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Trabalho Feminino e Mudanças na Família no Brasil (1984-1996): comparações por classe social

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Trabalho Feminino e Mudanças na Família no Brasil (1984-1996):

comparações por classe social

*

Nathalie Reis Itaboraí

Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro

Palavras-chave: reprodução, mulheres, família, trabalho.

Trabalho feminino, autonomia e empowerment – algumas notas acerca de questões muito complexas...

Quando falamos em empowerment feminino, a questão mais evidente é a crescente dedicação das mulheres ao trabalho, que garantiu definitivamente sua inserção na esfera pública. Nas últimas décadas, o crescimento da taxa de atividade das mulheres é acompanhado por outras estatísticas favoráveis à qualidade de vida feminina, como a redução da fecundidade e o aumento na sua esperança de vida e em seu nível educacional. Este conjunto de transformações vem sendo interpretado por alguns como um processo de empowerment (England, 1997), pelo qual a secular submissão feminina estaria sendo substituída por condições sociais mais igualitárias entre homens e mulheres.

Se remontarmos a história humana e mesmo brasileira, vemos que as mulheres sempre trabalharam. Por que hoje em dia realça-se tanto o crescimento do trabalho feminino? O aumento da visibilidade do trabalho feminino na segunda metade do século XX se deve, segundo Sullerot (1970), ao fato deste vir assumindo um formato mais próximo do trabalho masculino, profissionalizando-se. De fato, se observarmos os relatos sobre a história do trabalho feminino por rendimentos no Brasil, vemos que, embora ele envolvesse uma labuta árdua, era socialmente percebido pelas próprias mulheres como uma forma de lutar pela sobrevivência (Dias, 1984), em geral

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predominando entre as mulheres que não viviam com um companheiro, a quem cabia socialmente o sustento domiciliar. É certo, todavia, que os valores quanto ao trabalho feminino variou historicamente através dos grupos sociais. Se nas camadas médias, a primeira profissão feminina considerada digna (em fins do século XIX) foi a de professora (Nogueira, 1962), nos demais grupos sociais antes já era mais comum o trabalho feminino, como vendedoras e costureiras, mesmo sob o risco de difamação das mulheres que trabalhassem fora.

Transpostos dois séculos, com a valorização da independência feminina pelos movimentos feministas originados nas classes médias, o discurso do trabalho feminino como fonte de autonomia para a mulher adquiriu força apoiado na idéia de que este lhe daria mais independência frente ao marido. Juntando a progressiva redução às barreiras a escolarização feminina (Rosemberg, 1994) e sua crescente dedicação ao trabalho, formou-se os ingredientes para o que hoje aparece como uma revolução “não tão silenciosa” nas condições de vida das mulheres.

Diversas indicações tem sido feitas de que o trabalho remunerado ocupa cada vez mais uma parte importante da vida da mulher, e de que este vem se profissionalizando e diversificando cada vez mais, embora permaneçam evidentes desigualdades por gênero no mercado de trabalho (Bruschini e Lombardi, 1999, Bruschini, 2000). As gerações mais jovens parecem inclusive vir experimentando um contexto mais favorável, visão que transparece em estudos como o de Leme e Wajnmam (2000) que diagnosticou uma tendência de redução dos diferenciais salariais entre homens e mulheres.

Da constatada autonomia profissional feminina, é comum derivar-se ou pressupor a equação de seus efeitos sobre a vida familiar, favorecendo ou permitindo romper uniões e reduzir ou controlar o número de filhos. Desta forma, o trabalho feminino tem sido associado como causa ou condição para as mudanças em curso nas relações de gênero, e finalmente, no formato das famílias.

Mas não existem certezas quanto aos benefícios do trabalho feminino para as mulheres. Para alguns ele representa maior poder de barganha na relação familiar. Para outros, uma vez que ele concorre ou se acumula como outras atividades familiares e domésticas, seriam questionáveis os efeitos benéficos do trabalho para a vida das mulheres, pois de um aumento da autonomia feminina este se transformaria numa

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sobrecarga de trabalho (Arriagada, 1997). Esta visão encontra apoio em estudos etnográficos que sugerem a racionalidade do não trabalho das mulheres de baixa renda, diante do risco do marido, diante da capacidade da mulher de prover a casa, acomodar-se e ainda ter tempo para aventuras extra-conjugais (Fonacomodar-seca, 2000).

Se os estudos que relacionam vida familiar e profissional sempre foram recorrentes quando o trabalhador analisado é uma mulher, nem sempre houve um cuidado em diferenciar as mulheres segundo suas condições sociais. Nos últimos tempos, todavia, os estudos feministas cada vez mais reconhecem que não há uma categoria uniforme “mulher”, uma vez que as mulheres se diferenciam segundo sua idade, cor ou classe social. Num estudo clássico sobre o trabalho feminino, Tilly e Scott (1978) alertaram que tem sido comum apoiar-se na história das mulheres de classe média e alta para falar em autonomização feminina, mas a história das classes mais baixas não permite falar nisso (1978: 4). A preocupação de não incorrer em semelhante erro, levou-nos a adotar a variável classe social como um controle para as análises aqui desenvolvidas.

Se não é possível conhecer todas as mediações desta complexa teia de relações sociais que configuram a relação entre as dimensões da vida familiar e profissional da mulher brasileira de hoje, pode-se ao menos, tentar entrever relações entre estas duas dimensões de suas vidas. É o que se busca no estudo exploratório desenvolvido aqui.

Trabalho feminino e mudanças na família: uma análise exploratória

Para analisar adequadamente, ainda que de forma exploratória, as relações mútuas entre trabalho feminino e mudanças na vida familiar, foi preciso valer-se de diferentes bases de dados. A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 1984 foi utilizada para analisar a relação entre história familiar e trabalho feminino. Pela Pesquisa Nacional sobre Demografia e Saúde (PNDS) de 1996, investigou-se a atitude de mulheres que trabalham em relação à fecundidade, com base nos indicadores de uso de contracepção e desejo de ter mais filhos. Os dados da Pesquisa sobre Padrão de Vida de 1996, por sua vez, permitiram investigar as soluções domésticas encontradas pelas mulheres que trabalham e têm filhos pequenos.

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Antes, porém, apresentamos um breve esboço da evolução do trabalho feminino na última década, pela comparação entre dados das PNADs 1984 e 1996.

