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CARACTERIZAÇÃO DO SOFTWARE LIVRE NOS PROJETOS DE INCLUSÃO DIGITAL E AS AVALIAÇÕES DE USABILIDADE

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Academic year: 2021

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CARACTERIZAÇÃO DO SOFTWARE LIVRE NOS PROJETOS DE INCLUSÃO DIGITAL E AS AVALIAÇÕES DE USABILIDADE

Luciara Wanglon Afonso1 Daniele Pinto Andres2

RESUMO

Este artigo tem por objetivo apresentar algumas questões que envolvem a usabilidade do Software Livre em relação ao Software Proprietário em projetos de Inclusão Digital e, em um segundo momento, aborda a necessidade de se realizar avaliações de usabilidade através de pesquisas com grupos heterogêneos de usuários para avaliar os problemas e as facilidades com que estes usuários se deparam ao utilizar Software Livre e a questão do aprendizado de informática básica com este tipo de software.

Palavras-chave: Inclusão Digital, Software Livre, Usabilidade

INTRODUÇÃO

Esta pesquisa apresenta um estudo relacionado à Usabilidade do Software Livre em projetos de Inclusão Digital, visto que esta prática está sendo a cada dia mais difundida entre as entidades que estão associadas a este propósito, estimuladas pelo custo que diminui consideravelmente com a adoção desta idéia. Isto ocorre uma vez que existe a possibilidade do não pagamento de licenças pelo uso dos softwares utilizados, mesmo que em alguns casos seja necessário o pagamento pela aquisição dos mesmos.

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Bacharel em Sistemas de Informação da ULBRA Guaíba, < lwafonso@gmail.com >

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Algumas considerações nortearam a escolha deste tema para pesquisa, entre elas estão:

• Mesmo com custo inferior ao Software Proprietário, o Software Livre é de fácil acesso e torna agradável o aprendizado do usuário final?

• Utilizando os critérios de avaliação da usabilidade pode-se afirmar que esta é melhor solução em projetos de inclusão?

• O Software Livre em projetos de inclusão propicia que os “excluídos digitais” sejam preparados para o mercado de trabalho e para a sociedade em geral ou apenas proporciona que estes estejam aptos a utilizar apenas alguns programas de informática?

Questões estas que deveriam ser trabalhadas quando da criação de projetos de inclusão digital.

INCLUSÃO DIGITAL

Ao se falar em Inclusão Digital, logo imagina-se "ensinar" informática às pessoas que de alguma forma não tem acesso a esse conhecimento. Mas o termo, apesar de estar um tanto quanto banalizado, abrange muito além do simples fato de treinar usuários em conceitos de informática, e está intimamente ligado ao conceito de Inclusão Social.

Mas, muitos estudiosos do tema, afirmam que o combate à exclusão digital está ligado ao processo de exclusão social, pois hoje o acesso as TIC’s beneficia as camadas mais altas da sociedade.

Segundo Silveira (2003), atualmente começa a existir um consenso que amplia a noção de exclusão digital e a vincula ao acesso à rede mundial de computadores. A idéia corrente é que um computador desconectado tem uma utilidade extremamente restrita na era da informação, acaba o que o torna quase como uma mera máquina de escrever.

A partir do momento em que a inclusão digital passa a ser considerada como inclusão a TIC’s, surge à necessidade de acesso a vários outros serviços. Além do computador, passa a ser necessário o acesso ao serviço telefônico e o provimento de acesso e a formação básica em softwares aplicativos (SILVEIRA, 2003).

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Existem vários fatores que tornam importante o fim da exclusão digital. Já há algum tempo, órgãos governamentais têm feito uso da Internet para prestar os mais variados tipos de serviço à população, tornando mais rápido e seguro seu funcionamento e o relacionamento com a sociedade. Através deste tipo de serviço é possível reduzir custos, controlar melhor as transações realizadas aumentado à eficácia destes serviços.

No ponto de vista educacional, as Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs), possibilitam um novo tipo de aprendizado, o Ensino à Distância, e ao mesmo tempo trazem através da rede mundial um mundo de informações sobre os mais diversos temas, desenvolvendo o conhecimento e também a criatividade de seus usuários.

Em questão de cidadania, as TICs possibilitam o relacionamento com outras pessoas e grupos, a capacitação, o conhecimento, o acesso a um conjunto de serviços que muitas vezes não apresentam custos aos seus usuários e ainda a possibilidade de manifestar-se culturalmente.

Para que se possam atingir os objetivos esperados com Inclusão Digital, existem alguns pré-requisitos que devem ser observados, por exemplo, a disponibilidade de computadores, o acesso à telefonia, a capacitação em tecnologia e o acesso a Internet.

