• Nenhum resultado encontrado

ANEMIA HEMOLÍTICA DO RECÉM NASCIDO ANEMIA HEMOLÍTICA DO RECÉM NASCIDO PEDIATRIA

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "ANEMIA HEMOLÍTICA DO RECÉM NASCIDO ANEMIA HEMOLÍTICA DO RECÉM NASCIDO PEDIATRIA"

Copied!
20
0
0

Texto

(1)

1

ANEMIA

HEMOLÍTICA DO

RECÉM NASCIDO

(2)

2

ANEMIA

HEMOLÍTICA DO

RECÉM NASCIDO

CONTEÚDO: Julia Cheik Andrade

CURADORIA: Dolores Henriques

(3)

3

SUMÁRIO

ANEMIA HEMOLÍTICA DO RECÉM-NASCIDO ... 5

SISTEMA RH ... 5

QUADRO CLÍNICO - ANEMIA HEMOLÍTICA POR INCOMPATIBILIDADE RH ... 7

DIAGNÓSTICO DE ANEMIA HEMOLÍTICA POR INCOMPATIBILIDADE RH ... 10

Ultrassonografia com doppler ... 10

Espectrofotometria ... 10

Cordocentese ... 10

INCOMPATIBILIDADE RH – TRATAMENTO ... 11

Tratamento pré-natal ... 11

Tratamento pós-natal ... 11

Procedimento de exsanguíneo transufusão ... 13

Complicações agudas de exsanguíneo transfusão ... 15

Complicações tardias de exsanguíneo transfusão ... 15

INCOMPATIBILIDADE RH – PREVENÇÃO ... 15

INCOMPATIBILIDADE RH – ACOMPANHAMENTO DO RN ... 16

INCOMPATIBILIDADE DO SISTEMA ABO ... 16

Manifestações clínicas ... 17

Exames laboratoriais ... 17

Diagnóstico... 17

(4)

4 Acompanhamento ... 18

PRINCIPAIS CONCEITOS - ANEMIA HEMOLÍTICA DO RN ... 18 REFERÊNCIAS ... 20

(5)

5

ANEMIA HEMOLÍTICA DO

RECÉM-NASCIDO

Doença caracterizada por anemia causada por hemólise de hemácias/eritrócitos do feto ou recém-nascido (RN). Esta doença é uma causa importante de icterícia neo-natal, associada a anemia precoce (con-gênita) e anemia tardia, principalmente entre 1 e 3 meses de vida, esta última as-sociada à diminuição da produção eritroci-tária. Neste ebook serão abordadas ape-nas as anemias hemolíticas imunes medi-ada por anticorpos maternos.

A anemia hemolítica do recém-nascido também é chamada de eritroblastose fetal ou doença hemolítica perinatal. É causada pela passagem transplacentária de anti-corpos maternos contra antígenos pater-nos, localizados na superfície das hemá-cias do recém-nascido. A ligação dos an-ticorpos aos antígenos no sangue fetal promove destruição em grande escala das hemácias fetais, o que consequentemente leva à anemia e icterícia, devido aos níveis aumentados de bilirrubina indireta causa-dos pela hemólise.

Dentre os antígenos eritrocitários, os antí-genos Rh e ABO são os mais associados com a anemia hemolítica do recém-nas-cido e serão abortados neste material. Com destaque para a anemia hemolítica por incompatibilidade do grupo Rh,

associada com morbimortalidade aumen-tada de fetos e de recém-nascidos.

SISTEMA RH

Apresenta mais de 50 antígenos, sendo os antígenos mais importantes: D, Cc e Ee. O antígeno D está associado a 90% dos ca-sos de anemia hemolítica por incompati-bilidade do sistema Rh.

Com relação ao antígeno D, a incompatibi-lidade ocorre em fetos com sangue Rh po-sitivo, filhos de mãe Rh negativo e pai Rh positivo.

A mulher Rh negativo que nunca entrou em contrato com sangue Rh positivo é dita não sensibilizada e apresenta baixo risco de desencadear anemia hemolítica no feto. O primeiro contato com o antígeno Rh pode ocorrer durante a gestação eutó-pica (sobretudo no último trimestre e du-rante o parto), gravidez ectópica, abortos e transfusão sanguínea inadequada, situ-ações capazes de promover a sensibiliza-ção materna ao antígeno Rh. A partir de

(6)

6 algumas semanas após a sensibilização, a

mulher desenvolve memória imunológica e poderá produzir anticorpos IgG contra o antígeno D, além de anticorpos IgM.

