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Indústria Transformadora em Timor-Leste: uma proposta para um setor industrial

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Academic year: 2020

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Baptista Pascoal Freitas Correia

Indústria Transformadora em Timor-Leste:

uma proposta para um setor industrial

Baptista Pascoal Freitas Correia

Indús tr ia T ransf or mador a em T imor -Les te: uma pr opos ta par a um se tor indus tr ial

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Dissertação de Mestrado

Mestrado em Engenharia Industrial

Trabalho efectuado sob a orientação de

Professora Doutora Filipa Dionísio Vieira

Professora Doutora Cristina S. Rodrigues

Baptista Pascoal Freitas Correia

Indústria Transformadora em Timor-Leste:

uma proposta para um setor industrial

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Durante o mestrado, tive ocasião de perceber que uma dissertação, apesar de ser um processo solitário a que qualquer investigador está destinado, reúne contributos de várias pessoas. Desde o início tive o apoio de inúmeras pessoas e de instituições, e sem estes contributos, este trabalho não teria sido possível.

À Professora Doutora Filipa Dionísio Vieira e à Professora Doutora Cristina S. Rodrigues, orientadoras da dissertação, agradeço o apoio, a partilha do saber e as valiosas contribuições para este trabalho. Acima de tudo, obrigado por me continuarem a acompanhar nesta jornada e por estimularem o meu interesse pelo conhecimento e pela vida académica.

Agradeço ao Ministério da Educação de Timor-Leste, através da Universidade Nacional de Timor-Leste (UNTL), a bolsa de estudo concedida aos docentes da UNTL que me permitiu frequentar o curso de mestrado em Portugal.

Agradeço ao Senhor Engenheiro Adelino Abreu, a disponibilidade por me mostrar como funciona uma empresa de injeção de plástico.

Agradeço ao Ministério do Comércio, Indústria e Ambiente (MCIA) por autorizar o meu trabalho de pesquisa no departamento de Licenciamento de Negócios (Srª. Natalina da Costa e ao diretor Cooperativo Sr. Lobato Fernandes).

Agradeço ao Ministério das Finanças por me apoiar na pesquisa realizada na: Direcção Nacional de Orçamento ou Direcção Nacional de Recursos Humanos e Alfândega Aduaneira (Francisca Maria do Rego, Diretora, e Francisco Gonçalves, documentação e membros) e agradeço ao Serviço de Registo e Verificação Empresarial (SERVE) (Srª. Ana Jeanie Araújo Magno de Corte-Real, documentário, Sr. Jacinto de Brito, Direcção Nacional Imposto Doméstico).

Agradeço à Secretaria de Estado de Formação Profissional e Emprego (SEFOPE) (Srª. Maria do Rego Amaral, documentário; Sr. Frederico Pereira de Matos, Financiamento), e ao Ministério das Obras Pública e Terras.

Agradeço aos Professores Doutores José Telhada e Dinis Carvalho, respetivamente Diretor e Ex Diretor do Curso de Mestrado de Engenharia Industrial, a todos os docentes

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e funcionários do Departamento de Produção e Sistemas da Universidade do Minho (UMinho), em particular à Ana Rita, pela ajuda e disponibilidade demonstrada.

Um agradecimento especial ao Magnifico Professor Doutor Luís Alfredo Martins Amaral, Coordenador do Projeto de Formação Docentes da Universidade Nacional Timor Lorosa’e (UNTL) na Universidade do Minho, ao Magnifico Professor Doutor Aurélio Guterres e ao Professor Doutor Francisco Martins Maia, Ex Reitor e Reitor da Universidade Nacional Timor Lorosa’e (UNTL) e ao senhor Tony Lavender, elemento de ligação no Protocolo entre a UMinho e a UNTL. E agradeço à Pró-reitora dos assuntos de Cooperação, Engenheira Lígia Tomas Correia, ao Ex Decano e Decano de Engenharia, Engenheiro Gabriel António de Sá e Engenheiro Mariano Renato Monteiro e a todos os Docentes e Funcionários da UNTL, o apoio nas pesquisas realizadas em Díli, Timor Leste.

Também estou muito grato a todos os meus familiares pelo incentivo recebido ao longo destes anos.

Por fim, um agradecimento especial aos médicos portugueses que durante a minha doença me ajudaram e incentivaram a recuperar.

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À minha esposa Marta da Conceição Soares.

Aos meus filhos: Crisanto Dovinsio Pascoal Ribas, Avenivia Sedro Pascoal Ribas, Maria Imaculada Pascoal Ribas, Evaldinha da Conceição Pascoal Ribas e Bendita Crisencia Pascoal Ribas.

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Timor-Leste tornou-se independente em 20 de maio de 2002, depois de 450 anos sob o domínio português e seguido por 24 anos de ocupação indonésia. Devido ao facto de ser um país recente, Timor-Leste tem enfrentado muitos desafios no seu desenvolvimento. Um dos desafios está relacionado com as reduzidas oportunidades de trabalho para a sua população jovem e em crescimento. Tradicionalmente, Timor-Leste tem sido, em grande medida, uma economia assente na agricultura de subsistência, com uma população rural dispersa e que vive perto da linha de pobreza, geralmente considerado como um dos países mais pobres do mundo. Como em todos os outros países, os meios de subsistência dos timorenses dependem de um ambiente saudável e produtivo. Agora como um país independente, Timor-Leste, e com base na sua história, está a explorar formas pelas quais pode aproveitar o seu capital social, cultural, económico e natural para alcançar um futuro sustentável e equitativo.

Sabe-se, que a indústria constitui o motor do desenvolvimento de uma dada economia. Assim, importa estimular o aparecimento de novas indústrias, novos empresários e novas empresas como meio de apoiar e de aproveitar a melhoria de produtividade, criando novas possibilidades de emprego e de desenvolvimento económico, à semelhança do que foi feito pelos países asiáticos vizinhos. O presente trabalho de investigação, que utiliza como metodologia o estudo de caso, pretende contribuir para o desenvolvimento industrial de Timor-Leste no sentido de apoiar as metas de crescimento definidas pelo Plano Estratégico de Desenvolvimento de Timor-Leste 2011-2030. Mais especificamente procurar-se-á desenvolver uma proposta de implementação de uma unidade industrial em Timor-Leste.

Assim, foi escolhido o setor da produção de plásticos por injeção devido ao crescimento de importação destes produtos, à simplicidade do processo produtivo e à localização geográfica de Timor-Leste na Ásia que se traduz numa importante vantagem no acesso a máquinas, equipamentos e matérias-primas, que podem ser fornecidos pelos países asiáticos vizinhos, como a China ou a própria Indonésia. Também foi possível a compilação de um conjunto de perguntas mais frequentes e respetivas respostas, com o objetivo de facilitar o processo de implementação de uma unidade industrial em Timor-Leste.

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East Timor became independent on May 20, 2002, after 450 years under Portuguese rule and followed by 24 years of Indonesian occupation. Being a young country, Timor-Leste has been facing several challenges in its development. One of the challenges is related to the reduced job opportunities for its young and growing population. Traditionally, Timor-Leste has been an economy based on subsistence agriculture, with a significant rural population and living near the poverty line, generally regarded as one of the poorest countries in the world. The future and the livelihoods of the Timorese people depend on a healthy and productive environment in the country. As an independent country, Timor-Leste is exploring different strategies to take advantage of the country's capital (social, cultural, economic and natural) and to achieve a sustainable and equitable future for all. It is known that the industry is driving the development of a given economy. It is therefore necessary to stimulate the emergence of new industries, new entrepreneurs and new companies as a means of support and to take advantage of improving productivity, creating new job opportunities and economic development, similar to what was done by neighboring Asian countries. This research work, using methodology as the case study aims to contribute to the industrial development of East Timor to support the growth targets set by the Strategic Plan for Development of East Timor from 2011 to 2030. More specifically it will try to develop a proposal for implementation of an industrial unit in East Timor.

The production of plastic injection sector was chosen due to import growth of those products, the simplicity of the production process and geographical location of East Timor in Asia. This last reason translates into a significant advantage in access to machinery, equipment and raw materials, which can be provided by neighboring Asian countries such as China or Indonesia. It was also possible to compile a set of frequently asked questions and respective answers, in order to facilitate the implementation process of an industrial unit in East Timor.

