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Paleonoticias Online 3 Out Dez 13

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Academic year: 2021

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NESTA EDIÇÃO:

CONTOS DA

PALEONTOLOGIA

Entrando pelo cano... literalmente falando

PALEONTOLOGIA EM

GRAMADO

Cobertura do XXIII Congresso Brasileiro de Paleontologia

PALEONTÓLOGO EM FOCO

Entrevista com as paleontólogas Geise

dos Anjos Zerfass e Valéria Gallo

PALEO RJ/ES 2013

Como foi o evento na Academia

Brasileira de Ciências

CURADORIA E COLEÇÕES

Cuidados com uma coleção científica

WALLACE 100

Evento em celebração ao naturalista

Alfred Russel Wallace

PALEOARTE

Pycnonemosaurus e Baurusuchus, e os

(2)

Paleonotícias On-line nº 3 out-dez de 2013

ISSN 2318-7298 Rio de Janeiro Núcleo RJ/ES

Sociedade Brasileira de Paleontologia Biênio 2013-2014

Corpo Editorial Leonardo Avilla

UNIRIO - Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro

Taissa Rodrigues

UFES - Universidade Federal do Espírito Santo Orlando Grillo

Museu Nacional - Universidade Federal do Rio de Janeiro Aline Ghilardi

UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro Camila Bernardes

UNIRIO - Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro

Edição e Diagramação Rafael Costa da Silva

CPRM - Serviço Geológico do Brasil E-mail: nucleo.sbp.rjes@gmail.com Web: https://sites.google.com/site/paleonoticiasonline/

SUMÁRIO

EXPEDIENTE

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APRESENTAÇÃO

CONTOS DA

PALEONTOLOGIA

Entrando pelo cano... literalmente falando

PALEONTOLOGIA EM

GRAMADO

Cobertura do XXIII Congresso Brasileiro de Paleontologia

PALEONTÓLOGO EM FOCO

Entrevista com as paleontólogas Geise dos Anjos Zerfass e Valéria Gallo

PALEO RJ/ES 2013

Como foi o evento na Academia Brasileira de Ciências

CURADORIA E COLEÇÕES

Cuidados com uma coleção científica

WALLACE 100

Evento em celebração ao naturalista Alfred Russel Wallace

PALEOARTE

Pycnonemosaurus e Baurusuchus, e os Três Companheiros

INFORMES DO NÚCLEO

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Por Taissa Rodrigues Marques da Silva

UFES - Universidade Federal do Espírito Santo

Prezados colegas paleontólogos,

2013 foi um ano de muitas conquistas. Tivemos boas publicações, vimos nossos alunos apresentando suas pesquisas, temos boas estórias de trabalhos de campo, descobrimos novos fósseis e participamos de eventos acadêmicos de qualidade. Em especial, nós estamos muito satisfeitos em assumirmos o desafio que é o Núcleo RJ-ES da Sociedade Brasileira de Paleontologia. Esperamos congregar os colegas que estão espalhados pelos dois estados e agrademos, mais uma vez, pelo seu voto de confiança. Que 2014 nos brinde com novas realizações!

O Paleonotícias Online tem recebido muitos elogios e estamos muito contentes com a oportunidade de transformá-lo em um veículo de comunicação com os paleontólogos não apenas dos estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo, mas de todo o Brasil. Nesta edição, contamos com mais uma história de desventuras em campo, na seção “Contos da Paleontologia”, trazida pelo Dr. Antonio Carlos Sequeira Fernandes. A seção Paleontólogo em Foco traz, novamente, duas entrevistas. Uma delas é com a Dra. Geise de Santana dos Anjos Zerfass, geóloga da Petrobras, esclarecendo pontos sobre o trabalho de um paleontólogo em uma empresa, algo que muitos dos alunos que estão se iniciando na Paleontologia não sabem muito bem como é. A segunda entrevistada é a Dra. Valéria Gallo, da UERJ. A seção Curadoria e Coleções traz uma entrevista com o Dr. Paulo Roberto de Figueiredo Souto, tecendo comentários valiosos sobre curadoria de c o l e ç õ e s p a l e o n t o l ó g i c a s . Te m o s a i n d a comentários sobre os eventos acadêmicos que ocorreram nos últimos meses: XXIII Congresso Brasileiro de Paleontologia, Paleo RJ/ES e Wallace 100. Juntamente ao resumo do CBP, há alguns comentários de estudantes que participaram do mesmo. Estas opiniões serão muito valiosas para que possamos discutir sobre como podemos melhorar, cada vez mais, nossos eventos acadêmicos. A seção de Paleoarte nos brinda com reconstruções de um Pycnonemosaurus e deum Baurusuchus, de autoria do premiado paleoartista Maurilio Oliveira, e uma interessante obra do paleoartista Guilherme Gehr. Por fim, fazemos uma homenagem ao professor Mário Costa Barberena, que faleceu há poucos dias.

Contamos com suas sugestões e submissões para os próximos números, e fazemos votos de boas festas a todos!

No Brasil:

IX Simpósio Brasileiro de

Paleontologia de Vertebrados e 2º Simpósio Evolução dos Lepidossauros na Gondwana

25 a 29 de agosto de 2014 Vitória, ES

http://sbpv.com.br/

47° Congresso Brasileiro de Geologia 21 a 26 de setembro de 2014 Salvador, BA http://www.47cbg.com.br/ II Simpósio Brasileiro de Paleoinvertebrados novembro de 2014 (a confirmar) Ponta Grossa, PR No Exterior: 4th International Palaeontological Congress 28 de setembro a 03 de outubro de 2014 Mendoza, Argentina http://www.ipc4mendoza2014.org.ar SVP 74th Annual Meeting 05 a 08 de novembro de 2014 Berlim, Alemanha http://vertpaleo.org

Ainda não é membro da Sociedade Brasileira de Paleontologia? Associe-se através do site

A sua afiliação estará efetivada com o pagamento da primeira anuidade, cujo o valor atual é de R$170,00 para sócio e f e t i v o e R $ 8 5 , 0 0 p a r a s ó c i o colaborador (estudante).

A S o c i e d a d e B r a s i l e i r a d e Paleontologia, entidade técnico-científica sem fins lucrativos, é uma associação aberta a profissionais, pessoas e empresas que admirem e apoiem o objetivo de desvendar ou reconstituir os segredos da Terra.