Após uma segunda exposição ao antígeno, por exemplo, em uma segunda gestação, tem-se o estímulo para produção imediata de anticorpos IgG, por meio da memória imunológica, fenômeno conhecido como isoimunização ou aloimunização. Devido a sua estrutura grande e pentamérica, o an-ticorpo IgM não é capaz de atravessar a barreira placentária. Entretanto, o anti-corpo IgG produzido durante uma se-gunda exposição, com sua estrutura pe-quena e monomérica, é capaz de atraves-sar a placenta.

Portanto, a incompatibilidade Rh mani-festa-se sempre após uma segunda ex-posição ao sangue rH positivo. A se-gunda gestação de paciente Rh negativo, mães de filhos Rh positivo, apresenta risco importante de evoluir com anemia hemolítica do recém-nascido, já que se trata de uma segunda exposição com pos-sível produção de IgG, capaz de ultrapas-sar a placenta e cauultrapas-sar hemólise extravas-cular fetal.

Hemácias fetais portadoras dos antígenos são capturadas pelo sistema reticuloendo-telial do baço, onde serão destruídas. Inici-almente, tem-se uma resposta

compensatória de hiperproliferação medu-lar com aumento da produção da série eri-trocítica. Com o avançar da reação hemo-lítica, a resposta medular torna-se insufi-ciente para compensação do quadro, le-vando à anemia. A anemia é caracteri-zada como hemoglobina abaixo do valor de referência segundo a idade.

A destruição das hemácias leva a hiper-bilirrubinemia indireta, que leva a apre-sentação amarelada de pele e mucosas, condição conhecida como icterícia. Du-rante a gestação, a bilirrubina fetal é trans-portada para o sistema vascular materno e pode ser liberada para o meio externo pela mãe. Após o nascimento, o recém-nascido não é capaz de liberar de forma eficaz a bi-lirrubina sérica, aumentando a gravidade da hiperbilirrubinemia após o nascimento. A bilirrubina sérica elevada no organismo fetal é capaz de atravessar a barreira he-matoencefálica e depositar-se no sistema nervoso central, sobretudo nos núcleos da base, condição grave e associada a danos neurológicos irreversíveis, conhecida como encefalopatia bilirrubínica, também co-nhecida como kernicterus.

O risco de incompatibilidade Rh é maior a cada exposição, uma vez que há maior produção de imunoglobulinas nas exposi-ções subsequentes. Assim, gestaexposi-ções sub-sequentes a um evento de anemia

(7)

7 hemolítica por incompatibilidade

sanguí-nea apresentam risco aumentado de repe-tição dessa complicação, sendo associada a maior gravidade de sua apresentação clí-nica.

QUADRO CLÍNICO - ANEMIA

HE-MOLÍTICA POR

INCOMPATIBILI-DADE RH

Dentre os sintomas associados a anemia hemolítica, o recém-nascido pode apre-sentar palidez, cansaço – que pode ser suspeitado por pausas durante as mama-das, além de icterícia de pele e mucosas. A icterícia, em geral, manifesta-se nas pri-meiras 24 horas de vida e pode ser bem vi-sualizada no dorso dos recém-nascidos, de preferência sob luz ambiental ou branca. Em casos mais graves, o bebê apresenta-se ictérico desde o nascimento.

A neurotoxicidade bilirrubínica cursando com encefalopatia pode gerar sequelas como distúrbios do movimento (atetose); surdez; síndromes cerebelares e altera-ções intelectuais, em geral, irreversíveis. Em casos graves, pode ocorrer repercus-sões já durante o período gestacional, como a hidropsia fetal. Essa condição con-siste na presença de acúmulo de líquido em pelo menos dois compartimentos fe-tais, associada à colapso circulatório fetal. Essa condição é secundária à anemia

grave, que promove edema e insuficiência cardíaca. A hidropsia fetal pode manifes-tar-se como ascite, derrame pericárdico, derrame pleural, edema em pele, acúmulo de líquido amniótico (polidrâmnio) ou na placenta, sendo uma condição associada a risco elevado de mortalidade intraute-rina ou logo após o nascimento.

Na suspeita, devem ser realizados exames complementares, que podem cursar com as seguintes alterações:

Hemograma: anemia, leucocitose ou leucopenia; trombocitopenia nos casos graves.

