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O domínio dos cerrados: introdução ao conhecimento

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Academic year: 2020

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Aziz Nacib Ab'Sáber, doutor em ciências, A z iz N d d b A b 'S á b e r ex-diretor do Instituto de Geografia da USP,

ex-presidente do Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico Artístico e Arqueológico do Estado de São Paulo - CONDEPHAAT.

Especialista em geomorfologia do Brasil, geografia tropical, planejamento regional e gerenciamento do meio ambiente.

O domínio dos cerrados:

introdução ao conhecimento

Todo pesquisador que na juventude com eteu

a audácia de estudar uma região de seu país — de grande ou pequeno espaço, de longa ou curta his­ tória — aspira retornar m uitos anos depois, a fim de reexaminar os fatos observados e revisar a nova con- juntura, criada por forças da dinâm ica social e pela atuação de fatores até certo ponto imponderáveis. Para um geógrafo, voltar a uma região do grande in­ terior brasileiro, é um ato de revisão das paisagens e espaços, a nível do físico, ecológico e social. Mas tam bém a oportunidade de se questionar a si pró­ prio, em term os de mudança de ótica de observação e do m odo de perceber os sistemas de relações en­ tre g ru p o s h u m a n o s e m e io s g e o g rá fic o s em mudança.

Temos a impressão que retornar a regiões pes­ quisadas no passado, em países de velhas e quase imutáveis estruturas agrárias, pode ser uma tarefa até certo ponto decepcionante. Pensamos, sobretudo, em alguns casos da rígida estrutura social e econô­ mica da campanha francesa e de sua rede de velhas aldeias, resistentes a quase toda m odernização e transformações. No caso do Brasil, porém, em áreas onde o arcaísmo cedeu lugar a uma modernização incompleta, a tarefa de retornar para reanalizar é, qua­ se sempre, um projeto fadado a ser gratificante.

Em nosso país, no decorrer de três décadas, algumas regiões mudaram em quase tudo, incorpo­ rando padrões m odernos que, m uitas vezes, abafa­ ram por substituição, velhas e arcaicas estruturas so­

ciais e econômicas. Tais mudanças se ligaram, so­ bretudo, a implantações da novas infra-estruturas viárias e energéticase a descoberta de impensadas vocações dos solos regionais para atividades agrá­ rias rentáveis. Pensamos, explicitamente, no caso do centro-sul e sudoeste de Goiás e no exem plo da por­ ção ocidental dos planaltos do Paraná, Santa Cata­ rina e Rio Grande do Sul.

No caso de Goiás e M ato Grosso — tom ados em seu conjunto — as m odificações dependeram de transform ações fundam entais na produtividade das terras de cerrados, ao par com uma extensiva modernização dos meios de transporte e circulação. Acim a de tudo, porém, o desenvolvim ento regional deveu-se a uma harmoniosa transform ação acopla­ da do m eio urbano e dos meios rurais, a serviço da produção de alimentos. No conjunto desses proces­ sos, certam ente foi m uito im portante o conjunto de m odificações na rede urbana do Brasil Central, for­ çadas pela implantação de Brasília. A revitalização da rede urbana atingiu todos os quadrantes regio­ nais do dom ínio dos cerrados: o Triângulo Mineiro, através de Uberlândia e Uberaba e suas sub-redes urbanas; o sul de M ato Grosso, através de Campo Grande e Dourados; o sudoeste de Goiás, através de Rio Verde, Jataí e Bom Jesus; o centro de Goiás, por m eio de Anápolis, Goiânia e Brasília; e a rede urba­ na em reestruturação de M ato Grosso do Norte, atra­ vés de relações leste-oeste e sul-norte, na direção de Rondônia e a Amazônia. 0 próprio extrem o norte de

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Goiás, dotados de solos menos férteis do que a m e­ tade sul, transmudou-se por meio de uma pequena rede de centros urbanos de apoio, ao ensejo da cons­ trução e consolidação da rodovia Belém-Brasília, que é mais propriam ente uma ligação Anápolis-Belém do Pará.

Não nos envolveremos com considerações so­ bre regiões que evoluíram pouco apesar do adven­ to de infra-estrutura viárias relativamente modernas e a despeito m esm o de injeções de capitais finan­ ceiros, que não tiveram força para uma redistribui- ção justa a serviço do hom em e da sociedade regio­ nal, vista com o um todo.

Preocupados em fixar idéias sobre o nível de evolução recente do Brasil Central dentro de nossas possibilidades de geom orfologistas — queremos contribuir para uma revisão da gênese das paisagens e dos espaços geoecológicos, de uma região que es­ tá no meio do processo m otor de modernização e de desenvolvim ento do país. Acreditam os que uma revisão das bases físicas, que sustentaram a revita­ lização econômico-social da região, possa ser útil ao conhecim ento científico e, quiçá, para o esforço de preservação dos fluxos vivos da natureza regional.

O dom ínio dos chapadõesYecobertos por cer­ rados e penetrados por florestas galerias — de d i­ versas com posições - constitui-se em um espaço físico ecológico e biótico, de primeira ordem de gran­ deza, possuindo de 1,7 a 1,9 milhões de quilôm etros quadrados de extensão. O polígono dos cerrados centrais brasileiros, m uito embora tenha uma posi­ ção zonal em relação ao grande conjunto das sava­ nas e cerrados da África Austral e da Am érica Tropi­ cal, a nível dos espaços fisiográficos e ecológicos brasileiros, é apenas mais um dos grandes polígo­ nos irregulares que form am o m osaico paisagístico do pais. No Brasil, sem qualquer dúvida, o caráter longitudinal e o grau de interiorização das matas atlânticas quebrou a possibilidade de uma distribui­ ção leste-oeste marcada para o dom ínio dos cerra­ dos, representante sul-americano da grande zona das savanas. Por outro lado, a com posição florística dos tipos de vegetaçaõ da área nuclear dos cerrados

— constituído por padrões regionais de cerrados e cerradões — é m ujto diversa das verdadeiras sava­ nas, existentes em território africano.

Na África predom ina um arranjo transicional gradual para os diversos tipos de savanas, desde a borda das grandes matas da Guiné até as lindes das estepes subdesérticas e desérticas, pré-saharianas e pré-kalaarianas. No Brasil, cerrados e cerradões se repetem por toda a parte no interior e margens da área nuclear dos dom ínios m orfoclim áticos regio­ nais. As variações florísticas dizem respeito m uito mais aos tipos de florestas galerias do que propria­

m ente aos padrões de cerrados e cerradões dos interflúvios.

Nas áreas onde ocorriam cerradões — hoje m uito degradados por diferentes tipos de ações an- trópicas — existiam verdadeiras florestas baixas e de troncos relativamente finos, por processos naturais de adensamento de velhos stocks florísticos de cer­ rados quaternários e terciários. Os campestres ilha- dos no meio de grandes extensões de cerrados e cer­ radões, não passam de enclaves de cam pos tropi­ cais e, portanto, de savanas brasileiras (noroeste de M ato Grosso, sudoeste de Goiás, faixas de campos lim pos de áreas dissecadas em cabeceiras de sub- bacias hidrográficas, serranias quartzíticas, situadas ao norte de Brasília) e de pradarias mistas subtropi­ cais de planalto (campo de vacaria, em M ato Gros­ so do Sul).