O crescimento do trabalho feminino no período 1984-1996

A análise de dados apresentada a seguir tem por fim evidenciar a evolução das taxas de atividade entre 1984 e 1996, de mulheres em diferentes contextos familiares e segundo sua condição de classe. Pretende-se, assim, situar, no quadro geral das transformações no trabalho feminino, as análises multivariadas a serem esboçadas na segunda parte deste trabalho.

Tabela 1. Participação de mulheres de 15 anos ou mais no mercado de trabalho segundo

sua condição no domicílio1

Condição no domicílio 1984 1996 Diferença Pessoa de referência 46,2% 46,8% +0,6 Cônjuge 30,8% 41,2% +10,4 Filho 48,7% 47,2% -1,5 Outro parente 27,4% 30,9% +3,5 Agregado 34,0% 44,8% +10,8 Pensionista 82,1% 77,3% - 4,8 Total 37,9% 43,2% + 5,3

Fonte: Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), 1984 e 1996.

Pela tabela 1, observa-se que as mulheres que ocupam a condição de filhas são as que apresentam as maiores taxas de participação no mercado de trabalho, constando-se, todavia, uma tendência de redução nesta participação, o que certamente é parte de uma tendência geral de maior permanência dos filhos jovens na escola. As mulheres que ocupam a posição de pessoa de referência no domicílio, por sua vez, mantêm suas já altas taxas de participação (em torno de 46%). Corroborando as análises que apontam o crescimento do trabalho entre mulheres casadas (Bruschini, 2000), nota-se que o

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percentual de mulheres cônjuges que trabalham salta de 31% em 1984 para 41% em 19962.

Tabela 2. Participação de mulheres de 15 anos ou mais no mercado de trabalho segundo

grupos de idade

Idade da mulher 1984 1996 Diferença 15 a 19 anos 36,7% 32,0% - 4,7 20 a 24 anos 45,0% 49,9% + 4,9 25 a 29 anos 44,6% 52,6% + 8,0 30 a 34 anos 45,9% 55,0% + 9,1 35 a 39 anos 46,5% 56,9% + 10,4 40 a 44 anos 45,3% 56,5% + 11,2 45 a 49 anos 38,9% 50,2% + 11,3 50 a 54 anos 32,8% 42,1% + 9,3 55 a 59 anos 26,2% 33,5% + 7,3 60 ou mais 10,1% 12,4% + 2,3

Fonte: Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), 1984 e 1996.

Como se observa na tabela 2, as taxas de atividade feminina crescem em quase todos os grupos etários, especialmente entre 30 e 49 anos, quando o crescimento chega a ultrapassar os 10 pontos percentuais. A idade mais ativa continua sendo entre 25 e 44 anos, mas nota-se uma tendência de manutenção da atividade profissional depois desta faixa etária.

Tabela 3. Participação de mulheres de 15 anos ou mais no mercado de trabalho segundo

faixas de escolaridade

Anos de estudo 1984 1996 Diferença 0 a 4 anos 33,0% 34,9% +4,9

5 a 8 anos 37,1% 41,9% +4,8

9 a 11 anos 48,0% 54,0% +6,0

12 anos e mais 70,4% 71,5% +1,1

Fonte: Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), 1984 e 1996.

A tabela 3, por sua vez, permite acompanhar a relação entre trabalho feminino e os níveis de escolaridade. Nota-se que a proporção de mulheres trabalhando cresce em todos os níveis de escolaridade, mas o crescimento é mais intenso entre as de nível

2 Para garantir a comparabilidade entre os dados, foi utilizada, em ambas as datas, a pergunta referente a

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médio (9 a 11 anos de estudo). Esta tendência provavelmente está relacionada ao tipo de emprego que está sendo criando para mulheres e ao aumento das exigências educacionais por parte do mercado de trabalho. O aumento da participação feminina nos níveis mais baixos de escolaridade também demonstra uma tendência de romper com a seletividade de períodos anteriores, quando apenas as mulheres mais escolarizadas trabalhavam (Leme e Wajnman, 2000).

Na tabela seguinte (4), concentramo-nos apenas nas mulheres chefes ou cônjuges para avaliar em que medida o trabalho feminino está relacionado a mudanças na estrutura familiar. Onde mais cresceu o trabalho feminino foi nas famílias compostas por casais com filhos, seguidas dos casais sem filhos. As mulheres chefes de famílias monoparentais permanecem sendo as que mais se encontram engajadas no mercado de trabalho, mas o crescimento do trabalho feminino nesta categoria é mais modesto. Nos tipos de família unipessoais e outros decresce o trabalho feminino. Pode-se supor que isto tenha a ver com o fato de serem estes os arranjos familiares em que se encontram mais freqüentemente mulheres idosas.

Tabela 4. Participação de mulheres, chefes ou cônjuges, no mercado de trabalho

segundo o tipo de família

Tipo de família 1984 1996 Diferença Casal com filhos 30,8% 42,1% + 11,3

Casal sem filhos 31,1% 38,7% + 7,6

Monoparentais 48,3% 49,9% + 1,6

Unipessoais 41,3% 36,2% - 5,1

Outros 43,7% 41,7% - 2,0

Fonte: Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), 1984 e 1996.

Pela tabela 5, nota-se que mais mulheres trabalhavam com filhos pequenos em 1996 do que em 1986. Cresce a participação no mercado de trabalho de mulheres com filhos de até 14 anos. Neste grupo, o crescimento é maior entre as com filhos mais velhos (7 a 14 anos), mas é acompanhado também pelas mulheres com filhos de idades inferiores.

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Tabela 5. Condição de trabalho da mulher pela de idade de seu filho mais novo Idade do filho 1984 1996 Diferença

0 a 2 anos 30,5% 36,4% +5,9

3 a 4 anos 39,4% 48,3% + 8,9

5 a 6 anos 43,1% 52,0% +8,9

7 a 14 anos 43,1% 55,1% +12,0

Fonte: Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), 1984 e 1996.

Analisamos a seguir as mulheres unidas que trabalhavam ou tinham trabalho pela classe do marido. Tem sido comum nos estudos sobre o trabalho feminino derivar a opção feminina pelo trabalho das condições de seu marido. Em geral, parte-se da idéia de que a insuficiência de renda do marido é que leva a mulher a trabalhar. Os dados da tabela 6 não corroboram esta visão. Mostram, ao contrário, que a condição de trabalho da mulher tende a crescer com a posição de classe do marido, até por razões de endogamia em que as mulheres mais educadas (e que, portanto, tem melhores chances de trabalho) encontram-se casadas com homens de mais altas posições sociais.

