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APLICABILIDADE DA EFICÁCIA NORMATIVA DOS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS

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Academic year: 2020

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APLICABILIDADE DA EFICÁCIA NORMATIVA DOS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS 1

Amanda Aparecida Domingos1; Sabrina Silva Lima2; Adilsen Cláudia Martinez3

RESUMO

O presente artigo se propõe desenvolver a Aplicabilidade da Eficácia Normativa dos Princípios Constitucionais, sendo uma análise pratica do artigo cientifico que trata da Eficácia Normativa dos Princípios Constitucionais, tendo o propósito de averiguando as vertentes gerais e jurídicas em casos de ausências de regras próprias que disciplinem a questão no sistema judiciário, verificando numa análise minuciosa da hermenêutica constitucional, a efetividade normativa dos seus regimentos e implicações no contexto de finalidade na concepção de Robert Alexy, atribuindo teorias e pensamentos do autor em casos concretos que seguiram a sua vertente . Assim estabelecendo um paralelo entre a lei própria e o princípio constitucional e sua força normativa objetivando uma provável aplicabilidade em uma ausência, identificando um eventual confronto entre o princípio constitucional e a norma constitucional.

Palavras Chaves: Eficácia Normativa; Aplicação dos Princípios Constitucionais; Exemplificação do Contexto

no Sistema Jurídico; Hermenêutica Constitucional; teorias e pensamentos; Robert Alexy.

ABSTRACT

This article proposes to develop the applicability of Regulatory Effectiveness of Constitutional Principles, being a practical analysis of the scientific article that deals with the regulatory effectiveness of constitutional

principles, having the purpose of checking the General and legal aspects in cases of absence of rules governing the matter in judicial system, checking in a thorough analysis of constitutional hermeneutics, regulatory effectiveness of their regiments and implications context of purpose in the design of Robert Alexy, theories and thoughts of the author in specific cases that followed your strand. So establishing a parallel between the law and the constitutional principle and your normative force aiming at a potential applicability in a absence, identifying a possible confrontation between the constitutional principle and constitutional standard.

Key Words: Regulatory Effectiveness; Application of Constitutional Principles; Examples of context in the

legal system; Constitutional Hermeneutics; theories and thoughts; Robert Alexy

SUMÁRIO

1.INTRODUÇÃO. 2. ATUAÇÃO PRÁTICA. 3. A CONCORDÂNCIA PRATICA E A HARMONIZAÇÃO DOS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS E SUA APLICAÇÃO. 4. APRECIAÇÃO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. 5. A CONCRETIZAÇÃO DOS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS. 6.APLICABILIDADE DOS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS EM JULGAMENTO DE RELEVANTE REPERCUSSÃO. 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS. 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS.

1 INTRODUÇÃO

O artigo pretende ponderar acerca da Aplicação dos Princípios Constitucionais e sua Eficácia Normativa, e compreender em casos concreto a pertinência da aplicação de um princípio

1 Projeto de pesquisa exigido pela Faculdade de Direito do Centro Universitário Braz Cubas, como requisito parcial para aprovação no 10º semestre na disciplina de Projeto Integrador X. Professora orientadora: Adilsen Claudia Martinez.

2 Graduandas do Curso de Direito pelo Centro Universitário Braz Cubas, Mogi das Cruzes/SP.

3 Mestrado em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Docente junto ao Curso de Direito do Centro Universitário Brazcubas.

Revista do Curso de Direito Brazcubas V2 N1: Dezembro de 2018

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constitucional na ausência de uma norma regulamentadora, dando continuidade na análise sendo interpretado juridicamente o sentido e o modo da efetividade. Evidenciando a problemática, a inexistência de uma lei no judiciário que efetiva a aplicabilidade de um princípio com força de lei? Nota-se que estabelece um paralelo entre a regra e o princípio, constatando que ambos são espécies de normas jurídicas.

