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Análise da evacuação num estabelecimento industrial

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Academic year: 2021

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Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto Rua Dr. Roberto Frias, s/n 4200-465 Porto PORTUGAL

VoIP/SIP: feup@fe.up.pt ISN: 3599*654 Telefone: +351 22 508 14 00 Fax: +351 22 508 14 40

MESTRADO EM ENGENHARIA

SEGURANÇA E HIGIENE OCUPACIONAIS

Tese apresentada para obtenção do grau de Mestre Engenharia de Segurança e Higiene Ocupacionais

Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto

AVALIAÇÃO DA SENSIBILIDADE DOS

TEMPOS DE EVACUAÇÃO

Natacha Filipa do Monte Moreira da Rocha Beleza

Orientador: Professor João Manuel Abreu Santos Baptista. (FEUP)

Coorientador: Professora Aura Maria F. Sena Rua Soares Albergaria. (FEUP) Arguente: Professora Maria Fernanda da Silva Rodrigues. (UAveiro)

Presidente do Júri: Professor Miguel Fernando Tato Diogo. (FEUP) __________

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Avaliação da Sensibilidade dos Tempos de Evacuação

AGRADECIMENTOS

Começo por agradecer ao Prof. João Manuel Baptista e à Prof. Aura Maria Rua Albergaria pela partilha de ideias e grande apoio na elaboração deste trabalho.

Agradeço também a disponibilidade e todos os recursos que me foram facultados pelos administradores da empresa alvo de estudo, nomeadamente, Dr. Vasco SC e Dr.ª Joana SC.

Por último, mas não menos importantes, um enorme “Muito obrigada” aos meus pais por tomarem conta do neto e partilharem os seus minutos educando-o e acarinhando-o de forma que a ausência da mãe não fosse tão sentida.

Simplesmente “Obrigada Rodrigo!”, pelo carinho que deste à mãe nos seus momentos mais agitados.

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Avaliação da Sensibilidade dos Tempos de Evacuação

RESUMO

A crescente preocupação relativa às condições de higiene e segurança nos locais de trabalho tem influenciado positivamente a legislação que a regula e, em particular, em matéria de Segurança Contra Incêndios em Edifícios (SCIE).

No entanto, apesar do esforço normativo e das consequências humanas, ambientais e económicas que um incêndio pode representar, o cumprimento da legislação em Portugal apresenta lacunas de efetividade. Por outro lado, baseada em fundamentos prescritivos, os normativos não têm em conta informação prática ou mesmo informação suportada por modelos computacionais, já adotados em vários países no mundo, que facilitem uma maior adesão das organizações ao seu cumprimento.

O principal objetivo deste trabalho é o de avaliar a sensibilidade dos tempos de evacuação numa empresa serigráfica.

A abordagem metodológica baseou-se, numa primeira análise, num estudo mais aprofundado do tema através de literatura científica demonstrativa do avanço verificado em matéria de Segurança Contra Incêndios por todo o Mundo e respetivas medidas de melhoria que promovem o aumento da segurança de pessoas, ambiente e património. Em seguida avaliou-se um programa de simulação de incêndio de forma a permitir a comparação com os diferentes tempos obtidos através do cálculo e no próprio terreno. Dos resultados obtidos depreendeu-se que um intervalo de 0.5 s na saída de cada ocupante, em nada influencia o tempo de evacuação. No entanto, se esse intervalo aumentar para 1.0 s, a saída segura das pessoas pode ser comprometida se todos os ocupantes optarem por sair pelo mesmo local de evacuação.

A situação de congestionamento poderá tornar-se mais problemática devido ao congestionamento das portas de saída durante as campanhas de Stand-Ups/Antenas.

Os tempos de evacuação calculados através da equação da Corporação de Bombeiros de Coimbra apresentam lacunas, acabando por originar valores incomparavelmente superiores aos tempos de evacuação verificados no terreno.

Em suma, programas com a funcionalidade do FDS são fundamentais para apelar a construções seguras num futuro próximo.

Procurando garantir a segurança de pessoas, ambiente e património, as propostas de melhoria centraram-se na necessidade de dotar a legislação bastante prescritiva em algo mais prático e de melhor compreensão.

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Avaliação da Sensibilidade dos Tempos de Evacuação

ABSTRACT

The growing concern regarding safety at work has positively influenced the legislation that regulates Fire Safety in Buildings.

On the other hand despite the normative effort and the human consequences and economic effects that can pose a fire the enforcement in Portugal have effectiveness gaps. Furthermore, it is based on prescriptive foundations that do not take into account practical information or even information supported by computational models. These models were already adopted in several countries around the world to facilitate greater adherence to their compliance organizations.

This study evaluates the evacuation time sensitivity of a silkscreen company. On an initial analysis it was read some scientific articles that demonstrate the advance in this theme and the respective improvement measures that promote peoples safety. Then it was evaluated a fire simulation program that allowed a comparison between the different times obtained: manual calculating and field results.

From the results obtained it appears that a delay of 0.5s does not influence the output evacuation time. However if this delay is 1.0s people safe exit may be influenced if all occupants choose the same emergency exit. The most problematic situation may appear in the Stand-Ups campaigns due to congestion of the output ports. The evacuation times calculated with the Coimbra Fire Corporation equation have gaps and it may lead to incredibly higher values than the evacuation times studied in the field. In short programs with FDS functionality are essential to appeal to secure buildings in a near future.

Looking forward to ensure peoples safety the proposals for improvement are focused on the need to provide the very prescriptive legislation into something more practical and with better understanding.

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Avaliação da Sensibilidade dos Tempos de Evacuação

ÍNDICE

1 INTRODUÇÃO ... 1

2 ESTADO DA ARTE ... 7

2.1 Referenciais Técnicos ... 7

2.2 Enquadramento Legal e Normativo ... 7

2.2.1 Legislação ... 7 2.2.2 Normas Técnicas ... 12 2.3 Conhecimento Científico ... 13 2.3.1 FDS+Evac ... 14 2.3.2 EvacuatioNZ ... 14 2.3.3 Simulex ... 15

2.3.4 Tempos de evacuação e fatores influenciadores... 16

2.3.5 Modelo comportamental de resposta a um incêndio ... 17

2.3.6 Fatores que influenciam a perceção e interpretação de sinais de incêndio ... 19

2.3.7 Fatores que influenciam a interpretação da situação e do risco ... 20

2.3.8 Integração de aspetos comportamentais nos modelos de simulação ... 20

2.3.9 Contributo dos planos de contingência ... 22

2.3.10 Modelo representativo da auto-motivação ... 23

3 OBJETIVOS E METODOLOGIA ... 27

3.1 Objetivos da Tese ... 27

3.2 Metodologia Global de Abordagem ... 27

3.3 Materiais e Métodos ... 28

4 TRATAMENTO E ANÁLISE DE DADOS ... 29

4.1 Caracterização do edifício... 29

4.2 Modelo CSBC do cálculo do tempo de evacuação ... 31

4.2.1 Tempos de evacuação (Te) e tempos de deslocação (Te´) ... 32

4.3 Atrasos no escoamento à saída ... 35

4.4 Sensibilidade dos tempos de evacuação ... 38

4.5 Simulação de incêndio ... 39

5 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ... 41

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7 PERSPETIVAS FUTURAS ... 45 8 BIBLIOGRAFIA ... 47

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Avaliação da Sensibilidade dos Tempos de Evacuação

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 - N.º de incêndios industriais ... 1

Figura 2 – Valor despendido em segurança eletrónica no retalho ... 3

Figura 3 – Distribuição do volume de vendas por produto em 2007 (milhares de €) ... 4

Figura 4 – Distribuição do volume de vendas de SADI em 2007 (milhares de €) ... 4

Figura 5 – Processo comportamental dos ocupantes em resposta a um incêndio ... 18

Figura 6 – Processamento de dados segundo o método AFESM ... 25

Figura 7 – Representação da análise feita por Tang e Ren (2008) ... 25

Figura 8 – Área envolvente ao edifício ... 30

Figura 9 – Piso inferior do edifício ... 34

Figura 10 - Piso superior do edifício ... 35

Figura 11 – Tempos de evacuação no Cais durante a laboração normal ... 36

Figura 12 – Tempos de evacuação no Cais durante as campanhas de Stand-Ups/Antenas 36 Figura 13 – Tempos de evacuação no Cais durante uma campanha de Dicionários ... 37

