Recursos não Metálicos:
Geologia, Propriedades, Aplicações e Ocorrências em Portugal.
Accões Integradas de Base Territorial Setembro de 2004
Sumário: os recursos a abordar são
Agregados
Areias
Argilas
Gesso
Depósitos Mistos
Agregados
Introdução
Os agregados minerais incluem materiais do tipo cascalho,
areia, brita, escórias de fundição, cerâmicos
fragmentados, etc.
Os agregados são usados essencialmente nas indústrias da construção civil e obras públicas, nomeadamente na
construção de estradas, pontes, caminhos de ferro,
barragens, etc.
Os agregados minerais podem ser usados na forma isolada
(balastro das vias férreas, bases e sub-bases de estradas)
ou fazendo parte do betão ou de massas betuminosas.
No caso particular do betão, os agregados proporcionam
propriedades especiais, como resistência (à compressão,
tensão e abrasão), isolamento térmico e acústico,
Agregados (cont.)
Geologia
A maior parte dos agregados provém de pedreiras. É nestas
pedreiras que a rocha em bruto é desagregada e lavada,
originando cascalhos e areias, ou fragmentada e crivada
originando britas classificadas.
Em Portugal, a maior parte das pedreiras que produz agregados está
instalada em maciços graníticos, calcários, de rochas
metamórficas (quartzitos, mármores), e de unidades arenosas
e cascalhentas.
De seguida, fornecem-se alguns exemplos de pedreiras que
produzem agregados a partir de granitos, calcários e unidades arenosas e cascalhentas
Figura 10 - Extracto da Carta Geológica
de Fornos de Algodres (folha 17-B), com a localização da pedreira “Fical”.
Agregados (cont):
Caracterização
Dos agregados produzidos em Portugal, cerca de 80% são
britas. Nos aspectos relativos à caracterização, cingir-nos-emos a este tipo de agregados.
Em termos gerais, exige-se que uma brita seja dura, inerte,
capaz de formar uma massa estável, quer por adição de cimento ou outros materiais aglomerantes, como sucede com o betão, quer por compactação sem aglomerantes,
como sucede nas caixas que servem de base aos pavimentos das estradas.
Além dos parâmetros de qualidade, exige-se que o depósito
possua reservas para uma exploração de, no mínimo 10
anos, mercado de escoamento (obras em curso) e
localização privilegiada relativamente aos centros de consumo (minimização dos custos de transporte).
Ped reir a do “Ca ra mel o” A B D C E F PEDREIRA DO CARAMELO
Proveniência Sondagem Prof. (m) Desgaste Los Angeles S1 9,0 – 20,0 35% S2 7,2 – 14,4 32% S5 13,3 – 18,0 40% S7 5,0 – 8,8 33% S8 12,0 – 17,2 36% S10 5,0 – 10,8 32% 4 S 5 S 6 S S 9 Zona não caracterizada 4 S 5 S 6 S S 9 385.0 380.0 375.0 370.0 405.0 400.0 390.0 395.0 Cotas(m) 410.0 365.0 360.0 30,0 m 18,0 m 25,5 m 8,8 m 16,5 m Zona não caracterizada 360.0 365.0 385.0 370.0 375.0 380.0 390.0 395.0 400.0 410.0 405.0 W1-2(*) W4-5(*) São Pouco alterado Medianamente alterado Muito alterado Decomposto
Sem quaisquer sinais de alteração Sinais de alteração, apenas nas imediações das descontinuidades
Alteração visível em todo o maciço rochoso, mas não é friável Alteração visível em todo o maciço e a rocha é parcialmente friável
Maciço apresenta-se completamente friável, praticamente com comportamento de solo (*) - Classificação simplificada.
Símbolos Designações Descrição
W1 W2 W 3 W4 W5 (*) S 7 S Falha CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-MECÂNICA
CÁLCULO DE RESERVAS
2.2 Mton (16 anos a 140 000 ton/ano)
TOPOGRAFIA ORIGINAL
AREIAS
Introdução
As areias constituem matérias primas de importância vital para
as industrias da construção civil (areias comuns), vidreira,
cerâmica e metalúrgica (areias especiais).
A designação de “areia” refere-se a partículas granulares de
diâmetro compreendido entre 0.05 e 2 mm que são o
resultado da desagregação de rochas pré-existentes,
seguida de transporte e deposição.
