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Estudo dos fatores de risco para o desenvolvimento da retinopatia da prematuridade em recém nascidos prematuros e de muito baixo peso

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VANESSA DE SOUZA MARTINS

ESTUDO DOS FATORES DE RISCO PARA O DESENVOLVIMENTO DA

RETINOPATIA DA PREMATURIDADE EM RECÉM NASCIDOS

PREMATUROS E DE MUITO BAIXO PESO

Trabalho de Conclusão de Curso julgado como requisito parcial ao grau de médico e aprovado em sua forma final pelo Curso de Graduação em Medicina da Universidade do Sul de Santa Catarina.

Palhoça 2018

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Estudo dos fatores de risco para o desenvolvimento da Retinopatia da Prematuridade em recém nascidos prematuros e de muito baixo peso

Study of risk factors for the development of retinopathy of prematurity in premature new born with very low birth weight

Vanessa de Souza Martins1, Thaise Cristina Brancher Soncini2

1. Discente do Curso de Medicina da Universidade do Sul de Santa Catarina, Palhoça, Santa Catarina, Brasil.

2. Médica Neonatologista. Professora Titular do Departamento de Medicina Interna da Universidade do Sul de Santa Catarina, Palhoça, Santa Catarina, Brasil.

Endereço para correspondência: Rua Padre Clemente, 63 – Florianópolis (SC) CEP 88015350 Telefone (48) 99873810

E-mail:thaisesoncini@hotmail.com –Thaise Cristina Brancher Soncini Os autores declaram não haver conflito de interesse

Aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade do Sul de Santa Catarina sob o número 2.205.076

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RESUMO

Objetivo: Avaliar a os fatores de risco para a ocorrência da retinopatia da prematuridade (ROP) em recém-nascidos (RN) prematuros (Idade Gestacional ≤ 32 semanas) e com peso ao nascimento (PN) ≤ 1500g atendidos no ambulatório de oftalmologia do HRSJ entre janeiro de 2012 e novembro de 2017. Método: Estudo caso controle, retrospectivo e observacional. Foram incluídos no estudo pacientes com IG ≤ 32 semanas e de muito baixo peso que foram atendidos no ambulatório de oftalmologia do HRSJ entre 1 de janeiro de 2012 a 30 de novembro de 2017. Foram excluídos do estudo todos os RNs prematuros que foram a óbito antes da realização do primeiro exame oftalmológico. A amostra foi tabulada diretamente no programa SPSS e as variáveis categóricas foram comparadas pelos testes exato de Fisher e Qui-Quadrado, com nível de significância p<0,05. Foram calculadas as razões de chance (OR) de retinopatia, e os seus respectivos intervalos de confiança (IC95%). Após a análise bivariada, as variáveis com significância estatística (p<0.05) foram submetidas a análise multivariada. Resultados: Observou-se um maior índice de ROP estágio 1 entre os RNs estudados. A presença da ROP foi maior no grupo com PN < 1000 gramas (80,00%), e com IG menor que 27 semanas (75,00%). Com a regressão logística, obtiveram significância estatística sepse e dias de oxigenioterapia. Conclusão: A maioria dos RNs apresentaram ROP estágio 1. Com a realização da regressão logística mantiveram-se como fatores de risco dias de oxigenioterapia (OR 3.042/IC 1.167-7.930) e sepse (OR 2.738/IC 1.198-6.256), indicando uma associação verdadeira com o desenvolvimento da ROP.

Descritores: Retinopatia da prematuridade; Fatores de risco; Oxigenioterapia, Baixo Peso ao Nascer, Idade Gestacional

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ABSTRACT

Objective: to evaluate the risk factors for the occurrence of retinopathy of

prematurity (ROP) in premature newborns (Gestational Age ≤ 32 weeks) with birth weight (BW) ≤ 1500g that attended the ophthalmology clinic of HRSJ between January of 2012 and November of 2017. Method: Case study, retrospective and observational. The study included patients with GA ≤ 32 weeks and very low weight who were seen at the HRSJ ophthalmology outpatient clinic between January 1, 2012 and November 30, 2017. All preterm infants who died prior to the first ophthalmologic exam were excluded from the study. The sample was tabulated directly in the SPSS program and the categorical variables were compared by the Fisher and Qui-Square exact tests, with significance level p <0.05. The odds ratio (OR) for retinopathy, and their respective confidence intervals (95% CI) were calculated. After the bivariate analysis, the variables with statistical significance (p <0.05) were submitted to multivariate analysis Results: A higher ROP stage 1 level was observed among the NBs studied. The presence of ROP was greater in the BW group <1000 grams (80.00%), and less than 27 weeks (75.00%). With logistic regression, sepsis and days of oxygen therapy remained statistically significant.