Esfregaço de sangue periférico: policromasia, presença de reticuló-citos (visualizados à coloração de azul de Cresil brilhante); pode haver linhagens eritrocíticas mais jovens, como eritroblastos.

Contagem de reticulócitos aumen-tada, em geral: devido à resposta medular à hemólise.

Hiperbilirrubinemia às custas de aumento de bilirrubina indireta.

(8)

8 Policromasia ao esfregaço periférico:

Imagem Prof. Osaro Erhabor, 2014. Acesso via Wikimedia Commons.

O teste de Coombs direto é realizado di-retamente com o sangue do recém-nas-cido. Após incubação, o sangue receberá o soro de Coombs, solução que contém anti-corpo contra imunoglobulinas humanas. As hemácias que estiverem ligadas aos anticorpos maternos ligam-se aos anticor-pos do soro, causando aglutinação do complexo hemácia-anticorpos. A sedi-mentação de hemácias no fundo do tubo de ensaio indica resultado positivo para o teste de Coombs direto, indicando in-compatibilidade Rh materno-fetal.

Já o teste de Coombs indireto é realizado com o sangue materno. É separado o soro de uma amostra de sangue materno, com o objetivo de avaliar se há presença de an-ticorpos anti-RhD em sangue materno. É introduzido ao soro, uma amostra de

hemácias contendo o antígeno Rh +. Pos-teriormente, à semelhança do teste de Co-ombs direto, essa amostra combinada re-ceberá o soro de Coombs. A sedimentação das hemácias indica teste de Coombs indi-reto positivo, condição que indica incom-patibilidade Rh materno-fatal.

(9)

9

Imagem de Aria Red, 2006, com textos traduzidos e adaptados. Acesso via Wikimedia Commons

(10)

10

DIAGNÓSTICO DE ANEMIA

HE-MOLÍTICA POR

INCOMPATIBILI-DADE RH

O diagnóstico é realizado a partir da his-tória de incompatibilidade Rh, ou seja, história de Mãe Rh negativo e recém-nas-cido Rh positivo, associado ao teste de Coombs positivo. Durante o período pré-natal, o diagnóstico é realizado essencial-mente pela entrevista médica. Deve-se do-cumentar de forma detalhada tipagem sanguínea do pai* e da prole, gestações e partos prévios, gestações ectópicas ou abortos de mães Rh negativo, para identi-ficação de situações de alto risco de sensi-bilização e formação de memória imunoló-gica materna.

*É importante checar se o pai da gestação atual é o mesmo das gestações prévias ou não! Essa pergunta deve ser feita objetiva-mente, para evitar mal entendidos que atrasem a avaliação adequada de gesta-ções de risco aumentado de anemia hemo-lítica por incompatibilidade Rh.

Deve-se realizar a dosagem de anticorpos anti-D da 12 ª a 16 ª semana gestacional; entre a 28 ª e 32ª semanas de gestação e na 36 ª semana gestacional. A detecção do anticorpo indica risco de anemia hemolítica ao feto, que deve ser monitorado por meio de:

Ultrassonografia com doppler Utilizado para avaliar:

• A velocidade de fluxo da artéria ce-rebral média;

• Hidropsia fetal. As organomegalias são visualizadas como aumento do tamanho dos órgãos (ex. coração, fígado e baço) e são sinais precoces dessa condição. Também pode ser observado edema intestinal e acú-mulo de líquido nos compartimen-tos fetais. O achado ultrassonográ-fico de hidropsia fetal é sugestivo de evolução grave da anemia he-molítica.

Espectrofotometria

Exame capaz de detectar a presença de bi-lirrubina indireta no líquido amniótico e quantificar seu acúmulo, por meio de com-primento de ondas. Os resultados mais al-terados são diretamente relacionados com maior gravidade de anemia hemolítica. Cordocentese

Consiste na punção de sangue da veia um-bilical e realização de exames laboratoriais com a amostra de sangue fetal, permitindo definir com exatidão a bilirrubinemia, além de classificar o grau de anemia fetal a par-tir do valor da hemoglobina (Hb). A cordo-centese é considerada o exame

(11)

padrão-11 ouro para o diagnóstico de hidropsia fetal.

Contudo, por ser um procedimento inva-sivo, com riscos de complicações materno-fetal, a cordocentese será indicada para confirmação diagnóstica e para trata-mento, que consiste em transfusão san-guínea intrauterina.

