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Mortalidade infantil e saneamento básico – ainda uma velha questão

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Mortalidade infantil e saneamento básico – ainda uma velha questão

∗♠ Sonia Maria M.C. de Oliveira

Palavras-chave: indicadores sociais; mortalidade; saneamento básico

Resumo

O trabalho retoma reflexões a respeito da associação entre taxa de mortalidade infantil e domicílios particulares permanentes urbanos com serviço de saneamento básico, entendido este como a presença simultânea de rede geral de abastecimento de água e de rede geral de esgoto. Como referência empírica são utilizadas algumas das principais Regiões Metropolitanas (Rio de Janeiro, Recife e Belo Horizonte) e seus respectivos municípios. As informações são desagregadas por classes de renda onde é possível, e comparam-se os dados de microrregiões nas Unidades da Federação onde estão situadas as regiões metropolitanas analisadas. As bases de dados são as PNAD’s 2004 e 2006, e os resultados da amostra do Censo Demográfico 2000. O objetivo do trabalho é mostrar a prevalência das desigualdades regionais (ou territoriais) tanto no que se refere à abrangência domiciliar da prestação de serviços de saneamento básico quanto nas ainda altas taxas de mortalidade infantil em vários locais do território nacional. Busca também demonstrar que a associação entre saneamento básico e taxa de mortalidade infantil não mais ocorre de forma direta como no passado. Baixas TMI’s provavelmente resultam de uma conjugação de fatores socio-econômicos, demográficos e de atenção à saúde, além de serviços adequados de saneamento básico. Por isso, para reduzir de forma importante as taxas de mortalidade infantil ainda persistentes, os investimentos no setor de saneamento básico teriam de vir acompanhados por programas específicos de políticas públicas direcionados a grupos de alto risco, com ações voltadas para melhorias de condições de vida – melhor nutrição, habitação, formação educacional, atenção médico-sanitária e epidemiológica, sobretudo materno-infantil.

Trabalho apresentado no XVI Encontro Nacional de Estudos Populacionais, realizado em Caxambu - MG – Brasil, de 29 de setembro a 03 de outubro de 2008.

Agradeço a colaboração do demógrafo Celso Simões, pesquisador do IBGE que, além de contribuir com várias sugestões na composição do texto, elaborou as estimativas de mortalidade infantil que constam deste trabalho. Os problemas e defeitos nas análises aqui realizadas, no entanto, são de inteira responsabilidade da autora.

Socióloga, Doutora em Planejamento Urbano e Regional; pesquisadora da Coordenação de Pesquisas e Indicadores Sociais da Diretoria de Pesquisas – IBGE.

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Mortalidade infantil e saneamento básico – ainda uma velha questão

∗♠ Sonia Maria M.C. de Oliveira

Introdução

A ausência de serviço de saneamento básico adequado representa, na maior parte dos casos, situações de omissão, descaso ou inépcia do poder público com respeito aos serviços urbanos básicos que devem ser oferecidos à população, alguns deles a cargo de prefeituras municipais, outros de governos estaduais. Como se sabe, a falta de saneamento produz situações de vulnerabilidade socio-ambiental, sobretudo em áreas ocupadas por segmentos sociais mais empobrecidos e representam, eventualmente, risco potencial (presente ou futuro) de degradação do meio ambiente, bem como possibilidade de contaminação da base de recursos com conseqüências generalizadas sobre a saúde da população.

A situação se agrava quando margens de rios, lagoas ou nascentes são utilizadas como despejo de esgoto doméstico ou como vazadouros clandestinos de lixo. A contaminação das águas se soma à fumaça dos gases do lixo, que polui o ar, e à proliferação de insetos e roedores que funcionam como vetores de doenças infecto-parasitárias. Com o acúmulo do lixo e a falta de dragagem, em ocasiões de grande precipitação ocorrem enchentes, trazendo para dentro das moradias localizadas nessas áreas mais vulneráveis, situações de insalubridade e risco adicionais.

É importante enfatizar que a precariedade do saneamento básico em nossas cidades tem sempre a ver com o uso desigual dos recursos disponíveis e com a não universalidade de direitos, evidenciando-se por aí processos de exclusão e de reprodução de desigualdades sociais no próprio espaço urbano. Isto porque em todos estes casos, seja pela ausência de rede geral de esgotamento sanitário e/ou pela presença inevitável de córregos transformados em valões, seja pela proximidade de área de descarte dos materiais nocivos à vida e à saúde humanas e pela vulnerabilidade a situações de risco, são as populações mais pobres as vítimas recorrentes de toda política urbana que não tenha como prática a efetiva eqüidade na prestação dos serviços públicos.

Levando em conta, principalmente, as evidências de alterações no perfil epidemiológico da população brasileira que vem se verificando nos últimos 50 anos2, este estudo deve ser visto numa perspectiva preliminar e exploratória no que se refere à associação entre meio ambiente, saneamento e saúde. Tem-se como objetivo apresentar, de forma descritiva, um conjunto de informações do setor do saneamento básico que possam explicitar algumas das diferenciações que vêm ocorrendo no território nacional e que se

Trabalho apresentado no XVI Encontro Nacional de Estudos Populacionais, realizado em Caxambu - MG – Brasil, de 29 de setembro a 03 de outubro de 2008.

Agradeço a colaboração do demógrafo Celso Simões, pesquisador do IBGE que, além de contribuir com várias sugestões na composição do texto, elaborou as estimativas de mortalidade infantil que constam deste trabalho. Os problemas e defeitos nas análises aqui realizadas, no entanto, são de inteira responsabilidade da autora.

Socióloga, Doutora em Planejamento Urbano e Regional; pesquisadora da Coordenação de Pesquisas e Indicadores Sociais da Diretoria de Pesquisas – IBGE.

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Ver, dentre outros, PRATA, Pedro Reginaldo. “A transição epidemiológica no Brasil.” In: Cad. Saúde Pública vol.8 no.2 Rio de Janeiro Apr./June 1992; LAURENTI, R., 1990. “Transição demográfica e transição epidemiológica”. I Congresso Brasileiro de Epidemiologia, Anais, pp. 143-165, Rio de Janeiro: Abrasco.

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configuram em situações de injustiça sócio-ambiental, principalmente em áreas empobrecidas de nossas grandes cidades. Adicionalmente, pretende-se contribuir para o equacionamento das políticas públicas do setor, especialmente as que se pretendem dirigidas para a redução das desigualdades sociais e para um atendimento abrangente e satisfatório no âmbito dos serviços de saúde e de saneamento básico.

É objetivo do estudo ressaltar a necessidade de apontar as diferenças existentes no que se refere aos serviços de saneamento, tendo em vista a variável território, na medida em que a média obtida para o conjunto do país deixa de revelar as situações de extrema desigualdade regional. No caso da saúde e do saneamento básico, a situação da região Nordeste (é aí que continuam ocorrendo as mais altas taxas de mortalidade infantil e na infância, apesar da tendência de declínio em sua fase mais recente) é extremamente preocupante, sobretudo em suas áreas urbanas. Como se sabe, abastecimento de água e serviço de esgotamento sanitário são particularmente necessários em áreas de maior adensamento populacional, onde casos de doenças de veiculação hídrica, por exemplo, que se convertem em epidemias de difícil controle não são raros, e onde existem periferias carentes de toda a espécie de serviços públicos.