O dom ínio dos cerrados, em sua região nu­ clear, ocupa predominantemente maciços planaltos de estrutura complexa, dotados de superfícies aplai­ nadas de cimeira, e um conjunto significativo de pla­ naltos sedimentares com partim entados, situados em níveis que variam entre 300 e 1.700 m etros de altitude. As formas de terrenos são, grosso modo, si­ milares tanto nas áreas de terrenos cristalinos aplai­ nados quanto nas áreas sedimentares sobreelevadas e transformadas em planaltos típicos. No detalhe, en­ trementes, as feições m orfológicas são m uito mais diversificadas, fato bem testem unhado pelo caráter com pósito dos padrões de drenagem das sub-bacias hidrográficas, ainda que, em conjunto, chapadões se­ dimentares e chapadões de estrutura complexa e de velhos terrenos, tenham o m esm o com portam ento na estruturação de paisagens físicas e ecológicas no dom ínio dos cerrados. No caso particular do dom í­ nio dos cerrados, não existe a necessidade de se pressupor a existência de um subdom ínio de formas peculiares às áreas sedimentares, por oposição à maior tipicidade dos terrenos cristalinos, com o acon­ tece em todos os outros dom ínios m orfoclim áticos brasileiros.

A nível da escala paisagística observável dire­ tamente pelo homem, o dom ínio dos cerrados apre­ senta os cerrados e cerradões predom inantem ente nos interflúvios e vertentes suaves dos diferentes ti­ pos de planaltos regionais. Faixas de campos limpos ou campestres sublinham as áreas de cristas q uart­ zíticas e xistos malpedogenetizados dos bordos de chapadões onde nascem bacias de captação de pe­ quenas torrentes dotadas de forte capacidade de dis­ secação (centro-sul de Goiás). Por sua vez, as flores­ tas galerias permanecem amarradas rigidamente ao fundo aluvial dos vales de porte m édio a grande. Os sulcos das cabeceiras dendritificadas das sub-bacias hidrográficas possuem apenas uma vegetação ciliar, disposta linearmente, em sistema de frágil

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implan-tação. As florestas galerias verdadeiras, às vezes ocu­ pam apenas os diques m arginais do centro das pla­ nícies de inundação, em forma de corredor contínuo de matas; outras vezes, quando o fundo aluvial é mais hom ogêneo e alongado, ocupam toda a calha aluvial, sob a form a de serpenteantes corredores florestais.

Não raro, em alguns setores, estendem-se con- tinuadamente pelo setor aluvial central das planícies, deixando lugar para corredores herbáceos nos dois bordos da galeria florestal, arranjo fitogeográfico re­ conhecido pelo nome popular de veredas. Tal situa­ ção, m uito com um nos setores de cerrados que en­ volvem o dom ínio das caatingas, corresponde a ca­ sos em que predom inam sedim entos arenosos nos bordos das planícies de inundação. Poresta razão as veredas se com portam com o corredores de form a­ ções herbáceas rasas, no fundo lateral das planícies de inundação onde existem résteas subatuais de areias m alpedogenetizadas (regossolos planos). As veredas, a nosso ver, estão para os lados das matas galerias no dom ínio dos cerrados, tal com o os cha­ m ados ariscos estão para as estreitas galerias de di­ ques marginais de rios interm itentes sazonários, no interior do dom ínio das caatingas.

Do m esm o modo, as campinas de várzeas na Amazônia, são veredas encharcadas de areias bran­ cas situadas à m argem de florestas galerias de d i­ ques marginais, no centro de antigas faixas de areias geradas em condições clim áticas rústicas, consti­ tuindo outra m odalidade de ecossistemas diversifi­ cados, de complexa origem paleoclimática e fluvial. Apenas a título de informação, querem os lembrar que a região protótipo para o estudo dessas faixas de areias brancas, situadas em várzeas do reverso de diques marginais florestados, similares aos casos de veredas e ariscos, é o Vale do M oju, a leste de Tucu- ruí (Ab'Saber, 1982), em plena Amazônia Oriental. To­ dos esses padrões anômalos de setores de planícies de inundação deveria ficar totalm ente à m argem de cogitação dos projetos d itos Pró-Várzea, para evitar gastos e expectativas inúteis, em função das pecu­ liaridades desses ecossistemas, que não têm voca­ ção agrícola identificável. Recado válido para tecno- cratas e especuladores, de todos os naipes.

O dom ínio dos cerrados possui drenagens pe­ renes para os cursos d'água principais e secundários, envolvendo, porém, o desaparecimento temporário dos cam inhos d'água de m enor ordem de grande­ za, por ocasião do período seco do meio do ano. Des­ ta forma, coexiste uma perenidade geral para a dre­ nagem dos cerrados, com um efeito descontínuo de interm itência sazonal para os cam inhos d'água das vertentes e interflúvios, ao par com uma atenuação dos fluxos d'água nos canais de escoamento das pe­ quenas sub-bacias de posição interfluvial. O ritm o

marcante da tropicalidade regional, com estações m uito chuvosas alternadas com estações secas — incluindo um total de precipitações anuais de três a quatro vezes aquele ocorrente no dom ínio das caa­ tingas — implica em uma preservação extensiva dos padrões de perenidade dos cursos d'água regionais. M esm o nos canais de escoam ento laterais aos cha- padões e de m uita pequena extensão, permanece uma espécie de linha de m olham ento d'água sub- superficial, durante toda a estação seca de m eio do ano. O lençol d'água sofre variações ao longo do ano, desde 1-1,5 m etros até 3-4 metros no subsolo super­ ficial dos cerrados, continuando, porém, tangente à superfície da topografia, alimentando as raízes da ve­ getação lenhosa dos cerrados.

A aparência xerom órfica de m uitas espécies do cerrado é falsa; segundo Ferri (1963) tratar-se-ia de um pseudoxerom orfism o, fato que endossaria a hipótese de um escleromorfismo oligotrófico (Arens, 1963). As plantas lenhosas dos campos cerrados se­ riam, portanto, uma flora de evolução integrada com as condições dos climas e solos dos trópicos úm i­ dos, sujeitos a forte sazonaridade.

A natureza física e ecológica dos cerrados não apresenta maiores deficiências hídricas no solo sub- superficial, apresentando, entrementes, fortes defi­ ciências de um idade do ar na prolongada estiagem do m eio do ano. Para Arens (1963), "a flora dos cam ­ pos cerrados é exposta ao máximo de iluminação pe­ lo clima, que se caracteriza por um núm ero elevado de dias de céu descoberto e pela natureza da vege­ tação rala que produz sombra mínima". Situação que consideram os verdadeira sobretudo para o período de inverno seco, mas que é m odificada em m uito du­ rante o verão chuvoso. Nesse sentido, há que estu­ dar, com mais cuidado o com portam ento da flora dos cerrados e dos cerradões, nos dois m om entos estacionais tão contrastados.