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Transcrição de depoimento do Dr. Antonio Carlos Sequeira Fernandes gravado em 04/12/2013

Uma das coisas mais interessantes que eu vejo ao lidarmos com pessoal mais novo é quando falamos dos perigos que envolvem os trabalhos de campo e que passam muitas vezes despercebidos. Eu sempre chamo a atenção, quando estou dando aula, que uma das coisas mais perigosas é você achar que tudo pode, que nada vai acontecer com você, e isso não é uma realidade. Acidente de trabalho de campo é uma coisa muito comum. Em alguns casos, e já existem exemplos nesse sentido, os acidentes podem ser até mesmo fatais. Alguns acidentes são simples e que muitas vezes são posteriormente lembrados com risos, como se fosse uma coisa engraçada, um fato curioso que aconteceu, mas outros podem se tornar bastante sérios.

Um caso que aconteceu basicamente comigo foi em janeiro de 1995 quando eu ainda era professor da UERJ e participei de uma atividade de campo que foi realizada na Chapada dos Guimarães. Naquela ocasião, a equipe da UERJ tinha um projeto do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (PADCT) do CNPq tendo adquirido duas Toyotas, uma delas fechada e outra com caçamba atrás. Participou desse trabalho de campo uma equipe composta por mim, o Egberto Pereira, a Maria Antonieta (a nossa querida Tutuca), o Sérgio Bergamaschi, a Diana Mussa, a Lélia Kalil, o Rodolfo Dino e a Nina, que era mais especialista na parte de petrografia. A finalidade dessa excursão era fazer um trabalho de campo visando principalmente os terrenos devonianos lá existentes, como a Formação Furnas e a Formação Ponta Grossa, dois elementos principais em termos de unidades litoestratigráficas mais famosas.

E assim nós fomos. Só que, não sei se posso considerar um erro estratégico ou uma questão de falta de disponibilidade de datas, a excursão foi

Edição por Rafael Costa da Silva

CPRM - Serviço Geológico do Brasil

CONTOS DA PALEONTOLOGIA

Licenciado e Bacharel em História Natural pela Universidade Gama Filho (1973), Licenciado em História pela Universidade Veiga de Almeida (2004), Mestre (1978) e Doutor (1996) em Ciências - Geologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Antonio Carlos Fernandes foi professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) de 1977 a 2005 e desde 1980 é docente da UFRJ, atualmente lotado no Departamento de Geologia e Paleontologia do Museu Nacional. Curador da coleção de paleoinvertebrados desde 1999, desenvolve pesquisas relacionadas à Icnologia, Paleontologia de Invertebrados e história das coleções geológicas e paleontológicas do Museu Nacional e sobre história da Paleontologia brasileira. É membro do Conselho Deliberativo da Associação Brasileira de Filosofia e História da Biologia, da Academia Teresopolitana de Letras e da Academia das Ciências de Lisboa.

FALANDO LITERALMENTE

LITERALMENTE FALANDO

PELO CANO FALANDO

ENTRANDO PELO CANO

ENTRANDO PELO CANO...

feita em janeiro, justamente uma época de chuvas naquela região. Chegamos lá e começamos então a visitar os vários afloramentos. O Egberto comandava, de certa forma, a expedição.

Um dia nós estávamos nos dirigindo para um dos pontos do parque da Chapada dos Guimarães observando que, devido às chuvas, os rios locais estavam muito cheios. Quando fomos passar por uma área mais rebaixada observamos que a estrada estava inundada nesse trecho, com uma corrente que a atravessava. Dava pra notar que havia um rio atravessando a estrada, uma situação assim bem significativa e alerta de perigo.

As duas Toyotas pararam e ficamos observando mais ou menos se havia condições de nós passarmos, e eu disse: – Mas isso aqui dá pra

passar, a Toyota passa! Ficou aquela discussão,

passa ou não passa. Egberto estava muito preocupado: não poderia haver nenhum dano às Toyotas e também se seria perigoso para o grupo. Então eu disse: – Eu vou até lá, dou uma olhada e

aviso vocês! E aí eu fui. Tinha notado que a água

passava por cima da estrada mas era rasteira, não era uma coisa funda. E fui andando e mostrando

Acidente de trabalho de campo é uma

coisa muito comum.

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pra ele que era rasinho, não tinha problema para as Toyotas passarem. Só que eu me encaminhei para o canto esquerdo, onde estaria a margem da estrada com uns arbustos, julgando que ali seria uma ponte. Tinha umas folhagens e eu achei: –

Bom, aqui deve ser o final, a lateral, a margem da estrada e eu estou caminhando junto à margem!

Por alguma razão, eu pisei meio em falso, perdi o equilíbrio e dei um passo pro lado.

Quando fiz isso, perdi o equilíbrio de vez e caí dentro d'água, sendo puxado pra baixo pela corrente. Quando fui sugado por aquela corrente d'água, eu me segurei em alguma coisa tentando voltar. Estava totalmente sob a água, tentando voltar, tentando, tentando e nada de conseguir. Chegou um ponto que eu vi que não ia adiantar o esforço e, na minha cabeça ficava imaginando que estava debaixo de uma ponte e ia sair do outro lado. Então, como não conseguia retornar, com

aquele barulho forte de água em turbilhão nos meus ouvidos, soltei as mãos e me deixei ser carregado pela correnteza, rezando pra não ter nenhum galho de árvore, nada ali embaixo, em que eu ficasse preso. A corrente era muito forte e eu fui carregado pelas águas, passei pro outro lado da estrada e senti que estava batendo na margem do outro lado. Fiquei batendo, batendo, batendo e, quando eu pensei que não tinha mais jeito, que realmente não ia dar para me salvar, eu senti clarear e nisso eu abri os olhos e vi que

Ilustração de Aline Ghilardi

estava na superfície. Podia respirar. Eu já ia começar a engolir água. E então comecei a ser levado pela correnteza.

Nisso que eu estava sendo carregado eu observei que não dava pra eu tentar nadar para as margens. A correnteza era tão forte que eu era só carregado pra frente, eu não conseguia, por mais que eu tentasse, dar braçadas pra ir para uma das margens. Mais adiante, eu vi que tinha um tronco caído atravessado no rio e eu disse para mim mesmo: – Vai ser ali que eu vou me segurar!