São as grandes cidades nordestinas, portanto, e as respectivas periferias de suas Regiões Metropolitanas as que vêm apresentando os problemas mais graves neste setor, sobretudo nas áreas ocupadas pela população mais pobre. Dentro desta lógica, é importante levar em conta, dentre outras, também a desagregação municipal (ou microrregional), para que se possa mapear e localizar com mais precisão as carências no setor saneamento. Afinal, as redes de abastecimento de água e de esgotamento sanitário se estendem ao longo de um território definido.

Utilizando como base de dados as informações do Censo Demográfico 2000 e das PNAD’s3 2004 e 2006, este estudo toma como referência empírica as Regiões Metropolitanas do Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Recife. São analisados os dados sobre os serviços de saneamento prestados a domicílios particulares permanentes urbanos, desagregados por classes de rendimento. As variáveis rede geral de abastecimento de água e rede geral de

esgoto combinadas são tomadas como proxies do que seria saneamento básico adequado. É

certo que, dependendo da cidade ou da aglomeração urbana, a fossa séptica também poderia ser assim considerada. Ocorre que, como estamos tratando de regiões metropolitanas e de domicílios urbanos, a existência de rede é que estaria indicando a adequação desejada. Mencione-se que a rede de abastecimento de água está praticamente universalizada, a discussão hoje se situando em torno da freqüência e da qualidade da água fornecida.

Este estudo não incluiu a variável coleta de lixo. O serviço também está quase universalizado. Note-se, porém, que a simples coleta nem sempre revela exatamente a situação de degradação em que alguns grupos sociais se encontram; mais importante seria verificar a disposição do lixo; em vários casos ela ocorre em locais próximos a moradias de populações pobres da periferia das cidades, e muitas vezes envolve situações de ocupação ilegal/irregular de terreno e disposição de resíduos domésticos sem controle no meio ambiente. Estas informações não são captadas pelas fontes aqui utilizadas (Censo e PNAD’s).

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A PNAD, pesquisa nacional domiciliar realizada pelo IBGE anualmente, conta com vários elementos que têm permanecido constantes ao longo dos últimos 30 anos. É uma pesquisa amostral, e portanto, sua maior limitação se dá pelo fato de que não se podem fazer inferências sobre áreas menores que um estado ou região metropolitana. O IBGE freqüentemente tem que explicar a prefeitos que a PNAD não oferece informações sobre seus municípios.

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Como indicador de saúde tomou-se estimativas da mortalidade infantil4 para os municípios das regiões metropolitanas mencionadas e para as microrregiões dos estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais e Pernambuco, usando-se, neste caso, dados do Censo Demográfico. A idéia foi comparar a abrangência de serviços de saneamento e as taxas de mortalidade infantil, a fim de verificar a associação entre esses dois indicadores5 e os diferenciais porventura existentes quando se levam em conta as desigualdades territoriais ainda prevalecentes no país.

Serviços de Saneamento Básico: Recife, Rio de Janeiro e Belo Horizonte

Sempre que se discute a situação sócio ambiental preponderante nas áreas urbanas de nossas grandes cidades, o saneamento básico é um elemento fundamental para a avaliação das condições satisfatórias da vida humana. Como se sabe, seu fornecimento inadequado ou insuficiente pode ter conseqüências diretas sobre o bem-estar e a saúde da população, bem como sobre a durabilidade da base de recursos do território.

Embora sejam essenciais para as populações urbanas, os serviços de abastecimento de água e de esgotamento sanitário ainda vêm apresentando problemas diversos em todo o país, provocados seja pela insuficiência ou pela má conservação das redes, seja por condições inadequadas no processo de captação da água ou por problemas derivados do lançamento de esgotos domésticos em cursos d’água, alguns dos quais muitas vezes próximos a áreas residenciais.

Dentre os serviços urbanos de saneamento básico, no entanto, o esgotamento sanitário é o que apresenta os maiores problemas no que se refere à abrangência e à qualidade do atendimento, há muito deixando de fora enormes contingentes de moradores das áreas periféricas dos grandes centros, tradicionalmente ocupadas por populações de baixa renda. Sobretudo nestes locais, é comum o lançamento de esgoto doméstico diretamente em valas, rios, lagos ou no mar.

As áreas metropolitanas de Recife, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, aqui tomadas para estudo, se destacam tanto pela importância social, econômica e política em suas respectivas regiões, quanto pelo volume de população urbana que reúnem dentro de seus limites territoriais. De acordo com a PNAD 2006, estas três regiões metropolitanas já contavam, cada uma, naquele ano, com mais de 1 milhão de domicílios urbanos: em Recife eram 1.032.524; no Rio de Janeiro, 3.901.061; e em Belo Horizonte, 1.471.4476. As proporções com que seus respectivos domicílios urbanos eram agraciados com serviços de saneamento básico, no entanto, variavam bastante (Gráfico 1). Recife ocupava uma posição bastante inferior, em termos de cobertura ou abrangência, em relação às duas outras regiões metropolitanas, embora tenha tido, em 2006, um crescimento de 3 pontos percentuais comparativamente a 2004. Também a RM do Rio de Janeiro apresentou crescimento entre os

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No âmbito da saúde pública, especificamente no campo das chamadas estatísticas de saúde, um dos indicadores mais tradicionalmente utilizados é o coeficiente de mortalidade infantil (CMI ou TMI). Tem sido usado como índice sintetizador de desenvolvimento, por ser um dos que melhor expressa o nível de saúde de uma sociedade e seu padrão socio-econômico. Para fins deste estudo, o cálculo das taxas foi realizado pelo demógrafo Dr.Celso Simões, já citado, que utilizou como fonte dos dados brutos a base dos Censos Demográficos de 1980 a 2000 e as PNAD’s 2004 e 2005.

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Esta forma de analisar os indicadores não é nova. Estudiosos vêm, há décadas, acompanhando a evolução desses números. Ver, especialmente, SIMÕES, Celso. “O quadro da mortalidade por classes de renda: um estudo de diferenciais nas regiões metropolitanas (núcleo e periferia)”. Tese de Mestrado. COPPE/UFRJ, 1979. Publicada pelo IBGE em 1981; e VETTER, David e SIMÕES, Celso. “Acesso à infra-estrutura de saneamento básico e mortalidade”. In: Revista Brasileira de Estatística. IBGE, v.42, n.165, jan/mar/1981, pp.17-35.

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Ver Síntese dos Indicadores Sociais: uma análise das condições de vida da população brasileira: 2007. IBGE, Coordenação de População e Indicadores Sociais. Rio de Janeiro: IBGE, 2007.

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dois anos, enquanto que a RM de Belo Horizonte permaneceu praticamente estacionada. Note-se que, em média, a proporção de domicílios urbanos que, no conjunto do país, contava, em 2006, com ambos os serviços (rede de água e de esgoto, simultaneamente) é relativamente baixa (pouco mais de 60%). Os números do conjunto das regiões Norte e Nordeste certamente estariam contribuindo para este resultado.

