competitiva quando comparados com outros escalões competitivos. Lázaro, Casimiro e Fernandes (2005) verificaram que os atletas com mais anos de experiência tinham valores mais elevados de atitude competitiva do que os atletas que praticavam a modalidade à menos tempo. No mesmo estudo verificaram ainda que, relativamente à posição competitiva, os pivots eram aqueles que tinham valores mais altos no que diz respeito à atitude competitiva.

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14

2.8

Motivação

A motivação representa forças externas e internas que produzem a iniciação, direcção, intensidade e persistência de um comportamento direccionado a um objectivo específico e é uma das variáveis cognitivas determinantes na adopção e manutenção de hábitos desportivos (Buckworth & Dishman, 2007). Sem a motivação apropriada é muito difícil que os atletas se dediquem à prática desportiva com o sacrifício e perseverança que a mesma exige.

Para Weinberg (2009) motivação pode simplesmente ser definida como direcção e intensidade de um esforço. Se um indivíduo procura aproximar-se ou é atraído para determinadas situações, estamos perante a direcção do esforço. A quantidade de esforço que um atleta coloca numa determinada situação refere-se à intensidade do esforço (Weinberg & Gould, 2007).

A psicologia da motivação tem como objectivo responder a questões gerais como: por que razão é que alguns indivíduos praticam desportos e outros não? Por que é que uns atletas praticam futebol e outros atletismo ou esqui? Quais os factores que são importantes para manter alguém optimamente motivado num desporto e como manter esse nível óptimo de motivação? Ou por outro lado, por que é que alguns atletas abandonam antecipadamente a prática desportiva?

Um atleta com elevados níveis de motivação utiliza a sua energia para estabelecer objectivos e para cumpri-los, emprega vontade de resolver os problemas, evidencia elevados níveis de atenção e concentração e demonstra entusiasmo e gosto pela participação desportiva. Em contrapartida, um atleta pouco motivado demonstra pouco envolvimento pela actividade desportiva.

Desta forma é necessário perceber os níveis de motivação nos jogadores de andebol e quais as diferenças entre os vários escalões, tentando perceber igualmente como é que a motivação se altera ao longo da vida. Devemos perceber quais os factores que guiam a motivação de cada atleta nos diferentes escalões de modo a criar condições para aumentar e manter o envolvimento na prática e evitar o abandono precoce.

2.8.1 Orientações cognitivas

A motivação para a realização afecta o desempenho e a participação no que diz respeito à prática. Relaciona-se com os esforços de um indivíduo em dominar uma

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15

tarefa, atingir os seus limites, superar obstáculos, ter um melhor desempenho que os outros e ter orgulho do seu talento (Deschamps & Filho, 2005).

Orientação para a tarefa (ou mestria) é a preocupação do atleta no desenvolvimento da sua competência e das suas habilidades na melhoria de uma tarefa (Weinberg, 2009). Um indivíduo com esta orientação motivacional sentir-se-á bem sucedido quando atinge o desenvolvimento de mestria e melhora as suas próprias capacidades. Arriscamos afirmar que o atleta está motivado a melhorar os seus níveis de desempenho anteriores, tendo em vista a auto-superação.

Um indivíduo orientado para o ego não objectiva superar-se a si mesmo, mas sim superar os outros, a sua percepção de sucesso baseia-se na comparação com os colegas, tendo necessidade de se sentir superior a eles. Weinberg (2009) defende que o critério de alta percepção de habilidade dos atletas orientados para o ego (resultado) depende do alcance de resultados tão bons ou melhor do que os outros e de preferência num menor esforço possível.

Em idades inferiores, a própria habilidade é vista pelo atleta como melhor ou pior tendo em conta o desempenho realizado anteriormente por ele mesmo, em idades mais avançadas há já uma tendência de comparar a sua habilidade com a habilidade dos outros (Cox, 2007). Este é um dos motivos pelo qual se torna importante estabelecer comparações entre os vários escalões de forma a perceber se existem diferenças significativas ou não ao nível da sua orientação motivacional.

