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DE QUE AGRICULTURA FAMILIAR ESTAMOS FALANDO?

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Academic year: 2020

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DE QUE AGRICULTURA FAMILIAR ESTAMOS FALANDO?

WHAT ABOUT AGRICULTURAL FAMILY WE ARE SPEAKING?

Rafael Borges Deminicis Historiador, Mestrando em Sociologia Política da UENF/CCH/LESCE,

Bolsista UENF, rafaelous10@yahoo.com.br

Bruno Borges Deminicis Zootecnista, Doutorando em Produção Vegetal da UENF/CCTA/LFIT,

Bolsista CNPq, brunodeminicis@hotmail.com

Resumo

Diversas questões ainda estão em aberto no que se refere a um tema tão importante e amplo como este, mas que não vinha sendo tratado da forma devida. Desta Forma, o objetivo deste revisão de literatura foi apresentar uma síntese de diversos autores, os quais proporcionam uma melhor compreensão da Agricultura Familiar no Brasil, seus Conceitos, Movimentos sociais e entidades rurais envolvidas, Tecnologias de Produção e os Centro de Pesquisa e Extensão, Segurança Alimentar e Enfoque agroecológico para uma Agricultura Familiar Sustentável. A Agricultura Familiar Nacional pode ser considerada como um amplo conceito, englobando tecnologias e novos conceitos em diversos campos. Concretamente, cerca de 1/3 do agricultura brasileira advém da produção agropecuária realizada pelos agricultores familiares, cabendo observar, que o desempenho recente da agropecuária familiar vem sendo bastante positivo. No Brasil, atualmente, o surgimento de diversos movimentos socias ligados a Agricultura Familiar colocam em cheque a visão de que a Agricultura Familiar parece coisa do passado, atrasada, sem importâcia. A preocupação como a Agricultura Familiar tem custos e demanda investimentos públicos em pesquisa, em programas de capacitação em gestão da produção e de negócios que melhor aproveitam suas vantagens em explorar novos mercados de produtos e serviços, agrícolas e não agrícolas. Mas muito além, da perspectiva de negócios, discute-se também a aspecto social e algumas noções subjacentes aos princípios norteadores das Politicas públicas direcionadas à Agricultura Familiar. Pois, se Agricultura Familiar é o ponto base de um projeto de desenvolvimento

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rural que representa avanço em relação às ações públicas no campo, também deve servir de alerta para riscos e possíveis efeitos nefastos desta política pública para a agricultura familiar.

Palavras chave: Tecnologias de produção, movimentos sociais, segurança alimentar, agroecologia.

Abstract

Several subjects are still in open in refers to a theme as important and wide as this, but didn't come being treated in a special. In this Way, the objective of this literature revision was to present a synthesis of several authors, which provide a better understanding of the Family Agriculture in Brazil, your Concepts, social Movements and involved rural entities, Technologies of Production and I Center them of Research and Extension, alimentary safety and agriecological focus for a Maintainable Family Agriculture. The National Family Agriculture can be considered as a wide concept, including technologies and new concepts in several fields. Concretely, about 1/3 of the Brazilian agriculture it occurs of the agricultural production accomplished by the family farmers, fitting to observe, that the agricultural relative's recent acting is being quite positive. In Brazil, nowadays, the several movements partners' appearance tied the Family Agriculture place in check the vision that the Family Agriculture seems thing of the past, late, without importance. The concern as the Family Agriculture has costs and demands public investments in research, in training programs in administration of the production and of businesses that best takes advantage of your advantages in exploring new markets of products and services, agricultural and not agricultural. But very beyond, of the perspective of businesses, it is also discussed to social aspect and some underlying notions to the beginnings direction indicators of the Politicize public addressed to the Family Agriculture. Because, if Family Agriculture is the base point of a project of rural development that it represents progress in relation to the public actions in the field, it should also serve of alert for risks and possible disastrous effects of this public politics for the family agriculture.

Key words: Technologies of production , social movements, alimentary safety and agroecology.

INTRODUÇÃO

A agricultura familiar e a sua base fundiária, no Brasil, é marcada pela sua diversidade e há décadas relegada a segundo plano e até mesmo esquecida pelo Estado, têm sobrevivido em meio à competição de condições e recursos orientados para favorecer a grande produção e a grande propriedade. A exploração familiar tal como é compreendida por parte dos estudiosos do tema,

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corresponde a uma unidade de produção agrícola onde propriedade e trabalho, estão intimamente ligados a família. O aumento da produtividade, associado ao consumo de tecnologia, tem fundamentado a ação e o discurso modernizadores até aqui. É nesse sentido que a proposta de um programa de fortalecimento da agricultura familiar voltado para as demandas dos trabalhadores, sustentado em um modelo de gestão social em parceria com os agricultores familiares e suas organizações, representa um considerável avanço em relação às políticas anteriores. Em mente o novo modelo de desenvolvimento sustentado, é atribuida à agricultura um papel central na promoção do desenvolvimento econômico nacional e na melhoria das condições de vida da população. Ainda que se chame a atenção para a diferença desta nova política em relação às anteriores, criticadas como produtivistas, ou seja, com ênfase na dimensão quantitativa do crescimento econômico em detrimento da dimensão qualitativa do bem-estar social, as metas anunciadas nos remetem à velha fórmula mecanicista: Aumento da produção = Diminuição de preço no mercado = Competitividade. Fica Evidente que a participação integrada do produto rural, do extensionista e do pesquisador, essencialmente na discussão e na análise dos problemas, justifica a escolha da Agricultura Familiar por seu papel, também no desenvolvimento social, e são fatores de peso determinantes no momento atual para a maior parte da humanidade, como tentativa de construção de um só mundo melhor e/ou sustentável.

CONCEITO DE AGRICULTURA FAMILIAR

A história dos pequenos agricultores no Brasil está ligada à diferente trajetória de certos grupos (índios, negros, mestiços, brancos não herdeiros e imigrantes europeus). Apesar de diferentes, estão ligados sob uma mesma unidade: a posição secundária que ocupavam dentro do modelo de desenvolvimento do Brasil desde sua origem. Agricultura familiar não é propriamente um termo novo, mas seu uso é recente, apresentando inclusive diferentes interpretações e definições sobre o seu significado e amplitude, com ampla penetração nos meios acadêmicos, nas políticas de governo e nos movimentos sociais, adquire novas significações (BITTENCOURT e BIANCHINI, 1996; ALTAFIN, 2007). Tem, talvez, uns dez anos. Antes disso, falava-se em pequena produção, pequeno agricultor e, um pouco antes, ainda se utilizava o termo camponês (DENARTI, 2001). E é devido a estas diferenças em suas trajetórias que se tem uma grande dificuldade de se conceituar agricultura familiar, porém há uma necessidade de se delimitar, de forma adequada, este conceito de Agricultura Familiar, a qual relacionada, principalmente, com a maneira que devem ser tratadas as problemáticas deste segmento.