Quando cheguei em cima eu levantei os braços e me agarrei ao tronco, dei uma forte pancada no peito, no lado direito, mas mesmo assim consegui subir nesse tronco.

Bom, ali eu fiquei, consegui me levantar segurando nos galhos de uma árvore, mas eu não conseguia sair do local. Não conseguia andar no tronco e me jogar pra margem. Comecei então a gritar pra ver se o pessoal que estava lá na estrada conseguia me ouvir, o que ia ser muito difícil porque a corrente era muito forte, com um barulho muito alto. Enquanto eu estava olhando e gritando pra ver se alguém aparecia, de longe eu vi a cor da camiseta do Rodolfo Dino, uma camiseta grená, e aí eu comecei a chamar por ele, a gritar e gritar e ele, por fim, me ouviu.

A correnteza era tão forte que eu era

só carregado pra frente, eu não

conseguia, por mais que eu tentasse,

dar braçadas pra ir para uma das

margens.

Estava totalmente sob a água,

tentando voltar, tentando, tentando e

nada de conseguir.

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O que aconteceu quando eu caí na água? Eu simplesmente sumi, desapareci, e eles todos ficaram apavorados. O Egberto foi quase pro mesmo local onde eu estava, chegando a entrar na água e também quase foi sugado pela correnteza. A Tutuca ficou desesperada. A Diana Mussa se ajoelhou e começou a rezar. A Lélia não tinha palavras, ficou muda. Enfim, era um drama que eles estavam passando e não sabiam o que fazer. O Egberto, depois que viu que não conseguia me ver mais, já estava pensando em chamar o corpo de bombeiros para procurar o corpo e, o Dino, graças a Deus, foi pra outra margem para ver se por acaso me encontrava daquele lado; foi nesse momento que eu vi a camiseta do Dino.

Quando ele me viu, fez sinal pra eu aguardar, foi lá avisar os outros que vieram então pela mata até mais ou menos o local onde eu estava. Só que eles queriam que eu me jogasse em direção a eles, mas eu já estava cheio de dores e não dava pra fazer isso, estava com medo, em cima do tronco. Eles disseram: – Vamos pegar

uma corda! E jogaram uma corda pra mim que

passei em torno do corpo e eles me puxaram para a margem. Dali saímos andando, conversando sobre o que tinha acontecido e como é que tinha caído na água; só que eu estava sujo de lama até a alma. Voltamos então para o hotel e, a partir daí, eu já estava começando a sentir as dores mais intensas pelo corpo. Na verdade, debaixo d'água,

Da esquerda para a direita: Antonio Carlos, Egberto, Tutuca, Dino, Lélia, Nina, Sérgio e Diana Mussa

. . . e u n ã o t i n h a q u e b r a d o

absolutamente nada. A única coisa

que eu tinha perdido foram os óculos.

eu fui batendo em tudo, criando hematomas por várias partes do corpo.

Dirigimo-nos primeiro ao hotel pra eu tomar um banho e então poderem me levar para o hospital. Como eu e o Dino estávamos dividindo o mesmo quarto, ele ficou me aguardando porque as dores estavam aumentando de tal maneira que eu disse pra ele: – Ó, se eu cair aqui dentro eu não

levanto! Então eu tive que pedir a ele para ficar

atento. Consegui a muito custo vestir uma bermuda e fomos então para o pronto socorro. Lá, eles tiraram uma radiografia do peito verificando que eu não tinha quebrado nenhuma costela e que estava tudo ok. Entretanto, eu estava todo ralado, muito ralado mesmo, nos braços, no peito, nas pernas, ou seja, muito machucado, mas por sorte eu não tinha quebrado absolutamente nada. A única coisa que eu tinha perdido foram os óculos.

Já que não tinha quebrado nada mas estava muito arranhado, o médico decidiu passar um álcool iodado em todas as feridas. Só que eu estava ferido no corpo todo. Então ele passou o álcool iodado no peito, nas costas, nos braços; imagina como eu fiquei, todo vermelho de cima a baixo. Depois disso ocorreu uma cena muito curiosa que eu me lembro até hoje. Quando eu saí da enfermaria fui para a sala de espera, onde eles estavam me aguardando; no que a Tutuca olhou pra mim e me viu vermelho daquele jeito disse: –

MEU DEUS! O susto da Tutuca foi realmente

curioso.

Depois eu continuei com a equipe pelo resto da excursão, mas com muitas dores, muitas dores mesmo, pois não tinha outro jeito, já que eu não tinha condição de voltar sozinho pro Rio, pegar um avião e simplesmente retornar. Continuei indo para o campo com eles. Dias depois tive uma inflamação nas feridas do pé que realmente me incomodaram dificultando o uso de um calçado, me levando a procurar auxílio médico em outra cidade, pra cuidar.

E foi assim que tudo aconteceu. Um pequeno descuido, um passo em falso que pode significar o fim da sua vida. Uma coisa simples, um descuido aparentemente sem maior significado. Aprendi

... com água não se brinca, não tem

condições de você achar que por

saber nadar, na hora que você cair

numa correnteza se salvará com

facilidade.

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assim também uma grande lição: com água não se brinca, não tem condições de você achar que por saber nadar, na hora que você cair numa correnteza se salvará com facilidade. Não tem como ir nem pro lado direito nem pro lado esquerdo, você é carregado pra frente e pronto.

Depois, conversando com as pessoas da região, eu descobri que aquela água toda, aquela corrente, era um riachozinho que encheu muito por causa das chuvas e que ia desembocar numa cachoeira. Então aquele tronco que eu fiquei, que eu me agarrei, foi realmente extremamente salvador; se não fosse ele eu teria ido parar no curso do rio principal que ia direto pra cachoeira que tinha mais adiante. Então consegui me salvar desse jeito.

O Egberto e o Sérgio no dia seguinte voltaram a fazer campo e foram àquele mesmo local. As águas tinham baixado, não havia mais correnteza e o que era um rio caudaloso onde eu caí virou novamente um pequeno riacho que passava por debaixo da estrada por duas manilhas. Foi na parte superior de uma delas que eu tinha me agarrado inicialmente e foi por ela que eu entrei e fui parar do outro lado. Dei sorte de não ter deparado com nenhum tronco de árvore no seu interior e, por isso, consegui me salvar. Eu voltei à Chapada dos Guimarães algum tempo depois, numa excursão com o Leonardo Borghi, quando fomos até esse local e lá vi as manilhas no ponto onde eu havia caído. Ou seja, eu entrei literalmente pelo cano.

