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Avaliação das propriedades do estado fresco e endurecido da argamassa estabilizada para revestimento

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Academic year: 2021

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Avaliação das propriedades do estado fresco e endurecido da

argamassa estabilizada para revestimento

Juliana Machado Casali (1); Artur Mann Neto (2);

Daniela Carnasciali de Andrade (3); Nicolle Talyta Arriagada (4)

(1) Departamento Acadêmico de Construção Civil/ UTFPR. casali@utfpr.edu.br (2) Engenharia de Produção Civil, DACOC/ UTFPR. arturneto@hotmail.com

(3) Engenharia de Produção Civil/ UTFPR. dani_carnasciali@hotmail.com (4) Engenharia de Produção Civil, DACOC/ UTFPR. hey_colle@hotmail.com.

RESUMO

Na busca por racionalização e produtividade, muitas construtoras procuram utilizar a argamassa estabilizada. Essa argamassa já vem pronta, é dosada em central e se mantém trabalhável por longos períodos (36 a 72 horas). Porém, por ser um produto novo no Brasil, existem muitas dúvidas sobre o seu desempenho. Neste contexto, este trabalho teve como objetivo avaliar as propriedades da argamassa estabilizada. Foram analisados 5 lotes de 36 e 72 horas e com dois processos de armazenamento. Os resultados obtidos demonstraram uma diminuição da consistência inicial ao longo do tempo de utilização, no entanto com uma pequena perda de consistência (mesmo dia). O processo de armazenamento e o tempo de utilização influenciaram o teor de ar incorporado, a retenção de água, a resistência à compressão e tração. Os maiores valores de resistência foram obtidos para as argamassas de 36 horas e para os lotes sem a colocação da película de água.

Palavras-chave: argamassa estabilizada, argamassa de revestimento, argamassa dosada em central.

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Study of fresh and hardened state properties of

ready-mix rendering mortars

ABSTRACT

One way to increase productivity would be to use ready-mix mortar. This mortar is delivered to a building site and remains workable for a period of 36 to 72 hours. However, it is a new mortar in Brazil and there are some doubts about its performance. Thus, the aim of this study is to assess the properties of ready-mix mortar. Five batches of 36 and 72 hours and two storage processes were analysed. The results showed a decrease of the initial consistency over the time of use, however with a slight loss of consistency (same day). The storage processes and the time of use influenced the entrained-air content, water retention, compressive strength and tensile strength. The highest values of strength were obtained for 36-hour mortar and mortar without a film of water.

Key-words: ready mix mortar, bedding mortar and rendering mortar.

1. INTRODUÇÃO

A industrialização das argamassas ocorreu na década de 50, no entanto, somente após o desenvolvimento dos aditivos nos anos 70 que foi introduzida na Alemanha uma argamassa pronta capaz de manter suas características de uso (trabalhabilidade) por até três dias.

Após muitos anos de uso na Europa, a argamassa estabilizada foi utilizada pela primeira vez no Canadá por volta de 1980 e nos Estados Unidos em 1982(1). No Brasil o primeiro registro foi em 1985 de uma argamassa de estabilizada(2).

Algumas vantagens são indicadas na utilização dessa argamassa como: elimina estoque e o manuseio das matérias-primas; diminui o desperdício de material; evita o tempo de espera e a mão-de-obra para preparação da argamassa; aumenta a produtividade e a racionalização da mão-de-obra(3).

No entanto, estudos sobre a viabilidade de utilização dessa argamassa em obra(4, 5, 6) apontam algumas desvantagens: redução ou uma perda de fluidez da argamassa ao longo do tempo; maior tempo de espera para realizar o desempeno da argamassa; menor o número de fiadas por dia (diminuição na espessura da junta); entre outros.

