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Fatores associados à perda ponderal no pós-operatório de cirurgia bariátrica pela técnica do bypass gástrico no 1º e 4º mês

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Academic year: 2021

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Fatores associados à perda ponderal no

pós-operatório de cirurgia bariátrica pela técnica do

bypass gástrico no 1º e 4º mês.

Associated factors to weight loss in the postoperative period of bariatric surgery using the gastric bypass technique in the 1st and 4th month.

Felippe GRISARD1.Dr. MSc. Marcos Oliveira MACHADO1 Dr. Eduardo Terbeck PINTO2

Trabalho realizado na 1Universidade do Sul de Santa Catarina, Palhoça,SC,Brasil; 2Policlínica São Lucas, Palhoça, SC, Brasil; Correspondência: Felippe Grisard; E-mail: fe.grisard@gmail.com Os autores declaram não haver fontes de financiamento ou conflito de interesses

Resumo

Racional: A obesidade é reconhecida pela Organização Mundial da Saúde como importante problema mundial. Sua prevalência vem afetando de crianças até idosos tornando-se uma preocupação por apresentar complicações e gasto público para tratamento. O desenvolvimento da obesidade tem causa multifatorial e grande impacto na vida dos acometidos, levando à diminuição da qualidade de vida. Dentre os tratamentos sugeridos para pacientes obesos, o cirúrgico, apresenta-se com sucesso para a perda ponderal. Estudos confirmam sua eficácia a longo termo, porém ainda são necessários estudos que demonstrem a eficácia em curto prazo. Objetivos: analisar a variação da perda ponderal de pacientes que realizaram a cirurgia bariátrica para o tratamento da obesidade no primeiro e quarto mês após a intervenção. Métodos: estudo transversal que utilizou prontuários eletrônicos de 56 pacientes que realizaram a cirurgia entre janeiro de 2017 e agosto de 2018 em uma clínica particular da região da Grande Florianópolis. As variáveis analisadas foram sexo, idade, etnia, escolaridade, grau de Obesidade, peso pré-operatório, peso Pós-operatório no 1º mês e no 4º mês. Resultados: Observa-se que as maiores médias de perda ponderal foram observadas no sexo masculino, de etnia branca, adultos jovens da população, cursando o nível superior ou concluído e que apresentavam maior grau de obesidade no período pré-operatório. Conclusões: a cirurgia bariátrica causou maior perda de peso nos pacientes que apresentavam maior grau de obesidade, tanto no primeiro mês como no quarto mês após a cirurgia. A maior parte dos pacientes perdeu entre 10 e 14 kg em ambos os períodos avaliados.

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2 Abstract

Introduction: Obesity is recognized by the World Health Organization as a major worldwide problem. Its prevalence comes in an exponential way, affecting children until the elderly becoming a concern to present complications and greater public spending with its treatment. The development of obesity has a multifactorial cause and has a great impact on the lives of those affected,

leading to a decrease in their quality of life. Among all the treatments suggested for obese patients, surgical treatment is very successful for weight loss. Studies confirm its long-term efficacy, but studies that demonstrate short-term efficacy are still needed. Objectives: to analyze the variation of weight loss of patients who underwent bariatric surgery for the treatment of obesity in the first and fourth month after the intervention. Methods: a cross-sectional study using electronic records of 56 patients who underwent surgery between January 2017 and August 2018 in a private clinic in the Great Florianópolis region. The

variables analyzed were sex, age, ethnicity, schooling, obesity, preoperative weight, post-operative weight in the 1st month and in the 4th month.

Results: It is observed that the highest means of weight loss were observed in males, white, young adults of the population, attending the higher or completed level and who presented a higher degree of obesity in the preoperative period. Conclusions: Bariatric surgery caused greater weight loss in patients with a higher degree of obesity, both in the first month and in the fourth month after surgery. The majority of patients lost between 10 and 14 kg in both evaluated periods.

Headings: Obesity. Weigth loss. Bariatric surgery.

Introdução

Reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como um importante problema da saúde pública mundial, a obesidade, afeta crianças, adolescentes e adultos4. Sua prevalência tem aumentado significativamente sendo responsável, pelo aumento da morbimortalidade e com implicações significativas no indivíduo, família e comunidade15. O aumento insidioso da obesidade tornou-se uma preocupação a partir da década de 70, porém, nos últimos 10 anos, adquiriu caráter de urgência com a percepção de que as taxas de sobrepeso e obesidade vêm aumentando significativamente5.

