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REVISTA INTERFACE EDIÇÃO ESPECIAL 10 ANOS DO PPGP NOVEMBRO/2020 ISSN

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ISSN 2237-7506 | Natal/RN (129-154) – novembro/2020

EDIÇÃO ESPECIAL – 10 ANOS DO PPGP – NOVEMBRO/2020 | ISSN 2237-7506

ANÁLISE DA AÇÃO PÚBLICA NO CONTEXTO DO MODELO DE CICLO DE

VIDA DA PRAIA DOS ARTISTAS EM NATAL/RN

ANALYSIS OF PUBLIC ACTION IN THE CONTEXT OF THE

LIFE CYCLE OF PRAIA DOS ARTISTAS, NATAL/RN, BRAZIL

Caio Valentim Souza1

Andrea Souza Dantas2

RESUMO

A presente pesquisa visa analisar quais fatores levaram ao declínio do turismo no micro-destino Praia dos Artistas, outrora principal zona turística da Cidade do Natal, capital do estado do Rio Grande do Norte. Para tanto, foi utilizada uma abordagem qualitativa, analisando a referida localidade no contexto da metodologia de Ciclo de Vida dos Destinos Turísticos. Recorreu-se à pesquisa bibliográfica, pesquisa documental e entrevistas em profundidade com os gestores municipal e estadual do turismo de Natal e do Rio Grande do Norte como métodos de coleta de dados. Diante disso, o resultado desta pesquisa indica que a falta de interesse da iniciativa privada em investir na referida área, causa última do não rejuvenescimento deste micro-destino, se dá menos em função da falta de atuação do poder público e da favelização e prostituição no local, do que as ruínas do antigo Hotel Reis Magos, o declínio da orla em função das marés, e falta de áreas edificantes para a instalação de novos empreendimentos turísticos.

Palavras chave: Praia dos Artistas. Ciclo de Vida dos Destinos Turísticos. Políticas de Turismo.

ABSTRACT

This research aims to analyze the factors leading to the decline of tourism in the micro-destination of Praia dos Artistas, once the main tourist area of Natal, the capital of the state of Rio Grande do Norte, in Brazil. For that purpose, a qualitative approach was applied, analyzing the referred locality in the context of the Tourism Area Life Cycle Model. Bibliographic and documentary research and in-depth interviews both with the local and the statal public managers were used as methods of data collection. The results suggest that the lack of interest of the private sector in investing in the area, the ultimate cause for the non-rejuvenation of this micro-destination, is less due to the inaction by public authorities and the slums and prostitution in the local, than to the ruins of the Reis Magos Hotel, the decrease of the shore due to the high tides, and the lack of edifying areas for the installation of new tourism developments.

Keywords: Praia dos Artistas. Tourism Area Life Cycle Model. Tourism policies.

1 Graduado em Turismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN.

2Professora Adjunta do Departamento de Turismo da Universidade Federal do Rio Grande do Norte -

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1 INTRODUÇÃO turismo se apresenta atualmente como uma atividade que movimenta um grande volume de capital entre nações, assim como pessoas, que almejam viajar com intuito, na maioria das vezes, de realizar atividades de lazer. No Rio Grande do Norte, o turismo começou a se desenvolver por volta da década de 1930, muito em função da escolha de seus territórios para uso norte-americano durante a Segunda Guerra Mundial. O fluxo intenso de pessoas faz com que o governo local se sinta pressionado a construir, no ano de 1939, o primeiro hotel da capital Natal, o Grande Hotel, localizado no bairro da Ribeira, o então centro comercial da cidade na época. (SOUZA, 1999). Posteriormente a esses acontecimentos, em meados dos anos 1960 e 1970, o governo local decidiu investir definitivamente na atividade turística, lançando mão de políticas públicas voltadas à estruturação deste setor, por meio da criação de órgãos públicos como a EMPROTURN, que tinham a finalidade de promover e planejar o turismo. Ainda nesse período, ocorreu a construção de hotéis tanto na capital, como no interior do estado, a fim de fomentar o turismo (SOUZA, 1999).

Frente ao supracitado cenário, a cidade de Natal, em especial na região da Praia dos Artistas (que nesta pesquisa se refere a toda a área que compreende desde a popularmente conhecida Praia do Forte à Praia de Miami Beach), tiveram suas áreas urbanizadas e estruturadas para poderem atender à demanda latente da época. No entanto, posteriormente, foram paulatinamente sendo desvalorizadas para o turismo, perdendo espaço para a esfera turística de Ponta Negra/RN, que foi o centro das ações estruturantes das principais políticas implementadas em Natal/RN a partir dos anos 1980: o Projeto Parque das Dunas – Via Costeira, que construiu a Via Costeira, ligando a Praia dos Artistas a Ponta Negra; e em meados dos anos 1990 e início dos anos 2000, o Programa de Desenvolvimento do Turismo no Nordeste (PRODETUR), em suas três versões, mas especialmente no PRODETUR-I e PRODETUR-II.

O presente artigo visou entender de que forma houve a desvalorização turística da Praia dos Artistas visto que, historicamente, este foi um dos primeiros espaços a serem modificados física e socialmente em função do turismo na capital potiguar. Mesmo estando na rota dos turistas que se dirigem às praias no Litoral Norte, parece ser uma zona negligenciada pelo poder público, haja vista o estado de conservação

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precário do calçadão e dos equipamentos instalados ao longo de sua orla. No tempo presente, a região da Praia dos Artistas ainda faz parte da área transitória dos turistas que circulam na malha urbana construída para atender Ponta Negra – que liga o referido pólo ao Aeroporto e às Praias do Litoral Norte do estado. No entanto, não apresenta força no cenário turístico local, tendo pouca representatividade em equipamentos de suporte à atividade turística no que tange a hotéis, restaurantes, bares, pubs, agências de turismo receptivo, entre outros. Assim sendo, esta pesquisa buscou responder a seguinte pergunta-problema: Quais foram os fatores que levaram ao declínio da Praia dos Artistas como zona turística da cidade do Natal/RN, segundo a percepção dos gestores públicos de turismo municipal e estadual?

Em outras palavras, o objetivo geral deste estudo foi compreender as razões pelas quais a Praia dos Artistas tem sido desconsiderada para investimentos no setor turístico, constatando-se a diminuição acentuada de fluxo de visitantes e o fechamento de equipamentos turísticos no local. O presente estudo centrou sua análise nas ações tomadas pelo poder público para desenvolver e combater o declínio deste micro-destino dentro do destino Natal, entendendo-se que a intervenção estatal é parte fundamental para o desenvolvimento turístico, ou a retomada dele, possibilitando a captação de investidores da iniciativa privada.

Para alcançar este propósito, fez-se necessário: a) Levantar as políticas de turismo e urbanização ocorridas na Cidade do Natal desde a década de 1980; b) Analisar a dinâmica sócio-espacial de direcionamento de investimentos dessas políticas na perspectiva da teoria do ciclo de vida dos destinos turísticos; c) Analisar a percepção de atores representativos do turismo sobre as priorização de zonas turísticas.