Figura 14 - Tempos de evacuação no Cais durante uma campanha de Galhardetes ... 37

Figura 15 – Tempos de evacuação pela zona do Tapete Pannon numa campanha de Stand-Ups ... 38

Figura 16 – Sensibilidade dos tempos de evacuação no Tapete Pannon (campanha de Stand-Ups) ... 39

Figura 17 – Visualização do piso 0 da nave industrial no programa de simulação ... 40

Figura 18 – Taxa de queima durante o incêndio simulado ... 40

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Avaliação da Sensibilidade dos Tempos de Evacuação

ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1 – Exemplo de alguns incêndios ocorridos no setor industrial ... 2

Tabela 2 – Acidentes de Trabalho em 2008 ... 3

Tabela 3 – Diplomas relevantes no âmbito da emergência ... 8

Tabela 4 – Medidas de autoproteção exigíveis ... 11

Tabela 5 – Normativos de emergência ... 12

Tabela 6 – Resumo de alguns modelos de evacuação ... 16

Tabela 7 - Fatores que influenciam a fase 1 e 2 do processo comportamental ... 19

Tabela 8 – Caracterização das condições laborais... 29

Tabela 9 - Definição das variáveis da fórmula de cálculo do tempo de evacuação ... 32

Tabela 10 - Ajuste da definição das variáveis do cálculo de tempo de evacuação ... 32

Tabela 11 - Resultado dos cálculos do Tempo de Evacuação (Te) ... 33

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Avaliação da Sensibilidade dos Tempos de Evacuação

GLOSSÁRIO

 Categoria de risco «a classificação em quatro níveis de risco de incêndio de qualquer utilização-piso de um edifício e recinto, atendendo a diversos fatores de

risco, a carga de incêndio e a existência de pisos abaixo do plano de referência»

(alínea e) do art.º 2 do Decreto-Lei n.º 220/2008 de 12 de novembro).

 Local de risco C qualquer área de um edifício ou recinto, em função da natureza do risco de incêndio, com exceção dos espaços interiores de cada fogo, e das vias horizontais e verticais de evacuação, que apresenta riscos agravados de eclosão e desenvolvimento de incêndio (art.º 10 do Decreto-Lei n.º 220/2008 de 29 de dezembro).

 Utilização-tipo XII «edifícios, partes de edifícios ou recintos ao ar livre, não recebendo habitualmente público, destinados ao exercício de atividades industriais ou ao armazenamento de materiais, substâncias, produtos ou equipamentos, oficinas de reparação e todos os serviços auxiliares ou complementares destas atividades» (alínea m) do n.º 1 do art.º 8 do Decreto-Lei n.º 220/2008 de 12 de novembro)

SIGLAS

ANPC – Autoridade Nacional da Proteção Civil

DL – Decreto-Lei

DR – Diário da República

P - Portaria

PR – Plano de Referência

RJ-SCIE – Regime Jurídico de Segurança Contra Incêndios RJUE – Regime Jurídico da Urbanização e Edificação

RT-SCIE – Regulamento Técnico de Segurança Contra Incêndios SCIE – Segurança Contra Incêndio em Edifícios

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Análise das Condições de Segurança Contra Incêndios num Edifício Industrial

1 INTRODUÇÃO

Com o presente trabalho pretende-se apresentar propostas de operacionalização da legislação no âmbito da emergência com vista a facilitar a elaboração de medidas a nível industrial no sentido de asseverar e aumentar a segurança das instalações e a salvaguarda de pessoas e bens.

A evacuação segura das pessoas e a garantia que o ambiente e o património não sejam minimamente afetados são de extrema importância, razão porque é notória a obrigação do empregador perante situações que possam vir a transformar-se em situações de emergência (Lei 102/2009, de 10 de setembro).

As estatísticas referentes a situações de emergência em Portugal são muito reduzidas, embora através dos meios de comunicação seja transmitida, de vez em quando, uma ou outra situação de incêndio industrial. A difusão das notícias, não dá porém origem a registo oficial relativo ao facto de ter sido, ou não, despoletado o Plano de Segurança da organização, o que poderá levar a crer que muito se necessita ainda de caminhar no sentido de tais medidas de autoproteção serem implementadas.

Na indústria gráfica, por exemplo, não há conhecimento de qualquer registo de simulacro. Os dados disponibilizados no sítio de Segurança Online, que tiveram como fonte o Relatório Anual de Segurança Interna de 2010, constantes da figura 1, permitem conhecer a evolução registada no período de 2008 a 20101.

Figura 1 - N.º de incêndios industriais

Segundo Vítor Primo (2010) não houve registos de mortos em incêndios industriais de 1996 a 2006, sendo a percentagem média de feridos de 3%2,3. No entanto, em 2012 existe já o registo de um morto resultante do incêndio na fábrica de tintas TSL em Fiães, Santa Maria da Feira4. Devido à intensidade do fogo e das explosões, os bombeiros foram obrigados a proceder à evacuação das habitações da zona envolvente. Este incêndio destruiu por completo as instalações 1 http://www.segurancaonline.com/gca/?id=880 (consultado em 03/05/2012) 2 http://www.portoxxi.com/jornal/ver_artigo.php?id=2412 (consultado em 24/10/2011) 3 http://pt.scribd.com/doc/39265320/A-Seguranca-Contra-Incendios-em-Estabelecimentos-Industriais-Eng-%C2%BA-Vitor-Primo-ANPC (consultado em 24/10/2011) 4http://www.jn.pt/paginainicial/pais/concelho.aspx?Distrito=Aveiro&Concelho=Santa%20Maria%20da%20Feira& Option=Interior&content_id=2390468 (consultado em 28/03/2012)

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Mestrado em Engenharia de Segurança e Higiene Ocupacionais

2 Introdução

da empresa e segundo declarações do proprietário, julga-se que a origem do fogo tenha sido a transfega de uma substância.

Para além deste grande incêndio, foram também reportados dois outros de grandes dimensões que abalaram as empresas Zêzerovo e Nutriaves, de Ferreira do Zêzere e Óbidos, respetivamente. Na origem destes pensa-se ter havido um curto-circuito tendo-se verificado, em ambos, a destruição total de um dos armazéns56.

No setor gráfico há a registar um incêndio, no ano de 2003, que destruiu na totalidade a instalação fabril da gráfica Adi em Gulpilhares, Vila Nova de Gaia7.

Através da comunicação social podem ser recordados outros registos por consulta à tabela 1.

Tabela 1 – Exemplo de alguns incêndios ocorridos no setor industrial

Ano Empresa Local Informação complementar

2012 TSL Tintas Santa Maria da Feira Origem na transfega de substância química; Destruição total das instalações.

2012 Zêzerovo Ferreira do Zêzere Origem num curto-circuito;

Incêndio matou 150000 galinhas e destruiu cerca de 300000 ovos. 2012 Nutriaves Óbidos Origem num curto-circuito;

Destruição total do principal pavilhão de laboração do matadouro. 2011 Sicasal89 Vila Franca do Rosário Origem num curto-circuito numa sala de embalamento;

Fogo danificou zona de produção. 2011 Discoteca

Vogue10 Zona Industrial do Porto

Perda total do espaço declarada por fonte da PSP; Afetação de edifícios contíguos pelo fumo intenso. 2007 Stone11 Zona Industrial da Maia Afetação do setor automóvel europeu;

120 Trabalhadores com futuro incerto.

Nunca será demais referir o violento incêndio deflagrado em Lisboa a 25 de Agosto de 1988. Embora a origem tenha sido na Rua do Carmo, as chamas propagaram-se até à Rua Garrett. Os armazéns do Chiado, a Jerónimo Martins entre outras lojas e escritórios, alguns destes centenários, desapareceram com as chamas. Dezoito edifícios do século XVIII ficaram completamente destruídos e cerca de 2000 pessoas perderam os seus postos de trabalho. O combate ao incêndio envolveu entre 1150 a 1700 bombeiros e 275 viaturas. As temperaturas chegaram a atingir os 1500 a 1700ºC e os bombeiros demoraram 12:30 horas a circunscrever o incêndio, tendo a fase de rescaldo durado 11 dias. Infelizmente registou-se a perda de duas vidas humanas, um bombeiro e um civil, além de 73 feridos, a maioria bombeiros. As causas para tamanho incêndio continuam por apurar12,13.