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O que se compreende geralmente como agricultura familiar não chega a se constituir em uma conceituação muito precisa. Conforme adverte Veiga (1996), a agricultura “comercial” não se opõe à “familiar”, como muitos pretendem. Entretanto Veiga (2001) aponta algumas diferenças básicas entre propriedades Patronais e Familiares. Patronal - completa separação entre gestão e trabalho, organização centralizada, ênfase na especialização, ênfase nas práticas padronizáveis, predomínio do trabalho assalariado, tecnologias dirigidas à eliminação das decisões “de terreno” e “de momento”. Familiar - Trabalho e gestão intimamente relacionados, direção do processo produtivo diretamente assegurada pelos proprietários ou arrendatários, ênfase na diversificação, ênfase na durabilidade dos recursos e na qualidade de vida, trabalho assalariado complementar, decisões imediatas, adequadas ao alto grau de imprevisibilidade do processo produtivo.

Emprega-se, usualmente, diversas expressões e conceitos para identificar este fenômeno, tais como pequena produção, agricultura de subsistência, produção de baixa renda, agricultura camponesa, etc. Todas, no entanto, apresentam um elemento em comum, qual seja, a predominância do trabalho familiar nas atividades produtivas agrícolas (PEIXOTO, 1998), desta forma para o FAO/INCRA (1996), a agricultura familiar deve atender a duas condições: a) a direção dos trabalhos do estabelecimento é exercida pelo produtor, e b) o trabalho familiar é superior ao trabalho contratado. Ou seja, a agricultura familiar é uma forma de produção através da interação entre gestão e trabalho; são os próprios agricultores que dirigem o processo produtivo, trabalhando com a diversificação e utilizando o trabalho familiar, eventualmente complementado pelo trabalho assalariado.

O Censo Agropecuário de 1995/96 havia identificado redução do número de estabelecimentos agrícolas em relação ao levantamento de 1985, sendo que as propriedades com menos de 100 hectares, consideradas familiares, reduziram-se de um total de 5.225.162 para de 4.318.861 em 1995, ou seja, ocorreu uma diminuição (17%) das propriedades familiares. Fato altamente preocupante já que vivemos em um país preocupado com o assentamento de novos possíveis agricultores, e estes tenham perdido numa década contingente tão expressivo de produtores rurais de fato. Como uma das alternativas políticas de enfrentamento desta realidade, o governo brasileiro instituiu, em 1995, a linha de Ação PRONAF Crédito Rural como parte do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar, com o objetivo de promover um maior apoio financeiro às atividades agropecuárias desenvolvidas com o emprego direto da força de trabalho do agricultor e de sua família (MIRANDA et al. 2007). Em 2004 a agricultura familiar no Brasil, constituída por mini e pequenos agricultores, gerava 74% dos empregos no campo, ou seja, emprega mais de 12 milhões de pessoas, respondia por 31% da produção de arroz; 67% da produção de feijão; 52% da pecuária de leite, 25% do café, e 32% da soja, detinha apenas 20% das terras e respondia por 30% da produção do País, de acordo com dados

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do IBGE (2004). Atualmente a discussão sobre a importância e o papel da agricultura familiar vem ganhando força impulsionada através de debates embasados no desenvolvimento sustentável e também na geração de emprego e renda, até proque, hoje 30,5% da área total dos estabelecimentos rurais, produz 38% do Valor Bruto da Produção (VBP) nacional e ocupa 77% do total de pessoas que trabalham na agricultura PRONAF (Programa Nacional de Agricultura Familiar, 2007).

Segundo Blum (2001) a agricultura brasileira e a sociedade teriam enormes ganhos políticos e sociais, se fossem inseridos conceitos do socialismo em sua história. E com a globalização há uma competição tanto por custo, quanto por qualidade entre agricultores de todo o mundo. E é por isso que se deve classificar corretamente as propriedades rurais, para proceder reinvidicações, traçar políticas agrícolas e fazer comparações de grupo para estudos econômicos e sociais. Existem várias metodologias, critérios e variáveis para se definir o tipo de produtor. Apesar disso, a classificação dos agricultores familiares por Grupo é a mais aceita, inclusive utilizada pelo PRONAF (2007), permitindo a adoção de encargos financeiros diferenciados, com bônus e rebates para aqueles de menor renda, visando auxiliar sua promoção para estratos de maior renda. Porém, no âmbito FAO/INCRA (2000) segue-se uma classificação particular dos Agricultores Familiares, como: Consolidados - São produtores considerados empresários do setor, com boa liderança nas comunidades, buscam assistência técnica e creditícia, possuindo bom poder de análise e gerenciamento. São propriedades geralmente menores de 100 ha com concentração próximo a 50 ha; Em Transição - São produtores de menor esclarecimento que os consolidados, buscam em menor intensidade a assistência técnica e creditícia, possuindo médio poder de análise e gerenciamento. São propriedades geralmente menores de 100 ha com concentração próximo a 20 ha e Periféricos ou de Subsistência - A utilização do crédito rural é nula ou incipiente, pois não possuem viabilidade econômica para ter acesso a ele. Geralmente tem dificuldades quanto ao gerenciamento da propriedade. Também considerado agricultor que mais se aproxima do camponês tradicional, onde a luta pela terra e contra as perversidades do capitalismo se faz presente. São propriedades geralmente menores de 50 ha com concentração abaixo de 20 há.

No entanto, para entendermos a problemática que envolve a agricultura familiar devemos compreender a política desenvolvimento econômico que predominou no Brasil e a pesquisa agropecuária para “modernização da agricultura” associada a ela (MARAFON, 1998).