Tendo em vista os objetivos supramencionados, desenvolveram-se hipóteses que procuram respondê-los:

● Hipótese 1: As políticas públicas de turismo de caráter urbanista implementadas a partir dos anos 1980, com destaque para o Projeto Parque das Dunas/Via Costeira e o Prodetur, direcionaram os investimentos para o desenvolvimento turístico de um novo espaço na cidade, a Praia de Ponta Negra/RN (Silva, 2010).

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● Hipótese 2: A priorização de Ponta Negra surgiu em função não só dessas políticas públicas, como também em função da favelização e prostituição nos entornos da Praia dos Artistas (Oliveira, 2005).

O critério levado em consideração para a escolha desse tema se deve à relevância econômica, social e histórica que a região da Praia dos Artistas que já representou para a capital, uma vez que, atualmente contém hotéis, que no passado, representaram muito para o desenvolvimento da cidade. Para realizar tal análise, empregou-se como base metodológica de análise a teoria do ciclo de vida dos destinos turísticos, desenvolvida por Butler em 1980, a fim de haver compreensão sobre quais fatores levaram a um aparente declínio do referido destino turístico.

O modelo de ciclo de vida toma como hipótese que o todos os destinos passam por fases similares ao longo de sua existência. Butler é o primeiro a explorar a teoria do ciclo de vida de produtos aplicada aos destinos turísticos de forma mas aprofundada em 1980. A partir do modelo de ciclo de vida da área turística (tourism area life cycle – TALC) de Butler (1980), outros estudos se desenvolveram aplicando-o em diversos destinos turísticos no final da década de 1980, mas sobretudo ao longo da década de 1990. Ainda que a maioria da literatura busca aplicar o TALC a destinos litorâneos, encontram-se casos também de sua aplicabilidade a destinos de agroturismo (CARDONAS; CANTALLOPS, 2014).

Apesar de que as primeira pesquisas aplicadas de TALC tenham corroborado com o modelo ao identificar as fases descritas por Butler de forma simultânea ou aproximada, já no início da década de 1990, outros pesquisadores sugerem que o modelo proposto por Butler não é adequado para marcar a evolução do turismo, considerando suas fases muito rígidas (HOVINEN, 2002), pouco operacionais (HAYWOOD, 1986), pouco realistas (GETZ, 1992) e demasiado deterministas (CIRER, 2009). De fato, o modelo de ciclo de vida considera que todo destino turístico está fadado a desaparecer, caso não sejam adotadas medidas de rejuvenescimento que darão origem a um novo ciclo de vida: e que as fases se sucedem de forma linear, sem levar em conta uma miríade de fatores tanto internos, quanto externos, que podem levar a uma sobreposição de estágios e a múltiplos mini ciclos.

A maior parte da literatura de ciclo de vida de destinos aplicando a teoria idealizada por Butler se concentra na década de 1990. Quiçá pelas críticas observadas,

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esta teoria foi caindo em desuso no início dos anos 2000. A modelagem de Butler ressurge com força na literatura na primeira metade da década de 2010 como sendo idealmente aplicada a destinos turísticos antigos (CIRER, 2009), a ponto de Gândara et al. (2013, p. 5) argumentam que “esse modelo é ainda hoje um dos mais utilizados nas análises do turismo e possui grande mérito por contribuir para o monitoramento do desenvolvimento de destinos turísticos.”

A nova geração de estudos de aplicação do modelo de ciclo de vida de destinos de Butler relacionam-o sobremaneira com planejamento e posicionamento competitivo (GÂNDARA et al., 2013; PRAT; CÁNOVES, 2012; LÓPEZ GUEVARA, 2011), na qual a gestão pública desempenha um papel primordial enquanto fator interno de destaque, sobretudo na diversificação da oferta turística em destinos tradicionais de sol e mar como estratégia de rejuvenescimento (VASCONCELOS; ARAÚJO; RAMOS; 2016). Apesar disso, e da existência dos estudos de Oliveira (2005), Pereira (2009) e Pereira e Lópes (2010) que realizam a análise do modelo do ciclo de vida de Butler (1980) na Praia do Meio e na orla urbana de Natal/RN, respectivamente, nenhum destes enfatiza a relação direta entre as políticas públicas de turismo com um destino que chegou ao termo de seu ciclo de vida, desaparecendo por completo como espaço de lazer e de consumo para visitantes. Esse grau máximo de destino turístico maduro, talvez o único conhecido que veio a desaparecer como tal, fornece a perspectiva ideal para análise do papel da gestão pública do turismo como um fator interno determinante na modelagem de ciclo de vida, sendo esta a principal lacuna na literatura turística que o presente artigo vem a preencher.

Para gerar tal conhecimento, a presente pesquisa abordou em seu referencial teórico o papel do Estado no turismo, uma vez que o mesmo exerce forte influência na atividade por meio de funções de planejamento, coordenação, normatização e regulamentação, e a forma que ocorreu a lida com as demandas municipais e estaduais, uma vez que o turismo ocorre e precisa ser planejado nas duas esferas.

Considerando a base teórica do ciclo de vida dos destinos turísticos utilizado para compor essa pesquisa, o referencial teórico contou com a descrição desta teoria em sua essência, com o propósito de colocar em evidência a ação pública em cada estágio de desenvolvimento do destino, seja para estimular o crescimento da atividade,

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seja para controlar a queda na demanda e incentivar o rejuvenescimento de sua oferta turística.

A discussão dos resultados faz um elo entre o ciclo de vida dos destinos turísticos e o objeto de estudo desta pesquisa (Praia dos Artistas), ocupando-se em analisar cada fase pela qual este destino turístico passou, qual fase o mesmo se encontra e quais fatores foram responsáveis para o declínio que se constata na fase atual. Ainda dentro da discussão dos resultados desta pesquisa, haverá a exposição do ponto de vista dos gestores públicos do turismo, nas esferas estadual e municipal. Considerou-se relevante contrapor a visão do gestor municipal à do gestor estadual, tendo em vista que as principais políticas de turismo que incidiram sobre o espaço em estudo, qual seja, o Programa de Desenvolvimento do Turismo no Nordeste (PRODETUR/NE), para citar apenas uma, emanam da esfera estadual.

Por fim, a conclusão deste trabalho traz uma reflexão acerca da situação do espaço Praias dos Artistas. Baseada nas fontes de pesquisas aqui utilizadas, é possível concluir que de fato a Praia dos Artistas vive a fase do declínio descrito por Butler (1980) sob fatores que serão descritos no desenrolar deste artigo.

2 O ESTADO COMO AGENTE MEDIADOR E O CICLO DE VIDA DOS DESTINOS TURÍSTICOS 2.1 PRINCIPAIS FUNÇÕES DA GESTÃO PÚBLICA DO TURISMO

Para o turismo poder ser desenvolvido, faz-se necessário um planejamento meticuloso por parte do Estado, em todas as suas escalas, seja a nível federal, estadual ou municipal, a fim de fornecer um aporte para que essa atividade se desenrole com vigor, tanto na superestrutura quanto na infraestrutura.

