Mapeamento da Educação profissional de pessoas com
deficiências no Estado de Minas Gerais
Huana Silva Estanisláo1 Maria Luiza Pires Tertuliano2 Izaura Maria de Andrade da Silva3 Rosemary Dore Heijmans4
Resumo
Este artigo apresenta resultados parciais de uma pesquisa em andamento, que visa a identificar e a caracterizar as organizações escolares que têm oferecido educação profissional direcionada para pessoas com deficiência no Estado de Minas Gerais. Este projeto de pesquisa está articulado ao projeto mais amplo intitulado “Políticas de Educação Profissional para Pessoa com Deficiência” que tem como objetivo identificar e analisar as razões pelas quais a educação profissional direcionada às pessoas com deficiência tem sido oferecida através de uma organização escolar diferenciada. A coleta de informação foi realizada através de pesquisas em planilhas do censo escolar 2007, disponibilizada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP). As instituições foram caracterizadas segundo sua dependência administrativa, infra-estrutura, oferta de apoio pedagógico especializado, número de pessoas com deficiências matriculadas. Os resultados revelaram reduzido índice de matrícula de alunos com deficiência nas escolas técnicas de Minas de Gerais
Palavras chaves: Educação profissional; Pessoas com deficiência; Educação especial
1 INTRODUÇÃO
No processo de aprendizagem de iniciação científica, com três meses de imersão no grupo de pesquisa sobre políticas de educação profissional, com atividades desenvolvidas em oito horas semanais aceitamos o desafio de compartilhar o produto coletivo de nosso trabalho e de nossas aprendizagens. Estando cientes que o processo está no início e os resultados são ainda incipientes.
Apresentamos neste artigo os resultados parciais de uma pesquisa em andamento que visa a identificar e a caracterizar as organizações escolares que têm oferecido educação profissional direcionada para pessoas com deficiência no Estado de Minas Gerais
Diversas razões motivaram a realização deste estudo, dentre as quais destacamos os altos índices de exclusão de jovens e adultos com deficiência das oportunidades de escolarização e, principalmente, de formação profissional.
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Bolsista do PROVOC / UFMG hunislao@gmail.com
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2 METODOLOGIA
O objetivo deste trabalho é o de caracterizar as instituições de educação que oferecem educação profissional para pessoas com deficiência, no Estado de Minas Gerais
Este projeto de pesquisa está articulado ao projeto mais amplo intitulado “Políticas de Educação Profissional para Pessoas com Deficiência” que tem como objetivo identificar e analisar as razões pelas quais a educação profissional direcionada às pessoas com deficiência tem sido oferecida através de uma organização escolar diferenciada.
A coleta de informação será efetivada através de pesquisas em bancos de dados do censo escolar do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), consulta aos responsáveis pela coordenação da educação especial e profissional no Estado de Minas Gerais; consulta às lideranças de movimentos sociais de pessoas com deficiência, como o Centro de Vida Independente, Fraternidade Cristã de Pessoa com Deficiência.
Nesta fase da pesquisa, investigamos as informações do censo escolar referente ao ano de 2007. No primeiro momento, selecionamos as variáveis que consideramos importantes para atingir os objetivos traçados para a pesquisa. As variáveis selecionadas foram: nome de instituição de educação profissional inclusiva; Estado, Município; Dependência administrativa, categoria da escola privada, mantenedora da escola privada, matrículas por tipo de deficiência, dependências e vias adequadas; oferta de apoio pedagógico especializado. O principal critério para a seleção dessas variáveis é o de identificar as condições das instituições de educação profissional no diz respeito ao acesso de pessoas com deficiência. Esses dados foram solicitados ao INEP, que prontamente os disponibilizaram via internet, por meio de planilhas.
Na apresentação dos resultados parciais da pesquisa, utilizamos a terminologia utilizada no censo escolar do INEP «necessidades educacionais especiais», que inclui, além dos alunos com deficiência visual, auditiva, mental, física e múltipla, alunos com transtornos evasivo do desenvolvimento e ainda os que são portadores de altas habilidades. Nossa pesquisa refere-se apenas às pessoas com deficiência
3. RESULTADO E DISCUSSÃO
O Censo Escolar do INEP relativo ao ano de 2007 registraram no Brasil 490 matrículas de alunos com necessidades educacionais especiais em classes
montante dessas matrículas, apenas 23 foram em instituições do Estado de Minas Gerais
Tabela 1- Matrículas de alunos com necessidades educacionais especiais na Educação profissional de nível técnico no Brasil e Minas Gerais - 2007
Modalidades de Educação profissional
Matrículas de alunos com necessidades
educacionais Brasil
Matrículas de alunos com necessidades educacionais Minas Gerais Concomitante 272 6 Subseqüente 123 17 Educação de Jovens e Adultos integrada a educação profissional nível médio 95 0 Total 490 23
Fonte: censo escolar INEP 2007
Como podemos observar na Tabela 1, existem poucas matrículas de alunos com necessidades educacionais especiais no Brasil. Com base nos dados o INEP-2007, foram apenas 490 pessoas com algum tipo de necessidade educacional especial que se matricularam nos ensinos profissionais de nível técnico; 272 no ensino concomitante e 123 no ensino subseqüente; na educação de jovens e adultos integrada à educação profissional de nível médio, foram apenas 95 matrículas em todo País. Já no Estado de Minas Gerais, esses números são ainda mais reduzidos, e nenhuma matrícula foi feita na educação de jovens e adultos integrada à educação profissional de nível médio. Por que o Estado de Minas Gerais não apresenta nenhuma matrícula na modalidade na educação de jovens e adultos integrada à educação profissional de nível médio? Seria isto um problema da falta de recursos nesta e em outras áreas do ensino inclusivo no Brasil?