Conclusion: The majority of the NBs presented ROP stage 1. With the multivariate

analysis, days of oxygen therapy (OR 3.042/IC 1.167-7.930) and sepsis (OR 2.738/IC 1.198-6.256), remained as risk factors, indicating a true association with the development of ROP.

Keywords: Retinopathy of prematurity; Risk factors; Oxygen therapy, Low Birth

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INTRODUÇÃO

A Retinopatia da prematuridade (ROP – Retinopathy of prematurity) é definida como uma doença vasoproliferativa que se desenvolve a partir da vascularização retiniana imatura sendo o principal grupo de risco recém-nascidos (RN) prematuros e com muito baixo peso ao nascer1-2.

A prevalência de ROP varia conforme a população estudada e os parâmetros utilizados para sua obtenção. Em seus estudos, Jorge e Marcon se depararam com uma prevalência de 18,53%, levando em consideração RNs pré termos com <32 semanas de IG e PN <1.500g. No mesmo estudo, vale destacar, que a razão de prevalência (RP) da ROP foi 2,65 vezes maior em RNs que utilizaram oxigenioterapia quando comparados aos RNs que não a utilizaram3.

A ROP afeta mais de 50.000 crianças por ano no mundo4-5 e nos EUA é a segunda

principal causa de cegueira em crianças com menos de 6 anos6. Isto pode estar

relacionado aos avanços na qualidade do atendimento perinatal, que aumenta a sobrevida de crianças com baixo peso e prematuros extremos, e leva concomitantemente a um aumento na ocorrência de comorbidades relacionadas à prematuridade, à exemplo da cegueira decorrente da ROP7-8.

No Brasil, o Ministério da Saúde desconhece o número exato de crianças afetadas anualmente pela ROP. Entretanto, estima-se que cerca de 16.000 recém-nascidos desenvolvam a doença por ano, dos quais aproximadamente 1.600 podem ficar cegos se não detectados e tratados precocemente9.

A ROP é uma doença de etiologia multifatorial3,10-11 que ocorre na presença de

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parcialmente avascular, pois a mesma é considerada completa somente por volta da 40 semana de idade gestacional, quando a rede de vascularização retiniana atinge a retina temporal1. A ROP é um processo oxigênio-regulado que se desenvolve

basicamente em duas fases. Na primeira, a relativa hipóxia a que o RN fica exposto no ambiente extrauterino leva a vasoconstrição e parada do desenvolvimento vascular normal, já na segunda, o uso de oxigênio suplementar leva a uma situação de hiperóxia e causa mais vasoconstrição e obliteração vascular, o que gera um quadro de isquemia periférica na retina e a posterior interrupção definitiva da formação vascular. A hiperóxia, se mantida, por um período prolongado, leva a superprodução de Fator de Crescimento Endotelial (VEGF), que estimulará a neovascularização13. Acaso esta proliferação fibrovascular seja significativa e não

tratada, complicações características da doença podem ocorrer, como por exemplo, o descolamento da retina14.

Sabe-se que os fatores mais importantes para o desenvolvimento da ROP são a prematuridade, baixo peso ao nascer e a oxigenioterapia12,15. Em relação ao uso de

oxigênio complementar, ele estaria relacionado ao desenvolvimento da doença, pois leva a uma isquemia vascular da retina com subsequente angiogênese7.

Além dos clássicos fatores, citados acima, destacam-se na literatura outros possivelmente associados a ROP, como a sepse5; a hemorragia intracraniana, a

transfusão sanguínea6,16,17 e o Apgar menor que 7 no 5o minuto17.

Devido à escassez de dados epidemiológicos relativos a essa doença no Brasil, optou-se por estudar de forma retrospectiva os recém-nascidos pré-termos do Hospital Regional de São José Dr. Homero de Miranda Gomes, com o intuito de identificar os fatores de risco relacionados ao desenvolvimento da Retinopatia da

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Prematuridade em RNs com as características acima mencionadas, pois a elucidação destes fatores auxilia o diagnóstico precoce da doença.