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Agradecimentos ... iii

Resumo ... vii

Abstract ... ix

Índice ... xi

Índice de Figuras ... xiii

Índice de Tabelas ... xv

Lista de Abreviaturas, Siglas e Acrónimos ... xvii

Introdução ... 1

1. Enquadramento ... 1

2. Objetivos ... 3

3. Estrutura da Dissertação ... 3

1. Timor-Leste: o país em números ... 5

Breve contextualização histórica ... 5

Indicadores políticos e demográficos ... 10

Indicadores de desenvolvimento económico ... 12

Timor-Leste e as Trocas comerciais ... 14

Síntese ... 19

2. Indústria e desenvolvimento económico ... 21

Importância da indústria no desenvolvimento económico ... 21

Exemplos de países Asiáticos que beneficiaram da industrialização ... 22

Timor-Leste e as políticas de desenvolvimento económico ... 25

Importância da indústria para Timor-Leste ... 27

Síntese ... 29

3. Metodologia de Investigação ... 31

Objetivos ... 31

Estudo de Caso ... 31

4. Projeto de investimento: diagnóstico das condições existentes para investimento . 35 Medidas do Governo para aumentar a iniciativa privada ... 35

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Condicionantes do ambiente de negócios: visão do Banco Mundial ... 40

Condicionantes do ambiente de negócios: visão da Associação Industrial Portuguesa ... 42

Síntese ... 43

5. Projeto de investimento: Implementação de uma unidade industrial ... 45

Decisão do Processo produtivo... 45

Processo produtivo do Plástico com sistema de injeção ... 46

Componentes de uma máquina de injeção ... 48

Exemplos de produtos de plástico ... 52

Perguntas frequentes para a implementação de uma unidade industrial ... 53

Síntese ... 55

Conclusões ... 57

Referências Bibliográficas ... 59

Anexos ... 61

Anexo I - Tipo de Registo de Sociedade Comercial ... 63

Anexo II – Pedido de Licenciamento Comercial ... 67

Anexo III – Tabelas salariais de referência para o setor privado (Fonte: Inspeção Geral do Trabalho) ... 71

Anexo IV - Eletricidade de Timor-Leste: tarifário em vigor a partir de 1 de agosto de 2010 ... 77

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Figura 1: Mapa da Ilha de Timor (Fonte: www.mapsofworld.com) ... 5

Figura 2: Distritos administrativos de Timor Leste (Fonte: www.mapsofworld.com) .. 10

Figura 3: Crescimento anual do PIB de Timor-Leste, 2008 – 2012 (Fonte: AIP, 2014) 13 Figura 4: Contributo % dos Setores de atividade no PIB de Timor-Leste, 2010 – 2014 (Fonte: BCTL, 2014) ... 14

Figura 5: Principais produtos importados por Timor-Leste em 2012 (Fonte: AIP, 2014) ... 15

Figura 6: Comércio externo de Timor-Leste, 2011 – 2014 (Fonte: BCTL, 2014) ... 17

Figura 7: Exportação de café e outros produtos, 2009 -2013 (Fonte: DGE, 2013) ... 18

Figura 8: Principais obstáculos para o ambiente de negócio (Fonte: World Bank, 2009) ... 41

Figura 9: Obstáculos para o ambiente de negócio por dimensão da empresa (Fonte: World Bank, 2009) ... 41

Figura 10: Grânulos de plástico ... 47

Figura 11: Exemplo de um molde para injeção de plástico ... 47

Figura 12: Princípio de uma máquina de injeção de plástico ... 48

Figura 13: Funil de alimentação com secador ... 49

Figura 14: Painel de controlo da máquina de injeção ... 51

Figura 15: Posto individual de trabalho ... 52

Figura 16: Exemplos de produtos de plástico ... 52

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Tabela 1 - Divisão das estruturas administrativas de Timor-Leste (Fonte: DNE, 2011; 2012) ... 11 Tabela 2 - Emprego em Timor-Leste por setor de atividade (Fonte: RTDL, 2010) ... 12 Tabela 3 - Timor-Leste: Importações por tipo de produtos 2011 – 2014 (Fonte: BCTL, 2014) ... 16 Tabela 4 - Países de origem das importações de Timor-Leste em 2013 (Fonte: DGE, 2013) ... 16 Tabela 5 – Países de origem das importações de Timor-Leste, 2011-2014 (Fonte: BCTL. 2015) ... 17 Tabela 6 – Exportação de café em valor (mil USD) e volume (toneladas), 2010 – 2014 (Fonte: BCTL, 2014) ... 19 Tabela 7 – Países de destino das exportações de Timor-Leste em 2013 (Fonte: DGE, 2013) ... 19 Tabela 8 – Análise SWOT da AIP: Forças e Fraquezas (Fonte: AIP, 2014) ... 42 Tabela 9 – Análise SWOT da AIP: Oportunidades e Ameaças (Fonte: AIP, 2014) ... 43 Tabela 10 - Importação de produtos de plástico em valor (USD), 2009 – 2013 (Fonte: DGE, 2013) ... 45

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AIP Associação Industrial Portuguesa

APODETI Associação Popular Democrática Timorense

ASDT Associação Social-Democrata Timorense

ASEAN Association of Southeast Asian Nations (Associação de Nações do

Sudeste Asiático)

BAsD Banco Asiático de Desenvolvimento

BCTL Banco Central de Timor-Leste

CNRM Conselho Nacional de Resistência Maubere

CNRT Conselho Nacional de Resistência Timorense

CPLP Comunidade de Países de Língua Portuguesa

CRRN Conselho Revolucionário de Resistência Nacional

DGE Direção Geral de Estatística

DNE Direção Nacional de Estatística

EAP East Asia & Pacific (Região leste da Ásia e Pacífico)

FALINTIL Forças Armadas de Libertação de Timor-Leste

FRETILIN Frente Revolucionária de Timor-Leste Independente

GPL Gás de Petróleo Liquefeito

IADE Instituto de Apoio ao Desenvolvimento Empresarial

IDH Índice de Desenvolvimento Humano

MCIA Ministério do Comércio, Indústria e Ambiente

ONU Organização das Nações Unidas

PDD Programa de Desenvolvimento Descentralizado

PIB Produto Interno Bruto

PNB Produto Nacional Bruto

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SAIQS Serviços de Alfândega, Imigração, Quarentena e Segurança

SEFOPE Secretaria Estado de Formação Profissional e Emprego

SERVE Serviço de Registo e Verificação Empresarial

STAGE Projeto de Formação de Qualificações para Obtenção de Emprego

Remunerado

UDT União Democrática Timorense

UNAMET United Nations Mission in East Timor (Missão das Nações Unidas para

Timor-Leste)

UNTL Universidade Nacional de Timor-Leste

YEP Youth Employment Project (Programa de Promoção do Emprego entre os

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INTRODUÇÃO

1. Enquadramento

Timor-Leste tornou-se independente em 20 de maio de 2002, depois de 450 anos sob o domínio português e seguido por 24 anos de ocupação indonésia. Devido ao facto de ser um país recente, Timor-Leste tem enfrentado muitos desafios no seu desenvolvimento. Um dos desafios é a falta de recursos humanos capacitados - o estudo da mão de obra de Timor-Leste em 2010 mostra baixos níveis de estudo concluídos em todos os grupos etários e da população com mais de quinze anos, 40% não possui qualquer qualificação e outros 25% abandonaram no final do ensino primário (DNE, 2010a). Outro desafio está relacionado com as reduzidas oportunidades de trabalho para a sua população em crescimento. Em 2010 a população de Timor-Leste era de 1.066.409 habitantes e apresentava um crescimento populacional anual de 2.4%, o que significa que a população total de Timor-Leste deverá duplicar o valor de 2010 em apenas vinte e nove anos. Acrescente-se ainda que o crescimento registado é o mais elevado na região do Sudeste Asiático e Pacífico (DNE, 2010b).