5http://www.jn.pt/paginainicial/pais/concelho.aspx?Distrito=Leiria&Concelho=%D3bidos&Option=Interior&conten t_id=2344143 (consultado em 05/03/2012) 6 http://www.radiocondestavel.pt/site/index.php?option=com_content&task=view&id=5818&Itemid=31 (consultado em 02/04/2012) 7 http://fotos.sapo.pt/lusa/ZSDyB4z83BfKpuJz2bRS?a=44 (consultado em 24/10/2011) 8 http://www.jn.pt/paginainicial/interior.aspx?content_id=2123549 (consultado em 15/11/2011) 9http://www.jn.pt/paginainicial/pais/concelho.aspx?Distrito=Lisboa&Concelho=Mafra&Option=Interior&content_id =2126422 (consultado em 16/11/2011) 10http://www.tvi24.iol.pt/sociedade/incendio-discoteca-porto-tvi24pt-ultimas-noticias-vogue/1292145-4071.html (consultado em 24/10/2011) 11 http://www.jn.pt/paginainicial/interior.aspx?content_id=672531 (consultado em 24/10/2011) 12 http://casadotinoni.blogspot.com/2007/08/o-incndio-do-chiado.html (consultado em 24/10/2011)

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Avaliação da Sensibilidade dos Tempos de Evacuação

Dos acidentes de trabalho ocorridos em 2008 e constantes no sítio da Segurança Online14 que tiveram como fonte o Ministério do Trabalho e da Segurança Social (MTSS), será de destacar os que tiverem origem em problemas elétricos, explosão e incêndio representando cerca de 0.4% do total e mais de 4% dos acidentes mortais conforme pode ser verificado na tabela 2.

Tabela 2 – Acidentes de Trabalho em 2008

Acidentes de Trabalho segundo o desvio de 2008

Desvio Total Não mortais Mortais v.a. % v.a. % Perda total/parcial controlo de máquina, meio de

transporte/equipamento manuseado, ferramenta manual, objeto, animal 69102 68992 29.5 110 49.1 Movimentação do corpo sujeito a constrangimento físico (conduzindo

geralmente a lesão interna) 63430 63429 27.2 1 0.4 Escorregamento ou hesitação com queda, queda de pessoa 40653 40607 17.4 46 20.5 Transbordo, derrubamento, fuga, escoamento, vaporização, emissão 23620 23618 10.1 2 0.9 Movimentação do corpo não sujeita a constrangimento físico

(conduzindo geralmente a lesão externa) 23040 23030 9.9 10 4.5 Rutura, arrombamento, queda, rebentamento, resvalamento,

desmoronamento de agente material 10602 10567 4.5 35 15.6

Nenhuma informação 6213 6206 - 7 -

Surpresa, susto, violência, agressão, ameaça, presença 1690 1680 0.7 10 4.5 Problema elétrico, explosão, incêndio 893 883 0.4 10 4.5 Outro desvio não referido nesta classificação 775 775 0.3 0 0

TOTAL 240018 239787 - 231 -

Recordar estes acontecimentos permite compreender a importância da prevenção e da vigilância sendo de registar a crescente consciencialização em Portugal, das entidades públicas e privadas, em matéria de proteção das instalações contra as mais variadas exposições como indicia o estudo desenvolvido pela APSEI, Associação Portuguesa de Segurança (Eletrónica e de Proteção Contra Incêndio). Comprovativo do investimento efetuado encontra-se o setor do retalho assinalado na figura 215. Acresce que os equipamentos elétricos e eletrónicos representam uma fatia considerável do volume de vendas já em 2007, sendo de realçar a particular preocupação das organizações no sentido da aquisição dos sistemas automáticos de deteção de incêndio e sistemas de evacuação por voz, figura 3.

Figura 2 – Valor despendido em segurança eletrónica no retalho

13 http://ww1.rtp.pt/noticias/index.php?headline=98&visual=25&article=360365&tema=27 (consultado em 24/10/2011) 14 http://www.segurancaonline.com/gca/?id=903 (consultado em 03/04/2012) 15 http://www.segurancaonline.com/gca/?id=885 (consultado em 03/04/2012)

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Mestrado em Engenharia de Segurança e Higiene Ocupacionais

4 Introdução

Em termos de equipamentos, os que têm maior comercialização são os detetores de aspiração, os detetores de fumo e os detetores de chama. Mais tímidas têm sido as vendas das centrais analógicas e dos detetores de incêndio autónomos conforme se encontra evidenciado na figura 4.

Figura 3 – Distribuição do volume de vendas por produto em 2007 (milhares de €)

Uma análise pormenorizada ao volume de vendas dos acessórios que compõem o Sistema de Alarme e Deteção de Incêndios é demonstrada na figura 4. Atualmente, o valor de mercado das centrais de deteção de incêndio ronda os 160€; os detetores óticos de fumo ou os termovelocimétricos, 14 €, e os botões de alarme, 13€, entre outros equipamentos. Por outro lado, a opção entre um sistema endereçável poderá ser cerca de 3000€ mais dispendiosa que a do sistema convencional apesar das suas claras diferenças e vantagens principalmente se se tratar de um edifício com várias assoalhadas ou setores.

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Avaliação da Sensibilidade dos Tempos de Evacuação

Mediante tal informação, é fundamental garantir a reunião de condições de segurança e saúde no trabalho em todos os estabelecimentos, industriais ou outros, bem como a sua aplicação por parte de todos. Nesse sentido, os artigos 15º e 17º da Lei n.º 102/2009, de 10 de setembro, refletem as obrigações tanto do empregador como do trabalhador em situação de perigo grave e iminente, respetivamente. No quadro da Segurança Contra Incêndios, o cumprimento destes requisitos só será porém possível com a adoção de ações de informação e formação e de treino, ou seja, da necessária participação, previstas quer naquela Lei (art.º 19 e 20) quer no Decreto-Lei n.º 220/2008, de 12 de novembro (medidas de autoproteção definidas no art.º 21).

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Análise das Condições de Segurança Contra Incêndios num Edifício Industrial

2 ESTADO DA ARTE

2.1 Referenciais Técnicos

A indústria gráfica utiliza as mais distintas matérias-primas. Desde o papel ao autocolante, do plástico até ao tecido passando pelos mais diversos agentes químicos usados no processo de impressão tais como tintas, colas e diluentes, entre muitos outros. A natureza do processo produtivo e a utilização de algumas substâncias químicas inflamáveis torna esta indústria suscetível ao incêndio.

No sentido de ultrapassar este problema, o Plano de Segurança revela as medidas de autoproteção exigidas para a utilização-tipo e categoria de risco do estabelecimento que automaticamente traduzem um aumento de segurança quanto à vida dos trabalhadores e danos na sua saúde, no meio ambiente, bem como a eventuais prejuízos à própria empresa. As medidas de autoproteção que visam a organização e gestão da segurança contra incêndios passam pela implementação de um conjunto de documentos, procedimentos e formação: registos de segurança, procedimentos de prevenção ou plano de prevenção, plano de emergência interno ou procedimentos de emergência, ações de sensibilização e formação e realização de simulacros.

Aquelas medidas constituem assim um forte pilar em caso de necessidade de resposta a uma emergência, devendo ser criadas com o intuito, de responder a uma multiplicidade de riscos (tecnológicos, naturais e sociais) e, fundamentalmente para proteger a vida de pessoas e bens.

2.2 Enquadramento Legal e Normativo

Neste ponto irão ser abordados os diplomas legais e as normas técnicas aplicáveis ao planeamento da emergência na indústria, em particular, numa empresa gráfica.

2.2.1 Legislação

São vários os diplomas que abordam o tema da Segurança Contra Incêndios em Edifícios, conforme pode ser verificado na tabela 3.