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Para a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) as culturas de exportação sempre ocuparam lugar de destaque, já que as exportações são consideradas fundamentais, tanto para saldar os compromissos externos do País como para gerar empregos urbanos e rurais. (ALVES, 2001). Assim foram as culturas da soja, do café, da cana-de-açúcar, do cacau, dos bovinos, dos suínos, das aves, do coco e das frutas. Quanto a isso nos é remetida uma dúvida (inocente?): “Quem produz os produtos exportáveis?” A resposta é muito simples, digo, afirmativa, propositiva e concreta, (nenhum pouco inocente): “Quem tem mais de cem hectares”. Bem, assim fica mais fácil entender o porquê das ações da Embrapa nestes últimos 35 anos, e fica mais fácil também entender porque sempre se privilegiou a transferência de tecnologia como caminho para a promoção do crescimento econômico (MORRUZI et al. 2006). Muito embora a Embrapa, em 1979, tenha redefinido sua programação de pesquisa, ancorada em argumentos associados à necessidade de retração das disparidades sociais e regionais, apenas a partir de 1985 o pequeno produtor apareceu como prioritário no discurso institucional. Evidenciando, assim, que, ao contrário do que estabelecia o modelo de “inovação induzida”, o desenvolvimento tecnológico das unidades de produção familiar dar-se-ia em consonância com suas reais necessidades. Discurso que não era unânime, já que para os defensores das políticas de apoio à Agricultura Familiar (AF) o desenvolvimento do setor agro-exportador comprometia as possibilidades de sobrevivência da AF (GUALDA, 2007).

Por outro lado, os representantes do setor agro-exportador viam na AF um ambiente de atraso, pobreza, desqualificação e de incapacidade de responder ao dinamismo econômico atual. Sintomático na construção destas idéias é a substituição do termo agricultura familiar por pequena agricultura. O apoio governamental dirigido à AF era, e ainda é, visto como custo social. Evidentemente, o modelo de desenvolvimento agroexportador baseado, em plantações em grande escala, também criava, e ainda cria, problemas a nível nacional, o problema da concentração da riqueza (WRM, 2007). Todavia, tal concepção que considera a AF como inevitavelmente vulnerável e destinada à subsistência, e que o modelo agroexportador é o motor de crescimento da economia, não corresponde ao debate contemporâneo no Brasil. Desta forma, no início da década de 90, quando a denúncia de um contingente de 32 milhões de miseráveis e do agravamento da questão ambiental, simultaneamente, alardeada nos diversos meios de comunicação do país, colocou-se em evidência uma crise, já em processo, dos paradigmas que deram sustentação ao modelo de modernização da agricultura brasileira (VASCONCELOS e PAIVA, 2004).

Alinhada à nova estratégia governamental, a Embrapa também redefiniu seu modelo operacional de pesquisa, organizando sua programação em consonância com os temas considerados grandes desafios nacionais. Associado às prerrogativas de fortalecimento da AF, instituiu-se, em 1994,

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no Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuária (SNPA), o programa de pesquisa para AF. Com assessoria da FAO e apoio financeiro do Banco Mundial, criou-se, em 1994, o Programa Nacional de Fortalecimento da AF (Pronaf), sendo a AF considerada essencial e estratégica no novo padrão de desenvolvimento econômico (CORRÊA e CABRAL, 2001). Convém, contudo, salientar que no final dos anos 1990, dentre dezesseis programas de pesquisa desenvolvidos pela Embrapa, apenas um era explicitamente orientado AF. O chamado Programa da AF, também conhecido como Programa 9, concentrava a maior parte de seus projetos na região Nordeste, o que explica a localização da secretaria geral de sua Comissão Técnica em Petrolina/PE, junto ao Centro Nacional de Pesquisa do Trópico Semi-Árido - CPATSA) (MORRUZI et al. 2006). Desta forma, pela primeira vez a AF passou a compor o Plano Operativo da Embrapa, podendo, portanto, pleitear recursos do Tesouro. Contudo, o orçamento da Embrapa para distribuição entre os programas de pesquisa, entre 1994 e 1997, registrou uma queda na participação para o Programa de AF, em 1994 eram 5,34% e em 1997 passaram a 3,77% do orçamento total dos programas (VASCONCELOS, 1997). Como se pode perceber o programa não conseguiu atingir suas metas, justamente porque a questão de alocação de recursos materiais se constitui no principal elemento motivador ou definidor de práticas de pesquisa associadas com as unidades de produção familiar. Na busca de pistas para compreender a razão da difícil assimilação do tema da AF no quadro das orientações de pesquisa da Embrapa, a observação do Programa Nacional de Pesquisa Agropecuária – Pronapa, de 1999, nos leva a algumas considerações, já que se trata de um documento, digamos, um tanto quanto emblemático, já que seu título é: "AF: uma perspectiva para o futuro”, o que sugere que as formas sociais de produção agrícola familiar teriam a prioridade da Embrapa, no futuro. (EMBRAPA, 1999).

Segundo Vasconcelos (1998) as dificuldades previstas pela própria coordenação o programa de pesquisa da AF confirmaram e, certamente, se associavam muito mais à cultura institucional e às descontinuidades das políticas governamentais, do que a uma indefinição de prioridade na alocação de recursos. De fato, foi breve o período de duração do Programa de Pesquisa para AF, iniciado em meados de 1994, ainda no Governo do Presidente Itamar Franco, veio a ser encerrado na gestão do Presidente Fernando Henrique Cardoso, em 2001. Contudo, os grupos de pesquisadores que se identificavam com a opção preferencial para realizar suas pesquisas para Agricultura Familiar, quando da extinção do Programa, vinham se ressentindo de um esvaziamento em seu espaço institucional. Estimulados pela definição de uma primeira vertente prioritária para AF no novo Governo, do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, informalmente começaram a reivindicar a concretização desse espaço. Neste momento, o debate é retomado, sendo a AF reincorporada à programação de pesquisa da Embrapa por meio de um Macroprograma que visava a sua inserção social (VASCONCELOS e

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PAIVA, 2004). No entanto, logo no início da gestão do Governo do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no jornal “O Globo”, em abril de 2003, surge a matéria intitulada "Política contamina pesquisas na Embrapa" que afirmava que desde o início do governo do Presidente Lula as queixas de pesquisadores e técnicos sobre interferências em nomeações, mudanças de orientação na pesquisa e o poder excessivo do sindicato se avolumavam, prejudicando o maior patrimônio da empresa. Quer dizer que quando os Governos adotavam, no período de modernização da agricultura, políticas como o Programa Nacional do Álcool (Proálcool) e vários outros, que aturam no sentido de incentivar a concentração fundiária e que direcionavam as ações da Embrapa, não era a mesma coisa?