Segundo o Ministério da Saúde25 esta prevalência aumentou, em 2014, ano em que 52,5% dos brasileiros estava acima do peso em ambos sexos, sendo que o sexo masculino e o feminino com prevalência de 57,7%, 50,5% respectivamente. No Brasil em 2006, o sobrepeso era maior entre os homens, onde 47,3 % apresentam o sobrepeso, e nas mulheres 38,8%. Ainda em 2006 as taxas de prevalência sobre obesidade, se mostram similares nos sexos, sendo no sexo masculino de 11,3%, e no feminino de 11,5%19. Ao analisar as capitais brasileiras, encontra-se uma variação significativa. Quanto ao excesso de peso os maiores índices foram encontrados em Rio Branco (AC), onde homens apresentaram um excesso de peso de 65,8%, e as mulheres de 55,8%. Já os menores índices foram encontrados no Distrito Federal (DF), entre os homens (50,6%) e em Florianópolis o índice entre as

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3 mulheres foi o mais baixo (42,1%). Na capital catarinense foram encontradas as menores frequências de obesidade em homens e mulheres, 14,1% e 14,7% respectivamente25.

Segundo a Associação Brasileira para Estudos da Obesidade e Síndrome Metabólica24, existem algumas formas para diagnóstico de obesidade, entre elas o índice de massa corpórea (IMC), sendo este o mais utilizado para avaliação da adiposidade corporal. O IMC é obtido através do cálculo do peso em quilos dividido pela estatura ao quadrado do indivíduo. Muitas vezes os termos “sobrepeso” e “obesidade” são confundidos. Entende-se como sobrepeso que há um excesso de massa para a estatura do individuo. Já o termo obesidade, se refere ao excesso de tecido adiposo encontrado no sujeito8. Pode-se dessa forma, classificar a obesidade de acordo com o IMC sendo esta classificação dividida em: Pré-obeso, Obesidade I, Obesidade II, Obesidade III4.

A forma de desenvolvimento da obesidade inclui, entre outros fatores, carga genética, meio em que o sujeito esta inserido, tendência psicológica e comportamental de cada pessoa11. O impacto da obesidade na vida do individuo pode ser quantificado através da influência que esta comorbidade tem na sua qualidade de vida, na sua limitação, depressão e isolamento, este aumento de peso na população geral provém das consequências nas mudanças em hábitos de vida e alimentares. O elevado consumo calórico e baixa prática de atividade física podem acabar levando a uma série de problemas, prejuízos sociais e psicológicos, que afetam negativamente a qualidade de vida de cada um dos acometidos6.

Pacientes obesos tem uma maior probabilidade de desenvolver outras comorbidades como a hipertensão, hipercolesterolemia, diabetes, depressão, asma, apneia osteoartrites, infertilidade16 do que a população geral, por isso são sugeridos alguns tipos de tratamentos para o controle dessa afecção, entre eles, o tratamento dietético, farmacológico, terapia cognitivo comportamental e suplementos nutricionais24,28, sendo que, entre estes tratamentos, a intervenção cirúrgica é uma das medidas cogitadas24,18. Indicações para que pacientes se submetam à cirurgia para tratamento da obesidade são: idade entre os 18 e os 65 anos; IMC maior que 40 kg/m² ou 35kg/m² e comorbidades relacionadas à obesidade; pacientes que não obtiveram sucesso na perda de peso durante 2 anos de tratamentos registrados1.

Procedimentos cirúrgicos alteram a anatomia do sistema digestivo, dessa forma, levam a uma redução da quantidade de calorias absorvidas pelo organismo do paciente. Existem dois tipos de cirurgias, as disabsortivas e as restritivas. As restritivas agem limitando a ingesta de comida, através da criação de um espaço estomacal pequeno, com pequena saída, que aumenta o tempo de esvaziamento gástrico. As disabsortivas criam anastomoses entre porções do trato gastrointestinal onde a absorção de calorias e nutrientes ocorrem, levando desta forma à perda ponderal14.

A redução ponderal obtida a partir de mudanças no estilo de vida, apresentam-se largamente documentados. Em portadores de obesidade mórbida, a cirurgia bariátrica tem proporcionado perdas ponderais importantes, com melhora das comorbidades e da qualidade de vida13 mostrando-se como uma técnica eficaz e segura para a perda ponderal de pacientes obesos20.