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Mestrado em Engenharia de Segurança e Higiene Ocupacionais

8 Estado da arte

Tabela 3 – Diplomas relevantes no âmbito da emergência

Designação Legislação Artigo/

Anexo Conteudo Regime Jurídico da Promoção da Segurança e Saúde no Trabalho Lei n.º 102/2009

Art.º 15 Obrigações gerais do empregador Art.º 17 Obrigações do trabalhador Art.º 19 Informação dos trabalhadores Art.º 20 Formação dos trabalhadores

Art.º 75 Primeiros socorros, combate a incêndios e evacuação de trabalhadores Regime de Exercício da Atividade Industrial DL 209/2008 Art.º 1 Objeto

Art.º 6º Segurança, prevenção e controlo de riscos Art.º 18º Articulação com o RJUE

Anexo IV

Requisitos formais e elementos instrutórios do pedido de autorização, da declaração prévia e do registo de pedido de regularização

Regulamento Geral de Segurança e Higiene do Trabalho nos Estabelecimentos Industriais P 53/71,alterada pela P 702/80

Art.º 30 Meios de combate a incêndio

Art.º 31 Sistemas de alarme e de extinção automática Art.º 32 Arrecadação de substâncias explosivas Art.º 33 Armazenagem de líquidos inflamáveis com

ponto de inflamação inferior a 21ºC Art.º 34 Armazenagem de gases comprimidos Art.º 35 Armazenagem de sólidos inflamáveis Art.º 37 Proibição de fumar e foguear Art.º 38 Remoção de residues Art.º 39 Proteção contra o raio

Regime Jurídico de Segurança Contra

Incêndios em Edifícios

DL 220/2008

Art.º 4 Princípios gerais Art.º 6º Responsabilidades

Art.º 7º Responsabilidades pelas condições exteriores Art.º 8 Utilizações-tipo de edifícios e recintos Art.º 10 Local de risco

Art.º 12 Categorias e fatores de risco Art.º 13 Classificação do risco Art.º 14º Perigosidade atípica Art.º 17º Operações urbanísticas Art.º 19º Inspeções

Art.º 21 Medidas de autoproteção

Art.º 22º Implementação de medidas de proteção Regulamento

Técnico de SCIE P 1532/2008

Art.º 193

a 207 Condições gerais de autoproteção

Estabelece a Lei n.º 102/2009, de 10 de setembro, Regime Jurídico da Promoção da Segurança e Saúde no Trabalho, de entre as obrigações do empregador (n.º 9 do art.º 15) que este deve adotar medidas e dar instruções adequadas ao trabalhador, em caso de perigo grave e iminente. Para o efeito estipula a obrigatoriedade de instituição de serviços mínimos de segurança, independentemente da modalidade de serviços de segurança e saúde escolhida, que assegure as atividades de primeiros socorros, de combate a incêndios e de evacuação das instalações (n.º 1 do art.º 75) e de nomeação dos trabalhadores responsáveis pela sua aplicação (n.º 9 do art.º 15).

Neste campo cruzam-se os deveres e direitos de empregador e trabalhador na salvaguarda da vida humana.

Como obrigações (n.º 6 e 9 do art.º 15 da Lei n.º 102/2009, de 10 de setembro), o empregador terá de:

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Avaliação da Sensibilidade dos Tempos de Evacuação

 Adotar medidas e comunicar instruções que permitam ao trabalhador, em caso de perigo grave e iminente, cessar a sua atividade ou afastar-se, de imediato, do local em perigo;

 Avaliar os meios de prevenção disponíveis;

 Nomear uma equipa de segurança e atribuição de responsabilidades;

 Garantir o contacto com equipas externas de socorro.

Por outro lado, como obrigações do trabalhador (art.º 17 da Lei n.º 102/2009, de 10 de Setembro) destacam-se:

 Cumprir as prescrições de segurança e de saúde;

 Comunicar de imediato ao seu superior hierárquico ou, na ausência deste, a um trabalhador designado para o desempenho de funções específicas nos domínios de segurança e saúde no trabalho, as avarias e deficiências detetadas que possam vir a traduzir-se numa situação perigosa. Para além das avarias, qualquer defeito detetado nos sistemas de proteção tem também de ser relatado;

 Adotar as medidas e instruções que lhe foram previamente estabelecidas e contactar, logo que possível, o seu superior hierárquico ou um dos elementos designado para cumprir com as obrigações no domínio de segurança e saúde no local de trabalho (obrigatoriedade na nomeação de elementos para constituição de uma equipa de segurança estabelecida pelo art.º 75 da Lei n.º 102/2009, de 10 de setembro.

Dada a natureza industrial da empresa em causa, complementarmente, o Regulamento Geral de Segurança e Higiene no Trabalho nos Estabelecimentos Industriais (Portaria n.º 53/71, de 3 de fevereiro, Regulamento Geral de Segurança e Higiene no Trabalho nos Estabelecimentos Industriais largamente alterada pela Portaria n.º 702/80, de 22 de setembro) dedica a secção VI do Capítulo II, à «Prevenção dos incêndios e proteção

contra o fogo». Em particular o art.º 30 «Meios de combate a incêndios» foca a

necessidade de os estabelecimentos industriais estarem providos de equipamento adequado para a extinção de incêndios em perfeito estado de funcionamento, localizado em áreas acessíveis e devidamente assinalados dispondo ainda, durante o normal horário de funcionamento, de pessoal em número suficiente e corretamente instruído no uso desse equipamento. O estabelecimento deve ainda optar por agente(s) extintor(es) de acordo, em termos de utilização, com a classe de fogo, determinada pela natureza do material combustível.

O exercício da atividade deverá pois respeitar as disposições legais e regulamentares aplicáveis e adotar medidas de prevenção e controlo com vista a eliminar ou reduzir os riscos suscetíveis de afetar as pessoas e bens, garantindo as condições de segurança e saúde no trabalho, e minimizando as consequências de eventuais acidentes (n.º 1 do art.º 6 do Decreto-Lei n.º 209/2008, de 29 de outubro). É neste sentido que o licenciamento industrial constitui o momento privilegiado de salvaguarda da segurança também em

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10 Estado da arte

matéria de incêndios e das condições de evacuação, atentos os seus objetivos (defender nomeadamente a saúde pública e dos trabalhadores, a segurança de pessoas e bens, a higiene e segurança dos locais de trabalho, a qualidade do ambiente como o refere o seu n.º 1). Disso dão nota os requisitos formais e elementos instrutórios do pedido de autorização, da declaração prévia e do registo do pedido de regularização, no caso em apreço para estabelecimentos do tipo I (Anexo IV daquele diploma).

A Segurança Contra Incêndios em Edifícios encontra-se hoje regulada no Decreto-Lei n.º 220/2008, de 12 de novembro (Regime Jurídico de Segurança Contra Incêndios, RJ-SCIE) e na Portaria n.º 1532/2008, de 29 de dezembro, as disposições técnicas gerais e específicas de SCIE (Regulamento Técnico de SCIE).

É patente a preocupação de salvaguarda dos princípios gerais (preservação da vida humana, ambiente e património cultural) ao longo das várias fases de vida de um edifício na perspetiva da conceção (n.º 3 do art.º 22 do DL 220/2008), do projeto (art.º 16 do DL 220/2008) e da exploração (art.º 20 e 21 do DL 220/2008).

No cumprimento daqueles princípios o RJ-SCIE aponta como objetivos (n.º 1 e 2 do art.º 4):

• Reduzir a probabilidade da ocorrência de incêndios;

• Limitar o desenvolvimento e eventual propagação do incêndio, tentando-o circunscrever e limitar as suas consequências;

• Em situação de risco, facilitar a evacuação dos ocupantes da área em perigo para um local seguro;

• Permitir a intervenção das equipas de socorro externas de forma segura e eficaz, cedendo-lhes qualquer informação relevante e disponibilizando o esclarecimento de dúvidas em tempo útil.

A sua efetivação supõe o prévio estudo e caracterização do edifício e da sua envolvente. A responsabilidade da sua aplicação varia segundo a fase de vida do edifício e a natureza de classificação de uso dominante (utilização-tipo) (art.º 6 e 7).

No caso em estudo, indústria tipo I, caberá ao empregador designar um delegado de segurança para execução das medidas de autoproteção constituídas pelo plano de segurança interno, pela formação e pelos simulacros (art.º 20 e 21), o qual chefiará uma equipa, igualmente nomeada pelo empregador cujo número dependerá da dimensão da utilização-tipo e categoria de risco (art.º 200).

