• Nenhum resultado encontrado

A paisagem educativa : um estudo comparativo sobre a paisagem no contexto do patrimônio cultural rural paulista

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "A paisagem educativa : um estudo comparativo sobre a paisagem no contexto do patrimônio cultural rural paulista"

Copied!
392
0
0

Texto

(1)

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

FACULDADE DE EDUCAÇÃO

ANDRE TOSTES GRAZIANO

A PAISAGEM EDUCATIVA

UM ESTUDO COMPARATIVO SOBRE A PAISAGEM NO CONTEXTO

DO PATRIMÔNIO CULTURAL RURAL PAULISTA

CAMPINAS

2016

(2)

ANDRE TOSTES GRAZIANO

A PAISAGEM EDUCATIVA

UM ESTUDO COMPARATIVO SOBRE A PAISAGEM NO CONTEXTO

DO PATRIMÔNIO CULTURAL RURAL PAULISTA

Tese de Doutorado apresentada ao Programa de Pós - Graduação em Educação da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas para obtenção do título de Doutor em Educação, na área de concentração de Ciências Sociais na Educação.

Orientador: OLGA RODRIGUES DE MORAES VON SIMSON

O ARQUIVO DIGITAL CORRESPONDE À VERSÃO FINAL DA TESE DEFENDIDA PELO ALUNO ANDRE TOSTES GRAZIANO, E ORIENTADA PELA PROFA. DRA. OLGA RODRIGUES DE MORAES VON SIMSON.

CAMPINAS 2016

(3)

Ficha catalográfica

Universidade Estadual de Campinas Biblioteca da Faculdade de Educação

Rosemary Passos - CRB 8/5751

Graziano, Andre Tostes,

G796p GraA paisagem educativa : um estudo comparativo sobre a paisagem no contexto do patrimônio cultural rural paulista / Andre Tostes Graziano. – Campinas, SP : [s.n.], 2016.

GraOrientador: Olga Rodrigues de Moraes von Simson.

GraTese (doutorado) – Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Educação.

Gra1. Educação não-formal. 2. Fazendas - História. 3. História oral. 4. Turismo cultural. 5. Educação patrimonial. I. Simson, Olga Rodrigues de Moraes

von,1943-. II. Universidade Estadual de Campinas. Faculdade de Educação. III. Título.

Informações para Biblioteca Digital

Título em outro idioma: The educational landscape : a comparative study on landscape observation in the context of the cultural heritage of the rural areas of the state of Sao Paulo, Brazil Palavras-chave em inglês: Non-formal education non-formal education Farms - History Oral history Cultural tourism Heritage education

Área de concentração: Ciências Sociais na Educação Titulação: Doutor em Educação

Banca examinadora:

Olga Rodrigues de Moraes von Simson [Orientador] Renata Siero Fernandes

Marcos Tognon

Catharina Pinheiro Cordeiro dos Santos Lima Aparecida Neri de Souza

Data de defesa: 29-02-2016

Programa de Pós-Graduação: Educação

(4)

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE EDUCAÇÃO

TESE DE DOUTORADO

A PAISAGEM EDUCATIVA

UM ESTUDO COMPARATIVO SOBRE A PAISAGEM NO CONTEXTO

DO PATRIMÔNIO CULTURAL RURAL PAULISTA

Autor: ANDRE TOSTES GRAZIANO

COMISSÃO JULGADORA:

Profa. Dra. Olga Rodrigues de Moraes von Simson (Orientadora) Profa. Dra. Aparecida Neri de Souza Profa. Dra. Catharina Pinheiro Cordeiro Santos de Lima Prof. Dr. Marcos Tognon Profa. Dra. Renata Siero Fernandes

A Ata da Defesa assinada pelos membros da Comissão Examinadora, consta no processo de vida acadêmica do aluno.

(5)

Ao Luca, nosso querido filho, cuja paisagem em formação reverbera em minha alma e educa pelo amor.

“Não procurem saber como se vê uma paisagem, componham um jardim. (...) ver o espaço exige tempo, não matem o tempo.”

(6)

Foi Caroline Lewis quem me despertou para a educação pela paisagem. Seu carisma e entusiasmo trouxe à minha consciência um desejo que eu ainda não sabia possuir. Devo a ela a inspiração pelo assunto, assim como inúmeros agradecimentos pelo apoio e pelo incentivo desde então. Dinah, com seu carinho inigualável, foi quem inflamou meu vício pelos estudos e pelos desenhos botânicos. Antes delas, minha mãe (Tais) já havia despertado a minha paixão pelas plantas, ainda bem menino, sem a qual, a paisagem jamais alcançaria o papel que cumpre em minha vida. Não há dúvida que essas mulheres incríveis me permitem, hoje, defender a premissa desse trabalho com certa doçura.

De contraparte, foi com meu pai (Xico) que aprendi a retidão, a aplicação, um certo perfeccionismo, e a postura de lealdade. Luiz, meu sócio na Licuri, amigo e mentor, trouxe sentimento à profissão com muita seriedade, e foi quem me aproximou de Burle Marx, o grande ídolo, ao menos em espírito. Ele também me apresentou a Olga, minha orientadora, com quem divido esse percurso, longo, é verdade, mas consistente e perseverante, da Arquitetura à Educação.

Sou grato a muitos amigos e a familiares queridos, companheiros de aventuras e de momentos de tensão, Vó Ignez, Vó Marion, Dani e Marô, Toddy e Camila, Ingrid e Mariana, Geraldo, Cristina, Patricia, Barrica, Jô, Henrique, Helvio, Becker, Amir, Lívia, Ana, Marcela, Renata, Alexandre, Davi, que representem a tantos outros que por ventura tenha esquecido. Além de meus sócios, Carlos e Beto, que me permitiram um tempo de dedicação impar entre o estudo e o trabalho com a reciclagem de resíduos da construção civil, sustentável, efetuado pela Pedra Verde.

Também devo agradecimentos aos pesquisadores do Grupo Fazendas, que me aceitaram em sua equipe, e que tanto me ensinaram ao longo do processo de pesquisa com o patrimônio, material e imaterial. Graças a eles, cheguei às fazendas históricas paulistas, e a personagens incríveis como: Pedroca e Tuxa; como João, Renata e Malu; além dos saudosos e sempre lembrados, Francisco e Zezé, que a passagem para outra paisagem os impediu de ver esse trabalho concluído. Em seu depoimento, Zezé, emocionada, me dizia: “nós tivemos cinco filhos, plantamos

(7)

ajudando, acho que parte da nossa missão a gente cumpriu.” Sei, que onde

estiverem, estão cientes do dever cumprido. Em todos eles, a simplicidade do campo, e um sorriso doce, calmo, sincero, aquele sorriso de quem sabe que a vida tem seu tempo, cumprido às custas das tantas dificuldades do mundo rural.

Na Faculdade de Educação, devo agradecimentos à Nadir, à Neri e a tantas pessoas que permitem que as coisas aconteçam, cujo expediente promove os encontros e auxilia nos casos de necessidades, que sempre existem. Agradeço também ao Marcos Tognon, mestre e amigo arquiteto, em cuja luta pela preservação do patrimônio, é irredutível. Além de contar com a indispensável ajuda do Cauê.