No ano de 2003, o diretor-presidente da Embrapa, Clayton Campanhola, indicado José Graziano, seu orientador no Pós-Doutorado e Ministro de Segurança Alimentar, em seu discurso de posse desagradou a seus subordinados ao dizer que passaria a dar ênfase à AF, em detrimento do agronegócio (COSTA, 2004). Em 2003, aproveitando o momento o XLI Congresso Brasileiro de Economia e Sociologia Rural (SOBER), os grupos ligados a AF, encontraram-se para colocar na pauta da nova diretoria, a instituição de um Macroprograma que apoiasse e gerenciasse projetos de pesquisa para AF, focados na participação, em abordagens sistêmicas e na perspectiva do desenvolvimento territorial. Assim se rascunhou o termo de referência para criação do Macroprograma (MP6) que viria a ser instituído no final de 2004 (CAMPANHOLA, 2004). Por outro lado, aumentaram as pressões externas e do campo dos profissionais e pesquisadores contrários a essa política, assim a ordenação de prioridades foi se modificando não só nos discursos e entrevistas. Desta forma, o IV Plano Diretor da Embrapa (2004 – 2007), a AF sequer figurava no texto que definia a missão da Empresa de “Viabilizar soluções para o desenvolvimento sustentável do espaço rural, com foco no agronegócio, por meio da geração, adaptação e transferência de conhecimentos e tecnologias, em benefício dos diversos segmentos da sociedade brasileira” (EMBRAPA, 2004). Em 2005, chegava ao fim o mandato de Campanhola, com sua demissão, o que a imprensa configurou ser “O fim do cerceamento ideológico do trabalho da Embrapa” ou o “Fim do pesadelo” (Agência CT, 2005).

No conjunto, a AF, certamente, se beneficiou pela a pesquisa agropecuária. Entretanto, este incremento deve-se aos programas sociais do Governo, como o Bolsa Família, que é fonte garantida de renda para os agricultores familiares. (OLIVEIRA, 2007). O diretor-presidente da Embrapa, quando foi demitido em 2005, afirmava que havia se preocupado sim com a inclusão da agricultura familiar, mas não em detrimento da pesquisa para o agronegócio. Segundo Alves (2001) a “AF era a prioridade da Embrapa”, de acordo com Rocha (2007) a “Agricultura familiar está na pauta da Embrapa”, será mesmo? No Workshop da AF, em outubro de 2006, o desafio feito pelo diretor-presidente da Embrapa, Silvio Crestana, de buscar estratégias concretas para transformar ações do governo relativas à AF em

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políticas públicas de Estado, garantir a participação da AF em planos gestores da Embrapa e estabelecer maior integração da Embrapa com Ministérios e movimentos sociais para levantamento de demandas da AF, foi bem recebido (BRITO, 2006). Em 2007, Adoniram Sanches Peraci, titular da Secretaria da Agricultura Familiar (SAF), do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), reuniu-se com Silvio Crestana, diretor-presidente da Embrapa, para discutir o estreitamento de relações entre os dois órgãos, visando à maior sustentabilidade AF. Os dois órgãos já trabalham em conjunto, principalmente em projetos voltados à transferência de tecnologia para agricultores familiares, como os conduzidos no âmbito do Programa Nacional de Sementes para a AF, que atende a 96 mil famílias (CARDILLO, 2007). Concordando plenamente com Vasconcelos e Paiva (2004) esperamos que as prioridades de pesquisa da Embrapa para AF não sejam mais um “discurso ilusório”, para recorrer ao termo utilizado por Rodrigues (1989). Desta forma, considerações no sentido de se pensar o combate à fome, geração de emprego e sustentabilidade de famílias no campo, têm sido consideradas pelos governos brasileiros como política chave para o fortalecimento da AF no Brasil.

PROMOÇÃO DA AGRICULTURA FAMILIAR COM FOCO NA SEGURANÇA ALIMENTAR

Diferentes campos científicos apreendem a questão da segurança alimentar sob os mais diversos enfoques analíticos. Pela intervenção estatal, portanto, configurava-se a consolidação de um modelo de desenvolvimento de cunho socialmente excludente e ecologicamente predatório que, se, por um lado, significou um aumento considerável na produção de determinados produtos agrícolas e na sensível redução de alguns, por outro, representou a marginalização social, econômica e política de grande parte de nossos agricultores familiares que se viram na contingência de migrar para os grandes centros (CAUME, 2003).

Apesar dos recordes na produção de grãos, a agricultura brasileira vive um momento de grandes transformações, já que o Brasil ainda ostenta um quadro deplorável de miséria e pobreza (BELIK, 2003). Alguns problemas na produção e na oferta de alimentos básicos para a dieta de milhões de brasileiros ainda dificultam o acesso aos alimentos de qualidade e quantidades suficientes. Grande parte da produção de alimentos no Brasil advém da agricultura familiar, todavia a Renda Total (RT) dos estabelecimentos familiares possuem renda total média bastante baixa (GUANZIROLI, 2001). Contudo, a importância da agricultura familiar não se restringe apenas aos produtos destinados ao abastecimento do mercado interno, como certas perspectivas dualistas costumam afirmar. Esses

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dados, portanto, apontam que o fortalecimento da agricultura familiar pode efetivamente constituir-se numa das principais estratégias de efetivação de uma política de segurança alimentar no Brasil (CAUME, 2003).

Baseado nessas informações e na história de exclusão social desse segmento – a agricultura familiar - foi criado o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) do Governo Federal. O Programa criado pelo governo do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem como objetivo apoiar os agricultores familiares enquadrados no Programa Fome Zero – PRONAF (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar) no elo da comercialização, comprando seus alimentos e garantindo-lhes uma parte de sua renda. A produção de cada agricultor pode ser vendida ao Programa até o limite de R$ 3.500,00 por ano, valor que ultrapassa a renda total média anual (BRASIL, 2007).

O PAA foi criado pela lei n°10696/2003, cujo objetivo é garantir o acesso aos alimentos em quantidade, qualidade e regularidade necessárias às populações em situação de insegurança alimentar e nutricional, além de promover a inclusão social no campo por meio do fortalecimento da agricultura familiar”. (BRASIL, 2007). De acordo com Viera et al.(2007), o PAA é considerado como uma das principais ações estruturantes do Programa Fome Zero. Funciona como um em mecanismo complementar ao PRONAF de apoio à comercialização dos produtos alimentícios da agricultura familiar, onde o governo adquire alimentos dos agricultores familiares e doa parte dele para indivíduos em risco alimentar.