Quando as informações são desagregadas por classes de renda, torna-se visível a face da exclusão socio-ambiental à qual são submetidos os grupos mais despossuídos: tanto no conjunto do país, quanto em cada uma das três RM’s aqui analisadas pode-se constatar que quanto mais baixos os rendimentos, menores as proporções de domicílios com serviços de saneamento básico (Gráfico 2 e 3). Pode-se observar também, de acordo com os números da PNAD, que embora tenha ocorrido algum crescimento proporcional na oferta do serviço em todas as classes de rendimento entre 2004 e 2006, elas foram pequenas e que o déficit continua bastante importante.

Por outro lado, os aumentos ocorridos nas três RM’s apresentaram características diferentes. Na RM de Belo Horizonte as proporções permaneceram bastante estáveis, tendo sido registrado um aumento mais significativo (de 5 pontos percentuais) apenas no grupo de domicílios com renda entre 3 e 5 salários mínimos per capita. Na RM do Rio de Janeiro, por seu lado, foi justamente esta classe de rendimento a que manteve números estáveis. Todos os outros grupos de domicílios apresentaram aumentos proporcionais superiores a 5 pontos percentuais. Note-se que, no Rio de Janeiro, na classe de rendimentos mais baixa (com até ½ salários mínimos per capita), o crescimento, entre 2004 e 2006, foi de 13 pontos percentuais (de 58% para 71% dos domicílios), segundo a PNAD.

Pode-se observar, portanto, que os números de Rio de Janeiro e Belo Horizonte, que em 2004 mantinham algumas diferenças entre si, aparecem bastante próximos em 2006, quase que coincidindo em praticamente todas as classes de rendimento.

Fonte: IBGE, PNAD 2004/2006

Gráfico 1

Percentagem de domicílios particulares permanentes urbanos com serviço de saneamento - Brasil, RM de Recife, RM do RJ e RM de BH - 2004/2006

60,3 36,0 78,1 82,7 61,5 39,2 82,7 83,5 0 20 40 60 80 100 Brasil RM de Recife RM do RJ RM de BH 2004 2006

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Os resultados de Recife, porém, chamam a atenção pelas distâncias proporcionais, não só em relação a Rio de Janeiro e Belo Horizonte, mas até mesmo em relação às médias brasileiras. Note-se, inclusive, que em Recife, tanto em 2004 quanto em 2006, mesmo nos estratos com rendimento médio mensal domiciliar superior a 5 salários mínimos per capita, (portanto os mais ricos), os serviços de saneamento básico ainda estão longe de atingir proporções próximas a 100% dos domicílios.

Fonte: IBGE, PNAD 2006

Gráfico 3

Percentagem de domicílios particulares permanentes urbanos com serviço de saneamento por classes de rendimento médio mensal domiciliar per capita - Brasil, RM Recife, RMRJ e RMBH - 2006

61,5 81,9 39,2 26,0 34,1 44,7 75,5 82,7 71,0 77,2 83,1 89,2 90,0 95,3 67,0 86,8 93,2 96,8 40,2 56,0 67,8 78,3 76,1 59,8 69,5 78,3 94,7 83,5 0 20 40 60 80 100

Total Até 1/2 Mais de 1/2 a 1 Mais de 1 a 2 Mais de 2 a 3 Mais de 3 a 5 Mais de 5

Brasil RM Recife

RMRJ RMBH

Fonte: IBGE, PNAD 2004

Gráfico 2

Percentagem de domicílios particulares permanentes urbanos com serviço de saneamento por classes de rendimento médio mensal domiciliar per capita - Brasil, RM Recife, RMRJ e RMBH - 2004

60,3 79,0 36,0 67,8 78,1 58,2 72,0 78,6 84,7 90,4 82,7 67,7 78,1 85,1 90,3 96,3 76,6 73,7 66,1 54,1 38,5 59,6 46,6 43,7 30,3 24,7 89,2 91,8 0 20 40 60 80 100

Total Até 1/2 Mais de 1/2 a 1 Mais de 1 a 2 Mais de 2 a 3 Mais de 3 a 5 Mais de 5

Brasil RM Recife

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As diferenças entre os mais ricos e os mais pobres, no entanto, permanecem imensas: em 2006, 75% dos domicílios com rendimento superior a 5 salários mínimos tem saneamento, enquanto que isto ocorre em apenas 26% dos domicílios com rendimento até ½ salário (Gráfico 4), uma assustadora distância de quase 50 (!) pontos percentuais. E mais: quando se comparam os números de 2004 e 2006 de Recife, constata-se que as melhorias que ocorreram na área do saneamento foram dirigidas aos domicílios de rendimentos mais altos, com mais de 2 salários mínimos per capita.

O fato serve para que se ressalte, mais uma vez, na discussão das políticas públicas, a importância da variável regional ou territorial e a situação especial em que se encontram as cidades nordestinas, tanto no que se refere, especificamente, à precariedade generalizada de serviços de saneamento básico, quanto às gigantescas desigualdades sociais.

Acrescente-se a este, o fato de que no Nordeste os estratos sociais mais desfavorecidos concentram um contingente populacional maior do que em outros locais do país. Na Região Metropolitana de Recife, em mais de 63% dos domicílios a renda mensal domiciliar, em média, não chega a 1 salário mínimo per capita (Tabela 1). Em Belo Horizonte esta proporção é de 42% e na RM do Rio de Janeiro é de apenas 36%.

Fonte: IBGE, PNAD 2004/2006

Gráfico 4

Percentagem de domicílios particulares permanentes urbanos com serviço de saneamento por classes de rendimento médio mensal domiciliar per capita - RM de Recife - 2004/2006

36,0 24,7 30,3 43,7 46,6 59,6 67,8 39,2 26,0 34,1 44,7 59,8 69,5 75,5 0 20 40 60 80 100

Total Até 1/2 Mais de 1/2 a 1 Mais de 1 a 2 Mais de 2 a 3 Mais de 3 a 5 mais de 5

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As Regiões Metropolitanas e seus municípios

A identificação de regiões metropolitanas, no Brasil, foi iniciada na década de 1960 e institucionalizada pelo Congresso Nacional nos anos de 1973 e 1974, tendo sido então definidas nove Regiões Metropolitanas: Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba e Porto Alegre. Cada uma delas se compõe de um número variável de municípios com volumes populacionais e densidades diversas7.

Para conhecer a composição interna e a diversidade intra-metropolitana, é necessário verificar as características demográficas e, no caso que aqui nos interessa, dos serviços de saneamento dos municípios que as compõem. Os dados até aqui examinados se referem às RM’s como um todo e, portanto, traduzem uma média que, como se sabe, encobre desigualdades internas.

Com o objetivo de captar informações mais precisas, em escala municipal, tomou-se os dados do Censo Demográfico 2000, já que a PNAD, por ser amostral, não é representativa para este nível de desagregação. Ainda que as informações censitárias estejam mais desatualizadas, elas dão uma idéia das desigualdades no interior de cada RM. Por um lado, percebe-se que, em termos de volume de domicílios urbanos, os municípios são bastante diferentes; por outro, que no município-sede a proporção de domicílios urbanos com saneamento é superior em relação a quase todos os demais municípios8.