Não poderia deixar de agradecer a uma verdadeira junta médica que me permitiu chegar com saúde ao final desse processo, Alexandre, Denis, Carlos, Roberta, Fernando e Hamilton, pois se o corpo padece, a mente não se sustenta em boa sorte. Mais do que todos os médicos do mundo, não fossem Luca e Ana Paula, amores de minha vida, e suas energias positivas e deliciosas, indispensáveis, certamente a caminhada seria mais breve, porém menos gratificante. Amo-os.

Em determinado momento da elaboração de minha dissertação de mestrado, minha orientadora, Catharina, contou-me uma história sobre a existência das teses de inspiração e das teses de transpiração. Classificação interessante que jamais esqueci. Ocorre que na verdade, hoje percebo, uma tese possui, para cada momento de inspiração, outros duzentos de transpiração. Estes momentos, queiramos ou não, são necessários para seu amadurecimento teórico e desenvolvimento. Uma tese também caminha sozinha sem que percebamos.

Uma vez, Oscar Niemeyer justificou sua liberdade formal dizendo que projetava baseado nas curvas das montanhas do Rio de Janeiro, as quais trazia nos olhos, onde quer que estivesse. Guardadas todas as devidas proporções, hoje posso dizer que existo devido à alma da roça que trago dentro de mim, que contém um pouco de limão cravo, de tangerina murcote e de cana de açúcar, cujos campos de cultivo foram lugares de brincar, de trabalho, lugares de saber e de aprender. Esse moleque da roça, teve que ir à cidade para, inevitavelmente, perceber que o campo não sai da gente, tal qual a terra roxa de Jaboticabal, e que o tempo na metrópole, só faz crescer a saudade do enxadão e de seus jardins da infância.

(8)

RESUMO

A paisagem educativa: Um estudo comparativo sobre a paisagem no contexto do patrimônio cultural rural paulista.

O tema desta pesquisa de doutorado trata da utilização da leitura de paisagens como ferramenta educativa no contexto do patrimônio cultural rural representado pelas fazendas históricas paulistas. Considera-se que o município educa e que o turismo e atividades/programas educacionais ligados ao meio ambiente e ao patrimônio são relevantes para permitir e/ou habilitar diferentes observadores, proprietários ou visitantes, a fazer leituras circunstanciadas das paisagens selecionadas. O objetivo deste trabalho é desenvolver uma análise de multicasos comparados das paisagens de três fazendas históricas participantes do Programa de Pesquisa em Políticas

Públicas/FAPESP – Patrimônio Cultural Rural Paulista, a partir do conteúdo dos

depoimentos registrados e de imagens selecionadas pelo público entrevistado, utilizando-se a metodologia da História Oral. Busca-se aferir entre os entrevistados aspectos relativos à percepção, descrição, reflexão e à reconstrução das paisagens, que se diferenciam em função das características pessoais e trajetórias de vida dos entrevistados, da frequência de contato com a fazenda e da existência de ações educativas e atividades turísticas desenvolvidas nas propriedades. O referencial teórico da pesquisa está relacionado à paisagem, ao turismo e à educação, em interface com o patrimônio cultural rural, cuja ancoragem é Tuan, Besse, Magalhães, Barreto, Trilla, Simson, Libâneo, Garcia entre outros. Constata-se que a percepção da paisagem pelos entrevistados está vinculada ao tempo/qualidade da experiência, às atividades/percursos realizados e à sua respectiva apropriação, concorrendo para tanto os elementos patrimoniais de cada fazenda, sendo que as ações educativas não-formais são significativas na reconstrução idealizada da paisagem visitada. Justifica-se a pertinência desta pesquisa pela discussão da leitura da paisagem como uma ferramenta de análise sociocultural, associada às ações de Turismo e de Educação. Constitui-se ainda registro inédito do posicionamento de proprietários das fazendas históricas paulistas e dos visitantes que têm o patrimônio cultural rural e sua paisagem respectiva como objeto de interesse turístico, de experiências de lazer, saúde, conhecimento histórico e de formação cultural.

Palavras Chave: Paisagem Educativa, Pedagogia da Paisagem; Município

Educador; Cidade Educadora; Educação Patrimonial; Educação Não-Formal; Turismo Cultural; Fazendas Históricas.

(9)

ABSTRACT

The Educational Landscape: A Comparative Study on Landscape

Observation in the Context of the Cultural Heritage of the Rural Areas of the State of São Paulo, Brazil.

The theme of this doctoral research is the use of landscape observation as an educational tool in the context of rural cultural heritage represented by the historical farms of the State of São Paulo, Brazil. It is considered that the municipalities can educate the public, and that tourism activities and educational programs related to the environment and heritage of those farms are important to allow different observers (farm owners, visitors) to make detailed readings of selected landscapes. The objective of this study is to develop an analysis of multiple cases, comparing landscapes of three historical farms participating in the Research Program in Public Policy / FAPESP - Rural Heritage Paulista. The analysis will be based on the recorded statements and images selected by responders, using the methodology of Oral History. The analysis will seek to identify, amongst the answers given by respondents, patterns of perception, description, reflection and reconstruction of landscapes. These are expected to differ according to the personal characteristics and life trajectories of respondents, the frequency of contact with the farm and the existence of educational and tourist activities on the properties. The research’s theoretical framework is related to landscape, tourism and education interfacing in the rural cultural heritage environment, and is based on Tuan, Besse, Magalhães, Barreto, Trilla, Simson, Libâneo, Garcia, and others. The perception of landscapes by respondents seems to be linked to the time and quality of the experiences, to the activities carried out, the pathways utilized, and how participants internalize such experiences. The heritage elements of each farm, as well as non-formal educational activities, seem to be significant in the idealized reconstruction of the visited landscape. The relevance of this research is justified by the analysis of the landscape as a tool for sociocultural research, linked to the actions of Tourism and Education. It will call the attention to the way farm owners and visitors perceive those historical farms, their rural cultural heritage and also their respective landscapes, as objects of tourism interest, leisure experiences, health, historical knowledge and cultural background.

Key words: Educational Landscape; County and City as Educators; Heritage

(10)

RESUMEN

El Paisaje Educativo: Un estudio comparativo sobre el paisaje en el contexto del patrimonio cultural rural del Estado de São Paulo, Brasil.