As questões organizativas e a gestão de segurança contra incêndios, ou seja, as medidas de autoproteção, são objeto de regulação em ambos os diplomas e consubstanciam uma perspetiva organizacional paralelamente ao extenso quadro técnico que ambos os diplomas, mas mais particularmente a portaria, disponibilizam nesta matéria.

O lema “Prevenir, Atuar e Repor a Normalidade” encontra-se expresso naquelas medidas - registos de segurança, plano de prevenção, plano de emergência interno, formação e

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Avaliação da Sensibilidade dos Tempos de Evacuação

simulacros - cujo conteúdo tem pleno desenvolvimento nos preceitos do regulamento técnico (art.º 193 a 207). O quadro XXXIX da Portaria n.º 1532/2008 traduz o manual de gestão em SCIE como expresso na tabela 4.

Tabela 4 – Medidas de autoproteção exigíveis

Utilização-Tipo Categoria de risco

Medidas de autoproteção [Referência ao artigo aplicável]

Re g isto s d e se g u ra n ça (a rt. º 2 0 1 ) P ro ce d ime n to s d e p re v en çã o (a rt. º 2 0 2 ) P lan o d e p re v en çã o (a rt. º 2 0 3 ) P ro ce d ime n to s em c aso d e em erg ên cia (art. º 2 0 4 ) P lan o d e em erg ên cia in tern o (a rt. º 2 0 5 ) Aç õ es d e se n sib il iza çã o e fo rm aç ão e m S CIE (a rt. º 2 0 6 ) S imu lac ro s (a rt. º 2 0 7 )

I 3ª «apenas para os espaços comuns» 4ª «apenas para os espaços comuns»

• • • • • • • • • II 1ª 2ª 3ª e 4ª • • • • • • • • • • • III, VI, VIII,

IX, X, XI e XII 1ª 2ª 3ª e 4ª • • • • • • • • • • • • IV, V e VII

1ª «sem locais de risco D ou E»

1ª «com locais de risco D ou E» e 2ª «sem locais de risco D ou E»

2ª «com locais de risco D ou E», 3ª e 4ª

• • • • • • • • • • •

Em particular a formação, com origem no art.º 20 da Lei n.º 102/2009, de 10 de setembro, encontra o seu pleno desenvolvimento no art.º 206 da Portaria n.º 1532/2008, de 29 de dezembro.

O edifício normativo nuclear do SCIE é porem mais vasto, de que se aponta como exemplo o Despacho n.º 2074/2009, de 15 de janeiro, relativo aos critérios técnicos para determinação da densidade da carga de incêndio modificada, publicado no DR, 2ª série, nº 10, de 15 de janeiro de 2009, a Portaria nº 1054/2009, de 16 de setembro, respeitante às taxas por serviços de segurança contra incêndios em edifícios prestados pela ANPC e o Despacho nº 10737/2011, que atualiza os valores das taxas a cobrar pelos serviços de segurança contra incêndios em edifícios prestados pela ANPC.

Completam o quadro normativo a Portaria n.º 64/2009 (Estabelece o regime de credenciação de entidades pela ANPC para a emissão de pareceres, realização de vistorias e de inspeções das condições de segurança contra incêndios em edifícios (SCIE)), a Portaria n.º 610/2009 (Regulamenta o funcionamento do sistema informático previsto no n.º 2 do artigo 32.º do Decreto -Lei n.º 220/2008, de 12 de Novembro), a Portaria n.º 773/2009 (Define o procedimento de registo, na Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC), das entidades que exerçam a atividade de comercialização, instalação e ou manutenção de produtos e equipamentos de segurança contra incêndio em edifícios (SCIE)) e Despacho n.º 10738/2011 (Regulamento para acreditação dos técnicos

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Mestrado em Engenharia de Segurança e Higiene Ocupacionais

12 Estado da arte

responsáveis pela comercialização, instalação e manutenção de produtos e equipamentos de Segurança Contra Incêndio em Edifícios).

Por outro lado, o regime em análise articula-se com vários outros e, muito em particular, com o regime jurídico de urbanização e edificação, inserto no Decreto-Lei n.º 555/99, de 16 de dezembro, (RJUE) cuja última versão (12ª) consta da Lei n.º 28/2010, de 2 de setembro.

Relevante se entende a referência ao Decreto-Lei n.º 254/2007, de 12 de julho, regime de prevenção de acidentes graves envolvendo substâncias perigosas, que impõe deveres gerais ao empregador (art.º 4) nomeadamente o de tomar as medidas necessárias para evitar acidentes graves e para limitar as suas consequências e inscreve a obrigação do empregador em adotar as medidas de autoproteção: realização do relatório de segurança (art.º 10) e planos de emergência internos (art.º 18).

Não despiciendos, como legislação complementar, os diplomas referentes a sinalização: • Decreto-Lei n.º 141/95, de 14 de junho, prescrições mínimas para a sinalização de segurança e de saúde no trabalho e Portaria n.º 1456-A/95, de 11 de dezembro, prescrições mínimas de colocação e utilização da sinalização de segurança e de saúde do trabalho.

2.2.2 Normas Técnicas

Na tabela 5 assinalam-se as Normas relativas à segurança contra incêndios e símbolos gráficos disponíveis no sítio do Instituto Português da Qualidade.

Tabela 5 – Normativos de emergência

Normas Designação

NP EN 14339:2008 (Ed. 1) Hidratantes de incêndio enterrados.

NP EN 14384:2007 (Ed. 1) Marcos de incêndio (Hidratantes de incêndio de coluna).

NP 1800:1981 (Ed. 1) Segurança contra incêndio. Agentes extintores. Seleção segundo as classes de fogos.

NP EN 1869:1998 (Ed. 1) Mantas de incêndio.

NP 1936:1983 (Ed. 1) Segurança contra incêndio. Classificação de líquidos quanto ao ponto de inflamação.

NP EN 2:1993 (Ed. 1) Classes de fogos.

NP EN 2:1993/A 1:2005 (Ed.

1) Classes de fogos. NP EN 2:1993/Errata

Jan:1994 Classes de fogos.

NP EN 25923:1996 (Ed. 1) Segurança contra incêndio. Agentes extintores. Dióxido de carbono (ISO

5923:1989).

NP EN 27201-1:1995 (Ed. 1) Segurança contra incêndio. Agentes extintores. Hidrocarbonetos halogenados. Parte

1: Especificações para halons 1211 e 1301 (ISO 7201-1:1989). NP EN 27201-2:1995 (Ed. 1)

Segurança contra incêndio. Agentes extintores. Hidrocarbonetos halogenados. Parte 2: Especificações para a manipulação de segurança e métodos de trasfega (ISO 7201-2:1991).

NP 3064:1988 (Ed. 1) Segurança contra incêndio. Utilização dos extintores de incêndio portáteis.

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Avaliação da Sensibilidade dos Tempos de Evacuação

Normas Designação

fogo.

NP 3874-2:1993 (Ed. 1) Segurança contra incêndio. Terminologia. Parte 2: Proteção estrutural contra

incêndio.

NP 3874-3:1997 (Ed. 2) Segurança contra incêndio. Terminologia. Parte 3: Deteção e alarme de incêndio.

NP 3874-4:1994 (Ed. 1) Segurança contra incêndios. Terminologia. Parte 4: Equipamentos e meios de

extinção de incêndios.

NP 3874-5:1994 (Ed. 1) Segurança contra incêndio. Terminologia. Parte 5: Desenfumagem (controlo de

fumo).

NP 3874-6:1994 (Ed. 1) Segurança contra incêndio. Terminologia. Parte 6: Meios de evacuação e

salvamento.

NP 3874-7:1994 (Ed. 1) Segurança contra incêndio. Terminologia. Parte 7: Meios de deteção e supressão de

explosões. NP 3992:1994/Errata

Jul:1994 Segurança contra incêndio. Sinais de segurança.

NP 3992:1994 (Ed. 1) Segurança contra incêndio. Sinais de segurança.

NP 4303:1994 (Ed. 1) Equipamento de segurança e de combate a incêndio. Símbolos gráficos para as

plantas de projeto de segurança contra incêndio. Especificação.