METODOLOGIA

Estudo epidemiológico observacional de delineamento caso controle. Aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) do Hospital Regional de São José Dr. Homero de Miranda Gomes (HRSJ) e da Universidade do Sul de Santa Catarina sob o n° 2.205.076. Foi realizado um Termo de Compromisso na Utilização de Dados.

Foram incluídos no estudo pacientes pré-termos (menor ou igual a 32 semanas de idade gestacional) e de baixo peso (menor ou igual que 1.500 gramas) atendidos no ambulatório de oftalmologia do Hospital Regional de São José, que é referência estadual no tratamento da ROP, no período de 1 de Janeiro de 2012 a 30 de novembro de 2017. O uso do peso ao nascer e idade gestacional como critérios de inclusão no estudo ocorreu, pois, diversos trabalhos na literatura demonstram que, quanto menor o peso e menor a idade gestacional, maiores as chances de desenvolver ROP, tratando-se, portanto, de fatores de risco bem estabelecidos na literatura.O estudo incluiu RNs provenientes de outras instituições, que foram avaliados por oftalmologistas após procurar o serviço, observando-se os critérios de inclusão. Foram excluídos do estudo todos os RNs prematuros que foram a óbito antes da realização do primeiro exame oftalmológico.

A avaliação oftalmológica de rotina realizada no ambulatório de oftalmologia do HRSJ, consiste na inspeção externa dos globos oculares e no exame de fundo de olho com dilatação pupilar sob oftalmoscopia binocular indireta com lente de

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magnificação de 28 dioptrias e blefarostato, sendo que gotas de colírio anestésico são utilizadas anteriormente ao exame. Assim realizou-se o mapeamento da retina e estadiamento da retinopatia seguindo a Classificação Internacional de Retinopatia da Prematuridade. As crianças que não apresentaram nenhum grau de retinopatia da prematuridade foram consideradas não portadoras de ROP e incluídas no grupo controle (sem ROP). Já as crianças que apresentaram algum grau de ROP foram consideradas do grupo caso (ROP). O grau de retinopatia atribuído a cada paciente foi o mais grave verificado nos olhos do recém-nascido estudado. Foram pesquisados diversos fatores de risco para a ROP. Quanto às características do recém-nascido avaliou-se a idade gestacional (utilizando a data por ultrassom como primeira opção, seguido pela data da última menstruação, e pelo Capurro Somático) e o peso ao nascimento. Quanto às terapêuticas utilizadas considerou-se, o uso de oxigenoterapia, assim como seus dias de uso e a utilização de pressão positiva nas vias aéreas (CPAP) ou por ventilação mecânica, uso de indometacina para PCA, surfactante, aminofilina para tratamento da apnéia, cafeína, fototerapia e seus dias de utilização, presença e quantidade de transfusões sanguíneas, uso de diurético e de corticosteróide (antenatal). Quanto às doenças detectadas durante a internação avaliou-se a presença de desconforto respiratório inicial, broncodisplasia pulmonar, sepse neonatal (precoce ou tardia), persistência do canal arterial (diagnóstico por ecocardiografia) e de hemorragia intracraniana (ultrassonografia transfontanelar entre 5 e 10 dias de vida). O cálculo amostral foi realizado, sendo suficientes 280 RNs para a realização do estudo, com 140 pertencentes ao grupo caso e 140 ao grupo controle. Os pacientes do grupo caso foram obtidos através do banco de dados hospitalar, das consultas realizadas no ambulatório sob o CID da doença e levando em conta os critérios de inclusão e o grupo controle foi escolhido de forma

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sequencial ao grupo caso, portanto, para cada paciente incluído no grupo caso, o paciente seguinte que obedecesse aos critérios de inclusão foi incluído no grupo controle. A amostra foi tabulada diretamente no programa SPSS (Statistical Program for Social Sciences), versão 18. Os dados foram descritos sob a forma de frequência relativa e absoluta. As variáveis categóricas foram comparadas pelos testes exato de Fisher e Qui-Quadrado, com nível de significância p<0,05. Foram calculadas as razões de chance (OR) de retinopatia, e os seus respectivos intervalos de confiança (IC95%). Após a análise bivariada, as variáveis com significância estatística (p<0.05) foram submetidas a análise multivariada.

RESULTADOS

Foram avaliados 280 prontuários de RNs com peso igual ou inferior a 1.500 gramas e idade gestacional igual ou inferior a 32 semanas, não sendo incluídos no estudo crianças que evoluíram para óbito antes da primeira avaliação.