Segundo Hall (2001), o planejamento estatal é um tipo de tomada de decisões e elaborações políticas, lidando, contudo, com um conjunto de decisões interdependentes ou sistematicamente concatenadas, e não com decisões individuais. Assim sendo, entende-se que o turismo assume vital importância para o progresso econômico de uma região. Para tanto, a intervenção governamental auxilia a manutenção da estrutura econômica, proporcionando uma conjuntura favorável para a atuação de organizações privadas.

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Dito isso, por meio de ferramentas desenvolvidas para otimizar a gestão do turismo, o Estado organiza e incentiva o setor turístico por meio de cinco funções básicas, de acordo com Hall (2001). São elas: A coordenação, o planejamento, a regulamentação, a legislaçao, e a promoção ou incentivos. A essas cinco funções básicas, o autor acrescenta duas outras, de caráter transversal às primeiras, que não serão tratadas no escopo deste estudo por se tratarem de orientações gerais à ação pública, e não de funções propriamente ditas. São elas: a promoção do interesse comum e o turismo social.

Para a gestão pública poder assumir seu papel e planejar o turismo de forma eficiente, a mesma assume instrumentos necessários para cada função. Um desses instrumentos é a coordenação entre e dentro das esferas de governo, a fim de evitar a duplicação de recursos entre entidades turísticas governamentais e privadas. Exemplificando, cabe citar o Mapa do Turismo Brasileiro, instituído pela Portaria MTur n°313, de 3 de dezembro de 2013, e suas atualizações no Programa de Regionalização do Turismo (BRASIL, 2017).

Juntamente com a coordenação, o Estado efetua a prática de planejamento, que atua sobre a infraestrutura, o uso do solo, dos recursos, da divulgação e do marketing. Sendo uma das atuações mais pertinentes do Estado, o planejamento assume um papel de fomentador direto do desenvolvimento por meio de planos e estratégias que atuam fundamentalmente em setores específicos e operacionais da atividade turística. Ilustrando em exemplos práticos ações de planejamento do Estado, é possível mencionar o Programa de Regionalização do Turismo, que por sua vez tem o objetivo de apoiar a gestão, a estruturação e promoção do turismo no País, de forma regionalizada e descentralizada. (BRASIL, 2017).

Para melhor compreender a atuação no campo legislativo do Estado para com o turismo, cabe citar a Lei n° 8.181, de 28/03/91 e o Decreto n° 448, de 14/02/92, que segundo Cruz (2005), regulamenta e reorganiza a administração pública federal, adequando-se às novas demandas de proveniente da crescente procura ao turismo. Um turismo massivo e internacionalizado carece de um âmbito político-administrativo livre de entraves, para que se possa alcançar os objetivos. (CRUZ, 2005).

No tocante à função de promoção e incentivo, o Estado age no fornecimento de infraestrutura que compreende a estradas, redes de esgoto, segurança pública etc.

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Apesar disso, não é incomum se deparar com o Estado sendo o próprio empresário no setor, estando à frente de hotéis ou agências de viagem, como por exemplo. O turismo na cidade do Natal têm a sua gênese através de medidas estatais com cunho empresarial, onde o Governo do Estado construiu e gerenciou por iniciativa própria uma rede de hotéis para fomentar o turismo no capital nos anos 1960. Souza (1999) corrobora afirmando que na década de 1960 o então governador da cidade Aluízio Alves, constrói quatro hotéis distribuídos pelo estado do Rio Grande do Norte, sendo um deles o Hotel Reis Magos, que viria a ser o primeiro hotel da cidade do Natal a estar localizado em área litorânea.

2.2. TEORIA DO CICLO DE VIDA DOS DESTINOS APLICADA À AÇÃO PÚBLICA

Para melhor entender o início e o fim do ciclo de vida do destino Praia do Meio/Praia dos Artistas, foi levada em consideração a teoria sobre o ciclo de vida dos destinos turísticos de Butler (Tourism Area Life Cycle – TALC) (1980). O autor afirma que o destino turístico, como um produto comercial, tende a se enquadrar em um ciclo de vida, dividido em sete fases. Esse começa pela fase de exploração; na sequência, há o envolvimento, o desenvolvimento, a consolidação e a estagnação. Após a estagnação, a sequência tende a ser destinada ou ao declínio, ou ao rejuvenescimento, com fases intermediárias entre esses dois extremos.

Visitors will come to an area in small numbers initially, restricted by lack of access, facilities, and local knowledge. As facilities are provided and awareness grows, visitor numbers will increase. With marketing, information dissemination, and further facility provision, the area’s popularity will grow rapidly. Eventually, however, the rate of increase in visitor numbers will decline as levels of carrying capacity are reached (Butler, 1980, p. 6)1.

O referido autor esquematiza este ciclo de acordo com a Figura 1 a seguir:

1 Visitantes chegarão a uma área em um pequeno número inicialmente, devido à falta de acesso,

instalações e conhecimento local. À medida que as instalações são fornecidas e a conscientização aumenta, o número de visitantes também aumenta. Com o marketing, a disseminação de informações e o fornecimento adicional de instalações, a popularidade da área crescerá rapidamente. Eventualmente, no entanto, a taxa de aumento no número de visitantes diminuirá à medida que os níveis de capacidade de suporte forem alcançados. (Butler, 1980, p.6, tradução nossa).

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ISSN 2237-7506 | Natal/RN (129-154) – novembro/2020 Figura 1 - Ciclo de Vida do Destino Turístico

Fonte: Adaptado de Butler (1980).

Falcão (2012) explana que esse modelo teórico permite descrever e interpretar o desenvolvimento e a conjuntura da atividade turística em conformidade com o número de turistas ao longo do tempo em um determinado destino. Cada etapa descrita por Butler (1980) evidencia um papel diferente do poder público enquanto agente produtor do espaço turístico.

Na primeira fase do gráfico, onde há um curva ascendente, existe a fase da exploração. É neste momento que um pequeno número de turistas começa a descobrir um determinado destino e a atividade ainda não possui significado econômico para os moradores locais. Na fase de exploração, a intervenção estatal é nula, muito pelo fato de não haver um fluxo significativo de turistas capaz de exercer alguma influência sobre a economia local.

Posteriormente a esta fase, o destino turístico chega ao estágio do envolvimento. É neste período que o movimento turístico começa a causar certo impacto (positivo) econômico no local, levando, assim, às primeiras ações para atração de mais e mais turistas para o destino. Segundo Ocorrem nessa fase as primeiras pressões populares ao Estado no sentido de haver investimentos em transportes e facilidades para os turistas (PEREIRA, 2009). Ou seja, ajardinamento de praças e orlas, construção ou melhoramento de estradas e vias de acesso como um todo, aumento da segurança em determinadas áreas etc.