De acordo com a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) segurança alimentar é definida como uma situação na qual todas as pessoas durante todo tempo possuam acesso físico, social, e econômico a uma alimentação suficiente, segura e nutritiva, que atenda a suas necessidades dietéticas e preferências alimentares para uma vida ativa e saudável (NAÇÕES UNIDAS. FAO, 1996).

A segurança alimentar das famílias no meio rural não é garantida somente pela dedicação à produção de alimentos, assim, problemas relacionados à este fato encontram-se, especialmente, nos segmentos sociais cujo acesso aos alimentos é precário ou custoso por carência de renda ou por insuficiência de produção para auto-consumo. Desta forma as atividades consideradas rurais não agrícolas, a exploração de produtos não alimentares podem ser alternativas para assegurar trabalho e renda das famílias (MALUF, 1999).

Para Caporal, (2003), principalmente no meio rural, a insegurança alimentar de muitas famílias de agricultores está presente e se expressa numa crescente dependência aos mercados para a aquisição de alimentos básicos, o que também tem como causa a redução da diversificação da produção.

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A segurança alimentar da população rural poderá ser garantida quando houver políticas específicas interessada primeiramente em oferecer iguais condições de acesso a comida, educação, terra e de empregos. Todavia, em decorrência elevada do êxodo rural a população pobre passou a concentrar-se, em número cada vez maior, nas áreas urbanas, o que não diminui o número de pobres vivendo na zona rural. Apesar disto, o que se vê é que os mais elevados índices de pobreza localizam-se nas áreas rurais, principalmente, na região Nordeste chegando a atingir 60% da população. Em grande parte às precárias condições de reprodução da agricultura de base familiar e à insuficiência da renda recebida pelas famílias rurais nas diferentes fontes de que podem dispor (trabalho agrícola e não-agrícola, rendimentos previdenciários, etc.) são reflexo dos elevados índices de pobreza e situações de insegurança alimentar presentes no mundo rural brasileiro (MALUF, 1999). Por essa razão, diversos movimentos sociais do campo brasileiro, tais como Comissão Nacional das Mulheres Trabalhadoras Rurais (CNMTR), Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (CONTAG), Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar da região Sul (FETRAF), Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Movimento de Mulheres Camponesas do Brasil (MMC), Movimento de Mulheres Trabalhadoras Rurais do Nordeste (MMTR-NE), Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) e Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) consideram que é chegado o momento de reverter esse domínio e estabelecer a primazia da soberania e segurança alimentar, da distribuição de renda e riqueza e do fortalecimento da agricultura familiar e camponesa (Declaração do Seminário de Brasília, 2005).

A AGRICULTURA FAMILIAR E OS MOVIMENTOS SOCIAIS

Os processos de transformações políticas e econômicas das últimas décadas empurraram o mundo inteiro à encruzilhada da reflexividade (BECK et al., 1996), com suas devidas intensidades, de acordo com a centralidade ou a marginalidade de determinadas sociedades, em relação às políticas hegemônicas da globalização. Mais do que nunca, estamos obrigados a intensas reflexões sobre as nuances da tomada de decisões de todos os setores sociais e à urgente abordagem dos problemas mais relevantes a serem sanados. A constatação geral é a de que vivemos mais em um mundo dos riscos eminentes do que num da garantia das liberdades e direitos acima de qualquer questão.

Nos âmbitos intelectual, institucional e governamental atuais muito se discute sobre a re-produção dos valores de participação política e da democracia e suas implicações no cotidiano das sociedades que se enquadram nesse modelo. Pode-se constatar esta situação pelos intensos debates dos

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últimos anos sobre políticas educacionais, ambientais e de direitos básicos e assistenciais, seja para a aplicação de reformas de caráter social ou a recusa delas. Para isso as relações entre sociedade civil e estado foram consagradas ou interpretadas como interlocutoras das disputas ou consensos da política cotidiana da sociedade e base para a tomada de decisões jurídicas ou políticas, institucionais e estatais. As diferenças teóricas existentes estão entre aqueles que atribuem mais autonomia para a sociedade civil aos que atribuem mais poder ao estado.

Neste ínterim, outra categoria impôs-se às interpretações dos meios formais: os movimentos sociais. Realidade inevitável, pela pungência de suas reivindicações, pela radicalidade de suas formas de reivindicar ou pela ruptura com os modelos de expressão política vigentes (BOURDIER, 2001). Na maioria dos casos os movimentos sociais são incorporados ao esquema sociedade civil–estado, contidos na posição de sociedade civil, participante do jogo político, variando apenas o fundo intencional constitutivo de sua ação (estratégico ou intuitivo), ou seja, se a favor de mais ou menos autonomia com o estado. Entretanto, a observação das sutilezas entre as diferentes argumentações e a observação das práticas dos movimentos sociais revelam que estes esquemas teóricos são bastante falíveis. Mas, com o peso hegemônico que têm no resultado das políticas institucionais e estatais, torna isolado e ridicularizado o argumento dissonante.

Observa-se que a adoção da perspectiva sociedade civil–estado pode ser uma roda viva. A falsa dualidade termina por perpetuar a posição de centralidade do estado, sendo irrefutável (por força das imposições) que, quando não é a origem das preocupações ou o filtro das reflexões, o estado sempre será o executor final das políticas (SOUSA, 2003), tomando medidas mais ou menos autoritárias, de acordo com as relações de força internas de suas estruturas. A sociedade civil é, portanto, um mero paliativo discursivo aos descaminhos do estado. A sociedade civil é passiva, ou, quando considerada ativa e provocadora (os movimentos sociais), é reincidentemente secundária, pois meramente fiscalizadora do estado ou mendicante por direitos a serem cedidos por ele.

É consenso que uma política ativa para alterar a matriz com base na qual os indivíduos irão inserir-se socialmente, de maneira que possam vencer a pobreza, se faz necessária, ou seja, ampliar suas “escolhas e oportunidades para viver uma vida aceitável” (PNUD, 1997). O acesso à terra é uma das condições básicas para esta alteração: mas ele só faz sentido, se for acompanhado do acesso a um conjunto de condições que alterem o ambiente institucional local e regional e permitam a revelação dos potenciais com que cada território pode participar do processo de desenvolvimento. Isso não depende apenas da iniciativa e da transferência de recursos por parte do estado, mas fundamentalmente da mobilização das próprias forças sociais interessadas na valorização do meio rural: é daí que poderão

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nascer as novas instituições capazes de impulsionar o desenvolvimento de regiões vistas socialmente como condenadas ao atraso e ao abandono (ABRAMOVAY, 2001).