SOFTWARE LIVRE

Segundo Silveira (2003), Richard Stallman que até então, era integrante do Massachusetts Institute of Technology (MIT), a partir de sua indignação contra a proibição de poder acessar o código-fonte de um software, que fora desenvolvido a partir do conhecimento de outros programadores, em 1985 cria a Free Software Foundation (FSF). Este movimento começou pequeno e tinha como objetivo reunir e distribuir ferramentas livres, com código-aberto para que todas as pessoas tivessem acesso aos programas e também aos seus códigos.

Software livre, de acordo com a FSF, é qualquer programa de computador que possa ser usado, copiado, estudado, modificado e redistribuído com algumas restrições, sendo que a maneira usual de distribuição é anexando a ele a licença de Software Livre e tornando o código-fonte do programa disponível.

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A Free Software Foundation define quatro tipos de liberdade para usuários de software para que este seja considerado livre:

• Liberdade nº 0 – A liberdade de executar o programa, para qualquer propósito; • Liberdade nº 1 – A liberdade de estudar como o programa funciona, e adaptá-lo

para as suas necessidades. Acesso ao código-fonte é um pré-requisito para esta liberdade;

• Liberdade nº 2 – A liberdade de redistribuir cópias de modo que possa ajudar ao próximo;

• Liberdade nº 3 – A liberdade de aperfeiçoar o programa, e liberar os seus aperfeiçoamentos, de modo que toda a comunidade se beneficie. Acesso ao código-fonte é pré-requisito para esta liberdade.

Ao atender a essas liberdades, o software é considerado livre, ou seja, pode ser acessado, alterado, e repassado, com as alterações a toda comunidade.

Software livre não é sinônimo de software gratuito, uma vez que as licenças livres permitem a comercialização, mas não permitem a falta de liberdade.

A Internet permitiu que o movimento de Software Livre fosse difundido em todo o mundo e assim possibilitou a produção de um sistema operacional livre, denominado GNU/LINUX. Em 1992, Linus Torvald compilou todos os programas e ferramentas GNU em um núcleo central, denominado Kernel, e assim tornou possível o sistema operacional. Torvald chamou este sistema operacional de Linux (Linus for Unix).

A idéia era produzir um sistema operacional livre que tivesse a lógica do sistema Unix que era proprietário, ou seja, pertencia a uma empresa.

Por isso, os vários esforços de programação eram reunidos em torno do nome GNU (Gnu is Not Unix) (SILVEIRA, 2003). Segundo Stallman, o objetivo principal do GNU era ser um Software Livre. Mesmo se o GNU não tivesse vantagem técnica sobre o Unix, teria uma vantagem social, permitindo aos usuários cooperar entre si, e uma vantagem ética, respeitando a liberdade do usuário.

Considerando o Software Livre nos projetos de inclusão, um grande número de estudiosos defende o uso deste, baseando-se principalmente no aspecto custo/benefício e na idéia que a inclusão digital não visa apenas mais micros para aqueles que não têm acesso, mas também deve oportunizar a busca do conhecimento com equipamentos baratos,

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Software Livre, mão de obra criativa e especializada beneficiando assim a chamada Inclusão Social.

Seria extremamente viável utilizar mais amplamente o Software Livre, pois além de não enviar royalties poder-se-ia firmarmos como um grande produtor e distribuidor de soluções em código-aberto (SILVEIRA, 2003).

Usando Software Livre, os valores gastos com licenças passariam a ser empregados em hardware, treinamentos e suporte para cada unidade. No caso de projetos ligados ao governo, a economia com as licenças de softwares podem ser utilizadas para subsidiar equipamentos e ainda a montagem de outros pontos para garantir o acesso a Internet por parte de todos.

Existem muitos projetos de inclusão bem sucedidos no Brasil que utilizam como base o Software Livre, entre eles estão: o Projeto Telecentros (SP), o Via Pública (RS), Sampa.Org (SP), entre outros.

USABILIDADE

Segundo Frederick van Amstel, professor de Web Design do Opet, pode-se entender usabilidade como sinônimo para facilidade de uso, ou seja, se um produto é fácil de usar, o usuário tem maior produtividade, aprende mais rápido, memoriza as operações e comete menos erros.

Amstel ainda afirma que sempre que houver uma interface, ou seja, um ponto de contato entre um objeto físico (cafeteira) ou abstrato (software), pode-se observar a usabilidade que esse objeto oferece.

Aplicando o termo mais precisamente na área de informática, conforme Nielsen (1993), pode-se dizer que usabilidade tem como objetivo principal a elaboração de interfaces que permitam uma interação fácil e agradável para o usuário e que seja ao mesmo tempo eficiente e eficaz.