Dando continuidade à análise do gráfico, chega-se à fase do desenvolvimento. Nesse estágio, o destino turístico já encontra-se com um grande número de turistas e empreendimentos, estando consagrado entre os visitantes, sendo um local que recebe um fluxo relevante. Butler (1980) informa que neste estágio o envolvimento e o controle

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da população local diminuem rapidamente, ou seja, muitas instalações fornecidas pelos residentes são substituídas por instalações maiores, mais elaboradas e mais atualizadas, municiadas por organizações externas, especialmente no que tange aos meios de hospedagem. Nesta fase, o poder público se mostra mais a par da atividade turística, visto que a concessão de facilidades para organizações externas terão um crescimento inversamente proporcional às facilidades concedidas para a população local, em razão do montante de impostos que serão pagos ao governo por parte destas referidas empresas.

Chegando à fase de consolidação, como a própria nomenclatura descreve, é o momento onde o turismo está estabelecido no destino. Porém, os impactos negativos, sobretudo sociais, passam a se tornar protuberantes. Butler (1980) exclama que o aumento da taxa de visitantes tende a diminuir, embora o número total ainda seja expressivo, excedendo o número de residentes permanentes. Nesse momento, basicamente ocorre, por parte do Estado, um prolongamento das ações já tomadas na etapa anterior. Pereira (2009) corrobora que o marketing e os anúncios serão amplamente alcançados, tanto para atingir mais turistas, como mais organizações externas.

Na sequência, ocorre um decréscimo do número de turistas, dando início à fase de estagnação. Nesse período, impactos não só sociais passam a ser protuberantes, mas os sociais e ambientais passam a emergir, tornando o turismo uma problemática notável. Butler (1980) inteira que os níveis de capacidade para muitas áreas serão atingidos ou excedidos. A área terá uma imagem bem estabelecida, no entanto, não estará mais na moda entre os turistas, dependendo de fluxos gerados por grandes eventos. Os leitos estarão disponíveis, porém, serão grandes os esforços despendidos para manter o nível de visitação (BUTLER, 1980).

Próximo ao fim do ciclo de vida do destino turístico, há a fase de declínio. Como a própria designação descreve, esta fase compõe o momento em que o local passa a ser preterido pelos turistas; os empreendimentos que outrora geraram receita, agora passam a ser vendidos, alugados ou simplesmente abandonados. A qualidade do serviço nos estabelecimentos passa a decair, há uma deterioração de bens públicos, os atrativos artificiais se tornam comuns e as práticas de assalto e prostituição passam a tomar conta do cenário que em outros tempos, servia de lazer para famílias e turistas.

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Na fase de estagnação, segundo Pereira (2009), o poder público passa a despender esforços intensos para manter o fluxo de visitação, chegando a substituir atrações naturais já degradadas, por facilidades artificiais importadas.

Por fim, a maior parte dos destinos turísticos busca um rejuvenescimento. É nesta fase que, sobretudo o poder público tomará medidas efetivas para o restabelecimento do turismo no determinado local. Obras de cunho estruturante são realizadas, como a revitalização de áreas sociais, a manutenção de estruturas de acesso, a melhoria na segurança pública, a captação de de eventos que atraiam grandes públicos, ou até mesmo a criação de novos atrativos artificiais para redespertar o interesse dos turistas no local. Aqui Butler (1980) certifica que, áreas a serem revitalizadas para o interesse turístico necessariamente precisam apresentar custos baixos e acessibilidade.

3 METODOLOGIA

A presente pesquisa apresenta uma caracterização exploratório-descritiva. Exploratória, pois o tema aqui explanado não se configura como um assunto fortemente debatido em viés acadêmico. A pesquisa descritiva constitui-se na exposição detalhada das políticas aplicadas em cada fase do ciclo de vida pelo qual passou a Praia dos Artistas em Natal/RN.

Fernandes e Gomes (2003) reforçam que a pesquisa exploratória trata-se de um assunto que não há produção acadêmica anterior, pois sobretudo se está buscando um maior conhecimento sobre o tema, devido a este ainda não ter sido objeto de pesquisa.

No que concerne a pesquisa descritiva, Fernando e Gomes (2003) julgam como uma modalidade de pesquisa onde a principal finalidade é descrever, analisar ou verificar as relações entre os fatos e os fenômenos, ou seja, tomar conhecimento do que, com quem, como e qual a intensidade do fenômeno em estudo.

Os dados coletados foram tratados de forma qualitativa. Segundo Gerhardt e Silveira (2009, p. 30), a pesquisa qualitativa

Não se preocupa com representatividade numérica, mas, sim com o aprofundamento da compreensão de um grupo social, de uma organização, etc. Os pesquisadores que adotam a abordagem qualitativa opõem-se ao pressuposto que defende um modelo único de pesquisa para todas as ciências, já que as ciências sociais têm sua

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especificidade, o que pressupõe uma metodologia própria. (ENGEL; SILVEIRA, 2009, p. 31).

Para compor esta pesquisa, fez-se necessária em um primeiro momento a pesquisa bibliográfica, capaz de esclarecer a teoria de ciclo de vida dos destinos turísticos concebida por Butler (1980), metodologia de base aplicada à compreensão do processo de desenvolvimento e declínio do destino turístico Praia dos Artistas em Natal/RN. Foram consultados livros, artigos científicos e trabalhos acadêmicos que abordassem o desenvolvimento turístico de Natal/RN e da Praia dos Artistas ao longo do tempo, com alusão às diferentes políticas implementadas.

Os dados primários foram primeiramente coletados por meio de pesquisa documental, que como descreve Silva (2008), é uma etapa de análise de dados minuciosa, onde o pesquisador descreve e compreende o conteúdo da mensagem, procurando dar respostas à problemática pretendida, produzindo um conhecimento teórico relevante. No caso desta pesquisa, fez-se necessária a busca de dados junto a jornais da época, documentos publicados pela gestão municipal, bem como projetos de leis sancionados.

Para a obtenção do ponto de vista do atores representativos do turismo municipal e estadual responsáveis pelas tomada de decisão e direcionamento de políticas para o seu desenvolvimento, recorreu-se à entrevista em profundidade, a fim de melhor compreender o que levou ao referido destino chegar aos últimos estágios do ciclo de vida definidos por Butler (1980). Para tanto, elaborou-se um questionário semiestruturado, constituído de quatro perguntas de cunho qualitativo aplicado às duas sub-secretrárias de turismo municipal e estadual, respectivamente: Christiane Alecrim e Solange Portela, no dias 16 de outubro de 2019 e 08 de novembro de 2019, respectivamente. A fala das mesmas foi gravada, mediante sua expressa autorização, durante a execução das entrevistas.