Climaticamente, o dom ínio dos cerrados — em sua área nuclear — com porta de cinco a seis meses secos, opondo-se a seis ou sete meses relativamen­ te chuvosos. As temperaturas médias anuais variam de am plitude, de um m ínim o de 20-22,°até um m á­ xim o de 24-26,°levando-se em conta o espaço total dos cerrados desde o sul de M ato Grosso até ao Maranhão-Piàuí. N enhum mês possui temperatura m édia inferior a18°(Nimer, 1977). Entretanto, a um i­ dade do ar atinge níveis m uito baixos no inverno se­ co (38-40%), e níveis m uito elevados no verão chu­ voso (95-97%). Tal fato acentua a sazonaridade, que tem sido vista, sobretudo, em term os de alternân­ cia de estações chuvosas com estações secas. En­ tretanto, no inverno seco, a taxa de um idade do ar no dom ínio dos cerrados é tão baixa ou mais do que aquela do dom ínio das caatingas, na mesma época.

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bióticos, que caracteriza o dom ínio dos cerrados, é, na aparência, de relativa homogeneidade, extensí­ vel a grandes espaços. A repetitividade das paisa­ gens vegetais ligadas ao tema dos cerrados - cer­ rados, cerradões, campestres de diversos tipos — contribui m uito para esse caráter m onótono desse grande conjunto paisagístico. Mesmo, entretanto, sob o ponto de vista exclusivamente m orfológico, o domínio dos cerrados apresenta sutis diferenciações de padrões de paisagens, em função de fatores lito- lógicos e estruturais.

— Predom ínio da decom posição quím ica, mais ou menos profunda, porém não totalmente ge­ neralizada no espaço, das rochas cristalinas, na fai­ xa dos gnaisses e micaxistos. Atenuação da decom ­ posição, em profundidade, das rochas quartzíticas e de xistos argilosos, expostos em grandes exten­ sões. Alterações contidas de arenitos e siltitos e fra­ co aprofundamento da decomposição de afloramen­ tos basálticos. Do que decorre a existência de "te r­ ra roxas de cam po”, velha expressão criada por fa­ zendeiros paulistas e mato-grossenses.

— Predominância de latossolos, tanto para áreas sedimentares com o para terrenos cristalinos ou cristalofilianos e eventuais exposições de basal­ tos. As áreas onde as crostas duras de laterita já fo­ ram eliminadas, ou nunca existiram, têm melhores condições a ofertar para atividades agrícolas, sob a condição de calagem de calcários ou de uso de adu­ bos fosfatados. Em cima das espessas cangas de la­ terais fósseis — presumivelmente de idade oligocê- nica, em alguns altos interflúvios de chapadões — som ente sobrevivem m irrados substandards.

— Convexização em geral discreta, porém for­ tem ente diferenciada de nível topográfico para nível topográfico, e de província geológica para província geológica. No Brasil Central, os altos chapadões des­ tituídos de cangas e dom inados por gnaisses e ro­ chas m etam órficas heterogêneas, têm a tendência para uma larga e bem-marcada convexização. Quart- zitos e xistos resistentes, apresentam perfis irregu­ lares de vertentes, com setores semi-escarpados ra- vinados. Cerrados e cerradões de m aior biomassa recobriam os setores de convexização mais bem- marcada, enquanto que os setores quartzíticos pos­ suíam coberturas herbáceas ralas, pontilhadas por raquíticas espécies dos cerrados. No sul de Mato Grosso, pradarias mistas interfluviais documentavam a presença de solos naturalmente mais ricos em nu­ trientes, envolvidos por faixas de cerrados de meia encosta e, mais abaixo, no fundo e vertente baixas dos vales, por florestas galerias ampliadas. Nos cam­ pos das vertentes a oeste de Barbacena (MG), os cam pestres se lim ita m aos altos dos m orros em áreas de chãos pedregosos m altam ponados, en­

quanto que uma faixa de cerrados, grosso modo, dis­ posta em curva de nível, separam as matas secas dos vales em relação aos pobres campestres de cimeira e altas vertentes. Em m uitos setores sedimentares, ou em áreas cristalinas rebaixadas, dotadas de so­ los relativamente rasos, existem grandes extensões de cerrados, transformados em pastos sujos, com ve­ getação rala e esparsa (cerradinhos). Os verdadeiros cerradões quase sempre ocorriam em setores de chapadões com vertentes convexizadas e melhores padrões de solos.

— Predominam por grandes espaços no do­ mínio dos cerrados, padrões de drenagem variando de subparalelo e ligeiramente dendrítico. Trata-se de área que possui, via de regra, os menores índices de densidade de drenagem, fazendo grande contraste com os padrões ocorrentes nas áreas tropicais úm i­ das. Padrões compósitos de drenagem podem ocor­ rer em áreas de predominância de estruturas dobra­ das aplainadas, em que as faixas litológicas tornam- se m uito desiguais em extensão e em forma de par­ ticipação na com partim entação da topografia. Nes­ ses casos — m uito comuns desde o sudoeste de M i­ nas Gerais até as proxim idades de Brasília — coe­ xistem padrões espaçados, subparalelos e ligeira­ mente dendríticos, com padrões mais densos per­ tencentes a bacias de captação de drenagens, em setores semi-escarpados, ravinados e dom inados por campestres de solos m uito pobres.

Compartimentos de relevo na área

nuclear dos cerrados

A imagem, geralmente feita, de que a área dos cerrados seria constituída apenas por enormes cha­ padões, situados na posição de divisores entre a dre­ nagem do Prata e do Amazonas, é somente pró-parte verdadeira. Certamente se trata do dom ínio morfo- clim ático brasileiro onde ocorre a m aior massissivi- dade, extensividade e hom ogeneidade relativa de formas topográficas planálticas do Brasil intertropi- cal. Planaltos sedimentares cedem lugar, quase sem solução de continuidade, para planaltos de estrutu­ ras mais complexa, nivelados por velhos aplaina- mentos de cimeira, formando o grande Planalto Cen­ tral. Nunca será demais lem brar que o conjunto es­ pacial do dom ínio dos cerrados, nos altiplanos cen­ trais, representa mais ou menos a metade da área to ­ tal do gigantesco conjunto de terras altas, de m edia­ na a ltitud e (600-1.100m), designado por Planalto Brasileiro.

Comparado com as acidentadas e corrugadas terras do sudeste e leste do país, o Planalto Central efetivamente pode ser considerado uma vasta área de chapadões, revestidos por cerrados e penetrados

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por florestas galerias. Um ''m ardechapadões",com cerrados, in te rp e n e tra d o por flo re stas galerias, opondo-se a um "m a r de m orros" originalmente flo­ restados. 0 próprio nordeste seco, com suas largas depressões interplanálticas einterm ontanas — do­ minados por caatingas e drenagens intermitentes —, é m uito mais com partim entado que o elevado e re­ lativamente contínuo conjunto de terras altas do Bra­ sil Central. Nesse sentido, uma diferença essencial marca esses dois dom ínios m orfoclim áticos e fito- geográficos. Em sua área nuclear os cerrados ocu­ pam os interflúvios de um extensíssimo planalto. No dom ínio das caatingas, a área nuclear situa-se pre­ dom inantem ente nas depressões interplanálticas, em posição totalm ente oposta à dos cerrados.