Nunca se deve fazer um campo

sozinho, devendo sempre ter uma

pessoa junto, numa atividade em

dupla.

Antonio Carlos e as manilhas

Então, trabalho de campo pode ser uma atividade muito perigosa se não tivermos a atenção e os cuidados necessários. A pessoa tem que estar muito, mas muito atenta mesmo. Casos sérios também já aconteceram com outros colegas e eu mesmo já levei outros tombos de ficar com a perna machucada ou torcer o pé, impedindo-me de continuar a trabalhar. Nunca se deve fazer um campo sozinho, devendo sempre ter uma pessoa junto, numa atividade em dupla. Se estiver sozinho e quebrar uma perna, levar um tombo ou torcer um pé, não vai ter ninguém pra te ajudar. Até descobrirem que você está sumido, aonde você foi, pode passar um tempo precioso. Então esse é um alerta e um conselho que sempre damos aos alunos. Essa é a minha história, e existem muitas outras também muito curiosas.

CONTO DE BÔNUS

Tem outra história muito curiosa dessa expedição. Eu não lembro se foi antes ou depois do tal acidente, mas nós estávamos procurando outro afloramento e andando com as duas Toyotas. Tínhamos a indicação de outro afloramento um pouco adiante e chegamos num ponto em que as Toyotas teriam que passar por um rio. Quando vimos, o rio não era fundo, era um riacho. Discutimos se passaríamos ou não com as Toyotas. Muito cuidadoso, Egberto ficou com um certo receio de que atravessarmos com as Toyotas e, assim, ficamos naquela discussão se íamos ou não com os carros, se iríamos a pé ou não. Nisso passou um Chevette pela gente. O Chevete passou, chegou na beirinha lá do rio, entrou por ele adentro, saiu do outro lado e foi embora. Nós ficamos olhando e, assim mesmo, decidimos deixar os carros, afinal uma caminhada não nos faria nenhum mal. Fomos então a pé, atravessamos o riachozinho e a estrada continuava para dentro da mata. Quando chegamos mais adiante vimos um local a beira do rio com uma praiazinha cheia de carros, fusquinha, Chevette, além de outras marcas, mas todos carros de passeio, e nós com medo de ir com duas toyotas daquelas, 4x4 ainda por cima. Foi muito engraçado. Durante algum tempo ficou a brincadeira, toda a vez que a gente via um carro passar em algum lugar que a gente achasse meio difícil, eu olhava pro Sérgio Bergamaschi que dizia assim: – Se fosse um Chevette passava!

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PALEONTOLOGIA EM GRAMADO

Por Camila Bernardes

UNIRIO - Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro

O X X I I I C o n g r e s s o B ra s i l e i r o d e Paleontologia foi realizado este ano no Centro de Eventos da Fundação de Apoio da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (FAURGS) em Gramado, Rio Grande do Sul. O evento teve como tema "Fósseis Brasileiros: Testemunhos da Deriva Continental, Homenageando Wegener" visando destacar as contribuições dos fósseis brasileiros para a teoria proposta por Alfred Wegener, em 1912. Ainda, como parte das comemorações do “Ano de Portugal no Brasil” e visando estreitar as relações entre os cientistas

brasileiros e portugueses, a Sociedade Brasileira de P a l e o n t o l o g i a , a Sociedade Geológica de Portugal e a Academia das Ciências de

Lisboa organizaram, juntamente com a Comissão Organizadora do XXIII CBP, o “I Simpósio de Paleontologia Brasil-Portugal”.

A do XXIII CBP contou com 9 minicursos de temas diversos e uma oficina, além de 15 palestras ministradas por especialistas brasileiros e estrangeiros. O total de 450

foi apresentado entre painéis e apresentações orais. O evento também realizou exposições de paleoartistas e um paleoconcurso de fotos, ilustrações e réplicas.

Entre os , estiveram a Dra. Margot Guerra Sommer e o Dr. Mário Costa Barberena. Houve também uma saudosa homenagem àqueles paleontólogos que, infelizmente, nos deixaram no ano de 2013.

Ainda, durante o evento, realizou-se a eleição da nova da SBP, biênio

2013-2015. Para maiores informações, acesse:

programação

trabalhos

homenageados

Diretoria

http://www.sbpbrasil.org

De uma maneira geral, qual a sua impressão durante o XXIII CBP em relação à cidade, infraestrutura do local, organização e programação do evento?

– Excelente!

Ana Clara S. Costa, Graduanda em Ciências Biológicas na Universidade Federal de Uberlândia

– Gostei bastante do evento. Cidade e infraestrutura bem preparadas para receber os congressistas. Achei muito boa a programação, dividida em assuntos.

Arthur Souza Brum da Costa, Graduando em Ciências Biológicas na Universidade Federal do Rio de Janeiro

COMENTÁRIOS

– Boa escolha da cidade, bastante turística e com boa infraestrutura. A organização e programação estavam boas também, mas algumas coisas poderiam ter sido mais bem divulgadas.

Dimila Mothe, Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Zoologia do Museu Nacional/UFRJ

– A cidade é agradável, mas cara por ser local turístico. A infraestrutura do local era boa, assim como a organização. Já a programação foi regular. Muitos dias e os temas concentrados acabaram por dispersar as pessoas do evento.

Drielli Peyerl, Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Ensino e História de Ciência da Terra da UNICAMP

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– A cidade possui uma infraestrutura excelente para recepção dos congressistas, assim como o local onde se passou o evento. Achei de modo geral bastante organizado e bem planejado.

Rafael Gomes de Souza, Mestrando no Programa de Pós-Graduação em Zoologia do Museu Nacional/UFRJ

Para você, enquanto estudante, qual a importância de participar de um congresso deste porte?

– A importância de participar de um congresso como este é o contato com os pesquisadores da área, conhecer os trabalhos que estão sendo desenvolvidos e fazer novos contatos.

Ana Clara S. Costa

– Muito importante, pois um evento desse porte contribui e muito para a formação, assim como estar em contato com profissionais experientes na área de Paleontologia, havendo um grande intercâmbio de idéias.

Arthur Souza Brum da Costa

– Acho importante estes eventos para fazer contatos, divulgar o próprio trabalho mais amplamente e ter contato com outras áreas da Paleontologia.

