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Biblioteca Digital do IPG: Relatório de Estágio Curricular – Jardim de Infância “O Ninho” (Alcobaça)

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Academic year: 2021

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Instituto Politécnico da Guarda

“Gostem de mim que cresço melhor”

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Agradecimentos

Ao concluir mais uma etapa da minha vida académica, quero expressar a minha gratidão perante todos aqueles que de uma forma ou outra contribuíram para a realização deste trabalho.

Agradeço a todos os docentes do Instituto Politécnico da Guarda, pois foram os que mais contribuíram para minha formação, pelos conhecimentos que adquiri ao longo deste ano. Agradeço, em especial à Professora Doutora Filomena Velho, por toda a orientação prestada e disponibilidade.

Quero também agradecer ao Jardim de Infância “O Ninho” da Fundação Maria e Oliveira, de Alcobaça, onde realizei o estágio. Às crianças do Jardim de Infância, principalmente às da sala dos 3 /4 anos. Agradeço, também, à educadora Joana o apoio, a compreensão e a oportunidade que me deu de efectuar a ligação entre a prática e os conhecimentos teóricos adquiridos na escola, no meu dia-a-dia de estágio.

A todos os meus amigos, em especial à Jéssica Cruz e à Margarida Ribeiro, obrigada pela “força”.

Por fim, agradeço aos meus pais, ao meu irmão, à minha tia e ao meu namorado por estarem sempre ao meu lado em todos os momentos.

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Ficha de Identificação

Nome: Beatriz Maria santo Venda N.º de Aluno: 5007750 E-mail: beatrizvenda@gmail.com

Curso: Curso de Especialização Tecnológica em Acompanhamento de Crianças e

Jovens

Estabelecimento de Ensino: Escola Superior Educação, Comunicação e Desporto do

Instituto Politécnico da Guarda

Instituição de Estágio: Jardim de Infância “O Ninho” Morada: Rua Maestro Belo Marques

2460-055 Alcobaça

Telefone: 262 580 330

Área de estágio: Jardim de Infância Orientador: Professora Doutora Filomena Velho

Supervisor: Educadora de Infância Joana Luís Duração do estágio: 400h

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Resumo do trabalho desenvolvido no estágio

O estágio, enquanto componente de formação em contexto de trabalho, permite, durante a sua duração, colocar na prática alguns dos conhecimentos adquiridos ao longo do curso. Partindo desta perspectiva, a minha preocupação foi adequar o que aprendi ao contexto de estágio. Assim, participei, de forma ativa e empenhada, em todas as atividades propostas pela Educadora, sempre que fui solicitada; observei os comportamentos que se repetiam diariamente (rotinas) por todos os membros da comunidade escolar, cooperando de forma eficaz na sua execução; pautei sempre a minha conduta pelo respeito e ética.

Foi muito importante efectuar um levantamento, à priori, sobre as caraterísticas do trabalho efetuado e a faixa etária das crianças com que iria interagir, para perspetivar actividades coesas e convidativas para o período de estágio.

Assim, e tendo em vista a prossecução dos objetivos definidos, de forma a concetualizar a interação entre a componente teórica do curso e o estágio, elaborei um mini projecto que desenvolvi com 17 crianças de 3/4 anos.

Durante a realização do estágio fui fazendo registos e as reflexões das atividades desenvolvidas que serviram de suporte a este relatório final.

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ÍNDICE

Introdução………...… 1

Capítulo I – Caracterização do local de estágio 1- Localização Geográfica da Cidade de Alcobaça………...…... 4

1.1 – Cidade com história………..……5

2- Instituição – Fundação Maria e Oliveira………..….7

2.1- Missão e valores………..…...8 2.2 – Finalidade/ Objetivos………... 9 2.3- Público-alvo……….. 9 2.4 – Estrutura Física………...10 2.5 – Estrutura Social………...11 2.6 – Organograma……….. 11 2.7 – Horário de Funcionamento……… 13

Capítulo II – Fundamentação Teórica 1- Fundamentação das opções educativas……….. 15

2- Desenvolvimento Cognitivo da Criança……… 16

2.1.- Desenvolvimento Cognitivo da Criança segundo a prespetiva de Piaget……...17

2.2 – Desenvolvimento Cognitivo da Criança segundo a prespetiva de Vygostky… 19 3- O jogo como recurso de aprendizagem……….. 21

3.1 – O Jogo: Conceito………... 21

3.2 – Importância do jogo na aprendizagem……….. 21

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Instituto Politécnico da Guarda vi

Capítulo III – Estágio

1- Plano de Estágio………. 29

2- Metodologia utilizada………. 30

3- Período de Observação………... 31

3.1 – Caracterização do grupo……… 32

3.1.1 – Características das crianças com 3 anos……… 33

3.2 – Caraterização da sala………..35

4 – Período de Prática Efetiva – Atividades Desenvolvidas………. 37

4.1 – Planificações………. 38

4.1.1 – 1º Sessão – “Construção na areia”………... 40

4.1.2 – 2º Sessão – “Rei Manda”………..41

4.1.3 – 3º Sessão – “Se eu fosse um peixinho”………... 42

4.1.4 - 4ºSessão – “Os peixes” ………43

4.1.5- 5º Sessão- “O Jogo da Pescaria”………... 44

4.1.6 - 6º Sessão – “Pintura – O Mar”………. 45

4.1.7 - 7º Sessão - “Comportamentos dos materiais em água”………... 46

4.1.8 - 8º Sessão – “Construção do barquinho”………... 47

4.1.9- 9º Sessão – “Jogo da memória”………. 48

4.2.0 - 10º Sessão – “Roda, roda, roda, caranguejo peixe é”………... 49

4.2- Reflexões das atividades realizadas………... .50

4.2.1 – 1º Sessão – “Construção na areia”………... 50

4.2.2 – 2º Sessão – “Rei Manda”………. 53

4.2.3 – 3º Sessão – “Se eu fosse um peixinho” ………...56

4.2.4 - 4ºSessão – “Os peixes” ………60

4.2.5- 5º Sessão- “O Jogo da Pescaria” ………...63

4.2.6 - 6º Sessão – “Pintura – O Mar”………. 66

4.2.7 - 7º Sessão - “Comportamentos dos materiais em água”………69

4.2.8 - 8º Sessão – “Construção do barquinho” ………...72

4.2.9- 9º Sessão – “Jogo da memória”………. 74

4.2.10 - 10º Sessão – “Roda, roda, roda, caranguejo peixe é”………. 76

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Instituto Politécnico da Guarda vii 6- Considerações Finais……….. 80 Referências Bibliográficas……….. 82 Apêndices ………...87

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Índice de Figuras

Figura 1- Localização da fundação em Alcobaça Figura 2 – Edifício da Instituição

Figura 3 – Mosteiro de Alcobaça Figura 4 – Sala D

Figura 5 – Explicação da atividade Figura 6 – Escultura na areia – Grupo 1 Figura 7 – Escultura na areia – Grupo 2 Figura 8 – Escultura na areia – Grupo 3 Figura 9 – Escultura na areia – Grupo 4 Figura 10 – Explicação da actividade Figura 11 – Jogo “ O Rei Manda” Figura 12 – Audição da canção Figura 13 – Procura dos peixinhos

Figura 14 – Pictograma – As iniciais dos nomes dos meninos da sala Figura 15 - Leitura do livro “ O Peixe”

Figura 16 – Decoração dos Peixinhos Figura 17 – Jogo da Pescaria

Figura 18 – Tabela de Frequência Figura 19 – Pintura do fundo do mar Figura 20 – Corte das algas

Figura 21- Fundo do mar terminado Figura 22 – História “ O Ratinho” Figura 23 – O Ratinho Marinheiro Figura 24- Colagem do barco Figura 25 – Barcos concluídos