4 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 4.1. POLÍTICAS PÚBLICAS DE URBANIZAÇÃO TURÍSTICA RELACIONADAS COM O CICLO DE VIDA DOS DESTINOS

O presente artigo abrange o espaço geográfico da Praia dos Artistas, localizada na zona leste da cidade, um micro destino dentro do destino turístico Natal, capital do

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estado do Rio Grande do Norte. A referida praia recebeu os primeiros equipamentos turísticos da cidade, concentrando, em seu período áureo, não só turistas, mas também residentes da cidade que utilizavam a praia como espaço de lazer.

Quando o turismo finalmente passa a tornar-se um rumo a ser seguido para o desenvolvimento da Cidade do Natal, políticas públicas de desenvolvimento para a região passam a ser criadas a fim de alavancar essa promissora atividade econômica. No entanto, como definido por Butler (1980), áreas turísticas tendem a se enquadrar em um ciclo de vida: elas são exploradas, por conseguinte há o envolvimento de agentes públicos, se desenvolvem, se consolidam, entram em estado de estagnação e seguem um caminho de rejuvenescimento ou declínio.

Segundo Vera et al. (1997:233) ao longo da evolução da importância que o turismo tomou para com territórios, foram experimentados diversos modelos que buscam experimentar os seguintes aspectos: A evolução que acompanha o desenvolvimento dos destinos e a forma como as zonas turísticas, visto como produtos, podem permanecer vigentes ao passar do tempo.

Não diferente, a região da Praia dos Artistas se encaixa no ciclo descrito por Butler (1980), iniciando sua primeira influência com a atividade turística por meio de algumas casas de drinks na primeira metade da década de 1960, atraindo, como confirma Oliveira (2005), um fluxo quase inexistente de turistas, podendo ser enquadrada na primeira fase do ciclo de vida, a exploração. Pereira (2009) contribui afirmando que embora Natal apresentasse forte potencial paisagístico, esse fator não confirmava um um diferencial competitivo no mercado turístico Regional e Nacional. A referida autora reforça que antes da construção da Via Costeira, não existiam indícios de atividades coletivas para o desenvolvimento do turismo.

Entre a segunda metade do década de 1960 e o início da década de 1970, a orla sofre uma reformulação, graças a ações desenvolvidas pelo poder público que, com intuito de investir na atividade turística, toma as primeiras ações de cunho estrutural e institucional para o desenvolvimento da mesma. Merece destaque a gestão do governador do RN Aluízio Alves (1961-1966), que mediante políticas públicas voltadas ao setor turístico edifica, entre os anos de 1961 e 1966, uma rede de hotéis, dentre estes o Hotel Reis Magos, localizado na Praia dos Artistas, dando um caráter mais dinâmico à região e lançando a Cidade do Natal como um destino de sol e mar (SOUZA, 1999).

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No entanto, de acordo com Pereira (2009) embora Natal apresentasse potencial paisagístico, esse fator não indicava que este destino obtinha um diferencial competitivo no mercado Regional e Nacional. A autora afirma que antes da construção da Via Costeira, não existem indícios de atividades coletivas para o desenvolvimento do turismo.

Eis que a região adentra na segunda fase do ciclo de vida definido por Butler (1980), ou seja, a fase de envolvimento, onde a construção do Hotel Reis Magos em particular reconfigura totalmente o espaço, transformando a imagem tranquila da orla em um local movimentado pelo turismo. Oliveira (2005) reforça que o fluxo turístico acarreta um aumento populacional considerável, com um número expressivo de turistas de meia idade advindos da região sudeste do país. Entretanto, em montante regional, era significativo o número de turistas oriundos de Recife, João Pessoa, Fortaleza, Aracaju, Alagoas e Salvador, todos estes vindos de carro, já que as opções de voos para Natal ainda eram pequenas e o número de vagas para carro disponibilizadas pelo Hotel Reis Magos era abundante. (OLIVEIRA, 2005).

Para tanto, foram utilizados pelo referido governador recursos financeiros da Aliança para o Progresso, do Banco Interamericano do Desenvolvimento (BID), do Governo Federal e de recursos do próprio Estado. Porém, ainda antes da construção desses hotéis, o mesmo baixa o Decreto n° 4.284, de 16 de setembro de 1964, concebendo a Superintendência de Hotéis e Turismo (SUTUR) para administrá-los e promovê-los (SOUZA, 1999).

Em consonância à onda industrializante que o Brasil vinha sofrendo em decorrência da ditadura militar, por meio da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE), concessões monetárias foram realizadas pelo Governo Federal para a viabilização de obras estruturantes em Natal e em seu contorno para a promoção da atividade turística. Através da Empresa de Promoção e Desenvolvimento do Turismo do Rio Grande do Norte (EMPROTURN), investimentos foram aplicados em infraestrutura, especialmente em áreas potencialmente turísticas, no período de 1977 a 1984 (FURTADO, 2005).

Dessa forma, a gestão pública potiguar da época assumiu um papel primordial no desenvolvimento do turismo. Furtado (2005) reforça que a economia da cidade é circunscrita por políticas públicas efetivadas por intermédio da EMPROTURN, outra

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empresa fundada em 1971 com o intuito de dinamizar o turismo no RN, particularmente em Natal, partindo de três linhas de atuação: analisar as potencialidades turísticas locais, promover as belezas de Natal e dotá-la de infraestrutura para o turismo. De 1977 a 1984, a EMPROTURN, segundo Furtado (2005), direciona recursos vultosos com o intuito de alavancar o turismo em Natal e no RN, por meio do desenvolvimento de artesanato, transportes urbanos, melhoramento de vias, drenagem de áreas etc.

Ainda dentro da fase de envolvimento da região da Praia do Meio com o turismo, é importante ressaltar que, no governo de Agnelo Alves (1966-1969), por meio da Secretaria Municipal de Turismo e Certames, com o apoio da Empresa Brasileira de Turismo (EMBRATUR), é realizado o II Congresso Brasileiro de Turismo em 1987, no qual 300 autoridades em turismo, advindas de quase todos os estados brasileiros, reuniram-se em Natal por três dias. Esse acontecimento foi um marco para a formação da imagem de Natal como polo turístico do Brasil. (SOUZA, 1999).

Em virtude da construção do Hotel Reis Magos e da visibilidade que Natal toma após o Congresso Brasileiro de Turismo, passa a ser comum a presença de grandes artistas de renome nacional, sendo esse fato responsável para a mudança do nome da região de Praia do Meio para Praia dos Artistas. Assim, como reforça Oliveira (2005), a Praia dos Artistas passa a ser um dos “points” mais movimentados por turistas e pela população local na época, dando destaque à badalação dos barzinhos distribuídos na orla da praia, que serviam como local de encontros e paqueras.