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4 Dessa forma, entende-se que a obesidade é uma comorbidade prevalente em todas as populações4, e que sua incidência vem aumentando em todas as classes sociais nas ultimas décadas15,5. Torna-se uma preocupação de caráter público ao longo da sua evolução por apresentar algumas complicações e outras doenças associadas que levam ao declínio da qualidade de vida do paciente, e maior gasto público com o tratamento dessa doença5,24,25.

Diversos tratamentos são cogitados para o controle desta doença, desde mudança de estilo de vida até o tratamento cirúrgico, em maior parte, muito bem documentados quanto a sua eficiência, porém, muitos estudos demonstram o seu sucesso à longo prazo, após anos da intervenção proposta inicialmente para cada grupo. Existe ainda uma falta na literatura que supra a necessidade de conhecimento dos tratamentos à curto prazo, inclusive no tratamento cirúrgico que indique quais e quanto em média um paciente apresenta de perda ponderal quando submetidos à cirurgia bariátrica no pós operatório à curto prazo. O objetivo deste trabalho é de analisar a variação da perda ponderal de pacientes submetidos à procedimentos de cirurgia bariátrica para o tratamento da obesidade de acordo com suas características sociodemográficas e clínicas.

Metodologia

O estudo foi do tipo transversal descritivo e analítico, realizado em uma clinica particular localizada na região da Grande Florianópolis, local que apresenta a especialidade de cirurgia bariátrica. A população incluída foi pacientes obesos que realizaram cirurgia bariátrica no período de janeiro de 2017 a agosto de 2018. Foram incluídos pacientes com diagnóstico de obesidade, com período de falha de perda de peso por outros métodos de pelo menos 2 anos, que esteja compreendida na faixa etária de 18-65, sendo excluídos pacientes em tratamento medicamentoso para perda de peso e com diagnóstico de sobrepeso. A amostra foi calculada em 55 pacientes sendo considerada suficiente para medir as diferenças de prevalência da perda de peso entre 5-13kg de 22% nas mulheres e 68% dos homens tendo como parâmetro uma razão de 3 mulheres para homem e na amostra final de 41 mulheres e 14 homens.

A coleta dos dados foi iniciada após aprovação no Comitê de Ética em Pesquisa da Unisul e autorização do guardião legal no período de setembro a novembro de 2018, foram efetuadas as buscas pelos prontuários eletrônicos dos pacientes com obesidade, submetidos à cirurgia bariátrica, de onde foram coletadas as variáveis definidas para o estudo, tendo como variável dependente a perda ponderal e como variáveis independentes: Sexo; Idade; Etnia; Escolaridade; Grau de Obesidade; Peso pré-operatório; Peso Pós-operatório no 1º mês; e peso Pós-Pós-operatório 4º mês.

A análise dos dados foi realizada por meio do programa Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) Version 18.0. [Computer program]. Chicago: SPSS Inc; 2009. Os foram dados tabulados no software Windows Excel. Os dados qualitativos foram apresentados na forma de frequências simples e relativa e os quantitativos apresentados em medidas de tendência central (média ou mediana) e suas respectivas medidas de variabilidade/dispersão (Amplitude [máximo e mínimo] e desvio padrão). O teste estatístico t de student ou U-Mann Whitney foram utilizados para analisar

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5 a associação entre variáveis categóricas e quantitativas conforme a normalidade dos dados ou teste qui quadrado ou exato de fisher entre variáveis categóricas. Em todos os casos, as diferenças ou associações foram consideradas estatisticamente significativas quando p<0,05

Os pesquisadores declaram ausência de conflitos de interesse. Estudo aprovado pelo comitê de ética em pesquisa da Universidade do Sul de Santa Catarina sob o número: 93066218.1.0000.5369

Resultados

O estudo incluiu dados de 56 indivíduos de pós-operatório de cirurgia bariátrica, residentes da região da grande Florianópolis. As características sociodemográficas estão descritas na tabela 1.

Tabela 1. Características sociodemográficas comorbidades e grau de obesidade de pacientes submetidos à cirurgia bariátrica.