A amostra foi dividida em dois grupos, um grupo caso, denominado ROP (grupo dos pacientes que apresentaram algum grau de retinopatia da prematuridade) e outro controle, denominado sem ROP (grupo dos pacientes que não apresentaram retinopatia da prematuridade).

Na amostra estudada observou-se uma maior frequência de ROP grau 1 no grupo caso, seguida de ROP grau 3, conforme demonstrado na tabela 1.

Na análise bivariada, os resultados demonstraram que quanto menor a idade gestacional e o peso ao nascer, maior a chance em desenvolver ROP (tabela 2). Com

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relação ao gênero, observa-se uma prevalência maior do sexo masculino no grupo caso, porém sem diferença estatística (p=0.333).

No presente estudo, as seguintes intervenções correlacionaram-se significativamente (p<0,05) com o desenvolvimento de ROP: dias de oxigenoterapia, fototerapia e seus dias de uso e número de transfusões sanguíneas (tabela 3), sendo observado uma maior chance em desenvolver ROP quanto maior o tempo ou o número de intervenções realizadas.

A tabela 4 demostra os demais fatores de risco estudados, de origem clinica, sendo observados significância estatística entre o uso de cafeína, a presença de broncodisplasia pulmonar e sepse.

Na análise multivariada foi verificada associação significamente estatística com as variáveis sepse e dias de oxigenioterapia, conforme demonstrado na tabela 5.

DISCUSSÃO

A retinopatia da prematuridade é uma entidade de constante estudo em todo o mundo. Isso ocorre devido ao desenvolvimento da qualidade no atendimento perinatal e ao consequente aumento nas taxas de sobrevida de bebês muito prematuros18. Esse fato, porém, gera um aumento considerável na ocorrência de

comorbidades relacionadas com o nascimento pré-termo, algumas com importante repercussão social17. Devido ao rápido crescimento e desenvolvimento do aparelho

ocular, a criança apresenta maior vulnerabilidade aos distúrbios visuais, como o caso da cegueira decorrente da ROP19. A identificação dos fatores de risco que

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interferem na evolução da doença, bem como o conhecimento da sua epidemiologia, pode auxiliar oftalmologistas e neonatologistas na prevenção e identificação da doença. Uma vez estabelecida, o tratamento pode minimizar suas repercussões, prevenindo a cegueira20.

No presente estudo observou-se um maior índice de ROP estagio 1 (32,14%) dentre os RNs diagnosticados com a doença, resultado semelhante ao encontrado na literatura. Em um estudo realizado no Egito21, encontrou-se uma prevalência de

54.5.1% de ROP estágio 1, similar a estudos realizados em São Paulo10 que

obtiveram uma taxa de prevalência de 44.5%10 e em Joinville22, com 43%. Trinta e

nove RNs (27.85%) foram diagnosticados com ROP estágio 3 e oito (5.71%), com ROP grau 5, resultado que diverge ao encontrado na literatura vigente2,22. Isto pode

ser explicado pelo fato do local de realização do estudo (HRSJ) ser referência estadual no tratamento da doença.

A idade gestacional inferior a 32 semanas e o PN inferior a 1.500g são fatores de risco bem estabelecidos na literatura18,23.Isto ocorre, pois, a prematuridade e o

muito baixo peso ao nascer estão associados a uma interrupção do crescimento vascular retiniano e posterior imaturidade do tecido local24. De fato, constatou-se no

presente estudo, que RNs com peso inferior a 1000g e idade gestacional inferior a 27 semanas possuem cerca de 5 vezes mais chance em desenvolver ROP, achados que estão de acordo com os encontrados por Gonçalves et al10 em 2014.

O uso de oxigenoterapia, neste estudo foi avaliado em dias e por aparelhos. A utilização de ventilação mecânica e CPAP não apresentaram diferenças estatisticamente significativas entre os grupos sem ROP e com ROP (p=0,269 e

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p=0,371 respectivamente), resultado que diverge de outros estudos que comprovam a associação de risco para ROP com o uso de ventilação mecânica10,18 e

CPAP25. Isto pode ser explicado pelo fato de todos os RNs do estudo serem imaturos,

tendo quase em sua totalidade feito uso de ventilação mecânica e/ou CPAP. Em contrapartida, constatou-se que quanto maior o tempo de utilização da oxigenioterapia, maiores as chances em desenvolver ROP. Graziano25 e Silva et al26

identificaram em seus estudos resultados similares, o que corrobora o presente achado.