Esse quadro, válido para observações de con­ junto, na escala de "universos" paisagísticos regio­ nais, pode sofrer, entretanto, algumas m odificações significativas, quando transm udados para escalas mais próximas do sub-regional. No prim eiro caso, conjuntos paisagísticos apreendidos na escala de mapas, e no segundo, paisagens regionais vistas na escala de cartas topográficas. Ou, mais tecnicamen­ te, conjuntos espaciais de primeira ordem de gran­ deza (mais de um m ilhão de quilôm etros de exten­ são), opondo-se a observações feitas na escala de relevos de terceira ordem de grandeza (10.000 a 100.000 quilôm etros de extensão), segundo a clas­ sificação de Cailleux-Tricart (1955).

Para fins de uma compreensão mais detalha­ da da distribuição dos cerrados pelos com partim en­ tos de relevo, mais significativos, do próprio Planal­ to Central, há que aprofundar a escala de tratam en­ to geom orfológico até ao nível do entendim ento da compartimentação topográfica de depressões inter­ planálticas e depressões denudacionais ditas peri­ féricas. M esm o porque parte da história da expan­ são das coberturas vegetais que deram origem ao continunn atual da área nuclear dos cerrados, fez-se pela expansão descendente dos tecidos ecológicos dos cerrados de altiplanos para algumas das depres­ sões interplanálticas existentes no centro ou na pe­ riferia do antigo grande refúgio dos cerrados do Bra­ sil Central. Muitas de tais depressões, até há poucos milênios, foram mais secos do que atualmente, ain­ da que um pouco m enos quentes (13.000 -18.000 anos). E, com o se verá, tais setores interplanálticos, foram exatamente aqueles que tiveram m aior sen­ sibilidade relativa para as variações clim áticas do Quaternário, ao longo de to do o Planalto Brasileiro (Ab'Saber, 1964, 1965). Daí, porque, tais áreas m e­ recem tratam ento especial em term os de setores que só recentemente — nos últim os dez m ilênios — serviram de áreas para expansão e coalescência dos cerrados (e cerradões), anteriorm ente localizados apenas nas cimeiras dos chapadões centrais.

Dos refúgios de cerrados e cerradões, existen­ tes na cimeira dos planaltos centrais, partiram as bio- massas sob a forma de "m anchas de óleo" coales- centes, as quais povoaram as depressões interpla­ nálticas até então secas, situadas ao norte de Goiás, no Maranhão-Piauí, no Pediplano Cuiabano, no M é­ dio Vale Superior do São Francisco, no Paraná, na de­ pressão periférica paulista, nas colinas campestres de Roraima e do Amapá. Mais recentemente, dos cerrados de cimeiras e dos cerrados interplanálticos se expandiram cerrados e campestres para as de­ pressões aluviais e pró-partes eólicas dos Llanos do Orenoco (Morales, 1979) e regiões similares, posta­ das na costa ou em com partim entos interiores da m etade norte da Am érica do Sul. Fica assim co m ­ provado o grande arcaísmo da vegetação dos cer­ rados, intuído por diversos pesquisadores, em dife­ rentes épocas e por diferentes roteiros de interpre­ tação (Smith, 1885; Sampaio, 1934; A b'S abere Cos­ ta Júnior, 1957,1963). Houve uma geração arcaica de cerrados que deve ter remontado aos primeiros tem ­ pos do Terciário e que depois recuou para refúgios interm ediários à m edida que se abriram e se expan­ diram as depressões interplanálticas. Estas, por sua vez, receberiam uma segunda geração de cerrados vindos dos refúgios de cimeira, a qual disputou es­ paço com as caatingas e floras secas, por ocasião das flutuações climáticas do Pleistoceno. E, por fim , quando os clim as úm idos passaram a predom inar e as caatingas se circunscreveram praticam ente ao nordeste semi-árido atual, algum as biomassas de cerrado se deslocaram para o nordeste da Am érica do Sul, ocupando espaços dos cam pos de dunas e aluviões grosseiros, herdados m áxim o da sem i- aridez quartenária antiga (Pleistoceno Terminal), na depressão do Orenoco (Morales, 1979). Esta, a ter­ ceira e mais recente vogal de cerrados, reexpandi- da a partir dos refúgios existentes em colinas de de­ pressões interplanálticas e interm ontanas (Amapá, Grã-Sabana).

Conjuntos topográficos e

condicionantes climáticos do

domínio dos cerrados

O Planalto Central tem o seu corpo territorial básico centrado em três unidades geom orfológico- estruturais, de grande extensão: o setor norte dos planaltos sedimentares (efou basálticos) da Bacia do Paraná, desfeitos em um relevo de cuestas concên­ tricas de frente externa, com altitudes variando en­ tre 300 e 1.100 m etros; o altiplano de rochas antigas e estruturas dobradas do centro de Goiás (altiplano de Brasília), com velhos aplainam entos hoje coloca­ dos na cimeira dos planaltos (série de superfícies)

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aplainadas de cimeira, remontantes ao Terciário In­ ferior, em termos de idade geomorfológica; e, os pla­ naltos sedimentares cretácicos da Bacia do Urucuia, situados a nordeste de Minas Gerais e oeste da Ba­ hia, ladeados por duas depressões periféricas, m ui­ to bem pronunciadas (depressão periférica, do M é­ dio Vale do São Francisco e depressão periférica do Paranã). E, por fim , setores descontínuos de depres­ sões interplanálticas — geneticamente m uito varia­ dos, do ponto de vista geomorfológico — circundam as terras altas sedimentares ou cristalinas, por todos os quadrantes, menos o sul e o sudoeste, na direção do Paraná, Paraguai e Argentina.