NP 4386:2001 (Ed. 1) Equipamento de segurança e de combate a incêndio. Símbolos gráficos para as

plantas de emergência de segurança contra incêndio. Especificação.

NP 4413:2006 (Ed. 2) Segurança contra incêndios. Manutenção de extintores.

NP EN 54-4:1999 (Ed. 1) Sistemas de deteção e alarme de incêndio. Parte 4: Equipamento de alimentação de

energia.

NP EN 671-1:2003 (Ed. 2) Instalações fixas de combate a incêndio. Sistemas armados com mangueiras. Parte 1:

Bocas-de-incêndio armadas com mangueiras semirrígidas.

NP EN 671-2:2003 (Ed. 2) Instalações fixas de combate a incêndio. Sistemas armados com mangueiras. Parte 2:

Bocas-de-incêndio armadas com mangueiras flexíveis. NP EN 671-2:2003/A 1:2004

(Ed. 2)

Instalações fixas de combate a incêndio. Sistemas armados com mangueiras. Parte 2: Bocas-de-incêndio armadas com mangueiras flexíveis.

2.3 Conhecimento Científico

Atualmente já existem alguns modelos de apoio à simulação da evacuação de edifícios, de entre os quais se referem os modelos de cálculo propostos por várias instituições, alguns dos quais se encontram informatizados como o FDS+Evac, o EvacuatioNZ e o Simulex. Estes modelos têm sido alvo de vários estudos e aplicações com o intuito de descobrir se os seus resultados são adequados à realidade e podem sem receio ser aplicados.

Tan (2011) estudou os resultados obtidos com base na aplicação de alguns daqueles modelos, concluindo que os resultados da evacuação podem ser determinados através de cálculos manuais, bastando para isso uma cuidadosa análise do edifício. Estes cálculos podem ser concisos para uma geometria simples mas extensos se a geometria for complexa. Portanto, o utilizador do método do cálculo manual terá de perceber os caminhos de evacuação do edifício cuidadosamente e documentar com detalhe as razões por detrás das restrições de evacuação escolhidas em tal cálculo. Para além disso, partiu da suposição de que o tempo de evacuação é a soma do tempo de pré-movimento e o tempo de movimento em que o tempo de espera é mais longo que o tempo de deslocação. Esta suposição apesar de atraente pode não ser, porém, a adequada nas situações em que os ocupantes necessitem de percorrer uma longa distância até à saída. Adicionalmente, este

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14 Estado da arte

modelo não contempla o tempo que uma saída pode demorar até atingir a sua vazão máxima específica (Balci, 1997).

2.3.1 FDS+Evac

Também segundo Tan (2011), em regra, o FDS+Evac gera tempos de evacuação semelhantes aos do cálculo manual, contudo a construção do modelo é morosa e requer que o utilizador tenha um certo nível de competência para completar a tarefa. Complementarmente, o utilizador necessita de converter os edifícios em coordenadas cartesianas para este modelo. Tal poderá restringir a modelagem se o edifício for complexo e não puder ser transposto para malhas retangulares. Embora a versão atual do FDS+Evac tenha uma limitação de 10000 evacuados por malha de evacuação, isto será suficiente para aplicações gerais mas insuficiente para uma aplicação de grandes multidões como por exemplo, um estádio de futebol. Uma vez que o FDS+Evac tem uma boa interface o utilizador pode facilmente detetar deficiências usando a interface gráfica disponibilizada. A desvantagem deste software é que o tempo de computação para uma simulação pode ser relativamente longo quando comparado com outras aplicações e, para grandes edifícios, pode requerer “grande capacidade computacional” para completar o término da evacuação. No entanto, é considerado uma boa ferramenta para implantar em cenários complexos onde a interação entre grandes multidões são expectáveis, seja por fusão ou por contracorrente. Atualmente, o software não contempla as interações sociais, tais como o vínculo social na parentalidade e na amizade, entre outros, a incorporar no algoritmo de evacuação. Segundo Korhonen & Heliovaara (2011), estes comportamentos são atualmente objeto de desenvolvimento e a sua inclusão pode permitir perspetivas interessantes sobre os cenários de evacuação.

2.3.2 EvacuatioNZ

O EvacuatioNZ, modelo em fase de desenvolvimento, foi fácil de construir com o recém-desenvolvido interface de pré-processamento (yworks 2010). O tempo computacional para gerar “corridas” é geralmente curto e permite interpretar os resultados de várias análises de evacuação num reduzido período de tempo. Contudo, há uma lacuna na interface de pós-processamento, o que pode traduzir-se num retrocesso para potenciais utilizadores. Uma vez que este modelo implementa equações similares às usadas pelos modelos hidráulicos (cálculo manual), não é de surpreender que os resultados obtidos se assemelhem a esse modelo. Contudo, algum trabalho adicional carece de ser realizado antes de esta ferramenta ser usada como tal. Primeiro, existem algumas diferenças com os cálculos manuais que nos casos de uma situação altamente complexa podem conduzir a discrepâncias deveras significativas. Atualmente, não tem havido literatura ou validação sobre a situação de contracorrente mesmo em configurações mais simples deste software. Como consequência, a confiabilidade dos resultados não pode ser determinada em situações de evacuação

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Avaliação da Sensibilidade dos Tempos de Evacuação

complexa, embora os valores gerados sejam prudentes (tempos de evacuação mais extensos que os dos cálculos manuais), o algoritmo não contempla a definição da largura das escadas.

Todavia, para um cenário normal que envolva escadas, o fluxo máximo pode ser antecipado na porta de entrada de acesso às escadas. Todavia, em algumas situações pode não ser corretamente calculado, como é o caso nomeadamente do hall de entrada para as escadas (Ko, 2003; Tan, 2011; Tsai, 2007).

2.3.3 Simulex

O Simulex pode ser facilmente construído se as plantas do edifício estiverem disponíveis em formato CAD. O tempo de simulação da evacuação pode ser obtido em poucos minutos e o utilizador pode observar o processo durante e após a simulação (Santos e Aguirre, 2004). Contudo, a documentação prevista no Simulex (versão 13.0) não está atualizada e correta em alguns aspetos. Por exemplo, a documentação refere que a redução de velocidade é de 0.5 nas escadas mas no software o valor de redução é diferente. A falta de documentação adequada pode dissuadir potenciais utilizadores e também promover o uso não autorizado do software; no entanto, na versão mais recente do Simulex (Ambiente Virtual 6.0) a documentação foi melhorada. Finalmente, será difícil para os revisores verificarem o modelo de evacuação no papel sem terem acesso a todo o modelo ou

software.

O algoritmo de contracorrente (ou a sua ausência) impõe aos utilizadores a definição de uma estratégia para evitar que os ocupantes corram uns contra os outros como por exemplo, agrupando-os perto das saídas de emergência e evitando a colisão entre estes. Estas tentativas podem reduzir a distância a percorrer e acelerar o tempo de criação de uma restrição para atingir prematuramente o máximo da taxa de débito. Como resultado, o tempo de evacuação global pode ser encurtado de modo considerável. Em alguns casos, a evacuação pode não ser completada em situações de contracorrente. Assim, o utilizador pode gastar tempo desnecessário a tentar evitar barreiras de menor importância ajustando as ligações ou substituindo os elementos que as criam.

Um breve resumo dos modelos de evacuação pode ser observado na tabela 6.

Recorde-se que os cálculos manuais podem não ser adequados para edifícios com a configuração, por exemplo, de um teatro por subestimativa do tempo de evacuação e também para edifícios com grupos distintos como é o caso de adultos e crianças (Ko, 2003; Tan, 2011; Thompson e Marchant, 2000; Spearpoint, 2004).

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16 Estado da arte

Tabela 6 – Resumo de alguns modelos de evacuação

Tipo Simulex FDS+Evac EvacuatioNZ

Estrutura do Modelo

Sistema de espaço contínuo: Aplica-se a um espaço contínuo 2D a planos do chão da estrutura permitindo que os ocupantes se desloquem por todo o edifício.

Sistema de espaço contínuo: Aplica-se a um espaço contínuo 2D a planos do chão da estrutura permitindo que os ocupantes se desloquem por todo o edifício.