Os aspectos que serão tratados têm como base a perspectiva do autor Robert Alexy e sua posição acerca da conceituação das regras e dos princípios e teorias de aplicação, e autores que abordam a mesma temática, elucidando aplicabilidade e efetividade normativas dos princípios e as condições peculiares para o funcionamento nos casos fáticos. Observando o artigo Eficácia Normativa dos Princípios Constitucionais e fontes que constatam a exposição do assunto com base em órgãos jurídicos. Contudo o trabalho desenvolvido salienta exteriorizar os argumentos e contexto fático sobre o assunto.

2 ATUAÇÃO PRÁTICA

Atuação prática no que concerne acerca dos princípios e regras se caracteriza pelas possibilidades reais e jurídicas do fato e as medidas de cumprimento em distintos graus de jurisdição.

Ao contrário das regras os princípios determinam efeitos instintivos. Procedendo de forma que conduz os preceitos a serem seguidos nas decisões, possibilitando a flexibilidade do mesmo, sendo fundamental prevalecer em alguns casos e omisso em outros dependendo muito na análise e pretensão jurídica almejada.

Permitindo assim a ponderação de valores dos princípios, conforme os casos fáticos a serem atribuídos a seus efeitos, analisando o que se adequa e se demonstra mais favorável a demanda especifica do caso concreto. De outro modo as regras quando pertinentes e validas sem vícios de aplicação, tem que ser executada em sua integralidade, na mesma proporção determinada expressamente com suas prescrições e limitações, respeitando o que se determina. Ensina José Joaquim Gomes Canotilho4 que:

“Permitem o balanceamento de valores e interesses (não obedecem, como as regras, à lógica do tudo ou nada), consoante o seu peso e a ponderação de outros princípios eventualmente conflitantes”.

Considerando que em qualquer que seja a situação em analise cumpre-se salientar que os princípios se efetivará nos casos de complexidade com força normativa no mérito sendo o embasamento para os argumentos que fundamentam as sentenças. Com relação as regras

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decorrem de pressupostos e aplicada de forma absoluta impondo resultados garantidos contextualmente.

Na concepção de Robert Alexy exemplifica que as regras e os princípios por possuírem formalidades distintas, enquanto as razões prima facie de argumento dos princípios são aceitas primeiramente e posteriormente verificadas, já as regras são efetivamente aplicáveis se cabíveis sem exceções sendo argumentos definitivos para o juízo concreto. Entendendo que os princípios por terem razões e caráter prima facie, tendo a possibilidade de argumentação e ponderação em juízo pode ser que determinados casos não predomine.

Em suma perceptiva notamos que os princípios são aptos a constituir efeitos e direitos subjetivos e basear decisões no âmbito jurídico em ausência de regra ou norma reguladora. 3 A CONCORDÂNCIA PRATICA E A HARMONIZAÇÃO DOS PRINCIPIOS

CONSTITUCIONAIS E SUA APLICAÇÃO.

No ordenamento jurídico em algumas hipóteses nas situações fáticas encontra-se conflitos entre bens e valores nas suas fundamentações jurídicas, proferindo a ponderação como solução aplicando a que mais favorece a todos os direitos expostos evitando o prejuízo total ou de alguns pedidos iniciais.

A designação da concordância prática procede do entendimento de que somente há possibilidade de solução ou ponderação entre bens e valores envolvidos na lide no momento se dá na aplicação em tese do direito ao caso concreto, submetendo ao Poder Judiciário a decisão da resolução do mérito.

No tocante aos eventuais conflitos que possam ocorrer entre os princípios e os efeitos da ponderação, Eros Roberto Grau5 esclarece:

“Em conseqüência, quando em confronto dois princípios, um prevalecendo sobre o outro, as regras que dão concreção ao que foi desprezado são afastadas: não se dá a sua aplicação a determinada hipótese, ainda que permaneçam integradas, validamente (isto é, dotadas de validade), no ordenamento jurídico. As regras que dão concreção ao princípio desprezado, embora permaneçam plenas de validade, perdem eficácia – isto é, efetividade – em relação à situação diante da qual o conflito entre princípios manifestou-se.

