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Sobre as ideias de progresso e revolução

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Philosophica, 49, Lisboa, 2017, pp. 47-61.

Manuel Dias Duarte1 (Professor, ensaísta, membro do GEM)

Para os fi lósofos herdeiros da ideia iluminista ou moderna de pro-gresso, acontece revolução sempre que se verifi ca uma mudança ou altera-ção do poder político e/ou, particularmente, nas estruturas organizacionais. Partilham a crença de que toda a agitação social se transmuta, tarde ou cedo, em revolução. Para liberais, sociais-democratas e família socialista, o modelo exemplar realizou-se na Revolução Francesa. Para os marxistas, na Revolução de Outubro.

A partir da denominada Revolução Francesa, o termo revolução tudo abarca seja na ética e nos costumes, na economia, na ciência e na técnica, na religião… Seria a crise de valores (perspectiva ético-política2)

ou as contradições inerentes a um dado modo de produção e de reprodução (perspectica científi ca) que originariam uma ruptura nas relações económi-cas, sociais e políticas.

Como é do conhecimento geral, a palavra “revolução” (do latim:

revolutio) aplicou-se inicialmente apenas em geometria e em astronomia

com o signifi cado de movimento cíclico e de retorno. O planeta cum-pria a sua órbita, o plano girava sobre um dos lados para criar um sólido.

1 manueldiasduarte@yahoo.com

2 Na Antiguidade, atribuía-se à imoralidade dos reis e particularmente das rainhas, o fi m

das dinastias. Já era assim na China e em Roma, mas também nos tempos da nossa rainha Leonor Teles. Na actualidade, é a corrupção tentando fazer passar a mensagem de que tudo fi cará bem quando ela acabar.

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Nunca tal conceito foi aplicado, na Antiguidade Clássica, no campo da fi losofi a política. Temos, pois, de nos precaver contra quem, na

Política de Aristóteles, traduz os conceitos de μεταβολή (mudança, alte-ração) e de στάσις (sublevação) por revolução.

Aliás, em latim também não existe a palavra revolta, mas apenas as palavras seditio, rebellio e, em Cícero, um indignatium fremitus, um grito de indignação e não de revolta como alguns dicionaristas traduzem3.

Ainda no século XV, o termo revolução só se aplicava em astrono-mia e em geometria. Em Copérnico, o termo é ainda do domínio da cosmo-logia: De revolutionibus orbium coelestium.

Vamos ter de chegar ao século XVII, para o conceito nos aparecer já com conotações políticas e socais. E sempre no plural. Cite-se a propósi-to: Alessandro Giraffi , Delle Rivolutioni di Napoli, Venecia, 1641 (Parma, 17144); Luca Assarino, Delle Rivolutioni di Catalogna (…) doue piena-mente si narrano le origini, e le cagioni di tutte le turbulenze in quella prouincia…, Bolonia, 16485; Placido Reina, Delle Rivolutioni della Città de Palermo, Verona, 1648.

O termo “revolução” no singular e aplicado a Portugal encontra-se apenas em Vittorio Siri, no Livro IV da sua obra Delle Memorie Recondita, de 16776. Note-se que entre nós, a propósito de 1640, não se fala de

“revolu-ção” mas de “restaura“revolu-ção”. Em Inglaterra, John Hempden cunhou a expres-são Glorious Revolution referindo-se à guerra civil inglesa. Foi em 1689.

A palavra “revolução” entra na moda. No século XVIII, já chega à Epistemologia, atribuindo-se aos discípulos do próprio mestre, refi ro-me a E. Kant, a cunhagem da expressão “revolução coperniciana”7.

Ao penetrar nas ciências políticas e sociais como sinónimo de alte-ração violenta nas respectivas instituições, essa transferência implicou a perda do sentido de “movimento giratório” em que o conceito vivera até então. Esta perda foi muitas vezes sublimada pelo conceito de “revolta”, “motim” et alia.

Pela minha parte, tentarei argumentar que ao longo do processo his-tórico apenas se têm verifi cado, a balizá-lo ou não, revoltas, motins,

suble-3 Por exemplo: Francisco Torrinha, Dicionário Português-latino, Porto: Editorial

Domingos Barreira, 1939.

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https://ia601501.us.archive.org/30/items/bub_gb_xU9ao-wAtlYC/bub_gb_xU9ao-wAtlYC.pdf

5 https://archive.org/details/bub_gb_nvNq8N4X-gEC

6 http://archive.org/stream/memorierecondit02sirigoog/memorierecondit02sirigoog_djvu.txt 7 No prefácio à 2ª edição da CRP, é taxativo: “Trata-se aqui de uma semelhança com a

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vações, restaurações, golpes de estado ou de palácio, mas nunca revoluções. Reservo este conceito de “revolução” para quando o progresso e a história chegarem ao fi m, ou seja, para quando alcançarmos a formação económica e social apenas idêntica à que vigorou no passado, não nos seus aspectos técnicos e de consumo, mas nos princípios que a enformaram, lhe deram forma, ou seja, quando regressarmos à formação económica e social comunista, plausivelmente benefi ciando das conquistas positivas do progresso técnico-científi co.