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Um fator recomendado pelo fabricante é o processo de armazenamento da argamassa até o dia seguinte: alisar a superfície e em seguida aplicar uma película de 10 mm de água sobre a argamassa. No dia seguinte remove-se a película, mistura e aplica a argamassa. No entanto, essa prática não é realizada em obra, pois segundo os usuários, no dia seguinte a camada de água fica como uma “nata” e após remove-la a argamassa apresenta uma fluidez elevada.

Diante do exposto, observa-se claramente uma carência no assunto, principalmente em relação às propriedades das argamassas no estado fresco (consistência, perda de consistência e retenção de água). Além disso, os usuários não têm o conhecimento da real influência da colocação ou não da película de água.

Cabe salientar que as propriedades das argamassas convencionais (cimento, cal e areia) são relativamente conhecidas, pois normalmente essas argamassas são utilizadas nas obras e existe normalização brasileira especificando seu desempenho. Já para as argamassas estabilizadas, atualmente não existe norma brasileira e existem poucos trabalhos sobre o assunto.

Nelson et al.(7) compararam três argamassas estabilizadas para assentamento com a convencional e os resultados demonstraram um aumento na resistência de aderência e diminuição na retração.

Martins Neto e Djanikian(2) compararam quatro argamassas estabilizadas (cimento, areia e aditivos) (retardamento da pega do cimento de 12 horas) e duas argamassas mistas. Os resultados obtidos demonstraram um aumento no teor de ar incorporado, aumento na resistência à compressão e aderência. A mesma tendência foi observada por Silva(5), mas na composição da argamassa foi utilizada cal.

Diante do exposto, o objetivo desse estudo foi avaliar as propriedades no estado fresco e endurecido das argamassas estabilizadas obtidos de lotes distintos, com tempo de utilização diferente e dois processos de armazenamento.

2. MATERIAIS E MÉTODOS

Para atingir o objetivo proposto primeiramente foi identificado que, na época da pesquisa, existia apenas um fornecedor de argamassa estabilizada em Curitiba (Paraná). Desse modo foi realizada uma visita técnica para obter informações sobre os materiais empregados e procedimentos de utilização do produto. Além disso, foi coletada uma amostra do agregado miúdo e da argamassa estabilizada (item 2.2).

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2.1 Materiais utilizados

Segundo informações do produtor, os materiais utilizados para a confecção da argamassa estabilizada são: Cimento Portland Composto com Filer (CP II F – 32), agregado miúdo (areia natural) e aditivos. A caracterização do cimento Portland, do agregado miúdo e dos aditivos estão apresentados na Tabela 1, 2 e 3.

Tabela 1 – Características físicas, químicas e mecânicas do cimento CP II - F - 32. Fonte: Dados fornecidos pelo fabricante do cimento Portland.

Item de controle Média Desvio Mínimo Máximo

E n s a io s f ís ic o s

Material Retido #200 (mesh) (%) 4,35 1,49 2,80 6,80

Material Retido #325 (mesh) (%) 16,16 2,80 12,30 20,40

Blaine (cm2/g) 3.212 172,36 2.990 3.460

Água de Consistência (%) 26,1 0,5 25,4 27,10

Início de Pega (horas) 03:16 00:19 02:55 03:50

Fim de Pega (horas) 03:50 00:17 03:30 04:15

Expansibilidade a Quente (mm) 0,70 0,35 0,00 1,00

Resistência a 1 dia (MPa) 11,1 2,10 8,20 13,9

Resistência aos 3 dias (MPa) 24,9 2,60 19,9 26,6

Resistência aos 7 dias (MPa) 30,9 3,20 25,3 34,6

Resistência aos 28 dias (MPa) 40,3 3,60 34,2 44,0

Massa específica (g/cm3) 3,11 - - - E n s a io s q u ím ic o s Perda ao Fogo (%) 5,10 0,29 4,62 5,57 SiO2 (%) 18,46 0,05 18,38 18,51 AL2O3 (%) 4,05 0,01 4,03 4,07 Fe2O3(%) 2,53 0,01 2,52 2,54 CaO (%) 59,65 0,03 59,59 59,69 MgO (%) 5,25 0,06 5,18 5,38 Equivalente Alcalino (%) 0,63 0,01 0,62 0,64 SO3 (%) 3,08 0,13 2,82 3,26 Resíduo Insolúvel (%) 1,57 0,22 1,19 2,06

Tabela 2 – Propriedades físicas do agregado miúdo utilizado nas argamassas. Fonte: Dados dessa pesquisa.