Em Portugal, as principais fontes de areias correspondem a
depósitos fluviais recentes (areias de leito) ou então a
Areias comuns
Um dos requisitos principais da areia comum é estar livre de
partículas muito finas (argilas, matéria orgânica), de
carbonatos de cálcio ou de óxidos de ferro/manganés,
pois estas coberturas impedem que se estabeleça a ligação
perfeita entre o cimento e a partícula mineral. Testes: Matéria orgânica – ensaio químico colorimétrico, Argilas, óxidos e
carbonatos – microscopia petrográfica.
Do mesmo modo, as areias comuns devem estar isentas de
substâncias carbonosas que reagem com cimento provocando o colapso dos betões.
As areias comuns devem ser avaliadas relativamente:
- à sua resistência à abrasão (ensaios de Los Angeles);
- à forma dos grãos (formas arredondadas para materiais
de reboco, angulosas para asfaltos);
- à densidade (< 2.5 para diminuir o peso das lages);
- e absorção de água (< 5% para minimizar os efeitos do
51900 51920 51940 51960 51980 52000 Meridiana (m) 440900 440920 440940 440960 440980 441000 441020 441040 441060 P e rp e n d ic u la r (m ) S1 S2 S3 S4 S5 A B A 160 150 140 130 120 110 100 0 250 500 750 1000 1250 m B S3 S2 S5 S4 S1 Escavação 0m 20m 40m 60m 80m LEGENDA Pliocénico Continental Pliocénico Marinho Miocénico Área em estudo Corte Geológico S2 Sondagem mecânica Falha provável Lentícula argilosa Escala Gráfica
Coordenadas Hayford-Gauss referidas à Origem Fictícia
Norte
Bidoeira de Cima
Concelho de Leiria
0 20 40 60 80 100 120 6000 5660 4000 2800 2000 1400 1000 710 500 355 250 180 125 90 74 Dimensão (micra) C um ula nt e Inf e rior ( % )
Pliocénico Continental Pliocénico Marinho
Pliocénico Continental Pliocénico Marinho
Sector Área (ha) Densidade
Espessura (m) Reservas (Mton) Espessura (m) Reservas (Mton) Total (Mton) A1 4,8 1,2 1,1 2,3 A2 2,5 0,6 0,59 1,19 A3 2,5 0,64 0,6 1,24 Total 9,8 1.5 17 2,44 16 2,29 4,73
Areias para o Vidro
As características fundamentais das areias para o vidro são as seguintes:
- percentagem de quartzo na areia > 90%;
- granulometria entre φ = 0.1 - 0.6 mm, que permite um
desenvolvimento adequado do processo de fusão;
- os teores em ferro devem ser baixos:
- < 0.040% Fe2O3 para vidro de cor;
- < 0.013% Fe2O3 para vidro incolor;
S2.2 S2.3 S2.4 S3.3 S3.2 S3.1 P1 S2.1 S2.5 A B C o ta ( m ) 55 50 45 A B
Guia Estaç ão
N
0 250 m
UITV - Aluvião
UIA0 - Areia branc a, fina e
bem c alibradas
UIA1 - Areia am arela-branc a, fina a m édia, c om laivos
ferruginosos e c lastos de feldspato
40
35
UIA2 - Areia am arelo oc re, fina e
bem c alibrada
UIA3 - Areia am arela-c astanha, fina,
bem c alibrada e c om restos de m aterial c arbonoso
UNIDADES LITOLÓGICAS
SÍMBOLOS
S2.5 A-B P1Sondagem mec ânic a Perfil litológic o
Dimensão do Grão (mm) P er c en ta ge m C um u la d a -10 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 -10 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 2 1.600 1 .800 .630 .400 .320 .200 .100 .080 .060 .040 0 Profundidades (m 1-5 7-8 10-12 13-15 93 % do material incluído no intervalo de granulometrias ópt Sondagem S3.1 Finos < 1%
Profundidade Relativa à Cota dos 55 m (m) T e o r e m F e 2 O3 (% ) 0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 0 5 10 15 20 25 30 35 Classes Granulométricas (mm 2 - 0.5 0.5 - 0.2 0.2 -0.08
Silo
(stock intermédio)
Crivo Vibrante Torvas Stock
φ < 2 mm Equipamento de Atrição Hidroclassificadores Separadores Gravimétricos
Vidro de Cor Vidro Branco Vidro Extra
Branco φ > 2mm Construção Al imen tação Armaze n amen to φ < 0.1 mm Produção de Vidro Extra Branco
Ben ef ici ação 0.1 < φ < 0.63 mm Resíduo 0.63 < φ < 2 mm Sim Separadores Gravimétricos Hidroclassificadores Útil Jazigo Mineral Não Resíduo Moinho de Bolas 0.63 < φ < 2 mm φ < 0.1 mm 0.1 < φ < 0.63 mm Útil
Argilas
Introdução
Os tipos de argilas que se descrevem foram estabelecidos com base nas propriedades específicas de cada tipo e também nas
correspondentes aplicações tecnológicas.