Identifi co, pois, o conceito de revolução com o mesmo sentido em que foi aceite em astronomia e em geometria, durante séculos e mais re-centemente, em física.

A proposta de retorno ao conceito clássico de revolução, exige al-guma clarifi cação. Desde já, a órbita que o progresso continua a descrever é tão inteligível recorrendo ao modelo ptolemaico de ciclos e epiciclos quanto ao modelo coperniciano.

Os ciclos e epiciclos procuravam explicar o movimento aparente-mente retrógrado dos planetas, “salvar as aparências”, como se dizia então. Assim acontece na História, aos movimentos, às revoltas e restaurações que momentaneamente suspendem ou pretendem fazer recuar o progresso (daí a diferença política entre “conservadores” e “reaccionários”).

Nós diremos “parecem suspender”, pois logo a viagem e a aventura retoma o seu movimento rumo e, aqui, as opiniões dividem-se, actual-mente, ou à universalização da democracia parlamentar, da economia de mercado e dos direitos humanos (corrente neo-hegeliana), ou à sociedade sem classes, sem propriedade privada, sem estado e sem família burguesa, dita monogâmica (materialismo histórico).

Claro que o modelo heliocêntrico aplicado à história também cum-pre a sua função operacional. Aceitando, portanto, que esta viagem tenha atravessado fases distintas que caracterizo como “formações económicas e sociais”, a “velocidade angular” explicaria porque tendo os humanos iniciado a viagem partindo da mesma situação, do Paleolítico ou da comu-nidade primitiva, ao longo dos tempos e variando o raio de acção, certos grupos humanos “adiantaramse” fazendo com que outros parecessem “fi -car para trás”.

A velocidade angular de cada civilização ou cultura, uma boa vin-tena delas no computo do historiador Arnold Toynbee8, explicaria por que

certas culturas e civilizações, girando durante a sua órbita em torno de ou-tras civilizações ou culturas, se “adiantaram”, mas passados tempos, às

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zes milénios, se mostraram supostamente “ultrapassadas” por outras9.

Cite-se como exemplo, a cultura germânica na órbita da civilização romana10.

*

Breve ou longa, a história da ideia de progresso está feita. O que não implica que não possamos voltar a ela sempre que a temporalidade o exigir. Mesmo que na forma de uma comemoração e evocação da obra de um grande mestre e historiador das ideias materialista histórico cha-mado Vasco de Magalhães-Vilhena. Trata-se de Progresso. História breve

de uma ideia, tese de licenciatura cuja edição remonta a 1939, ano do

de-sencadear da 2ª Guerra Mundial, obra na qual a ideia de progresso e a sua história foram tratadas do ponto de vista marxista11.

Entre 1939 e 1960, muita coisa aconteceu. Desde logo a Guerra Fria entre dois defensores da ideia de progresso, embora em perspectivas anta-gónicas. A URSS construindo uma sociedade socialista, os EE.UU. argu-mentando que a liberdade de comércio e a democracia parlamentar mate-rializavam, pelo menos, no plano político, o fi m da História. O progresso tecnológico e científi co, esse continuaria a desenrolar-se.

Foi aliás esta última concepção de progresso, tecnológico e indus-trial, que passou a fazer parte dos programas dos países do chamado “ter-ceiro mundo” libertos, ou pretensamente libertos, do jugo colonial.

Os fi lósofos e os teólogos gregos foram os primeiros a discutir se o progresso ocorria dialecticamente afastando-se cada vez mais do pronto de partida (Heráclito, mas também Aristóteles com a teoria da “causa fi nal”

9 Mas a cultura grego-romana ultrapassou mesmo a cultura faraónico-babilónica? Este

“fi car para trás” não será, em grande medida, reconheçamo-lo, um conceito eurocêntrico de raiz judaico-cristã?

10 Entendendo os conceitos de progresso e de revolução no sentido heliocêntrico teríamos

logo à partida uma vantagem e uma exigência. A de abandonar a fi gura dos reis-Sol deste mundo (referimo-nos não apenas a Louis XIV, aos reis e imperadores da Antiguidade Oriental e Clássica, mas a todos os que se fazem rodear de um disco solar em volta da cabeça) e a sua pretensão de obrigar todos os súbditos a girar e a ajoelhar em torno deles. Não é por acaso que, em todas as mitologias, o deus Sol preside a todas as artes e ciências, inclusive o Direito (recorde-se o mais antigo de todos, o Código de Hammu-rabi)

11 De entre os trabalhos de ensaístas não marxistas, merecem leitura atenta, a título de

exemplo, de J. B. Bury, The idea of progress, an inquiry into its origin and growth, 1920; do italiano Raff aello Franchini, Il progresso. Storia di una idea, de 1960; e do americano Robert Nisbet, a sua History of the Idea of Progress (1994). Claro que artigos sobre o tema não faltam. De acordo com as metáforas de Nisbet, a ideia de progresso divide os fi lósofos em “progressivistas” e em “declinistas” e a polémica gira em torno dos conceitos de “crescimento” e “necessidade”, “linearidade” e “fi nitude”.