Na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, por exemplo, composta, em 2000, por 19 municípios, o município do Rio de Janeiro tinha rede de água e rede de esgoto em 77,9% de seus domicílios urbanos. Esta proporção só era menor do que a do município de Nilópolis

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A partir de 1988, a Constituição do Brasil facultou aos estados a instituição de Regiões Metropolitanas, “constituídas por agrupamentos de municípios limítrofes, com o objetivo de integrar a organização, o planejamento e a execução de funções públicas de interesse comum” (Artigo 25 parágrafo 3º). Assim, a partir de 1998, as Unidades da Federação, buscando solucionar problemas de gestão do território estadual, definiram um total de 22 Regiões Metropolitanas. Ver IBGE, Censo Demográfico 2000, Resultados do universo, 2001, pp.18.

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A média encontrada é muito afetada pela situação do município-sede, por este concentrar maior parcela de domicílios que os demais municípios componentes da RM, apesar dos distintos estágios de urbanização em que se encontram. Até 1/2 Mais de 1/2 a 1 Mais de 1 a 2 Mais de 2 a 3 Mais de 3 a 5 Mais de 5 Brasil 46 327 20,6 27,5 25,3 9,6 7,0 6,9 Nordeste 10 152 39,0 30,5 16,5 4,9 3,5 3,5 Pernambuco 1 856 38,9 30,4 15,7 5,0 3,2 3,8 RM de Recife 1 033 34,8 28,8 17,0 5,9 4,7 5,4 Sudeste 22 721 13,6 25,9 28,2 11,3 8,2 8,4 Minas Gerais 4 912 19,3 30,8 26,8 8,7 6,4 5,7 RM de Belo Horizonte 1 471 17,1 25,6 26,9 10,3 7,5 9,0 Rio de Janeiro 4 999 13,3 25,1 27,4 10,4 8,0 9,7 RM do Rio de Janeiro 3 901 12,5 23,9 27,2 10,4 8,4 10,7

Fonte: IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2006.

(1) Inclusive os domicílios sem declaração de rendimento e sem rendimento.

Tabela 1

Domicílios particulares permanentes urbanos, total e respectiva distribuição percentual, por classes de rendimento mensal domiciliar per capita, segundo as Grandes Regiões,

Unidades da Federação e Regiões Metropolitanas - 2006

Grandes Regiões, Unidades da Federação

e

Regiões Metropolitanas

Domicílios particulares permanentes urbanos

Total (1 000

domi-cílios) (1)

Distribuição percentual, por classes de rendimento mensal domiciliar per capita (salário mínimo) (%)

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(com 78,7%) que, no entanto, tinha apenas 44.408 domicílios urbanos, número bastante reduzido, comparativamente ao do Rio de Janeiro, com 1.801.865. A Tabela 2 mostra resultados censitários obtidos em 2000 em alguns dos municípios mais populosos da Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Pode-se observar que, entre eles, quase todos com mais de 100.000 domicílios urbanos (a exceção é Nilópolis), as proporções variavam bastante, constatando-se em São Gonçalo uma cobertura de saneamento básico em apenas 38% de seus domicílios urbanos. Outros municípios da mesma região tinham proporções bastante baixas de domicílios com serviço de saneamento básico. Era o caso de Maricá (7,5%), Tanguá e Seropédica (ambos com 10,6%)9.

A proporção de domicílios com saneamento básico na Região Metropolitana de Belo Horizonte, em 2000, já era bem superior à da RM do Rio de Janeiro, na mesma época: 80,7% dos domicílios tinham saneamento (Tabela 3). No entanto, tomando-se em conta somente os municípios com mais de 18.000 domicílios particulares urbanos e que faziam parte da RM, percebe-se grande disparidade proporcional no que se refere ao serviço, uma vez que as proporções variavam de 92,3% (município de Belo Horizonte) a 47,6% (município de Vespasiano).

É importante ressaltar, ademais, em relação às desigualdades territoriais quanto a atendimento de serviço de saneamento que, de uma maneira geral, as proporções de domicílios atendidos nas Regiões Metropolitanas tendem a ser mais elevadas, em média, do que a dos outros conjuntos de municípios da mesma Unidade da Federação. Considerando-se a divisão de cada UF em microrregiões, por exemplo e, para facilitar o argumento, neste caso examinando-se apenas o serviço de rede de esgoto, observa-se que, no Estado do Rio de Janeiro, o percentual de atendimento ao conjunto dos domicílios particulares permanentes urbanos varia de 80,6% na microrregião do Vale do Paraíba a 18,6% na microrregião da Bacia do São João (ver no Anexo, Tabela A).

A microrregião do município do Rio de Janeiro, cujo perímetro territorial se aproxima bastante da Região Metropolitana (Mapa 1), situa-se no grupo das microrregiões melhor servidas, tendo 67% de seus domicílios com rede de esgoto10. Estas mesmas desigualdades podem ser observadas nas outras Unidades da Federação (ver Mapa 2 e 3, no Anexo).

9

De acordo com o Censo 2000, neste ano Maricá tinha 18.851 domicílios particulares permanentes urbanos, Tanguá tinha 6.315 e Seropédica, 14.565.

10

Note-se que Região Metropolitana do Rio de Janeiro e microrregião do Rio de Janeiro são espaços diferentes. Embora os perímetros desses respectivos territórios sejam muito próximos, alguns municípios não são coincidentes, o que resulta em pequenas diferenças percentuais, quando se faz o cálculo da proporção de domicílios atendidos.

% de domicílios Região Metropolitana Total de com

do Rio de Janeiro Domicílios (1) serviço de e alguns Municípios saneamento (2)

RMRJ 3.230.342 63,4

Nilópolis 44.408 78,7

Rio de Janeiro 1.801.865 77,9

Niterói 143.824 69,1

São João de Meriti 129.324 64,9

Duque de Caxias 219.075 47,6

Nova Iguaçu 260.597 44,7

Belford Roxo 121.632 43,4

São Gonçalo 262.869 38,0

Fonte: IBGE, Censo Demográfico 2000

(1) Inclusive os domicílios sem declaração de rendimento e sem rendimento. (2) Domicílios com condições simultâneas de abastecimento de água por rede geral e esgotamento sanitário por rede geral.

Tabela 2

Censo 2000

Domicílios particulares permanentes urbanos, total e percentual de domicílios com serviços de saneamento - Região

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Mapa 1

Percentagem de domicílios particulares permanentes urbanos com rede geral de esgotos ou pluvial – Rio de Janeiro e microrregiões - 2000

% de domicílios Região Metropolitana Total de com

de Belo Horizonte Domicílios (1) serviço de e alguns Municípios saneamento (2)

RMBH 1.128.768 80,7 Belo Horizonte 628.324 92,3 Sabará 28.722 79,8 Contagem 142.046 78,2 Betim 76.287 70,9 Santa Luzia 46.557 70,8

Ribeirão das Neves 61.821 53,9

Ibirité 33.571 49,7

Vespasiano 18.835 47,6

Fonte: IBGE, Censo Demográfico 2000

(1) Inclusive os domicílios sem declaração de rendimento e sem rendimento. (2) Domicílios com condições simultâneas de abastecimento de água por rede geral e esgotamento sanitário por rede geral.