De certa forma, é essa rede de depressões in­ terplanálticas, situadas a leste, nordeste, norte, no­ roeste e oeste do Planalto Central, que salienta o es­ paço geográfico principal do dom ínio dos cerrados, em sua área nuclear. Por outro lado, a maior parte desses extensos com partim entos deprim idos são áreas de contato entre stocks de vegetação perten­ centes a diferentes províncias florísticas. Na depres­ são periférica paulista, na dependência de solos de diferentes fertilidades naturais, ocorrem matas e cer­ rados, em mosaico complexo. Na depressão do M é­ dio Vale do São Francisco, ocorrem florestas e cer­ rados ao sul e caatingas ao norte.-A oeste, na depres­ são do Pantanal, originada por uma com binação complexa de tectônica quebrável, eversão, aplaina- m entos neoterciários e recheio aluvial coalescente quaternário, ocorre o com plicado contato entre a ve­ getação dos cerrados com as do Chaco Oriental e das palmáceas pré-amazônicas. Apenas para o nor­ te, após as terminações acidentadas do altiplano de Brasília, e além dos refúgios de matas do chamado "M a to Grosso de Goiás" estende-se uma subárea dos cerrados, que atinge as proxim idades do Pon­ tal Araguaia-Tocantins, enquanto outro braço term i­ nal de vegetação típica do Planalto Central adentra- se pelos chapadões do sul e centro do Maranhão, até os reversos dos planaltos em penados (tilted pla- teaus) da Bacia do Maranhão-Piauí. já , além da es­ carpa term inal da Serra Grande do Ibiapaba, em ple­ no Ceará — em notáveis depressões interplanálticas —, inicia-se o dom ínio semi-árido dos "sertões se­ cos", espaço preferencial da vegetação das caatin­ gas nordestinas. É nessa faixa, de contato brutaíjçn- tre espaços fisiográficos e ecológicos, que se pode perceber m elhora posição preferencial dos cerrados e das caatingas nos diferentes com partim entos do relevo regional: os cerrados permanecem no inter- flúvio das chapadas, quer com o massas vegetais contínuas, quer co m o refúgios (caso do Araripe Oriental); as caatingas amarram-se às depressões in­ terplanálticas sertanejas, quentes e semi-áridas, do­ tadas de drenagens interm itentes e tecidos ecoló­ gicos próprios. A sazonaridade dos climas tropicais continua sob um só e m esm o regime; no entanto,

o total de precipitações anuais é de, pelo menos, duas a cinco vezes m aior nos altiplanos com cerra­ dos do que nas depressões interplanálticas ou en­ costas de "serras secas". E, mesmo que ocorra um ano de verão mais chuvoso nas caatingas, o semes­ tre seco continua sendo m uito bem -pronunciado e m alservido por águas.

Ainda que os enclaves de cerrados no dom í­ nio das caatingas estejam em regiões climáticas mui­ to quentes e secas, é de se destacar o fato de que os cerrados, em sua área nuclear estão, e, sobretu­ do, estiveram, em áreas clim áticas um pouco mais frescas do que aquela que impera no dom ínio das caatingas. Nesse sentido, os enclaves de cerrados prim am por estar em condições bastante adversas do ponto de vista climáíico, já que eles ocorrem em setores tão diferentes quanto sejam o Amapá, o nor­ deste da Bahia (Ribeira do Pombal), os tabuleiros sublitorâneos do nordeste oriental, a região de São José dos Campos, no M édio Vale do Paraíba do Sul, a depressão periférica paulista, e as manchas de cer­ rados residuais de Jaguariaíva-Sengês e Campo Mourão, no nordeste e centro-norte do Estado de Pa­ raná. No universo geoecológico do Brasil intertropi- cal não existe com unidade biológica mais flexível e dotada de poder de sobrevivência em solos pobres do que os cerrados.

Na sua área “ core", os cerrados se instalam há m uito tem po através de espaços contínuos, em ex­ tensos setores de climas quentes, úm idos ou subú- midos, ou subquentes, igualmente úmidos ou subú- midos, com três a cinco meses secos. A amarração principal entre o grande refúgio dos cerrados de ci­ meira, do Brasil Central, e as condições climáticas, parece perder para os climas tropicais de planaltos, subquentes e semi-úm idos com estação fortem en­ te chuvosa de verão, e três a quatro meses secos, no inverno, sujeitos a precipitações médias anuais, va­ riando entre 1.300 a 1.800mm, segundo se pode de­ preender de diversos grupos de dados existentes em um bom estudo do clima regional do centro-oeste, da autoria de Edmond Nim er (1977).

De um m odo geral, os cerrados que ocupam depressOes interplanálticas, jn u ito mais quérrtes do que as cimeiras dos platôs - ainda que sujeitos à mesma sazonaridade — ali se instalaram, recente­ mente, nos últim os milênios, tendo descido dos ma- crorrefúgios interm ediários de cimeira segundo tu ­ do leva a crer. Fato que já se constituiu - se c o m ­ provado - num bom ponto de partida para a análi­ se do quadro de condições paleoclimáticas e paleoe- cológicas que precedem a formação da atual área nuclear dos cerrados do Brasil Central. Tal consta­ tação, entre outras implicações, docum entaria que o dom ínio m orfoclim ático dos cerrados e cerradões

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tem sua área de máxima tipicidade nos planaltos se­ dimentares e cristalinos de altitude média, de Goiás e Mato Grosso, m uito mais do que propriamente nas com binações regionais de formas de relevo, solos e vegetação das depressões interplanálticas que mar­ ginam ou se interpenetram pelo Brasil Central, por nós já aludida. É um tanto ilusório, entretanto, pensar- se que os cerrados nasceram e se fixaram sempre em altiplanos refrigerados do Planalto Central, já que tais planaltos ainda no Terciário Inferior possuíam ní­ veis altim étricos relativos, de centenas de metros, abaixo do seu nível atual. O soerguimento das cimei­ ras mantidas por cargas — tipo planalto de Anápolis- Brasília - nos p e rm ite d e d u z irq u e a té o O lig o c e n o existiam extensas planuras detríticas com lateritas em form ação em setores hoje m uito soerguidos e transform ados em verdadeiros planaltos.

O quadro paleogeográfico de 13.000

-18.000 anos

Os docum entos que possuim os para caracte­ rizaras condições geoecológicas e paleoclim áticas recentes do Planalto Central são fragmentários e des­ contínuos. Pouco sabemos das flutuações clim á ti­ cas, menores ou locais, referentes aos últim os seis ou o ito mil anos. E, no entanto, tem os informações bem mais seguras referentes às m udanças clim áti­ cas mais drásticas, correspondentes à época gené­ tica das stone Une intertropicais brasileiras, já cons­ tatadas e reconhecidas em numerosas áreas do país, e referíveis ao ú ltim o período de glaciação q ua ter­ nária (W ürm — W isconsin Superior). Deixando de lado, a análise das flutuações menores e mais loca­ lizadas, ocorridas nos últim os m ilênios (Holoceno), examinaremos o quadro de mudanças mais radicais, que tiveram sua atuação entre os 13.000 e 20.000 anos, aproximadamente. Trata-se de um quadro re­ ferencial que interessa ao país inteiro e, até certo pon-i to de vista, à própria América do Sul, tomada em seu conjunto.

No que tange aos níveis de interesse do quin­ to sim pósio realizado sobre os cerrados, deve-se sa­ lientar em relação aos fatos referentes ao últim o gran­ de período seco do Pleistoceno — expandiu, de m o­ do complexo, no interior dos planaltos inter e sub­ tropicais brasileiros — o que se conhece tem ape­ nas o sabor de uma primeira aproxim ação (Ab'Sa- ber, 1977). Trata-se de conhecimentos ecléticos, m ui­ to recentem ente reunidos, apenas para atingir um esquema de mapa prévio, no interesse de uma visua­ lização antecipada, e a serviço de futuras com ple- tações e melhorias, através da ótica das m uitas dis­ ciplinas em jogo.