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em que tudo tenderia para alcançar a perfeição), se, pelo contrário, no seu desenrolar voltaria sempre ao ponto inicial (teoria metafísica do “eterno retorno”, presente em A Guerra do Peloponeso de Tucídides).

Para os teólogos hebreus, a “queda” de Adão e Eva e o respectivo castigo, trabalhar, não era propriamente justifi cação para que tudo tendes-se para pior ou para melhor12. Já o mito (mythos signifi ca narrativa) da

“Idade do Ouro” simples e inocente, postula uma visão dramática, se não trágica, decadente, do percurso humano. Trata-se de uma visão nitidamen-te pessimista em contrasnitidamen-te com a ideia de Séneca, por exemplo, mostrando, numa Carta a Lucilius, que a decadência dos costumes pode ser sustida com a invenção de novas leis13.

O progresso é um mito, uma utopia ou uma realidade? E inevitável rumo ao comunismo? Mas será mesmo inevitável e “necessária” a progressão14?

Se estamos a pensar no desenvolvimento técnico e científi co, enten-demos que temos vindo a fazer progressos, apenas porque envolvemos os juízos de facto em juízos de valor (melhoramentos a nível do bem-estar, alívio nos aspectos mais alienantes do trabalho, nas relações laborais, etc.). Mas ao falarmos de progresso técnico e industrial não esqueçamos que o servo romanizado se libertou da sua condição graças à invenção do moinho de vento, mas transmutou-se em servo da gleba. E o servo da gleba, em operário. E o operário em “trabalhador”, e o trabalhador nas vá-rias categová-rias hoje conhecidas: em funcionário, empregado, colaborador, trabalhador precário, etc. Numa perspectiva, diríamos mais pessimista, tal progresso, se correspondeu a um melhoramento do modo de vida das clas-ses dominantes, tem estado algo distante do melhoramento da vida dos

12 J. J-Rousseau, ao contrário de Nicolas de Condorcet, parece aproximar-se desta ideia.

Em verdade, se a ideia iluminista de progresso é afi nal uma simples secularização dos mitos bíblicos, não esqueçamos que a ideia iluminista transporta com ela a crítica da autoridade e da superstição.

13 Diga-se a propósito que a sua condenação do progresso técnico tem a ver com o facto

de os engenhos, substituindo o trabalho servil, minarem os alicerces da sociedade escravista. Sobre o conceito de “bloqueamento” Vasco de M-Vilhena deixou-nos um excelente trabalho, de que agora me dispensarei de falar. No século XIX, Henrique Félix Nogueira desconfi ava igualmente da revolução industrial porque, provocando a fuga dos camponeses para a cidade, despovoava o seu latifúndio.

14 Afi nal, progressus já, em latim, signifi cava progressão (de um exército, por exemplo).

Benedito Pereira, in Prosodia Vocabularium Bilinguae Latinum, et Lusitanum Digesta, publicado em Évora, em 1741, defi ne progresso como “coisa que passou adiante, que medra, que melhora”, mas também “a mole no porto para rebentar as ondas”. E o Dicionário Portuguez e Latino de Pedro José da Fonseca, (Lisboa, 1771), regista

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trabalhadores. A escravatura mantem-se embora com outros moldes, outras designações, fruto de um certo nominalismo soft.

O progresso tem trazido benefícios e prejuízos. Às pessoas, sem dú-vida. Ao planeta, a questão é mais delicada já que ele enquanto “ente que está sendo” é completamente indiferente aos destinos que a humanidade tem concebido e concebe. Prejuízos a haver cairão sempre sobre as pessoas. A medicina progride, mas os alimentos e o ar que respiramos estão cada vez mais envenenados. Os exemplos são muitos e sobejamente conhecidos. Pior do que isso, os benefícios têm sido aproveitados e sonegados pelas classes dirigentes em seu favor; os prejuízos têm sido sofridos pelas classes trabalhadoras. F. Engels, em A questão da habitação, lembra que os fi lantropos se preocuparam com os bairros sociais e o saneamento básico apenas porque as epidemias também entram pelas janelas dos palácios. Simultaneamente acorrentando os operários a uma casa, cerceava-lhes a vontade reivindicativa (exigir aumento de salário, por exemplo), levando--os a viver de ilusão em ilusão.