Dimila Mothe

– Informação, troca de contatos, divulgar ao público de estudiosos da área o desenvolvimento dos meus estudos, e até como uma avaliação do meu trabalho.

Drielli Peyerl

– Possibilidade de se expor ao meio acadêmico, fazer novos contatos, aprender e participar de discussões e fortalecer o currículo.

Rafael Gomes de Souza

Na sua opinião, eventos como este devem investir em melhorias para atender aos estudantes? Quais?

– Creio que eventos como este atendem perfeitamente aos estudantes.

Ana Clara S. Costa

– Sim. Acho que uma boa melhoria seria incluir algo no evento relativo à formação de um profissional na área, debates com relação à ética (algo que tem ganhado destaque atualmente) entre outros. Há muitos questionamentos sobre esses assuntos e pouco debate.

Arthur Souza Brum da Costa

– Sim, como auxílio financeiro para alguns alunos (similar aos grants do Society of Vertebrate P a l e o n t o l o g y M e e t i n g ) e a l o j a m e n t o . Cientificamente, acho que poderia haver mais palestras ou workshops voltados para o desenvolvimento da carreira.

Dimila Mothe

– Sim, é essencial que tanto os professores como os alunos tenham essa troca de conhecimento e participem. Os congressos/eventos são/servem de divulgação científica, sendo essencial para o desenvolvimento da Ciência.

Drielli Peyerl

– Buscar formas de auxiliar financeiramente os estudantes, seja oferecendo uma quantia de dinheiro para aqueles que vão pela primeira vez ou buscando associações com hospedagens e restaurantes para preços mais acessíveis.

Rafael Gomes de Souza

Para maiores informações sobre a cobertura do XXIII CBP acesse:

https://www.facebook.com/congres sobrasileirodepaleontologia

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Entrevista com a Drª Geise de Santana dos Anjos Zerfass

Graduada em Geologia pela Universidade Federal da Bahia (2002), possui mestrado (2004) e doutorado (2009) em Estratigrafia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul com ênfase em bioestratigrafia e estratigrafia química. Desde 2008 é geóloga da Petrobras, onde trabalha na Gerência de Bioestratigrafia e Paleoecologia Aplicada (BPA) com bioestratratigrafia e paleoecologia de foraminíferos. Tem atuado em bioestratigrafia com base em foraminíferos planctônicos, aplicações de foraminíferos em estudos bioestratigráficos, paleoecológicos e paleoceanográficos.

Como surgiu o interesse em se tornar paleontóloga?

Na primeira excursão de campo do curso de g e o l o g i a , o p r o f e s s o r m o s t r o u a l g u n s micromoluscos retirados do fundo da Gruta da Pratinha, na Chapada Diamantina e fiquei encantada com a beleza das pequenas conchas. A partir daí, resolvi que iria encontrar um meio de trabalhar com algo parecido. Consultei alguns professores e cheguei ao Prof. Guilherme Lessa, que é oceanógrafo, e na época tinha interesse na aplicação de foraminíferos como ferramenta para a análise de padrões de circulação em ambientes costeiros recentes. Assim, comecei a participar de um projeto como voluntária, com a orientação do Prof. Guilherme e da Profa. Altair Machado. Desde então permaneço fascinada pelos foraminíferos. Como escolheu sua área de pesquisa?

Após ter estudado foraminíferos recentes no decorrer do curso de graduação em Geologia, como bolsista de iniciação científica, resolvi iniciar o estudo de formas fósseis e, por isso, escolhi fazer pós-graduação na UFRGS. Durante o mestrado, cujo objetivo era realizar o detalhamento bioestratigráfico de uma seção do Neogeno, tive contato com outras disciplinas e passei a me interessar também por aplicações das análises isotópicas e paleoceanografia. Felizmente, contei com a orientação e apoio do Prof. Farid Chemale Jr. durante o doutorado para a realização de um estudo com base em análises de isótopos estáveis.

Atualmente, quais são suas linhas de pesquisa?

Atualmente tenho me dedicado à bioestratigrafia, especialmente do Terciário e Cretáceo superior e também tenho feito análises utilizando diversas ferramentas, tais como catodoluminescência, MEV e microtomografia em 3D, como auxiliares em análises taxonômicas e para a avaliação de efeitos da diagênese nas testas de foraminíferos.

PALEONTÓLOGO EM FOCO

A d i n â m i c a d o t r a b a l h o d o

paleontólogo na indústria do

petróleo é um pouco diferente do

que no ambiente acadêmico já que

além da pesquisa há também a

prestação de serviços ...

Como é a sua rotina de trabalho como paleontóloga de uma empresa? É muito diferente do dia a dia no ambiente acadêmico?

A dinâmica do trabalho do paleontólogo na indústria do petróleo é um pouco diferente do que no ambiente acadêmico já que além da pesquisa há também a prestação de serviços para o E&P (Exploração e Produção). Na prestação de serviços o paleontólogo realiza análises expeditas visando fornecer dados bioestratigráficos e/ou paleoecológicos para apoiar as atividades de perfuração, assim como a interpretação da idade e contexto ambiental de uma locação exploratória. Além disso, há a necessidade de uma intensa troca de informações com diferentes profissionais

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( e s t ra t í g ra f o s , p e t r ó g ra f o s , g e o f í s i c o s , geoquímicos, etc.) para a integração dos dados obtidos e construção de modelos.

Sendo uma empresa, a Petrobras aceita estagiários na área de Paleontologia? Como deve proceder o aluno interessado?

A Petrobras aceita estagiários de diversos cursos de graduação. Na área de paleontologia, há a possibilidade de realizar estágio no centro de p e s q u i s a ( C E N P E S ) , n a G e r ê n c i a d e Bioestratigrafia e Paleoecologia Aplicada (BPA). As atividades desenvolvidas pelo BPA estão centradas na micropaleontologia com enfoque nos estudos de foraminíferos, ostracodes, palinologia e nanofósseis calcários, além do grupo de microbiofácies que estuda o conteúdo biogênico em lâminas delgadas.

Para se candidatar a um estágio no BPA, o aluno deve se inscrever na Universidade Petrobras (UP), que é o local de treinamento da força de trabalho. Na UP, o aluno deve procurar o setor de RH (

), onde irá preencher uma ficha e entregar cópias de alguns documentos. É necessário estar no último ano do curso de graduação (biologia ou geologia). O currículo do aluno é disponibilizado para a gerência onde são desenvolvidas as atividades de interesse e, havendo vaga e caso o perfil desse aluno seja de considerado adequado para a gerência, o aluno é convocado pelo RH para iniciar o estágio.