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Índice de Tabelas

Tabela 1 – Horário de Funcionamento Tabela 2 – Cronograma de atividades Tabela 3 – Planificação 1º sessão Tabela 4 – Planificação 2º sessão Tabela 5 – Planificação 3º sessão Tabela 6 – Planificação 4º sessão Tabela 7 – Planificação 5ºsessão Tabela 8 – Planificação 6ºsessão Tabela 9 – Planificação 7º sessão Tabela 10 – Planificação 8 º sessão Tabela 11 – Planificação 9ºsessão Tabela12 – Planificação 10ºsessão

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Índice de Abreviaturas

CET – Curso de Especialização Tecnológica

IPSS - Instituição Particular de Solidariedade Social

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Introdução

O estágio faz parte do plano curricular do Curso de Especialização Tecnológica de Acompanhamento de Crianças e Jovens e é entendido como um complemento à formação tecnológica dos estudantes, em conformidade com o Decreto-Lei, nº 88/2006, que regula os CET. Assim, o presente relatório tem como objetivo descrever as actividades desenvolvidas e procura reflectir a prática de estágio, levada a cabo, ao longo de 2 meses no Jardim de Infância “O Ninho” pertencente à Instituição Maria Oliveira em Alcobaça na sala dos 3/4 anos.

A Fundação Maria e Oliveira, situada em Alcobaça foi, portanto, a minha opção para realizar o meu estágio profissional enquanto discente do Curso de Especialização Tecnológica de Acompanhamento de crianças e Jovens.

A escolha do meu local de estágio foi muito ponderada. Inicialmente, pensei em realizá-lo na cidade onde tinha estado durante todo o ano, a frequentar o CET de Acompanhamento de Crianças e Jovens, na Guarda. Comecei a tratar de tudo. Procurei uma instituição e falei com os responsáveis da mesma. Não colocaram qualquer problema em me receber. No entanto, há muito que estava desejosa para voltar para a minha “ terrinha”, tinha estado um ano, a mais de 250 km da minha casa e das pessoas que me eram mais próximas. Surgiu, a hipótese de ir estagiar para a ninha zona de residência. Procurei informar-me se era possível estar a estagiar numa localidade tão longe da escola, e a resposta foi positiva. Comecei a procurar uma instituição que me aceitasse na minha região, e que me possibilitasse estagiar durante os meses de verão (Julho, Agosto e Setembro). A Fundação Maria e Oliveira, respondia a todas estas minhas necessidades e aceitou-me sem qualquer entrave.

Este relatório encontra-se estruturado em três capítulos.

O primeiro é composto pela caraterização do local de estágio. Será feita, neste capítulo, uma referência sumária às caraterísticas da instituição, assim como à sua localização.

No segundo capítulo – Fundamentação Teórica – estará contemplada a parte teórica que sustenta a criação de um plano de estágio adequado a crianças com 3 anos

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Instituto Politécnico da Guarda 2 de idade. Uma vez que não é possível reflectir sobre todos os aspetos e contextos, escolhi investigar, com alguma profundidade, a temática do Jogo em idade Pré-escolar.

O terceiro capítulo contempla o plano de estágio que serviu de base para o desenvolver do estágio na Fundação Maria e Oliveira, a metodologia utilizada, uma breve reflexão acerca do período de observação, a caracterização da turma, as características das crianças com três anos de idade, a caracterização da sala e as planificações elaboradas. Todas as atividades são acompanhadas pela respectiva planificação. Poder-se-ão encontrar, ainda neste capítulo, os relatos diários, onde são registadas as observações mais pertinentes dos dias de estágio e após as mesmas são apresentadas as inferências cientificamente fundamentadas.

Por fim, farei uma avaliação e reflexão final onde avaliarei o meu papel enquanto estagiária na Creche e Infantário “ O ninho” e destacarei a importância do estágio para a minha vida pessoal e profissional.

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CAPÍTULO I – CARATERIZAÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO

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1- Localização Geográfica da cidade de Alcobaça

A Fundação Maria e Oliveira situa-se na cidade de Alcobaça, distrito de Leiria. Na rua de Olivença, nº32, 2460-035 Alcobaça (figura 1 e 2).

Alcobaça, elevada cidade em 1995, pertence à zona litoral do centro de Portugal, situada na confluência dos rios Alcôa e Baça, nas proximidades da Serra dos Candeeiros. É constituída por 18 freguesias: Alcobaça, Alfeizerão, Alpedriz, Bárrio, Benedita, Cela, Coz, Évora de Alcobaça, Maiorga, Pataias, Aljubarrota, São Martinho do Porto, Turquel, Vestiaria, Vimeiro, Martingança e Montes. Alcobaça é uma cidade portuguesa da sub-região do Oeste, região Centro, com cerca de 17 770 habitantes. É o segundo concelho mais populoso da Comunidade Intermunicipal do Oeste e do distrito de Leiria.

Localiza-se a 88km a sudoeste da cidade de Coimbra e a 92 km a norte da capital, Lisboa. Alcobaça, preserva as suas tradições, a beleza natural e a riqueza arquitectónica. O Mosteiro de Alcobaça, considerado Património Mundial pela UNESCO em 1999, é exemplo disso mesmo. Encarado como um marco da história Portuguesa, pela sua importância quer política, quer estética. Nele jazem os corpos de D. Pedro e sua amante D. Inês.

Figura 1 - Localização da Fundação em Alcobaça1

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Instituto Politécnico da Guarda 5 Figura 2 - Edifício da Instituição2

1.1 - Cidade com História

A história da cidade de Alcobaça e a sua vida contemporânea estão indissociavelmente ligados à presença da Ordem de Cister durante quase setecentos anos que, por doação de D. Afonso Henriques, edifica na confluência dos rios Alcoa e Baça, um dos maiores mosteiros cistercienses do mundo. Apesar disso, a origem de Alcobaça como vila remonta à época dos romanos, como se depreende do nome da antiga povoação “Helcobatie”. Mais tarde adquiriu a denominação Árabe de Al-cobaxa, que resulta da composição do artigo “al” e “cobaxa” (carneiros), característica das paisagens de outeiros em redor da vila. O artigo “al” é característica quer do nome da cidade, quer do nome de inúmeras freguesias do concelho, tais como Alfeizerão, Aljubarrota, Alpedriz, entre outros topónimos.

A partir do século XII, o Mosteiro organizou um notável sistema agrícola, altamente produtivo, no território dos coutos de Alcobaça. Os monges, para além da sua actividade religiosa e cultural, desenvolveram uma ação colonizadora notável.

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Instituto Politécnico da Guarda 6 Eram 13 as vilas dos coutos de Alcobaça: Alcobaça, Alfeizerão, Aljubarrota, Alvorninha, Cela, Cós, Évora de Alcobaça, Maiorga, Paredes da Vitória, Pederneira, Santa Catarina, São Martinho do Porto e Turquel.

A vila de Alcobaça recebeu foral de D. Manuel I em 1514. Em meados do século XVII, a maioria dos coutos já pertencia aos habitantes das vilas e dos seus concelhos.

A 13 de Outubro de 1833 os monges abandonam o Mosteiro e, em 1834, parte do Mosteiro é vendido em hasta pública. Das 13 vilas–concelho, apenas duas subsistem como sede de concelho: Alcobaça e Pederneira, a actual Nazaré.

A 30 de Agosto de 1995, Alcobaça foi elevada a cidade. Hoje, o centro urbano atravessado pelos rios Alcoa e Baça, é um conjunto harmonioso de ruas e casario junto do grande complexo monumental, constituído pelo Mosteiro e antigas Dependências.

O mosteiro foi fundado por D. Afonso Henriques em 1148, e concluído em 1222, em estilo gótico. Durante a Idade Média, chegou mesmo a rivalizar com outras grandes abadias cistercienses da Europa.