Silva (2006) encontrou elevada orientação para a tarefa nos atletas de escalões competitivos superiores. Contudo, num estudo de Coroa (2009) este verificou que atletas muito novos, com idades compreendidas entre os 8 e os 11 anos, também se orientam preferencialmente para a tarefa. Libório (2007) encontrou valores superiores relativamente à orientação para o ego nos escalões inferiores. Rodrigues, Lázaro, Fernandes e Vasconcelos-Raposo (2009) verificaram que a orientação para a tarefa é superior nos atletas com mais anos de experiência. Nesse mesmo estudo não se encontraram diferenças significativas entre os anos de prática da modalidade e a orientação para o ego. Num estudo de Vasconcelos-Raposo e Mahl (2005) verificaram que a posição competitiva não evidenciou diferenças significativas relativamente à orientação cognitiva adoptada.

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Relativamente ao escalão competitivo, vários estudos, já referenciados, defendem que os atletas de escalões superiores obtêm desempenhos mais elevados do que atletas de escalões inferiores na maioria dos skills psicológicos. Os resultados de um estudo de Mahl e Vasconcelos-Raposo (2007) demonstraram que os anos de prática da modalidade se correlacionaram positivamente com todas as variáveis do PPP, o que significa os atletas mais experientes evidenciam valores superiores em todas as dimensões do PPP. No que diz respeito à variável anos de presença no clube, parece ser pioneira neste tipo de estudos, será incluída pois pretendemos verificar se o tempo que um atleta está num clube molda e influencia o seu perfil de prestação uma vez que cada clube tem a sua filosofia desportiva e isso parece reflectir-se na forma como os atletas vivenciam a prática desportiva. Quanto à posição competitiva, num estudo de Vasconcelos-Raposo, Coelho, Mahl e Fernandes (2007), com atletas profissionais brasileiros, referiram que os valores de negativismo e autoconfiança vivenciados pelos jogadores são semelhantes independentemente da posição ocupada em campo por cada atleta.

Através da revisão apresentada é possível afirmar que o desejável é que o Perfil Psicológico de Prestação de um atleta englobe níveis óptimos de autoconfiança, que os pensamentos negativos sejam substituídos pelos pensamentos positivos, que os seus níveis atencionais sejam elevados, que a visualização seja realizada de forma sistemática e incluída no treino diário, que a sua motivação para competir seja elevada e evidencie, prioritariamente, uma motivação intrínseca, que ao nível da orientação motivacional, o atleta valorize sobretudo a orientação para a tarefa e por fim, que a sua atitude competitiva, perante a prática desportiva, seja positiva. Se um atleta evidenciar todos os parâmetros acima referidos, então poderemos afirmar que possui um Perfil Psicológico de Prestação ideal.

No seguimento desta revisão da literatura são objectivos específicos para este estudo:

Comparar atletas de diferentes escalões competitivos ao nível dos skills psicológicos, orientações cognitivas, negativismo e autoconfiança; comparar andebolistas com diferentes anos de prática da modalidade ao nível dos skills psicológicos, orientações cognitivas, negativismo e autoconfiança; comparar andebolistas com diferentes anos de presença no clube ao nível dos skills psicológicos, orientações cognitivas, negativismo e autoconfiança; comparar atletas de diferentes

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posições competitivas ao nível dos skills psicológicos, orientações cognitivas, negativismo e autoconfiança; e correlacionar as variáveis dependentes (autoconfiança, controlo do negativismo, atenção, motivação, visualização, positivismo, atitude competitiva, orientação para o ego, orientação para a tarefa e negativismo).

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3. METODOLOGIA

O presente estudo segue um paradigma quantitativo com um desenho cross-sectional. É ainda de natureza quasi-experimental uma vez que os investigadores não exerceram qualquer tipo de controlo relativamente aos níveis das variáveis independentes. Num segundo momento recorremos às correlações para procurar relacionar variáveis e avaliar as interacções existentes entre si. Tem um carácter transversal visto que os dados foram recolhidos num único momento temporal.

3.1 Amostra

A amostra em questão é não probabilística e de conveniência. Esta é constituída por 57 atletas do sexo masculino de diferentes escalões competitivos. Foram recolhidos os dados de todos os atletas pertencentes à modalidade de um clube profissional de andebol português.