Abertura da malha (mm) Porcentagem Retida Acumulada (%)

4,8 0,00 Diâmetro máximo característico (mm) 1,2 2,4 0,8 1,2 2,3 Diâmetro mínimo característico (mm) < 0,15 0,6 9,4 0,3 38,2 Módulo de Finura 1,28 0,15 77,7 Massa específica (g/cm3) 2,58 Fundo 100,0

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Tabela 3 – Características dos aditivos empregados obtidas pelo fabricante. Fonte: Dados do fabricante de aditivos.

Denominação do Aditivo 1 2

Função Plastificante e incorporador

de ar

Plastificante e retardador de pega

Base química Resinas sintéticas Poli sacarídeos

Ação secundária - Redutor de água

Solubilidade com água - Total

Densidade (23oC) (g/cm3) 1,000-1,040 1,160-1,200

pH (23oC) 10 - 12 8 - 11

Estado Físico Líquido Líquido

Cor Avermelhado Amarelado

Teor de Sólidos (%) 4,0 - 6,0 38 - 42

Dosagem recomendada pelo fabricante

0,1 a 0,6% da massa do cimento

0,2 a 2,0% da massa do cimento

2.2 Argamassas estabilizadas avaliadas

Para a determinação das propriedades das argamassas estabilizadas foram avaliados cinco lotes distintos, sendo quatro lotes obtidos em obras de Curitiba (lote 1, 2, 3 e 4) e um lote com o produtor da argamassa estabilizada (lote 5).

Em obra foi observado que havia diferenças no processo de armazenamento para manter a argamassa até o dia seguinte (ver item 1). Em função dessa condição foram avaliados dois processos de armazenamento da argamassa.

A primeira maneira, denominada “com película”, era realizado conforme a recomendação do fabricante: 1) após o primeiro dia, alisava a superfície e foi colocada uma película de água (aproximadamente 15 mm), 2) no segundo dia retirava-se essa película, 3) realizava-se uma homogeneização da argamassa (mistura com espátula durante 30 s) e 4) depois eram determinadas as propriedades avaliadas (ver item 2.3). Os lotes analisados “com película” foram os lotes 2 e 5.

A segunda maneira, denominada “sem película”, era realizado o procedimento observado em obra: 1) após o primeiro dia, a argamassa era alisada e nivelada, e o recipiente era tampado, 2) no segundo dia era realizado uma homogeneização da argamassa (mistura com espátula durante 30 s) e 3) depois eram determinadas as propriedades. Todos os lotes analisados foram avaliados “sem película”.

Para as argamassas estabilizadas de 72 horas, o mesmo procedimento descrito do segundo dia era realizado também para o terceiro dia.

Foram avaliadas duas dosagens de argamassa estabilizada distintas em função do tempo ou capacidade de manter suas características de uso: de 72 horas (lote 1, 2 e 3) e de 36 horas (lote 4 e 5).

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Além disso, foram avaliadas argamassas estabilizadas com finalidades distintas: revestimento interno (lote 1, 2, 3 e 4) e revestimento externo (lote 5).

A Tabela 4 apresenta um resumo dos lotes analisados com suas respectivas denominações, tempo de trabalhabilidade, finalidade e processo de armazenamento.