E o que torna tudo mais complexo, portanto mais belo: inexiste no sistema qualquer regra ou princípio a orientar o intérprete a propósito de qual dos princípios, no conflito entre eles estabelecido, deve ser privilegiado, qual deve ser desprezado. (...) O momento da atribuição de peso maior a um determinado princípio é extremamente rico, porque nele – desde que se esteja a perseguir a definição de uma das soluções corretas, no elenco das possíveis soluções corretas a que a interpretação jurídica pode conduzir – pondera-se o direito em seu todo, desde o texto da Constituição aos mais singelos atos normativos, como totalidade. Variáveis múltiplas, de fato – as circunstâncias peculiares do problema considerado – e jurídicas – linguísticas, 5 GRAU, Eros Roberto. Ensaio e discurso sobre interpretação/aplicação do direito. p. 53-54.

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sistêmicas e funcionais -, são então descortinadas. E, paradoxalmente, é precisamente o fato de o intérprete estar vinculado, retido, pelos princípios que torna mais criativa a prudência que pratica”.

Doutrinalmente o método interpretativo exemplificado e analisado tem sido aplicado no Poder Judiciário pretendendo pacificar os entendimentos, elucidando tal pratica o acórdão proferido no julgamento do Recurso Extraordinário 363889/DF, de relatoria do Ministro Dias Toffoli6

menciona:

“RECURSO EXTRAORDINÁRIO. DIREITO PROCESSUAL CIVIL E CONSTITUCIONAL. REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA. AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE DECLARADA EXTINTA, COM FUNDAMENTO EM COISA JULGADA, EM RAZÃO DA EXISTÊNCIA DE ANTERIOR DEMANDA EM QUE NÃO FOI POSSÍVEL A REALIZAÇÃO DE EXAME DE DNA, POR SER O AUTOR BENEFICÁRIO DA JUSTIÇA GRATUITA E POR NÃO TER O ESTADO PROVIDENCIADO A SUA REALIZAÇÃO. REPROPOSITURA DA AÇÃO. POSSIBILIDADE, EM RESPEITO À PREVALÊNCIA DO DIREITO FUNDAMENTAL À BUSCA DA IDENTIDADE GENÉTICA DO SER, COMO EMANAÇÃO DE SEU DIREITO DE PERSONALIDADE.

1. É dotada de repercussão geral a matéria atinente à possibilidade da repropositura de ação de investigação de paternidade, quando anterior demanda idêntica, entre as mesmas partes, foi julgada improcedente, por falta de provas, em razão da parte interessada não dispor de condições econômicas para realizar o exame de DNA e o Estado não ter custeado a produção dessa prova. 2. Deve ser relativizada a coisa julgada estabelecida em ações de investigação de paternidade em que não foi possível determinar-se a efetiva existência de vínculo genético a unir as partes, em decorrência da não realização do exame de DNA, meio de prova que pode fornecer segurança quase absoluta quanto à existência de tal vínculo. 3. Não devem ser impostos óbices de natureza processual ao exercício do direito fundamental à busca da identidade genética, como natural emanação do direito de personalidade de um ser, de forma a tornar-se igualmente efetivo o direito à igualdade entre os filhos, inclusive de qualificações, bem assim o princípio da paternidade

responsável. 4. Hipótese em que não há disputa de paternidade de cunho

biológico, em confronto com outra, de cunho afetivo. Busca-se o reconhecimento de paternidade com relação a pessoa identificada. 5. Recursos extraordinários conhecidos e providos”[42].

Como salientado no acordão anteriormente exposto nota-se a relevância da interpretação constitucional e do contexto social atual em que a sociedade se encontra, para ponderar, solucionar e harmonizar adequadamente a demanda da lide. Destacando princípios como da dignidade da pessoa humana e da paternidade para resguardar e fundamentar a pretensão jurisdicional.