A pobreza em Timor-Leste é igualmente grave, pois Timor-Leste é geralmente tido como um dos países mais pobres do mundo. Em 2002 ocupava o 162º lugar, num ranking de 182 países, de acordo com o valor de 0.42 do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) das Nações Unidas (indicador que combina resultados quanto ao rendimento, educação e saúde) (UNDP, 2002). Em 2006 ainda continuava a ser o país mais pobre da região, com um rendimento per capita de apenas 370 dólares por ano. Apesar do progresso geral evidenciado pelos indicadores de desenvolvimento humano em Timor-Leste, o país permanecia numa posição bem inferior em relação ao avanço verificado na maioria dos outros países da região, face a uma esperança de vida curta, a níveis de aprendizagem baixos e de uma grande parte da população viver abaixo do limiar da pobreza (UNDP, 2006). Em 2010, o valor do IDH de Timor-Leste subiu para 0.502, colocando-o na categoria de desenvolvimento humano médio, ocupando o 120º lugar numa lista de 169 países contidos no Relatório de Desenvolvimento Humano Global. Isto constitui uma subida de 11 lugares desde 2005. O Produto Nacional Bruto (PNB) per capita de Timor-Leste aumentou em 228% durante o mesmo período (UNDP, 2011).

Como em todos os outros países do mundo, os meios de subsistência dos timorenses dependem de um ambiente saudável e produtivo. Agora como um país independente, Timor-Leste, e com

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base na sua história, está a explorar formas pelas quais pode aproveitar o seu capital social, cultural, económico e natural para alcançar um futuro sustentável e equitativo.

Tradicionalmente, Timor-Leste tem sido, em grande medida, uma economia assente na agricultura de subsistência, com uma população rural dispersa e que vive perto da linha de pobreza. Alguns setores de colheitas, de pequena dimensão, que geram dinheiro, tais como o café, costumam dar rendimentos monetários a algumas famílias em áreas rurais, embora uma parte significativa das famílias produza apenas para consumo próprio e não disponha de fontes estáveis ou previsíveis de rendimentos monetários. Em 2010, o setor da agricultura empregava cerca de dois terços da população economicamente ativa (85% da população rural, que constitui cerca de 75% da população total). O setor da agricultura é notavelmente promissor, mas no passado tem ficado aquém das expetativas. Existe um potencial enorme em diversas áreas: colheitas de produtos alimentares básicos (milho, arroz, mandioca, café e vegetais), animais e lacticínios, colheitas para venda, produtos florestais e pescas. A maior parte das produções serve para alimentar as famílias, havendo relativamente pouco comércio. Por exemplo apenas 25% do arroz cultivado é comercializado (RTDL, 2010).

A economia do setor privado só cria atualmente cerca de 400 novos empregos formais por ano, sendo que o número de jovens, que ingressam no mercado de trabalho a cada ano, está entre os 12 000 e os 15 000. Esta disparidade está a fazer subir ainda mais o desemprego em geral, sendo que 23% da mão de obra em Díli, está desempregada e cerca de 40% das pessoas nas zonas rurais, não têm emprego. Logo, um setor privado pujante nas zonas rurais será necessário, para fomentar o desenvolvimento rural de Timor-Leste (RDTL, 2010).

O tecido industrial de Timor-Leste é caraterizado pela existência de pequenas empresas, exclusivamente orientadas para o mercado interno. Alguns exemplos: artesanato local sobretudo na área da tecelagem, trabalhos artísticos em madeira, serrações, cerâmica, pequenas unidades fabris para o descasque do arroz e para o tratamento do café e indústrias extrativas, como é o caso da extração tradicional do sal (Cabral, 2012).

Sabe-se, que o setor empresarial constitui geralmente o motor do desenvolvimento de uma dada economia. Assim, importa estimular o aparecimento de novos empresários e novas empresas como meio de apoiar e de aproveitar a melhoria de produtividade, criando novas possibilidades de emprego e de desenvolvimento económico, sendo estes um dos principais objetivos do Governo timorense que consta no seu Plano Estratégico de Desenvolvimento 2011-2030.

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2. Objetivos

O presente trabalho de investigação pretende contribuir para o desenvolvimento industrial de Timor-Leste no sentido de apoiar as metas de crescimento definidas pelo Plano Estratégico de Desenvolvimento de Timor-Leste 2011-2030. Mais especificamente procurar-se-á desenvolver uma proposta de implementação de uma unidade industrial em Timor-Leste.

3. Estrutura da Dissertação

Esta dissertação apresenta, para além da Introdução, cinco capítulos, conclusão e anexos. O Capítulo 1 apresenta uma resenha histórica e um breve resumo sobre os indicadores oficiais mais relevantes de Timor-Leste. O Capítulo 2 refere a importância da indústria para o desenvolvimento económico. O Capítulo 3 explica a metodologia de investigação utilizada no desenvolvimento deste trabalho de investigação. O Capítulo 4 apresenta o diagnóstico efetuado sobre as condições existentes para investimento em Timor-Leste. O Capítulo 5 apresenta e explica o processo produtivo escolhido e lista um conjunto de perguntas mais frequentes e respetivas respostas relativas à implementação de uma unidade industrial em Timor-Leste. Finalmente, a dissertação finaliza com a apresentação das principais conclusões obtidas no âmbito deste trabalho de investigação, bem como limitações do trabalho desenvolvido e sugestões para trabalho futuro.

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1. TIMOR-LESTE: O PAÍS EM NÚMEROS

Este capítulo apresenta uma breve resenha da história de Timor-Leste, desde a sua descoberta e colonização até à sua história mais recente como país independente, bem como alguns indicadores mais relevantes.

Breve contextualização histórica

A ilha de Timor situa-se no arquipélago de Sunda, entre a Indonésia e a Austrália. Em termos administrativos a ilha está dividida em duas partes distintas. A parte ocidental da ilha de Timor, com capital em Kupang, pertence à República da Indonésia, e a parte oriental com capital em Díli, é desde 2002 um país independente, designado por Timor-Leste (ver Figura 1).

Figura 1: Mapa da Ilha de Timor (Fonte: www.mapsofworld.com)

1.1.1 Descoberta da Ilha de Timor

Quando os primeiros mercadores e missionários portugueses aportaram na ilha de Timor em 1515, encontraram populações organizadas em pequenos estados, reunidos em duas confederações: Servião e Belos, que praticavam religiões animistas. O islamismo, cuja religião predomina na Indonésia atual, não tinha chegado a Timor, e nem o mesmo o budismo que, sobretudo no século VIII, imprimiu a sua marca em Java.

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Nos finais do século XVI chegaram a Timor os primeiros frades dominicanos portugueses, e com estes é desenvolvida uma progressiva influência religiosa, ao mesmo tempo que se é estabelecida a dominação portuguesa. A evolução cultural processou-se em sentido oposto ao que se verificou nas atuais ilhas indonésias de Java, Sumatra e nas costas de Kalimantan e de Sulawesi, onde o islamismo se estendeu cada vez mais. Em 1651, os holandeses conquistaram Kupang, no extremo oeste da ilha de Timor, e alargaram a ocupação a metade do território da ilha.

Em 1859, um tratado firmado entre Portugal e Holanda fixa a fronteira entre o Timor Português (atual Timor-Leste) e o Timor Holandês (Timor Ocidental).

1.1.2 A Segunda Guerra Mundial e as tentativas de Autodeterminação da

Administração Portuguesa

Durante a Segunda Guerra Mundial, as forças Aliadas (australianos e holandeses), reconhecendo a posição estratégica de Timor, estabeleceram posições no território tendo-se envolvido em duros confrontos com as forças japonesas. Alguns milhares de timorenses deram a vida lutando ao lado dos Aliados. Com o final da Segunda Guerra Mundial, em 1945, a Administração Portuguesa foi restaurada em Timor-Leste, e a Indonésia obteve a sua independência, passando o Timor Ocidental a fazer parte integrante do seu território.

Entre 1945 e junho de 1974, o Governo indonésio, em obediência ao Direito Internacional, afirma na Organização das Nações Unidas (ONU) e fora dela que não tinha quaisquer reivindicações territoriais sobre Timor Oriental (Leste). Ao abrigo da resolução 1514 (XV) de 14 de Dezembro de 1960, Timor-Leste foi considerado pelas Nações Unidas como um Território Não-Autónomo, sob administração portuguesa. Desde 1962 até 1973, a Assembleia Geral da ONU aprovou sucessivas resoluções, afirmando o direito à autodeterminação de Timor-Leste, tal como das restantes colónias portuguesas de então. Em Portugal o regime de Salazar (e, depois, de Marcelo Caetano), recusou-se a reconhecer esse direito, afirmando que Timor Oriental era uma província tão portuguesa como qualquer outra de Portugal Continental.