Há, todavia, uma certa tendência de convergência nas taxas de participação feminina no mercado de trabalho, que em 1996 são sempre superiores a 40%. Isto sinaliza para uma mudança cultural de maiores proporções e não simples efeito de crises ou ampliação de padrão de consumo. É interessante notar que entre as esposas de operários da indústria moderna e de cargos de supervisão do trabalho manual, que possuíam em 1984 as mais baixas taxas de atividade, duplica no intervalo a sua participação, aproximando-se dos demais grupos.

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Tabela 6. Percentual de esposas que trabalham segundo a classe do marido

Classe do marido 1984 1996 Diferença Baixa rural

(I – Trabalhadores rurais) 31,9% 44,7% + 12,8 Baixa urbana (II e III) 30,3% 40,7% + 10,4

II. Trabalhadores do serviço doméstico e pessoal 35,4% 45,7% + 10,3 III. Trabalhadores da indústria tradicional, dos

serviços gerais e ambulantes 30,0% 40,9% + 10,9 Média baixa (IV e VI) 29,5% 46,5% + 17,0

IV. Supervisores do trabalho manual e trabalhadores

da indústria moderna 26,0% 53,3% + 27,3 VI. Pequenos proprietários e trabalhadores no

comércio estabelecido 34,8% 38,2% + 3,4 V. Proprietários rurais (excluídos da análise) 24,0% 43,4% + 19,4

Média alta (VII – Técnicos, artísticas e funções de rotina)

39,6% 47,4% + 7,8

Alta (VIII, IX e X) 40,0% 52,5% + 12,5

VIII. Proprietários empregadores e cargos de direção 37,7% 51,5% + 13,8 IX. Profissionais de nível superior 44,2% 54,5% +10,3 X. Profissionais liberais 48,4% 56,2% + 7,8

Total 32,4% 45,1% + 12,7

Fonte: Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), 1984 e 1996.

Trabalho feminino e vida familiar: investigando relações

Na parte que se segue utilizamos análises multivariadas para avaliar o peso de diferentes ordens de fatores nas chances de uma mulher trabalhar fora. Num primeiro momento analisamos todas as mulheres e depois apenas as chefes e cônjuges.

Evidências sobre o impacto da vida familiar no trabalho feminino já foram fornecidas por diversos estudos. Quanto ao estado civil, tem sido observado um aumento da participação das mulheres casadas, acompanhado de uma redução na segregação entre ocupações predominantemente preenchidas por casadas ou solteiras, o que pode ser atribuído pelo menos em parte a um impacto benéfico da licença maternidade (Rios-Neto, Batista, 1998). As características do ciclo de vida familiar também importam, sobretudo quando se trata de famílias com filhos pequenos. Rios-Neto (1998), avaliando dados de 1983 para mulheres urbanas casadas, concluiu que, na hipótese mais modesta, pelo menos os filhos menores de um ano têm um efeito significativo nas possibilidades da mulher estar trabalhando.

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Na tabela 7 apresentamos as chances, no universo de todas as mulheres de 15 anos e mais de estar trabalhando, segundo características individuais (idade, anos de estudo e cor), de sua localidade de residência (região e área, para controlar diferenças no mercado de trabalho) e de sua vida familiar atual e passada (condição na família, renda familiar exclusive a da mulher, se alguma vez esteve unida, se uniu-se com menos de 20 anos, se viveu união consensual, separou-se ou ficou viúva, e a existência de filhos e idade do mais novo).

Em 1984, comparadas à região Nordeste, nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, a mulher ter menores chances de estar trabalhando fora, enquanto no Sul tem maiores chances e no Norte tem chances semelhantes ao Nordeste. Já as mulheres que vivem em área urbana têm 25% menos chance que as de área rural de estarem trabalhando. A variável idade foi utilizada como controle, demonstrando como esperado, que a atividade feminina é maior nas faixas intermediárias. A educação, que também é importante na predição do trabalho feminino, apresenta o efeito de cada ano a mais de estudo representar 16% mais chance de inserção ocupacional. Quanto a cor, ressalta-se que os grupos não brancos possuem maior chance de se encontrar trabalhando, com as mulheres pretas tendo 50% a mais de chance que as brancas de estarem empregadas.

As características familiares também se mostraram importantes. A renda familiar apresenta o efeito de reduzir as chances da mulher trabalhar, dando validade ao argumento de que o trabalho feminino expressa em parte necessidades econômicas familiares. O fato da mulher ser “chefe” mais que dobra suas chances de estar trabalhando se comparada às mulheres que ocupam a posição de cônjuges em seus domicílios. Mulheres que ocupam a posição de filha, outra parente ou agregada/pensionista também apresentam maiores chances de estar trabalhando que as esposas, demonstrando que estas últimas estão proporcionalmente menos representadas no mercado de trabalho.

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Tabela 7. Chances da mulher (de 15 anos e mais) ter trabalhado na semana de

referência

Variável Sig Exp(B)

Região – Nordeste ,0000 Sudeste ,0000 ,9073 Sul ,0000 1,2194 Centro-oeste ,0000 ,7016 Norte ,6600 ,9780 Área – rural ,0000 Urbana ,0000 ,7642 Metropolitana ,0000 ,8432

Renda fam. exclusive mulher – até 2 SM ,0000

Mais de 2 até 5SM ,0000 ,6877

Mais de 5 até 10SM ,0000 ,4801

Mais de 10 SM ,0000 ,3714

Idade da mulher- 15 a 19 anos ,0000

20 a 24 anos ,0000 1,7162 25 a 29 anos ,0000 2,4218 30 a 34 anos ,0000 3,3318 35 a 39 anos ,0000 3,9161 40 a 44 anos ,0000 3,9714 45 a 49 anos ,0000 2,9756 50 a 54 anos ,0000 2,2052 Anos de estudo ,0000 1,1616 Cor – branca ,0000 Preta ,0000 1,5069 Parda ,0000 1,1284 Amarela ,0006 1,3669