Entretanto, o lugar comum da discussão sobre os incluídos e excluídos, embora tenha propósito divergente a isto em alguns casos, é facilmente incorporado à roda viva, pois, mais uma vez, o estado é o parâmetro das constatações. No fim das contas, da perspectiva mais liberal a mais social, o estado é forjado como central (totalitário) e espaço cativo de aristocracias populistas, pois o estado é concebido, contraditoriamente, como o equacionador da propriedade – promotor da repartição dos bens sociais e o administrador e protetor dos bens individuais, ou dos privilégios privados, ou seja, pacificador de uma sociedade desigual, dividida entre proprietários e despossuídos (ou exploradores e explorados).

O estado, criado pelas classes proprietárias, historicamente erigiu mais esforços na garantia dos privilégios do que na concessão de direitos sociais. Há grande resistência à abertura e, quando ocorre, não é pela elaboração de bons projetos originados nas alas mais progressistas, mas por imposição das pressões externas, feitas por parte dos movimentos populares e de despossuídos – e que, nos últimos tempos, se dá pela intensificação dos efeitos das próprias contradições do estado, e do capitalismo, que produziram todos os projetos de desenvolvimento técnico, científico e econômico e a intensificação da produção de bens para maior o acúmulo lucrativo privado.

Para os movimentos populares (não inseridos na lógica estatal) o contato ou o conflito com o estado, pode não ser o objetivo desejável, mas simplesmente uma das etapas desta trajetória, e quaisquer medidas que resultem na política ativa do estado podem ser consideradas como erro de percurso ou contingente da política planejada. Portanto, ao contrário de representar uma dicotomia externa, ou uma contradição externa, em termos absolutos (oriundas do ambiente, ou do entorno), a ação dos movimentos sociais pode ser vista como fruto de uma identidade social: como estrutura, formada através do histórico de um tipo de posicionamento social e político, ou como estruturante, pelas sucessivas opções de oposição aos sistemas vigentes. Coerente com este tipo de interpretação, vale recuperar, com devidas adaptações, a categoria de análise de classe, ou de identidade de classe (OLIVEIRA, 1987) que de maneira alguma está superada. Enfim, é por esta perspectiva que se pode inferir a possibilidade de uma ação social oriunda das próprias classes e com fim nelas mesmo, ou seja, autônoma.

Do cooperativismo, ao associativismo e ao comunalismo, todas estas formas de organização são estruturas da identidade autônoma das classes populares rurais de longa data, sem o estado (Kropotkin, 1970). Na relação com o estado e o capitalismo, as classes populares tiveram de construir estruturantes desta autonomia na organização dos sindicatos, para a resistência contra a exploração e à apropriação do lucro pelas classes proprietárias. O início destas organizações sindicais datam do início

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do século 19, mas tiveram sua expressão efetiva no final deste século e início do século 20, tendo gerado linha uma ideológica que ficou conhecida como sindicalismo revolucionário ou anarco-sindicalismo. No Brasil, mesmo com um desenvolvimento capitalista e industrial tardio, estas estruturantes da classe trabalhadora geraram intensa luta de classes nas áreas urbanas, com a organização de uma central sindical em 1906 (Confederação Operária Brasileira / COB) e inúmeras greves e algumas greves gerais entre 1917 e 1919 (SAMIS, 2004). Até a década de 1930, a violência, a cooptação e proibição promovidas pelo estado, conseguiram destruir a organização sindical. Somente a partir da década de 1970, os sindicatos conseguiram retomar suas lutas e formar uma outra central sindical (Central Única dos Trabalhadores / CUT), em 1983, mas com um intervalo muito pequeno de autonomia até a deturpação de sua ação pelo estado.

O espaço rural brasileiro guarda na cultura das populações indígenas remanescentes do extermínio da colonização européia e dos aldeamentos das ordens católicas e nas formas de resistência dos núcleos quilombolas algumas estruturas de organização populares autônomas. Porém, herdeiro das relações escravistas e na transição para a agricultura do café e a formação de pequenas colônias agrícolas de trabalhadores imigrantes europeus a partir do final do século 19, o espaço rural brasileiro não gerou, em paralelo, organizações que não associações e cooperativas de trabalhadores, tão logo incorporadas pelas leis do estado (Fábio Luz Filho, 1930). Os movimentos populares emergiram efetivamente apenas na década de 1950, quando da criação das Ligas Camponesas, com dispersão pelas diversas regiões do país. Em 1963 era criada uma central sindical, a Confederação Nacional dos Trabalhadores da Agricultura (CONTAG), fechada um ano mais tarde pelo regime militar. A partir da década seguinte o movimento rural, com forte arcabouço de organização de base e resistência libertária das Comissões Pastorais da Terra (CPT), recria-se em paralelo com o processo de fundação da CUT. A CONTAG, refundada nesta época, viria a ser filiada desta central, e tão logo cooptada pelo estado.

Em meados dos anos de 1990 no Brasil, assistiu-se a uma verdadeira efervescência de movimentos populares rurais, que produziram inclusive formas de manifestação política que perduram até hoje, como é o caso dos eventos anuais em torno do "Grito da Terra" e do “Grito dos Excluídos”. O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) foi a organização mais forte e integradora dos movimentos camponeses de diversas regiões do país, na luta contra as estruturas tradicionais do estado brasileiro, ou seja, o latifúndio e o monopólio dessa produção. É importante frisar que não é único na história do Brasil, contudo, representa no conjunto da história recente deste país, mais um passo na Longa Marcha dos camponeses brasileiros em sua luta cotidiana pela terra (OLIVEIRA, 2001). Na América Latina, o Exército Nacional de Libertação Zapatista (EZLN) – México –, formado nesta

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mesma época, simboliza a resistência dos movimentos camponeses indígenas pela resistência contra as expulsões de suas terras, retomada das terras e recuperação de sua cultura.

Em 1981 era fundado o Partido dos Trabalhadores (PT), que agregava boa parte dos movimentos populares que resistiam durante a ditadura. Estrategicamente eles congregavam-se sob esta legenda para estabeleceram suas lutas, ignorando as questões eleitorais.