Tabela 3

Domicílios particulares permanentes urbanos, total e percentual dos domicílios com serviços de saneamento - Região

Metropolitana de Belo Horizonte e alguns de seus municípios Censo 2000

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Fonte: IBGE, SIDRA, Censo 2000

Taxa de Mortalidade Infantil (TMI) – diferenciais regionais

No Brasil, ao longo dos últimos anos, as alterações na estrutura da mortalidade vem ocorrendo dentro de um contexto de mudanças nos perfis de causas de morte, marcadas por uma diferenciação na incidência das principais causas sobre as distintas faixas etárias. As causas relacionadas às enfermidades infecciosas e parasitárias, má nutrição e os problemas relacionados à saúde reprodutiva, que historicamente afetavam a mortalidade infantil e de menores de 5 anos vêm perdendo sua predominância anterior, particularmente nas áreas mais desenvolvidas do Centro-Sul do país, e sendo substituídas pelas enfermidades não transmissíveis e causas externas.

Em países onde ainda persistem grandes desigualdades sociais e regionais, como é a situação do Brasil, observa-se que o perfil de causas de morte com predominância nas faixas etárias mais elevadas (peculiar às sociedades mais avançadas) coexiste com um padrão em que as causas de morte por doenças infecciosas e parasitárias, incidentes sobre uma população mais jovem, continuam a ter um peso relativo importante em determinadas áreas do espaço nacional, embora em franco processo de redução.

Não é surpreendente, portanto, que ainda continue existindo um contingente importante de mortes por este grupo de doenças, particularmente em regiões e setores sociais mais desfavorecidos da sociedade brasileira, atingindo predominantemente populações residentes no espaço nordestino.

Mesmo que ações pontuais possam vir a contrabalançar as deficiências imunitárias, evitando-se mortes através de imunizações (vacinas) ou pela neutralização de bactérias (antibióticos), ou ainda, através da reidratação oral das crianças com diarréia, muitas acabam por ser paliativas ou transitórias, pois não eliminam fatores essenciais à manifestação da doença, muitas vezes associada a problemas nutricionais, sócio-econômicos e ambientais. Ou seja, a queda consistente da mortalidade infantil e na infância parece estar fortemente dependente do modelo de intervenção na área das políticas públicas, particularmente nos campos da assistência social, da medicina preventiva, curativa, e no campo do saneamento básico.

Importante chamar a atenção que no âmbito da saúde pública, a taxa de mortalidade infantil tem sido utilizada como índice sintetizador de desenvolvimento, por melhor expressar o nível de saúde de uma sociedade e seu padrão socio-econômico. No entanto, caberiam algumas considerações sobre os componentes da Taxa de Mortalidade Infantil. O cálculo da TMI (obtida a partir do número de óbitos de menores de 1 ano de idade, por mil nascidos vivos, na população residente em determinado espaço geográfico, no ano considerado) tem três componentes: a mortalidade neonatal precoce (de 0 a seis dias), a mortalidade neonatal (de 7 a 28 dias) e a mortalidade pós-neonatal (de 28 dias a 1 ano de idade). Por seu lado, a taxa de mortalidade na infância é composta pela mortalidade de 0 a 5 anos, portanto inclui a TMI mais a mortalidade ocorrida entre 1 e 4 anos completos.

A concentração proporcional de mortes no período neonatal precoce e neonatal (no cálculo da TMI) indica uma parcela considerável de mortes não evitáveis (problemas congênitos, principalmente). Por outro lado, se na composição da TMI constar proporção elevada de mortes em idades entre 28 dias e 1 ano, isto estaria indicando uma parcela grande de mortes evitáveis (relacionadas, predominantemente, às doenças infecciosas e à

(12)

desnutrição) e, portanto, seria um indicador de baixo desenvolvimento econômico e social e da baixa atenção à saúde em geral.

Países desenvolvidos, com baixas TMI’s tem, na composição deste índice, uma concentração grande de mortes no período neonatal precoce e neonatal. Em outras palavras, quanto maior o percentual de mortes no período neonatal na composição da TMI, menor a proporção de óbitos evitáveis e, provavelmente, maior o índice de desenvolvimento social do país.

No Centro-Sul do Brasil o saneamento básico deixou de ser variável explicativa para a TMI como para a mortalidade dos menores de 5 anos, dadas as condições sociais, econômicas e culturais desta parte do país. As mais baixas taxas de mortalidade infantil e na infância verificadas nestas áreas são reflexo de um conjunto de fatores, tais como presença de atendimento médico e sanitário, práticas culturais tradicionais, níveis mais elevados de renda e educação da mãe, presença do poder público, dentre outros.

No caso do Nordeste, no entanto, a falta de saneamento continua a ser fator, pelo menos de agravamento, das altas TMI’s, sobretudo quando a qualidade e as condições de vida são precárias (em estratos sociais mais desfavorecidos). Leve-se em conta que, principalmente nesta área do país, a falta de saneamento coincide com baixa renda e baixa escolaridade, além de elevados índices de pobreza e um atendimento médico-sanitário extremamente precário em qualidade, abrangência e condições de acesso. De um modo geral, é fator de agravamento da TMI e, principalmente, da taxa de mortalidade na infância, porque é a criança em idade mais elevada (entre 1 e 4 anos) a que está mais vulnerável a infecções por conta da mobilidade e autonomia próprias desta faixa etária (brincadeiras próximas a áreas contaminadas, consumo de materiais impróprios, etc.).

Nesta seção, pretende-se mostrar diferentes padrões da distribuição espacial da TMI. Trata-se de um estudo ecológico (expressão largamente utilizada na investigação epidemiológica) ainda preliminar, e pretende contribuir para demonstrar que são fatores diversos, sócio-econômicos, demográficos e de atenção à saúde que contribuem para a dependência espacial dos números da TMI11.

Segundo Bezerra Filho e alli. (op.cit.), “o uso do espaço como categoria de análise,

apesar de historicamente reconhecido como um dos componentes da epidemiologia descritiva, só recentemente, com a incorporação de novos métodos estatísticos de análise aliados a programas de geoprocessamento e à preocupação na organização de Sistemas de Informações Georreferenciadas (SIG), tem sido ressaltado em diversos trabalhos, abrindo um vasto campo para a investigação epidemiológica da relação espaço-sociedade. Desse modo, a concepção do espaço passa a ser compreendida não só em uma dimensão ecológica, natural ou administrativa, mas no espaço social e historicamente constituído como expressão de transformações e de suas formas específicas de ocupação.” Ainda de acordo com os

autores, saúde pública e ambiente são muito afetados por padrões de ocupação do espaço12. Portanto, não bastaria descrever as características das populações, sendo necessário localizar os agravos o mais precisamente possível, bem como os serviços que a população está

11

De acordo com BEZERRA FILHO e alli., “Distribuição espacial da taxa de mortalidade infantil e principais determinantes no Ceará, Brasil, no período 2000-2002” in: Cadernos de Saúde Pública vol.23 no.5 Rio de Janeiro-May 2007, a análise espacial – estudo de fenômenos sociais localizados no espaço geográfico – vem se desenvolvendo de forma importante, particularmente no sentido de evidenciar as desigualdades sociais.

12

Ver: WERNECK GL, STRUCHINER CJ. Estudos de agregados de doença no espaço-tempo: conceitos, técnicas e desafios. Cad Saúde Pública 1997; 13:611-24; BARCELLOS C, SANTOS SM. Colocando dados no mapa: a escolha da unidade espacial de agregação e integração de bases de dados em saúde e ambiente através do geoprocessamento. Inf Epidemiol SUS 1997; 6:21-7; ASSUNÇÃO RM. Estatística espacial com aplicações em epidemiologia, economia e sociologia. São Carlos: Associação Brasileira de Estatística; 2001.