INCOMPATIBILIDADE RH –

TRA-TAMENTO

Trata-se de tratamento de suporte, que tem como objetivos:

• Prevenir óbito intrauterino ou após o nascimento por anemia grave e hipóxia;

• Evitar neurotoxicidade da hiperbilir-rubinemia indireta.

Tratamento pré-natal

Consiste na transfusão intrauterina, indi-cada quando há hidropsia fetal ou em ca-sos de anemia hemolítica grave. O adian-tamento do parto é o traadian-tamento mais eficaz, uma vez que após a ligação do cor-dão umbilical não há via de passagem dos anticorpos maternos responsáveis pela hemólise. No entanto, há critérios especí-ficos de indicação do parto, que conside-ram os prejuízos à saúde associados à prematuridade.

O parto está indicado nas seguintes condi-ções:

• Desenvolvimento adequado dos pulmões fetais;

• Sofrimento fetal;

• Complicações após transfusão in-trauterina;

• Idade gestacional preferencial-mente de 35 - 37 semanas.

Tratamento pós-natal

Consiste no tratamento por fototerapia. Avalia-se a idade gestacional ao parto e comorbidades para estratificar os recém-nascidos em grupos norteadores para indi-cação do tratamento. São divididos três grupos de risco:

• Recém-nascido de baixo risco: à termo, sem comorbidades.

• Recém-nascido de risco inter-mediário: à termo com comorbi-dades ou pré-termo (35 a 37 se-manas de idade gestacional).

• Recém-nascido de alto risco: pré-termo (35 a 37 semanas de idade gestacional) e comorbida-des.

Avalia-se a quantidade de bilirrubina total sérica e as horas de vida do re-cém-nascido para definir o tratamento adequado aos pacientes, segundo o grupo de risco em que este se encontra.

(12)

12 Pacientes com bilirrubina total acima do

valor esperado para sua condição pos-suem indicação para início da fototerapia. Pelo gráfico é possível observar que re-cém-nascidos com risco aumentado de complicações ou que apresentem a hiper-bilirribinemia nas primeiras horas de vida apresentam menor limiar do valor de bilir-rubina para indicação do tratamento por fototerapia. Sabe-se que a prematuridade tardia está associada a menor capacidade de conjugação da bilirrubina indireta do re-cém-nascido.

Durante a fototerapia, o bebê deve perma-necer com exposição da pele à luz, com proteção das gônadas e dos olhos, em ge-ral, garantida por meio de fraldas e prote-tor ocular. Quanto maior for a hiberbilirru-binemia, maior será a resposta à fototera-pia. A fonte de luz de espectro azul-verde é a mais efetivo para o tratamento com fo-toterapia, considerando uma exposição adequada de pele durante o procedimento.

Fonte: De American Academy of Pediatrics, Subcommittee on Hyperbilirubinemia: Management of hyperbi-lirubinemia in the newborn infant 35 ou more weeks of

gestation, Pediatrics 114:297, 2004. Gráfico retirado de Klaus & Fanaroff. Alto risco em neonatologia, 2014.

(13)

13

Imagem de Steph Masih, 2019. Acesso via Wiki-media Commons.

Em casos graves, pode ser necessária a re-alização de transfusão sanguínea. Em ca-sos muito graves deve ser realizada a

exsanguíneo transfusão. Esta técnica con-siste na transfusão de troca da volemia dos recém-nascidos, o que permite a retirada mecânica da bilirrubina do sangue. O grá-fico abaixo utiliza os mesmos critérios pre-viamente descritos, utilizados para indica-ção de fototerapia, mas difere-se este por considerar pontos de corte maiores para o valor de bilirrubinemia total para indicação de exsanguíneo transfusão.

Procedimento de exsanguíneo transufu-são

Deverá ser realizado em unidade de tera-pia intensiva neonatal. Para cálculo do

Gráfico modificado de American Academy of Pediatrics, Subcommittee on Hyper-bilirubinemia: Management of hyperbilirubinemia in the newborn infant 35 or more weeks of gestation, Pediatrics 114:297, 2004). Ima-gem retirada de Klaus &

(14)

14 volume de troca total a ser realizado, deve

ser considerada a idade gestacional ao nascimento:

A troca é realizada por meio de alíquotas. Para recém-nascidos a termo é retirado 20 mL de sangue por vez com transfusão da mesma quantidade do sangue de troca. Para recém nascidos prematuros ou com instabilidade hemodinâmica, a troca deve ser realizada cautelosamente, por meio de trocas com 5 a 10 mL por vez.