Pensadores tão diferentes como Du Bonald ou Karl Marx, chama-ram a atenção para as condições degradantes exigidas pela “revolução in-dustrial”. Progresso para a elite dirigente, retrocesso para a classe operária, estagnação para o trabalhador do campo.

Há quem afi rme que, apesar desses males, o sacrifício compensa. A esta hipocrisia respondeu Marx, lembrando que os operários enquanto pro-dutores não se sentiam realizados, mas reduzidos à condição de animais.

Marx não considerava apenas a alienação do trabalhador na sua

re-lação com os produtos do trabalho, mas também no acto da produção. A

alienação aqui manifestava-se e manifesta-se “no facto do trabalho ser ex-terior ao trabalhador”, isto é, o trabalhador não sentir o trabalho como uma manifestação da sua própria natureza humana, mas como um fardo que lhe arruína a saúde física e mental.

“Consequentemente, escreve Marx, o trabalhador só fora das horas de trabalho é que tem o sentimento de ser ele próprio e no trabalho sente-se como que fora de si”. O seu trabalho não é voluntário, não sente prazer nele, é trabalho forçado. Trabalha não para se realizar como pessoa, mas para sobreviver. Condensando a análise que faz do “acto de alienação da actividade prática, o trabalho”, Marx conclui: “Chega-se pois ao resultado que o ser humano (o trabalhador) só se sente mais livremente activo nas suas funções animais, comer, beber e procriar, e sobretudo quando tem uma casa, adornos, etc., e mais como animal em suas funções humanas.” (Manuscritos económico-fi losófi cos de 1844). Mas há ainda uma terceira determinação do trabalho alienado: “O homem tornou-se estranho ao

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ho-mem”, isto é, “cada homem olha os outros homens segundo o padrão e a relação em que ele próprio, enquanto trabalhador, se encontra”.

É certo que nos momentos que se seguem às revoltas e protestos contra o “estado de excepção” permanente em que se vive, desde que sur-giu a propriedade e a iniciativa privadas e os seus correlatos, por vezes o historiador não se apercebe se um benefício foi ganho pela luta dos tra-balhadores, se foi concedido pela classe dominante sitiada e temendo que a situação degenere para pior15. Casos há em que são os elementos mais

conservadores que aceitam partilhar esses privilégios (poucos e raros) com o chamado “povo”. Por exemplo, a universalidade do ensino foi uma vitó-ria da classe operávitó-ria ou da pequena burguesia republicana e, ademais, da grande burguesia? Não conseguiu esta que os operários apenas se fi cassem com o ensino primário, pois era sufi ciente para a burguesia implementar a revolução industrial na sua primeira fase? Facto é que o operário, sabendo ler, mais acesso teve aos jornais operários e aos comunicados.

A ideia de progresso pode ser perigosa quando tende apenas para justifi car as vitórias e o “progresso” social, político moral e estético da burguesia. A concepção historicista e positivista, pretensamente neutral, da história, apenas legitima a opinião e as crenças dos vencedores, dos reis e rainhas, papas e generais.

A História dos “progressos alcançados” foi até há pouco tempo ape-nas a história das elites, da classe dominante. Essa é a fi losofi a da histó-ria para ser ensinada aos fi lhos das “famílias bem”, bem-instaladas. Uma história que apenas mostra as vitórias dos opressores sobre os oprimidos. Uma história fornecida nas escolas para que os fi lhos dos trabalhadores se convençam de que foram e são os senhores, as elites, os “grandes” que fi zeram e fazem história.

É também uma história que omite o que os fi lhos, quer das elites quer das “massas populares”, por razões diferentes, não devem saber. Uma

15 De acordo com W. Benjamim, “a tradição dos oprimidos ensina-nos que o estado de

excepção no qual vivemos é a regra” (Tese VIII). Em verdade, ao contrário das teorias de

Carl Schmitt, os oprimidos têm permanentemente vivido sob o temor, o medo, o terror da vigilância policial e militar, da burocracia, do poder pessoal (no feudo, mas também na empresa). Acrescida pela “lavagem ao cérebro” executada pelos media com as ideologias (religião, fi losofi a, estética, etc.) destinadas a legitimar a opressão. Desenrolando-se o progresso dentro da actual formação económica e social capitalista, práticas como as do taylorismo são particularmente nocivas para a saúde mental e física do trabalhador, bem como as telenovelas (repetindo sempre as mesmas intrigas e desfechos) para a saúde mental dos telespectadores.

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história que chega ao ponto de deturpar, de falsifi car os factos, evocando a seu favor, de modo despudorado, o direito a ter opinião diferente, múltipla, a interpretar de modo diverso, a documentação e os vestígios históricos.

Afi nal, que celebram os arcos e as colunas de triunfo se não a guer-ra, os massacres? E os castelos e fortalezas enquanto monumentos “na-cionais”? A própria tradição, tornada folclórica, a que é patrocinada pelos senhores locais, tornou-se um instrumento castrador ao ser aceite pelos oprimidos, pelos “populares” que acorrem aos festivais.