6 STF, RE 363889/DF, Pleno, Rel Min. Dias Toffoli, v. u., j. 02/06/2011, DJe 16/12/2011. Ainda sobre o

princípio interpretativo ora estudado, vide: STF, ADPF 130/DF, Pleno, Rel. Min. Carlos Britto, m. v., j.

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4 APRECIAÇÃO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

Analisando as teorias do autor Robert Alexy nos deparamos com a lei de colisão, já visto neste estudo, aplicada em casos de conflitos, se fazendo necessário a análise da proporcionalidade e ponderação entre os dois direitos ou princípios colidentes.

Podemos exemplificar a execução desse preceito na Lei de Anistia, onde foi imprescindível a adequação, tendo em vista o indicio de ambos os fatores para ponderação tanto de princípios quanto de direitos.

A lei de Anistia com intuito de promover o acordo político mantendo a segurança jurídica da ordem social, econômica e constitucional. Anistia foi concedida a todos os presos políticos e eleitorais concedendo eles o direito do retorno a vida partidária e sua filiação a partidos políticos, desde que estes estejam legalmente constituído.

No entanto a lei em análise foi objeto de Arguição de descumprimento de Preceito Fundamental – ADPF 153, no qual o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil – OAB propões objetivando a declaração de não-recebimento, pela Constituição do Brasil de 1988, pois a concessão da anistia se delimitava a todos que, em determinado período, cometeram crimes políticos estender-se-ia, segundo esse preceito, aos crimes conexos crimes de qualquer natureza relacionados com crimes políticos ou praticados por motivação política. Ao Contrário do entendimento do STF a lei restringindo o direito fundamental a isonomia em matéria de segurança jurídica e o direito da dignidade da pessoa humana, ofendendo os preceitos fundamentais, sendo benéfica a autores de crimes que em a Constituição Federal em seu artigo 5° inciso XLIII trata como insuscetíveis a anistia.

Bem como viola a garantia ao princípio da dignidade da pessoa humana, pois o Estado de Direito se absteve em garantir a satisfação de tal princípio em favor das vítimas dos crimes, se mantendo inerte para tal situação.

Sendo salientado a manutenção da constitucionalidade da lei para impulsionar o preceito fundamental da segurança jurídica, que provem para garantir aos cidadãos os seus direitos naturais – direito à liberdade, à vida, à propriedade, entre outro, esclarece José Joaquim Gomes Canotilho7:

“A dura bilidade e permanência da própria ordem jurídica, da paz jurídicosocial e das situações jurídicas”, sendo que outra “garantística jurídico-subjectiva dos cidadãos legitima a confiança na permanência das respectivas situações jurídicas.”

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No entanto para o Conselho Federal da OAB, sustentava que havia um desrespeito ao princípio da irretroatividade da lei penal mais gravosa, previsto no artigo 5º, inciso XL da Constituição Federal, como exemplifica Rodrigo César Rebello Pinho8:

Princípio da irretroatividade da lei penal mais gravosa (inciso XL). A lei penal, em regra, não retroage, salvo para beneficiar o réu. Essa garantia vem exposta no art. 2° do Código Penal. A retroatividade da lei penal mais benéfica é absoluta, desconstituindo, inclusive, condenações já transitadas em julgado. Trata-se de uma das garantias materiais decorrentes do direito de segurança em matéria jurídica. (PINHO, 2009, p. 117 e 120).

Desta forma a possibilidade da aplicação da proporcionalidade em sentido estrito como sistematizada por Alexy, um sopesamento, ponderação ou balanceamento entre a relevância da segurança jurídica no tocante ao princípio da irretroatividade da lei penal mais gravosa –e a gravidade da restrição aos direitos fundamentais da isonomia e da dignidade da pessoa humana.