O que você espera de um estagiário?

Foco. Isso faz toda a diferença, pois ao saber o que quer, o aluno se empenha mais, busca diversas fontes de conhecimento e procura soluções criativas.

Na sua opinião, que deveres um orientador deve ter em relação a seus alunos?

Antes de qualquer coisa, dedicação. O orientador deve reservar um tempo para dar suporte ao aluno, possibilitar o contato com outros profissionais, disponibilizar informação e bons

Rua Ulysses Guimarães, 565, Cidade Nova, Rio de Janeiro

Nos próximos anos a tendência é o

desenvolvimento de mais trabalhos

integrados, com um maior enfoque

geológico.

... ao saber o que quer, o aluno se

empenha mais, busca diversas

fontes de conhecimento e procura

soluções criativas.

materiais para estudo, além de estar pronto para fazer críticas construtivas, sempre que necessário.

Qual a maior contribuição que você deseja deixar para a Paleontologia?

Eu gostaria de contribuir com a divulgação da micropaleontologia. Acho importante mostrar aos leigos que a paleontologia é muito ampla e que no estudo dos resquícios de organismos que contam a história da Terra em seus diferentes ambientes e idades, os microfósseis aportam uma grande contribuição. Além disso, acredito que a aplicação da micropaleontologia na indústria do petróleo deve ser divulgada, pois assim podemos mostrar para a sociedade uma significativa contribuição dos profissionais da paleontologia para o desenvolvimento do nosso país.

Quais são suas perspectivas futuras para a Paleontologia, em um prazo de 4 ou 5 anos? Acredito que teremos em uma maior integração da paleontologia com outras áreas do conhecimento e uma ampliação da utilização da tecnologia no estudo das bacias brasileiras.

N o s p r ó x i m o s a n o s a t e n d ê n c i a é o desenvolvimento de mais trabalhos integrados, com um maior enfoque geológico. Penso que no B r a s i l e s t a m o s c a m i n h a n d o p a r a o desenvolvimento de modelos mais robustos e um enfoque mais aplicado dos estudos taxonômicos, ou seja, mais do que nomear táxons, observar as variações morfológicas no contexto tempo-espaço, especialmente na micropaleontologia, onde é possível analisar populações.

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Entrevista com a Drª Valéria Gallo

Com Bacharelado e Licenciatura em Ciências Biológicas pela Universidade Gama Filho (1989), Mestrado em Geologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1993) e Doutorado em Geociências (Geologia Sedimentar) pela Universidade de São Paulo (setembro/1998), é Bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq. Atualmente, é Professora Associada e Procientista da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), com experiência na área de Zoologia e Paleozoologia, atuando principalmente em Biogeografia Histórica, Sistemática, Ictiologia e Paleovertebrados do Mesozoico.

Como surgiu o interesse em se tornar paleontóloga?

Durante o curso de graduação em Ciências Biológicas, as aulas que mais despertavam meu interesse eram as de Geologia e as de Evolução, pela temática em si, mas também pelos professores que eram excelentes.

Como escolheu sua área de pesquisa?

A partir deste interesse, percebi que podia fazer um link entre estas duas áreas e fui procurar no Museu Nacional um estágio em Paleontologia. Atualmente, quais são suas linhas de pesquisa?

Minha principal linha de pesquisa hoje, que é a cadastrada no CNPq e na UERJ, refere-se à Biogeografia Histórica e Sistemática da Ictiofauna de Origem Mesozoica.

Como é a sua rotina de trabalho como professora e pesquisadora?

Uma maratona! Todo semestre, ministro, pelo menos, duas disciplinas na graduação e uma na

PALEONTÓLOGO EM FOCO

pós-graduação. Oriento alunos nas diversas modalidades de pesquisa (IC, Bacharelado, Mestrado, Doutorado e Pós-doutorado). Sou revisora de diversos periódicos nacionais e internacionais e consultora de diversas agências de fomento, também nacionais e internacionais. Além de participações em inúmeras bancas.

Quantos alunos você orienta atualmente? Está aceitando novos alunos?

13: 2 pós-doutorados; 3 doutorados; 1 mestrado; 3 bacharelados; 4 IC.

No momento, não há vagas.

O que você espera de um estagiário? Dedicação e profissionalismo.

Na sua opinião, que deveres um orientador deve ter em relação a seus alunos?

Um orientador tem que fornecer as bases da formação do futuro pesquisador, permitir a sua autonomia, mas cobrar resultados.

Qual a maior contribuição que você deseja deixar para a Paleontologia?

Uma professora/pesquisadora que sempre soube trabalhar em equipe, compartilhar seus conhecimentos, de comportamento acadêmico exemplar.

Quais são suas perspectivas futuras para a Paleontologia, em um prazo de 4 ou 5 anos? Que seja uma Ciência melhor reconhecida, não só nos meio acadêmicos, mas também pela sociedade em geral!

Um orientador tem que fornecer as

bases da formação do futuro

pesquisador ...

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a maioria das pessoas conseguiu chegar a fim de prestigiar seus colegas, com um total de 56 participantes.

Para o encerramento das atividades, o professor Dr. Antonio Carlos Sequeira Fernandes nos brindou com uma palestra em homenagem póstuma ao professor Dr. Cândido Simões Ferreira, o professor Candinho, que também era acadêmico da ABC. A palestra contou com diversas fotos que mostraram sua trajetória acadêmica e vários dos presentes se emocionaram ao identificar seus professores e orientadores nas fotos. Cabe especial atenção ao fato de que o professor Candinho sempre incentivou a divulgação científica sendo, inclusive, um precursor na organização de reuniões anuais entre os paleontólogos, as quais vieram a se transformar nas próprias PALEOs.

Por Taissa Rodrigues Marques da Silva

UFES - Universidade Federal do Espírito Santo

A PALEO RJ/ES 2013 foi organizada pelo professor Dr. Alexander W. A. Kellner, com a colaboração de Elaine Batista Machado e Rodrigo Giesta Figueiredo, e ocorreu no dia 11 de dezembro, no auditório da Academia Brasileira de Ciências, no centro do Rio de Janeiro, oito anos após a última PALEO a ser organizada nesta prestigiada instituição. A reunião contou com 19 apresentações orais e 21 em forma de painel.