Deve-se monitorizar o bebê durante todo o procedimento, sendo essencial que a avaliação da frequência respiratória, fre-quência cardíaca e temperatura seja reali-zada constantemente por uma pessoa da equipe, devido ao risco de instabilidade hemodinâmica. Deve ser realizada a dosa-gem de bilirrubina de 4 a 8 horas após o procedimento, devido ao risco de hiper-bilirrubinemia rebote e para avaliar ne-cessidade de segundo procedimento de exsanguíneo transfusão.

O sangue realizado para troca deve ser, preferencialmente, do grupo O. Nos casos em que há recém-nascido e a mãe pos-suem o mesmo tipo ABO sanguíneo (A ou

B) poderá ser realizado a transfusão com sangue do mesmo tipo. A bolsa teve conter sangue Rh negativo.

Para o procedimento de troca é utilizado sangue total reconstituído: concentrado de hemácias reconstituído com unidade de plasma fresco congelado. O sangue deve ser de doador com sorologia negativa para citomegalovírus ou de amostra testada, que tenha passado por deleucotização - procedimento capaz de reduzir expressi-vamente o número de leucócitos do san-gue. O sangue deve ter sido submetido à irradiação, visando prevenção de doenças do enxerto versus hospedeiro - condição em que células imunes reagem contra a transfusão. O sangue deve ser fresco, no máximo 7 dias entre coleta e utilização, para evitar hipercalemia no RN, que é cau-sada por concentração aumentada de po-tássio em bolsas armazenadas por mais de uma semana.

Volume de troca

Recém nascidos a termo: 2 x 85 mL/Kg. Recém nascidos prematuros: 2x 100 mL/Kg.

(15)

15 Portanto, o tratamento pós-natal pode ser

realizado por meio de fototerapia, transfu-são ou exsanguíneo tranfutransfu-são. A infutransfu-são de imunoglobulina no recém-nascido, é outra técnica de tratamento, que reduz a necessidade de realização de exsanguíneo transfusão e diminui o tempo de fototera-pia. Deve ser realizada na dose de 0,5 a 1 g/kg.

Complicações agudas de exsanguíneo transfusão

• Hipoglicemia – deve-se avaliar a glicemia ao longo de todo o pro-cedimento e após;

• Desequilíbrio ácido básico;

• Hipercalemia;

• Bradicardia/ Apneia;

• Cianose;

• Vasoespasmo/trombose pelo cateterismo da veia umbilical;

• Infecções por transfusões ou as-sociadas a manipulação do coto umbilical;

• Óbito

Complicações tardias de exsanguíneo transfusão

Anemia que perdura ao longo do cresci-mento, podendo ser hemolítica ou hiporre-generativa. O tratamento é realizado por meio de suplementação de ferro ou trans-fusão sanguínea, em casos graves. A trom-bose de veia porta é outra complicação tar-dia associada à manipulação da veia umbi-lical. Essa condição pode evoluir para hi-pertensão portal.

INCOMPATIBILIDADE RH –

PRE-VENÇÃO

A prevenção da sensibilização da gestante Rh negativa é realizada por meio de admi-nistração de imunoglobulina humana Anti-D, conhecida como Rhogam, que deverá ser realizada até 72 horas após a exposição. A administração da imunoglo-bulina na gestante Rh negativo diminui o risco de sensibilização materna para < 1 %.

Critérios a serem avaliados para a bolsa de ex-sanguíneo transfusão

Rh - Negativo ABO - Preferencialmente O Tipo de componente - sangue total reconstituído. Hematócrito de 40% Compatibilidade do soro RN e mãe

CMV negativo Irradiação - Sim Validade < 7 dias

(16)

16 Ex. Parturiente sangue A - sem história

su-gestiva de sensibilização prévia e Coombs indireto negativo durante o pré-natal, companheiro apresenta sangue A +. Parto sem intercorrências, realizada a tipagem sanguínea do recém-nascido que indicou sangue A+ do bebê. Está indicada a admi-nistração de imunoglobulina humana anti-D até 72 horas após o parto, para diminui-ção do risco de sensibilizadiminui-ção, promo-vendo maior segurança às gestações futu-ras.