Variáveis (n=56) n (%) Sexo Masculino Feminino 13 43 23,2 76,8 Etnia Brancos Não Brancos 45 11 80,4 19,6 Idade 18-25 anos 26-35 anos 36-45 anos 46-55 anos >55 anos 9 24 16 5 2 16 42,9 28,6 8,9 3,6 Escolaridade Fundamental Completo Fundamental Incompleto Médio Completo Médio Incompleto Superior Completo Superior incompleto 1 2 22 3 15 13 1,8 3,6 39,3 5,4 26,8 23,2 Grau de Obesidade Obesidade grau 1 Obesidade grau 2 Obesidade grau 3 - 16 40 - 28,6 71,4

Hipertensão Arterial Sistêmica 24 42,9

Diabetes Tipo 1 Tipo 2 - 13 - 23,2

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6 Quanto as características sociodemográficas 76,8% eram do sexo feminino, 80,4% de etnia branca, e a faixa etária de predomínio dos participantes do estudo foi de 26-35 anos de idade (42,9%). Quanto a escolaridade, maior parte dos participantes tinham o ensino médio completo (39,3%), porém aqueles com ensino superior completo e em curso apresentaram metade da amostra (50%). Quanto ao grau de obesidade 71,4% foram classificados como grau 3. As comorbidades observadas foram HAS (42,9%) e Diabetes tipo 2 (23,2%).

Tabela 2. Médias e medianas de idade, peso pré-operatório e IMC de pacientes submetidos à cirurgia bariátrica.

Variáveis (n=56) Média Mediana

Idade (anos) 35,18 34

Peso Pré operatório (kg) 114,8 112,5

IMC (kg/m2) 42,36 41

A tabela 2 apresenta a média e mediana de idade, peso pré operatório e IMC dos pacientes incluídos no estudo, demonstrando que a população mais afetada é a da faixa etária de 35 anos e que a prevalência maior de obesidade na população é a do grau 3.

Tabela 3. Distribuição das frequências absolutas e relativas da perda de peso por período mensal dos pacientes submetidos à cirurgia bariátrica.

Variáveis (n=56) n (%) Perda de peso 1º mês 25-20kg 5 8,9 19-15kg 18 32,1 14-10kg 27 48,2 <10kg 6 10,8 Perda de peso 1-4ºmês 25-20kg 5 8,9 19-15kg 9 16,2 14-10kg 26 46,3 <10kg* 16 28,6

*Apenas um paciente não apresentou perda de peso no período.

Dos pacientes que realizaram a cirurgia bariátrica, 48,2% apresentaram uma perda ponderal entre 10 e 14 kg no primeiro mês após a cirurgia, e 32,1% apresentaram perda de até 20 kg. Já no período entre o primeiro e quarto mês somente 16,2% apresentaram perda ponderal entre 15 e 19 kg, sendo que a maior prevalência de perda apresentou-se ainda entre 10 e 14 kg (46,3%) e 28,6% apresentaram perdas menores de 10 kg.

Comparando-se as características sociodemográficas e grau de obesidade com a perda de peso apresentada, observa-se que em ambos os períodos o sexo masculino, em média, apresentou a maior perda ponderal, apesar de no primeiro mês de pós operatório não apresentar significância estatística de perda ponderal quando comparado ao sexo feminino. Quando

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7 observados os resultados da perda ponderal no quarto mês vê-se que o sexo masculino obteve perda ponderal maior que o sexo feminino, apresentando uma significância estatística limítrofe (p=0,052) no nível de 5%.

Tabela 4. Distribuição das frequências absolutas, média e desvio padrão da perda de peso por período mensal segundo gênero, etnia, grau de obesidade e faixa etária dos pacientes submetidos à cirurgia bariátrica.

Variáveis (n=56) n Média (kg) Desvio Padrão Valor de p Perda de peso 1º mês Masculino 13 14,7 ±5,6 0,342 Feminino Brancos Não Brancos Obesidade grau 2 Obesidade grau 3 Idade 18-25 anos Idade 26-35 anos Idade 36-45 anos Idade 46-55 anos Idade >55 anos 43 45 11 16 40 9 24 16 5 2 13,3 13,8 13,1 11,7 14,4 13,7 14,3 13,5 9 9 ±4 ±4,3 ±4,7 ±3,8 ±4,5 ±5,6 ±3,9 ±4,7 ±4,4 ±4 0,638 0,040 0,598 Perda de peso 4º mês Masculino 13 14,2 ±4,6 0,052 Feminino 43 11,1 ±5 Brancos 45 12 ±5,3 0,637 Não-Brancos Obesidade grau 2 Obesidade grau 3 Idade 18-25 anos Idade 26-35 anos Idade 36-45 anos Idade 46-55 anos Idade >55 anos 11 16 40 9 24 16 5 2 11,2 10,6 12,3 13,5 12,3 11,4 9 9 ±3,9 ±3,8 ±5,5 ±6,2 ±5,9 ±3,1 ±3,1 ±5 0,239 0,319