Condição na família – cônjuge ,0000

Chefe ,0000 2,2602

Filha ,0000 1,6165

Outra parente ,0265 1,2091

Agregada/pensionista ,0000 2,9523

Alguma vez união consensual ,0002 1,1015

Alguma vez unida ,0000 ,4712

Alguma união precoce ,2354 ,9796

Alguma vez separada ,0000 1,4779

Alguma vez viúva ,0005 ,8607

Idade do filho mais novo – menos de 1 ,0000

1 ano ,0000 1,1698 2 anos ,0000 1,3581 3 anos ,0000 1,5842 4 anos ,0000 1,5714 5 anos ,0000 1,7912 6 anos ,0000 1,8088 7 a 14 anos ,0000 1,8964 15 anos e mais ,0000 1,7434 Sem filhos ,0000 1,8250 Constante ,0000 Chi-square ,0000 9651,647 N 82013 Poder preditivo 69,60%

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O histórico de uniões das mulheres revelou algumas relações interessantes: ter se unido alguma vez reduz pela metade as chances da mulher estar trabalhando, ter vivido união consensual aumenta em 10% as chances de trabalho feminino, a idade da união (o fato de ter se unido antes dos 20 anos) não se mostrou relevante, o fato de ter rompido alguma união aumenta em quase 50% a chance da mulher trabalhar, e o fato de ter ficado viúva reduz em 15% as chances de trabalho extra-doméstico. Nossa expectativa de que as mudanças na família favorecessem o trabalho feminino se mostraram válidas, na medida em que o fato de ter vivido união consensual ou ter se separado aumenta as chances da mulher trabalhar fora. A idade do filho mais novo também é um preditor importante, demonstrando que mulheres com filhos mais velhos, ou sem filhos, têm progressivamente mais chances de trabalhar fora.

A tabela 8 apresenta dados para 1984 e 1996 que incluem apenas as mulheres chefes ou cônjuges. Neste caso, excluímos a variável condição na família, aqui substituída pelo tipo de arranjo familiar e incluímos número de filhos tidos, como indicativo do efeito da vida reprodutiva passada da mulher.

A comparação entre as duas regressões sugerem mudanças no efeitos das variáveis sobre o engajamento das mulheres no mercado de trabalho. Nota-se que em 1996, as diferenças regionais se reduzem, persistindo apenas um maior engajamento ao trabalho por parte das mulheres da região Sul. A diferença entre áreas urbanas e rurais permanecem significativas e aumentam ligeiramente. Quanto as diferenças entre os grupos de idade das mulheres nota-se que estas se tornam menores em 1996 se comparadas a 1984, quando o grupo de 35 a 44 anos tinha chances mais de três vezes maiores de estar trabalhando que as mulheres jovens. O efeito da variável cor também se reduz em 1996, embora persista sendo significativa a maior freqüência de trabalho entre mulheres pretas e pardas se comparadas às brancas. O efeito do anos de estudo de torna-se menor, passando de 16,5 para 13%, o que provavelmente se deve a mudança constada por Leme e Wajnman (2000) do padrão anterior em que eram apenas as mulheres mais escolarizadas que trabalhavam porque o custo benefício era maior.

Analisando-se o tipo de arranjo familiar, nota-se que, tomando como base para a comparação os casais com filhos (modelo tradicional em relação ao qual se pensa as mudanças na família) as mulheres que se encontravam no arranjo casal sem filhos

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Tabela 8. Chances da mulher ter trabalhado na semana de referência

mulheres de 15 a 54 anos, chefes e cônjuges

Regressão 1984 Regressão 1996

Variáveis Sig Exp(B) Sig Exp(B)

Região – Nordeste ,0000 ,0000 Sudeste ,0000 ,8942 ,5893 ,9869 Sul ,0000 1,1873 ,0000 1,4687 Centro-oeste ,0000 ,6883 ,0026 ,8956 Norte ,8671 1,0089 ,3503 ,9581 Área – rural ,0000 ,0000 Urbana ,0000 ,7815 ,0000 ,7509 Metropolitana ,0000 ,8902 ,0000 ,6952 Idade- 15 a 19 anos ,0000 ,0000 20 a 24 anos ,0000 1,7855 ,0000 1,8485 25 a 29 anos ,0000 2,6425 ,0000 2,4277 30 a 34 anos ,0000 3,7080 ,0000 2,8819 35 a 39 anos ,0000 4,3163 ,0000 3,1466 40 a 44 anos ,0000 4,2450 ,0000 3,1886 45 a 49 anos ,0000 3,0762 ,0000 2,5914 50 a 54 anos ,0000 2,2269 ,0000 1,8268 Cor – branca ,0000 ,0000 Preta ,0000 1,5219 ,0000 1,2719 Parda ,0000 1,1559 ,0000 1,1110 Outra ,0027 1,3242 ,2942 1,1269 Anos de estudo ,0000 1,1654 ,0000 1,1297

Renda familiar – até 2 ,0000 ,0000

Mais de 2 a 5 SM ,0000 ,6698 ,0000 ,7848 Mais de 5 a 10 SM ,0000 ,4584 ,0000 ,6110

Mais de 10 SM ,0000 ,3511 ,0000 ,4877

Família – casal e filhos ,0000 ,0000

Casal sem filhos ,2830 1,0546 ,0000 1,2237

Monoparental ,0000 2,5812 ,0000 2,1832 Unipessoal ,0001 1,6326 ,0000 2,3109 Outro ,0000 3,3281 ,0000 2,7335 Número de filhos – 0 ,0000 ,0004 1 ,9132 ,9922 ,8493 ,9899 2 ,0160 ,8396 ,0508 ,9013 3 ,0966 ,8839 ,0510 ,8979 4 ,0500 ,8604 ,7005 ,9775 5 e mais ,8641 ,9868 ,6356 ,9720

Idade filho– menos de 1 ,0000 ,0000

1 ano ,0000 1,1654 ,0000 1,3825 2 anos ,0000 1,3270 ,0000 1,5695 3 anos ,0000 1,5770 ,0000 1,9117 4 anos ,0000 1,5230 ,0000 1,9755 5 anos ,0000 1,8028 ,0000 2,1585 6 anos ,0000 1,8200 ,0000 2,1595 7 a 14 anos ,0000 1,9169 ,0000 2,6796

15 e mais ou sem filho ,0000 1,8526 ,0000 2,4128

Constante ,0000 ,0000

Chi-Square (df = 37) 8280,261 ,0000 6889,607 ,0000

N 76470 59482

Poder preditivo 69,46% 63,47%

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apresentavam em 1996 chances 22% maiores de estar se dedicando a trabalho extra-doméstico3. Já as mulheres chefes de famílias monoparentais apresentavam chances de

dedicação ao trabalho de 158% e 118% maiores que as esposas com filhos, em 1984 e 1996 respectivamente. As mulheres que residiam só têm suas chances de dedicação ao trabalho ampliadas no intervalo observado, passando de 63% a mais de chance em 1984 para 131% em 1996. As mulheres que residiam em outros tipos de arranjos são as que apresentam maior chance de trabalho se comparadas às esposas, 230% em 1984 e 173% em 1996. O fato da mulher ter apenas um filho não afeta suas chances de dedicação ao trabalho se comparada as mulheres sem filhos. Já o fato de ter 2 a 4 filhos em 1984 e 2 a 3 em 1996 estão associados a chances em torno de 10% menores de estar trabalhando. Já parturições mais elevadas (5 e mais em 1984 e 4 e mais em 1996) não estão associadas à redução da chance de trabalho das mulheres, possivelmente porque parte destes filhos assume responsabilidades domésticas, liberando a mãe para o mercado de trabalho.