Tabela 4 – Denominação dos lotes, tempo de trabalhabilidade, finalidade e processo de armazenamento. Lote / designação Tempo de trabalhabilidade (horas) Finalidade (revestimento) Processo de armazenamento

Lote 1 s 72 Interno Sem película de água

Lote 2 s 72 Interno Sem película de água

Lote 2 + c 72 Interno Com película de água

Lote 3 s 72 Interno Sem película de água

Lote 4 s 36 Interno Sem película de água

Lote 5 s 36 Externo Sem película de água

Lote 5 + c 36 Externo Com película de água

Para cada variação apresentada na Tabela 4 foram avaliadas as propriedades tanto no estado fresco e quanto no estado endurecido (ver item 2.3).

2.3 Propriedades do estado fresco e do estado endurecido

A partir das amostras coletas foram avaliadas as seguintes propriedades do estado fresco: consistência, perda de consistência, massa específica, teor de ar incorporado e retenção de água.

A consistência foi avaliada pelo índice de consistência (flow table) conforme as prescrições das normas NBR 7215 (1996) e NBR 13276 (2005). Foi avaliada a consistência inicial, isto é, logo após a coleta (1º dia) e ao longo do tempo de utilização (2º e 3º dia para argamassa de 72 horas e 2º dia para de 36 horas).

Além disso, foi observada a perda de consistência durante a utilização da argamassa. Foi obtido o índice de consistência (flow table) com 0 (consistência inicial), 15, 30 e 60 minutos, além de ser analisada ao longo do tempo de utilização.

O teor de ar incorporado e a massa específica (densidade de massa) foram obtidos de acordo com a NBR 13278 (2005) e avaliados ao longo do tempo de utilização.

Já a retenção de água das argamassas foi determinada conforme preconizam a norma NBR 13277 (2005). A curva de retenção de água foi obtida determinando a retenção de água nos tempos de 5, 10 e 15 minutos de todos os lotes.

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As propriedades do estado endurecido avaliadas foram a resistência à compressão e a resistência à tração na flexão aos 14 e 28 dias conforme a NBR 13279 (2005). O número de corpos-de-prova por amostra foram três para resistência à tração na flexão e seis para resistência à compressão. A cura dos corpos-de-prova foi realizada em ambiente de laboratório (seco ao ar).

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES 3.1 Propriedades do estado fresco

A Figura 1 apresenta os resultados obtidos de consistência inicial ao longo do tempo de utilização da argamassa e dos dois processos de armazenamento.

Cabe ressaltar que o valor de índice de consistência inicial no lote 2 e lote 5 “com película” e “sem película” de água no primeiro dia é igual, pois o processo de armazenamento somente ocorre após o primeiro dia.

267 273 201 266 203 284 255 299 289 213 227 207 227 291 305 310 308 308 120 170 220 270 320 370 420

1 dia 2 dia 3 dia 1 dia 2 dia 3 dia 1 dia 2 dia 3 dia 1 dia 2 dia 3 dia 1 dia 2 dia 1 dia 2 dia 1 dia 2 dia Lote 1 sem pelicula Lote 2 sem película Lote 2 com película Lote 3 sem película Lote 4 sem película Lote 5 sem película Lote 5 com película Lote / idade (dias)

Ín d ic e d e C o n s is n c ia I n ic ia l (m m )

Figura 1- Índice de consistência inicial para todas as argamassas analisadas.

Observa-se na Figura 1 que o índice de consistência inicial das argamassas foi influenciado pelo tempo de utilização. O valor de índice de consistência inicial diminui ao longo do tempo de utilização, com exceção do 2o dia para o lote 5 “com película”. Também se verificou que o lote 2 “com película” houve uma redução menor da consistência inicial ao longo do tempo do que o obtido para o lote 2 “sem a película”.

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Pode-se notar pela Figura 1 que o menor valor do índice de consistência inicial obtido foi para o lote 5. Isso possivelmente devido à diferença na dosagem da argamassa cuja finalidade era para revestimento externo e de 36 horas.

A perda de consistência do lote 2 é apresentada na Figura 2.