O Mosteiro de Alcobaça (figura 3) integra a Lista do Património Mundial da UNESCO desde Dezembro de 1989.

Figura 3 – Mosteiro de Alcobaça3

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2 – Instituição-Fundação Maria e Oliveira

Os fundadores da instituição Maria e Oliveira eram um casal, D. Maria do Carmo Eliseu e Oliveira e o seu marido, Sr. Manuel José de Sousa e Oliveira, que viveu em Alcobaça na segunda metade do século XIX e início do século XX. D. Este casal sempre teve a preocupação em auxiliar os mais carenciados, sobretudo os mais idosos, criando o sonho de um dia conseguir albergar todos os idosos, com vista à sua proteção, abrigo e bem-estar. Após o falecimento de Sr. Manuel José de Sousa e Oliveira, concretizou-se o sonho do casal. A Instituição nasceu no dia 4 de Maio de 1913, quando foram recebidos, pela Dª. Maria do Carmo Eliseu e Oliveira, doze idosos na sua casa. Começou-se por dar o nome de “Asilo de Velhinhos Maria e Oliveira” à casa de Dª. Maria, localizada na Cerca do Mosteiro.

Posteriormente ao falecimento de Dª. Maria do Carmo, respeitando o seu testamento foi dado o cargo de responsável pela manutenção do Asilo, a uma dama de companhia, a administradora pelos Presidente e Vice - Presidente da Câmara Municipal de Alcobaça e pelo Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Alcobaça, a Dª. Piedade de Figueiredo Costa.

No ano de 1921, foi oficialmente considerada como instituição por Alvará do Governo Civil de Leiria, mas só no ano de 1984 é que foi constituída Instituição Privada de Solidariedade Social (IPSS). Em 1964 foram transferidas as instalações da Fundação do Mosteiro de Santa Maria de Alcobaça, para o local onde se situava o “Asilo de Infância Desvalida Álvaro Possolo”, na então Quinta da Gafa e atual Rua de Olivença. Posteriormente, em 1996 são criadas as atuais valências de Apoio Domiciliário, Centro de Dia e Lar Residencial para apoio aos mais idosos. Em 1999, a Instituição começa também a contemplar o apoio à infância, neste sentido surge a Associação de Creche e Jardim de Infância “ O nosso ninho”.

Em 2005, entrou em funcionamento o atual centro de convívio e em 2006, passou a funcionar, nas mesmas instalações, a USALCOA – Universidade Sénior de Alcobaça.

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Instituto Politécnico da Guarda 8 Esta Instituição Particular de Solidariedade Social comemorou os seus 100 anos de existência a 4 de Maio de 2013.

2.1 - Missão e Valores

A fundação Maria e Oliveira como uma instituição particular de solidariedade social (IPSS)4,toma como princípios básicos:

a) o apoio a crianças e jovens;

b) o apoio à família, a protecção dos cidadãos na velhice e invalidez e em toda as situações de falta ou diminuição de meios de subsistência ou de capacidade para o trabalho;

c) Promoção e proteção da saúde, nomeadamente através da prestação de cuidados de medicina preventiva, curativa e de reabilitação;

d) Educação e formação profissional dos cidadãos;

e) Resolução dos problemas habitacionais das populações.

Esta instituição, tem também como principal missão o bem-estar físico e psíquico de todos os seus utentes, assim como, proporcionar postos de emprego no concelho de Alcobaça.

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Segundo a Segurança Social, as instituições particulares de solidariedade social “são constituídas por iniciativas de particulares, sem finalidade lucrativa, com o propósito de dar expressão organizada ao dever moral de solidariedade e de justiça entre os indivíduos, que não sejam administradas pelo Estado ou por um corpo autárquico, para prosseguir, entre outros, com objetivos de apoio social à família, crianças e jovens, idosos e integração social e comunitária, mediante a concessão de bens e a prestação de serviços”.

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2.2- Finalidades/ objetivos

A Fundação Maria e Oliveira rege-se, essencialmente, por três objetivos:

 Implementação dos referenciais de gestão da qualidade dos equipamentos sociais;

 Melhoria da articulação entre a Instituição e a comunidade;  Melhoria da qualidade de infra-estruturas.

2.3 - Público-alvo

A instituição que escolhi para a realização do meu estágio promove uma resposta social a diferentes públicos. Contempla Lar de idosos, Centro de Dia, Apoio Domiciliário, Centro de Convívio, Creche, Pré-escola, C.A.T.L e habitação social. Como discente do CET de Acompanhamento de Crianças e Jovens, realizei o meu estágio na valência da Fundação que dá resposta social à infância, a Creche e Jardim de Infância “O Ninho”, que é composta por:

1) A creche que acolhe crianças desde os três meses de idade. Para além de se dedicar às necessidades e aos cuidados da criança, tem por objectivo promover: diversas aprendizagens, o desenvolvimento emocional, a socialização, a aquisição da linguagem, e o desenvolvimento físico e motor.

2) A Pré- escola que é um dos tipos de estabelecimentos de educação existentes que é frequentada por crianças dos 3 anos de idade até à sua entrada no ensino básico. Este contexto institucional é entendido como uma instituição que presta serviços vocacionados para o desenvolvimento da criança, com vista à promoção de atividades educativas e atividades de apoio à família. As diversas aprendizagens realizadas ao longo do ano letivo visão a aquisição de competências nos domínios da linguagem, do desenvolvimento emocional, da socialização, do desenvolvimento cognitivo e psicomotor.

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Instituto Politécnico da Guarda 10 3) O C.A.T.L que decorre durante o período de férias. Acolhe crianças que frequentam o 1ºciclo do Ensino Básico. Para além de pretender dar resposta às necessidades da família/comunidade, também permite à criança a promoção do seu desenvolvimento integral, através da participação em atividades de grupo de animação sócio cultural.

2.4 - Estrutura Física

A Fundação Maria e Oliveira, mais precisamente a creche e infantário “ O ninho”, carateriza-se por Instalações amplas e adaptadas a um serviço de qualidade aos utentes e à população alvo. Esta valência é constituída por dois pisos.

O primeiro piso é constituído por:

 Receção;

 Sala Polivalente;

 Gabinete dos educadores;  Sala dos funcionários;

 1 Casa de banho para pessoas externas ao serviço;  1 casa de banho para os funcionários;

 1 casa de banho/ fraldário para as crianças da sala de um ano;  Sala A – Berçário;

 Sala B – Crianças com 1 ano;  Refeitório – Crianças com 1 ano;  Terraço.

O segundo piso é constituído por:

 Refeitório;

 Sala C – Crianças com 2 anos;  Sala D – Crianças com 3 anos;

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Instituto Politécnico da Guarda 11  Sala E – Crianças com 4 anos;

 Sala F – Crianças com 5 anos;  2 casas de banho para as crianças;  1 casa de banho para os funcionários;  Despensa;

 C.A.T.L;

 Gabinete – Psicóloga;

 Sala G – Visionamento de filmes.

2.5 - Estrutura Social

A estrutura social de um estabelecimento educativo, reflecte-se na organização das partes ou unidades que a compõem, de modo a retractar as relações constantes existentes entre indivíduos ocupantes de papéis sociais diferentes, a fim de promover o bom funcionamento e consequente desenvolvimento da criança e os seus restantes utentes.

A Fundação Maria e Oliveira é constituída, na sua globalidade (em todas as vertentes que esta dispõe) por seis administrativos, por um psicólogo social, por uma animadora sociocultural, por uma directora técnica, por dois médicos, por três enfermeiros, uma auxiliar de fisioterapia, dois coordenadores, um encarregado geral, um motorista, por auxiliares e ajudantes.