Modelo de rede grosseiro: Divide os planos do chão em salas, corredores, secções de escadaria; etc. Os ocupantes movem-se de um

compartimento para o outro. Método de

Modelagem

Método de comportamento parcial:

Calcula principalmente o movimento dos ocupantes. Também inclui

comportamentos simulados implicitamente representados pelas distribuições de tempo do pré-movimento entre

ocupantes, características únicas dos ocupantes e habilidades de ultrapassagem.

Método de comportamento parcial:

Calcula principalmente o movimento dos ocupantes. Também inclui comportamentos simulados implicitamente representados pelas distribuições de tempo do pré-movimento entre ocupantes, características únicas dos ocupantes e habilidades de ultrapassagem.

Método comportamental: Incorpora a atuação dos ocupantes em direção a uma saída específica. Este modelo pode também incluir a tomada de decisão dos ocupantes.

Comportamento dos Ocupantes

Implícito:

Atribui atrasos de resposta ou certas características dos ocupantes que afetam a circulação.

Implícito:

Atribui atrasos de resposta ou certas características dos ocupantes que afetam a circulação.

Condicionado: Atribui ações individuais a um ocupante ou grupo de ocupantes que estejam afetos a condições estruturais ou ambientais da evacuação. Probabilístico: Representa que muitas das regras são estocásticas.

Implícito:

Atribui atrasos de resposta ou certas características dos ocupantes que afetam a circulação.

Condicionado: Atribui ações individuais a um ocupante ou grupo de ocupantes que estejam afetos a condições estruturais ou ambientais da evacuação.

Probabilístico: Representa que muitas das regras são estocásticas. Perspetivas do Modelo Individual: Vê os ocupantes individualmente. Os seus resultados acompanham a posição do individuo durante toda a evacuação.

Individual: Vê os ocupantes individualmente. Os seus resultados acompanham a posição do individuo durante toda a evacuação.

Individual: Vê os ocupantes individualmente. Os seus resultados acompanham a posição do individuo durante toda a evacuação.

Global: Vê os ocupantes como um todo.

2.3.4 Tempos de evacuação e fatores influenciadores

A incerteza dos cálculos sobre o tempo de evacuação de um edifício é a questão chave dos projetos de construção e a base para credibilizar os resultados, como o assinalam Peng et

al. (2011). Esta incerteza é portanto um problema inerente à construção base dos modelos

de evacuação. É, pois, bastante útil proporcionar um método de cálculo adequado para calcular tais valores (Sargent, 1999; Olson e Regan, 2001).

Durante a execução do modelo de evacuação que determina os tempos necessários atingir para realizar uma evacuação em segurança, é necessário avaliar cada um dos valores do fator segurança como também a incerteza gerada. Para determinar os tempos de evacuação devem ser considerados fatores tais como: densidade de ocupação, velocidade de deslocação dos ocupantes, coeficiente do fluxo de saída, tempo de pré-movimento, largura das saídas, entre outros (Papinigis et al., 2010).

(33)

Avaliação da Sensibilidade dos Tempos de Evacuação

A incerteza resultante de tais fatores vai influenciar diretamente a precisão dos cálculos. Portanto, durante o projeto e avaliação do fogo há um estudo técnico fundamental a efetuar no sentido de saber como lidar com a incerteza dos cálculos do tempo de evacuação. Assim, a clarificação da incerteza do fator segurança representa um importante aspeto no estudo de uma evacuação segura. É necessário configurar um método de determinação que seja diferente dos de coeficientes de segurança simples. Este método deverá considerar as seguintes vantagens: a incerteza do fator segurança, a análise do efeito dos parâmetros de funcionamento no nível de segurança do modelo e a garantia da aceitação dos resultados. Os resultados obtidos numa evacuação podem ser bastante díspares dos obtidos pelos simuladores em virtude do comportamento dos evacuados perante a situação (Kuligowski, 2009; Gwynne et al., 2003). As estimativas obtidas podem ser muito otimistas ou conservadoras e ter consequências na projeção de edifícios ou procedimentos insuficientes (ou desnecessários) que se traduzem num acréscimo de custos. Uma solução possível para resolver esta questão será a de atender à teoria sobre o comportamento humano durante a evacuação dos edifícios no sentido de ser incorporada naqueles modelos passando estas ferramentas a prever o comportamento dos ocupantes de um edifício e consequentemente, estimar tempos de evacuação semelhantes a uma evacuação real (Kuligowski, 2009). Será também de assinalar a importância de que com esta inclusão, passa a não ser o utilizador a arbitrar os comportamentos (esperados) antes da própria simulação podendo haver aumento de confiança nos resultados.

A fim de desenvolver teoria sobre a previsão do comportamento humano durante uma evacuação com origem num incêndio, primeiro será necessário identificar as ações despoletadas pelos ocupantes e os fatores que as motivam. São elas, a busca de informação, a preparação para a evacuação e a dita evacuação (Vorst, 2010).

A investigação realizada por Kuligowski (2009) demonstrou que qualquer ação realizada numa situação é o resultado de um processo comportamental de tomada de decisão.

A pesquisa durante as evacuações tem mostrado que, antes dos indivíduos iniciarem uma ação, primeiro compreendem os sinais que são emitidos, em seguida interpretam as pistas emitidas e os riscos inerentes e, por fim, tomam uma decisão sobre como proceder. Ou seja, a ação é baseada nas interpretações de cada individuo. Para além disso, existem fatores que influenciam cada fase do processo. São eles:

1. A perceção dos sinais por parte do individuo; 2. A interpretação da situação e do próprio risco;

3. A tomada de decisão (Gwynne et al., 2003; Olson e Regan, 2001).

2.3.5 Modelo comportamental de resposta a um incêndio

A figura 5 representa esquematicamente o processo comportamental pelo qual os ocupantes passam durante um incêndio.

(34)

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18 Estado da arte

Figura 5 – Processo comportamental dos ocupantes em resposta a um incêndio (adaptado de Kuligowski, 2009)

Durante a perceção, fase 1, os ocupantes do edifício recebem sinais externos, físicos ou sociais tais como audição da agitação; observação da “inação” de terceiros; receção de chamadas telefónicas do exterior. Adicionalmente, durante esta fase, os ocupantes podem receber sinais mais complexos tais como associação da incerteza, excesso de informação, pressão temporal e mesmo os próprios pensamentos e recordações sobre um evento passado em particular.

Na fase 2, o ocupante tenta interpretar a informação transmitida pelos sinais na primeira fase e procede à respetiva análise da situação: avaliação sobre a veracidade do alarme ou do risco associado a tal evento.

A fase 3 corresponde à tomada de decisão sobre como proceder perante a informação que lhe foi transmitida anteriormente e, por último, a fase 4, a fase de ação na qual os ocupantes colocam em prática a solução encontrada na fase transata.

É de enorme importância referir que o processo se encontra continuamente a ser reformulado até que a situação esteja controlada e seja reposta a normalidade ao edifício. Isto é, o processo é linear desde a primeira emissão de sinais até a ação do ocupante. Contudo, durante a ação, os sinais que o ocupante recebe serão diferentes dos primeiros que desencadearam essa mesma ação daí, desencadear-se um novo ciclo. Todo o processo é iniciado quando os ocupantes do edifício são confrontados com sinais ou informação que interrompa a sua atividade comum (Kuligowski, 2009; Gwynne et al., 2003).

Compreensível será, portanto, o facto de este novo modelo não ser de fácil construção. Os fatores que o influenciam, direta e indiretamente, são parte integrante das fases pelas quais os colaboradores atravessam até tomarem parte da ação (Papinigis et al., 2010).

Importa referir que o número de alternativas com que os ocupantes se deparam, a interpretação dos sinais, a tomada de decisão e o próprio processo de ação tornam mais difícil a interação entre as várias fases.

Fase 1: Perceção dos sinais

Fase 2: Interpretação da situação e do risco associado

Fase 3: Tomada de decisão

Fase 4: Ação

Fatores base relacionados com as pistas e ocupantes

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Avaliação da Sensibilidade dos Tempos de Evacuação

O ocupante quando presente a sinais de fogo (1) iniciará a interpretação dos sinais (2) e desencadeará um extenso número de ações (3 e 4).