Uma das tarefas de toda a historiografi a defensora dos direitos e da dignidade que merecem os vencidos e os excluídos (em particular, cer-tos grupos de mulheres e certas formas de relacionamento dos diferentes géneros), será a de descobrir os comportamentos e alusões utópicas ou de crítica social, escondidas na chamada “herança cultural” (num traba-lho semelhante ao realizado por Michel Giacometti, recolhendo canções ditas “tradicionais”). Que mais não seja para que os protestos e as vitórias, mesmo que de pouca dura, das classes exploradas não se apaguem, que a memória não se apague, como se diz actualmente, entre nós, perante a tentativa de branquear o fascismo.

Sem esta tarefa crítica prévia, continuar a integrar comemorações, seja dos descobrimentos seja de quaisquer outras iniciativas patrocinadas pelo Estado e pela Igreja, é colaborar com a simpatia com que as clas-ses no poder olham para os vencedores dos séculos passados, de que se consideram herdeiros, branqueando toda a barbárie que acompanhou essas “façanhas”.

Vem a propósito citar algumas passagens do próprio W. Benjamim, retiradas da Tese VII:

A natureza desta tristeza (acédia ou melancolia que acompanhada de fata-lismo, retira todo e qualquer valor à acção humana) torna-se mais eviden-te quando se pergunta com quem propriameneviden-te a historiografi a histori-cista entra em empatia. A resposta é inelutável: com o vencedor. Ora seja quem for que domine é sempre herdeiro de todos os vencedores. Entrar em empatia com o vencedor benefi cia sempre, consequentemente, quem quer que domine… Os mestres de hoje caminham sobre os corpos dos vencidos de hoje…. Seja quem for que professe o materialismo histórico só pode encará-los com um olhar pleno de distância. (…) Não há qual-quer documento de cultura que não seja também documento de barbárie.

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A concepção mecânica e linear da inevitabilidade do progresso, da vitória “inelutável” das “forças progressistas” está hoje praticamente posta de lado por espiritualistas e agnósticos. Para muitos, nem “fatalismo me-lancólico”, nem “fatalismo optimista”, típico da social-democracia e do socialismo democrático ou em liberdade. Resta saber se tal decisão é sin-cera pois pelas decisões que toma quer a nível nacional quer internacional, continua a temer, segundo mostra, mais do que nunca, “o espectro” aparen-temente adormecido ou perplexo que paira sobre o planeta.

É altura de perguntar se o progresso técnico-científi co caminha à fren-te, ao lado ou atrás do progresso moral, se acaso se pode falar de progresso em ética. Ao longo da história não têm faltado os fi lósofos difundindo a ideia de que o progresso técnico corrompe os costumes. O mito da “Idade dos Metais” é bem antigo. A humanidade tem vindo a piorar desde que passou sucessivamente pela idade do ouro, da prata, do bronze e do ferro.

Se os vários tipos de progresso, o tecnológico-científi co, o progresso moral, estético, social e político, caminham lado a lado ou atrás uns dos outros, rumo a um futuro luminoso, ou em linha recta ascendente, em bus-ca da perfeição (bus-causa fi nal para Aristóteles) ou do bem (crença de Platão) ou em espiral dialéctica, a História aí está para nos permitir avaliar esses progressos todos. Não é fácil porque a generalidade dos historiadores en-tende que as circunstâncias onde ocorrem os eventos e os acontecimentos, nunca são as mesmas (tese de Heraclito). Para alguns fi lósofos a história não progride, já que as paixões caem sempre nos mesmos erros. Daí as constantes guerras, revoltas e “revoluções” que ora podem ser encaradas como um salto qualitativo para a frente ou como uma tentativa trágica de regresso a um passado pretensamente mais humano. Mesmo que esse “hu-mano” não passe de uma ilusão estóica, servida nos tempos modernos, por um J. J-Rousseau.

Seja como for, para os defensores metafísicos da impossibilidade de progresso a ideia é preciosa pois assim podem argumentar que as “imper-feições”, as “injustiças” e a miséria são algo de inevitável e “inscrevem--se”, para usar um termo caro a José Gil, na “natureza humana”.

*

Cada revolta trará a modernização, a democracia, a liberdade, a tec-nologia, qualidade de vida melhor (saúde, longevidade), etc. Isto é con-sensual e lugar-comum. Discute-se, sim, se o progresso ocorrerá A) numa

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linha continuamente ascendente, B) segundo a teoria cíclica do eterno re-torno ou C) dialecticamente, em espiral. E entramos de novo no reino das metáforas que não demonstram, mas esclarecem. Linhas rectas, linhas cur-vas, em espiral, etc.