É neste período que Butler (1980) define a fase do desenvolvimento. Segundo ele, algumas instalações desenvolvidas por moradores locais perdem espaço para estabelecimentos maiores, mais elaborados e mais atualizados, fornecidos por organizações externas, sendo principalmente, alojamento para visitantes. Neste estágio, a demanda turística já se encontra bem definida, e os equipamentos, bem como a infraestrutura de apoio, estão firmados. Chega-se então ao estágio da consolidação do destino, período no qual o fluxo é intenso e as medidas a serem tomadas para atrair mais turistas não são mais tão necessárias, pois o número de visitantes já supera o número de residentes. Oliveira (2005, p. 53) contribui afirmando que:

A grande presença de turistas na Praia do Meio nesse período resulta em uma reestruturação da orla. Os processos espaciais ali ocorridos nesse momento dizem respeito ao aumento significativo do número de estabelecimentos na área e ao, também crescente, incremento no fluxo de frequentadores. Os turistas que, nesse momento, frequentavam a

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praia em grande número, atraíam também a população natalense pela badalação ali existente e pelas facilidades criadas. Assim, esses dois segmentos sociais contribuíram para dar uma intensa dinamização à área.

Na década de 1980, como constata Pereira (2009), o turismo na praia dos Artistas se consolida. Segundo a autora, a praia já havia perdido sua característica de veraneio, incorporando atividades comerciais voltadas exclusivamente para o turismo. No final da década de 1980 e inicio dos anos 1990, contudo, o destino passa a apresentar traços da fase de estagnação definida por Butler (1980). Nessa fase, os níveis de capacidade são atingidos ou excedidos, trazendo consigo problemas ambientais, sociais e econômicos; a área ainda terá uma imagem bem estabelecida, porém, não estará mais na moda (BUTLER, 1980).

Com o intuito de diversificar o produto turístico da capital potiguar, o poder público da época volta a reinventar o turismo litorâneo na cidade, novamente, por meio de obras de cunho estrutural. No ano de 1979, durante o governo de Tarcísio Maia, inicia-se a execução do projeto faraônico impulsionado pela política de mega-projetos turísticos que no Rio Grande do Norte assumiu na forma do Projeto Parque das Dunas/Via Costeira (PD/VC), o qual visava construir uma via expressa ligando a Praia de Ponta Negra à Praia dos Artistas. Projeto esse que muniria Natal de uma via propícia à construção de diversos empreendimentos turísticos e que direcionaria o fluxo de turistas à praia de Ponta Negra, àquela época utilizada apenas como praia de veraneio pela população de Natal. Como relata Cavalcanti (1993), o projeto da Via Costeira compreendia uma avenida com um calçadão cobrindo toda a faixa de 12 quilômetros, uma área destinada a residências, hotéis, restaurantes e equipamentos comunitários. O projeto PD/VC, concluído no final dos anos 1980, intensifica o turismo em Ponta Negra. No início dos anos 1990, a orla da Praia dos Artistas passa a ser reconhecida pela sua insegurança, muito pelo fato de se localizar próxima a duas favelas: a “Rua do Motor” e a “Encosta/Escadaria”, que juntas representavam 35% dos moradores da Praia (PEREIRA, 2009).

Devido à elaboração e execução do Projeto PD/VC, o turismo na Praia dos Artistas passa a perder força, uma vez que o fluxo passa a ser desviado para a praia de Ponta Negra e pelo fato da motivação do turista que frequenta a Praia dos Artistas passar a ser outro. Pereira (2009) constata que nesse período há uma mudança

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significativa no perfil do visitante desta região, ocorrendo muitos turistas que chegam atraídos pelo turismo sexual. Esse cenário refletiu em fatores que culminaram na chegada da fase de declínio do destino, ou seja, queda na qualidade dos serviços oferecidos, saturação da imagem da Praia dos Artistas, mudança no perfil do turista, com o aumento excessivo do turismo de massa.

Porém, não só o planejamento público na figura do Projeto PD/VC que se destacou como política pública a colaborar para o declínio do turismo na Praia dos Artistas. É possível citar também o Programa de Desenvolvimento do Turismo no Rio Grande do Norte – PRODETUR/RN, executado durante o governo de Garibaldi Alves (1995/1998 e 1999/2002) que segundo Fonseca (2005), foi uma política pública que contemplou Ponta Negra com ações de pavimentação de trinta e duas ruas e a construção de um calçadão na mencionada praia, assim como a implantação de onze quilômetros de redes de esgoto.

Com o adentramento da Praia dos Artistas na fase de declínio, Oliveira (2005) explana que por volta do ano de 1998, prédios abandonados, placas de aluga-se ou vende-se já faziam parte da paisagem do local, bem como frequentadores com medo de assaltos à luz do dia. Diante dessa conjuntura, a referida praia vai perdendo gradativamente o público que outrora a frequentava, quando a mesma vivia as primeiras fases do ciclo de vida do destino turístico. A referida autora completa que a Praia dos Artistas também fica marcada pela transferência dos empresários para outras áreas e pela substituição do perfil dos frequentadores, no que tange a turistas e moradores. Butler (1980) define a fase de declínio como aquela onde o local pode se tornar uma favela turística ou perder completamente a sua função. E de fato, esse foi o destino tomado pela Praia, dado que, segundo Oliveira (2005), ela perde espaço perante os novos pontos turísticos que aos poucos foram surgindo em Natal. De acordo com a pesquisa da mesma autora, a praia de Ponta Negra foi a faixa de praia que tornou-se mais atrativa na época, recebendo os turistas que antes frequentavam a Praia dos Artistas. Entre os anos de 1999 a 2000, houve um considerável deslocamento do fluxo de turistas para Ponta Negra, dado que a região apresentou um aumento de 3% em unidades habitacionais. (OLIVEIRA, 2005).

Por fim, a Praia dos Artistas adentra no sétimo e último estágio do ciclo de vida do destino turístico definido por Butler (1980), que apresenta duas vias de acesso

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possíveis: ou rejuvenescimento, ou declínio, com vários estágios intermediários entre elas. O poder público local aposta na primeira opção: na tentativa de reduzir os efeitos já agravados, edifica em 1989 o Centro de Artesanato de Natal, pela então prefeita Wilma de Faria. Em 1996, é construído o deck de madeira que contorna a Ponta do Morcego. Medidas afins são tomadas mais precisamente na década de 2000, havendo obras de ajardinamento dos canteiros por meio da Secretaria Municipal de Serviços Urbanos (SEMSUR) e da Secretaria Municipal de Transporte e Trânsito Urbano (STTU), que ficou responsável pela sinalização vertical e horizontal (ANDRADE; SANTOS, 2000 apud OLIVEIRA, 2005).

De fato, as tentativas de revitalizar a área foram inúmeras, porém, com um iniciativa privada já debilitada e um fluxo turístico escasso, tornar a Praia dos Artistas atraente ao turismo de novo tornava-se uma tarefa cada vez mais difícil. No entanto, outra empreitada é realizada através do Projeto Orla Viva. Esse projeto, nas palavras de Oliveira (2005):

É uma parceria do poder público com a iniciativa privada que pretende dentre outras coisas, mudar a iluminação, que em alguns trechos é irregular, dar um novo ajardinamento e transformar a Ponta do Morcego em uma área de lazer não só para turistas como para moradores da cidade. Também se prevê reparos para o deck da Ponta do Morcego. (OLIVEIRA, 2005, p. 66).