Se as mulheres que tem maior número de filhos têm uma chance ligeiramente menor de trabalhar do que as que não tem, o efeito decisivo não parece ser o número de filhos, mas sim a idade do filho mais novo. Nota-se em ambas as datas que a chance da mulher estar trabalhando é progressivamente maior a medida em que seu filho mais novo cresce. Observe-se ainda que este efeito é mais forte em 1996.

Para lançar mais luz sobre esta questão, na seção seguinte, observaremos como os filhos pequenos afetam a rotina profissional das mães.

Soluções domésticas? : família e trabalho feminino em famílias com filhos pequenos em 1996

Uma importante dimensão que possibilita ou não o trabalho de mulheres que são mães são os arranjos de cuidado infantil que se formam para cobrir a ausência da mulher em casa. Os dados que exploraremos sugere ser esta uma solução privada. Esta não é necessariamente a regra, já que políticas públicas que contemplem este problema podem favorecer o engajamento profissional das mulheres. O que se observa, todavia, sugere que, como é uma solução privada, realmente o custo benefício é maior para as

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mais educadas e de famílias com maior poder aquisitivo. Neste tópico iremos focalizar portanto a situação de famílias com filhos pequenos em 1996, de forma a evidenciar como são (ou não) resolvidos, em cada classe social, os conflitos entre vida profissional e vida familiar.

Já tivemos a oportunidade de ver como a idade do filho mais novo tem impacto nas taxas de atividade femininas. Na tabela seguinte (9) apenas apresentamos uma informação mais cuidadosa porque inclui apenas filhos efetivamente residindo no domicílio. Nota-se que a maior parte das mulheres que tinham filhos pequenos (especialmente os com até 1 ano) não trabalhavam em 1996. Num extremo estão as mulheres da classe baixa rural que tinham filho de 0 a 1 ano (80% delas não trabalhavam) e no outro as mulheres da classe alta que tinham filho de 2 a 5 anos (aproximadamente 50% delas não trabalhavam).

Tabela 9. Percentual de mulheres (com filhos de 0 a 5 anos residindo no domicílio) que

não trabalham pela idade do filho mais novo e a classe social da família

Classe social da família 0 a 1 ano 2 a 5 anos Baixa rural 80,0% 72,5% Baixa urbana 72,9% 68,4% Média 67,5% 64,5% Alta 62,6% 49,8%

Fonte: FIBGE, Pesquisa sobre Padrão de Vida (PPV), 1996.

A racionalidade envolvida na decisão de muitas mulheres das classes mais baixas em abandonar o trabalho aparece em alguns estudos. Os ganhos correspondentes à qualificação da mãe parecem não compensar os custos de substituição da mãe no cuidado com a criança. Se esta não deixa de ser uma verdade, a motivação econômica certamente se soma às dificuldades decorrentes das expectativas de gênero, que dificultam um encaminhamento diferente para a situação. Junto aos argumentos de que o salário não compensaria, estão afirmações de que “o marido achou melhor eu ficar em casa”. Na verdade, não só o marido, mas toda a sociedade, em suas leis e agentes

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(chefias e colegas de trabalho, por exemplo), parecem dizer à mulher com filhos pequenos que seu lugar agora é em casa (Soares, 1998).

A possibilidade da mulher continuar trabalhando depois do nascimento de um filho certamente depende muito das possibilidades concretas de resolver o cuidado com filhos pequenos. As alternativas variam com a condição econômica da família e também com a disponibilidade de substitutos para a mãe no domicílio ou na rede de parentesco. Martelero (1998) constatou a importância da estrutura familiar na definição do tipo de arranjo de “childcare” a ser adotado: famílias chefiadas por mulheres tendiam, por ter menor renda e maior apoio de parentes, a deixar os filhos sob cuidados de parentes. Já famílias com maior renda e ambos os cônjuges tendiam a optar mais por arranjos formais como creches e empregadas.

Pela tabela 10, observa-se que a percentagem de crianças que freqüentam estabelecimento de ensino cresce progressivamente com a condição de classe, variando de 5% na classe mais baixa até quase 50% na classe mais alta.

Tabela 10. Criança de 0 a 5 anos que freqüenta estabelecimento de ensino por classe

social da família sim não Baixa rural 5,0% 95,0% Baixa urbana 14,3% 85,7% Média 21,6% 78,4% Alta 49,3% 50,7% Total 19,8% 80,2%

Fonte: FIBGE, Pesquisa sobre Padrão de Vida (PPV), 1996.

Este dado deve-se pelo menos em parte ao fato da estrutura de creches públicas no país ser bastante precária. Apesar do crescimento substantivo do número de crianças atendidas por creches desde os anos 70, em grande parte motivadas por demandas de movimentos de mulheres, e dos direitos garantidos pela constituição de 1988, que incluiu o atendimento em creche e pré-escola para crianças de 0 a 6 anos de idade nos deveres do Estado, subordinando esse setor , antes de cunho assistencialista, à área de

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educação (Rosemberg, 1989, Campos et al., 1995), ainda é, na prática, atribuição das mães o cuidado das crianças menores.

Assim, quando se considera quem cuida da criança, incluindo tanto as que freqüentam escolas quanto as que não, vê-se que a maior parte das crianças é cuidada por suas próprias mães, percentual que decresce a medida em que se observa as posições mais altas na hierarquia de classes, oscilando de 94,1% na classe mais baixa para 68,6% na classe mais alta (tabela 11). Os demais arranjos, parentes ou empregadas, usados para substituir a mãe, logicamente crescem também com a condição de classe. Dentre os arranjos alternativos à mãe, o cuidado por parentes predomina fortemente nas classes baixas e na média, só igualando sua importância a das empregadas domésticas na classe alta. Estes dados certamente ajudam a entender porque tantas mães com filhos pequenos, especialmente nas camadas baixas, se ausentam do mercado de trabalho.