Alexy9 instrui acerca desta questão da impossibilidade da existência de uma precedência

incondicionada de um determinado princípio em relação aos demais:

Uma descrição mais inequívoca de uma colisão entre princípios dificilmente seria possível. Duas normas levam, se isoladamente consideradas, a resultados contraditórios entre si. Nenhuma delas é inválida, nenhuma tem precedência absoluta sobre a outra. O que vale depende da forma como será decidida a precedência entre elas sob a luz do caso concreto. É necessário notar, neste ponto, que à já mencionada variedade de formas de se denominar os objetos do sopesamento deverá ser acrescentada mais uma, a dos “valores constitucionais”. (Alexy, 2008, p. 100/101).

Conforme Robert Alexy, não existe a aplicabilidade de e um princípio sobre os demais, porem a procedência condicionada a determinada situação, sendo revelada por intermédio da ponderação entre os princípios colidentes no caso concreto.

Neste presente caso, é notaria relevância o interesse de impedir uma grave restrição aos preceitos fundamentais da isonomia e da dignidade da pessoa humana do que resguardar o princípio da irretroatividade da lei penal mais gravosa, de modo que garanta a segurança jurídica.

Conforme defende Thomas da Rosa de Bustamante10, não podemos desconsiderar dois

aspectos da ponderação, levando em conta, a possibilidade de interação entre princípios, quanto a determinação do peso abstrato dos princípios:

O fato de haver dois princípios colaborando para uma mesma conclusão não nos autoriza a concluir que os pesos relativos de cada um deles possam ser simplesmente adicionados, pois há diferentes tipos de integração entre princípios jurídicos, cada 8PINHO, Rodrigo César Rebello. Teoria geral da constituição e direitos fundamentais, p. 117 ; 120.

9ALEXY, Robert. Teoria dos Direitos Fundamentais. Tradução de Virgílio Afonso da Silva, p. 100;101. 10 BUSTAMANTE, Thomas da Rosa de. Teoria do Direito e Decisão Racional. Temas de Teoria da

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uma gerando razões com pesos variáveis para a justificação da decisão. Essas diferentes espécies de interação – que vão desde o denominado emprego cumulativo de argumentos simples (meramente coincidentes) até a construção de cadeias argumentativas (em que os argumentos e princípios, sobre caminharem no mesmo sentido, reforçam-se mutuamente) – precisam ser mais bem categorizadas, pois é possível que o reforço recíproco (reinforcing effect) entre esses princípios varie substancialmente (MacCormick-Summers, 1991, p. 527). A fim de configurar a fórmula de ponderação aos casos de interação entre princípios jurídicos é necessário, portanto, estabelecer critérios para determinar o peso em conjunto desses princípios; só então, depois de determinado esse peso em conjunto (ou seja, o peso que os princípios interagentes revelam quando contrapostos a um terceiro princípio), é que se deverá inseri-lo na fórmula de ponderação, comparando com o peso do princípio que atua em sentido contrário.

Considerando analise dos pesos relativos dos princípios mencionados da dignidade da pessoa humana e isonomia em paralelo com o princípio da segurança jurídica e a interação entre eles, decorre ofendidos pela Lei de Anistia no caso abordado.

5. A CONCRETIZAÇÃO DOS PRINCIPIOS CONSTITUCIONAIS.

Nos deparamos com uma indagação preocupante atualmente na sociedade, a aplicabilidade ou a concretização dos princípios regentes pátrios e os direitos constitucionais garantidos a população.

A ausência ou inexistência da lei pode sim ser amparada por princípios e essas lacunas serem supridas. No entanto a omissão da efetividade das normas e princípios constitucionais acarretam objetivamente no comprometimento da credibilidade da constituição. Ingo Wolfgang Sarlet11 argumenta acerca:

“A vida, a dignidade da pessoa humana, as liberdades mais elementares continuam sendo espezinhadas, mesmo que disponhamos, ao menos no direito pátrio, de todo um arcabouço de instrumentos jurídico-processuais e garantias constitucionais. O problema da efetividade é, portanto, algo comum a todos os direitos de todas as dimensões”.