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1.1.3 Revolução em Portugal e a Descolonização de Timor

A Revolução de 25 de abril de 1974, que restaurou a democracia em Portugal, consagrou o respeito pelo direito à autodeterminação das colónias portuguesas. Visando promover o exercício desse direito, foi criada em Díli a 13 de maio daquele ano a Comissão para a Autodeterminação de Timor. O Governo português autorizou, então, a criação de partidos políticos, surgindo assim três organizações partidárias em Timor Leste: a União Democrática Timorense (UDT), que preconizava "a integração de Timor numa comunidade de língua

portuguesa"; a Associação Social-Democrata Timorense (ASDT) depois transformada em

Frente Revolucionária de Timor-Leste Independente (FRETILIN), defendia o direito à independência; e a Associação Popular Democrática Timorense (APODETI), propunha a "integração com autonomia na comunidade Indonésia" (Cabral, 2012).

Em 1975, com a dissolução do império colonial português, aumentaram os movimentos de libertação locais. Em maio de 1975, um projeto das autoridades de Lisboa foi apresentado aos principais partidos Timorenses e, depois de ouvi-los, publicou-se em 11 de julho a lei que previa a nomeação de um Alto-comissário português, e, em outubro do mesmo ano, a eleição de uma Assembleia Popular para definir o seu estatuto político. O diploma previa um período de transição de cerca de três anos.

Desde janeiro de 1975, já estava em marcha um programa local de progressiva descolonização, através de uma Reforma Administrativa, a qual levou à realização de eleições para a administração regional do Conselho de Lautém. Os resultados da primeira consulta popular puseram em evidência o reduzido apoio da APODETI, tornando-se óbvio que, por processos democráticos, os Timorenses nunca aceitariam a integração no país vizinho. Muito antes dessas eleições regionais era claro, para qualquer observador independente que visitasse o território, que a grande maioria dos Timorenses recusava totalmente a integração na Indonésia. As diferenças culturais eram uma das principais razões de fundo desta recusa.

1.1.4 Invasão da Indonésia e Resistência Timorense

Em 28 de novembro de 1975 dá-se a Proclamação unilateral da Independência de Timor-Leste pela FRETILIN e pelo primeiro Presidente da República, Francisco Xavier do Amaral, assumindo o cargo de Primeiro-Ministro Nicolau Lobato, que viria a ser o primeiro líder da Resistência Armada. Com a proclamação da Independência tem também início a guerra civil.

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A Indonésia, a pretexto de proteger os seus cidadãos em território Timorense, invade a parte Leste da ilha e rebatiza o território de Timor Timur, considerando-o a sua 27ª província. Recebeu o apoio tácito do Governo norte-americano que via a FRETILIN como uma organização de orientação marxista. Após a ocupação do território pela Indonésia, a Resistência Timorense consolida-se progressivamente, inicialmente sob a liderança da FRETILIN. Para apoiar as Forças Armadas de Libertação de Timor-Leste (FALINTIL), criadas em 20 de agosto de 1975, organiza-se a Frente Clandestina ao nível interno, e a Frente Diplomática, ao nível externo. Posteriormente, sob a liderança de Xanana Gusmão é implementada a política de Unidade Nacional, unificando os esforços de todos os setores políticos timorenses e avançando com a despartidarização das estruturas da Resistência, transformando o Conselho Revolucionário de Resistência Nacional (CRRN) em Conselho Nacional de Resistência Maubere (CNRM), mais tarde transformado em Conselho Nacional de Resistência Timorense (CNRT), que viria a liderar o processo até à independência de Timor-Leste, já sob a proteção das Nações Unidas.

Durante a ocupação do território pela Indonésia foi proibido o uso da língua portuguesa, e desencorajado o uso do tétum. O Governo pró-indonésio fez também uma censura violenta à liberdade de imprensa e restringiu o acesso de observadores internacionais ao território. Com a administração por parte do exército indonésio a tensão foi aumentando em todo o território e culminou numa guerra civil entre os apoiantes pró-indonésios e os apoiantes da FRETILIN. Verificou-se fuga e deslocação de civis para campos de refugiados nas montanhas, onde passaram fome. Aproximadamente um terço da população do país morreu durante os 24 anos de ocupação indonésia.

1.1.5 Consulta Popular – Sim à Independência

Em 1996 José Ramos-Horta e o bispo de Díli, D. Carlos Filipe Ximenes Belo, receberam o Nobel da Paz pela defesa dos direitos humanos e da independência de Timor-Leste. Em 1998, com a queda de Suharto, após o fim do "milagre económico indonésio", B. J. Habibie assumiu a presidência desse país, tendo acabado por concordar com a realização de um referendo onde a população votaria "sim" se quisesse a integração na Indonésia com autonomia, e "não" se preferisse a independência. O referendo foi realizado em 30 de agosto de 1999 e, com mais de

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90% de participação no referendo e 78,5% de votos, o Povo Timorense rejeitou a autonomia proposta pela Indonésia, escolhendo, assim, a independência formal.

Apesar disso, milícias pró-Indonésia continuaram a atuar no território, atacando inclusive a sede da United Nations Mission in East Timor (UNAMET) (os observadores das Nações Unidas) e provocando a saída do Bispo D. Carlos Filipe Ximenes Belo para a Austrália, e o asilo de Kay Rala Xanana Gusmão na embaixada inglesa em Jacarta. Os assassinatos, promovidos por milícias anti independência, armadas por membros do exército indonésio descontentes com o resultado do referendo, continuaram.

1.1.6 Solidariedade Internacional e Intervenção das Nações Unidas

A divulgação do Massacre de Santa Cruz em 1991 despertaram protestos em vários países do mundo junto às embaixadas da Indonésia, norte-americanas e britânicas, e também junto às Nações Unidas, exigindo a rápida intervenção para cessar os assassinatos. Em Portugal nunca se viram tantas manifestações populares de norte a sul do país desde o 25 de abril de 1974. Pela primeira vez também a Internet foi utilizada em massa na divulgação de campanhas pró Timor e a favor da rápida intervenção da ONU.

Finalmente a 18 de setembro de 1999 partiu um contingente de "capacetes azuis" das Nações Unidas, uma força militar internacional composta inicialmente de 2500 homens, depois aumentados para 8 mil, incluindo australianos, britânicos, franceses, italianos, malaios, norte-americanos, canadianos e outros, além de brasileiros e argentinos. A missão da força de paz, chefiada pelo brasileiro Sérgio Vieira de Mello, era a de desarmar os milicianos e auxiliar no processo de transição e na reconstrução do país.

1.1.7 Restauração da Independência em 2002

Em Portugal e em vários outros países organizaram-se campanhas para juntar donativos, víveres e livros. Aos poucos a situação foi sendo controlada, com o progressivo desarmamento das milícias e o início da reconstrução de moradias, escolas e do resto da infraestrutura. Xanana Gusmão voltou ao país, assim como outros timorenses no exílio, inclusive muitos com formação universitária. Foram realizadas eleições para a Assembleia Constituinte que elaborou a atual Constituição de Timor-Leste, que passou a vigorar no dia 20 de maio de 2002, quando

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foi devolvida a soberania ao país passando este dia a ser assinalado como Dia da Restauração da Independência.

Indicadores políticos e demográficos

Timor-Leste é uma república democrática com um presidente eleito por mandatos de 5 anos, e um parlamento nacional também eleito a cada 5 anos. A capital do país é Díli, e o país está subdividido em 13 distritos administrativos, cada um com uma capital, e que mantêm, com poucas diferenças, os limites dos 13 concelhos existentes durante os últimos anos do Timor Português (ver Figura 2).

Figura 2: Distritos administrativos de Timor Leste (Fonte: www.mapsofworld.com)

Os 13 distritos estão organizados em 65 subdistritos (equivalente a municípios), em 442 sucos (subdivisões administrativas semelhantes às freguesias) e ainda em 2 225 aldeias (DNE, 2011; 2012) (Ver Tabela 1).