Quanto à etnia, a perda ponderal foi semelhante em ambos os grupos e períodos, não apresentando significância estatística. Já comparando-se a perda entre os graus de obesidade, observa-se que o grupo que apresentou grau 3 obteve em média, maior perda de peso em ambos os períodos quando em comparação com o grupo que apresentou obesidade do tipo grau 2, apresentando significância (p=0,04) no primeiro mês. Ao observar-se as faixas etárias vê-se que as maiores médias de perda ponderal estiveram presentes nos adultos jovens.

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8 Tabela 5. Distribuição das frequências absolutas, média e desvio padrão da perda de peso por período mensal segundo a escolaridade dos pacientes submetidos à cirurgia bariátrica.

Variável (n=56) n Média (kg) Desvio Padrão Valor de p Perda ponderal 1 mês Escolaridade Fundamental Completo Fundamental incompleto Médio Completo Médio Incompleto Superior Completo Superior incompleto 1 2 22 3 15 13 10 19 13 8 14,1 15 0 ±4,2 ±4,2 ±4 ±4,6 ±3,7 0,076 Perda ponderal 4 mês Escolaridade Fundamental Completo Fundamental incompleto Médio Completo Médio Incompleto Superior Completo Superior incompleto 1 2 22 3 15 13 10 11 11,1 11 12,2 13 0 ±1,4 ±4,3 ±2,6 ±6,5 ±5,6 0,920

Ao compararmos o nível de escolaridade com a perda ponderal dos indivíduos estudados, observa-se que a mesma não obteve significância estatística. Mas podemos perceber que a maior média de peso no primeiro mês esteve relacionado com a menor quantidade de anos de estudo, já no quarto mês a maior media de perda esteve presente naqueles indivíduos com nível superior incompleto. Quando comparados os níveis de escolaridade entre si, também não obteve-se significância na perda ponderal.

Discussão

O presente estudo descreveu o perfil sociodemográfico de pacientes da região da grande Florianópolis que foram submetidos à cirurgia bariátrica num serviço particular e a influência destas variáveis na perda ponderal destes pacientes no primeiro e no quarto mês do pós-operatório.

Estudo de Carbajo7 mostrou que a perda ponderal de pacientes obesos submetidos à cirurgia bariátrica é estabelecida como efetiva no acompanhamento pós-operatório ao longo dos dois anos de seguimento. Evidencia-se no estudo de Corcelles12 que as maiores perdas apresentam-se nos primeiros dois anos pós-gastroplastia. Segundo Duarte16, pacientes submetidos à cirurgia bariátrica em Y de roux e ”Duodenal Switch” apresentaram uma perda do excesso de peso de 82,1% e 89,4% quando avaliados em pós-operatório de 1 e 3 anos da intervenção, estudo este

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9 corroborado por resultados semelhantes no estudo de Lars23. A gastroplastia também se mostrou efetiva para perda ponderal no estudo de Inge et al 21 onde, após 3 anos a perda média de massa dos pacientes foi de aproximadamente 41kg.

A população deste estudo foi definida como maior parte do sexo feminino (76,8%), de etnia branca (80,4%), com faixa etária entre 26-35 anos (42,9%) que cursava ou cursa o ensino superior (50%) e que estavam com IMC >40 no período pré operatório (71,4%). Em uma revisão sistemática realizada por Kelles et al22 foram analisados o perfil de 3.845 pacientes submetidos à cirurgia bariátrica no Serviço Único de Saúde (SUS) no Brasil entre o período de 2000 a 2014, no qual observou-se que a faixa etária encontrada variou entre 32 e 48 anos com um desvio padrão de 10,2 anos. Em relação ao sexo o gênero feminino foi predominante entre os estudos revisados, com média entre os estudos de 79% e apresentando obesidade grau 3 na maioria dos estudos. Ao analisar a revisão nota-se que o perfil dos pacientes submetidos à cirurgia bariátrica no serviço público brasileiro e no serviço particular da região da grande Florianópolis são similares quanto ao perfil desta pesquisa.