INCOMPATIBILIDADE RH –

ACOMPANHAMENTO DO RN

Após alta hospitalar, o bebê deve ser sub-metido a acompanhamento por meio de hemogramas semanais, para acompanha-mento da anemia e avaliação de necessi-dade de transfusão de concentrado de he-mácias. O acompanhamento deve ocorrer até que a estabilização do hematócrito seja alcançada.

INCOMPATIBILIDADE DO

SIS-TEMA ABO

Configura-se como a causa mais comum de anemia hemolítica do recém-nascido, associado a quadro clínico brando, quando comparado com a incompatibili-dade por Rh. Pode ocorrer em mães do grupo sanguíneo O, com gestação de fetos do tipo sanguíneo A ou B. Raramente

ocorre incompatibilidade do sistema ABO em mães com sangue do tipo A e recém-nascido de sangue B, ou vice-versa, e, quando ocorre, sua apresentação clínica é ainda mais branda, no geral.

São fatores que explicam o quadro brando de incompatibilidade do sistema ABO:

Antígenos A e B são pouco desen-volvidos no primeiro ano de vida. Uma menor quantidade de sítios antigênicos gera, por consequência, menor ligação dos anticorpos aos antígenos e hemólise menos in-tensa.

Mulheres com tipo sanguíneo O produzem anticorpos anti-A e anti-B desde seu nascimento, in-dependentemente de sensibiliza-ção prévia. Por isso, a incompatibi-lidade ABO pode ocorrer desde a primeira gestação.

Porém, a maioria dos anticorpos são da classe IgM, que são barrados mecanica-mente pela barreira placentária devido ao tamanho grande dessa imunoglobulina. A pequena parcela IgG produzida é capaz de alcançar a corrente sanguínea fetal po-dendo causar a hemólise. Sabe-se que há maior passagem na barreira placentária de anticorpos IgG anti-A. Assim, a mani-festação clínica é mais comum em recém

(17)

17 nascidos de sangue A, filhos de mães O

negativo.

Manifestações clínicas

• Hemólise discreta;

• Icterícia – pode manifestar-se como único sintoma. Geralmente ocorre nas primeiras 24 horas de vida;

• Hepatoesplenomegalia rara;

• Hidropsia fetal rara.

Exames laboratoriais

Anemia discreta com contagem alta de reticulócitos devido à hiperproliferação medular em resposta à hemólise. Ao esfre-gaço de sangue periférico pode ser identi-ficada policromasia, devido a presença de reticulócitos e presença de esferócitos, além de hiperbilirrubinemia às custas de bilirrubina indireta.

Teste de Coombs direto negativo ou fraco. O baixo número de antígenos pode não ser suficiente para uma ligação anti-corpo-antígeno capaz de promover a

aglutinação das hemácias no teste de Co-ombs direto. Por isso, este teste não é es-sencial para o diagnóstico.

Diagnóstico

Diferentemente dos casos associados à in-compatibilidade Rh, a anemia hemolítica do recém-nascido causada por incompati-bilidade ABO independe do resultado do teste de Coombs. O diagnóstico é reali-zado a partir de história de incompatibili-dade ABO, sobretudo em mãe sangue O e recém-nascido A ou B, associado a achados sugestivos de hemólise no re-cém-nascido.

Tratamento

A base do tratamento é a fototerapia vi-sando a resolução da icterícia, sobretudo para prevenção ou controle de encefalopa-tia bilirrubínica. A indicação terapêutica é definida a partir do valor bilirrubina total sérica, em relação aos valores de normali-dade definidos pela curva. Trata-se da mesma curva citada previamente, que é utilizada para indicação de fototerapia para RN com incompatibilidade Rh ou ABO. Como dito, a curva considera horas de vida e grupos de risco para definir o va-lor de corte de bilirrubina total sérica para indicação de fototerapia.

A esferocitose hereditária é um diagnóstico diferencial de anemia hemolítica por incompatibilidade ABO devido ao quadro de anemia com presença de esferócitos em sangue periférico.

(18)

18 Em casos graves, há benefício da

realiza-ção de transfusão ou de exsanguíneo transfusão durante o tratamento. À seme-lhança do tratamento de incompatibilidade de Rh, utiliza-se a mesma curva de indica-ção de exsanguíneo transfusão em RN com incompatibilidade ABO.

Acompanhamento

Após alta, os bebês devem ser submetidos a hemogramas semanais, para acompa-nhamento da anemia e avaliação de neces-sidade de transfusão de hemácias. O acompanhamento deve ocorrer até que a estabilização do hematócrito seja alcan-çada.