Progresso e revolução em sentido ptolemaico ou coperniciano ca-minharão a par. Numa perspectiva dialéctica, Hegel não ignorava os mo-mentos “negativos” que o progresso origina. Em sua opinião, tais negati-vidades seriam até benéfi cas para o progresso conseguir avançar para um patamar qualitativamente superior (diferente, portanto). As guerras seriam momentos dessa negatividade, razão para Hegel as justifi car16.

Conclusão: há que ir contra a corrente da historiografi a académica, opondo-lhe e lembrando-lhe 1º a acção dos oprimidos; 2º denunciando o progresso como cortejo triunfal de vitórias, interrompido por momentos de levantamentos populares, como a ideia que simplesmente benefi cia a classe dominante num determinado momento da história.

Como actualmente pouco se acredita no Juízo Final, a historiografi a é o único tribunal, não onde o homem é simultaneamente juiz e réu ao mesmo tempo (pretensão de Kant), mas onde os trabalhadores e os opri-midos serão os juízes e as elites os réus. Abundam já as sínteses históricas aceitando esta exigência: recordar e comemorar as vitórias, por pequenas que tenham sido, dos povos contra a opressão.

Todas as chamadas impropriamente “revoluções” e mais propria-mente “contra-revoluções” ou “contra-reformas” foram vitórias das aris-tocracias sobre os trabalhadores, em particular, sobre as mulheres traba-lhadoras e os povos colonizados. A estes pretensos “momentos negativos” hegelianos se tem aplicado o aforismo: é preciso que algo mude para que tudo fi que na mesma. Os portugueses acertaram ao chamar “restauração” ao golpe de 1640, exigido por uma andaluza, Luisa María Francisca de Guzmán. É caso para questionar se não foram igualmente restaurações, o 5 de Outubro e o 25 de Abril, embora num patamar qualitativamente superior. Na história das ideias de progresso e de revolução o que mais inte-ressa a uns e mais preocupa outros, não é o progresso técnico-científi co, o

16 Já agora e ainda a propósito de más traduções, este mesmo Hegel inspira-se no fragmento

53 de Heraclito e traduz erradamente “Pólemos” por “guerra” para logo declarar que a guerra não só é a mãe de todas as coisas como inevitável. Ora o deus da guerra é Ares e Pólemos apenas o deus da discussão, da polémica da forma comum de argumentar. O que o Frg. 53 diz é apenas: “Pólemos é o pai de todas as coisas, basileu de todas as coisas: a uns converteu em deuses, a outros em humanos; a uns em servos, a outros em livres.” (53. Hipólito, IX 9, 4). Se se diz que tais momentos negativos são “momentos decisivos” é porque precisamente se tomam “decisões”. Ver: Diógenes Laércio-Manuel Dias Duarte, Vidas, doutrinas e sentenças de pré-socráticos ilustres, Lisboa: Fonte da Palavra, 2013.

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progresso das forças produtivas, mas a luta de classes, a luta entre opres-sores e oprimidos17.

O que muda deve-se mais à revolta e insurreição dos escravos do que ao desenvolvimento das forças produtivas, embora interajam uma sobre a outra, uma como condição necessária, outra como condição sufi ciente.

Razão para quando se torna possível emergir uma revolta violenta dos oprimidos contra as condições de vida, de momento insuportáveis quer para os oprimidos quer para os opressores (estes porque estão em risco de perder o controlo, o conhecido pânico do “poder cair na rua”), estes rápido respondem com uma contra-reforma ou contra-revolução.

É o momento em que o progresso, tal como os astros descritos nos ciclos e epiciclos, parece voltar para trás, o dito retrocesso, movimento que é apenas aparente, apesar das centenas de mortos e de sacrifícios que possa exigir, pois mais tarde ou mais cedo, o progresso retoma o seu caminho para terminar a sua revolução.

A representação gráfi ca do seu percurso, assemelha-se mais, neste momento, à visão (em grego: theoria) dos ciclos e epiciclos de Ptolemeu. As sociedades parece que retrocedem, mas não. Recorrendo à imagem de um notável revolucionário, até parece que dão um passo em frente, dois atrás18.

É necessário então abandonar a visão que os opressores, as classes dominantes, tiveram e muitos continuam a ter da História. A historiografi a tem de valorizar as reivindicações e relembrar as vítimas do passado e do presente. Não apenas os reis e rainhas, os generais e os cientistas. Muitos historiadores já assim procedem.

*

Chegados a este ponto devemos precavermo-nos de interpretar o progresso no sentido de um “adiantamento”, de um processo de

afasta-17 Com o objectivo de esmagar qualquer revolta, o progresso técnico-militar tem desde há

séculos vindo a construir armas que cumpram essa função cada vez mais afastadas do alvo. Se a primeira arma de sucesso foi o arco e fl echa, superior ao arremesso de pedras, o último grito parece serem os drones.