Nas tabelas 02 e 03, apresentamos a caracterização das instituições de educação profissional em Minas Gerais que registraram matrículas de alunos com necessidades educacionais em 2007. A Tabela 02 relaciona às escola que ofertaram o ensino profissional concomitante e a Tabela 03 o ensino profissional subseqüente.
Tabela 2- Educação profissional concomitante inclusiva em Minas Gerais – Ano: 2007
Fonte: censo escolar INEP 2007 Nome da instituição Dependência administrativa (Categoria da escola privada) Mantenedora Da escola Privada Município Localização Escola agrotécnica federal De Machado
Federal --- Machado Rural
Colégio universitário Padre De Man
Filantrópica Empresa Coronel Fabriciano Urbana SENAC unidade XIII Particular Sindicato SENAC
Poços de Caldas Urbana
Escola técnica
Limassis Particular
Empresa Delfim Moreira Urbana
Centro educacional Roberto Porto unidade III
Particular
Tabela 3 - Educação profissional Subseqüente inclusiva em Minas Gerais Ano: 2007 Nome da instituição Dependência
administrativa (Categoria da escola privada) Mantenedora da escola Privada Município Localizaç ão
IEC Unidades Inconfidentes Municipal --- Contagem Urbana
IEC Unidade Cruzeiro Do Sul Municipal --- Contagem Urbana
EM Dr.José Januário De Magalhães Municipal --- Muzambinho Urbana
CEFET De Uberaba Federal --- Uberaba Urbana
Escola Agrotécnica Federal De Machado
Federal --- Machado Rural
Escola Agrícola Adolfo Alves Resende
Municipal --- Campina Verde Rural
Escola Agrotécnica Federal De Muzambinho
Federal --- Muzambinho Rural
Colégio Profissional Orlando Chiarini
Particular Sindicato SENAI
Pouso Alegre Urbana
Escola Prot Odont Dr. Dagoberto Fernandes
Particular Empresa Belo Horizonte Urbana
CAP- Centro de
Treinamento e Aperfeiçoamento Profissional
Particular Empresa Uberlândia Urbana
CEFORTEC-Centro Educacional De
Formação Tecnológica Particular
Empresa Juiz De Fora Urbana
Colégio Atenas Unidade III
Particular Empresa Varginha Urbana
Os dados apresentados pelo INEP referente ao censo escolar de 2007 mostram que a educação técnica de pessoas com deficiência é desenvolvida em 16 estabelecimentos públicos (federal, estadual e municipal) e privados (particular, confessional, e filantrópico) que se caracterizam como escolas técnicas, agrotécnicas, centros de educação tecnológica, centros de formação profissional, associações/escolas, dentre outros tipos de estabelecimento de ensino.
Nos 16 estabelecimentos de Educação profissional em Minas Gerais que possuem matrículas de pessoas com deficiência, 03 são de âmbito federal, 04 municipal e 09 privados. No diz que respeito à localização das escolas, 13 estão situadas na área urbana e 03 na área rural. A concentração da oferta de educação profissional técnica inclusiva está na área urbana, Na área rural, oferecem educação técnica inclusiva apenas instituições públicas sendo 02 federais e 01 municipal.
Das 09 instituições privadas que ofertam educação profissional inclusiva, 08 são particulares, 01 filantrópica/confessional. Quanto à entidade mantenedora, 02 são mantidas por sindicato (SENAI/SENAC) e o restante são mantidas por uma ou mais pessoas físicas ou jurídicas.
Das instituições particulares, apenas duas não possuem convênio com o poder público, sendo uma de caráter particular e a outra filantrópica.
Tabela 04 -Matrículas realizadas em Minas Gerais por tipo de deficiência
Fonte: censo escolar INEP 2007
A maior parte das matrículas das pessoas com deficiência foram na modalidade subseqüente (17). As matrículas de alunos com baixa visão e deficiência física foram preponderantes, 7 e 5 respectivamente. Não foi constatada nenhuma matrícula de pessoa com deficiência múltipla, transtornos evasivos do desenvolvimento , surdo cegueira. Esses dados revelam que as escolas não dispõem dos recursos necessários que possibilitam o acesso de todas as pessoas com deficiência. O acesso está restrito apenas a algumas categorias de deficiência.
Apenas 35% dos estabelecimentos possuem dependências e vias apropriadas, incluindo sanitários adequados à pessoa com deficiência e ou mobilidade reduzida. Nenhumas das escolas possui sala de recurso.
Tipo de deficiência Matrículas realizadas no Ensino concomitante Matrículas realizadas no Ensino subseqüente Educação técnica profissional de jovens e adultos integrada Cegueira 2 0 0 Baixa visão 0 7 0 Surdez 2 1 0 Auditiva 0 2 0 Surdocegueira 0 0 0 Física 2 5 0 Mental 0 1 0 Transtornos evasivos do desenvolvimento 0 0 0 Síndrome de Down 0 1 0 Múltipla 0 0 0 Habilidades Superdotadas 0 0 0 Total 6 17 0
4 CONCLUSÃO
A partir do estudo realizado até agora podemos concluir que a precariedade de oferta dos recursos e serviços de atendimento especializado pelo sistema de ensino e pela instituições é uma das causas dos baixos índices de matrículas das pessoas com deficiência na educação profissional técnica.
REFERÊNCIAS
BRASIL/MEC/INEP. Micro dado do censo escolar 2007. Brasília, 2008. SILVA.Izaura M A. Políticas de educação profissional para pessoas com
deficiência. Projeto de Pesquisa aprovado pelo colegiado do programa de Pós
Graduação da Faculdade de Educação, da Universidade Federal de Minas Gerais, sob a orientação da professora Rosemary Dore Heijmans. Belo Horizonte, 2008.