100 150 200 250 300 350 0 10 20 30 40 50 60 70 Tempo (minutos) Ín d ic e d e c o n s is n c ia ( m m )

1 dia s 2 dia s 3 dia s 2 dia + c 3 dia + c

Figura 2- Perda de consistência ao longo do tempo para o lote 2.

Pode-se observar na Figura 2 que a perda de consistência no mesmo dia foi relativamente pequena, com exceção do 3o dia “sem película” que houve uma diminuição significativa. O comportamento dos outros lotes analisados foi muito semelhante ao obtido para o lote 2, onde a perda de consistência é muito pequena. A Tabela 5 apresenta os dados obtidos para os demais lotes.

Tabela 5 – Perda de consistência para os lotes 1, 3, 4 e 5.

Lote Dia Índice de Consistência (mm)

0 minuto 15 minutos 30 minutos 60 minutos Lote 1 1 dia s 267,4 268,2 265,3 264,6 2 dia s 272,7 268,8 270,4 259,9 3 dia s 201,1 206,3 200,9 200,3 Lote 3 1 dia s 299,3 293,4 290,3 281,8 2 dia s 288,9 289,3 283,3 273,1 3 dia s 213,0 210,2 198,3 205,8 Lote 4 1 dia s 309,7 299,6 305,3 307,6 2 dia s 305,1 300,4 292,3 296,0 Lote 5 1 dia s 227,2 236,9 223,7 218,4 2 dia s 206,9 199,2 198,2 198,65 2 dia + c 290,7 285,8 292,6 287,6

A densidade de massa e o teor de ar incorporado para os lotes analisados são apresentados na Tabela 6.

(9)

Tabela 6 – Densidade de massa e teor de ar incorporado para os lotes 1, 2, 3, 4 e 5.

Lote Dia Densidade de massa Teor de ar

incorporado (%) Real (g/cm3) Teórica* (g/cm3) Lote 1 1 dia s 1,32 2,17 39 2 dia s 1,55 2,17 28 3 dia s 1,64 2,17 24 Lote 2 1 dia s 1,45 2,17 33 2 dia s 1,58 2,17 27 3 dia s 1,59 2,17 27 2 dia + c 1,58 2,17 27 3 dia + c 1,60 2,17 26 Lote 3 1 dia s 1,49 2,17 31 2 dia s 1,54 2,17 29 3 dia s 1,56 2,17 28 Lote 4 1 dia s 1,48 2,17 31 2 dia s 1,50 2,17 31 Lote 5 1 dia s 1,59 2,17 27 2 dia s 1,57 2,17 25 2 dia + c 1,63 2,17 27

*Valores fornecidos pelo produtor da argamassa estabilizada.

Pode-se observar na Tabela 6, que o teor de ar incorporado tem uma pequena redução ao longo do tempo ou se mantém igual ao do primeiro dia. Observa-se que o valor obtido é muito elevado (25% a 39%), principalmente para o lote 1 no primeiro dia, devido à utilização de aditivos.

Os resultados obtidos de retenção de água são apresentados na Figura 3 (lotes 1 e 2) e na Figura 4 (lotes 3, 4 e 5). 0 20 40 60 80 100 120 0 5 10 15 20 Tempo (minutos) Re te n ç ã o d e á g u a ( % )

Lote 1 - 1 dia s Lote 1 - 2 dia s Lote 1 - 3 dia s Lote 2 - 1 dia s Lote 2 - 2 dia s Lote 2 - 3 dia s Lote 2 - 2 dia + c Lote 2 - 3 dia + c

Figura 3- Curva de retenção de água ao longo do tempo para os lotes 1 e 2. Observa-se na Figura 3 que os valores de retenção de água ao longo do tempo de utilização aumentaram. Uma das causas possíveis é a menor quantidade de água disponível na argamassa e maior retenção do aglomerante e/ou aditivos. Para o lote 2 “com película” e “sem película” apresentaram valores semelhantes. O maior valor de retenção de água obtido foi para o lote 2 no 3o dia “sem película”.