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Tabela 1 - Divisão das estruturas administrativas de Timor-Leste (Fonte: DNE, 2011; 2012)

Distrito Capital Área

(Km2)

Nº-Subdistritos Nº. Sucos Nº. Aldeias

Aileu Aileu 676 4 31 135 Ainaro Ainaro 870 4 21 131 Baucau Baucau 1 508 6 59 281 Bobonaro Maliana 1 381 6 50 194 Covalima Suai 1 207 7 30 148 Díli Díli 368 6 31 241 Ermera Gleno 771 5 52 277 Lautém Lospalos 1 813 5 34 151 Liquiçá Liquiçá 551 3 23 134 Manatuto Manatuto 1 786 6 29 99 Manufahi Same 1 327 4 29 137

Oe-Cusse (Oecussi) Pante Macassar

817 4 18 63

Viqueque Viqueque 1 880 5 35 234

As áreas urbanas mais populares são Díli, Baucau e Maliana (Bobonaro). Por sua vez os distritos mais populosos são Díli, Ermera e Baucau. Em 2010, a população de Timor-Leste era de 1 066 409 habitantes e apresentava um crescimento populacional anual de 2.4%, o que significa que a população total de Timor-Leste deverá duplicar o valor de 2010 em apenas vinte e nove anos. O crescimento registado é o mais elevado na região do Sudeste Asiático e Pacífico (DNE, 2010b).

Em 2004, apenas 25.9% da população timorense vivia nos centros urbanos e, em 2010, o valor aumentou para 29.6%. Assim, a maioria da população timorense vive em zonas rurais, apesar de ter havido um pequeno acréscimo da população urbana entre os anos de 2004 e 2010. Devido à elevada taxa de natalidade e à baixa esperança de vida, 54% da população rural timorense têm menos de 19 anos de idade. No entanto, da população com mais de quinze anos, 40% não possui qualquer qualificação e outros 25% abandonaram no final do ensino primário (DNE, 2010c).

O emprego concentra-se essencialmente nas atividades ligadas à agricultura, pesca e silvicultura. Todos os outros setores são marginais, como por exemplo o industrial, com alguns negócios de pequena dimensão e ainda muito artesanais (ver Tabela 2).

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Tabela 2 - Emprego em Timor-Leste por setor de atividade (Fonte: RTDL, 2010)

Setor de atividade Emprego (em %)

Agricultura, pesca e silvicultura 78 Administração pública, educação, saúde, serviços

sociais e de defesa

6

Agências das Nações Unidas e missão diplomática

4

Venda por grosso, retalho, hotéis, restaurantes e cafés

4

Indústrias caseiras (Home industries) 3 Finanças, imobiliário, transporte, armazenagem e

comunicações

2

Atividade não especificada 2 Mineração, petróleo, fabricação, construção,

eletricidade

1

Devido à natureza de subsistência da atividade agrícola nas zonas rurais, a maior parte dos habitantes, com empregos remunerados, trabalha para o Governo – como professores, profissionais de saúde, e outros. De acordo com o Censos de 2010, 68% da população, com empregos remunerados nas zonas rurais, trabalha para o Governo de alguma forma, deixando 32% a trabalharem para o setor privado, por norma em pequenos ou muito pequenos negócios. Destes trabalhadores do setor privado, estima-se que apenas 10% sejam remunerados. Isto significa que muitos habitantes das zonas rurais não têm rendimentos.

As famílias que residem em áreas rurais enfrentam desafios maiores do que as que residem em áreas urbanas, uma vez que a população rural está muito mais sujeita a sofrer períodos de baixo consumo de alimentos do que a população urbana. Em média, as famílias rurais passam 3,8 meses por ano sem arroz ou milho suficiente para a sua alimentação, no entanto as famílias urbanas só sentem escassez de alimentos dois meses por ano. Nas áreas rurais é igualmente mais difícil aceder a serviços públicos básicos, a conhecimentos sobre produção e mercados agrícolas, à educação, à formação profissional e a oportunidades económicas.

Indicadores de desenvolvimento económico

O Governo de Timor-Leste definiu como objetivo estratégico para 2013 transformar o país num país com rendimentos médios altos (upper-middle income country). No âmbito da prossecução

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deste objetivo, o Governo considerou adequado antecipar, no tempo, as políticas de investimento público, de forma a criar um conjunto de infraestruturas e programas necessários para suportar um processo de crescimento vigoroso, sustentado e inclusivo. Essa decisão permitiu a aceleração do ritmo de crescimento económico do país, com a economia timorense a crescer entre 2007 a 2012, em média por ano 11.8%, valor acima da meta definida de 11.3% até 2020 (BCTL, 2014) (ver Figura 3).

Figura 3: Crescimento anual do PIB de Timor-Leste, 2008 – 2012 (Fonte: AIP, 2014)

O crescimento do PIB em Timor-Leste não tem apresentado uma tendência clara nos últimos cinco anos (de 2008 a 2012). A sua taxa de crescimento registou um ligeiro aumento entre 2010 e 2011, após uma redução em 2008 e 2010. Não obstante, segundo o Banco Asiático de Desenvolvimento (BAsD), Timor-Leste tem registado um crescimento económico significativo, representando no ano de 2013 o segundo país do continente asiático com maior crescimento económico, logo a seguir à Mongólia, e no grupo dos países da Comunidade de países de Língua Portuguesa (CPLP), uma das mais elevadas taxa de crescimento do seu PIB (AIP, 2014).

Contudo, nos últimos sete anos o crescimento substancial da economia de Timor-Leste assentou, sobretudo, na expansão dos setores da construção civil, serviços e administração pública; pelo contrário, a contribuição da agricultura e da indústria, setores de atividade fundamentais para um processo de crescimento sustentado, tem sido relativamente marginal, resultando na perda de expressão destes setores no conjunto da produção nacional (BCTL, 2014) (ver Figura 4).

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Figura 4: Contributo % dos Setores de atividade no PIB de Timor-Leste, 2010 – 2014 (Fonte: BCTL, 2014)

O setor privado cria cerca de 400 novos empregos formais por ano em todo o território de Timor-Leste. Contudo o setor privado está a crescer. O registo de empresas tem aumentado de forma gradual, passando-se de 171 em 2007 para 1.799 em 2009. A nível do registo de microempresas, passou-se das 1.212 em 2007 para as 5.232 em 2009. Os processos de registo foram simplificados através do Código de Registo Comercial, a fim de encorajar a formação de mais empresas.

Timor-Leste é um país de baixos rendimentos com um setor privado emergente, com diversificação económica muito limitada e concentrado sobretudo na produção agrícola de subsistência. A criação de empregos locais permitirá elevar os níveis de vida e os meios de subsistência da população residente nas áreas rurais. Nesse sentido o Governo Timorense está a promover várias ações, para fomentar o crescimento do setor privado nas áreas rurais, incluindo o apoio ao crescimento de pequenas e microempresas e a introdução de um Quadro Nacional de Planeamento que identifique e apoie oportunidades, no que diz respeito ao desenvolvimento rural.

Timor-Leste e as Trocas comerciais

A intensidade das trocas comerciais de Timor-Leste (exportações e importações) não tem apresentado uma tendência clara, como se pode constatar a seguir.

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1.4.1 Importações

Timor-Leste continua a registar um substancial grau de dependência das importações. Relativamente aos principais produtos importados por Timor-Leste em termos globais, no ano de 2012 (ver Figura 5), destacam-se as importações de alimentos (21%), de máquinas e equipamentos de transporte (21%) e de combustíveis minerais, lubrificantes e outros materiais relacionados (17%). Estes três grupos de produtos totalizam quase 60% das importações timorenses (AIP, 2014).

Figura 5: Principais produtos importados por Timor-Leste em 2012 (Fonte: AIP, 2014)

A insuficiência da produção agrícola nacional e o aumento do consumo nacional explica a continuada necessidade de se importarem grandes quantidades de cereais, o que por sua vez, fez com que estes voltassem a registar um novo aumento anual. Em 2014, este tipo de bens representou 3,6% de todas as mercadorias importadas (ver Tabela 3).

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Tabela 3 - Timor-Leste: Importações por tipo de produtos 2011 – 2014 (Fonte: BCTL, 2014)

A Tabela 4 a seguir apresentada mostra os vários países de origem das importações de Timor-Leste no ano de 2013. De realçar a importâncias dos mercados da Indonésia, Malásia e Singapura, que representam cerca de 60% do valor importado.