Ainda segundo Nielsen (1993), a usabilidade pode ser dividida em cinco atributos básicos:

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• Facilidade de Aprendizagem – o sistema deve apresentar facilidade de uso permitindo que, mesmo um usuário sem experiência, seja capaz de produzir algum trabalho satisfatoriamente;

• Eficiência – o sistema deve ser eficiente em seu desempenho apresentando um alto nível de produtividade;

• Facilidade de Memorização – suas telas devem apresentar facilidade de memorização permitindo que usuários ocasionais consigam utilizá-lo mesmo depois de um longo intervalo de tempo;

• Baixa Taxa de Erros – a quantidade de erros apresentados pelo sistema deve ser o mais reduzido possível, além disso, eles devem apresentar soluções simples e rápidas mesmo para usuários iniciantes.

• Erros graves ou sem solução não podem ocorrer.

• Satisfação – o sistema deve agradar ao usuário, sejam eles iniciantes ou avançados permitindo uma interação agradável.

Baseado nestes conceitos é certo afirmar que usabilidade é uma combinação de características da interface de software relacionada com o usuário, como por exemplo, os atributos descritos anteriormente.

Dentre as diferentes formas de se avaliar a usabilidade uma das mais importantes (NIELSEN, 2003), é a observação da interação com o usuário, podendo esta ser feita em laboratório com uma quantidade representativa de usuários para os quais o sistema foi desenvolvido, ou no ambiente de trabalho onde o sistema será implantado. O mais importante durante os testes de interação é que, sempre que possível, seja utilizado o usuário certo para as tarefas certas, com o objetivo de se obter o máximo de desempenho avaliativo.

De acordo com Cybis (2003), quando se realiza uma avaliação de interface, o avaliador terá como primeira tarefa a elaboração de um Plano de Testes de Usabilidade, no qual irá descrever a realização de uma seqüência estruturada de avaliações de usabilidade. Os principais objetivos de uma avaliação de usabilidade são:

• Averiguar, observar e registrar problemas de usabilidade durante a interação; • Calcular métricas objetivas para eficácia, eficiência e produtividade do usuário

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• Diagnosticar características do projeto que provavelmente irão atrapalhar a interação por estarem em desconformidade com padrões implícitos e explícitos de usabilidade;

• Prever dificuldades de aprendizagem relativas a operação do sistema; • Prever o tempo de execução de tarefas informatizadas;

• Conhecer a opinião do usuário em relação ao sistema; e

• Sugerir ações de re-projeto mais evidentes face aos problemas de interação efetivos ou diagnosticados.

A avaliação de interface pode ser realizada em qualquer etapa do ciclo de desenvolvimento de um sistema, e até mesmo após sua implementação. E uma vez que os problemas relacionados à usabilidade sejam detectados, devem ser imediatamente solucionados ou ter seus efeitos minimizados.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O conhecimento construído e adquirido até o momento, no que diz respeito a teoria que foi estudada, foi de grande importância para a realização desta caracterização.

De acordo com o contexto apresentado anteriormente e analisando o atual estado da arte, este artigo apresenta como solução a utilização de ensaios de interação (Testes de Usabilidade), bem como a necessidade de se realizar avaliações de usabilidade no Software Livre com grupos de usuários em diferentes níveis de aprendizado.

Grande parte dos desenvolvedores de Software Livre preocupou-se em criar soluções com segurança, produtividade e qualidade, estágio este já alcançado no cenário mundial. Porém, percebe-se uma necessidade de incorporar a usabilidade para usuários com diferentes níveis de conhecimento, bem como na absorção de usuários novos e resistentes as mudanças. Com isso, seria possível tornar o sistema mais intuitivo diminuindo as necessidades de suporte.

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AMSTEL, Frederick van. Afinal, o que é Usabilidade? Disponível em: <http://www.usabilidoido.com.br/afinal_o_que_e_usabilidade.html> Acesso em 29 set. 2006

CYBIS, Walter de Abreu. Engenharia de Usabilidade: uma abordagem ergonômica. Florianópolis: Laboratório de Utilizabilidade em Informática, 2003.

GEERTZ, Clifford. A Interpretação das Culturas. LTC: Rio de Janeiro, 1989. NIELSEN, Jacob. Usability Engineering. São Francisco: Morgan Kaufmann, 1993.

SILVEIRA, Sérgio Amadeu da (org); CASSINO, João (org). Software Livre e Inclusão Digital. São Paulo: Conrad Editora do Brasil, 2003.

Referências

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