2.6 - Organograma

Nos estabelecimentos de educação Pré - escolar, a execução da orientação curricular e a coordenação das actividades educativas, são asseguradas por quem tem as habilitações legalmente exigíveis para o efeito.

O organograma, gentilmente cedido pela coordenadora da Creche e Infantário “O Ninho”, encontra-se na página seguinte.

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2.7 – Horário de funcionamento

Na Educação Pré- escolar, devem ser adotados horários adequados para o desenvolvimento das atividades pedagógicas, nas quais estejam contemplados períodos específicos para a realização de atividades educativas, de animação e de apoio às famílias.

A Fundação Maria e Oliveira define como horário de funcionamento, o exposto na Tabela 1:

RESPOSTAS SOCIAIS HORÁRIO DE FUNCIONAMENTO

Pré- escola 9:00-18:00

Creche 7:30-19:00

Centro de Atividades de Tempos Livres 7:30-19:00

Serviço de Apoio Domiciliário 8:30-16h30

Centro de dia 9:30-18:00

Estrutura Residencial para idosos (Lar de idosos e Residência)

24h

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CAPÍTULO II – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

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1- Fundamentação das opções educativas

Ao chegar ao local de estágio procurei observar, ouvir e registar os principais interesses dos elementos do grupo (educadora e crianças). Verifiquei que a Educadora fomentava, com frequência, jogos para promover a interação com as crianças, para estimular o diálogo entre crianças e para avaliar as aprendizagens.

A observação permitiu-me verificar que o jogo faz parte do dia-a-dia daquela sala, quer como atividade espontânea, quer como atividade orientada. Esta prática remeteu-me para a pesquisa bibliográfica que fiz sobre Piaget (1896-1980), biólogo e especialista em psicologia evolutiva e epistemológica genética que estudou o desenvolvimento da inteligência, do nascimento à maturidade do ser humano.

Piaget (1998) considera o jogo como condição para o desenvolvimento infantil, já que as crianças quando jogam assimilam e podem transformar a realidade. O jogo é um meio eficiente de ensinar uma criança, permitindo-lhe resolver problemas e estimular o corpo e a mente. Ainda segundo o mesmo autor o jogo possibilita a construção do conhecimento nos períodos Sensório-Motor e Pré-Operatório.

Neste sentido, a importância das actividades, desenvolvidas através do jogo, não deve ser desperdiçada. Ideia enfatizada por Cabral (2001, p. 41) quando diz que o “jogo infantil se apresenta caracteristicamente como jogo a que chamarei total ou integrado e do seu estudo depende em muito o conhecimento do desenvolvimento da criança, já que esta só se desenvolve, jogando”.

Seguindo estas considerações, planifiquei um conjunto de atividades que

prossupunham o desenvolvimento de experiências educativas globalizantes, valorizando o lúdico enquanto meio de aprendizagem, atendendo que o jogo permite ao indivíduo usufruir do poder transformador e criador da palavra na organização da sua vida social.

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2 - O Desenvolvimento Cognitivo da Criança

Entendemos que é fundamental compreender o processo de desenvolvimento da criança para podermos intervir, no sentido de favorecer o desenvolvimento equilibrado de todas as suas competências afetivas, físicas e cognitivas e, consequentemente contribuir para a sua formação enquanto pessoa.

De modo a corresponder às necessidades das crianças com que ia desenvolver o meu projeto de estágio, assim como expandir e aplicar os conhecimentos académicos adquiridos na escola, realizei várias pesquisas bibliográficas que incidiram, especialmente, nas teorias cognitivas defendidas por Piaget e Vigotsky, pois considero-os autores que contribuíram para o estudo do desenvolvimento intelectual da criança, na perspetiva desenvolvimentista que defende uma conceção de aprendizagem pela ação, sendo o sujeito autor do seu próprio conhecimento.

Durante muito tempo, o pensamento psicológico sobre o desenvolvimento cognitivo das crianças era dominado pela perspetiva da maturação biológica, a qual dava enfase, quase exclusivamente, à componente “natureza” no desenvolvimento, isto é, o sujeito quando nascia era uma “tábua rasa”, todo o conhecimento era adquirido pela experiência, sendo um modelo de desenvolvimento cognitivo inspirado nas teses empiristas. Mais tarde, surgem outras teses com base no desenvolvimento estrutural, em que o sujeito nasce com um conjunto de estruturas inatas que são submetidas aos estímulos do meio externo.

As teorias supra referidas foram postas em causa com o aparecimento de uma nova: a Teoria Operatória de Jean Piaget. Ao observar os seus filhos, Piaget interessou-se pelo relacionamento entre capacidades de maturação natural da criança e as suas interacções com o ambiente. Piaget via a criança como um participante ativo neste processo de desenvolvimento biológico ou de estímulos externos. Ele considera as crianças como “cientistas investigadoras” que fazem experiências com objetos e acontecimentos para ver o que acontece.Piaget (1975) valoriza não apenas o meio ou a pessoa na construção do conhecimento, mas o papel interativo de ambos.

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Instituto Politécnico da Guarda 17 Por sua vez, Vygotsky atribui maior relevo aos contextos culturais e sociais e ao papel da linguagem no processo de construção de aprendizagem e desenvolvimento da criança (Marques, 2007).

2-1 – O Desenvolvimento Cognitivo segundo a Perspetiva de Piaget

Os estudos de Piaget, no âmbito da “psicologia genética”, prestaram um grande

contributo para a compreensão do processo de desenvolvimento cognitivo da criança. Os princípios pedagógicos deste pedagogo alteraram a forma de pensar a educação e estão, atualmente, presentes nos programas curriculares e no desenvolvimento das práticas educativas.

Piaget, apud Sutherland (1996, p. 46) considera a aprendizagem como a antítese de uma esponja que absorve água; assemelhando-a ao ato de comer: “absorvendo a parte nutritiva e tornando-a parte de si próprio”.

Piaget destacou-se como um dos mais ilustres especialistas sobre o desenvolvimento cognitivo em psicologia. Foi o seu interesse em compreender como as crianças de diversas idades construíam o conhecimento do mundo que o levou a defender que o desenvolvimento cognitivo se organizava por estádios.

Segundo a teoria de Jean Piaget (1962), o ser humano passa por “diferentes estádios” de desenvolvimento cognitivo, sucessivos, cuja ordem de sucessão é constante e inevitável a todo o ser humano. Os intervalos de tempo de cada um deles não são fixos, podendo variar em função do indivíduo e do ambiente em que este se encontra. A passagem de um estádio a outro não ocorre simplesmente pela maturação individual, mas também pela influência dos contextos ambientais. A linguagem e as relações sociais desempenham um papel essencial nesse processo.

Segundo o autor o desenvolvimento ocorre segundo quatro estádios: - Sensório-motor (0 – 18/24 meses)

- Pré-operatório (2/7 anos)

- Operações concretas (7-11/12 anos) - Operações formais (11-12 / 15-16 anos)

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Instituto Politécnico da Guarda 18 Dos quatro estádios propostos por Piaget, coloquei o enfoque no segundo, o Estádio pré-operatório (dos 2 aos 7 anos), uma vez que é neste estádio que residem algumas informações que penso serem úteis ao desenvolvimento da minha intervenção enquanto Técnica de Acompanhamento de Crianças e Jovens no Jardim de Infância O Ninho, na sala dos 3 anos.

 Estádio pré-operatório (dos 2 anos aos 7 anos)

O início deste estádio é caracterizado pelo aparecimento da função simbólica, que marca o início do pensamento e a base para a aquisição da linguagem. A função simbólica é a aptidão que a criança tem em imaginar símbolos para representar ou substituir os objetos e de brincar mentalmente com eles.