Tabela 11. Com quem fica a criança de 0 a 5 anos (inclui as que freqüentam ou não

creche/escola) por classe social da família

Mãe Outros parentes Empregada doméstica/ mãe crecheira Outra pessoa/ sozinha Baixa rural 94,1% 5,1% ,3% ,5% Baixa urbana 87,1% 10,7% ,9% 1,2% Média 79,9% 15,1% 2,9% 2,0% Alta 68,6% 13,6% 12,7% 5,1% Total 83,6% 11,4% 3,1% 1,9%

Fonte: FIBGE, Pesquisa sobre Padrão de Vida (PPV), 1996.

Diante das constatadas dificuldades encontradas pelas mulheres, sobretudo das camadas sociais mais baixas, em trabalhar quando existem filhos pequenos, haveria entre as mulheres trabalhadoras uma menor motivação para ter filhos? Refletiremos sobre isto a seguir.

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Mudanças na condição da mulher na família e preferências reprodutivas

O estudo das preferências reprodutivas na população brasileira tem revelado uma tendência de homogeneização, “dado que em todas as agrupações, a intenção de não ter mais crianças é bastante uniforme”(Wong, 1998: 2987). Metodologias rigorosas tem sido empregadas para estimar a fecundidade futura com base em indicadores de fecundidade desejada e intenções reprodutivas. Na presente seção, nossa intenção é bem mais modesta, visto que pretendemos apenas traçar possíveis relações entre mudanças na condição da mulher dentro da família e suas atitudes frente a reprodução. Isto será feito através de duas regressões logísticas apresentadas a seguir, mas antes disto exploraremos as semelhanças e diferenças entre mulheres de diferentes classes sociais no que diz respeito à suas atitudes em face da reprodução.

Além da tendência de redução dos diferenciais na taxa de fecundidade de mulheres pertencentes a diferentes classes sociais que discutimos em outro trabalho (Itaboraí, 2001), pode-se notar pela tabela seguinte que a preferências reprodutiva de mulheres de diferentes classes se aproxima. Este dado corrobora as descobertas de Wong, que, usando educação como proxy de condição sócio-econômica, havia comparado o número ideal de filhos para mulheres de diferentes níveis educacionais.

Pela tabela 12, nota-se que as mulheres provenientes das classes sociais urbanas apresentam um número ideal de filhos em torno da média nacional (2,35), enquanto apenas as mulheres da classe baixa rural apresentam um número ideal de cerca de 0,4 superior à média nacional. O percentual de mulheres que afirmou não desejar ter mais filhos (incluindo as que concretizaram esta decisão pela esterilização) é bastante grande, abrangendo mais da metade das mulheres de todas as classes, com valores mais altos nas camadas mais baixas. Dentre as mulheres que desejam ou encontram-se indecisas sobre a possibilidade de ter filhos, conta-se um quarto das mulheres das classes média alta e alta, reduzindo-se este percentual nas camadas mais baixas. Todavia, o uso de contracepção moderna, usada aqui como uma indicação de que a mulher possui realmente controle de sua vida reprodutiva, apesar de alto em todas as classes, é cerca de 10% maior na camada social mais alta se comparada a mais baixa.

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Tabela 12. Preferência reprodutiva e uso de contracepção moderna por classe familiar Número médio ideal de filhos Deseja outro filho ou indecisa

Não quer mais e esterilizada Considera-se infecunda ou não exposta Uso de método moderno4 Baixa rural 2,73 18,0% 64,8% 17,2% 59,8% Baixa urbana 2,36 20,1% 59,2% 20,7% 66,7% Média baixa 2,24 23,7% 57,7% 18,6% 71,9% Média alta 2,25 24,8% 47,6% 27,7% 67,3% Alta 2,30 25,6% 56,5% 18,0% 70,8% Total 2,35 22,2% 56,8% 21,0% 67,6% Fonte: Bemfam, PNDS, 1996.

Nas regressões logísticas apresentadas na tabela 13 avaliamos que variáveis afetam a atitude feminina de restringir a fecundidade. O universo inclui todas as mulheres pesquisadas na DHS-1996, excluindo apenas, no que diz respeito a uso de contracepção, as mulheres que não haviam tido relação sexual ou que se encontravam grávidas.

Analisando as chances de a mulher não desejar ter mais filhos, nota-se, como se poderia esperar pela observação anterior das semelhanças nas preferências reprodutivas, que não há variação significativa por classe, cor, condição no domicílio5 ou nível educacional entre as mulheres no que diz respeito a manifestação do desejo de não ter mais filhos. As variáveis mais significativas são aquelas de controle, como idade e número de filhos que têm o efeito esperado de aumentar a chance de não desejar ter mais filhos conforme aumenta a idade da mulher e seu número de filhos. Residência em área rural tem o efeito de reduzir as chances da mulher querer restringir a fecundidade. Quanto às regiões, comparadas ao Nordeste, nota-se que as mulheres residentes no Rio de Janeiro têm quase um quarto a mais de chance de desejar não ter mais filhos, enquanto as mulheres residentes nos estados do Sul, em Minas Gerais e no Espírito Santo têm 15% a menos de chance de não desejar mais filhos. As diferenças atribuíveis às demais regiões são da ordem de 5% e não são significativas. Contrariando nossa expectativa, nota-se que o fato da mulher trabalhar fora não afeta sua preferência

4 Exclui grávidas e mulheres que disseram nunca ter tido relações sexuais. Os demais indicadores incluem

todas as mulheres pesquisadas.

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reprodutiva. Já a sua situação conjugal é significativa, na medida em que mulheres separadas apresentam maiores chances de não desejar mais filhos.

A observação dos dados relativos ao uso de contracepção moderna, uma indicação da capacidade das mulheres de colocar em prática seu desejo de restringir a fecundidade, indicam, todavia, a validade das variáveis educação, cor, condição na família e classe social. As chances de implementar o controle da fecundidade são maiores para mulheres mais educadas, cujas chances de usar métodos modernos mais que dobram depois de 8 anos de estudo, brancas e pardas (se comparadas a pretas e asiáticas), esposas e chefes (se comparadas a filhas – 30% a menos de chance – e outra parente – 18% a menos), e mulheres provenientes dos estratos sociais médios e alto.