El tema de esta investigación doctoral es el uso de la lectura del paisaje como herramienta educativa en el contexto del patrimonio cultural rural representado por las fincas históricas del Estado de São Paulo, Brasil. Se considera que el municipio puede educar y que el turismo y las actividades y programas educativos relacionados con el medio ambiente y el patrimonio son importantes para permitir y/o habilitar diferentes observadores, propietarios o visitantes, para hacer lecturas detalladas de los paisajes seleccionados. El objetivo de este trabajo es desarrollar un análisis comparativo de tres paisajes que pertenecen a tres sitios históricos que participan del Programa de Investigación en Políticas Públicas / FAPESP - Patrimonio Rural Paulista, a partir del contenido de las declaraciones grabadas y de los imágenes seleccionados por los contestadores, utilizándose la metodología de la historia oral. Se buscará evaluar los aspectos de la percepción de los encuestados, la descripción, la reflexión y la reconstrucción que hacen de los paisajes. Todo esto debe variar en función de las características personales y las trayectorias de vida de los encuestados, la frecuencia de contacto con la finca y la existencia de la educación y actividades turísticas en las propiedades. El marco teórico de la investigación se relaciona con el paisaje, el turismo y la educación, y su interfaz con el patrimonio cultural rural, cuyo anclaje se encuentra en Tuan, Besse, Magalhães, Barreto, Trilla, Simson, Libâneo, García y otros. Parece ser que la percepción del paisaje por los encuestados está vinculada al tiempo y la calidad de la experiencia, las actividades realizadas y los recorridos realizados en cada finca. Los elementos patrimoniales de cada finca y las actividades de educación no formal parecen contribuir de manera significativa a la reconstrucción idealizada del paisaje visitado. Se justifica la relevancia de esta investigación del paisaje como herramienta de investigación sociocultural, conectado a acciones de Turismo y Educación. Ella llamará la atención para la manera con que los propietarios y visitantes perciben las fincas históricas, su herencia cultural y sus paisajes respectivos como objetos interés turístico, experiencias de disfrute, salud, conocimiento histórico y contexto cultural.

Palabras-clave: Paisaje Educativo; Municipio y Ciudad como Educadores;

(11)

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Mapa das Regiões de Governo do Estado de São Paulo. (fonte: Instituto

Geográfico e Cartográfico - IGC – Secretaria de Planejamento. Governo do Estado de São Paulo. 2002). ... 74 Figura 2 - Mapa das Regiões de Governo do Estado de São Paulo – Localização dos

municípios de Dourado, Limeira e Mococa. (Imagem editada a partir de: Instituto Geográfico e Cartográfico - IGC – Secretaria de Planejamento. Governo do Estado de São Paulo. 2002). ... 74 Figura 3 - Mapa de localização do município de Dourado no Estado de São Paulo. Extraído de https://pt.wikipedia.org/wiki/Dourado em 21 de dezembro de 2015. ... 75 Figura 4 – Mapa de Divisão Administrativa da Região Central do Estado de São Paulo. (Imagem editada a partir de: Instituto Geográfico e Cartográfico – IGC / Secretaria de

Planejamento e Gestão. Governo do Estado de São Paulo. 2015). ... 76 Figura 5 – Imagem aérea da localização da Fazenda Bela Vista em relação ao centro

urbano do Município de Dourado. Fonte: Imagem Basemap do ArcGIS 10.3. – Escala 1: 52.000 / Embrapa Monitoramento por Satélites / 2016. ... 81 Figura 6 - Foto aérea da fazenda Bela Vista (limites da propriedade). Fonte: Imagem

Basemap do ArcGIS 10.3. – Escala 1: 12.500 / Embrapa Monitoramento por Satélites / 2016. ... 82 Figura 7 - Foto aérea da fazenda Bela Vista (sede e entorno). Fonte: Imagem Basemap do ArcGIS 10.3. – Escala 1: 3.000 / Embrapa Monitoramento por Satélites / 2016. ... 83 Figura 8 – Foto aérea da fazenda Bela Vista – Vista a partir do eixo Oeste-Leste. Autor: Essio Palone Filho/2008. ... 84 Figura 9 – Foto aérea da fazenda Bela Vista – Vista a partir do eixo Noroeste-Sudeste. Autor: Essio Palone Filho/2008. ... 84 Figura 10 – Foto da casa sede da fazenda com macacos e quatis junto à placa de

Recepção. Autor: Marcos Tognon/2008. ... 85 Figura 11 – Foto da Recepção / Restaurante da fazenda. Autor: Haroldo Palo/2012... 85 Figura 12 – Foto dos chalés (antigas casas de colonos) junto ao platô gramado principal da fazenda. Autor: Andre Graziano/2015. ... 86 Figura 13 – Foto do terreiro de café e estruturas das cocheiras, horta e demais instalações de criação de porcos, cavalos e galináceos da fazenda. Autor: Marcos Tognon/2008. ... 86 Figura 14 – Foto de pastagem e plantação de eucaliptos ao fundo, em uma das principais saídas da fazenda para as cavalgadas, junto à encosta da topografia coberta de mata (palmeiras). Autor: Andre Graziano/2015. ... 87 Figura 15 – Foto da área de criação e maternidade da fazenda, localizada entre as

cocheiras e o terreiro de café, com a presença dos cavalos. Autor: Andre Graziano/2015. . 87 Figura 16 – Foto de uma família iniciando a atividade de cavalgada pela região das

cocheiras, devidamente acompanhada pelo responsável (à frente do grupo). Andre

Graziano/2015. ... 88 Figura 17 – Foto da edificação de proteção da captação da mina d’água da fazenda com a paineira rosa (Chorisia speciosa) em plano destacado. Autor: Andre Graziano/2015. ... 89 Figura 18 - Mapa de localização do município de Limeira no Estado de São Paulo. Extraído de https://pt.wikipedia.org/wiki/Limeira em 21 de dezembro de 2015. ... 91

(12)

Figura 19 - Mapa de Divisão Administrativa da Região Central do Estado de São Paulo. (Imagem editada a partir de: Instituto Geográfico e Cartográfico – IGC / Secretaria de

Planejamento e Gestão. Governo do Estado de São Paulo. 2015). ... 92 Figura 20 – Foto aérea da fazenda Quilombo. Fonte: Imagem Basemap do ArcGIS 10.3. – Escala 1: 52.000 / Embrapa Monitoramento por Satélites / 2016. ... 96 Figura 21 - Foto aérea da fazenda Quilombo (limites da propriedade). Fonte: Imagem

Basemap do ArcGIS 10.3. – Escala 1: 12.500 / Embrapa Monitoramento por Satélites / 2016. ... 97 Figura 22 - Foto aérea da fazenda Quilombo (sede e entorno). Fonte: Imagem Basemap do ArcGIS 10.3. – Escala 1: 3.000 / Embrapa Monitoramento por Satélites / 2016. ... 98 Figura 23 – Imagem da casa sede, do terreiro de café e entorno a partir do Morro Azul. Autor: Francisco Raphael de Araújo Ribeiro/2011... 99 Figura 24 – Imagem da casa sede, do terreiro de café, com as palmeiras imperiais

(Roystonea oleracea) e com campos de cultivo ao fundo, com destaque para a plantação de laranja e de cana de açucar. Autor: Andre Graziano/2015. ... 100 Figura 25 – Imagem da cidade de Limeira a partir do patamar intermediário do Morro Azul. Autor: Andre Graziano/2015. ... 101 Figura 26 – Imagem de Mulungu (Erythrina verna) florida na base do Morro Azul, em que se destacam a parcela de mata recuperada e as torres de transmissão de sinais de rádio, TV e telefonia celular. Autor: Andre Graziano/2015. ... 102 Figura 27 – Imagem da alameda de eucaliptos do acesso principal da fazenda com os campos de feno à direita. Autor: Francisco Raphael de Araújo Ribeiro/2011. ... 103 Figura 28 – Imagem do terreiro de café com as palmeiras imperiais ao fundo. Autor: Haroldo Palo/2012. ... 103 Figura 29 – Imagem do portão de acesso ao terreiro da fazenda, com palmeiras imperiais em destaque. Autor: Andre Graziano/2015. ... 104 Figura 30 – Imagem da antiga tulha adaptada para a recepção de grupos e eventos, com arado de tração animal exposto em primeiro plano. Autor: Andre Graziano/2015. ... 105 Figura 31 – Imagem da casa sede da fazenda com o Morro Azul ao fundo. Autor: Haroldo Palo/2012. ... 106 Figura 32 – Imagem do armazém de beneficiamento de café da fazenda com o Morro Azul ao fundo. Autor Haroldo Palo/2012. ... 106 Figura 33 – Mapa de localização do município de Mococa no Estado de São Paulo. Extraído de https://pt.wikipedia.org/wiki/Mococa em 21 de dezembro de 2015. ... 108 Figura 34 - Mapa de Divisão Administrativa da Região Central do Estado de São Paulo. (Imagem editada a partir de: Instituto Geográfico e Cartográfico – IGC / Secretaria de