A efetividade das normas e princípios constitucionais para sua garantia é tema e decisão do RE 393175/RS do Supremo Tribunal Federal – STF12 que teve por relator o Ministro CELSO

DE MELLO que conclui:

“Não basta, portanto, que o Estado meramente proclame o reconhecimento formal de um direito. Torna-se essencial que, para além da simples declaração constitucional desse direito, seja ele integralmente respeitado e plenamente garantido, especialmente naqueles casos em que o direito como o direito à saúde -se qualifica como prerrogativa jurídica de que decorre o poder do cidadão de exigir, do Estado, a implementação de prestações positivas impostas pelo próprio ordenamento constitucional.

11 SARLET, Ingo Wolfgang. A Eficácia dos Direitos Fundamentais, p. 152 12SARLET, Ingo Wolfgang. A Eficácia dos Direitos Fundamentais. cit, p. 65.

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Enfatizando o trecho do Informativo N° 41413 da mesma decisão a força normativa dos

princípios constitucionais e sua eficácia plena, aplicados nos casos concretos protegendo os direitos individuas e sócias e resultando na materialização da sua pretensão jurídica.

“A INTERPRETAÇÃO DA NORMA PROGRAMÁTICA NÃO PODE

TRANSFORMÁ-LA EM PROMESSA CONSTITUCIONAL

INCONSEQÜENTE (grifos no original) - O caráter programático da regra inscrita

no art. 196 da Carta Política - que tem por destinatários todos os entes políticos que compõem, no plano institucional, a organização federativa do Estado brasileiro - não pode converter-se em promessa constitucional inconseqüente, sob pena de o Poder Público, fraudando justas expectativas nele depositadas pela coletividade, substituir, de maneira ilegítima, o cumprimento de seu impostergável dever, por um gesto irresponsável de infidelidade governamental ao que determina a própria Lei Fundamental do Estado.”

Tomando por base esse entendimento jurisprudencial temos que reconhecer a vinculação constitucional do legislador, da administração em geral e do particular aos ditames constitucionais, sobretudo aqueles que prescrevem direitos individuais e sociais. Mais do que isso, é preciso que se estabeleçam garantias efetivas de aplicabilidade a fim de que tais direitos se materializem.

Embora existam gradações entre os efeitos dos preceitos constitucionais, todos eles têm uma eficácia mínima, já que servem, ao menos, para: 1) a interpretação e integração do ordenamento jurídico; 2) vinculam o legislador e a administração que não podem agir contra seus preceitos; e, 3) acarreta a não recepção do direito anterior incompatível.

Dessa Forma o Estado ao se deparar com essas ausências e lacunas responsabiliza o Poder judiciário para inserção positiva e imediata não só de medidas mas de entendimentos que reconheçam e amparem efetividade dos direitos e princípios arguidos em casos fáticos. 6 APLICABILIDADE DOS PRINCIPIOS CONSTITUCIONAIS EM JULGAMENTO DE RELEVANTE REPERCUSSÃO

Analisaremos a efetividade dos princípios em julgamentos de casos fáticos de relevante repercussão, tratando de exemplos que adotaram a teoria dos frutos da arvore envenenada e a produção de provas obtidas por meios ilícitos, observando a aplicação dos princípios nas decisões.

OPERAÇÃO SATIAGRAHA

Essa investigação da Polícia Federal adveio do combate ao desvio de verbas públicas, a corrupção e a lavagem de dinheiro, resultando na prisão infratores que faziam parte do sistema, como banqueiro, investidores e diretores de bancos. Sendo instaurado o Inquérito Policial, os supostos autores do delito em busca da proteção dos seus direitos impetram Habeas Corpus n°149.250 –SP.