Em estudo de Castanha et al8 e Araújo et al2 o gênero feminino também foi predominante, fato esse que se deve muitas vezes por conta da dupla jornada de trabalho gerando maior ingesta alimentar, elevando os níveis de obesidade nessa população29, outro fato é o estigma imposto pela sociedade quanto ao padrão de beleza, que faz com que a mulher procure mais por este tipo de intervenção médica30.

Nascimento26 em seu estudo encontrou resultados similares com o presente estudo, onde o sexo feminino foi predominante e a perda ponderal apresentou-se em ambos os sexos, mesmo que sem correlação estatística significante. Estudo que contrapõe esta pesquisa foi de Coleman et al9 que demonstrou que mulheres tem maior perda ponderal que homens no período pós-operatório recente de cirurgia bariátrica. Tal fato pode estar associado ao maior número amostral utilizado no estudo acima.

No presente estudo não houve diferença na perda ponderal entre as etnias, apesar de que a etnia branca apresentou as maiores médias de perda ponderal. Coleman et al9 constatou uma diferenciação entre brancos não-hispânicos, brancos hispânicos e negros, onde a perda ponderal à curto prazo foi estatisticamente significante na raça negra quando no gênero masculino, já a etnia não influenciou a perda ponderal no gênero feminino.

Estudo que contrapõe Coleman e assemelha-se aos resultados desta pesquisa foi realizado por Elli et al17 que mostrou perda ponderal significante em etnia branca quando comparado a etnia não-branca.

Em relação à idade nenhum dos intervalos etários apresentou perda estatisticamente significante nos períodos, nem entre eles, apesar destes dados, as maiores médias de perda de peso foram encontradas no intervalo etário de26-35 anos. Ainda 42,9% dos pacientes apresentaram-se entre os 26-35 anos de idade, faixa etária encontrada como maior prevalência também em estudos como o de Barros et al3e Araújo et al2. As menores médias de perda de peso foram observados nos pacientes mais velhos, podendo ser explicada por falha de capacidade metabólica e a presença de sarcopenia quando comparados aos pacientes mais jovens10.

Palheta et al29 e Coleman et al9 verificaram que a perda ponderal apresentou-se de forma estatisticamente significante maior em pessoas com

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10 maior grau de instrução. No presente estudo não houve diferença significativa mas observamos que as maiores perdas médias dos pacientes encontrados neste estudo eram de pessoas com maior grau de instrução também.

Ainda, Barros et al3 descreve em seu estudo a predominância de pacientes que apresentavam-se em grau de obesidade 3 (92%), assim como estudo de Araújo et al2, que apresentou 65,5% do pacientes com esse perfil no período pré-operatório. Na presente pesquisa os resultados encontrados sobre o perfil de pacientes em relação ao grau de obesidade foi o similar à literatura, onde a amostra apresentou-se com maior predominância de obesidade grau 3 (71,4%). Quanto à perda ponderal nos períodos e o grau de obesidade apresentado pelos pacientes no período pré-operatório, observou-se significância estatística quanto à perda ponderal em pacientes que apresentavam obesidade grau 3 quando comparados aos pacientes classificados como obesidade grau 2 (p=0,040), pois estes apresentam maior facilidade de perda ponderal após a cirurgia bariátrica e de mudar sua classificação para menores graus de obesidade3 corroborando os resultados desta pesquisa onde pacientes com maior grau de obesidade apresentaram as maiores médias de perda ponderal no período do primeiro mês e quarto mês de pós operatório.

Quanto a este estudo, limitações podem ter diminuído o nível de significância das variáveis, uma vez que por ser um estudo transversal os fatores de risco e desfechos analisados ocorrem num mesmo momento dificultando a discriminação entre causa e efeito.

Conclusão

As maiores perdas ponderais médias foram observadas na população masculina, de etnia branca, com idade entre 26-35 anos, cursando o nível superior em andamento ou concluído e que apresentavam maior grau de obesidade no período pré-operatório.

A cirurgia bariátrica causou significativamente maior perda de peso nos pacientes que apresentavam maior grau de obesidade, tanto no primeiro mês como no quarto mês após a cirurgia. A maior parte dos pacientes perdeu entre 10 e 14 kg em ambos os períodos avaliados

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11 Referências Bibliográficas

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