Tabela 13. Mulheres que não desejam ter mais filhos6 ou usam contracepção moderna7

Variável Sig Exp(B) Sig Exp(B)

Idade – 15-19 ,0000 ,0000 20-24 ,0000 1,6145 ,4683 1,0923 25-29 ,0000 1,8880 ,6237 ,9409 30-34 ,0000 3,2388 ,8238 ,9714 35-39 ,0000 5,6658 ,0657 ,7798 40-44 ,0000 5,2853 ,0000 ,5661 45-49 ,0000 3,1086 ,0000 ,3295 Área-urbana/rural ,0010 ,7345 ,0000 ,7098 Cor-Branca ,9566 ,0164 Parda ,6722 1,0282 ,2029 ,9285 Preta ,8037 1,0374 ,0265 ,7552 Asiática ,6110 ,7704 ,0084 ,3367 Indígena ,6821 ,4581 ,7250 ,0046 Nº Filhos – nenhum ,0000 ,0000 Um ,0000 8,2384 ,0000 2,2950 Dois ,0000 45,4416 ,0000 5,7402 Três ,0000 98,8305 ,0000 10,8510 Quatro ,0000 88,5557 ,0000 10,4685 Cinco e mais ,0000 69,6820 ,0000 7,0264

Classe- Baixa rural ,1705 ,0013

Baixa urbana ,5981 ,9403 ,0427 1,2154 Média baixa ,5207 ,9204 ,0001 1,5346 Média alta ,2984 ,8674 ,0046 1,3878 Alta ,3709 1,1484 ,0159 1,3758 Região – Nordeste ,0214 ,0000

6 Inclui todas as mulheres, sendo que a opção não quer mais filho abrange aquelas que afirmaram não

querer tê-los e as que haviam se esterilizado.

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Rio de Janeiro ,0665 1,2386 ,0000 1,5995 São Paulo ,5504 1,0561 ,0497 1,1696 Sul ,0966 ,8529 ,0000 1,4116 Centro-Leste ,0811 ,8313 ,0022 1,3318 Norte ,8252 ,9668 ,6896 ,9496 Centro-Oeste ,6766 1,0530 ,0000 2,2485

Educação – não freq. ,3859 ,0000

Fundam. 1ºc incomp. ,5849 1,0877 ,0259 1,2806 Fundam. 1ºc comp. ,6140 ,9234 ,0020 1,4411 Fundam. 2ºc incomp. ,4687 1,1226 ,0000 1,9197 Fundam. 2ºc comp. ,7721 1,0513 ,0000 2,2726 Médio incomp. ,9548 1,0108 ,0000 2,1877 Médio completo ,4475 1,1402 ,0000 2,1398 Superior ,6033 ,9015 ,0000 2,5602

Cond. dom. -esposa ,3954 ,0170

Chefe ,1140 ,7854 ,5059 ,9174 Filha ,6042 ,9359 ,0026 ,6966 Outro parente ,8559 1,0244 ,1382 ,8281 Trabalho – nunca ,5619 ,0152 Trabalha ,9196 1,0100 ,6238 1,0447 Já trabalhou ,4418 1,0796 ,1604 ,8805

Sit. conjug. –casada ,0000 ,0000

Nunca unida ,3774 ,8776 ,0000 2,1913 Unida cons. ,7593 1,0271 ,0002 ,7562

Viúva ,1233 1,5560 ,0000 3,9732

Divorciada ,0011 2,9919 ,0000 4,0791 Separada cons. ,0014 1,6323 ,0000 2,2041

Parceiro- Não tem ,0000

Regular/unida ,0000 13,5337 Ocasional ,0000 5,7168 Constante ,0000 ,0000 Qui-quadrado ,0000 7813,868 ,0000 1979,519 N 11345 8732 Poder preditivo 86,43% 75,60% Fonte: Bemfam, DHS, 1996.

Nota-se ainda que as diferenças entre áreas urbanas e rurais continuam significativas, tendo as mulheres que vivem em área rural 30% a menos de chance de usar métodos contraceptivos modernos. As mulheres residentes no Rio de Janeiro, Sul, Centro-Leste, Centro-Oeste e São Paulo apresentam, nesta ordem, as maiores chances de estar usando métodos modernos se comparadas a região Nordeste, não havendo diferenças significativas atribuíveis a região Norte. O aumento no número de filhos da mulher tem o efeito de aumentar o uso de contracepção. Nota-se, entretanto, que este efeito não é linear, já que dentre as mulheres de 5 filhos e mais reduz-se um pouco a

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atitude restritiva em relação ao número de filhos e o uso de métodos modernos, sugerindo que, entre as mulheres de grande parturição, a maternidade possa ser mais desejada e menos prevenida.

Quanto ao estado conjugal da mulher nota-se que as mulheres unidas têm menores chances de usar contracepção, e que, dentre estas, as mulheres em união consensual têm 25% a menos de chance de utilizar meios modernos. As mulheres viúvas e divorciadas são as que apresentam maiores chances de usar contracepção moderna (3 vezes mais). O tipo de parceiro é usado como controle, indicando que mulheres com parceiros regulares ou unidas têm logicamente mais chance de usar métodos contraceptivos modernos se (comparadas às mulheres sem parceiro) do que aquelas com parceiros ocasionais.

Tabela 14. Mulheres unidas que declararam desejar ter mais filhos ou que usam

contracepção moderna

Deseja outro filho Usa contracepção moderna8

Variável Sig Exp(B) Sig Exp(B)

Região – Nordeste ,3842 ,0000 Rio de Janeiro ,9502 1,0098 ,0002 1,5544 São Paulo ,3869 1,1086 ,0100 1,2671 Sul ,0275 1,3178 ,0000 1,4854 Centro Leste ,1934 1,2062 ,0302 1,2633 Norte ,8609 1,0381 ,6692 ,9362 Centro Oeste ,9280 1,0149 ,0000 2,2235 Área- urbana/rural ,0032 1,4237 ,0039 ,7775 Idade – 15-19 ,0000 ,0000 20-24 ,1277 ,7831 ,9389 1,0132 25-29 ,0010 ,5908 ,2911 ,8395 30-34 ,0000 ,2638 ,9005 ,9788 35-39 ,0000 ,1364 ,0204 ,6687 40-44 ,0000 ,0628 ,0001 ,4986 45-49 ,0000 ,0296 ,0000 ,2707 Cor- Branca ,8360 ,0039 Parda ,8495 1,0164 ,6193 ,9670 Preta ,5193 ,8683 ,0258 ,7138 Asiática ,3421 1,8885 ,0012 ,2273 Índia ,8842 ,7740 ,7197 ,0040 Educação – não ,2847 ,0000 Fundam. 1ºc incomp. ,5056 ,8658 ,0565 1,2579 Fundam. 1ºc comp. ,4792 1,1657 ,0033 1,4610 Fundam. 2c incomp. ,9053 1,0262 ,0000 1,9337 8