A imagem mental, o jogo simbólico e a linguagem, são revelações da função simbólica. Daí ser tão importante nestas idades trabalhar o faz-de-conta de modo a proporcionar novas experiências.

O pensamento Pré-Operatório destaca-se também pelo egocentrismo intelectual, que reflecte a incapacidade da criança em compreender o ponto de vista do outro, já que esta se centra apenas no seu ponto de vista.

No estádio em estudo, é relevante focar o aumento de vocabulário das crianças. Para o autor, Jean Piaget, o estádio Pré-operatório subdivide-se em dois períodos: o período simbólico (2 – 4 anos) que leva ao desenvolvimento da linguagem, da imitação, da fantasia e do faz-de-conta. O período intuitivo (4 – 7 anos) que é caracterizado pela idade dos “porquês”, onde as crianças procuram a todo o instante uma explicação dos fenómenos.

Piaget (1997) defende que para a aprendizagem ocorrer é fundamental que a criança sinta prazer no que faz e como tal, é importante que considere a atividade como um jogo. Na sua opinião, só quando existe algo que interesse de facto às crianças é que estas se mostram ativas e realizam aprendizagens significativas.

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2.2 - Desenvolvimento Cognitivo segundo a Perspetiva de Vygostky

A teoria do desenvolvimento cognitivo de Lev Vygostky (1979) destaca a importância da interação social e da linguagem na evolução intelectual das crianças.

Para explicar o desenvolvimento da criança Vygotsky (1979, p.133) apresenta o conceito de Zona de Desenvolvimento Próximo (ZDP), sendo este por si definido como “a distância entre o nível real de desenvolvimento, determinado pela capacidade de resolução independente de um problema, e o nível potencial de desenvolvimento, determinado através da resolução do problema sob orientação de um adulto ou em colaboração com pares mais capazes de o resolverem”. Ou seja, para Vygotsky, não é suficiente ter todo o aparato biológico da espécie para realizar uma tarefa; o indivíduo tem que estar inserido em ambientes e práticas específicas que proporcionem a aprendizagem.

Segundo este psicólogo, não podemos pensar que a criança se vai desenvolver com o tempo, pois esta não tem, por si só, instrumentos para percorrer sozinho o caminho do desenvolvimento. O apoio e a orientação podem ajudar a ampliar as capacidades cognitivas das crianças. Cada criança é considerada como um aprendiz que aprende mediante a interacção social e a comunicação com adultos e crianças mais velhas que têm os conhecimentos e as competências que lhe faltam.

A criança ao receber ajuda dos seus mediadores, detentores de níveis mais elevados de desenvolvimento, cria um percurso de desenvolvimento pessoal. Assim, como refere Gaspar (2010, p. 8) “uma pedagogia eficaz é aquela que desperta as funções que se encontram em fase de maturação, acordando uma variedade de processos de desenvolvimento internos, estando mais próxima do nível de desenvolvimento potencial que do nível de desenvolvimento atual”. Vygotsky acreditava que o processo de ensino-aprendizagem envolve aquele que aprende com aquele que ensina, ou seja, é a relação entre essas pessoas.

Vygotsky (1978) pôs em relevo algumas atividades culturais, extremamente necessárias para o desenvolvimento da criança e, como refere Yudina (2007, p.77), nesse processo, distingue o jogo, referindo que este é “insubstituível na educação de infância uma vez que contribui para o desenvolvimento da imaginação, das

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Instituto Politécnico da Guarda 20 competências sociais e comunicativas, da auto-regulação, e como motivação para a aprendizagem”.

Para Piaget (1972) o desenvolvimento cognitivo é uma construção contínua de um estado de equilíbrio menor para outro estado de equilíbrio superior. Jean Piaget (1962) defendia uma teoria de etapas onde o indivíduo para se desenvolver cognitivamente tinha que passar por um conjunto de mudanças previsíveis e ordenadas (a construção do conhecimento é feita de forma individual). Ele acreditava que as crianças só aprendiam através da sua ação sobre o ambiente fazendo uma aprendizagem por descoberta.

Em contrapartida, Vygotsky (1989) dá importância à ação da criança sobre o meio, onde através das experiências culturais e sociais ela se desenvolve. Assim, podemos dizer que o meio onde a criança se encontra constitui uma zona de desenvolvimento onde as pessoas que a rodeiam vão ajudando nas suas experiências. O desenvolvimento cognitivo é abordado como um processo de orientação; logo, as aprendizagens da criança não acontecem de forma espontânea, dependendo da interferência do professor ou de algum colega, que servem como mediadores entre o conteúdo e a aprendizagem. Tal requer um espaço potencial, isto é, um espaço lúdico, relaxado, onde são apresentadas as informações para que o educando esteja pronto a recriá-las, apropriando-se de conteúdos relevantes de forma criativa, singular, segundo suas conceções e necessidades.

Nesse sentido, importa analisar o aspeto cognitivo do uso dos jogos em sala de aula e sua importância para os processos de aprendizagem e desenvolvimento, uma vez que o jogo atua na zona de desenvolvimento proximal, realizando um intercâmbio entre a zona de desenvolvimento real (a qual abrange as aprendizagens já consolidadas) e a zona de desenvolvimento potencial, que representa as aprendizagens que ainda se vão consolidar.

Nesta perspetiva, o jogo é fundamental para que os processos de desenvolvimento se efetivem, resultando em saltos nos processos de aprendizagem e desenvolvimento, pois um está relacionado e articulado ao outro.

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3 - O jogo como recurso de aprendizagem

“Tentar definir o jogo não é tarefa fácil. Quando se pronuncia a palavra jogo cada um pode entendê-la de modo diferente.” (Kishimoto, 1997, p. 13).

3.1 - O jogo: conceito

Jogo é uma palavra latina – jocu – que significa “desenvolvimento”.

Diferentes autores apresentam várias definições para o vocábulo “jogo”. Para Gross (1974, apud Andrade, 2003) o jogo é um exercício de preparação para a vida séria”; para Freud (apud Andrade, 2003) a estrada real para a compreensão dos esforços do ego infantil para chegar a uma síntese; para Piaget (apud Millar, 1972, apud Andrade, 2003) uma pura assimilação que consiste em modificar a informação de entrada de acordo com as exigências do indivíduo; ainda, de acordo com Erikson (1971 apud Andrade, 2003), o jogo da criança é a forma infantil da capacidade humana para manejar a experiência criando situações-modelo e para dominar a realidade por meio da experimentação e do panejamento; sendo paraPires & Pires (1992, p.380) “ o espelho da vida e o suporte da aprendizagem”.

Dada a diversidade de definições encontradas, não há dúvida que o jogo se reveste de grande importância, sendo valioso porque desperta o interesse e o desempenho dos participantes.Segundo Ferreira (2010, p.90) “ (…) muitos adultos não têm consciência de como é vital para as crianças brincar e de como o brincar deve ser dignificado como processo de aprendizagem”.

3.2 - Importância do jogo na aprendizagem

O jogo tem um papel muito importante na aprendizagem da educação pré-escolar. O Jogo, integrador, por excelência, tem sempre um caráter de novidade, o que é fundamental para despertar o interesse da criança. À medida que joga, vai-se conhecendo melhor, construindo interiormente o seu mundo.

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Instituto Politécnico da Guarda 22 Esta atividade é um dos meios mais propícios à construção do conhecimento. Para exercê-la a criança utiliza o equipamento sensório motor, pois o corpo é acionado e o pensamento também.

O jogo caracteriza-se por ser diferente dos outros métodos de ensino, uma vez que envolve inteiramente a criança na atividade. A criança não se limita simplesmente a ver e a ouvir, mais do que isso, a criança é estimulada a interagir. Arends (1995) e Estanqueiro (2010) defendem que é fundamental proporcionar aos alunos atividades suficientemente convidativas para a construção de aprendizagens.