Planejamento e Gestão. Governo do Estado de São Paulo. 2015). ... 109 Figura 35 – Imagem aérea da localização da fazenda Santo Antônio da Água Limpa em relação ao centro urbano de Mococa. Fonte: Imagem Basemap do ArcGIS 10.3. – Escala 1: 52.000 / Embrapa Monitoramento por Satélites. ... 114 Figura 36– Imagem aérea da fazenda Santo Antônio da Água Limpa (limites da

propriedade). Fonte: Imagem Basemap do ArcGIS 10.3. – Escala 1: 12.500 / Embrapa Monitoramento por Satélites - 2016. ... 115 Figura 37– Imagem aérea da fazenda Santo Antônio da Água Limpa (sede e entorno). Fonte: Imagem Basemap do ArcGIS 10.3. – Escala 1: 3.000 / Embrapa Monitoramento por Satélites - 2016. ... 116 Figura 38 – Imagem geral da casa sede em meio à paisagem da fazenda. Autor: Andre Graziano/2015. ... 117

(13)

Figura 39 – Imagem da casa sede a partir do caminho de acesso à colônia, antes do riacho existente, destaque para o canteiro de agapantos azuis (Agapanthus africanus) destruído

pelos porcos. Autor: Andre Graziano/2015. ... 117

Figura 40 – Imagem da varanda lateral da casa sede com a presença da antiga jabuticabeira. Autor: Andre Graziano/2015. ... 118

Figura 41 – Imagem da colônia da fazenda, em que existem acomodações para hospedagem de visitantes. Autor: Andre Graziano/2015... 118

Figura 42 – Imagem de animais bebendo água no açude principal da fazenda, com destaque para o cavalo e o porco na margem do reservatório. Autor: Andre Graziano/2015. ... 119

Figura 43 – Imagem de encontros entre pessoas e animais no terreiro da fazenda, caminhando sobre o café disposto para secagem. Autor: Andre Graziano/2015. ... 119

Figura 44 – Imagem de proprietários (João e Malú) e visitantes no mirante da fazenda com a mata ao fundo. Autor: Andre Graziano/2015. ... 120

Figura 45 – Imagem do pôr do sol a partir do mirante da fazenda. Autor: Andre Graziano/2015. ... 120

Figura 46 – Imagem do açude principal da fazenda com a estrada de acesso à direita. Autor Haroldo Palo/2012. ... 121

Figura 47 – Fotomontagem a partir da lateral da casa sede da fazenda com o terreiro de café e a paisagem ao fundo. Autor: Andre Graziano/2015. ... 121

Figura 48 – Montagem apresentando os proprietários da fazenda Bela Vista: 1) Ana Marta Murgel Dias de Aguiar (Tuxa) e Pedro Luis Dias de Aguiar (Pedroca) e os quatro visitantes entrevistados: 2) Adriana M. Machado; 3) Jorge R. Aun; 4) Vera S. Luz e 5) Sylvia B. Coutinho (acompanhada por seu marido Bernard e pela sogra Vera). ... 161

Figura 49 – 1ª. Imagem mais representativa selecionada pelo Pedroca. ... 166

Figura 50 – 2ª. Imagem mais representativa selecionada pelo Pedroca. ... 167

Figura 51 – 1ª. Imagem mais representativa selecionada pela Tuxa... 175

Figura 52 – 2ª. Imagem mais representativa selecionada pela Tuxa... 176

Figura 53 – 1ª. Imagem mais representativa selecionada pela Vera. ... 182

Figura 54 – 2ª. Imagem mais representativa selecionada pela Vera. ... 183

Figura 55 – 1ª. Imagem mais representativa selecionada pelo Jorge... 188

Figura 56 – 2ª. Imagem mais representativa selecionada pelo Jorge... 189

Figura 57 – 1ª. Imagem mais representativa selecionada pela Sylvia. ... 193

Figura 58 – 2ª. Imagem mais representativa selecionada pela Sylvia. ... 194

Figura 59 – 1ª. Imagem mais representativa selecionada pela Adriana. ... 200

Figura 60 – 2ª. Imagem mais representativa selecionada pela Adriana. ... 201

Figura 61 – Montagem apresentando os proprietários da fazenda Quilombo: 1) Francisco Raphael de Araújo Ribeiro e Maria José Ferreira de Araújo Ribeiro (Zezé) e os quatro visitantes entrevistados: 2) Iolanda Fernandes da Rosa; 3) Maria Inês Boscheiro Marini; 4) Ana Carolina Xavier Fernandes e 5) Moisés de Souza. ... 214

Figura 62 – 2ª. Imagem mais representativa selecionada pelos herdeiros do Francisco. ... 219

Figura 63 – 1ª. Imagem mais representativa selecionada pelos herdeiros do Francisco. ... 220

Figura 64 – 1ª. Imagem mais representativa selecionada pela Zezé... 228

Figura 65 – 2ª. Imagem mais representativa selecionada pela Zezé... 229

Figura 66 – 1ª. Imagem mais representativa selecionada pelo Moisés. ... 233

Figura 67 – 2ª. Imagem mais representativa selecionada pelo Moisés. ... 234

Figura 68 – 1ª. Imagem mais representativa selecionada pela Iolanda. ... 237

Figura 69 – 2ª. Imagem mais representativa selecionada pela Iolanda. ... 238

(14)

Figura 71 – 2ª. Imagem mais representativa selecionada pela Ana Carolina. ... 243

Figura 72 – 1ª. Imagem mais representativa selecionada pela Maria Inês. ... 248

Figura 73 – 2ª. Imagem mais representativa selecionada pela Maria Inês. ... 249

Figura 74– Montagem apresentando os proprietários da fazenda Santo Antônio da Água Limpa: 1) João Pereira Lima Neto e Renata Alcântara Santos Pereira Lima e os cinco visitantes entrevistados: 2) Isis Garcia de Figueiredo Tostes; 3) Vitor Rolf Laubé; Gina Laubé; Lyane Laubé e Ilzo Roberto Laubé. ... 264

Figura 75 – 1ª. Imagem mais representativa selecionada pelo João. ... 273

Figura 76 – 2ª. Imagem mais representativa selecionada pelo João. ... 274

Figura 77 – 1ª. Imagem mais representativa selecionada pela Renata (Autor: Haroldo Palo/2012). ... 280

Figura 78 – 2ª. Imagem mais representativa selecionada pela Renata (Autor: Haroldo Palo/2012). ... 281