Tabela 4 - Países de origem das importações de Timor-Leste em 2013 (Fonte: DGE, 2013)

PAÍS VALOR (mil USD) %

Indonésia Malásia Singapura Vietname China Taiwan Austrália Portugal Japão Hong Kong Coreia Tailândia Brasil

Estados Unidos da América India Suécia Grécia África do Sul Outros países 181 393 79 483 62 480 40 587 39 787 30 281 15 919 12 189 11 646 10 040 9 180 7 172 6 345 3 379 3 040 3 003 2 624 1 333 8 989 34,3 15 11,8 7,7 7,5 5,7 3 2,3 2,2 1,9 1,7 1,4 1,2 0,6 0,6 0,6 0,5 0,3 1,7 TOTAL IMPORTADO 528 782 100

Ao analisar a estrutura geográfica das importações e respetiva evolução (ver Tabela 5) é possível constatar que a par do aumento das importações em 2014, é de relevar que a

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composição geográfica das importações não tem sido constante no tempo, com a Indonésia a perder expressão no total, mas continuando a ser o principal parceiro comercial de Timor-Leste.

Tabela 5 – Países de origem das importações de Timor-Leste, 2011-2014 (Fonte: BCTL. 2015)

O saldo da transação de bens continua a registar uma elevada posição deficitária, dado os baixos níveis das exportações nacionais e a elevada necessidade de importação de bens para satisfazer a procura nacional (ver Figura 6). Este aspeto, pelo seu prolongamento temporal, é já uma característica do perfil do comércio internacional de Timor-Leste. As importações de 2014, por exemplo, corresponderam a cerca de 54% do PIB não-petrolífero (710 milhões num PIB de 1307 milhões tal como estimado pelo Governo).

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Conforme se pode observar, o enorme défice da balança de transação de bens, em 2014, isto é, as exportações nacionais são muito inferiores às importações, deveu-se à continuada e elevada dependência das importações, cujo crescimento continuou robusto em 2014, e a exportação de mercadorias continuar a ser baixa, representando menos de 10% do comércio total, com um crescimento anual de 1,4%. Conforme é publicamente conhecido, o Governo reconheceu já a necessidade de reduzir-se este desequilíbrio e estabeleceu como objetivo estratégico incentivar a produção nacional, de modo a reduzir a necessidade de se importar a generalidade dos bens necessários ao consumo nacional, faltando, contudo e ainda, a implementação de medidas concretas substanciais para obviar esta situação.

1.4.2 Exportações

Relativamente às exportações de Timor-Leste, estas têm pouca expressividade quando comparadas com as importações. Podem ser referidos como bens exportados o café, a madeira de teca, a madeira de sândalo e o alumínio. Contudo é importante realçar que o café continua a ser a única exportação relevante de Timor-Leste, é a quase única exportação do país, pelo menos aquela que é sistematicamente registada pelos serviços oficiais de estatística (ver Figura 7).

Figura 7: Exportação de café e outros produtos, 2009 -2013 (Fonte: DGE, 2013)

Sendo o café, o principal produto exportado em Timor-Leste, a Tabela 6, apresenta a evolução das exportações em valor e em volume, entre 2010 e 2014. Como se pode verificar, o valor e volume exportados de café em 2014 reduziram-se face aos valores de 2013 e 2012.

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Tabela 6 – Exportação de café em valor (mil USD) e volume (toneladas), 2010 – 2014 (Fonte: BCTL, 2014)

A Tabela 7 a seguir apresentada mostra os vários países de destino das exportações de Timor-Leste no ano de 2013. De realçar a importâncias dos mercados alemão e americano, que representam 84% do valor exportado.

Tabela 7 – Países de destino das exportações de Timor-Leste em 2013 (Fonte: DGE, 2013)

PAÍS VALOR (mil USD) %

Alemanha

Estados Unidos da América Japão Austrália Singapura Coreia Nova Zelândia Taiwan Holanda Bélgica Hong Kong Espanha Portugal Outros países 7 708 5 830 1 025 539 273 149 128 101 86 48 44 38 25 160 48 36 6,4 3,3 1,7 0,9 0,8 0,6 0,5 0,3 0,3 0,2 0,2 1 TOTAL EXPORTADO 16 051 100 Síntese

Timor-Leste é um país jovem fundado em 2002. Uma maioria significativa da população dedica-se à agricultura de subsistência e mais de metade da sua população tem menos de 19 anos. Com uma forte pressão da elevada taxa de natalidade, e com o aumento da escolarização, o maior desafio para o Governo de Timor-Leste é a criação de novos empregos de forma a garantir o acesso desses jovens a empregos quer nas áreas rurais, quer nas áreas urbanas em expansão.

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2. INDÚSTRIA E DESENVOLVIMENTO ECONÓMICO

Neste capítulo é apresentada uma síntese teórica da importância da indústria no desenvolvimento económico, utilizando alguns exemplos de países asiáticos que beneficiaram da industrialização.

Importância da indústria no desenvolvimento económico

Segundo o Banco Mundial, “industrialização é a fase no processo de desenvolvimento de um

país na qual a indústria cresce mais do que a agricultura e progressivamente assume um papel de liderança na economia” (in Glossary of World Bank).

A industrialização é frequentemente essencial para o crescimento económico e para se atingir redução nos níveis de pobreza, Segundo Kniivilä (2007), o padrão de industrialização tem impacto em como os pobres beneficiam desse crescimento. O exemplo de maior igualdade na distribuição dos benefícios reside na aplicação de políticas económicas e industriais a favor dos pobres que se focam no aumento dos retornos económicos dos fatores produtivos que os pobres têm. Por outro lado, as desigualdades tendem a aumentar quando se verifica:

 Políticas de maior retorno do capital e da terra (penaliza os mais pobres);

 Uso de métodos de capital-intensivo (em detrimento de trabalho-intensivo);

 Emprego de tecnologias (especialmente quando existem níveis de educação baixos e

elevada concentração de capital humano);

 Maior concentração das unidades industriais nas áreas urbanas.

Neste último exemplo, Kniivilä (2007) refere a necessidade de promoção de atividades não-agrícolas nos meios rurais como a produção em pequenas e médias empresas para contrariar o efeito.

A industrialização teve um papel importante no desenvolvimento de vários países, nomeadamente em países da Ásia. Com base em Kniivilä (2007), segue-se uma breve descrição de alguns processos de industrialização.

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Exemplos de países Asiáticos que beneficiaram da industrialização

2.2.1 China

Depois da Segunda Guerra Mundial, a China adotou uma estratégia de desenvolvimento que incluiu um processo de industrialização, inicialmente de iniciativa e controlo estatal. Segundo dados do Banco Mundial, a indústria no PIB aumentou de 35% em 1965 para 46% em 2004, enquanto a agricultura diminuiu de 38% para 13% em igual período. Ainda assim, em 2002, 44% da força laboral chinesa ainda trabalhava na agricultura. Nas suas reformas, a China seguiu um modelo similar ao de outras economias bem sucedidas na Ásia. O crescimento foi baseado em:

 Rápida industrialização;

 Maior abertura ao comércio e às exportações;

 Liberalização gradual do mercado financeiro.

O crescimento passou pela importação de tecnologia do exterior e posterior adaptação aos recursos domésticos, em particular a sua abundante força laboral. Isto permitiu a exportação de bens. Os investimentos massivos em infraestruturas e a liberalização dos mercados de trabalho permitiu uma elevada mobilidade laboral.

Os investimentos em infraestruturas rurais bem como a permissão para os agricultores terem uma maior orientação para o mercado, permitiu um crescimento no setor agrícola e contribuiu para a migração da mão de obra para o setor de manufacturing. Foi igualmente assegurada uma maior abertura ao investimento estrangeiro.

Ainda assim, a China não apresenta níveis de desenvolvimento similares em todo o país. A título de exemplo, o investimento estrangeiro e a industrialização rural concentraram-se nas regiões orientais, o que penalizou o interior e as regiões ocidentais com menores recursos, economias baixas e transportes mais caros.