A primeira sub-divisão separa as argilas especiais das argilas
comuns. Relativamente às últimas, as primeiras jazem em depósitos de menor volume e em número mais reduzido, têm composições mais simples que lhes conferem propriedades
muito próprias, requerem tratamentos muito mais complexos e por isso de maior custo, e com elas fazem-se produtos com
Argilas Especiais
Caulino – É uma argila constituída essencialmente por caulinite, de cor branca, cor que permanece após secagem e cozedura. Os depósitos de caulino resultam da alteração de rochas ricas em feldspatos (granitos), podendo ser de natureza residual ou sedimentar. O caulino aplica-se essencialmente nas indústrias do papel (carga e pigmentação), cerâmica (plasticidade,
resistência mecânica, cor após cozedura, refractaridade), plásticos (carga funcional – proporciona às tintas aplicadas superfícies mais lisas), borracha (carga ou extensor), etc.
Bentonite – Argila constituída essencialmente por
montmorillonite, resultante da alteração em ambiente
submarino ou sub-aéreo de rochas vulcânicas (basaltos). A alta viscosidade e propriedades tixotrópicas da bentonite permitem a sua aplicação como lama de sondagem (aplicação mais
Ball Clay – Argila sedimentar de granulidade muito fina(50-90%) das partículas com diâmetro < 1 µm), com elevada plasticidade e refractaridade, policromática mas com cores de cozedura no branco, marfim ou creme claro. Aplicam-se essencialmente na porcelana de alta qualidade, ou então são integrados em lotes de argilas mais pobres como correctores.
Fire Clay – Argila sedimentar de refractaridade não inferior a 1500 ºC e que queima em cor marfim, castanho claro ou
cinzento claro. É aplicada em louça de mesa e forno ou então em cerâmica ornamental.
Argilas fibrosas – Argila constituída essencialmente por minerais argilosos fibrosos (poligorsquite, hermites). Quando em
suspensões aquosas de elevada concentração (p.e. água
salgada), desenvolve elevada viscosidade. Aplica-se por isso como lama de sondagem, quando a rocha furada contém
Legenda Pl iocénico Conglomerados da R anha Areias da Roussa Arenito de C arnide Argilas siltosas Miocénico Poligonal da área de estudo C o or denad as H ay for d-G au s s r ef er ida s ao P ont o C e nt ral S6 Sondagem mecânica A1 A1 A1
Cavadinha Roussa de Baixo
C otrofe Vale da Chuça Vale do Carvalho Vale do Casalinho Pi nheirinho Estrada da Guia Po rto Lis bo a Fa lha 1 Fa lha 2 Fa lha da Ro ussa S1 S3 S4 S 2 S6 S5 27000 28000 29000 30000 -47000 -46000 1 2 3 4 5 6 N Co ta (m) 90 100 110 120 130 140 S4 S3 S1 S2 S6 S5 90 100 110 120 130 140 Falha1 Fa lha2 Pombal (~5km)
Rendimento da Lavagem
Sector Média Sondagem S3 S4 S5 S6 Rendimento da Lavagem 14.4 14.4 12.6 13.5 13.7 1 (Norte) 3 (Sul) 0 5 10 15 20 0 5 10 15 20 25 30 Fracção < 63 m (%)µ P rof un d id ade (m ) Sondagem S3 0 5 10 15 20 0 5 10 15 20 25 30 Sondagem S4 0 5 10 15 20 0 5 10 15 20 25 30 Sondagem S5 0 5 10 15 20 5 10 15 20 25 30 Sondagem S6T = 1100 ºC T = 1200 ºC
• Os círculos representam valores médios por
sondagem obtidos a partir de amostras de Areias da Roussa (círculos maiores) ou do Arenito de Carnide (círculos menores).
• Nas Areias da Roussa, as cores de cozedura
melhoram significativamente com o aumento da temperatura, melhoramento relacionado com o aumento da luminescência (10%) e com a redução dos desvios para o vermelho e para o amarelo (5%).
•As cores de cozedura apresentadas pelas
Areias da Roussa situam-se no beije claro a branco, permitindo o seu aproveitamento nos sub-sectores do pavimento e revestimento cerâmico e sanitários.
• Nos Arenitos de Carnide, o aproveitamento
do caulino passará eventualmente por corte granulométrico às 40 µm.