PRINCIPAIS CONCEITOS -

ANE-MIA HEMOLÍTICA DO RN

A isoimunização decorrente de incompati-bilidade do sistema ABO é a principal causa de doença hemolíca do RN e, feliz-mente, está associada a uma manifestação clínica branda. Ocorre, em geral, quando mãe com sangue O e recém-nascido san-gue A ou B, podendo ocorrer desde a pri-meira gestação. O diagnóstico é realizado a partir da história de incompatibilidade ABO associada a sinais de hemólise fetal ou no RN.

A isoimunização decorrente de incompati-bilidade do sistema Rh é menos comum,

Fonte: De American Academy of Pediatrics, Subcommittee on Hyperbilirubinemia: Management of hyperbi-lirubinemia in the newborn infant 35 ou more weeks of

gestation, Pediatrics 114:297, 2004. Gráfico retirado de Klaus & Fanaroff. Alto risco em neonatologia, 2014.

(19)

19 porém mais grave. Está associada a

hemó-lise importante devido à passagem de IgG anti RhD através da barreira placentária. O diagnóstico é realizado a partir de história de incompatibilidade do sistema Rh asso-ciada ao teste de Coombs positivo. Essa condição pode cursar com complicações graves como hidropsia fetal, encefalopatia bilirrubínica e alterações metabólicas, além da anemia típica.

A isoimunização por incompatibilidade Rh pode ser prevenida por meio de adminis-tração de imunoglobulina humana até 72 horas após o parto de mães Rh negativas. Condições de risco de sensibilização, como abortamento ou curetagem de gravidez ectópica também indicam a sua adminis-tração. O teste de Coombs indireto é utili-zado durante o pré-natal para rastreio de gestações de risco aumentado de

isoimunização. Nas gestantes sensibiliza-das, o monitoramento é importante para avaliação de indicação de parto prematuro ou transfusão intrauterina.

A principal estratégia do tratamento de ambas as situações após nascimento é a fototerapia, que será indicada segundo as variáveis: resultado de bilirrubina total sé-rica, horas de vida, idade gestacional ao nascer e presença de comorbidades. Transfusão e exsanguíneo transfusão pode ser indicadas para tratamento de for-mas mais graves da doença.

(20)

20 @jalekoacademicos Jaleko Acadêmicos @grupoJaleko

REFERÊNCIAS

Especialidades Clínicas e cirúrgicas – Especialidades clínicas - Pediatria – Neonato-logia – Anemia hemolítica do RN (Professora Amanda Varidel). Jaleko Acadêmicos.

Klaus & Fanaroff. Alto risco em neonatologia, 6ª edição, Rio de Janeiro, 2015 Else-vier Editora Ltda. Cap. Hiperbilirrubinemia Neonatal, pg 140 a 456.

Polin, Richard A. Neonatologia prática. 5. ed. – Rio de Janeiro: Elsevier, 2016. Cap HIPERBILIRRUBINEMIA NEONATAL, pg 96 a 117.

Referências

Documentos relacionados

The fuzzy classification allowed the acquisition of monthly maps indicating the risk areas for the establishment of moniliasis in Bahia state (Figures 1 and 2) expressed as

Com base nas respostas de entrevistas realizadas com famílias rurais dos municípios de Anchieta e Guaraciaba, foram identificadas as variedades locais e seus atributos, como

O presente estudo teve por objetivo de elaborar uma lista de espécies de serpentes para o estado de Santa Catarina a partir de dados disponibilizados em

Transcriptome analysis highlighted differences not only in gene expression of lactose and galactose related genes, but also shed light on regulatory effects on genes involved in

Figura 123: Atividade de animação em Pixel arte Usando o software Piskel Fonte: arquivo do autor.. Figura 124: Atividade de animação usando software Piskel

O presidente citou a necessidade de nivelamento da areia para evitar o seu avanço para o calçadão da praia do Itararé e corte do mato que vem crescendo na areia, informações

Forte de São Tiago das Cinco Pontas foi construído pelos holandeses em 1630 e está localizado no tradicional bairro de São José, em Recife, no Estado de Pernambuco.. Foi a

Notamos, pois, uma t o t a l descredibilidade, não só na atuação da EMATER, como, também, da EfíBRAPA, enquan to órgãos executores dos programas de assistência técnica.. Isso,