2.2.2 Índia

No pós Segunda Guerra Mundial, o desenvolvimento da Índia foi similar ao da China: industrialização e domínio do estado na economia. A indústria concentrou-se principalmente nos bens essenciais como o aço e a maquinaria. As políticas de desenvolvimento incluíam o

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licenciamento da atividade industrial, a reserva de áreas chave para atividade estatal, o controlo de investimento estrangeiro direto e intervenções no mercado laboral. Como os resultados não foram os esperados, nos anos 80 foram iniciadas reformas para incentivar as importações de bens de capital, racionalização do sistema fiscal e relax da regulação industrial. Seguiu-se uma grave crise macroeconómica que obrigou no início dos anos 90 a reformas mais sistemáticas e alargadas. Kniivilä (2007) salienta a significativa mudança estrutural da Índia, ocorrida nos últimos 40 anos. O PIB da agricultura desceu de 45% em 1965 para cerca de 19% em 2005, embora mantendo uma elevada quota de emprego. Ao mesmo tempo, a expansão dos serviços aumentou de 35% do PIB em 1965 para 54% em 2005. Por contraste, a indústria manteve de 14% do PIB em 1965 para 16% em 2005. Ainda assim, é possível afirmar que o crescimento ocorreu principalmente na indústria e serviços. Entre 1980 e 2002, a indústria apresentou uma taxa de crescimento de valor-acrescentado média de 6.6% e os serviços de 7.1%, enquanto a agricultura apenas cresceu 2.8% ao ano.

A quota de produção para exportação tem vindo a registar um crescimento gradual mas significativo: em 1962 era de 43%, em 2003 já era de 75%. Para além das indústrias light como têxteis e vestuário, a Índia desenvolveu exportações significativas de químicos, principalmente corantes, e de componentes automóveis.

Os impactos das reformas iniciadas nos anos 90 nas empresas produtoras dependem da sua localização e do seu nível tecnológico. A liberalização favoreceu a inovação, lucro e crescimento de indústrias próximas da fronteira tecnológica e diminuiu a desigualdade salarial entre indústrias.

A pobreza absoluta na Índia é sobretudo um problema rural. Assim, segundo Kniivilä (2007), uma maior redução pode ser obtida pela ênfase no desenvolvimento rural, mas salienta que, em algumas regiões a redução da pobreza é apenas possível pelo emprego na indústria e serviços.

2.2.3 Coreia do Sul

A Coreia do Sul obteve uma rápida industrialização nos últimos 40 a 50 anos (Kniivilä, 2007) com resultados na redução da pobreza e da desigualdade. Em 1965, a indústria representava 14% do PIB e a agricultura 39%. Em 2004, a indústria já representava 24% do PIB e a agricultura apenas 4%. O emprego na indústria aumentou, contabilizando em 2003, 28% do emprego.

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Nos anos 60, o Governo mudou a estratégia de importação de substitutos para exportação, o que se revelou uma estratégia bem sucedida até ao início dos anos 70. Nos anos 70 o Governo introduziu programas de investimento massivo para promover indústrias pesadas como construção naval, aço e químicos, de forma a mudar a composição das exportações, reduzir a dependência em setores de baixo salário e suportar o crescimento. Foram igualmente introduzidas políticas de seleção industrial, com canalização de fundos para setores preferenciais. As indústrias de metais básicos e químicos receberam parte significativa do investimento, em detrimento de indústrias como a indústria têxtil. Nos anos recentes, as exportações de bens de trabalho intensivo, como o vestuário, decresceram ou estagnaram, por contrapartida com as exportações de engenharia ou da indústria automóvel. Comparado com outros países em desenvolvimento, o investimento em recursos humanos foi extenso na Coreia do Sul e a educação permitiu maior mobilidade social.

2.2.4 Taiwan, província da China

Similar à Coreia do Sul no rápido crescimento. O crescimento económico foi fortemente baseado no crescimento da indústria e na orientação pela exportação nos finais dos anos 60. Desde o início o país especializou-se em produção de trabalho intensivo e em produção de alta tecnologia (high-tech production). Nos anos 90 as políticas do Governo incluíram barreiras às importações (especialmente na agricultura), favorecimento de setores preferenciais, ênfase nas exportações e a promoção de empresas estatais. Foram igualmente criados parques industriais com vários privilégios (como importações duty free) e estabelecidas instituições para identificar, transferir, difundir e absorver tecnologia industrial estrangeira e com compromisso para com a inovação, de forma a facilitar a transferência de Taiwan para a produção de alta tecnologia.

2.2.5 Indonésia

Se nos anos 70 e 80 a produção petrolífera tinha uma importância elevada para a Indonésia (em 1980 representava 25.7% do PIB), nos anos seguintes a indústria passou a ser a força do crescimento económico. A agricultura continua a ser um importante setor de emprego, em 2004 representava 43% contra os 13% da indústria. A evolução da Indonésia para a industrialização

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foi progressiva e começou nos finais dos anos 60 com a mudança para uma economia de mercado e abertura ao exterior, estabilidade externa, fiscalidade, restabelecimento do sistema bancário e liberalização ao investimento, com incentivos e garantias a novos investidores estrangeiros e devolução de indústrias estrangeiras nacionalizadas. Com o final do boom petrolífero nos finais dos anos 80, o Governo mudou de um padrão de industrialização importação de substitutos financiados pelos returns do petróleo para uma estratégia de promoção de exportações. O clima de investimento foi beneficiado pela introdução de reformas comerciais, isenção de taxas, redução de licenciamento e abertura à banca privada estrangeira. As exportações de bens representavam, em 1996, 51.4% das exportações. Na categoria de exportações, e desde 1990 a quota de low-tech tem vindo a diminuir. O crescimento da Indonésia resultou de fortes políticas macroeconómicas, apoio à agricultura, investimento em capital físico e humano e políticas liberais crescentes no setor financeiro, comercial e no investimento estrangeiro. Tal como Kniivilä (2007) salienta, a indústria privada indonésia tem sido muito trabalho-intensiva e os setores como têxtil e vestuário, processamento de madeira e indústria alimentar criaram oportunidades de trabalho para os pobres.

A industrialização é importante porque permite a criação de empregos (quer na indústria, quer no fornecimento de matérias-primas, máquinas e equipamentos). Mais emprego implica maior disponibilidade de rendimento, que permitirá mais consumo, bem como o pagamento de impostos. Em teoria um Governo que arrecade impostos resultantes do trabalho, poderá desenvolver infraestruturas, e apoiar a educação e a saúde de toda a população, independentemente do seu nível de contribuição.

Além disso, um país mais industrializado, não necessita de importar tantos produtos industriais do exterior, uma vez que já terá capacidade de os produzir internamente. Consequentemente, fará com que o preço dos produtos diminua, tornando-se vantajoso para os consumidores.

Timor-Leste e as políticas de desenvolvimento económico

O desenvolvimento rural é uma preocupação prioritária para Timor-Leste pois a maioria da população reside em áreas rurais. O setor privado tem potencial para desempenhar um papel essencial na ajuda à erradicação da pobreza extrema, pela diversificação em novas atividades económicas, bem como na melhoria da eficiência das atividades atuais e reativação das negligenciadas. A agricultura que é, essencialmente, de subsistência, necessita de ser

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substituída por agricultura empresarial, praticada por pequenos proprietários, permitindo que Timor-Leste seja autossuficiente, em termos alimentares, e também capaz de exportar os excedentes agrícolas (RDTL, 2010).

2.3.1 Desenvolvimento do setor privado nas zonas rurais

Para o desenvolvimento rural com participação de iniciativa privada, estabeleceu-se em 1999 o “Pacote Referendo” (em celebração do 10.º Aniversário do Referendo de 1999). O pacote encorajou parcerias estratégicas entre o setor privado e o Governo em áreas urbanas e rurais na construção de mais de 800 projetos de infraestruturas de pequena e média dimensão. A iniciativa permitiu injetar fundos diretamente em empresas sediadas nas comunidades, relativamente a projetos de construção e de infraestruturas, para estimular as economias locais, criar oportunidades de emprego direto e indireto, identificar e mobilizar a base de qualificações locais e dar, às comunidades, a oportunidade de participar na construção do País. Em resultado deste pacote, as comunidades locais nos 13 distritos, foram envolvidas na construção e/ou reparação de estradas e pontes, infraestruturas de saneamento, escolas, estabelecimentos de saúde, abastecimento de água e infraestruturas de controlo de cheias.