Figura 79 – 1ª. Imagem mais representativa selecionada pela Isis. ... 285

Figura 80 – 2ª. Imagem mais representativa selecionada pela Isis. ... 286

Figura 81 – 1ª. Imagem mais representativa selecionada pelo Ilzo. ... 294

Figura 82 – 2ª. Imagem mais representativa selecionada pelo Ilzo. ... 295

Figura 83 – 1ª. Imagem mais representativa selecionada pela Lyane. ... 302

Figura 84 – 2ª. Imagem mais representativa selecionada pela Lyane. ... 303

Figura 85 – 1 ª. Imagem mais representativa selecionada pela Gina. ... 308

Figura 86 – 2ª. Imagem mais representativa selecionada pela Gina. ... 309

Figura 87 – 1ª. Imagem mais representativa selecionada pelo Vitor. ... 312

Figura 88 – 2ª. Imagem mais representativa selecionada pelo Vitor. ... 313

Figura 89 – Tábua de Imagens / Fazenda Bela Vista. ... 315

Figura 90 – Tábua de Imagens / Fazenda Quilombo. ... 316

Figura 91 – Tábua de Imagens / Fazenda Santo Antônio da Água Limpa. ... 317

Figura 92 – Tábua de Imagens / Selecionadas – Fazenda Bela Vista... 320

Figura 93 – Tábua de Imagens / Selecionadas – Quilombo ... 320

Figura 94 – Tábua de Imagens / Selecionadas – Fazenda Santo Antônio da Água Limpa. 320 Figura 95 – Tábua de Imagens / Compêndio: Bela Vista. ... 391

Figura 96 – Tábua de Imagens / Compêndio: Quilombo. ... 391

Figura 97 – Tábua de Imagens / Compêndio: Santo Antônio da Água Limpa. ... 391

(15)

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Relação entre os Participantes entrevistados (por fazendas) e os Temas

fichados. ... 138 Tabela 2 – Temas Unificados, categorias (Temas Livres) e número de temas livres

mencionados por proprietários e visitantes em relação aos números totais. ... 139 Tabela 3 – Tema Paisagem, categorias (temas livres) e número de menções nos

depoimentos. ... 140 Tabela 4 – Tema Natureza, categorias (temas livres) e número de menções nos

depoimentos. ... 141 Tabela 5 – Tema Agricultura, categorias (temas livres) e número de menções nos

depoimentos. ... 142 Tabela 6 – Tema História / Patrimônio, categorias (temas livres) e número de menções nos depoimentos. ... 143 Tabela 7 – Tema Turismo / Recepção, categorias (temas livres) e número de menções nos depoimentos. ... 144 Tabela 8 – Tema Educação, categorias (temas livres) e número de menções nos

depoimentos. ... 146 Tabela 9 – Tema Informações Pessoais, categorias (temas livres) e número de menções nos depoimentos. ... 147 Tabela 10 – Relação entre os Participantes entrevistados (Bela Vista) e os Temas fichados. ... 149 Tabela 11 – Temas Unificados, categorias (Temas Livres) e número de temas livres

mencionados por proprietários e visitantes da fazenda Bela Vista. ... 150 Tabela 12 – Tema Paisagem, categorias (temas livres) e número de menções nos

depoimentos. ... 150 Tabela 13 – Tema Natureza, categorias (temas livres) e número de menções nos

depoimentos. ... 151 Tabela 14 – Tema Agricultura, categorias (temas livres) e número de menções nos

depoimentos. ... 153 Tabela 15 – Tema História / Patrimônio, categorias (temas livres) e número de menções nos depoimentos. ... 154 Tabela 16 – Tema Turismo / Recepção, categorias (temas livres) e número de menções nos depoimentos. ... 156 Tabela 17 – Tema Educação, categorias (temas livres) e número de menções nos

depoimentos. ... 158 Tabela 18 – Tema Informações Pessoais categorias (temas livres) e número de menções nos depoimentos. ... 160 Tabela 19 - Relação entre os Participantes entrevistados (Quilombo) e os Temas fichados. ... 202 Tabela 20 - Temas Unificados, categorias (Temas Livres) e número de temas livres

mencionados por proprietários e visitantes da fazenda Quilombo... 203 Tabela 21 – Tema Paisagem, categorias (temas livres) e número de menções nos

depoimentos. ... 203 Tabela 22 – Tema Natureza, categorias (temas livres) e número de menções nos

(16)

Tabela 23 – Tema Agricultura, categorias (temas livres) e número de menções nos

depoimentos. ... 205 Tabela 24 – Tema História / Patrimônio, categorias (temas livres) e número de menções nos depoimentos. ... 207 Tabela 25 – Tema Turismo / Recepção, categorias (temas livres) e número de menções nos depoimentos. ... 209 Tabela 26 – Tema Educação, categorias (temas livres) e número de menções nos

depoimentos. ... 211 Tabela 27– Tema Informações Pessoais, categorias (temas livres) e número de menções nos depoimentos. ... 213 Tabela 28 – Relação entre os Participantes entrevistados (Santo Antônio Água Limpa) e os Temas fichados. ... 250 Tabela 29 – Temas Unificados, categorias (Temas Livres) e número de temas livres

mencionados por proprietários e por visitantes da fazenda Santo Antônio da Água Limpa. ... 251 Tabela 30 – Tema Paisagem, categorias (temas livres) e número de menções nos

depoimentos. ... 252 Tabela 31 – Tema Natureza, categorias (temas livres) e número de menções nos

depoimentos. ... 253 Tabela 32 – Tema Agricultura, categorias (temas livres) e número de menções nos

depoimentos. ... 255 Tabela 33 – Tema História / Patrimônio, categorias (temas livres) e número de menções nos depoimentos. ... 257 Tabela 34 – Tema Turismo / Recepção, categorias (temas livres) e número de menções nos depoimentos. ... 259 Tabela 35 – Tema Educação, categorias (temas livres) e número de menções nos

depoimentos. ... 261 Tabela 36 – Tema Informações Pessoais, categorias (temas livres) e número de menções nos depoimentos. ... 263 Tabela 37 – Tabela com os resultados da eleição das três imagens mais representativas das fazendas estudadas a partir da Tábuas de Imagens / Fazendas. ... 318

(17)

Sumário

AGRADECIMENTO ... 5 RESUMO ... 7 ABSTRACT ... 8 RESUMEN ... 9 LISTA DE ILUSTRAÇÕES ... 10 LISTA DE TABELAS ... 14 CONSIDERAÇÕES INTRODUTÓRIAS ... 19

VIAJAR POR PRAZER... 20

DIÁRIOS ESSENCIAIS x CADERNOS FUNDAMENTAIS ... 26

Diários ... 26

Cadernos ... 32

FAZENDAS HISTÓRICAS PAULISTAS ... 38

APRESENTAÇÃO DAS HIPÓTESES INICIAIS ... 43

A JORNADA DA PAISAGEM PELO PATRIMÔNIO CULTURAL RURAL PAULISTA ... 46

Patrimônio Imaterial e História Oral ... 46

As Fazendas Históricas selecionadas para a Pesquisa ... 51

O Grand Tour Paulista ... 54

As Paisagens Educativas ... 66

MATERIAL E MÉTODOS ... 69

OBJETIVOS ... 69

EQUIPAMENTOS E PROGRAMAS ... 70

CARACTERIZAÇÃO DAS FAZENDAS HISTÓRICAS ... 71

Fazenda Bela Vista ... 75

Fazenda Quilombo ... 91

Fazenda Santo Antônio da Água Limpa ... 108

MÉTODOS DE TRABALHO ... 123

Seleção dos Estudos de Caso – As Fazendas Históricas ... 123

História Oral e Registros Fotográficos ... 125

Temas Selecionados por Estudo de Caso ... 129

Imagens Selecionadas... 131

Conceitos Teóricos de Orientação ... 134

(18)