No que diz respeito aos escalões, os iniciados 14 (24.6%) nasceram nos anos 1996 e 1997, os atletas nascidos entre 1993 e 1995 são juvenis 21 (36.8%), os juniores 8 (14.0%) nasceram entre 1990 e 1992 e os seniores 14 (24.6%) nasceram entre 1977 e 1992 (quadro 1).

Quadro 1 - caracterização da amostra em função do escalão competitivo

Escalão competitivo Frequência Percentagem (%)

Iniciados 14 24.6

Juvenis 21 36.8

Juniores 8 14.0

Seniores 14 24.6

Total 57 100.0

No que concerne aos anos de prática da modalidade variou entre 1 e 22 anos, os atletas foram divididos em 4 grupos, 18 (31.6%) têm 3 ou menos anos de prática de

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19

andebol, entre 4 e 8 anos eram 17 (29.8%), entre 9 e 13 anos eram 14 (24.6%) e com mais de 14 anos de prática de andebol eram 8 (14.0%), (quadro 2).

Quadro 2 - caracterização da amostra em função dos anos de prática da modalidade

Anos de prática Frequência Percentagem (%)

<= a 3 18 31.6

4 a 8 17 29.8

9 a 13 14 24.6

14 + 8 14.0

Total 57 100.0

Relativamente aos anos de presença no clube variou entre 1 e 13 anos. Os atletas foram divididos em 4 grupos, os que se encontravam há um ano ou menos no clube eram 17 (29.8%), com 2 a 4 anos eram 27 (47.4%), com 5 a 7 anos eram 5 (8.8%) e 8 (14.0%) estavam há 8 anos ou mais no clube (quadro 3).

Quadro 3 - caracterização da amostra em função dos anos de presença no clube

Anos no clube Frequência Percentagem (%)

<= 1 17 29.8

2 a 4 27 47.4

5 a 7 5 8.8

8 + 8 14.0

Total 57 100.0

Relativamente à posição competitiva (quadro 4), verificamos que existem na amostra 9 (15.8%) guarda-redes, 9 (15.8%) centrais, 12 (21.1%) laterais, 11 (19.3%) pontas, 10 (17.5%) pivots e 6 (10.5%) são universais.

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20 Quadro 4 - caracterização da amostra em função da posição competitiva

Posição competitiva Frequência Percentagem (%)

Guarda-redes 9 15.8 Central 9 15.8 Lateral 12 21.1 Ponta 11 19.3 Pivot 10 17.5 Universal 6 10.5 Total 57 100.0

3.2 Variáveis

As variáveis independentes estabelecidas para este estudo foram o escalão competitivo, os anos de prática da modalidade, o tempo de presença no clube e a posição competitiva.

Uma vez que se pretende estudar o perfil psicológico de prestação dos atletas, foram utilizadas como variáveis dependentes a autoconfiança, o controlo do negativismo, os níveis atencionais, a motivação, a visualização, o positivismo e a atitude competitiva. Para estudar a orientação motivacional dos atletas foram utilizadas as variáveis dependentes orientação para o ego e orientação para a tarefa. Foram ainda incluídas as variáveis negativismo e autoconfiança, dimensões da ENAC.

3.3 Instrumentos

A amostra do estudo respondeu a um instrumento constituído por quatro questionários. Um para a recolha de dados pessoais, o Perfil Psicológico de Prestação (PPP) para avaliar os skills psicológicos, o Questionário sobre a Orientação para a Tarefa e para o Ego no Desporto (TEOSQp) para avaliar as orientações cognitivas e a Escala de Negativismo e Autoconfiança (ENAC) para avaliar o negativismo e a autoconfiança.

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21 Questionário de dados pessoais

Nesta secção constavam questões que permitiram recolher informação relevante dos atletas em estudo tais como, data de nascimento, escalão competitivo, anos de prática da modalidade, tempo de presença no clube, posição competitiva e número de horas de treino semanal.