De forma a consolidar este programa comunitário, em 2010 estabeleceu-se o Programa de Desenvolvimento Descentralizado (PDD), sendo que, em 2011, este programa inclui duas componentes. O PDD I destina-se a projetos com um valor orçamental máximo de 150.000 dólares, enquanto o PDD II visa projetos com um orçamento máximo entre os 150.000 e os 500.000 dólares. O PDD pretende encorajar a atividade do setor privado nos distritos, de modo a promover o desenvolvimento equitativo em todo o país.

Em 2011, existiam aproximadamente 225 projetos do PDD I, planeados para os subdistritos, num total de cerca de 15 milhões de dólares. A nível distrital, foram identificados 103 projetos, com um orçamento de 28 milhões de dólares. Estes programas tinham como objetivo fortalecer a economia nos distritos e encorajar o crescimento de empresas locais, para realizarem os trabalhos de construção e reabilitação de infraestruturas. Para participarem, as empresas precisavam de cumprir requisitos rigorosos e desenvolver projetos de boa qualidade.

Estão previstos novos programas de desenvolvimento descentralizado a fim de promover oportunidades que permitam, às comunidades locais, envolver-se em iniciativas de infraestruturas, resultantes do Plano Estratégico de Desenvolvimento.

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2.3.2 Programa de desenvolvimento do setor cooperativo

A formação de cooperativas pretende encorajar o crescimento do setor privado nas zonas rurais. A Lei sobre Cooperativas em Timor-Leste regula a gestão, a eficiência e o funcionamento das cooperativas. Segundo a lei, os princípios orientadores das cooperativas consistem em melhorar o bem-estar dos seus membros e em participar no desenvolvimento do sistema económico nacional. É possível estabelecer cooperativas, com um mínimo de 15 membros e um mínimo de 1.000 dólares de capital, sendo obrigatório, que possuam o termo ‘Cooperativa’ na sua designação. Cooperativas não-financeiras incluem produção agrícola, indústrias domésticas e serviços. Cooperativas financeiras incluem cooperativas de poupanças e cooperativas de crédito.

Em Dezembro de 2010, existiam 25 cooperativas financeiras e 80 cooperativas não financeiras, registadas em Timor-Leste, envolvendo cerca de 10.500 membros como beneficiários diretos e 25.000 beneficiários indiretos, tais como membros das famílias, parentes e comunidades. O crescimento das cooperativas resulta, em grande medida, de um programa de concessões do Governo, que providencia financiamento de arranque e concessões para formação e apoio e equipamento. Este apoio deverá continuar, com particular incidência no desenvolvimento de recursos humanos e de capacidade institucional. O apoio incluirá ainda subsídios em géneros a cooperativas elegíveis. Estão disponíveis concessões para equipamentos ou ferramentas em géneros, que possam ser usados para melhorar a qualidade dos produtos, expandir mercados e promover produtos, e melhorar as infraestruturas, como por exemplo, através da reabilitação dos edifícios sede das cooperativas.

O programa continuará a ser apoiado, uma vez que as cooperativas são um modelo ideal para as comunidades rurais conduzirem atividades do setor privado, numa variedade de áreas incluindo gestão de plantações de bambu, criação de galinhas, pesca e tecelagem.

Importância da indústria para Timor-Leste

O Governo timorense reconhece a importância da industrialização. De um modo geral, a indústria em Timor-Leste tem por finalidade:

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 Aumentar o crescimento económico de forma gradual;

 Melhorar a capacidade e domínio e incentivar a tecnologia apropriada e fomentar a

confiança na capacidade das empresas nacionais;

 Expandir e equalizar as oportunidades de emprego e oportunidades de negócio, bem

como o reforço do papel das indústrias cooperativas;

 Aumentar as receitas através do aumento da exportação de qualidade da produção

nacional, a utilização preferencial de produtos nacionais, a fim de reduzir a dependência do exterior;

 Desenvolver centros de crescimento industrial de apoio ao desenvolvimento regional no

país;

 Apoiar e reforçar a estabilidade dinâmica nacional, a fim de fortalecer a segurança

nacional.

A industrialização é vital para acelerar o desenvolvimento de Timor-Leste. A industrialização em Timor-Leste significa vitalizar atividades produtivas nos setores da agricultura e da indústria transformadora. A fim de desenvolver a indústria transformadora em Timor-Leste, é necessário melhorar infraestruturas, nomeadamente através da construção de estradas, abastecimento de eletricidade e de água, e o desenvolvimento dos recursos humanos. É bastante claro que Timor-Leste terá que fazer mais esforços para resolver o problema dos recursos humanos, apesar das várias séries de seminários, dos vários programas de formação e do fornecimento de bolsas de estudo, que têm sido realizados.

Para que a industrialização do setor agrícola e da indústria transformadora seja reconhecida como importante para o país, é necessário que esta permita a criação de emprego. Sabe-se que a criação de postos de trabalho através da industrialização é realmente um desafio difícil, e para tal é preciso ter em mente a teoria da oferta e da procura. Como em termos da oferta, a melhoria das competências dos timorenses é essencial; assim, a criação de centros de formação profissional será eficaz para este fim. Pelo lado da procura, na verdade, conseguir um emprego para o trabalhador qualificado é vital.

Como o mercado interno de Timor-Leste é reduzido, apenas cerca de um milhão de indivíduos, torna-se necessário a exportação dos seus produtos. Contudo, para que consiga exportar os seus produtos, estes devem ser produtos internacionalmente competitivos. Por isso é importante que

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Timor-Leste seja capaz de identificar produtos com vantagem comparativa, face ao seu ambiente tão exclusivo que o caracteriza: economia baseada no dólar americano e número limitado de trabalhadores qualificados disponíveis existentes no país.

Síntese

Importa assim responder à questão: “Qual a importância da industrialização?” A industrialização é um processo normal de desenvolvimento de um país, associado ao fenómeno da globalização da indústria e dos mercados, essencial ao crescimento económico, e consequente redução dos níveis de pobreza. A industrialização teve um papel importante no desenvolvimento de vários países, nomeadamente alguns países asiáticos. Espera-se que Timor-Leste tenha a capacidade de aprender com estes exemplos, uma vez que a industrialização tem sido reconhecida como uma prioridade para o país.

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3. METODOLOGIA DE INVESTIGAÇÃO

Ao longo deste capítulo descreve-se a metodologia de investigação seguida para obtenção de informação necessária para a proposta de implementação de uma unidade industrial em Timor-Leste.

Objetivos

As metodologias de investigação bem como as técnicas de investigação constituem os requisitos essenciais à produção de investigação científica. Conforme Saunders, Lewis e Thornhill (2007) afirmaram, o método de investigação inicia-se com a definição clara do tema de estudo, seguindo-se a formulação e clarificação do tópico de investigação, que consiste na transformação de ideias de investigação em projetos de investigação que possuam objetivos claros.

A presente investigação utiliza como metodologias de recolha de dados o estudo de caso. Esta metodologia é largamente usada para variadas investigações exploratórias e foi escolhida para o presente estudo, que tem como objetivo o desenvolvimento de uma proposta de implementação de uma unidade industrial em Timor-Leste. Segue-se uma breve explicação da metodologia de estudo de caso.

Estudo de Caso

3.2.1 Estratégias de estudo utilizadas

Segundo Yin (1994), são diversas as formas utilizadas para fazer investigação referindo-se, nomeadamente, à experiência, à pesquisa, ao relato histórico, à análise de arquivos e ao estudo de caso. A cada uma destas estratégias de investigação estão associadas vantagens e desvantagens, que dependem das seguintes condições: (1) do tipo de questões de investigação; (2) do controlo que o investigador tem sobre o desenrolar dos acontecimentos e (3) do enfoque em fenómenos contemporâneos e atuais em oposição aos históricos. A decisão de usar uma ou outra estratégia de investigação depende dessas mesmas condições.

De acordo com os objetivos pretendidos, decidiu-se que a estratégia de investigação a utilizar será a do estudo de caso. Esta estratégia é preferível quando se vão analisar acontecimentos

Imagem

Figura 1: Mapa da Ilha de Timor (Fonte: www.mapsofworld.com)
Figura 2: Distritos administrativos de Timor Leste (Fonte: www.mapsofworld.com)
Tabela 1 - Divisão das estruturas administrativas de Timor-Leste (Fonte: DNE, 2011; 2012)
Tabela 2 - Emprego em Timor-Leste por setor de atividade (Fonte: RTDL, 2010)  Setor de atividade  Emprego (em %)
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Referências

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