TEMAS E IMAGENS SELECIONADOS ... 137

TEMAS ... 137

FAZENDA BELA VISTA ... 149

Proprietários ... 161

Visitantes ... 177

FAZENDA QUILOMBO ... 202

Proprietários ... 214

Visitantes ... 230

FAZENDA SANTO ANTÔNIO DA ÁGUA LIMPA ... 250

Proprietários ... 264

Visitantes ... 282

IMAGENS SELECIONADAS ... 314

DISCUSSÃO E ANÁLISE COMPARATIVA ... 321

DISCUSSÃO ... 322 Hipótese 1 ... 322 Hipótese 2 ... 330 Hipótese 3 ... 338 Hipótese 4 ... 348 Hipótese 5 ... 355 ANÁLISE COMPARATIVA ... 359 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 373 CONTRIBUIÇÕES DA PESQUISA... 378 REFERÊNCIAS ... 380 APÊNDICES ... 391

(19)

CONSIDERAÇÕES INTRODUTÓRIAS

A paisagem como um acontecimento de formação pessoal começou a ser percebida de forma mais sistematizada a partir do final do século XVII e início do século XVIII, momento histórico em que surge, na Inglaterra, um movimento turístico cuja intenção era promover engrandecimento cultural aos jovens ricos da sociedade, mediante a imersão e o estudo das civilizações antigas, em especial a romana, através de percursos ainda rudimentares pela Europa. Tais movimentos engendraram rotas turísticas que mais tarde se estabeleceram em definitivo no Velho Continente, mantendo este aspecto de valorização da experiência pessoal através do contato com a natureza, a cultura e os demais componentes e dificuldades que estavam envolvidos nos deslocamentos até Roma, o epílogo destas grandes rotas.

A trajetória pessoal do autor desta pesquisa passa, inadvertidamente, por situações muito próximas com as que acometeram tantos viajantes iluministas. Por este motivo, ela está parcialmente apresentada a seguir em forma de diários essenciais e cadernos fundamentais, pois configurou parte da sua formação como profissional. Nestes momentos de distanciamento, de dificuldades e imersão em culturas e paisagens desconhecidas, muitos valores e atitudes são revistos e reafirmados, permitindo que o sistema de crenças do indivíduo seja reformulado. No Brasil, o turismo cultural, sobretudo as atividades relacionadas com as fazendas históricas paulistas, possui semelhança com os movimentos europeus do século XVIII, no sentido de permitir experiências de imersão, de contato com a natureza e com paisagens consideradas inacessíveis aos moradores de centros urbanos.

Defende-se como hipótese na pesquisa, que a paisagem possui a capacidade de educar pessoas, seja de maneira informal, a partir de sua simples percepção, ou de forma mais intencional, em que exista um fator complementar que permita que ela seja educativamente consolidada, como pode ocorrer nas atividades e programas de educação patrimonial das fazendas históricas selecionadas como estudos de caso da pesquisa. Em busca da percepção do Patrimônio Cultural Rural Paulista, por parte de moradores e visitantes destas propriedades, se desenhou este trabalho, procurando apresentar a leitura de paisagens como uma importante ferramenta de leitura sociocultural a ser utilizada em ações educativas.

(20)

VIAJAR POR PRAZER

Com forte conexão com as modificações econômicas e culturais europeias advindas de uma compreensão de mundo influenciada pelo Iluminismo e pela Revolução Industrial, fenômenos que transformaram a realidade do século XVIII, surge um novo tipo de viajante nas sociedades mais abastadas do continente. Não se trata mais de um peregrino, um missionário, um diplomata, um naturalista ou um membro de expedições militares, mas sim de um viajante disposto de recursos e de tempo para viajar por prazer e, sobretudo, por amor à cultura. Deu-se o nome de

grand tourist1, a esse sujeito munido de interesses e valores estéticos específicos, amante de monumentos antigos e de ruínas de edificações romanas, e com um interesse especial por contemplar paisagens “sublimes”.

Mesmo sendo um movimento iniciado no final do século XVII, o Grand Tour2 passou a ser um movimento estabelecido e frequente, sobretudo em países como a Inglaterra, a Alemanha e a França, após a formalização do Tratado de Paz de Utrecht em 1715. Tratava-se de um movimento que visava complementar a educação dos membros jovens e ricos destas sociedades, costume que visava permitir aos viajantes entrar em contato com culturas, edificações e paisagens distintas de seus locais de origem.

Existem algumas particularidades destes viajantes, eles não viajavam de trem ou de barcos a vapor (ainda pouco desenvolvidos em tecnologia), sendo característico deste movimento vencer percursos bastante acidentados, passagens em montanhas íngremes, e deslocamentos em embarcações à vela de extrema incerteza. Por serem pessoas com recursos financeiros, raramente viajavam a pé por longos períodos, sendo comumente transportados em liteiras, cavalos ou mulas. Cabe ressaltar que em nenhum dos casos a viagem era fácil, dadas às condições das estradas e passagens que eram utilizadas, bem como a necessidade de se trocar os animais de carga, de passeio e os membros das comitivas, que variavam de guias locais a transportadores de objetos ou pessoas, sendo fundamental existirem paradas para descanso e reabastecimento.

1

Denominação dada ao sujeito que realizava alguma das rotas de Grand Tour pela Europa.

2

Denominação dada às viagens realizadas por jovens de classes altas das sociedades inglesas, francesas e alemãs, principalmente, até a Itália e a Grécia e, posteriormente, a outros destinos pela Europa. O costume floresceu desde o século XVII até meados do século XIX, quando os trens e navios a vapor passaram a ser empregados como transporte em grande escala.

(21)

Tais necessidades foram estabelecendo rotas de viagens, que com o passar do tempo estruturaram de forma mais conveniente e organizada os deslocamentos de viajantes, ficando mais frequentes e mais acessíveis também a outros membros das sociedades, ainda das classes mais abastadas, porém não mais exclusivamente vinculadas à aristocracia ou à nobreza, como inicialmente acontecia. A recompensa por tantos sacríficos enfrentados nas viagens era a possibilidade de presenciar o que somente “se ouvia dizer”, estar em contato direto com os monumentos, ruínas e paisagens, em especial das situações e localidades que os primeiros viajantes relatavam da Itália. Samuel Johnson destacou: “Sir, a man who has not been to Italy

is always conscious of an inferiority, from his not having seen what it is expected a man should see.”3. Inicialmente, o principal fluxo de viajantes teve origem na Inglaterra e as rotas mais costumeiras passavam pela França e pela Suíça, com o objetivo final de chegar a Itália, sobretudo atingindo Roma, considerada o epicentro destas viagens culturais, mas também com grande interesse em Nápoles, Florença e Veneza. Tais viagens merecem destaque pela enorme contribuição que legaram à diversos ramos de estudos históricos e culturais, até então inexistentes ou pouco explorados.