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0 20 40 60 80 100 120 0 5 10 15 20 Tempo (minutos) R e te n ç ã o d e á g u a ( % )

3 lote - 1 dia s 3 lote - 2 dia s 3 lote - 3 dia s 4 lote - 1 dia s 4 lote - 2 dia s 5 lote - 1 dia s 5 lote - 2 dia s 5 lote - 2 dia + c

Figura 4- Curva de retenção de água ao longo do tempo para os lotes 3, 4 e 5.

Pode-se observar na Figura 4, um comportamento diferente daquele obtido para os lotes 1 e 2. Para os lotes 3, 4 e 5, quanto maior o tempo de utilização da argamassa menor o valor de retenção de água obtido. Neste caso é possível que o aglomerante e/ou aditivo não estejam contribuindo para a retenção de água.

3.2 Propriedades do estado endurecido

Os valores médios obtidos de resistência à compressão e o coeficiente de variação aos 14 e 28 dias são apresentados na Figura 5.

0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 14,0 1 dia s 2 dia s 3 dia s 1 dia s 2 dia s 3 dia s 2 dia + c 3 dia + c 1 dia s 2 dia s 3 dia s 1 dia s 2 dia s 1 dia s 2 dia s 2 dia + c

Lote 1 Lote 2 Lote 3 Lote 4 Lote 5

Lotes R e s is n c ia à c o m p re s s ã o ( M P a ) 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 C o e fi c ie n te d e v a ri a ç ã o (% )

14 dias - 72 horas 28 dias - 72 horas 14 dias - 36 horas 28 dias - 36 horas

CV - 14 dias CV - 28 dias

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Observa-se na Figura 5 que os menores valores de resistência à compressão foram para as argamassas estabilizadas com 72 horas (lotes 1, 2 e 3) em relação as argamassas de 36 horas (lotes 4 e 5). Cabe ressaltar que a argamassa de 36 horas tem uma quantidade menor de aditivos e talvez este aditivo influencie na resistência à compressão. Esse fato também explica porque atualmente a produtora de argamassa prioriza a utilização da argamassa de 36 horas deixando a argamassa de 72 horas apenas para casos especiais (finais de semana e feriados).

Os maiores valores de resistência à compressão obtidos foram para a argamassa do lote 5, cuja finalidade era para revestimento externo.

Para os lotes 1, 3 e 5 “sem película”, os valores de resistência à compressão aumentaram em relação ao tempo de utilização. No entanto o comportamento inverso foi verificado para os lotes 2 e 4.

Com relação ao processo de armazenamento, observa-se na Figura 5 que, os valores de resistência à compressão dos lotes “sem película” foram superiores aos obtidos “com película” (lotes 2 e 5). Isso pode ser explicado pelo possível aumento da relação água/cimento em função da utilização da película de água.

Os valores obtidos de resistência à compressão aos 14 dias foram semelhantes ou em alguns casos superiores aos obtidos aos 28 dias. É possível que o aditivo retardador de pega pode também ter um efeito de retardador de endurecimento. Observou-se um tempo maior para a desforma dos corpos-de-prova em relação ao das argamassas convencionais (cerca de sete dias). Também foi verificado um alto coeficiente de variação (principalmente para o 3o dia de utilização) possivelmente em função de falha na moldagem (argamassa muito seca) ou pelo número insuficiente de corpos-de-prova para esta argamassa.

Os valores obtidos de resistência à tração na flexão apresentaram o mesmo comportamento verificado para a resistência à compressão (valores inferiores para a argamassa de 72 horas do que para a argamassa de 36 horas, os lotes “sem película” apresentaram valores superiores aqueles “sem película”). Os valores médios obtidos de resistência à tração na flexão e coeficiente de variação são apresentados na Figura 6.