Basicamente, os docum entos mais concretos que tornam possível esta primeira aproximação, d i­ zem respeito ao encontro de "linhas de pedra", na

estrutura superficial da paisagem. Convém lem brar,. porém, que tais indícios de antigos chãos pedrego­ sos tem um valor relativo, pois nada dizem direta­ m ente sobre quais teriam sido os stocks de floras a elas associados em cada setor de ocorrência. No en­ tanto, indicam sempre vegetação esparsa, de tro n ­ cos finos, ou de cactáceas, onde os fragm entos lo­ cais de barras de rochas resistentes, foram capazes de se esparramar no chão das antigas paisagens, vin­ do a form ar chãos pedregosos, de m aior ou m enor espessura. Para esse atapetam ento do chão de pai­ sagem, apenas a gravidade e as enxurradas em len­ çol devem ter colaborado: os fragmentos, de diferen­ tes natureza petrográfica, origens e formas, perco- laram pbr entre as raízes de uma vegetação raquítica.

Levando-se em conta os patrim ônios b iológi­ cos, ainda hoje dom inantes no espaço ecológico to ­ tal de nòssos planaltos interiores, podem os afiançar que apenas os diferentes facies de caatingas, assim com o alguns tipos de cerrados naturalmente degra­ dados, poderiam ter ocupado os antigos chãos pe­ dregosos, hoje soterrados na epiderm e das paisa­ gens regionais e reocupados extensivam ente por cerrados e cerradões. É de se supor, ainda, que pai­ sagens de cactáceas com o aquelas que hoje ocor­ rem na zona pré-andina da Argentina, desde o nor­ te de San Juan até San M iguel de Tucuman, podem ter penetrado áreas do entorno do Pantanal Mato- Grossense e depressões interplanálticas do sul do Brasil, com portando eventuais chãos pedregosos e tornando possível a ocorrência de m inienclaves de cactáceas até os dias atuais, vinculados à área dos a n tig o s p e d re g a is, h o je to ta l ou p a rc ia lm e n te soterrados.

Tais docum entos sedim entários inclusos nas form ações superficiais da região — ou seja, partici­ pando da estrutura superficial atual da região dos cerrados — têm m uito mais validade, quando asso­ ciado a outros indicadores paisagísticos, tais com o presença de paleoinsetbergs, hoje representados por relevos residuais das superfícies interplanálticas re­ gionais. Além do que, quando localizados no m es­ m o espaço em que aparecem os docum entos detrí- ticos mais antigos (tam bém indicativos de climas mais secos dp passado), tais com o cascalheiras de terraços fluviais, leques aluviais grosseiros e frag­ m entos de sedim entação interrom pidos.

A análise de tais tipos de docum entos — cen­ trada na época de predominância das stone lines — revelou-nos um pouco das paisagens que antecede­ ram de perto as atuais, por ocasião do ú ltim o perío­ do seco quaternário (Pleistoceno Superior). O qua­ dro o btid o é m uito prelim inar e digno de m uitos re­ paros. No entanto, não nos furtam os de oferecê-los à consideração, análise e crítica de nossos com pa­

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nheiros da área biológica, a serviço da interdiscipli- naridade.

• o conjunto das paisagens típicas de cerrados, no Planalto Central, era menor e menos contínuo, por ocasião do últim o período seco;

• todas as depressões interplanálticas que en­ volvem ou interpenetram o conjunto das terras altas atuais do Planalto Central eram faixas de paisagens fortem ente diferentes, com portando m uito menos cerrados e mais caatingas, ou vegetações similares;

• nas depressões interplanálticas ocorriam cer­ tamente faixas de contato de vegetação, do tipo a que chamaremos de faixas de contato e transição in- tradom ínio m orfoclim ático dos cerrados;

• predominavam cerrados degradados inter- fluviais e caatingas de encostas, em diferentes com ­ b in a ç õ e s no in te rio r das a lu d id a s d ep re ssõe s interplanálticas;

• nos altiplanos refugiavam-se os cerrados e alguns núcleos de cerradões, sob a forma de "b a n ­ cos de flora", os quais, mais tarde, quando da umi- dificação generalizada sofrida pela região em seu to­ do, serviram para o repovoamento vegetal do dom í­ nio dos cerrados, tal com o hoje o entendem os em sua área nuclear. Foi, somente, a ‘partir dessa época, que os cerradões passaram a predom inar sobre os fades de cerrados naturalmente degradados, então predominantes;

• possivelm ente as caatingas ou vegetações similares estenderam-se até o M édio Vale do São Francisco mineiro, alcançando a região kárstica si­ tuada ao norte de Belo Horizonte, assim com o o in­ terior das cristas quartzíticas e ferríticas do quadri­ látero central do centro-sul de Minas Gerais;

• fora das depressões interplanálticas, algu­ mas áreas, com o os próprios chapadões areníticos do Urucuia, tiveram coberturas vegetais de climas mais secos, com portando cerrados degradados ou até m esm o manchas de caatingas;

• em altitude, nas altas encostas de serranias quartzíticas (Espinhaço, Pirineus de Goiás, reverso de altas cuestas areníticas) predominavam campos rupestres desenvolvidos em chãos pedregosos ou solos sub-rochosos, acim a do nível do cinturão de cerrados, e á cavaleiro das caatingas das depressões interplanálticas, mais quentes e menos arejadas em face dos escassos ventos úm idos da época;

• no vale do Paranã, em plena depressão inter- planáltica situada entre o chapadão de Brasília e os chapadões do Urucuia, deve ter predom inado caa­ tin ga sobre cerrados n a tu ra lm e n te degradados

(

substandard

);

• paisagens e condições ecológicas de caatin­ gas predominaram ao norte dos bordos acidentados

da região de Brasília, após as grandes matas do "M a ­ to Grosso de Goiás", outrora mais extenso. Essa área de caatingas, em níveis rebaixados do Planalto Goia­ no, formavam uma ligação nordeste-sudoeste das re­ giões secas nordestinas com outras áreas semi- áridas do centro-norte e nordeste de M ato Grosso;

• no e n to rn o do g ra n d e P antanal M a to - Grossense, sobretudo no Pediplano Cuiabano, des­ de Rosário Oeste até Santo Antônio do Leverger, ocorriam setores semi-áridos interplanálticos, prova­ velmente relacionados com a área de vinculação en­ tre a vegetação pré-andina da Argentina ou com fai­ xas de vegetação cactácea das depressões interpla­ nálticas do extrem o sul do país, outrora m uito mais frias e secas do que as atuais pradarias mistas ou bosques subtropicais regionais;

• no extrem o sul de Mato Grosso, onde hoje existe os campos de vacaria, deveria existir estepes e cam pos limpos, mais frios e mais secos do que os atuais prados "m arginais", ali refugiados. Onde ho­ je ocorrem as matas de Dourados deveriam ocorrer bosques subtropicais, alternados com campestres, no esquema ainda hoje observável mais para o sul do país (na área de vacaria, no nordeste do Rio Gran­ de do Sul, por exemplo);

• franjas de cerrados ficaram interpostas en­ tre as florestas galerias tropicalizadas e os prados que substituíram estepes ou cam pos lim pos secos, no sul de M ato Grosso. Esquema parecido com o que ocorreu nas serranias das proxim idades de Barba- cena e Tiradentes, em Minas Gerais, onde as matas tropicais ganharam o fundo dos vales e os cerrados ficaram interpostos entre elas e os cam pos limpos dos altos das cristas, onde outrora medravam cam ­ pos rupestres em chão pedregoso;