(13)

13

procurando, o local de potencial risco ambiental e as áreas onde se concentram situações sociais vulneráveis.

No que se refere especificamente à questão da mortalidade infantil, não são poucos os estudos que vêm demonstrando que as condições de assistência à gravidez, ao parto e ao recém-nascido somadas a uma melhor distribuição de renda são decisivas para a sobrevivência no primeiro mês de vida, enquanto que a má alimentação, imunização, saneamento, educação e situação econômica estão possivelmente bastante associados aos índices de mortalidade pós-neonatal e da mortalidade na infância13.

Passemos, então aos resultados encontrados. Pode-se perceber diferenças nas TMI’s encontradas para as três UF’s e microrregiões aqui tratadas (Gráfico 5)14. No Rio de Janeiro os índices do conjunto do Estado e da microrregião do município do Rio de Janeiro são muito próximos, certamente em virtude da atração que o município sede exerce sobre todo o território. Em Minas Gerais a TMI de Belo Horizonte é ligeiramente mais baixa do que a do conjunto do Estado. Já em Pernambuco a diferença entre a TMI da capital e a do resto do Estado é muito elevada, o que demonstra a situação extremamente desfavorável dos municípios do interior com relação a este indicador.

Vale destacar, no entanto, que, ao longo da última década, a tendência dos indicadores de mortalidade infantil foi de queda para o Brasil como um todo. Particularmente no caso dos espaços territoriais que aqui estamos examinando, as projeções demonstram que, mesmo no Nordeste, onde os índices continuam bastante elevados, as taxas vêm caindo de forma

13

Ver também: VETTER, D. e SIMÕES, C. Op.cit.

14

Dadas as dificuldades metodológicas para o cálculo da taxa de mortalidade infantil de cada município, optou-se por utilizar a TMI estimada para cada microrregião específica e considerá-la como uma proxi para todos os municípios que a compõem. Os municípios que formam uma microrregião teriam, em média, de acordo com esta lógica, a mesma taxa de mortalidade infantil encontrada para a microrregião como um todo.

Fonte dos dados brutos: IBGE. Censos Demográficos de 1980 a 2000 e Pnad 2004 e 2005.

Gráfico 5

Taxa de Mortalidade Infantil (TMI) estimadas - Estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais, Pernambuco e microrregiões do Rio de Janeiro, Belo Horizonte

e Recife - 2000 19,7 19,5 20,2 22,2 27,6 42,2 0 10 20 30 40 50

Rio de Janeiro (Micro) Rio de Janeiro (UF) Belo Horizonte (Micro) Minas Gerais (UF) Recife (Micro) Pernambuco (UF)

(14)

consistente. A Tabela 5, com as projeções para Pernambuco, Minas Gerais, Rio de Janeiro e suas microrregiões, serve como exemplo

.

Observa-se, de acordo com estas estimativas, que a TMI para o conjunto do estado de Pernambuco que, em 2000 era de 42,2%o, cai para 32%o em 2006, algumas de suas

microrregiões tendo apresentado uma queda ainda mais significativa.

Estes números são consideravelmente mais baixos nos Estados do Rio de Janeiro e Minas Gerais, áreas mais desenvolvidas do país, onde as condições socio-econômicas em geral e as políticas públicas no campo da medicina preventiva, em particular, se encontram em situação mais favorável do que no Nordeste, sem contar indicadores clássicos tais como renda e educação da mãe, tradicionalmente mais elevados no Sudeste.

A associação entre taxas de mortalidade infantil e saneamento básico, no entanto, não parece ocorrer de forma tão nítida, nem no Sudeste, nem no Nordeste. Este é o tema da próxima seção.

Taxa de Mortalidade Infantil e saneamento básico

Associar presença de serviços de saneamento básico, comparando-se áreas territoriais diferenciadas (com populações residentes e densidades demográficas também diferentes) e respectivas taxas de mortalidade infantil não é uma tarefa fácil. Surgem dificuldades de toda ordem, grande parte delas derivadas da ausência de informações e/ou de razões metodológicas. Sempre calculada, relacionando o número de óbitos de menores de 1 ano por mil nascidos vivos, a taxa de mortalidade infantil depende, portanto, do número de nascimentos, por vezes dando um idéia enviesada do indicador quando a área geográfica analisada é pouco povoada, já que em municípios com população reduzida o número de nascimentos também é pequeno, o que pode causar alguma distorção estatística. Para contornar este tipo de obstáculo, optou-se por calcular a TMI por microrregiões, já que elas reúnem um conjunto de municípios e permitem maior confiabilidade na elaboração do indicador. É certo que, por outro lado, o indicador representa uma média, às vezes resultante de um peso maior do município mais importante demograficamente na microrregião em estudo.

Para efeito deste trabalho, as taxas de mortalidade infantil estimadas para o ano 2000 para as microrregiões dos Estados de Rio de Janeiro, Minas Gerais e Pernambuco foram relacionadas às proporções de domicílios particulares permanentes urbanos que tinham rede geral de esgoto ou pluvial, de acordo com o Censo Demográfico 200015. Os resultados encontrados estão em tabelas anexas a este trabalho (Tabelas A, B e C no Anexo), estando as

15

Utilizou-se rede geral de esgoto como proxi de serviço de saneamento uma vez que a rede de abastecimento de água é praticamente universalizada. Além disso, a implantação de rede de água sempre precede a instalação de rede geral de esgoto.

Unidades da Federação e Microrregiões 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 Pernambuco 42,2 39,9 37,9 36,2 34,6 33,2 32,0 Recife 27,6 26,6 25,7 25,0 24,3 23,7 23,2 Minas Gerais 22,2 21,3 20,5 19,8 19,2 18,6 18,1 Belo Horizonte 20,2 19,3 18,5 17,9 17,3 16,8 16,4 Rio de Janeiro 19,5 18,8 18,2 17,6 17,1 16,6 16,2 Rio de Janeiro 19,7 19,0 18,4 17,8 17,4 17,0 16,7

Fonte dos dados brutos: IBGE. Censos Demográficos de 1980 a 2000 e PNAD 2004 e 2005 (*): Estimativas Preliminares

Taxas de mortalidade infantil estimadas

Taxas de mortalidade infantil - Pernambuco, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Microrregiões, 2000-2006(*)

(15)

15

microrregiões (constam apenas as microrregiões mais populosas dos Estados em estudo16) ordenadas de forma decrescente segundo a proporção de domicílios urbanos com rede de esgoto.

Pode-se observar, de acordo com estas informações, que nem sempre, pelo menos para o nível de desagregação escolhido (microrregiões) uma cobertura mais abrangente de rede de esgoto corresponde, necessariamente, a uma baixa TMI; e que TMI’s mais altas nem sempre significam baixas proporções de domicílios urbanos atendidos por rede de esgoto. Ao contrário, pode-se constatar que, eventualmente, microrregiões com TMI’s elevadas dispõem de cobertura satisfatória de rede de esgoto ou pluvial. Ou, inversamente, que microrregiões com serviços de saneamento básico muito reduzidos mantém TMI’s dentro do padrão médio de Brasil ou até inferior à media nacional.