Pode-se afirmar que houve, de fato, uma predileção da gestão pública a partir da década de 1990 para com a área de Ponta Negra no que tange ao direcionamento de investimentos para o desenvolvimento do turismo. Porém, as ações públicas citadas acima, somadas à construção da Ponte Newton Navarro no ano de 2007, ligando a Praia do Meio, na altura da Fortaleza dos Reis Magos, às praias do litoral norte do estado, trouxe uma nova possibilidade de guinada para o turismo para a localidade. O turista que se encontrava em Ponta Negra teve, a partir de então, a facilidade deste elo de conexão mais rápido e fácil que a antiga ponte sobre o rio Potengi, a Ponte de Igapó, de seguir para outros destinos litorâneos em fase de desenvolvimento à época, transitando, assim, pela Praia dos Artistas.

No entanto, essas políticas não foram suficientes para provocar uma reversão no quadro do fluxo turístico da referida área; o turismo acontece só de passagem, sem fixação no local dos visitantes para práticas de lazer e de consumo. A partir dessa

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constatação é que foi levantada a hipótese de que fatores agravantes, como o turismo sexual, a favelização e falta de espaços edificantes, explicariam a continuidade no estágio de declínio da Praia dos Artistas em função do desinteresse de empresários em investir no local. Esta hipótese será submetida à validação a partir das entrevistas realizada com os gestores públicos municipal e estadual na segunda parte desta análise.

4.2. PERCEPÇÃO DOS GESTORES PÚBLICOS DE TURISMO EM NÍVEL MUNICIPAL E ESTADUAL SOBRE AS PRIORIZAÇÃO DE ZONAS DE TURISMO.

A realidade atual da Praia dos Artistas, como já mencionado, entra em declínio concomitantemente com a ascensão de Ponta Negra. Questões de ordem natural também contribuem para a desvalorização do espaço, podendo-se mencionar a constante deterioração do calçadão pelo avanço da maré, fator esse que faz com que turistas percam o interesse em se hospedar em hotéis da região.

Em entrevista com a subsecretária de turismo de Natal, Christante Alecrim, a mesma afirma que questões como a perda da orla pelo avanço do mar e o fechamento do Hotel Reis Magos foram fatores contribuintes para o declínio do turismo na localidade, não corroborando com o fator turismo sexual ou favelização. Ela afirma que fenômenos como esses são comuns em outras áreas turísticas da cidade, como Ponta Negra, não ocasionando danos efetivos ao turismo naquele local.

Ainda na fala da subsecretária municipal, há a menção à falta de interesse da iniciativa privada no que tange a investimentos no espaço Praia dos Artistas. Em sua concepção, os investimentos não ocorrem pelas condições naturais da praia, como a faixa de areia estreita, condiçao agravada pelo já mencionado avanço das marés, e a deterioração do Hotel Reis Magos. Christiane Alecrim deixa claro também que o rejuvenescimento da Praia dos Artistas se dará por meio do novo plano diretor que está sendo elaborado pela Prefeitura do Natal com ampla participação de representantes da comunidade local, que irá determinar sobre que será feito na localidade quanto à acessibilidade (rampas para a praia, por exemplo) ou construção de prédios com mais de um pavimento. Afirma-se de forma parcial, assim, a Hipótese 1, uma vez que a não vinda de investidores para a Praia dos Artistas se dá em função da não disponibilidade de área edificável na região, fazendo com que o governo mobilizasse políticas de turismo como o Projeto PD/VC de modo a beneficiar Ponta Negra, que possuía uma área

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edificável consideravelmente disponível. No entanto, com a futura sanção do novo plano diretor, segundo a subsecretária municipal, haverá o dito espaço edificável, trazendo consigo o interesse de investidores em se instalarem na área, visto que o novo plano trará consigo a possibilidade de verticalizar a orla e a derrubada do Hotel Reis Magos.

De forma a se obter uma visão mais ampla acerca da percepção dos atores representativos da gestão pública do turismo, foi-se necessário entrevistar também uma representante da gestão estadual na pessoa de Solange Portella, que ocupa atualmente o cargo de subsecretária estadual de turismo do Rio Grande do Norte. Solange Portella declara que o declínio ocorrido do turismo na Praia dos Artistas se deu em função de fatores somados, como a disposição do espaço para o uso imobiliário de investimentos turísticos em Ponta Negra. Na fala da própria gestora, Ponta Negra foi concebida como zona turística com esse intuito. Consoante a isso, a Praia dos Artistas já apresentava uma ocupação espacial demasiadamente desordenada, dificultando a instalação de novos empreendimentos.

Outro fator que remete a um interesse empresarial em Ponta Negra, segundo a fala da gestora pública estadual, seria as condições de banho, que na referida praia se apresenta como melhores do que a Praia dos Artistas, uma vez que a primeira possui águas mais calmas, na região próxima ao seu principal atrativo natural, o Morro do Careca. Neste ponto, há um consenso entre a fala das duas gestoras no sentido de que a Praia dos Artistas possui uma pequena faixa de areia, proporcionando condições de estada na beira-mar difíceis, diferentemente de Ponta Negra, que possui uma faixa litorânea mais extensa, apesar de sofrer também com o avanço do mar.

Solange Portella, em sua fala, corrobora com a hipótese de que o projeto Parque das Dunas/Via Costeira foi igualmente um fator condicionante para a ascensão do turismo em Ponta Negra, uma vez que propiciou a implantação de novos empreendimentos e, consequente, o crescimento da atividade turística no local em detrimento da Praia dos Artistas. Ela ainda afirma que o modismo também coloca a Praia de Ponta Negra em posição privilegiada. Isso fez com que o poder público fizesse o direcionamento de investimentos que resultaram em saneamento básico, urbanização, calçamento de ruas, dentro da ótica de que havia muitos empreendedores dispostos a investirem na região.

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Parafraseando a gestora estadual: “Existe uma outra dinâmica socioeconômica também, na hora que chega o empreendimento mais qualificado, de maior poder aquisitivo, naturalmente, o de menor poder vai recuando [...]”. Diante desse trecho de sua fala, entende-se que a chegada de grandes redes de hotéis, restaurantes e demais equipamentos turísticos na Praia de Ponta Negra fez com esse local saísse na frente da Praia dos Artistas, que por sua vez, pelo fato de ser ocupada em um outro momento histórico da cidade, recebe empreendimentos de menor porte, fazendo com que a mesma, inevitavelmente, perdesse espaço para Ponta Negra.

Respaldando a hipótese do turismo sexual mencionado no prelúdio desta pesquisa, a gestora estadual afirma que esse foi um dos fatores contribuintes para o declínio do turismo na Praia dos Artistas, não sendo, porém, um fator primordial, uma vez que na Praia de Ponta Negra essa prática também era latente.