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Ao analisarmos o Habeas Corpus n°149.250 –SP, notamos que o voto do relator e dos ministros se baseiam nos princípios e garantia constitucionais. Contestando o que os impetrantes alegaram no HC e concedendo o que era pertinente para o caso fático, como demostrado por um dos relatores que campara a anulabilidade de uma das provas por conter irregularidade embasando-se no princípio da vedação das provas ilícita

Com base na teoria ponderação e da teoria dos frutos da árvore envenenada, o caso concreto trata –se dá derivação das provas ilícitas como analisado foi fundamentado nos princípios da legalidade e da vedação das provas ilícitas, o ministro relator manteve-se fiel a constituição e a lei penal e com o posicionamento neutro aplicando o princípio da impessoalidade.

OPERAÇÃO BOI BARRICA OU FAKTOR

Comanda pela Policia Federal essa investigação foi com intuito de esclarecer as atípicas movimentações bancarias realizadas no Conselho de Controle de Atividades Financeira – COAF, criado a partir da lei n° 9.613/88 sendo um órgão administrativo brasileiro que tem ligações ao empresário Fernando Sarney e outros.

Instaurado um inquérito investigativo a fim de investigar possíveis práticas de crime contra a ordem tributária, tendo em vista suspeitas de tal ato ocorreram posteriores as datas de eleições.

Impetrado Habeas Corpus nº 191.378, observa-se a aplicabilidade de alguns princípios e garantias constitucional alegadas pelos relatores que fundamentaram seus votos.

Constando à utilização do princípio da motivação das decisões judiciais, descrito no artigo 93,inciso IX da Constituição Federal. “Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade (...)”. E também a observância da garantia do Contraditório e da Ampla Defesa.

Diante do mencionado, foi declarada ilícito a quebra de sigilo bancário, fiscal e de dados telefônicos, assim, todas as provas advindas por meio delas serão excluídas dos autos do processo.

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nesse contexto contemporâneo o ordenamento jurídico caracterizado pelas diversas demandas e litígios e alguns aspectos inexistentes para pleitear os direitos, os princípios são reconhecidos com força normativo, possibilitando reaproximar o direito e os valores que os contém.

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Os princípios, pilares essenciais para o ordenamento tem os seus valores tutelados pelo direito, permitindo solucionar conflitos não expressos no ordenamento bem como garantir direitos basilares e princípios não explícitos.

Robert Alexy salienta em sua obra as funções dos princípios e os valores atribuídos, os casos que haverá a aplicação da ponderação e do balanceamento do peso e a dimensão do objeto da demanda.

Deste modo, diante da exemplificação da análise da apreciação da constitucionalidade e aplicabilidade dos princípios alcançaram relevância no ordenamento jurídico e se tornando, cada vez mais, aplicáveis no exercício da atividade jurisdicional, que passa apreciar o exercício do Direito, sendo não só complemento mas fundamentando a pretensão jurídica, incorporando princípios, valores, sem desconsiderar a realidade social e o caso fático.

8 REFERÊNCIAS

ALEXY, Robert. Teoria dos Direitos Fundamentais. Tradução de Virgílio Afonso da Silva. São Paulo: Malheiros, 2008.

ÁVILA, Humberto, Teoria dos Princípios, 10°ed. Malhairos.2009

BUSTAMANTE, Thomas da Rosa de. Teoria do Direito e Decisão Racional. Temas de Teoria da Argumentação Jurídica. Rio de Janeiro: Renovar, 2008.

CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito constitucional. 5. ed. rev. atual. Coimbra: Almedina, 1992.

GRAU, Eros Roberto. Ensaio e discurso sobre interpretação/aplicação do direito. 5ª ed. São Paulo: Malheiros, 2009

PINHO, Rodrigo César Rebello. Teoria geral da constituição e direitos fundamentais. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2009. xviii, 208 p. (Sinopses jurídicas ; 17) ISBN

9788502023543 (Obra comp (Número de Chamada: 341.2 B28).

SARLET, Ingo Wolfgang. A Eficácia dos Direitos Fundamentais. 7ª. ed., Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2007, p. 152.

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