• um antigo refúgio de matas subtropicais si­ tuado no Vale do Paraná (extremo oeste do Paraná, que designamos provisoriamente por Refúgio Foz do Iguaçu) deve ter sido tropicalizado, nos últim os m i­ lênios, afogado que foi pelas florestas de clim as quentes, reexpandidas a partir de refúgios situados no norte do Paraná e oeste de São Paulo. Conviria fazer um inventário de sua flora para testar esta hi­ pótese, baseada na dinâmica aparente das cobertu­ ras florestais, da m argem sul do dom ínio dos cerra­ dos. Por outro lado, convém retirar em definitivo o extrem o sul de m ato Grosso da área nuclear dos cerrados;

• a grande transversal de formações abertas no Brasil intertropical que vem desde a área das caatin­ gas brasileiras até o Chaco, passando pela área nu­ clear dos cerrados, foi m uito mais "co rre do r" de for­ mações abertas, no Pleistoceno Superior, do que nos últim os milênios. Isto porque, o espaço nuclear dos cerrados, com portava aquele te m p o m u ito mais

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áreas de cerrados naturalmente degradados, entre­ meados com caatingas nas depressões interplanál- ticas (M édio São Francisco m ineiro e Paranã, A lto Araguaia) e pequenas estepes secas de altitudes, do que propriamente densos e contínuos cerradões. Os cerradões, ao contrário do que nós próprios pensá­ vamos pertencem a um patrim ônio biológico, arcai­ co, com portando-se com o adensamentos de bio- massas de cerrados, a nível de verdadeiras florestas, reexpandidas na cimeira de planaltos depois da úl­ tima grande fase seca pleistocênica (13.000 -18.000 anos). Tal fato, reforça a idéia básica de que cerradões quando degradados por estensivas ações antrópicas não se refazem facilmente. E, na prática, jamais se recompõem . Os cerrados, por seu turno, são m uito mais resistentes em face de ações predatórias, não- lesionantes. Que os predadores imedialistas de nos­ so país, não nos ouçam.

De tais constatações, por fim , resultam algu­ mas diretrizes para o bom uso e a preservação de im ­ portantes recursos naturais na área nuclear dos cer­ rados, ou seja, em regiões, tais como, os chapadões do centro e sul de M ato Grosso, Triângulo Mineiro, sudoeste de Goiás e oeste da Bahia, Maranhão e Piauí.

Até a década de 50 as faixas de m aior prefe­ rência para uso agrícola no Planalto Central eram as calhas aluviais onde existissem densas matas gale­ rias. As várzeas alongadas e contínuas, dotadas de aluviões, ricas e designadas regionalm ente por pin­ daíbas — eram a exceção em face do cam po geral de vertentes e largos interflúvios ocupados por uma pecuária extensiva. A partir da década de 60 e, so­ bretudo, ao longo da década de 70, extensas áreas dos interflúvios passaram a ser utilizados para a sil­ vicultura, a rizicultura, plantio de abacaxi e eventuais lavouras nobres (soja, café e trigo). A agricultura co ­ mercial, sobretudo a do arroz, atingiu o espaço dos cerrados, deslocando fronteiras agrícolas e viabili­ zando a econom ia rural de grandes glebas, até en­ tão mal-aproveitados e improdutivas. Urge, agora, porém, defender os patrim ônios biológicos, com maior cuidado e grau de racionalidade. Com base no estudo das m odificações quartenárias dos co m p o ­ nentes paisagísticos regionais, e, sob a ótica do m o­ delo dos refúgios naturais, de floras e faunas, suge­ rimos três diretrizes básicas para conciliar desenvol­ vim ento e proteção dos patrim ônios genéticos:

• a exigir a preservação de percentuais signi­ ficativos de cerrados e cerradões localizados em abó­ badas de interflúvios, transform ando-os em verda­ deiros bancos genéticos da província fitogeográfi- ca dos cerrados;

• preservação de faixas de cerrados e campes­ tres nas baixas vertentes de chapadões, com deze­ nas até centenas de m etros de largura — segundo

cada uso — a fim de que o manejo das terras de cul- • turas não interfiram no equilíbrio frágil da faixa de contato entre vertentes e fundos de vales com flo ­ restas galerias;

• congelam ento total de uso dos solos das fai­ xas de matas galerias, com vistas à preservação m úl­ tipla das faixas aluviais florestadas, assim como, das veredas existentes à sua margem.

Nesse sentido, alertamos aos responsáveis pe­ la preservação dos patrim ônios genéticos do país (Secretaria Especial do Meio A m biente - SEM A, Ins­ titu to Brasileiro de Desenvolvimento Florestal - IBDF, M inistério do Planejamento) que o não-atendimento da preservação integral das florestas galerias exis­ tentes no Planalto Central pode acarretar conse­ qüências graves para o abastecim ento d'água, o ra- vim ento das baixas vertentes e o aprofundam ento e dessecamento dos lençóis d'água subsuperficiais na m aior parte do dom ínio dos cerrados. Até mes­ m o no interior do sítio urbano de Brasília onde tem havido o caos na ocupação dos solos das faixas de matas galerias já se observam lesionamentos graves em conseqüência do progressivo desm atam ento da m argem natural das florestas galerias, incluindo-se ocorrências de ravinamentos selvagens na faixa de contato entre as baixas vertentes com cerrados e as veredas de solos lixiviados e em pobrecidos, que m argeiam a verdadeira faixa de florestas galerias.

O total de matas de fundo de vales, sob o ar­ ranjo clássico de matas galerias é inferior a 1 % no conjunto do 1,8 m ilhão de quilôm etros quadrados da área nuclear dos cerrados. E esse total, irrisório de vegetação florestal intracerrados — incluindo pe­ netrações das florestas do A lto Paraná e do sul da Amazônia, ao longo das cabeceiras de vales do di­ visor Prata-Amazonase chapadões do Piauí — M a­ ranhão e oeste da Bahia - deve merecer tantos cu i­ dados com o aqueles a serem dedicados à preserva­ ção de bancos genéticos da natureza dos cerrados, ora pressionados pela irreversível deriva das frontei­ ras agrícolas e interiorização do desenvolvim ento e c o n ô m ic o e social, nos p la na ltos interio res do

Brasil.

No caso dos cerrados p ro p ria m e n te d ito s pode-se prever um aproveitam ento m áxim o da or­ dem de até 30% do espaço total da área nuclear do domínio, sem grandes prejuízos para a preservação do patrim ônio genético da província florística e fau- nística regional. Essa avaliação prévia equivale a uma somatória de espaços agrários descontínuos, da or­ dem de 540 mil quilômetros quadrados, ou seja, uma área duas vezes maior do que o território paulista em seu conjunto e quatro vezes m aior do que o dos seus espaços agrícolas, efetivamente produtivos. O gran­ de dilem a residirá sempre no desenvolvim ento das técnicas de seleção dos subespaços efetivamente

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agricultáveis, sem prejuízo da preservação relativa dos patrimônios naturais do "universo dos cerrados e cerradões".