No Rio de Janeiro, considerando-se os dados do ano 2000, são exemplos destes casos: a microrregião de Três Rios, com uma TMI de 27,7%o (bem acima da taxa estadual) e

uma proporção relativamente satisfatória de domicílios urbanos com rede de esgoto (70,5%); e a microrregião Serrana, por outro lado, com apenas 47,2% de seus domicílios urbanos com rede de esgoto, mas uma TMI de 20,2%o.

Em Pernambuco, as microrregiões de Recife e Suape, que em 2000 mantinham as mais baixas taxas de mortalidade infantil do Estado, contavam com baixas proporções de domicílios urbanos servidos por rede de esgoto comparativamente a outras microrregiões: Vale do Ipojuca e Petrolina, por exemplo, com 53,4% e 48,1% de domicílios com rede, respectivamente, e TMI’s elevadíssimas (em ambas acima de 40%o). É bem verdade que (só

como contra-exemplo) a microrregião de Garanhuns tinha uma TMI de 58,1%o e apenas

27,6% de seus domicílios urbanos dispunha de rede de esgoto.

Em Minas Gerais a microrregião de Uberaba tinha 90,9% de seus domicílios urbanos com rede de esgoto e a mais baixa TMI do Estado (12,5%o), resultado que parece

estar demonstrando alguma coerência entre adequado saneamento básico e baixas TMI’s. Por outro lado, com uma boa cobertura de saneamento (praticamente 80% dos domicílios com rede de esgoto), Belo Horizonte apresentava uma TMI relativamente elevada (20,2%o),

comparativamente a Juiz de Fora ou Uberlândia. E que elementos estariam influindo para manter a TMI de Janaúba (23,2%o , patamar bastante próximo à média de Minas), apesar da

ausência quase completa de rede de esgoto ? Note-se que Governador Valadares tem TMI bem mais elevada (29%o e cobertura razoável de domicílios com rede de esgotos, cerca de

67%).

Estes resultados podem estar demostrando que outras variáveis, além do saneamento inadequado, estariam contribuindo para o quadro das elevadas taxas de mortalidade infantil que ainda são encontradas em várias áreas do território brasileiro. O saneamento atuaria como um elemento adicional, de agravamento da TMI, principalmente em áreas em que as condições de vida são mais precárias. Ou seja, nas áreas ocupadas por população de baixa renda e baixa escolaridade, muitas delas nas periferias das regiões metropolitanas, coincidem situações de ausência do poder público, não só na questão do saneamento básico, mas também na atenção à saúde e às condições de higiene e nutrição destas populações, que convivem com valões e depósitos de lixo de toda a espécie, caracterizando-se, portanto, um quadro de falta de assistência social de tal ordem que se consubstancia numa situação de ausência total de direitos.

Conclusões

A análise espacial aqui empreendida, utilizando informações oficiais, buscou demonstrar a importância da variável territorial no estudo das desigualdades sociais, em

16

São analisadas as microrregiões que tinham mais de 100.000 habitantes em 2000. A única exceção é a microrregião da Bacia do São João, no Rio de Janeiro, que foi citada no corpo deste texto.

(16)

particular no que se refere aos temas aqui tratados, mesmo em que pesem as eventuais limitações - impossibilidade de se fazer inferências causais e problemas quanto à qualidade das informações disponibilizadas pelo DATASUS, principalmente dadas as falhas em seu preenchimento a nível municipal - usualmente atribuídas a este tipo de estudo ecológico.

Ficaram evidentes as diferenças entre Rio de Janeiro e Minas Gerais, por um lado, e Pernambuco, por outro, tanto no que se refere à cobertura de domicílios com serviços de saneamento básico quanto em relação às taxas de mortalidade infantil estimadas. Estas diferenças se repetem, em suas linhas gerais, quando são examinadas as principais regiões metropolitanas destas unidades da federação, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Recife.

Em todas as escalas, porém (Brasil, unidades da federação, regiões metropolitanas, microrregiões) pode-se constatar a desigualdade de abrangência domiciliar do serviço de saneamento, quando os dados são desagregados por faixas de rendimento: quanto mais baixos os rendimentos, menores as proporções de domicílios com serviços de saneamento básico. E quando ocorreu algum crescimento proporcional na oferta domiciliar do serviço, no período aqui examinado (entre 2004 e 2006), nem sempre ele atingiu as classes de rendimento mais desfavorecidas.

Comprovou-se a desigualdade territorial na abrangência do serviço também na escala intra-metropolitana, ou seja, a proporção de domicílios atendidos em saneamento básico varia bastante entre os municípios de uma mesma região metropolitana. A mesma desigualdade é observada quando os dados são desagregados pelas microrregiões que compõem os Estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais e Pernambuco.

Quanto à TMI, os números encontrados para Recife estão relativamente próximos aos do Rio de Janeiro e Belo Horizonte ainda que um pouco mais elevados. Chama a atenção, no entanto, a disparidade encontrada entre as TMI’s dos estados respectivos. Ainda que com tendência de queda, constatada ao longo de toda a última década, as taxas do conjunto do estado de Pernambuco permaneciam muito altas até 2006. Os resultados de algumas de suas microrregiões nos levam a crer, inclusive, que as condições socio-econômicas em geral e as políticas públicas em particular, principalmente no campo da medicina preventiva e do saneamento, se encontram ainda em situação muito precária em várias áreas da região Nordeste, onde persistem elevados índices de pobreza e baixos índices de nutrição e escolaridade.

Finalmente, observou-se que a associação entre saneamento básico e taxa de mortalidade infantil não mais ocorre de forma direta como no passado. Baixas TMI’s provavelmente resultam de uma conjugação de fatores socio-econômicos, demográficos e de atenção à saúde, além de serviços adequados de saneamento básico. Esta mudança de padrão ocorre provavelmente em função da transição epidemiológica e demográfica, fazendo com que a possibilidade de intervenção sobre a mortalidade infantil venha a se deslocar, como tendência, para a esfera dos serviços de saúde, em particular para os médico-assistenciais.

Por isso, para reduzir de forma importante as taxas de mortalidade infantil ainda persistentes, os investimentos no setor de saneamento básico teriam de vir acompanhados por programas específicos de políticas públicas direcionados a grupos de alto risco, com ações voltadas para melhorias de condições de vida – melhor nutrição, habitação, formação educacional, atenção médico-sanitária e epidemiológica, sobretudo materno-infantil.

A implementação de programas preventivos na área de saúde pública, que atacariam enfermidades infecciosas e parasitárias, de forma conjugada à ampliação dos serviços de saneamento básico, cuja ausência é um item importante na prevalência ainda elevada das mortes por este grupo de doenças, principalmente entre os menores de 5 anos, são exemplos de políticas a serem estimuladas em áreas específicas do país.

Por fim, chama-se a atenção, mais uma vez, para os conhecidos limites de uma análise espacial como a que aqui foi feita e para o fato de que este estudo, com foco no saneamento

(17)

17

básico e nas relações entre ambiente e saúde, é ainda preliminar e exploratório, necessitando que se empreguem, de forma conjugada, outros tipos de métodos de análise estatística para a obtenção de conclusões mais robustas.