O jogo deve ser sempre significativo para a criança, podendo assumir uma determinada intencionalidade educativa. Segundo as OCEPE (1997, p.18) “adaptar uma pedagogia organizada e estruturada, não significa introduzir na educação pré-escolar, certas práticas “tradicionais” sem sentido para as crianças, nem menosprezar o caráter lúdico de que se revestem muitas aprendizagens, pois o prazer de aprender e de dominar determinadas competências também exige esforço, concentração e investimento pessoal”.

Zabalza (1987, p.51) refere que é na fase da pré-escolaridade que a criança se desenvolve como um todo, “o afetivo, social, cognitivo é um todo integrado com uma intensa dinâmica, no qual o eixo fundamental de vertebração das sucessivas experiências é o “Eu” e as relações que a partir dele se estabelecem com a realidade ambiental”. É nesta fase que surge o jogo simbólico acompanhado, geralmente, com o aparecimento da linguagem e da representação.

Através do jogo simbólico, a criança ultrapassa a simples satisfação da manipulação. Começa a fazer a assimilação da sua realidade externa, fazendo distorções ou transposições. O jogo simbólico é visto pela criança como uma forma de encontrar uma satisfação fantasiosa através da superação de conflitos e de preenchimento de desejos. À medida que a criança vai avançado na idade, vai-se encaminhando para a realidade.

Vygotsky (1991) defende que, durante a idade pré-escolar ou idade escolar, as habilidades das crianças são valorizadas a partir do brinquedo, do jogo, e da imaginação delas, a ele inerente. Segundo este autor, ao brincar, a criança, está sempre acima da própria idade, acima do seu comportamento diário. Assim sendo, quando a criança imita os mais velhos nas suas atividades culturalmente padronizadas, ela gera oportunidades

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Instituto Politécnico da Guarda 23 para o seu próprio desenvolvimento cultural. Desta forma, o jogo é uma atividade que gera uma grande criatividade, revelando-se bastante vantajoso para a criança e para a sua aprendizagem.

Na fase infantil, a brincadeira e o jogo desempenham funções psicossociais, afetivas e intelectuais básicas, no processo de desenvolvimento infantil. O jogo apresenta-se como uma atividade dinâmica que satisfaz a necessidade de uma criança, entre outras evidentes: a de movimento/ação. Assim considera Vygotsky (1991, p.105): “(…) se ignoramos as necessidades da criança e os incentivos que são eficazes para coloca-la em ação, nunca seremos capazes de entender seu avanço de um estádio do desenvolvimento para outro, porque todo avanço está conetado com uma mudança acentuada nas motivações, tendências e incentivos”

Retomando a conceção desenvolvimentista de Piaget (1978), é fácil verificar que dela se salientam duas implicações pedagógicas: (i) dever-se-á encorajar as crianças a utilizar a sua iniciativa e a sua inteligência no sentido de uma manipulação ativa do meio exterior, porque é somente por uma troca direta com a realidade que se desenvolve a capacidade biológica de base que leva à inteligência; (ii) o jogo espontâneo da criança deverá ser o primeiro contexto no qual os educadores encorajem a utilização da inteligência e da iniciativa. Ainda para este autor, ao jogar, a criança assimila a realidade e, dessa forma, transforma-a, em função das suas necessidades. Considera importante que se estabeleçam situações favoráveis para o jogo, em situações educacionais, porque através delas, a criança assimila a realidade intelectual, impedindo que permaneça exterior à sua inteligência.

O jogo é também fonte de motivação, e através deles as crianças encontram motivos para aprender, para se aperfeiçoar, descobrir e rentabilizar as suas capacidades. O jogo e a brincadeira exigem movimentação física, envolvimento emocional e provocam o desafio mental.

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3.3 - O Jogo nas Áreas de Desenvolvimento

Desenvolvimento Socioafetivo

Fernández (1990) salienta que a libertação da inteligência aprisionada, somente poderá dar-se através do encontro com o prazer de aprender; constituindo os primeiros anos pré-escolares um período em que as crianças são, particularmente, sensíveis ao desenvolvimento da competência social. Formosinho et al. (1996, p.46) evidenciam, também, que a “falta de oportunidades para as crianças interagirem socialmente na brincadeira, durante os primeiros anos, pode ter um efeito mais prejudicial do que a falta de oportunidade para brincarem, numa fase posterior”. O conhecimento dos outros e a participação no trabalho de grupo ajuda as crianças a terem consciência do facto de pertencerem ao grupo e das vantagens daí decorrentes. A criança sai do egocentrismo e aprende a importância de viver em sociedade.

Nas crianças, em idade pré-escolar, uma interação social significativa tem maior probabilidade de ocorrer no contexto das atividades que vá ao encontro dos interesses genuínos das crianças. A maior parte das competências adquiridas durante os primeiros anos de vida (as aprendizagens sociais), são aprendidas e reforçadas através de processos interativos.

Ao empreender, um trabalho com jogos está-se não apenas a desenvolver os aspetos cognitivos das crianças, mas também enfatizar os aspetos afetivos que são resgatados durante um momento lúdico, jogos e brincadeiras. Segundo Piaget (1967 apud La Taille, 1992, p.11). “ a inteligência humana somente se desenvolve no indivíduo em função de interações sociais que são, em geral, demasiadamente negligenciadas.”.

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Desenvolvimento Moral

Para Piaget (1977) os valores morais são construídos a partir da interação do sujeito com os diversos ambientes sociais, é durante a convivência diária, principalmente com o adulto, que a criança constrói os seus valores, princípios e normas morais. Assim sendo, podemos concluir que é um processo moroso.

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Instituto Politécnico da Guarda 25 Na fase de anomia, natural na criança pequena, não existem regras e normas. À medida que a criança cresce, vai percebendo que o "mundo" tem regras. Ela descobre isso também através das brincadeiras com as crianças maiores, que são importantes para a ajudar a entrar na fase de heteronomia.

Na ótica deste autor, o desenvolvimento da moralidade dá-se principalmente através da atividade de cooperação, do contacto com iguais, da relação com companheiros e do desenvolvimento da inteligência; tendo por isso o ensino pré-escolar um papel importante. Educar para os valores, na educação pré-escolar, faz-se através de abordagens e experiências numa lógica relacional que implica opções didático-pedagógicas no que diz respeito aos assuntos/temas a abordar recorrendo-se ao jogo. “Toda a moral consiste num sistema de regras, e a essência de toda a moralidade deve ser procurada no respeito que o indivíduo adquire por essas regras" (Piaget, 1994, p. 23).

Desenvolvimento Motor

“Habilidades motoras são formadas e desenvolvidas através de situações pedagógicas que utilizam o jogo como meio educativo” (Neto & Piéron, 1993). A idade pré-escolar é uma fase de aquisição e aperfeiçoamento das habilidades motoras. Surgem as primeiras combinações de movimento, que possibilitam à criança dominar o seu corpo em diferentes posturas (estáticas e dinâmicas) e diferentes formas de locomoção: (andar, correr, saltar, entre outras). A base para as habilidades motoras globais e finas é estabelecida neste período da idade pré-escolar.

O desenvolvimento psicomotor é a base da relação da criança com o mundo, pois é através do seu corpo que ela se vai relacionar consigo mesmo, com os outros, com os objetos, e com o mundo ao seu redor. O jogo, através do desenvolvimento psicomotor contribui para as relações entre o psíquico e o motor, promove a união entre a ação e o pensamento, sendo assim uma atividade integradora do corpo como um todo. O desenvolvimento psicomotor engloba em si a inter-relação do desenvolvimento motor, psíquico e intelectual. O ato motor isolado não tem significado. Este desenvolvimento é adquirido numa sequência de etapas que começa com a

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Instituto Politécnico da Guarda 26 aquisição do esquema corporal. Através dessa noção, a criança vai desenvolvendo a consciência do próprio corpo e das possibilidades de se expressar por meio dele. Torna-se claro que o jogo e a motricidade são Torna-seguramente dois grandes indicadores do desenvolvimento da criança e reveladoras de dinâmicas específicas relacionadas com a idade.