Valéria Salgueiro destaca que

No culto ao antigo característico do século XVIII a viagem desempenhou um papel muito importante no reconhecimento, assim como na descrição e representação visual de monumentos. Pode-se dizer que foi com os Grand Tours que se iniciaram os estudos sistemáticos da ainda embrionária ciência da arqueologia e as primeiras teorizações modernas sobre conservação/preservação de monumentos históricos, questão que tem atraído tantos debates desde Ruskin e Violet-le-Duc. Sob o olhar de viajantes que viam no estudo dos antigos o sentido maior de sua viagem, monumentos puderam ser localizados, identificados e estudados, para serem por fim tornados conhecidos do público em obras ilustradas e pioneiras de arqueologia e de história da arte e da arquitetura4.

3 Tradução livre da frase: “Senhor, o homem que não tenha ido a Itália está sempre consciente de sua

inferioridade, pois ele não terá visto ainda o que se espera que um homem veja.” (BOSWELL, 1963, p. p.61)

4

(22)

Percebem-se inúmeros desdobramentos deste movimento turístico, sobretudo nos países de origem, pois os viajantes, que retornavam com novos conhecimentos adquiridos em relação à história e a arte dos antigos, gozavam de grande prestígio social, sobretudo na Inglaterra. Dessa forma, foram fundadas sociedades especializadas em assuntos relacionados à antiguidades, como a Society of

Dilettanti5 em 1734, que possuía como principais atividades: debater, promover o

estudo e a publicação de material relativo às grandes civilizações do passado, sobretudo a romana e a grega, chegando mesmo a destinar recursos e bolsas de pesquisa para àqueles com interesse e capacidade de ampliar a informação existente sobre seus inúmeros aspectos culturais, artísticos, arqueológicos e arquitetônicos.

Percebe-se uma necessidade de sistematização de informações relativas às viagens, que muitas vezes se traduzia em um diário detalhado de acontecimentos, que podia contar com ilustrações feitas pelo viajante ou mesmo por terceiros. Alguns destes diários foram publicados na Europa e tornaram-se grandes referências para

grand tourists posteriores. Caso dos diários de Richard Lassels, John Evelyn and

Joseph Addison publicados entre 1650 e 1705 bem como dos relatos de Johann W. von Goethe, Thomas Smollett e Richard Payne Knight publicados após meados do século XVIII. As publicações inicialmente buscavam se constituir em relatos fiéis das viagens, a partir das impressões de cada autor em relação aos locais visitados, as dificuldades e ocorrências enfrentadas, os monumentos e paisagens descritos em detalhes, inaugurando uma nova utilização de termos e adjetivos para classificar tais situações.

Com o tempo, os viajantes passaram a editar posteriormente os diários, tornando-os mais sofisticados, acrescentando notas, ilustrações, fatos históricos e passagens literárias de outros autores como referências e observações, criando cenários verdadeiramente elaborados para dar ainda mais destaque à viagem realizada, e assim alcançavam grande notoriedade social. Salgueiro aponta que

5 Fundada em 1730, a “The Society of Dilettanti” constituía-se de um grupo de homens que haviam

realizado o Grand Tour até a Itália e que continuavam a compartilhar e edificar conhecimento sobre suas experiências. O termo Diletantti deriva do latim 'dilettare' que significa “ter prazer com”. Por volta do final do século XIVIII, a sociedade foi a mais prestigiada entidade de estudo das antiguidades clássicas. Recolhido em http://www.regencyhistory.net/2014/04/the-society-of-dilettanti.html.

(23)

Joseph Addison, procurou observar a Itália através dos olhos dos antigos poetas latinos, como Horácio, conforme ele mesmo afirma em seu livro de viagem Remarks on the Several Parts of Italy6 (1705). Exibir conhecimento e familiaridade com a arte, a arquitetura e a literatura clássicas concedia tal prestígio intelectual ao viajante que Richard Payne Knight, no diário de sua viagem à Sicília, utilizou-se de expressões em latim e de textos de Homero e Virgílio em suas observações e descrições de templos, da paisagem e de portos por ele visitados.7

As publicações das sociedades especializadas em antiguidades e periódicos ingleses editavam com frequência trabalhos, resenhas e pesquisas sobre topografia, história, arquitetura e artes das civilizações antigas, evidenciando o respaldo social que passaram a ter, além de dar legitimidade às informações publicadas, chegando mesmo a servir como justificativas para muitos dos saques de monumentos que estes países promoveram nos locais de origem de monumentos clássicos. Os

Mármores de Elgin8 são atualmente parte do acervo do Museu Britânico, em Londres, assim como ocorreu, posteriormente, com os Portões de Ishtar9 no Museu Pergamon, em Berlim.

Os viajantes, cujo objetivo residia em ampliar seus conhecimentos e horizontes culturais, sistematizavam a informação proveniente de suas experiências de acordo com seu próprio prazer intelectual, reconstruindo aspectos históricos e culturais, permitindo que outros interessados, profissionais ou curiosos, pudessem utilizar seus relatos e publicações como fonte de educação específica. Tais publicações não estavam destinadas a simplesmente dar visibilidade à viagem, mas, sobretudo para permitir que esta pudesse ser conhecida e estudada como uma fonte real de conhecimentos.

6“Notas sobre diversas partes da Itália” em tradução livre do autor

.

7

(SALGUEIRO, 2002, p. 301).

8

Os mármores do Parthenon, removidos em 1806 pelo embaixador britânico Thomas Bruce (Lorde Elgin), com aval do Império Otomano, constituem uma grande coleção de esculturas em mármore que adornavam o templo de Atena, na Acrópole de Athenas.

9

Originalmente considerados uma das sete maravilhas do mundo antigo, posteriormente substituídos pelo Farol de Alexandria, os Portões de Ishtar foram construídos por Nabucodonosor II na face norte da cidade da Babilônia em 575 a.C. De beleza única, é constituído de azulejos azuis e esculturas e baixos relevos em tons dourados de dragões, leões e outros animais.

(24)

Como todas as produções humanas que alcançam notoriedade, sobretudo com valor financeiro agregado, é inerente a estes processos o aparecimento de um grande número de embustes e falsificações, que se utilizavam de artistas e falsificadores para inundar a sociedade de produtos ilegítimos. Em virtude destes fenômenos, os verdadeiros grand tourists, que gozavam de prestígio e conhecimento técnico, foram valorizados ainda mais nas suas sociedades, assumindo também o papel de curadores e de especialistas em determinados assuntos, legitimando produtos, exposições e dando pareceres técnicos sobre antiguidades, monumentos arquitetônicos e diversos tipos de produções artísticas. Uma vez que o estudo das civilizações antigas denotava um encadeamento lógico de evolução social, não como uma simples sucessão cronológica de acontecimentos, as capacidades de análise dos especialistas eram primordiais para dar veracidade à informação proveniente de territórios romanos e gregos, por exemplo. Destacou-se o papel de comerciantes de arte e de embaixadores, principalmente ingleses, como Sir William Hamilton em Nápoles e Joseph Smith em Veneza que além de grandes colecionadores de arte locais, tinham interesse e prazer em recepcionar os viajantes.