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0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 1 dia s 2 dia s 3 dia s 1 dia s 2 dia s 3 dia s 2 dia + c 3 dia + c 1 dia s 2 dia s 3 dia s 1 dia s 2 dia s 1 dia s 2 dia s 2 dia + c

Lote 1 Lote 2 Lote 3 Lote 4 Lote 5

Lotes R e s is n c ia à t ra ç ã o ( M P a ) 0 5 10 15 20 25 C o e fi c ie n te d e v a ri a ç ã o (% )

14 dias - 72 horas 28 dias - 72 horas 14 dias - 36 horas

28 dias - 36 horas CV - 14 dias CV - 28dias

Figura 6- Resistência à tração na flexão ao longo do tempo para os lotes avaliados.

4. CONCLUSÕES

A partir dos resultados obtidos verificou-se um comportamento distinto da argamassa estabilizada em função do tipo (36 e 72 horas), do tempo de utilização e do processo de armazenamento da argamassa (“com película” ou “sem película”).

Nas propriedades do estado fresco, observou que o índice de consistência inicial diminui ao longo do tempo de utilização, com exceção do lote 5 “com película”. Além disso, verificou que com a colocação da película a queda do índice de consistência é menor do que “sem a película”. No entanto, a perda de consistência avaliada no mesmo dia apresentou variações muito pequenas. O teor de ar incorporado manteve ou teve uma pequena redução ao longo do tempo de utilização e foram obtidos valores altos (25 a 39%) em função do aditivo. Os valores de retenção de água para os lotes 1 e 2 aumentaram ao longo do tempo, porém para os lotes 3, 4 e 5 o comportamento foi o inverso.

Nas propriedades do estado endurecido, o comportamento da resistência à compressão e tração na flexão foram semelhante: maiores valores obtidos para as argamassas de 36 horas em relação as argamassas de 72 horas e em alguns casos os valores de resistência aos 14 e 28 dias foram semelhantes.

A partir dos resultados obtidos confirmou-se que é fundamental avaliar o real comportamento da argamassa estabilizada para sua utilização.

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5. REFERÊNCIAS

1. PANARESE, W. C, KOSMATKA, S. H., RANDALL, F. A. Concrete Masonry Handbook for architects, Engineers, Builders. Portland Cement Association, 5ª ed. Estados Unidos da América, 1991. 219p.

2. MARTINS NETO; N. A. A. A.; DJANIKIAN, J. G. Aspectos de desempenho da argamassa dosada em central. Boletim Técnico da Escola Politécnica da USP. São Paulo serie BT/PCC/235, p. 23, 1999.

3. MARCONDES, C. G. Características e benefícios da argamassa estabilizada. Massa Cizenta. Publicado em 9 de junho de 2009. Disponível em: <http://www.cimentoitambe.com.br/massa-cinzenta/caracteristicas-e-beneficios-da-argamassa-estabilizada/>. Acesso em 14 de fevereiro de 2010.

4. TAVARES, A. B. Estudo da utilização de argamassas dosada em central em Santa Maria, RS. 2008. 51p. Trabalho de Conclusão de Curso (Curso de Engenharia Civil) - Universidade Federal de Santa Maria. Santa Maria.

5. SILVA, D. S. Estudo comparativo dos métodos de produção de argamassas de revestimento utilizados em obras do município de Tubarão. 2008. 98p. Trabalho de Conclusão de Curso (Curso de Engenharia Civil) - Universidade do Sul de Santa Catarina. Tubarão.

6. MANN NETO, A.; ANDRADE, D. C.; SOTO, N. T. A. Estudo das propriedades e viabilidade técnico - econômica da argamassa estabilizada. 2010. 127p. Trabalho de Conclusão de Curso (Curso de Produção Civil) - Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Curitiba.

7. NELSON, R. L.; SCHMIDT, S.; MUNRO, C.; LAUBER, R.; PISTILLI, M.; GATES, R.; SEYL, J. Ready mix mortar in the United States. In: 8th IBMAC (International Brick and Block Masonry Conference, 1988 Dublin. Anais… Dublin, 1988. v. 1. p. 150-161.

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