Desenvolvimento cognitivo

De acordo com Vygotsky (2009) há dois aspetos essenciais no uso dos jogos: um referente à afetividade, expresso durante a ação, e outro referente aos aspetos cognitivos, por meio dos quais o jogo proporciona avanços nos processos de aprendizagem e desenvolvimento.

Piaget, apud Neto (2003), considera que o jogo tem uma grande importância no desenvolvimento cognitivo da criança. O jogo, como processo de assimilação, tem uma função exercitar e aumentar os conhecimentos, bem como consolidar o que já foi experimentado. Através do jogo podem realizar-se actividades de forma motivadora pela essência do seu prazer.

Na educação pré-escolar, o jogo pode constituir um recurso para promover a articulação de conteúdos no desenvolvimento de aprendizagens das crianças, devendo ser incluído nas práticas pedagógicas. Neste contexto, as atividades com o jogo devem ter uma intencionalidade educativa e não, meramente, a função de entretenimento ou de ocupação de tempo.

O jogo promove o desenvolvimento cognitivo em muitos aspetos: descoberta, capacidade verbal, produção divergente, habilidades manipulativas, resolução de problemas, processos mentais, capacidade de processar informação (Rubin, Fein & Vandenberg, 1983). O uso dos jogos promove ainda ambientes desafiadores, capazes de “estimular o intelecto” proporcionando a conquista de níveis mais elevados de raciocínio. Desta forma, consideramos que o jogo poderá tornar-se um motivo para atingir um fim, ou seja poderá ser uma estratégia bastante válida no currículo da educação pré-escolar.

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Instituto Politécnico da Guarda 27 No processo educativo as atividades podem ser potencializadas em várias vertentes, nas quais as crianças fazem descobertas de forma lúdica. A criança quando joga está a desenvolver a sua criatividade e a aprendizagem. Partindo da constatação de que a criança joga melhor quando tem vontade e sente prazer em jogar, podemos então reconhecer a existência de uma simbiose pedagógica entre a função lúdica e função educativa do jogo.

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CAPÍTULO III – ESTÁGIO

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1 – Plano de Estágio

O plano de estágio profissional pretende ser uma experiência de formação estruturada, assim como um marco fundamental para a entrada dos alunos no mundo profissional (Alarcão, 1996), devendo pautar-se por uma articulação entre a experiência de trabalho e a formação teórica obtida em contexto escolar. Para que tal seja possível definem-se os seguintes objetivos desenvolvimentistas:

i) aplicar competências e conhecimentos adquiridos ao longo do curso num contexto prático;

ii) dilatar o reportório de competências e conhecimentos através da participação numa série experiências práticas;

iii) identificar as áreas (pessoais e profissionais) mais fortes e aquelas que necessitam de algum aperfeiçoamento.

Assim, participei de forma ativa e empenhada, em todas as atividades propostas pela Educadora, sempre que fui solicitada; observei os comportamentos que se repetem diariamente (rotinas) por todos os membros da comunidade escolar, cooperando de forma eficaz na sua execução; pautando sempre a minha conduta pelo respeito e ética.

A par do supra referido e tendo em vista a prossecução dos objetivos definidos, de forma a conceptualizar a interacção entre a componente teórica do curso e o estágio, procedi à elaboração de um mini projeto (em apêndice) apoiado nas Orientações Curriculares para a Educação Pré- Escolar (Silva, 1997) uma vez que este é, de acordo com o Despacho nº 5220/ 97, o documento de referência dos educadores da Rede Nacional de Educação Pré- Escolar.

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2- Metodologia utilizada

A metodologia utilizada na concretização deste relatório, para além da observação, foi a análise documental. Na pesquisa e análise documental buscam-se dados e registo pré-existentes, podendo recorrer-se, por exemplo, ao histórico escolar, à análise de documentos, etc. (Feldman, 2007, p.28).

A técnica de observação possibilitou a realização das reflexões diárias referentes a cada dia de estágio. Segundo Quivy e Campenhoudt (1992, p.157), “a observação engloba o conjunto das operações através das quais o modelo de análise (constituído por hipóteses e por conceitos) é submetido ao teste de factos e confrontado com dados observáveis” Os mesmos autores distinguem dois tipos de observação, a direta e a indireta. A observação direta “é aquela em que o próprio investigador procede directamente à recolha das informações, sem se dirigir aos sujeitos interessados” (p. 165). Em relação à observação indireta, referem que nesta, “o investigador dirige-se ao sujeito para obter a informação procurada”.

Em relação à observação enquanto metodologia, Sousa (2009), refere serem necessários critérios específicos essenciais para garantir uma observação rigorosa e adequada. São eles: a imparcialidade (não se deve ajuizar sobre as observações, nem tomar partidos) e a objetividade (o observador não deve especular).

Deve também ter-se em conta que “as formas de observação que são utilizadas dependem essencialmente dos objetivos que se pretendem atingir e variam em grau de formalidade e rigorosidade, conforme o que se pretende observar” (Sousa, 2009, p. 110).

A observação utilizada foi, essencialmente, a observação participante. De acordo com Mann (1970) apud Sousa (2009, p.113), “a observação participante é uma tentativa de colocar o observador e o observado do mesmo lado, tornando-se o observador um elemento do grupo de modo a vivenciar o que eles vivenciam e trabalhar dentro do sistema de referência deles”. Esta observação participante tem vantagens em relação a outros tipos de observação: se por um lado o observador tem acesso a comportamentos

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Instituto Politécnico da Guarda 31 e acontecimentos que o grupo evita concretizar em frente a estranhos captando a situação vivencial que contextualiza, por outro tem acesso a situações do quotidiano e uma melhor compreensão dos pensamentos e motivações dos observados.

3- Período de Observação

A minha prática começou com um período de observação, pois era a primeira vez que estava perante um grupo de crianças. Observei cada criança dentro e fora da sala com muita atenção, partilhando experiências e comentários. Durante esta observação foquei a minha atenção nas necessidades e interesses das crianças, na forma como se relacionavam entre si e com a educadora.

As Orientações Curriculares referem que observar cada criança e o grupo para conhecer as suas capacidades, interesses e dificuldades, é uma prática necessária para compreender melhor as características das crianças e adequar o processo educativo às suas necessidades. Prestei igualmente atenção à prática da Educadora e foi possível verificar que era meiga com as crianças e muito atenta a tudo o que se passava na sala.

Durante este período observei cuidadosamente as rotinas existentes na Instituição, e no grupo, que as crianças tinham de cumprir, para que a minha chegada não provocasse alterações. Como referem as OCEPE (Silva, 1997, p. 40) “ (…) a sucessão de cada dia tem um determinado ritmo, por isso existe uma rotina que é educativa porque é intencionalmente planeada pelo educador e conhecida pelas crianças que sabem o que fazer nos vários momentos e prever a sua sucessão, tendo ainda a liberdade de propor modificações.”