Uma chuva intensa castigou o Rio de Janeiro nesta data, o que impediu várias pessoas de saírem de casa, mas ainda assim o desejo de se reunir e trocar experiências foi maior. Apesar de algumas ausências pela manhã, na parte da tarde

Comissão Organizadora da PALEO RJ/ES 2013 Palestra ministrada pelo prof. Antonio Carlos Fernandes

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Entrevista com o paleontólogo Dr. Paulo Roberto de Figueiredo Souto

Professor Adjunto da Universidade Federal do estado do Rio de Janeiro (UNIRIO) - Laboratório de Interações Biológicas e Ambientais (LIBA). Dentre suas atribuições acadêmicas, desenvolve trabalhos e orientação de curadoria para acervos paleontológicos desta e de outras instituições.

C o n t e - n o s u m p o u c o s o b r e s u a e x p e r i ê n c i a e m c u r a d o r i a paleontológica.

O primeiro contato com trabalhos de curadoria ocorreu em 1997 no Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), quando mestrando e com auxílio da Dra. Rita Tardin Cassab, pois os exemplares coletados por Ivor L. Price na década de 1940 ainda não tinham sido registrados. Ainda no mesmo período, quando cursava a pós-graduação no D e p a r t a m e n t o d e G e o c i ê n c i a s d a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), participei na reorganização da coleção científica refazendo fichas e lastros, otimizando os espaços das gavetas, realizando levantamento de materiais existentes, inclusão de novos exemplares, etc. Ao término do doutorado, em 2003, fui convidado pela Dra. Maria Antonieta a realizar a reorganização da coleção didática e científica de paleontologia do Departamento de Geologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), onde trabalhei por três anos em colaboração com os professores Egberto Pereira e Sergio Bergamatti. Atualmente, na qualidade de professor adjunto da UNIRIO, venho reestruturando com apoio de alunos bolsistas a coleção didática do departamento de Ciências Naturais e a coleção cientifica do LIBA.

Como exemplares fósseis passam a p e r t e n c e r a u m a c o l e ç ã o d e Paleontologia?

Quando um fóssil é levado para uma instituição, após ele ser devidamente preparado, dois critérios devem ser observados: primeiro, o grau de ocorrência e,

segundo, o estado de conservação. Quando o fóssil é abundante e possui razoável estado de preservação, é aconselhável que seja destinado para atividades didáticas. Quando o fóssil é pouco comum, mas em ótimo estado de conservação, caberá ao curador decidir se destina-o para fins didáticos ou para o acervo científico, visto que no futuro poderá ser utilizado como material para confecção de réplicas ou de permuta entre acervos. Entretanto, quando o fóssil é raro, certamente o ideal é que seja incluído na coleção científica.

Qual é a infraestrutura mínima para receber e acondicionar fósseis em uma instituição?

Considero que para estabelecer uma coleção de paleontologia a condição mínima seja a existência de um espaço físico destinado a instalação do mobiliário e das bancadas para realização dos trabalhos de preparo dos materiais. Após satisfeita essa condição, o u t r a s a d e q u a ç õ e s p o d e m s e r implementadas como: colocação de divisórias para setorização, criação de sala de gabinete com computadores, impressoras, mesa para fotografia, almoxarifado para depósito de embalagens, equipamentos, instalação de iluminação diurna e noturna, sala de acesso restrito para coleção científica, visor amplo para ambiente externo para visitas escolares, etc.

Existe um protocolo oficial para curadoria paleontológica?

Na realidade, cada coleção tem autonomia para criar seus próprios protocolos. Entretanto, alguns procedimentos resultam da práxis oriunda dos protocolos de acervos de museus tradicionais como o American Museum de Nova York, Natural History Museum de Londres, o Museu de História Natural de Paris, entre outros.

Algumas instituições brasileiras, e s p e c i a l m e n t e m u s e u s , t a m b é m

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dispõem de técnicos para realizar a curadoria de suas coleções. Na sua opinião, a pessoa encarregada deve ser alguém já graduado ou a curadoria pode também ser realizada por um estudante ainda em formação?

Na realidade as coleções dos museus são t r a d i c i o n a l m e n t e d e s t i n a d a s a o s museólogos. Entretanto, no caso de determinadas coleções nos últimos anos tem sido mais freqüente a ocupação da curadoria por professores doutores com formação em outras áreas para o gerenciamento dos acervos principalmente de zoologia, arqueologia, geologia e paleontologia, visto o refinamento de informação que esses materiais requerem.

Quem pode visitar uma coleção paleontológica? Como é normalmente feito o procedimento para visitas?

As coleções paleontológicas devem ter um espaço destinado a receber o público em geral, a fim de difundir e integrar o conhecimento acadêmico com a sociedade. Essas visitas devem ter ao menos na sua infraestrutura um guia com formação técnica ou superior, confecção de folhetos explicativos e um auditório para palestra no caso de receber grupos escolares.

Na sua opinião, qual a importância de haver uma coleção paleontológica didática devidamente organizada em uma instituição de ensino?

Talvez este seja um dos aspectos que considero mais essenciais das coleções paleontológicas, pois é o acervo didático que permite ao aluno uma interação direta com o objeto de conhecimento. É através desse contato com o fóssil que será gerada a motivação e conduzirá o aluno a todos os outros aspectos que ele agrega, como a questão da temporalidade, o processo da evolução e a importância de preservação do patrimônio.

Paleontólogo, o prof. Mário Costa B a r b e r e n a f o i r e s p o n s á v e l p e l a descoberta de muitos dos fósseis de anfíbios e répteis dos períodos Permiano e Triássico que viveram na região hoje correspondente ao Rio Grande do Sul. Nascido em 17 de abril de 1934 em Santa Vitória do Palmar, graduou-se em 1959 em história natural. Orgulhava-se da criação de um grupo que fundamentou a cronoestratigrafia, geologia sedimentar e paleobiogeografia da bacia do Paraná e de ter participado da consolidação do IG/UFRGS como um dos centros de excelência em Estratigrafia e Geologia do Petróleo no Brasil.

Foi Livre-docente da Universidade Federal do Rio Grande do Sul desde 1974, diretor do Centro de Investigações do Gondwana, diretor do Instituto Latino-americano de Estudos Avançados da Universidade e membro titular da Academia Brasileira de Ciências desde 1980.