Reservas de Caulino e de Co-Produtos
(exploração integral do jazigo mineral)110 115 120 125 130 135 140 -47000 -46500 -46000 Meridiana (m) 27000 27500 28000 28500 29000 29500 30000 P e rp e n d ic u la r (m ) Cotas (m) A1 (21.1 ha) A2 (5.7 ha) A3 (4.2 ha) C o o rd e n a d a s H a y fo rd -G a u s s r e fe ri d a s a o P o n to C e n tr a l
A1, A2 e A3 - áreas de exploração
Área 1 (21.1 ha) Norte CONGLOMERADOS DA RANHA Caulino Areias com Aplicação na Indústria Cerâmica
Areias e Britas com Aplicação na Indústria da Construção Civil e
Obras Públicas
A1 473720 2890052 2965759
A2 63510 1065381 1185890
A3 38256 433183 471820
575486 4388616 4623470
0.6 Mton 4.4 Mton 4.6 Mton
Total
51900 51920 51940 51960 51980 52000 Meridiana (m) 440900 440920 440940 440960 440980 441000 441020 441040 441060 P e rp e n d ic u la r (m ) S1 S2 S3 S4 S5 A B A 160 150 140 130 120 110 100 0 250 500 750 1000 1250 m B S3 S2 S5 S4 S1 Escavação 0m 20m 40m 60m 80m LEGENDA Pliocénico Continental Pliocénico Marinho Miocénico Área em estudo Corte Geológico S2 Sondagem mecânica Falha provável Lentícula argilosa Escala Gráfica
Coordenadas Hayford-Gauss referidas à Origem Fictícia
Norte
Bidoeira de Cima
Concelho de Leiria
Argilas Comuns
Argila para Olaria (cerâmica ornamental) – É uma argila
plástica, de cores variadas (cinzento, castanho, vermelho), e composição complexa argilosa (caulinote, ilite, clorite,
vermiculite, etc) e não argilosa (quartzo, feldspatos, micas, óxidos de ferro, etc). Apresenta regiões de vitrificação pouco amplas (1000-1100 ºC) e fusão acentuada entre 1150-1330 ºC). A cor após cozedura situa-se no vermelho, quando a
cozedura se situa no limite inferior da região de vitrificação, ou no castanho escuro caso contrário. Argilas com carbonatos
cozem no amarelo-ocre.
Argila para telha e tijolo – Trata-se de uma argila grosseira que contém apreciável quantidade de silte e areia. Apresenta cores variadas (preto, cinzento, verde, vermelho, castanho e amarelo). O teor da fracção argilosa é baixo mais ainda assim suficiente para permitir o desenvolvimento da plasticidade
necessária à moldagem dos corpos cerâmicos. Cozem a
temperaturas < 950 ºC. Certas impurezas como carbonatos ou matérias carbonosas devem ser removidas para evitar
Gesso
Introdução
O gesso é uma rocha evaporítica resultante da deposição de
sulfato de cálcio a parir de águas salgadas pouco profundas
provocada por evaporação intensa. Os depósitos mais
frequentes surgem na forma de injecções diapíricas.
Quimicamente, o mineral gesso é sulfato de cálcio hidratado.
Como variedades comerciais distinguem-se o gesso branco e
o gesso pardo. Em Portugal os depósitos de gesso são fundamentalmente de gesso pardo.
O gesso pardo aplica-se na produção de cimentos, com o
objectivo primordial de controlar a presa dos betões, e na
produção de fertilizantes, com o objectivo de fornecer cálcio e
aumentar o pH de solos ácidos.
Para ter aplicação na indústria do cimento, o gesso deve possuior
Figura 15 –Geologia da envolvente à pedreira “Picotas nº 1” (polígono vermelho) e à propriedade da Extracentro, Lda. (polígono azul). Símbolos: a – Aluviões do Moderno; Q2, Q – Depósitos de terraços e de praias antigas, e depósitos indiferenciados, ambos do Quaternário; P – Pliocénico; M – Miocénico; φ – Oligocénico; C23
, C1,2 – Turoniano e Cretácico Inferior; J1ab - Jurássico Inferior.
0 20 40 60 80 Distância Horizontal (m) 20 40 60 80 100 120 140 160 180 D is tâ n c ia V e rt ic a l (m ) Poligonal da Base da Escavação R am pa de a ce sso S1 S2 S3 S4 S5 S6 20 25 30 35 40 Teores em SO3 (%) Profundidade 8-12 m
Depósitos Mistos:
o Caso de Albergaria dos Doze
A área de estudo localiza-se
cerca de 15 km a Este de Pombal
e ocupa uma área de 4 km
2Jazigo Mineral vs. Aproveitamento do Recursos
.