Zabalza (1992, p. 174) refere que “As rotinas são, como capítulos, o guião da vida diária de uma turma que, dia após dia se vai nutrindo de conteúdos e acções. As crianças sabem o nome de cada fase, sabem o que virá depois, sabem qual o procedimento para realizar determinadas actividades, etc., e, pouco a pouco, vão-se assenhorando da sua vida escolar, vão-se sentindo competentes e, ao mesmo tempo, vão comprovando vivencialmente como cada vez lhe saem melhor as coisas e sabem melhor o que há para fazer e de que forma resultam, e são divertidas, as tarefas”

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Instituto Politécnico da Guarda 32 Ao elaborar o meu Projeto de Intervenção não pretendia, portanto, promover alterações significativas nas rotinas e atividades já implementadas e desenvolvidas no Jardim de Infância, mas sim valorizar e dar mais intencionalidade a alguns aspetos da relação pedagógica que promovem o desenvolvimento harmonioso e integral da criança.

3.1 – Caraterização do Grupo

O grupo da sala dos 3 anos é constituído por 17 crianças. Destas 17 crianças, 8 são do sexo feminino e 9 do sexo masculino. Todas elas têm 3 ou 4 anos de idade, sendo por isso um grupo relativamente homogénea em termos de idade.

De acordo com as informações disponibilizadas pela educadora, as crianças pertencem a famílias, maioritariamente, estruturadas. E nenhuma delas possui, pelo menos até ao momento, qualquer tipo de Necessidades Educativas Especiais (NEE). É um grupo autónomo, em aspetos como calçar e descalçar, vestir e despir. Apenas duas crianças pediam ajuda para calçar os sapatos. Três crianças, apenas, recorrem à chupeta na hora da sesta, no entanto, muitas delas dormem com brinquedos ou outros objetos. Como diz Cordeiro (2008, p.374) “Os objectos de transição, são importantes neste momento de adormecer, em que acontece, com mais ênfase, a lembrança dos pais e da casa.”.

É um grupo interessado em ouvir, criar e contar histórias. Demonstram também gosto e entusiamo em partilhar o que fazem em casa com os pais, onde vão e o que viram. São criativos, imaginativos e muito carinhosos, principalmente com as pessoas adultas que os acompanham.

Participam ativamente em todas as atividades, demonstram interesse. No entanto, são muito inquietos e por isso, alguns deles têm dificuldade em ouvir e estar calmos durante a realização das atividades. São também extrovertidos e comunicativos.

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3.1.1 – Caraterísticas das crianças de 3 anos

A primeira infância enquanto etapa de vida apresenta características de aprendizagem específicas e únicas. Conhecer e refletir sobre este processo é um desafio constante do profissional de educação que, diariamente, interage com crianças dos 3 aos 4 anos de idade.

Sabendo que a aprendizagem e o desenvolvimento ocorrem de forma integrada, assumimos o risco de incidir sobre uma fase da vida caracterizada por mudanças constantes e rápidas ao nível físico, cognitivo, emocional e social. A partir dos 3 anos (idade Pré-escolar) as crianças entram numa fase distinta do seu desenvolvimento e vão progressivamente ficando mais autónomas.

Desenvolvimento físico

A partir dos 3 anos de idade a criança faz grandes avanços nas habilidades motoras desenvolvendo sistemas de ação mais complexos.

Os aspetos que mais se destacam na criança, ao nível do desenvolvimento físico durante esta idade, são:

- Grande atividade motora: corre, salta, começa a trepar escadas, pode começar a andar de triciclo. É possuidora de um grande desejo de experimentar tudo;

- Embora ainda não seja capaz de apertar os atacadores, veste-se sozinha razoavelmente bem;

- É capaz de comer sozinha com uma colher ou um garfo; - Faz puzzles simples;

- Copia figuras geométricas simples;

- É cada vez mais independente ao nível da sua higiene, na medida em que já é capaz de controlar os esfíncteres (principalmente durante o dia).

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Desenvolvimento cognitivo

Nesta fase, os avanços do pensamento simbólico são acompanhados pela evolução no entendimento de identidades, espaço, causalidade, categorização e número.

Ao nível cognitivo a criança:

- Apresenta um discurso compreensível para os adultos;

- Utiliza bastante a imaginação: início dos jogos de faz-de-conta e dos jogos de papéis; - Torna-se capaz de imaginar como se podem sentir os outros;

- Sabe o nome, o sexo e a idade;

- Sabem contar e lidar com quantidades; - Adquire a capacidade de classificar;

- Começa a ter noção das relações de causa-efeito: - É bastante curiosa e inquiridora;

- Tornam-se conscientes da actividade da mente.

Desenvolvimento emocional

As suas emoções são, geralmente, mais profundas que nas etapas anteriores. Nesta

altura a criança:

- É capaz de se separar da mãe durante curtos períodos de tempo; - Começa a desenvolver alguma independência e autoconfiança; - Pode manifestar medo de estranhos, de animais ou do escuro; - Começa a reconhecer os seus próprios limites, pedindo ajuda; - Imita os adultos.

Desenvolvimento Social

A segunda infância é o período primordial para a socialização. A criança, ao nível do desenvolvimento social, carateriza-se por:

- Ser bastante sensível aos sentimentos dos que a rodeiam relativamente a si própria; - Ter dificuldade em cooperar e partilhar;

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Instituto Politécnico da Guarda 35 - Preocupar-se em agradar os adultos que lhe são significativos, sendo dependente da sua aprovação e afecto;

- Começar a aperceber-se das diferenças no comportamento dos homens e das mulheres; - Começar a interessar-se mais pelos outros e a integrar-se em actividades de grupo com outras crianças;

- Tornar-se um pouco agressiva, às vezes, entre elas, já que nesta idade, elas caracterizam-se pelo seu egocentrismo;

- Ter interesse por actividades lúdico e imaginativas: início dos jogos de faz de conta e jogos de papéis;

- Por ser compreensível e entender em situação de jogo que cada um terá a sua vez.

3.2 – Caraterização da sala

Atualmente, o jardim-de-infância é o local onde as crianças passam a maior parte do seu dia. É o local onde as crianças mais novas têm as maiores experiências de aprendizagem e desenvolvem as suas caraterísticas a nível pessoal e social. Daí surge a necessidade de criar as condições necessárias para o bom desenvolvimento da criança, não só através das relações com os outros, como também, através da organização do espaço que a envolve – a sala. Tal como refere Cordeiro (2010, p.365) “ a sala de atividades é um bom local para a aprendizagem do «saber estar» (…) de cumprimento de regras e de gestão do espaço e do relacionamento entre o espaço, as «coisas» e objectos e, claro está, a própria pessoa e o próprio corpo”.

A sala D foi a sala em que estagiei com as crianças dos 3/ 4 anos de idade. Localiza-se no segundo piso da Creche e Jardim de Infância “ O ninho”, ao lado da sala das crianças com 2 / 3 anos. É uma sala constituída por quatro janelas, espalhadas ao longo de duas das paredes da sala, o que permite a entrada de luz natural ao longo do dia. Numa das paredes onde não se encontra nenhuma janela, está incorporado um armário grande, com muita arrumação. A outra encontra-se disponível para serem expostos os trabalhos realizados pelas crianças no decorrer do ano letivo.

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Instituto Politécnico da Guarda 36 A sala das crianças dos 3/ 4 anos encontra-se, tal como as restantes salas da instituição, dividida por diferentes áreas que a preenchem de uma forma lógica e organizada. Oliveira-Formosinho (2007, p. 66) menciona que “Esta organização da sala por áreas, além de ser uma necessidade indispensável para a vida em grupo, contém mensagens pedagógicas quotidianas. (…) Esta sala permite à criança uma vivência plural da realidade e a construção da experiência dessa pluralidade”.

A sala encontra-se, organizada por 5 áreas:  Expressão dramática/ faz de conta;  Expressão plástica;

 Biblioteca;  Jogos;

 Escrita e da matemática.

O espaço da sala D encontrava-se organizado por áreas de interesse encorajando as crianças a realizar diferentes tipos de atividades, tendo por base ambientes facilitadores do desenvolvimento e da aprendizagem das mesmas.

Figura 4 – Sala D5

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