Perfil Psicológico de Prestação

Este instrumento tem como objectivo identificar as áreas que mais contribuem para a prestação desportiva. Foi originalmente desenvolvido por Loehr em 1986 e traduzido para português por Vasconcelos-Raposo, Fernandes, Lázaro e Coelho (1995), sendo essa a versão utilizada. O questionário é constituído por 42 itens que têm como finalidade medir a autoconfiança, o negativismo, os níveis atencionais, a motivação, a visualização, o positivismo e a atitude competitiva. Os itens foram respondidos numa escala tipo Likert de 5 pontos (variando entre 1=quase sempre e 5= quase nunca). A avaliação das respostas obtém-se através do cálculo da média dos itens correspondentes a cada escala, o somatório para cada variável tem o valor máximo de 30 pontos, sendo este o definido como ideal. Para a variável negativismo a interpretação da escala é feita em sentido inverso, ou seja, o valor máximo significa que o atleta não possui elevados níveis de negativismo ou então que controla os pensamentos negativos.

Quadro 5 - itens utilizados para o cálculo de cada skill psicológico do PPP

Escala Itens Autoconfiança1 1, 8*, 15, 22*, 29*, 36* Controlo do negativismo 2, 9, 16, 23, 30, 37* Atenção 3, 10, 17*, 24, 31, 38 Imagética 4*, 11*, 18*, 25*, 32*, 39* Motivação 5*, 12*, 19*, 26*, 33, 40* Pensamentos positivos 6*, 13*, 20, 27*, 34*, 41* Atitude competitiva 7*, 14, 21*, 28*, 35*, 42*

* Item com valor inverso

Os critérios para a interpretação dos resultados serão: valores até 19 pontos revelam uma fragilidade psicológica que se traduz na inconsistência de prestação. Entre os 20 e os 25 pontos, os atletas preparam-se mentalmente contudo não o fazem de forma

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22

sistemática. Valores superiores a 26 pontos revelam que o atleta tem uma preparação psicológica adequada (ver quadro 6).

Quadro 6 – significado dos valores do PPP

Valores Significado

≤ 19 Preparação mental muito fraca ou inexistente; o atleta necessita de integrar o treino

mental nas suas rotinas diárias de treino para melhorar o skill psicológico em causa.

20-25

Preparação mental média, realizada de forma não sistemática; o atleta necessita de melhorar o skill psicológico referenciado, integrando o treino mental nas suas rotinas diárias de treino.

26-30

Excelentes skills psicológicos, representativos de uma boa preparação mental, realizada de forma sistemática; o atleta já tem o treino mental integrado na sua preparação diária.

Questionário de Orientação para a Tarefa e para o Ego no Desporto

É um dos instrumentos mais utilizados na literatura da psicologia do desporto, exercício e saúde (Fernandes & Vasconcelos-Raposo, 2010). O objectivo deste questionário é saber a opinião do atleta acerca do significado do sucesso no contexto desportivo. A versão utilizada foi desenvolvida por Fernandes e Vasconcelos-Raposo (2010), que resulta da tradução e adaptação portuguesas da versão original proposta por Dudda e Nicholls (1992). Esta é constituída por 13 itens que se encontram agrupados em dois factores de orientação cognitiva, sendo 6 itens de orientação para o ego e 7 itens de orientação para a tarefa. Os 13 itens foram respondidos numa escala tipo Likert de 5 pontos (variando entre 1=discordo completamente e 5=concordo completamente). Através da análise dos valores obtidos pelos atletas é possível verificar a intensidade com que se orientam para cada uma das dimensões consideradas, orientação para o ego e orientação para a tarefa.

Quadro 7 - itens utilizados para o cálculo das escalas do TEOSQp

Escala Itens

O. Tarefa 2, 5, 7, 8, 10, 12, 13

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23 Escala de Negativismo e Autoconfiança

Este instrumento tem como objectivo perceber como é que os atletas se sentem antes da competição, ou seja, como é que o atleta se sentiu imediatamente antes dos jogos em que participou. A ENAC correlaciona as escalas de negativismo e autoconfiança, é constituída por 18 itens e foi proposta por Coelho, Vasconcelos-Raposo e Fernandes (2007), sendo uma versão adaptada do CSAI-2 de Martens, Burton, Vealey, Bump e Smith (1990). Os 18 itens da ENAC foram respondidos numa escala tipo Likert de 4 pontos (sendo 1=nada, 2=pouco, 3=bastante e 4=muito). Tal como no CSAI-2, cada uma das suas escalas consiste em nove itens (quadro 8), sendo o valor de cada uma calculada através da soma dos itens, variando assim entre um mínimo de 9 e um máximo de 36, assim, quanto maior for o valor das escalas, maior será a intensidade do negativismo e da autoconfiança.