2.3.6 Fatores que influenciam a perceção e interpretação de sinais de incêndio

Kuligowski (2009) defende a necessidade de aprofundar estudos que cruzem a informação sobre a “interpretação da situação” com a “tomada de decisão”. Uma visão geral dos fatores que influenciam as fases 1 e 2 do processo comportamental podem ser consultados na tabela 7.

Tabela 7 - Fatores que influenciam a fase 1 e 2 do processo comportamental

Fatores Perceção

(1)

Interpretação como (2)

Fogo Risco

Pré-Evento

Experiência com fogos (Sim) Aumenta Aumenta Aumenta Conhecimento sobre fogo/Treino (Sim) Aumenta Aumenta Aumenta Intrusão com a área envolvente (Sim) Diminui -- -- Conhecimento dos caminhos de evacuação (Sim) -- -- Diminui Experiência frequente em falsos alarmes (Sim) -- Diminui -- Sentimento de segurança com o edifício (Sim) -- Diminui --

Deficiência percetual (Sim) Diminui -- --

Idade (mais velho) Diminui -- Aumenta

Sexo (Feminino) Aumenta -- Aumenta

Língua comum com a dos restantes ocupantes (Sim) Aumenta -- -- Frequente interação com a família (Sim) Aumenta -- -- Durante o evento

Elevado nível de stress/ansiedade (Sim) Diminui -- -- Perceção de pressão temporal (Sim) Diminui Diminui Diminui Presença de pessoas próximas (Sim) Diminui Diminui Proximidade com o fogo/ Acesso visual (Sim) Aumenta --

Sonolência (Sim) Diminui --

Elevado número de processos comportamentais (Sim) -- Aumenta -- Define a situação como fogo (Sim) -- NA Aumenta Sinais emitidos

Elevado número de pistas Misto Aumenta Aumenta Sinais consistentes (Sim) -- Aumenta Aumenta

Sinais ambíguos (Sim) -- Aumenta --

Sinais sociais que são consistentes com o entendimento da existência se fogo (Sim)

-- Aumenta Aumenta

Fontes oficiais (Sim) Aumenta Aumenta --

Fonte familiar (Sim) -- Aumenta --

Elevada concentração de gases tóxicos (Sim) -- Diminui --

Fumo denso (Sim) Diminui -- Aumenta

Sinais visuais/audíveis (Sim) Aumenta -- --

Informação de risco (Sim) -- Aumenta --

Na fase 1, a perceção do problema é influenciada por fatores diversos tais como ouvir o alerta, treino ou formação em incêndios, ser mulher. Estes influenciam positivamente a tomada de ação perante uma situação de emergência. Em contrapartida, a experiência passada, intrusão com o ambiente em causa e a idade avançada são fatores que influenciam negativamente a perceção do que se poderá estar a passar.

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Mestrado em Engenharia de Segurança e Higiene Ocupacionais

20 Estado da arte

O stresse, a ansiedade, a pressão temporal, a presença de obstáculos na área envolvente e a privação do sono são também outros dos fatores que influenciam desfavoravelmente a receção dos sinais de alerta.

Por fim, apontam-se alguns fatores-base para uma boa receção de informação:

 Sinal/Aviso sonoro audível;

 Vasto número de sinais;

 Receção da informação por fonte fidedigna.

É também de enorme importância referir que a presença de fumo denso e a sua toxicidade diminuem a capacidade de receção dos sinais e, eventualmente, poderão levar à morte.

2.3.7 Fatores que influenciam a interpretação da situação e do risco A fase 2 compreende duas subfases:

 Definição da situação como fogo;

 Definição do risco pelo próprio ocupante ou por outros.

Os ocupantes podem interpretar a situação de diferentes maneiras e o facto de o ocupante já ter alguma experiência passada neste tipo de eventos permite-lhe aumentar a rastreabilidade perante os sinais emitidos. Por outro lado, os que não têm qualquer tipo de experiência e sentem-se seguros no seu ambiente de trabalho estão menos despertos para os sinais transmitidos.

Quanto à definição de risco, a experiência e formação em situações idênticas são favoráveis na atuação perante o reconhecimento dos sinais.

Resumidamente, o comportamento adotado durante uma evacuação por incêndio é o resultado de um vasto conjunto de processos. Primeiro os sinais necessitam de ser percecionados, em seguida interpretados e, posteriormente, tomada uma decisão sobre como atuar (incluindo a inação).

Até à data têm vindo a ser desenvolvidos vários estudos no sentido da criação de modelos computacionais que têm como principal objetivo garantir uma evacuação segura. Estes modelos têm por base o estudo social e cognitivo dos indivíduos e das relações por eles estabelecidas (Gwynne et al., 1998; Bryan, 2000; Gwynne et al., 1999; Pelechano e Malkawia, 2008).

2.3.8 Integração de aspetos comportamentais nos modelos de simulação

Na última década, tem-se observado uma mudança de sistemas de informação e comunicação de um nível exclusivamente técnico para um nível social. Contudo, a integração dos aspetos sociais/cognitivos na designada computação social não é tarefa fácil em virtude das diferenças conceptuais.

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Avaliação da Sensibilidade dos Tempos de Evacuação

Assim Zia et al. (2011) consideram que o sistema sociotécnico é um conceito recentemente introduzido pretendendo diferenciar um sistema social mediado pelas ciências naturais do mediado pela informação tecnológica. Acrescentam que, ainda que a mediação dos aspetos sociais/cognitivos seja "teoricamente" regida pela tecnologia, a diferença entre "sócio" e "técnica" é colossal e histórica.

Além disso, consideram dever ser dada especial atenção à modelização de ambas as componentes, sociais e técnicas, e à sua interação em situação de evacuação, pois que com o passar dos anos, os sistemas técnicos tornaram-se mais inteligentes quanto à interação com as pessoas, daí a sua abrangência. Por exemplo, Zia et al. (2011) defendem que, aquando da conceção de um modelo, i.e., na simulação de uma situação de emergência de um serviço público, não deve ser desprezada a eventual disponibilidade de tecnologia ao nível do ambiente (por exemplo, sinais de reconhecimento de situação de saída, exposições interativas) e das pessoas (telemóveis e outros equipamentos informáticos) bem como a influência social/cognitiva (Breaux et al., 1976).

A resposta a este desafio conduziu à integração da decisão cognitiva no modelo de simulação baseado em análise computacional, a partir das teorias psicológicas, neurológicas e sociais do comportamento humano em situações de evacuação.

Centrados num cenário em que uma pequena população de agentes é tecnologicamente apetrechada, Zia et al. (2011) sublinham algumas das conclusões mais interessantes:

 A inclusão de um modelo de comportamento social representativo na modelização de um sistema sociotécnico, produz essencialmente diferenças fundamentais ao nível das metodologias;

 Os agentes tecnologicamente preparados que emergem como líderes durante a evacuação alteram as intenções de muitos agentes na sua área de influência;

 Um pequeno conjunto de tais líderes no quadro de uma população suficientemente alargada é bastante para garantir uma diferença assinalável, particularmente improvisando a utilização de saídas alternativas ou secundárias subutilizadas. Por seu turno, Vasudevan e Son (2011) estudaram uma metodologia que avalia a segurança na evacuação versus produtividade, em diversos layouts, constatada a frequente conflitualidade dos objetivos das empresas industriais em garantir um elevado nível de produção e simultaneamente implementar medidas de segurança rigorosas para assegurar uma evacuação segura em situações de emergência, particularmente no caso de incêndio. Sublinham que enquanto os indicadores de desempenho de segurança, como tempos de evacuação, são inferidos a partir de simulações baseadas na multidão (agentes), os indicadores de produtividade de desempenho (por exemplo, taxa de produtividade, capacidade utilizada, fluxos) são analisados empregando a simulação de eventos discretos. Com a finalidade de avaliar a segurança versus produtividade, a investigação centra-se na criação de técnicas inovadoras para o desenvolvimento de simulações precisas da multidão,

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Figura 1 - N.º de incêndios industriais
Tabela 1 – Exemplo de alguns incêndios ocorridos no setor industrial
Tabela 2 – Acidentes de Trabalho em 2008  Acidentes de Trabalho segundo o desvio de 2008
Figura 4 – Distribuição do volume de vendas de SADI em 2007 (milhares de €)
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Referências

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