A presença de sepse neste estudo foi considerada um fator de risco para a ROP (p<0,001). Diversos trabalhos trazem a correlação de sepse com a doença. Na Índia, Kavurt et al27, considerou a sepse fator de risco independente para a ROP em

prematuros pequenos para a idade gestacional. Pinheiro et al18 em estudo realizado

no Rio Grande do Norte constatou que indivíduos com sepse apresentam três vezes mais chances em desenvolver ROP. Já Gonçalves. et al10 encontrou uma razão de

chances de 1,98, em seu trabalho realizado em São Paulo. Theiss et al2, em estudo

transversal, realizado em São José (SC), encontrou significância estatística entre a sepse e o desenvolvimento da ROP, com p<0.001.

A presença de múltiplas transfusões sanguíneas também obteve significância estatística (p<0,01), sendo validada como fator de risco para ROP após a análise bivariada, resultado similar ao exposto por Teles et al em 201624. A explicação vem

do fato da hemoglobina do adulto utilizada para as transfusões possuir uma menor afinidade ao oxigênio e gerar assim uma possível hiperóxia devido a maior liberação de oxigênio aos tecidos28.

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Heyman29, em 1989, foi um dos primeiros indivíduos a observar uma diminuição da

incidência da retinopatia da prematuridade nos prematuros com hiperbilirrubinemia, indicando um possível fator protetor da mesma para o desenvolvimento da doença. Com a análise bivariada, o presente estudo também revelou a ação protetora da hiperbilirrubinemia, assim como sugerido por Heyman29.

A cafeína é uma metilxantina utilizada há mais de 40 anos para o tratamento da apneia da prematuridade, reduzindo os riscos e a duração de doenças como displasia broncopulmonar e retinopatia da prematuridade30.Foi evidenciado, neste

trabalho, o papel protetor que a cafeína representa para a ROP, com um valor de p = 0.030.

A partir da análise dos resultados, não se observou associação estatística dos seguintes fatores de risco: sexo, uso de CPAP e VM, NPT, uso de surfactante, indometacina, diurético, aminofilina, corticoide antenatal, DRP, PCA e HIC, sugerindo que estas variáveis podem não ser fatores de risco para o desenvolvimento da ROP.

Com a realização da análise multivariada, permaneceram com significância estatística o número de dias de oxigenioterapia (p=0.023) e sepse (p=0.017), e os demais fatores de risco não apresentaram diferença estatisticamente significativa. A análise multivariada ou regressão logística leva em conta a contribuição de cada fator sob o outro, e evidencia os verdadeiros fatores de risco, sendo neste caso a utilização de oxigenioterapia de forma prolongada e a sepse. Os fatores com relevância estatística, previa a análise multivariada, podem ser apenas uma

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consequência das alterações que acompanham a prematuridade e, portanto, imaturidade de diversos órgãos e tecidos do RN.

Entre as limitações deste estudo, pode-se citar a utilização de prontuários eletrônicos como fonte de coleta e consequente perda de informações para construção do banco de dados, devido a presença de prontuários incompletos.

CONCLUSÃO

Ao considerar o estadiamento da doença, a maioria dos RNs apresentaram ROP estágio 1. Com a realização da regressão logística mantiveram-se como fatores de risco, dias de oxigenioterapia (OR 3.042/IC 1.167-7.930) e sepse (OR 2.738/IC 1.198-6.256), indicando uma associação verdadeira com o desenvolvimento da ROP. Os demais fatores analisados não apresentaram significância estatística e parecem não estar associados ao desenvolvimento da ROP.

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Tabela 1. Estadiamento da Retinopatia da prematuridade ESTADIAMENTO n (%) Estágio 1 45 (32.14) Estágio 2 24 (17.14) Estágio 3 39 (27.85) Estágio 4 11 (7.85) Estágio 5 08 (5.71)

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ROP (nº %) SEM ROP(%) OR (IC 95%)** p* Idade Gestacional ≤27 semanas >27 semanas 44(80.0) 96(42.9) 11(20.0) 128(57.1) 5.333 (2.618-10.867) <0.01 Peso ao Nascer ≤1000g >1000 e ≤1500g 66(75.0) 74(38.7) 22(25.0) 117(61.3) 4.743 (2.700-8.333) <0.01 Sexo Feminino Masculino 67(47.5) 71(53.8) 74(52.5) 61(46.2) 0.778 (0.483-1.252) 0.333