18 O fascismo português e, particularmente, a “primavera marcelista”, a igual que todas as

“primaveras”, é um exemplo da tentativa de fortalecer o controlo e a continuidade do tipo de progresso que só interessa às classes dominantes. A esta “evolução na continuidade” opuseram sempre os oprimidos a “revolução em permanência”, teorizada por Marx quando conclui: “Ihr Schlachtruf muß sein: Die Revolution in Permanenz”). Mensagem optimamente traduzida pelo saudoso amigo e professor desta casa, Eduardo Chitas: “O

seu grito de batalha tem de ser: a revolução em permanência” (Cfr: Mensagem da Direcção Central à Liga dos comunistas, in Marx-Engels, Obras Escolhidas, em três tomos, Lisboa – Moscovo: Edições “Avante!” – Edições Progresso, tomo I, p. 188).

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mento desastroso e cada vez maior, do estado inicial, seja ele o Éden ou a “comunidade primitiva”.

Benjamim aliou o conceito de progresso ao de catástrofe, iniciada com a maldição e a expulsão do paraíso (veja-se Zentralpark. Fragments

sur Baudelaire, 1938)19. Para Benjamin, só uma revolução que instaure

uma sociedade sem classes poderá deter a catástrofe. E o novo Messias – Benjamim é mais teólogo que marxiano – não descerá do céu à terra, pois se trata dos proletariados de todo o mundo, supomos, ele não o diz, unidos fi nalmente. É urgente, portanto, segundo Benjamim, deter o progresso.

Para Marx, “as revoluções são as locomotivas da história” (As Lutas

de Classes em França de 1848 a 1850, III — Consequências do 13 de

Junho de 1849, etc.).

Para Benjamim tratar-se-ia de fazer parar o comboio, de accionar “o travão de emergência”, como ele diz, pois as atrocidades e a opressão mostram tendência para exponenciar. Benjamim assistia à ascensão do na-zismo e percebe-se a razão do seu pessimismo. Benjamin não conheceu os fornos crematórios mas percebeu que o nazismo associava o progresso tecnológico, ou seja, a indústria militar, a um novo tipo de opresão. O nazismo era uma manifestação (patológica, para ele, mas não para os seus defensores) do progresso social20.

Em Benjamim, a revolução tem por objectivo deter o progresso. Julga consegui-lo regressando ao passado, andando para trás, indo ao pas-sado para se inspirar. E dá como exemplos a admiração do renascimento pela antiguidade clássica, de Robespierre por Roma. E poderíamos nós acrescentar a admiração de Babeuf pelos Gracos e de muitos iluministas por Plutarco, cujas Vidas paralelas (como nos ensinou Manuel Antunes) foram livro de cabeceira. Quanto a nós, aceitando a metáfora de Marx, tra-ta-se de pôr mais carvão na fornalha da locomotiva, pois até as carruagens se ainda não são de classe única, a da 3ª classe já foi suprimida.

19 “O passado, escreve Michael Löwy, comentando a Tese VI pertencente ao escrito Sobre

o conceito de história de Walter Benjamin, do ponto de vista dos oprimidos, não é uma

acumulação gradual de conquistas, como na historiografi a “progressista”, mas antes uma série interminável de derrotas catastrófi cas: esmagamento das sublevações de escravos contra Roma, da revolta dos camponeses anabaptistas no séc. XV, de 1848, da Comuna de Paris e da insurreição spartakista de Berlim, em 1919. (…) As vitórias do inimigo eram monumentais: derrota da Espanha republicana, Pacto Germano-Soviético, ocupação da Europa pelo IIIº Reich.” (pág. 53). A que podíamos hoje acrescentar, Comunidade Europeia enquanto dominada pelo neoliberalismo e o conservadorismo.

20 Os mais pessimistas o mesmo podem dizer, hoje, com a proliferação das câmaras de

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Decididamente afastamo-nos da opinião de Benjamim quando, ao chamar a atenção para as armadilhas da ideologia “progressista” (o termo, neste signifi cado crítico, é dele) escreve que “há que voltar a dar ao concei-to de sociedade sem classes o seu verdadeiro rosconcei-to messiânico e isso no pró-prio interesse da política revolucionária do proletariado”. (in Gesammelte

Schriften I, 3, Frankfurt: Suhrkamp Verlag, 1977, p.1231-1232).

*

Benjamim é declaradamente contra o progresso. Na Tese X, con-fessa: “O ponto de partida da nossa refl exão é que o apego destes políticos aos mito do progresso, a sua confi ança nas “massas” que lhe servem de “base” e fi nalmente a sua sujeição a um incontrolável aparelho apenas são três aspectos da mesma realidade”.

Até poderemos concordar com ele quando, na Tese XVII a, afi r-ma que “a sociedade sem classes não é o objectivo fi nal do progresso na história mas antes a sua interrupção mil vezes fracassada, mas fi nalmente cumprida”. Interrupção, acrescentamos nós, porque acabou de cumprir a sua órbita coperniciana.