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Fundam. 2ºc comp. ,5130 ,8573 ,0000 2,3710 Médio incomp. ,8857 ,9635 ,0000 2,3076 Médio comp. ,7815 ,9365 ,0000 2,2222

Superior ,4901 1,2060 ,0000 2,4035

Classe – Baixa rural ,6612 ,0048

Baixa urbana ,2476 1,1912 ,1845 1,1517 Média baixa ,2287 1,2254 ,0011 1,5023 Média alta ,2876 1,2199 ,0078 1,4450

Alta ,7694 1,0626 ,0440 1,3696

Trabalho – só hom. ,7879 ,0298

Ambos, hom. sup. ,9880 1,0017 ,0152 1,2390 Ambos, igual ,5586 1,0688 ,6744 ,9657 Ambos, mul. sup. ,5855 1,0733 ,7406 ,9676

Só mulher ,3680 ,8473 ,0714 1,3248 Recasada – não/sim ,0005 1,5883 ,9302 ,9914 União consensual ,2864 ,8993 ,0001 ,7226 Nº filhos – nenhum ,0000 ,0000 Um ,0000 ,3298 ,0000 3,2450 Dois ,0000 ,0519 ,0000 7,7491 Três ,0000 ,0177 ,0000 13,5441 Quatro ,0000 ,0213 ,0000 14,6699 Cinco e mais ,0000 ,0258 ,0000 9,0941 Constante ,0000 Qui-quadrado ,0000 2812,701 ,0000 932,069 N 7093 6661 Poder preditivo 87,01% 77,20% Fonte: Bemfam, DHS 1996.

A tabela 14 apresenta informações sobre as preferências reprodutivas de mulheres unidas (formalmente ou não). Poucos efeitos são significativos quando se considera o desejo de ter mais filhos: 30% a mais no Sul que no Nordeste e 42% a mais nas áreas rurais que nas urbanas, além dos previsíveis efeitos das variáveis de controle (idade da mulher e número de filhos). É interessante notar que as mulheres recasadas têm quase 60% mais chance que as em primeira união de desejar ter mais filhos. Outros valores merecem ser comentados, embora não significativos aos níveis convencionais, como o fato das mulheres das camadas baixa urbana e médias terem cerca de 20% a mais de chance de desejar outro filho, comparadas às mulheres da classe baixa rural; e o fato de que, quando a mulher é a única provedora, ela apresenta 15% a menos de chance de desejar ter outro filho, se compara aquelas que são sustentadas pelos seus maridos.

No que diz respeito ao uso de contracepção moderna, nota-se, entre as mulheres unidas, efeitos semelhantes aos já listados para todas as mulheres. Todavia, ao

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acrescentarmos a variável trabalho, que inclui o fato da mulher trabalhar e a posição de sua ocupação em face daquela de seu marido, observa-se que quando a mulher trabalha, mesmo que em posição inferior a de seu marido, suas chances de usar métodos modernos de contracepção crescem 24% se comparada às famílias em que apenas o marido trabalha fora. Por outro lado, quando a mulher é a única provedora, suas chances de usar métodos modernos são de 32% a mais. Note-se ainda que mulheres em união consensual têm 28% a menos de chance do que as formalmente casadas de estar usando métodos modernos de contracepção.

Considerações finais: querer ter filhos ou poder ter filhos?

Há sem dúvidas uma grande convergência nas preferências reprodutivas das mulheres brasileiras, que corrobora hipóteses já levantadas de uma mudança cultural de maiores proporções em direção a restrição do número de filhos. O fato da mulher trabalhar fora, pelo menos como medido aqui, não parece ser uma variável relevante para suas preferências reprodutivas, embora certamente seja parte do processo de autonomização feminino. As mudanças na família se relacionam, como seria esperado, de forma significativa com o declínio da fecundidade, já que são as mulheres divorciadas que têm atitudes mais restritivas em relação à fecundidade. Todavia, nota-se que mulheres unidas consensualmente têm menor controle sobre a fecundidade, enquanto as mulheres recasadas desejam mais freqüentemente um novo filho. Neste sentido, as mudanças na família estão relacionadas, ao mesmo tempo, a possibilidades de redução e recuperação da fecundidade.

Ao mesmo tempo, apresentamos indicações de que mudanças na família, como a maior incidência de separação e de união consensual, estão associadas a uma maior freqüência de trabalho feminino. Igualmente, está claro que ter filhos pequenos continua afetando as possibilidades de dedicação ao trabalho por parte da mulher, especialmente das camadas baixas, já que as soluções de cuidado infantil têm um caráter privado, dependendo dos recursos de pessoal (substitutos para a mãe) e financeiros (cuidado pago) das famílias.

Neste contexto, temos uma teia de relações que se alimentam mutuamente, em que as mudanças na família (separação, união consensual, redução fecundidade)

(24)

favorecem o trabalho feminino e, provavelmente, vice-versa.Uma pergunta antiga se coloca: as mulheres não querem ou não podem ter filhos? Todavia, no contexto atual por poder ter filhos, entende-se não apenas as condições materiais, mas as possibilidades afetivas de sentir-se segura para investir em tal responsabilidade. Aí a autonomia de decisão feminina é muito mais do que ter trabalho ou renda suficiente. Isto aparece no fato de sua experiência familiar precedente e atual ter um efeito tão ou mais significativo do que outras variáveis sócio-econômicas. Ao mesmo tempo, é sugestivo notar que as mulheres recasadas apresentam maior desejo de ter filhos, o que indica que, ou são elas um grupo de pessoas que aposta na família tradicional, ou a maternidade não se encontra socialmente tão desvalorizada.

É necessário ressaltar que este estudo ainda é exploratório, devendo ser aprimorado nas análises dos componentes das relações observadas. Para esmiuçar estas relações serão necessários também estudos qualitativos que, ao escutar os personagens desta história, torne mais claro os sentidos das ações e relações sociais aqui constatadas.

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