É com profundo pesar que comunicamos o falecimento do prof. Mário Costa Barberena ocorrido na manhã do último dia 16 de dezembro.

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Por Taissa Rodrigues Marques da Silva

UFES - Universidade Federal do Espírito Santo

O evento Wallace 100: Celebração da vida do naturalista Alfred Russel Wallace (1823-1913) consistiu em um ciclo de palestras que ocorreu no dia 07 de novembro de 2013, data que marca o centenário de sua morte, no campus de Goiabeiras da Universidade Federal do Espírito Santo, em Vitória.

Apesar de suas contribuições significativas à Teoria da Evolução por Seleção Natural e à Biogeografia, o centenário de sua morte recebeu bem menos atenção do que as celebrações ocorridas em todo o mundo em 2009 em memória de Charles Darwin.

O ciclo de palestras, gratuito, teve suas 220 inscrições esgotadas em poucas horas, o que demonstra o grande interesse por parte de alunos de graduação e de pós-graduação em Evolução e Biogeografia, além da necessidade de haver mais eventos de baixo custo para o público discente.

O evento foi iniciado com rápida mensagem de boas-vindas do Dr. Sérgio Lucena (UFES), coordenador do Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas. A paleontóloga Dra. Valéria Gallo (UERJ) ministrou a palestra de abertura, na qual abordou, entre outros assuntos, m é t o d o s q u a n t i t a t i v o s p a r a e s t u d o s biogeográficos, tema com o qual raramente os discentes possuem contato. Os trabalhos da manhã foram encerrados com a palestra da Dra. Mônica de Toledo-Piza Ragazzo (USP), que apresentou seu trabalho de recuperação de informações históricas sobre os peixes coletados por Wallace no rio Negro.

Na parte da tarde, a Dra. Leonora Pires Costa (UFES) apresentou palestra sobre Wallace e a Biogeografia, a qual foi seguida por uma mesa-redonda sobre o paradigma atual da evolução, com os Drs. Daniel Toffoli Ribeiro (UFSCAR), Maurício Abdalla Guerrieri (UFES) e Albert David Ditchfield (UFES), tendo como moderador o Dr. Yuri Reis Leite (UFES). A palestra de encerramento foi ministrada pelo Dr. Reinaldo Alves de Brito (UFSCAR), sobre hierarquia da evolução e extensões do Darwinismo e Lamarckismo.

Apesar da temática do evento ser afim à Paleontologia, não é comum haver discussões acerca de Teoria da Evolução e Síntese Moderna em eventos da área. Notadamente, o tempo disponível para discussão sobre Síntese Moderna foi curto e foi consenso entre os presentes de que um evento futuro, abordando esta discussão, seria muito bem-vindo.

Além das palestras, foram exibidos dois documentários sobre a vida e obra de Wallace, os quais foram prestigiados tanto por alunos como por professores.

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PALEOARTE

Um jovem Pycnonemosaurus se afasta de sua mãe e é atacado por um Baurusuchus. Acrílico sobre papel.

Pycnonemosaurus e Baurusuchus

Paleoartista: Maurilio Oliveira

Trabalha com Paleoarte desde 1999 no setor de Paleovertebrados do Museu Nacional / UFRJ.

Vencedor de vários prêmios nacionais e internacionais, tendo contribuído com seus trabalhos para televisão, livros, revistas e artigos científicos.

www.mauriliopaleoarte.com.br artepaleonto@gmail.com

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Três Companheiros

Dos primeiros esboços teriam surgido apenas dois companheiros, um homem viajante e um dinossauro. O trem já faria parte do cenário para dar a ideia da viagem. Mas então veio o cão, para demonstrar a solidez da socialização do réptil, deixando-o mais distante de uma alusão totalmente voltada para a fantasia do homem, para colocá-lo num espaço mais íntimo e fraterno, ao lado de quem é tipo pelos homens como sendo o seu melhor amigo.

Óleo sobre tela.

Paleoartista: Guilherme Gehr

Guilherme faz ilustrações sem gênero definido, com forte gosto pela natureza da pré-história, o que sempre rende alguns animais extintos pelo meio, porém trabalha mais com desenho animado. Atualmente está produzindo desenhos para um curta metragem totalmente no estilo clássicos de animação.

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Núcleo RJ/ES

Sociedade Brasileira de Paleontologia Biênio 2013-2014

Presidente

Leonardo Avilla

UNIRIO - Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro

Vice-presidente

Taissa Rodrigues

UFES - Universidade Federal do Espírito Santo

1º Secretário

Orlando Grillo

Museu Nacional - Universidade Federal do Rio de Janeiro

2ª Secretária

Aline Ghilardi

UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro

1ª Tesoureira

Camila Bernardes

UNIRIO - Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro

2ª Tesoureira

Alice Souza

Universidade Estácio de Sá

Diretor de Publicações

Rafael Costa da Silva

CPRM - Serviço Geológico do Brasil

INFORMES DO NÚCLEO

DEFESA DE DOUTORADO:

Evolução morfofuncional da articulação da pelve de dinossauros Saurischia: Implicações na locomoção de Rhea

americana e Staurikosaurus pricei

Orlando Nelson Grillo

Programa de Pós-Graduação em Zoologia, Museu Nacional/UFRJ

Orientadores: Dr. Sergio Alex Kugland de Azevedo (MN/UFRJ) e Dr. Oscar Rocha-Barbosa (UERJ)

Data de defesa: 19 de janeiro de 2014 (a confirmar)

CURSOS:

Morfometria Geométrica aplicada à Paleontologia

Dra. Carla Sério Abranches

Pesquisadora associada da USP 24 e 25 de janeiro de 2014

Local: UNIRIO - Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro

Contato: mastozoologiaunirio@yahoo.com.br

Normas para Publicação

O escopo do PALEONOTÍCIAS ON-LINE é a divulgação de temas relacionados à profissão do paleontólogo tais como pesquisas científicas, eventos, e x p o s i ç õ e s , e x p e r i ê n c i a s profissionais diversas e paleoarte. A submissão de artigos ou sugestões de pauta deverá ser feita através do email nucleo.sbp.rjes@gmail.com. As submissões serão avaliadas pelo corpo editorial em relação ao tamanho, forma e conteúdo.

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