Quadro 8 - itens utilizados para o cálculo das escalas da ENAC

Escalas Itens

Negativismo 1, 3, 5, 7, 9, 11, 13, 15, 17

Autoconfiança2 2, 4, 6, 8, 10, 12, 14, 16, 18

Na apresentação dos resultados e respectiva conclusão, será utilizada a denominação autoconfiança1 quando esta variável estiver enquadrada no PPP e autoconfiança2 quando a mesma estiver relacionada com a ENAC.

3.4 Procedimentos

Após uma reunião com a direcção do andebol do clube onde iria ser aplicado o estudo, foi dado o consentimento para a entrega dos questionários aos atletas de todos os escalões. A maioria dos questionários foi distribuída aos atletas pelos autores do estudo, contudo, alguns foram concedidos de forma indirecta através do treinador do escalão ou do capitão de equipa. Os atletas foram informados que com os questionários se pretendia conhecer o perfil psicológico de prestação e estabelecer uma comparação entre os vários escalões. Foram ainda esclarecidas todas as dúvidas acerca dos mesmos

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24

e garantiu-se o anonimato das respostas, salientando-se que os dados dos questionários seriam apenas utilizados para fins investigacionais.

Procedimentos Estatísticos

Para o tratamento estatístico dos dados recorreu-se ao programa SPSS 20 (Statistical Package for the Social Sciences) e utilizou-se a 3ª edição do livro «Estatística sem Matemática para Psicologia» de Dancey e Reidy (2006) como auxílio no uso do SPSS e na interpretação dos resultados. Não foi necessário eliminar qualquer questionário pois nenhum apresentava itens em falta.

Através do cálculo da média, desvio padrão, valor máximo e mínimo realizou-se a análise descritiva dos dados. O estudo da normalidade das distribuições foi concretizado através da análise das medidas de simetria (Skewness) e achatamento (Kurtosis). A homogeneidade das variâncias foi analisada através do teste de Levene.

O efeito das variáveis independentes no conjunto das dimensões abrangidas pelos instrumentos utilizados foi estudado através da análise de variância multivariada (MANOVA a um factor).

O tamanho de efeitos foi avaliado segundo o proposto por Cohen (1992) e considerou-se um efeito pequeno para r2 > .01, efeito médio para r2 > .06 e efeito grande para r2 > .14.

Foram utilizados os testes Post-Hoc para comparação entre grupos e identificação de possíveis diferenças significativas. Utilizou-se o teste de Bonferroni uma vez que faz a correcção para o número de testes (Dancey & Reidy, 2006), tem uma maior flexibilidade e pelo facto de não haver o mesmo número de indivíduos por grupo.

A intensidade do relacionamento de coeficientes de correlação foi avaliada com base nos graus de coeficiente de relação apresentados por Dancey e Reidy (2006). Um relacionamento é considerado perfeito quando r = 1 ou -1; o grau de relacionamento é considerado forte para valores superiores a .6, seja positivo ou negativo. Estabeleceu-se um nível de significância de 5% (p ≤ .05) em toda a análise dos dados.

3.5 Dificuldades e limitações

A limitação encontrada reside no facto da constituição da amostra ter sido feita por amostragem de conveniência e, desta forma, segundo Hill e Hill (2005) as

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25

conclusões só se poderão aplicar à amostra, não podendo ser extrapoladas para o universo com confiança.

Outra das limitações diz respeito ao facto dos atletas pertencentes à amostra competirem em mais do que um escalão competitivo, o que faz com que estes revelem outras características para além das do seu escalão.

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26

4. RESULTADOS

Neste capítulo serão apresentados os resultados obtidos através da recolha de dados e do tratamento estatístico realizado. Este encontra-se dividido em 4 secções, na primeira figuram os resultados relativamente aos skills psicológicos, apresentando-se numa primeira instância a análise descritiva, posteriormente relata-se a análise multivariada seguida da univariada e por fim são descritos os testes Post-Hoc. Nas duas secções seguintes apresentam-se os resultados para as orientações cognitivas e para o negativismo e a autoconfiança, seguindo a mesma estruturação da descrita anteriormente para a secção dos skills psicológicos. Na última secção deste capítulo são apresentadas as correlações.