Em relação ao grande dom ínio m orfoclim áti- co e fitogeográfico dos cerrados — em sua área nu­ clear — propomos aos órgãos de gerenciamento do m eio a m biente no Brasil as seguintes diretrizes mínimas:

• face à nova conjuntura de ocupação econô­ mica dos cerrados, por atividades agrícolas im por­ tantes — soja, arroz de sequeiro, m ilho —, tornar obrigatório a preservação de pequenas e médias "re­ servas" de vegetação original, em fazendas que pos­ suam áreas superiores a 1.000 hectares, independen­ temente das posturas legais de proteção preexisten­ tes para matas ciliares e eventuais "capões" de ma­ tas. Sugere-se que essas "reservas" de fazendas te­ nham no mínimo 30% do espaço total das fazendas, devendo preferentemente ser localizadas nos inter- flúvios de chapadões;

• provisoriam ente, ficam interditados para eventual expansão de espaços agrários, todas as áreas dotadas de verdadeiros cerradões (cerrados re­ gionalm ente designados por "cerrados a três pê­ los"), estejam eles localizados em qualquer posição na topografia: interflúvios, vertentes altas ou verten­ tes baixas. Para se liberar trechos de solos de cerra­ dões para fins de ampliação de áreas agrícolas, ou outros quaisquer usos, será necessário exame in si- tu por equipes técnicas do IBDF, SEMA e Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária - INCRA. Dado o desaparecim ento rápido dos verdadeiros "cerradões", todos os remanescentes dessa vege­ tação arcaica do Brasil Central, são de interesse pa­ ra estudos científicos, de ordem botânica e fitogeo- gráfica, assim como, zoológica;

• devem ser protegidas todas as cabeceiras de drenagem existentes no dom ínio dos cerrados, des­ de o sul de M ato Grosso até ao Maranhão e Piauí. Campos de cultura em preparo, instalações agrárias, novos espaços incorporáveis ou em vias de incorpo­ ração ao m undo urbano não podem interferir nas ca­ beceiras extremas de cursos d'água, sejam elas de qualquer tipo: cabeceiras em anfiteatros pantanosos com buritis ou caranãs, cabeceiras em bacias de cap­ tação d endritif içadas. Não devem ser oferecidos in­ centivos a proprietários ou prefeituras que não te­ nham s e n s ib ilid a d e em relação à p ro te ç ã o de mananciais;

• levando em conta o encontro de novas fór­ mulas para o uso econôm ico rentável dos solos de cerrados nos chapadões do Brasil Central, com rá­ pida expansão da agricultura por largos interflúvios e vertentes — através de dezenas de milhares de qui­ lôm etros quadrados - , tornar obrigatório a defesa

dos corredores aluviais, dotados de florestas gale­ rias e buritizais. Fazer um alerta para as dificuldades de utilização dos solos das "veredas" e proibir o uso da estreita faixa de transição entre a base da verten­ te e o início das veredas, onde ocorrem solos forte­ mente lixiviados, passíveis de erodibilidade intensa (regossolos de base de vertentes em cerrados);

• não se pode elim inar pequenos capões de matas existentes sob a forma de enclave no interior do domínio dos cerrados, situados em glebas públi­ cas ou particulares. Considera-se pequenos capões aqueles de 1 a 20 hectares. Minicapões poderão ser cercados — com uma faixa de 20 m etros de cerra­ dos em seu perímetro — para fins de estudos cien­ tíficos e monitoramento, com base em negociações a serem feitas com os proprietários das glebas. Au­ toridades estaduais e m unicipais ficarão com a tu ­ tela da fiscalização dessas pequenas reservas de flo­ restas ilhadas na área nuclear dos cerrados. Estudos científicos e monitoramento das mesma deverão ser feitas pelo IBDF, SEMA, INCRA e Empresa Brasilei­ ra de Pesquisa Agropecuária - Embrapa;

_ • qualquer projeto de colonização dirigido para capões de matas — tipo "M a to Grosso de Goiás"

— terá que ser subm etido a rigorosa apreciação por parte de instituições mistas e/ou comissões de es­ pecialistas, podendo ser aprovados em bloco, ficar sujeito a m odificações internas de diferentes níveis e ordens e/ou serem proibidos globalmente, por to ­ tal inadequação. De preferência, todo o entorno des­ ses grandes capões de matas deverá ser preserva­ do, em uma faixa de 100 metros de largura média, do m odo mais contínuo possível, com o amostra do ecossistema florestal original e baliza do espaço ori­ ginalmente abrangido;

• fica previsto estudos para delim itação de áreas dejopografias ruiniformes típicas para efeitos de criação de parques nacionais, estaduais ou m u­ nicipais sob controle de visitação. Após a delimita- çao das áreas mais expressivas de topografias rui- niformes existentes no dom ínio dos cerrados, em Goias (Torres do Rio Bonito, Serra da Divisão), M a­ to Grosso (Planalto dos Alcantilados, altos da Serra do Roncador, Serra Azul, Bodoquema), Maranhão morros testemunhos e chapadas residuais), e Piauí (Sete Cidades de Piracuruca, chapadas e morros tes­ temunhos de Castelo do Piauí e Pedro II), tom ar pro­ videncias para a organização interna desses parques e elaboração de regulamentos para visitação e de­ senvolvim ento de pesquisas. Em hipótese alguma sera possível implantar nessas áreas especiais — do ­ tadas de grande expressão paisagística e feições to- pograficas bizarras — os equipamentos e esquemas de visitação que foram endereçadas à área de Vila Velha, no Paraná. Pelo contrário, o exem plo de Vila Velha será tomado com o sendo o antiexemplo, a fim

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de preservar corretam ente os com ponentes físicos e bióticos da natureza regional;

• impedir o uso dos solos nas frentes de escar­ pas estruturais, recobertas por cerrados ou matas orográficas, em todo o Brasil Central. Visa-se com isso obter um tipo em acréscimo de áreas refúgios de cerrados. E, eventualmente, preservar matas es­ tabelecidas na frente de escarpas de cuestas, onde qualquer desm atam ento seria irreversível;

• dar um tratam ento especial à proteção da re­ gião kárstica do Brasil Central (Serra da Bodoquema, sobretudo) e elaborar um docum ento integrado pa­ ra a defesa da região do Pantanal;

• transform ar em área de proteção ambiental um setor representativo da Serra do Espinhaço, em Minas Gerais, no qual possa ser visto o zoneamen- to altitudinal, desde as matas de encostas baixas e grotões (lado oriental), até os cerrados (lado ociden­ tal) e os agrupam entos de ecossistemas da cimeira da Serra, onde predominam campos rupestres (pra­ darias de altitude);

• realizar estudos para fazer um parque da Ser­ ra dos Pirineus, segundo os melhores e mais racio­ nais o b je tiv o s in c lu íd o s na idéia de "p a rq u e s nacionais” .

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