No que tange a ações de revitalização da Praia dos Artistas, com o propósito de resgatar o turismo para área, Solange informa que ações para agir diretamente na Praia dos Artistas não existem, e que atualmente a capital potiguar só conta com projetos que beneficiam Ponta Negra e a Praia da Redinha, na zona norte da cidade. A gestora exclama que o estado trabalha com foco maior na promoção do destino em eventos internacionais com a intenção de atrair investidores, de modo que, no território específico da Praia dos Artistas, cabe ao município ações dessa natureza. Desta feita, pode-se deduzir por esta fala que não ocorreu na Praia dos Artistas uma coordenação entre as esferas municipal e estadual capaz de atrair a vinda de investimentos que fizessem rejuvenescer o turismo na área, fator esse que poderia ter sido de fundamental importância para uma revitalização do espaço. De acordo com Hall (2001), é indispensável que se haja uma coesão entre as instâncias governamentais para que o turismo assuma um papel de fomentador do desenvolvimento, proporcionando condições favoráveis à vinda de investimentos externos.

Fica claro que, na fala das duas gestoras públicas do turismo, há um consenso no fato de que a saída e a não vinda de investidores para a região da Praia dos Artistas é um fator relevante ao declínio do destino. Todavia, a realidade da referida praia se dá por meio de uma soma de fatores que resulta na fuga de novos investimentos externos, isto é, esses investimentos virão à medida que o Estado possa proporcionar um ambiente favorável a isto, o que não ocorreu, mesmo concluindo que as instâncias

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governamentais elaboraram e executaram projetos que trouxeram benefícios tanto para a região de Ponta Negra, como para a Praia dos Artistas. Não obstante, essas ações poderiam ter ocasionado um rejuvenescimento da Praia dos Artistas, em especial uma vez que ambas as praias constituem micro-destinos dentro do destino Natal, podendo ser considerados como um só produto indissociável.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Fazendo um resgate do objetivo deste estudo, tem-se: “Quais foram os fatores levaram que levaram ao declínio do turismo da Praia dos Artistas como zona turística da cidade do Natal/RN, segundo a percepção dos gestores públicos de turismo municipal e estadual?”. Para respondê-lo, foi-se necessário dividi-lo em três objetivos específicos: a) Levantar as políticas de turismo e urbanização ocorridas na cidade do Natal desde a década de 1980; b) Analisar a dinâmica sócio-espacial de direcionamento de investimentos dessas políticas na perspectiva da teoria do ciclo de vida dos destinos turísticos e c) Analisar a percepção de atores representativos do turismo sobre a priorização de zonas turísticas.

Respondendo o primeiro objetivo específico deste estudo, as políticas de turismo e urbanização ocorridas na cidade do Natal desde a década de 1980 compreendem uma intervenção estatal direta na atividade turística, de modo que o Estado chega a assumir o papel de empresário, construíndo hotéis pela cidade, incluindo o primeiro hotel de luxo à beira mar da cidade.

O que se encontrou, respondendo o segundo objetivo específico desta pesquisa, é que foram realizadas políticas de turismo a partir dos anos 1980 que tiveram incidência igual sobre a Praia de Ponta Negra e Praia dos Artistas. No entanto, no ano 2000 ações estatais incidem diretamente sobre esta última, como a construção da Ponte Newton Navarro e a reforma no calçadão da Praia dos Artistas em função de jogos da Copa do Mundo da FIFA em 2014 realizados em Natal, beneficiando a Praia dos Artistas, evidenciando o interesse do poder público em revitalizar a área. No entanto mesmo com esses fatores, apenas Ponta Negra continua a se desenvolver, enquanto a Praia dos Artistas se encontra em estado de declínio, apresentando-se como um dos poucos destinos que está em decadência e não apresenta atualmente nenhum indício de rejuvenescimento.

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No que tange ao terceiro objetivo específico desta pesquisa, sobre a percepção dos atores representativos da gestão pública do turismo, constata-se que os fatores responsáveis pelo declínio do turismo na Praia dos Artistas não são propriamente o turismo sexual ou a favelização, mas antes: a redução sistemática de orla em função do avanço das marés; o impasse que se há com o prédio do antigo Hotel Reis Magos em ruínas, que já apresenta um quadro de 20 anos de inércia; e a evasão e o não interesse de organizações privadas em investir no local em função de não haver áreas edificantes disponíveis para a vinda de novos investimentos. A favelização e prostituição, segundo a fala das gestoras públicas do turismo, não se configuram como os fatores determinantes do declínio do turismo na Praia dos Artistas, não validando, assim, a ‘hipótese 2’ desta pesquisa.

Finalmente é possível concluir que, como já mencionado, a ‘hipótese 1’ se confirma de maneira parcial, uma vez que os fatores como o direcionamento de investimentos privilegiando outras áreas da cidade são parcialmente responsáveis pela conjuntura atual da Praia dos Artistas. Muito pelo contrário: a partir anos 2000, houve intervenções públicas que em tese deveriam beneficiar ambos os micro destinos, Ponta Negra e Praia dos Artistas. No entanto, só a Praia de Ponta Negra que continua a apresentar um crescimento considerável, enquanto o fluxo turístico da Praia dos Artistas continua em declínio, sem apresentar rejuvenescimento. De fato, o rejuvenescimento da Praia dos Artistas, como citado anteriormente, pode ocorrer com a elaboração do plano diretor da cidade, como declarou a subsecretária municipal do turismo em sua fala. Porém, atualmente, a situação dessa praia é de um fluxo baixo de turistas, de empreendimentos com poucos lucros e de uma estrutura impotente e quase sem expressão.

O presente trabalho de pesquisa contribuiu para ampliar o conhecimento do modelo de ciclo de vida de destinos turísticos, ao estabelecer uma relação direta entre as políticas públicas de turismo com um destino que chegou ao termo de seu ciclo de vida, desaparecendo por completo como espaço de lazer e de consumo para visitantes. Esse grau máximo do fim do ciclo de vida que alcançou a Praia dos Artistas enquanto destino de sol e mar de Natal, talvez o único conhecido que veio a desaparecer como tal, fornece a perspectiva ideal para análise do papel da gestão pública do turismo como

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um fator interno determinante na modelagem de ciclo de vida, sendo esta a principal lacuna na literatura turística que o presente artigo vem a preencher.

Enfim, esta pesquisa encontrou pontos limitantes, como a falta de tempo hábil para se obter uma base de dados mais aprofundada como conversas com antigos moradores, líderes comunitários, guias de turismo ou até mesmo com outros gestores do turismo, objetivando compreender intrinsecamente quais fatores levaram ao declínio do turismo na Praia dos Artistas, outrora um local fora de grande fluxo e de relevante importância para o turismo da capital. Dessa maneira, esta pesquisa permite a possibilidade de futuros estudos que se aprofundem mais na problemática do declínio do turismo não só na Praia dos Artistas, mas em outros destinos ou micro-destinos que em outros tempos representaram relevante importância para o desenvolvimento econômico de uma localidade ou região.

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