4.1

Skills Psicológicos

No quadro 9 são apresentados a média, desvio padrão, os valores mínimo e máximo, o Skewness e Kurtosis dos skills psicológicos da amostra deste estudo.

Quadro 9 – análise descritiva dos skills psicológicos

Mínimo Máximo Média Desvio

Padrão

Skewness Kurtosis

Estatística Erro Estatística Erro

Autoconfiança1 15.00 27.00 22.44 2.67 -.33 .32 .12 .62 C. Negativismo 10.00 28.00 20.21 3.65 -.25 .32 .45 .62 Atenção 14.00 30.00 22.12 3.85 -.18 .32 -.46 .62 Imagética 14.00 29.00 22.40 3.30 -.20 .32 -.26 .62 Motivação 20.00 30.00 26.02 2.52 -.45 .32 -.64 .62 P. Positivos 19.00 29.00 24.37 2.28 -.04 .32 -.23 .62 Atitude Comp. 18.00 30.00 23.30 3.22 -.08 .32 -1.05 .62

Verifica-se que a motivação é o skill psicológico mais desenvolvido com uma média de 26.02 e o controlo do negativismo foi aquele que revelou valor médio mais baixo, com 20.21. Nos restantes skills, todos as médias se situaram no intervalo entre 20-25. Através da análise dos valores de Skewness e Kurtosis verifica-se uma normalidade das distribuições, com a excepção da atitude competitiva.

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4.1.1 Escalão competitivo

Com o intuito de clarificar a diferenciação da variável escalão competitivo relativamente às escalas do PPP, realizou-se uma análise de variâncias multivariada (Manova a um factor) que sugeriu não existir um efeito diferenciador significativo por parte da variável escalão [ de Wilks = .586, F(3,53) = 1.320, p = .173 e ηp2 = .163].

O teste de Levene mostrou que a igualdade de variâncias entre grupos pode ser assumida em todas as variáveis, excepção feita à autoconfiança1 [F(3,53) = 3.469 e p = .022] e à atitude competitiva [F(3,53) = 2.878 e p = .045].

Apenas o controlo do negativismo (p = .017) e a atitude competitiva (p = .017) revelam diferenças significativas, contudo, parece haver relações de causa-efeito em todas as dimensões do PPP. Foram obtidos efeitos fortes para o controlo do negativismo e atitude competitiva, sugerindo que 17% da variação na combinação linear para cada uma das variáveis dependentes podem ser atribuídos ao escalão. Para as restantes variáveis obtiveram-se efeitos médios sugerindo que 12% da variação na combinação linear da autoconfiança1 pode ser atribuído ao escalão competitivo, 9% para a atenção, 9% para a imagética, 11% para a motivação e 9% para os pensamentos positivos.

Os testes Post-Hoc localizaram diferenças significativas nas dimensões autoconfiança1, controlo do negativismo, motivação e atitude competitiva (quadro 10).

Quadro 10 – comparação e diferenciação dos skills psicológicos em função do escalão

Iniciados (I) (n=14) Juvenis (J1) (n=21) Juniores (J2) (n=8) Seniores (S) (n=14) F ≠ significativas entre grupos

Média DP Média DP Média DP Média DP (Post-Hoc)

Autoconfiança1 22.57 3.65 21.43 2.40 22.50 1.31 23.79 1.97 2.37 S > J1 C. Negativismo 20.86 4.85 18.57 2.73 19.63 2.39 22.36 3.05 3.72 S > J1 Atenção 22.43 4.48 20.90 3.71 21.88 3.14 23.79 3.40 1.67 -- Imagética 22.64 3.56 22.24 3.10 20.38 3.08 23.57 3.20 1.70 -- Motivação 26.93 2.53 26.00 2.65 24.13 1.64 26.21 2.39 2.28 I > J2 P. Positivos 25.29 1.86 23.71 2.53 23.63 1.85 24.86 2.25 1.92 -- Atitude Comp. 24.14 4.11 22.00 2.49 22.13 2.03 25.07 2.87 3.70 S > J1

No geral o escalão de seniores é aquele que apresenta média mais alta em todas as dimensões do PPP, com excepção da motivação e dos pensamentos positivos em que

Referências

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