*foi utilizado o teste exato de Fisher para as variáveis categóricas. Adotou-se nível de significância de p<0,05 **OR= odds ratio; IC= intervalo de confiança

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ROP Nº (%)

SEM ROP OR (IC 95%)** P*

Uso de O2 Sim Não 130(49.6) 1(14.3) 132(50.4) 6(85.7) 5.909 (0.702-49.765) 0.121 Dias de O2 ≥25 dias <25 dias 90(66.7) 32(26.9) 45(33.3) 87(73.1) 5.438 (3.167-9.336) <0.001 Ventilação Mecânica Sim Não 95(51.1) 31(43.1) 91(48.9) 41(56.9) 1.381 (0.798-2.388) 0.269 CPAP*** Sim Não 57(50.4) 69(47.6) 56(49.6) 76(52.4) 1.121 (0.685-1.834) 0.371 Transfusão Sanguínea Sim Não 82(48.2) 42(45.7) 88(51.8) 50(54.3) 1.109 (0.667-1.845) 0.394 Número de Transfusões Sanguíneas Sim Não 52(64.2) 28(32.2) 29(35.8) 59(67.8) 3.778 (1.994-7.160) <0.001 Fototerapia Sim Não 72(40.0) 51(63.7) 108(60.0) 29(36.3) 0.379 (0.220-0.654) <0.001 Dias de Fototerapia > 6 dias < 6 dias 27(48.2) 39(33.3) 29(51.8) 78(66.7) 1.862 (0.972-3.567) 0.043

Nutrição Parenteral Total Sim Não 37(49.3) 90(47.4) 38(50.7) 100(52.6) 1.082 (0.634-1.847) 0.439

* foi utilizado o teste exato de Fisher para as variáveis categóricas. Adotou-se nível de significância de p<0,05 **OR: odds ratio; IC= intervalo de confiança

(20)

ROP n ( %) SEM ROP n (%) OR (IC 95%)** p* Surfactante Sim Não 72(47.1) 55(49.1) 81(52.9) 57(50.9) 0.921 (0.566-1.501) 0.419 Indometacina Sim Não 7(77.8) 120(46.9) 2(22.2) 136(53.1) 3.967 (0.808-19.462) 0.068 Cafeína Sim Não 25(37.3) 102(51.5) 42(62.7) 96(48.5) 0.560 (0.317-0.989) 0.030 Aminofilina Sim Não 19(44.2) 108(48.6) 24(55.8) 114(51.4) 0.836 (0.433-1.612) 0.357 Diurético Sim Não 52(53.1) 75(44.9) 46(46.9) 92(55.1) 1.387 (0.841-2.287) 0.124 Corticóide antenatal Sim Não 24(51.1) 103(47.2) 23(48.9) 115(52.8) 1.165 (0.620-2.189) 0.376 Desconforto Respiratório Precoce Sim Não 52(47.3) 75(48.4) 58(52.7) 80(51.6) 0.956 (0.586-1.560) 0.479 Persistência do Canal Arterial Sim Não 29(56.8) 98(45.8) 22(43.1) 116(54.2) 1.560 (0.843-2.889) 0.103 Broncodisplasia Pulmonar Sim Não 18(85.7) 109(44.7) 3(14.3) 135(55.3) 7.431 (2.133-25.887) <0.01 Hemorragia Intracraneana Sim Não 23(56.1) 104(46.4) 18(43.9) 120(53.6) 1.474 (0.754-2.882) 0.166 Sepse Sim Não 67(65.7) 60(36.8) 35(34.3) 103(63.2) 3.286 (1.957-5.517) <0.01

*foi utilizado o teste exato de Fisher para as variáveis categóricas. Adotou-se nível de significância de p<0,05 **OR= odds ratio; IC= intervalo de confiança

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OR * IC 95%* p** Idade Gestacional 1.110 0.316-3.894 0.870 Peso ao Nascer 2.334 0.887-6.142 0.086 Dias de O2 3.042 1.167-7.930 0.023 Cafeína 1.515 0.618-3.715 0.364 Broncodisplasia Pulmonar 2.623 0.251-27.420 0.421 Sepse 2.738 1.198-6.256 0.017 Dias de Fototerapia 2.212 0.965-5.067 0.061 Número de Transfusões Sanguíneas 1.241 0.480-3.207 0.656

*OR= odds ratio; IC= intervalo de confiança **adotou-se nível de significância de p<0,05

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