O ano de 1988 foi o marco do encerramento do regime militar e a partir desta data o estado brasileiro cedia a algumas pressões dos movimentos sociais por direitos políticos, com a aprovação da Constituição Democrática. Os partidos políticos passavam a hegemonizar a comunicação da sociedade civil junto ao estado. A redemocratização abria a discussão sobre a participação dos diversos setores da sociedade no estado, fora via partidária, e a criação de medidas de reparação dos problemas sociais da miséria e do acesso a serviços básicos de saúde, educação, cultura e geração de renda, sendo as políticas sociais e os programas de crédito a convergência destes dois processos. Iniciativas mais recentes geraram instâncias de poder local, de deliberação e consulta, da sociedade civil chamadas conselhos gestores municipais, gestão participativa e os planos diretores (para as áreas metropolitanas).

Diante dos desafios que o sindicalismo rural enfrenta nesta época, impactos da abertura comercial, falta de crédito agrícola e queda dos preços dos principais produtos agrícolas de exportação, a incorporação e a afirmação da noção de agricultura familiar mostraram-se capaz de oferecer guarida a um conjunto de categorias sociais, como, por exemplo, assentados, arrendatários, parceiros, integrados à agroindústrias, entre outros, que não mais podiam ser confortavelmente identificados com as noções de pequenos produtores ou, simplesmente, de trabalhadores rurais (HEREDIA e PEZZA, 2006).

Atualmente, no Brasil a discussão sobre a agricultura familiar vem ganhando legitimidade, passando a ser utilizada com mais freqüência nos discursos dos movimentos populares rurais, acompanhados depois pelos órgãos governamentais e por segmentos do pensamento acadêmico, especialmente pelos estudiosos das Ciências Sociais que se ocupam da agricultura e do mundo rural (SCHNEIDER, 2003). Todavia, para além desta legitimidade frente ao estado e à universidade (ou seja, da apropriação destas bandeiras), a AF é um dos componentes da identidade das classes populares mais latentes. Da agricultura familiar, pode-se dizer, que mesmo com todas as circunstâncias e contradições às quais as classes populares estão expostas, ela é parte da estrutura da classe, identidade inata, e parte estruturante, identidade estratégica da ação dos movimentos da classe atuais.

Enfim, a via partidária e as concessões estatais tentam cooptar as classes populares e os movimentos sociais para o jogo político da conciliação de classes. Diversas pesquisas acadêmicas

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constatam a ilusão dos conselhos gestores e conferências locais para as expectativas populares, que geraram as opções desses setores pela ausência ou a deslegitimação (VILLAÇA, 2005). Mas, ao contrário do que se diz nos meios intelectuais e institucionais, não há falta de preparação, e necessidade de criação de capital social pelo estado para a colaboração das classes populares com a democracia. Na prática os movimentos sociais percebem o engodo da participação destes fóruns e afirmam a sua via autônoma como modelo para o avanço da organização popular.

Além disso, muitos movimentos populares no campo vêm incorporando às suas lutas o resgate de questões ambientais, não só contestando, no discurso, o modelo agrícola herdeiro da Revolução Verde, segundo Siliprandi (2007), como também promovendo experiências concretas de produção e comercialização de produtos orgânicos, ecológicos, etc., em geral produzidos em forma cooperativa ou associativa. Moreira (2007) e Borsatto (2007) perceberam que a incorporação de discussões provenientes da Agroecologia e das diretrizes propostas no IV Congresso do MST começam a despertar para a construção de novas práticas e experiências no campo. Contribuindo para reposicionar, em um novo patamar, as discussões sobre a relação do ser humano com a terra, para alem de uma visão centrada exclusivamente no estado, mercado e no consumo.

AGROECOLOGIA COMO ESTRATÉGIA PARA O FORTALECIMENTO DA AGRICULTURA FAMILIAR

A Agroecologia surge como potencial para a construção de estilos de agriculturas sustentáveis e se constitui em mais uma expressão sócio-política do processo de ecologização, sendo bastante positiva, pois nos faz lembrar de estilos de agricultura menos agressivos ao meio ambiente. Desta forma, capaz de proteger os recursos naturais, promover a conservação ambiental, além de ser mais durável no tempo, tentando fugir do estilo convencional de agricultura que passou a ser hegemônico a partir dos novos descobrimentos insumos químicos e biológicos e da mecânica adivindos do século XX, além disso e capaz, ainda, de promover inclusão social e proporcionam melhores condições econômicas aos agricultores (CAPORAL e COSTABEBER, 2002/2005).

Assim, o uso do termo Agroecologia nos tem trazido a idéia e a expectativa de uma nova agricultura capaz de fazer bem ao homem e ao meio ambiente. Além disto, na medida que expressa em seus princípios, mostra que para sua prática é necessário um ser humano desenvolvido e consciente,

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com atitudes de coexistência e não de exploração para com a natureza (ALTIERI, 1989), diferente da realidade “cosumo-mercado” dos outros tipos de agricultura.

Entretanto, se mostra cada vez mais evidente uma profunda confusão no uso do termo Agroecologia, não raro, tem-se confundido a Agroecologia com um modelo de agricultura e até com a oferta de produtos “limpos” ou “ecológicos”, em oposição àqueles característicos dos pacotes tecnológicos da Revolução Verde. Exemplificando, é cada vez mais comum ouvirmos frases equivocadas do tipo: “existe mercado para a Agroecologia”; “a Agroecologia produz tanto quanto a agricultura convencional”; “a Agroecologia é menos rentável que a agricultura convencional”; “a Agroecologia é um novo modelo tecnológico”. Em algumas situações, chega-se a ouvir que, “agora, a Agroecologia é uma política pública” ou “vamos fazer uma feira de Agroecologia”. Apesar da provável boa intenção do seu emprego, todas essas frases estão equivocadas, se entendermos a Agroecologia como um enfoque científico, como pode ser encontrado em Martins (2007), ou mesmo em Balem e Silveira (2007). Na verdade, essas interpretações expressam um enorme reducionismo do significado mais amplo do termo Agroecologia, mascarando sua potencialidade para apoiar processos de desenvolvimento rural sustentável.