Não podemos, porém, acompanhá-lo quando na mesma tese começa por afi rmar que “Marx secularizou a representação da idade messiânica na representação da sociedade sem classes. E fez bem”.

Equivocou-se. O que aconteceu foi exactamente o oposto, Aliás como já o descobrira L. Feuerbach ao analisar a origem da fi gura da “Sagrada Família” enquanto projecção e refl exo da família terrestre monogâmica.

Esta negação do progresso é sintoma de que sob o capitalismo, a fase que o progresso alcançou chegou aos seus limites. Já tinha aliás che-gado quando Rosa Luxemburgo alertou para as alternativas “socialismo ou barbárie” e “reforma ou revolução”21.

A nossa opinião ruma em sentido contrário. Há que acelerar o pro-gresso, destruir todas as barreiras que se lhe opõem (económicas, políticas, sociais e culturais), para que a revolução que prossegue o seu caminho se complete o mais depressa possível. Afi nal, já em latim, progressus signi-fi cava progressão (de um exército, por exemplo, como apontámos atrás).

21 Socialismo ou barbárie? Cultura ou barbárie? Civilização ou barbárie? Os termos podem

ser antagónicos, contrários ou sub-alternos. Opor-se-ão, metafi sicamente excluindo-se? Constituirão momentos diferentes da evolução e do progresso? Ou constituirão uma unidade contraditória, sendo que todo o progresso civilizacional é simultaneamente acompanhado de barbárie?

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Interpretar o nazismo alemão como “neo-esclavagismo”, uma ten-tativa de ressuscitar o esclavagismo (a sociedade dividida entre super-ho-mens arianos e subgente com “alma de escravo”, como caracterizou Max Scheler, os trabalhadores submissos) ou interpretar o fascismo português como “feudalismo”, como retorno ao feudalismo, de raiz agrária, neo-tomista e corporativa, fi losofi a que impregna a Constituição de 1933, tais interpretações podem ter alguma verosimilhança, mas perturbam a com-preensão do nazi-fascismo como um exemplo de quanto pode o capitalis-mo capitalis-mostrar todo o seu barbariscapitalis-mo, servindo-se do progresso tecnológico e industrial. Referimo-nos não só às câmaras de gaz, mas igualmente à pro-paganda explícita ou subliminarmente difundida pelos media. Neste senti-do o liberalismo e imperialismo actuais, um repescasenti-do em Adam Smith, o outro no Império Romano assediado pelos “bárbaros”, não são um retro-cesso mas uma manifestação do poder que os vencedores da Guerra Fria obtiveram com a derrota do chamado “bloco de leste”.

Einstein alertava para o facto de após uma plausível confl agração atómica podermos voltar a viver e a guerrear com paus e pedras. Esperemos que possamos chegar a uma sociedade sem classes, uma sociedade “racio-nal” como lhe chamaram Marx e Freud, desfrutando de uma modo verda-deiramente humano de tudo o que o progresso tem proporcionado e de que até hoje apenas uma franja muito diminuta da humanidade tem usufruído. Aconteça o que acontecer, espera-se que terminada a revolução, no sentido aqui defendido, se chegue a algo de semelhante ao ponto de partida, mas qualitativamente diferente. Não é de admirar pois esse fenó-meno até acontece aos planetas devido aos movimentos solares dentro das galáxias, os tais mundos de que falava o evolucionista Anaximandro.

No mundo social ter-se-á percorrido todo o tempo e espaço que vai do comunismo primitivo ao comunismo científi co ou, diremos nós, sim-plesmente ao “comunismo”. Chegados aí cumpriu-se a revolução.

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RESUMO

A ideia de progresso torna-se inteligível apenas quando acoplada à ideia de revolução. Este último conceito, oriundo da astronomia, entrou nas ciências so-ciais apenas no século XVII. O conceito de revolução difere consoante o acompa-nhamos dentro de uma concepção coperniciana ou de uma concepção ptolemaica do progresso e do devir histórico. Toda a refl exão a fazer pressupõe que a revo-lução só se completará quando a órbita que o progresso continua a descrever se completar. Pelo caminho, a História e o progresso apenas têm conhecido revoltas, motins, restaurações, contra-revoluções.

Palavras-chave: Progresso – Revolução – Devir histórico.

ABSTRACT

The idea of progress becomes intelligible only when coupled with the idea of revolution. This last concept, coming from astronomy, entered the social scienc-es only in the seventeenth century. The concept of revolution diff ers according to whether we follow it within a Copernican conception or a Ptolemaic conception of progress and historical becoming. So, all the refl ection to be made presupposes that the revolution will reach its goal only when the orbit that progress continues to describe is completed. On the way, History and progress have only known rev-olutions, riots, restorations, counter-revolutions.

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