Bibliografia

ASSUNÇÃO, R.M. Estatística espacial com aplicações em epidemiologia, economia e sociologia. São Carlos: Associação Brasileira de Estatística, 2001.

BARCELLOS, C., SANTOS, S.M. Colocando dados no mapa: a escolha da unidade espacial de agregação e integração de bases de dados em saúde e ambiente através do geoprocessamento. Inf Epidemiol SUS 1997; 6:21-7.

BEZERRA FILHO e alli, “Distribuição espacial da taxa de mortalidade infantil e principais determinantes no Ceará, Brasil, no período 2000-2002” in: Cadernos de Saúde Pública vol.23 no.5 Rio de Janeiro-May 2007.

IBGE. Censo Demográfico 2000, Resultados do universo, 2001.

IBGE, Síntese dos Indicadores Sociais: uma análise das condições de vida da população brasileira: 2007. IBGE, Coordenação de População e Indicadores Sociais. Rio de Janeiro: IBGE, 2007.

LAURENTI, R., 1990. “Transição demográfica e transição epidemiológica”. I Congresso Brasileiro de Epidemiologia, Anais, pp. 143-165, Rio de Janeiro: Abrasco.

PRATA, Pedro Reginaldo. “A transição epidemiológica no Brasil.” In: Cad. Saúde Pública vol.8 no.2 Rio de Janeiro Apr./June 1992.

SIMÕES, Celso. “O quadro da mortalidade por classes de renda: um estudo de diferenciais nas regiões metropolitanas (núcleo e periferia)”. Tese de Mestrado. COPPE/UFRJ, 1979. Publicada pelo IBGE em 1981.

VETTER, David e SIMÕES, Celso. “Acesso à infra-estrutura de saneamento básico e mortalidade”. In: Revista Brasileira de Estatística. IBGE, v.42, n.165, jan/mar/1981, pp.17-35.

WERNECK, G.L., STRUCHINER, C.J. Estudos de agregados de doença no espaço-tempo: conceitos, técnicas e desafios. Cad Saúde Pública 1997; 13:611-24.

(18)

Anexos

Estado do Rio de Janeiro Domicílios

e Microrregiões urbanos Com rede TMI/2000**

Total

Estado Rio de Janeiro 4.098.180 62,9 19,5

Vale Paraíba 166.154 80,6 20,9 Itaperuna 43.257 71,1 22,4 Três Rios 35.772 70,5 27,7 Rio de Janeiro 3.177.636 67,0 19,7 Nova Friburgo 53.022 60,9 18,0 Barra do Piraí 42.117 60,6 26,6 Macaé 44.810 59,8 19,0 Serrana 117.654 47,2 20,2 Baía I.Grande 35.256 41,2 18,9 Vassouras 35.225 34,4 22,2 Campos Goytacases 122.774 33,5 27,5 Itaguaí 42.276 25,2 24,7 Lagos 98.772 23,5 22,6 Bacia de S.João 19.286 18,6 19,5

Fonte: IBGE. Censo Demográfico 2000

* Estado do RJ, RMRJ, microrregião do RJ e cidade do RJ são espaços territoriais diferentes. **Estimativas construídas utilizando-se como fonte dos dados brutos: IBGE. Censos Demográficos de 1980 a 2000 e Pnad 2004 e 2005

Domicílios particulares permanentes urbanos, total, percentual com rede geral

de esgoto ou pluvial e taxas de mortalidade infantil - Estado do Rio de Janeiro e Microrregiões* - 2000

(19)

19 Pernambuco Domicílios

e Microrregiões urbanos Com rede TMI/2000*

Total

Pernambuco 1.557.159 34,6 42,2

Vale do Ipojuca 146.278 53,4 44,5

Petrolina 51.946 48,1 41,3

Vitória de Santo Antão 37.939 47,2 41,1

Alto Capibaribe 36.013 44,7 43,8 Brejo Pernambucano 34.027 40,9 54,6 Pajeú 44.650 39,5 42,1 Recife 766.243 36,8 27,6 Garanhuns 61.392 27,3 58,1 Suape 42.183 25,0 33,0

Mata Meridional Pernambucana 79.303 24,7 49,2

Mata Setentrional Pernambucana 86.939 16,0 45,5

Fonte: IBGE. Censos Demográfico 2000

*Estimativas construídas utilizando-se como fonte dos dados brutos: IBGE. Censos Demográficos de 1980 a 2000 e Pnad 2004 e 2005

Domicílios particulares permanentes urbanos, total, percentual com rede geral de esgoto ou pluvial e taxas de mortalidade infantil - Pernambuco e Microrregiões - 2000

(20)

Minas Gerais Domicílios

e Microrregiões urbanos Com rede TMI/2000*

Total Minas Gerais 3.976.530 67,9 22,2 Uberaba 78.527 90,9 12,5 Uberlândia 190.660 86,8 16,5 Juiz de Fora 176.966 85,0 17,2 Ituiutaba 35.309 82,8 17,9 Araxá 42.316 82,6 18,6 Passos 50.471 82,5 15,5 Varginha 89.158 80,2 19,6 Ipatinga 115.413 80,1 19,5 Belo Horizonte 1.128.777 79,6 20,2 Divinópolis 97.039 79,6 16,1 Cataguases 51.936 78,9 20,4 Patos de Minas 56.049 78,4 15,1 Poços de Caldas 72.256 77,3 13,6 Conselheiro Lafaiete 50.128 74,7 20,8 Alfenas 45.531 73,9 19,1 Patrocínio 41.824 73,6 13,3 São Lourenço 42.900 73,5 16,5 Formiga 34.064 72,7 16,9

São Sebastião do Paraíso 55.061 72,4 18,6

Itabira 71.866 72,0 21,2 Ouro Preto 33.653 72,0 15,2 Bom Despacho 37.367 70,9 19,1 Ubá 52.743 70,7 18,8 Barbacena 43.313 69,5 20,5 Frutal 35.632 68,6 22,1 Pouso Alegre 57.116 67,7 17,5 Governador Valadares 88.556 66,6 29,0 Muriaé 53.236 65,5 20,2 Itajubá 34.233 65,5 17,1 Sete Lagoas 77.076 63,4 20,3

São João Del Rei 38.585 62,5 20,6

Montes Claros 98.606 54,4 22,2 Ponte Nova 33.076 53,1 25,3 Paracatu 39.637 51,1 17,9 Manhuaçu 39.232 49,8 20,7 Caratinga 42.610 49,4 27,2 Teófilo Otoni 40.652 48,5 29,2 Janaúba 33.844 2,8 23,2

Fonte: IBGE. Censo Demográfico 2000

*Estimativas construídas utilizando-se como fonte dos dados brutos: IBGE. Censos Demográficos de 1980 a 2000 e Pnad 2004 e 2005

Domicílios particulares permanentes urbanos, total, percentual com rede geral de esgoto ou pluvial e taxas de mortalidade infantil - Minas Gerais e Microrregiões - 2000

(21)

21

Mapa 2

Percentagem de domicílios particulares permanentes urbanos com rede geral de esgotos ou pluvial – Pernambuco e microrregiões - 2000

Fonte: IBGE, SIDRA, Censo 2000

Mapa 3

Percentagem de domicílios particulares permanentes urbanos com rede geral de esgotos ou pluvial – Minas Gerais e microrregiões - 2000

Referências

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