Agroecologia não é um tipo de agricultura alternativa (CARPORAL, 2007), aliás, embora as palavras agroecológico e orgânico sejam empregadas como sinônimos, não significam a mesma coisa. É importante destacar que ser orgânico não significa ser agroecologico, o orgânico é uma das muitas alternativas agroecologicas, além de ser orgânico, é preciso se ter uma preocupação com todo o entorno, não adianta utilizar insumos orgânicos, é preciso acabar com a monocultura e rever as relações de trabalho e do meio ambiente. Segundo autores diversos, a agroecologia diferencia-se da agricultura orgânica e da agricultura sustentável por ser uma base científica, de princípios que são aplicáveis de forma orgânica, ou de outras formas, para se chegar a uma agricultura sustentável. A agricultura orgânica, entretanto é um sistema de produção caracterizado por um conjunto de técnicas que se aplicam ao princípio da agroecologia, mas que não serão ecológicas se houver substituição de insumos (ABREU e NET, 2007).

De acordo com Freire, (2006) diferente dos sistemas convencionais de produção, baseados na transferencia de tecnologias, a Agroecologia é construída e apoiada nas práticas e métodos tradicionais de manejo produtivo dos ecossistemas, que na maior parte é densenvolvido por gerações de agricultores familares. Para Canuto, (1998) a agroecologia se apresenta no Brasil como uma forma de resistência contra a devastadora onda modernizadora e contra a desapropriação completa dos agricultores. Para Costabeber e Caporal, (2003) a agroecologia deve ser entendida como como um enfoque científico (princípios, conceitos e metodologias), ou seja, uma nova ciência que estabelece as

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bases para a construção de estilos de agriculturas sustentáveis e de estratégias de desenvolvimento rural sustentável.

Assis e Romeiro, (2005) avaliaram a viabilidade de modelos agroecológicos de produção como instrumento para o desenvolvimento de agricultores familiares e verificaram que a relação entre o grau de capitalização dos agricultores e a adoção de práticas agroecológicas é aumentada à medida que se reduz o grau de capitalização, sendo menor o risco econômico da atividade agrícola dos agricultores com maior índice de adoção. E concluiram que existe um potencial positivo da utilização da agroecologia como instrumento para o desenvolvimento sustentável de agricultores familiares. Portanto a estrutura familiar de produção estabelece a necessidade de lógica diferente ao processo de desenvolvimento agrícola.

O apoio de políticas específicas voltadas para promoção de práticas agroecológicas junto aos agricultores familiares contribuirá no processo de desenvolvimento agrícola sustentável destes agricultores, principalmente no que diz respeito a questão tecnológica e de organização dos produtores. Contudo, como o próprio conceito oficial de Desenvolvimento Sustentável surge, o crescimento econômico passa a ser contrastado com a noção de sustentabilidade e se difunde a idéia de que, para ser sustentável, o desenvolvimento necessita compatibilizar crescimento econômico, distribuição da riqueza e preservação ambiental, tarefa considerada por muitos como inviável ou mesmo impossível (CMMAD, 1987 e 1992). Sob o enfoque agroecológico, a sustentabilidade deve ser estudada e proposta como sendo uma busca permanente de novos pontos de equilíbrio entre diferentes dimensões que podem ser conflitivas entre si em realidades concretas (COSTABEBER e MOYANO, 2000). Assim, a criação da linha de crédito PRONAF Agroecologia, com o objetivo de apoiar a produção agropecuária que não utiliza produtos químicos e também os agricultores que se encontram em transição para este tipo de produção (PRONAF, 2007), é de estrema importância, mas desde que o planejamento do seu uso seja, também, sustentável, e assim deve ser.

Segundo Gliessman (2001) a sustentabilidade em agroecossistemas é algo relativo, pois sua prova estará sempre no futuro. Chambers (1983) lembra que, assim, espera-se que os agricultores e camponeses se transformem nos “arquitetos e atores de seu próprio desenvolvimento”, condição indispensável para o avanço do empoderamento dos agricultores e comunidades rurais como protagonistas e decisores dos rumos dos processos de mudança social (ALTIERI, 2001).

Percebe-se que a agroecologia tem contribuído para o retorno as discussões sobre as legitimidades dos diferentes saberes e diferentes estilos de vida. Pelo que foi exposto ao longo do texto, possibilita a busca pelo desenvolvimento por outros caminhos, e, seguindo as idéias trabalhadas por Santos, Meneses e Nunes (2005), valorizando o local como espaço não apenas receptor, mas

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propulsor de mudanças. Esse procedimento pode vir a contribuir para o aumento da participação dos cidadãos nos debates sobre agricultura familiar, na medida em que o saber experiência valorizado nesse processo.

A mobilização dos agricultores em torno de organizações, associações, laços familiares, no esforço de assegurar melhorias para o agricultor, leva a que esses agricultores tenham maiores condições e oportunidades de voz e de participação no arranjo da sociedade, como já exposto anteriormente, colocando a agroecologia como uma ferramenta de transformação social no campo. Contudo, sem deixar de ressaltar, que a visão é outra, e é além do alcance dos olhos. Dos olhos da agroindústria, do mercado consumidor e do capitalismo consumista.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Observa-se que os diferentes enfoques conceituais e operativos são adotados por distintos órgãos e movimentos sociais, finalmente cabe reconhecer os enormes desafios que estão pela frente se o objetivo é fazer avançar a agricultura familiar, numa perspectiva de agriculturas e desenvolvimento rural sustentáveis. Tais desafios são muito grandes e complexos, mas não são, em absoluto, intransponíveis. Sua superação depende, primeira e principalmente, da capacidade de diálogo e de aprendizagem coletiva que se possa estabelecer entre diferentes setores da sociedade, assim como do reconhecimento de que a agricultura familiar, associada aos movimentos sociais e a agroecologia encerram não apenas abstrações teóricas e perspectivas futuristas, mas também elementos práticos atuais. Além disso, sem presente não se projeta futuro.

Soma-se a isso o fato de que muitos dos já comprovados impactos negativos causados pela agricultura agroexportadora atual ainda não aparecem como um problema na opinião pública. Pelo menos na intensidade necessária, retardando o debate e a possível tomada de consciência da sociedade, no sentido de apoiar a construção processos de desenvolvimento rural e de estilos de agricultura mais ajustados à noção de sustentabilidade. Como enfoque científico e estratégico de caráter multidisciplinar, a Agricultura Familiar apresenta a potencialidade para fazer florescer um estilo, nem um pouco novo, mas como uma filosofia atual e, como diriam os céticos, “futurista - utópica”, na qual produtores interagem em processo de desenvolvimento rural sustentável, respeitando princípios éticos de solidariedade sincrônica e diacrônica.

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Referências

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