Dentro da arte de paisagem, a veduta10significou um desenvolvimento relacionado a certas necessidades de representação colocadas pelos viajantes europeus à Italia, os quais desde o final do século 17 estavam à procura de uma experiência de representação do país. Os viajantes não desejavam apenas belas imagens, mas também vistas que fossem lembranças visuais de fato real, isto é, que funcionassem também como registros topográficos. Ainda que a projeção da fantasia pudesse estar presente, turistas queriam levar para casa, ao retornarem, imagens que pudessem documentar, para si e para seus amigos e parentes, sua estada em um determinado local; que fossem registros de memória.11

Destacam-se na produção de vistas da cidade (vedutas), diversos artistas locais como Canaletto, Piranesi e Pannini, que inauguram uma nova forma de produção artística, a representação das cidades para consumo dos viajantes. Como eles surgem também os retratistas, que se especializam em representar os viajantes em locais específicos, como provas de sua estada em determinadas cidades e ambientes. Para os artistas italianos, os Grand Tours representaram uma fonte alternativa e lucrativa de sobrevivência e desenvolvimento pessoal.

10 Representações artísticas de panoramas ou perspectivas, “vistas”, de uma cidade ou território. 11

(25)

Com o passar do tempo e a maior frequência de viajantes, estruturou-se o turismo em boa parte das rotas de passagem e a sua infraestrutura foi sendo ampliada, passando a ser organizada por especialistas, que eram responsáveis por prover guias específicos, suprimentos, hospedagem, mapas, segurança entre tantos outros itens que atualmente fazem do turismo europeu um mercado profissional tão forte e utilizado, referência para os demais países. Nota-se que, as rotas de Grand

Tour não ficaram restritas à Itália e a Grécia, como ocorria originalmente, tendo sido

alargadas a locais mais distantes que possuíssem atrações culturais, artísticas ou arquitetônicas.

Em muitos casos, também foram criados roteiros clássicos12 cobrindo sítios arqueológicos nos próprios países de origem, como na Inglaterra, na França e na Alemanha, além de roteiros menores até os Países Baixos, por exemplo. Tais roteiros permitiam que mais pessoas tivessem contato com as obras de povos antigos sem que a viagem fosse tão dispendiosa, longa e desgastante, e auxiliando no desenvolvimento do sistema de turismo de uma forma bastante abrangente, ampliando o número de viajantes que buscavam prazer e conhecimentos voltados à arquitetura, à arte, à paisagem e a outras manifestações culturais então em evidência na Europa.

Tais viagens, realizadas antes do advento das locomotivas e barcos a vapor, desempenharam um papel significativo na observação da paisagem, não somente das paisagens dos locais de destino dos viajantes, mas ao longo de todo o percurso, uma vez que este era realizado em baixa velocidade, a pé ou em animais como cavalos e mulas, o que permitia experienciar emoções e sentimentos que posteriormente iriam ser registrados em seus diários e anotações.

Na velocidade que a técnica lhe permitia, o grand tourist, ao contrário, dispunha da chance de ver lentamente e admirar-se com alturas nunca antes experimentadas em sua paisagem nativa. Também os sons e o silêncio absoluto eram percebidos em sua forma “limpa”, ainda sem a interferência ruidosa da locomotiva e o trabalho incessante da máquina para encurtar as distâncias – exigências da modernidade.13

12

Cidades que possuíam resquícios de construções romanas, como Bath e Chester na Inglaterra, Paris na França, Trier e Colônia na Alemanha passaram a ser destinos de viagens mais curtas que cumpriam, de forma simplificada, a experiência dos Grand Tours oficiais. (BARBOSA, 2002), (AYRES, 1997) e (MACHADO, 2013).

13

(26)

Tais situações ensejaram a criação e/ou a associação de termos novos à percepção da paisagem, tais como “imenso”, “infinito”, “interminável”, “grandioso” que até então não haviam sido utilizados para descrever a topografia ou os ambientes rurais de seus países de origem. Nasce o que se configurou chamar posteriormente de “estética do sublime”, de grande valorização à época e que mais tarde influenciou os artistas pictóricos ingleses, especialistas em retratar em telas de grandes proporções, diversos fenômenos climáticos que antes foram se tornando cada vez mais frequentes e notáveis nas passagens dos Alpes e de outros pontos de difícil travessia que compunham as rotas originais dos primeiros Grand Tours.

DIÁRIOS ESSENCIAIS x CADERNOS FUNDAMENTAIS

Diários

Era 04 de julho de 1994 e o Brasil havia derrotado a seleção estadunidense pelas oitavas de final da Copa do Mundo, num jogo denso e desgastante que em nada lembrava a nossa alegria de jogar futebol. Fazia três meses que eu viajava sozinho pela Europa, sem mapas, sem telefone ou internet (que ainda engatinhavam em existência global), com muitas memórias, quase nada de dinheiro no bolso e com a cabeça cheia de sonhos. Feliz como nunca!

Após o jogo, algumas músicas de rock nacional povoavam minha cabeça, “inútil” do Ultraje a Rigor, em especial, pois pensava se a seleção canarinho deveria jogar futebol à moda europeia para ganhar a Copa do Mundo. Afinal, valeria a pena ganhar uma copa jogando feio, metodicamente, sem alegria? Principalmente na visão de um garoto que havia aprendido a amar o jogo ainda cedo, quando neste havia espetáculo, mas nem sempre vitórias. Ou seria simplesmente a saudade de casa, acrescentando nostalgia, mesmo aos pensamentos mais despretensiosos?

Ocorre, hoje percebo, que essa dúvida esportiva ajudou a determinar a minha escolha profissional. Assumi a busca da beleza como primordial, independentemente do resultado final que esta traria, caso a caso, acreditando que o que nos configura como indivíduos não deve ser esquecido para que objetivos

(27)

sejam atingidos. Cumpriria ao objetivo orientar, sem que, entretanto, a presença de nossa história consolidada fosse abandonada, mas reconstruída dentro de uma nova abordagem conceitual. Não havia dúvida: que um novo título mundial de futebol demorasse mais, mas que viesse com graça!

Ao me perguntar sobre em que momento me decidi pela arquitetura, não sei se fujo de minha memória ou se a encontro ainda mais viva, deparando-me com o enorme vão central no teto do Panteão de Roma, que acabou com minhas poucas dúvidas. Chovia, mas a água não atingia o piso do salão interno, ao contrário, vinha como névoa e trazia uma elegância inexplicável a todo aquele espaço. Roma exerceu em minha consciência um papel tão forte que moldou boa parte de minhas vontades futuras, sobretudo na busca por ambientes de beleza como forma de educação, como exemplo de função urbana. Vi-me arquiteto e paisagista, antes mesmo de ingressar na faculdade de arquitetura.

Em Roma, outra preocupação me assolava: de onde vinha e para onde iria tanta água que jorrava de suas fontes públicas? Angustiava-me o fato de não se “fechar a torneira” evitando o desperdício, provavelmente fruto de minha criação, que sempre nos trazia à mente uma responsabilidade com o mundo que vivemos. Quando pequenos na chácara em Jaboticabal, convivíamos com exemplos de sustentabilidade sem sequer saber do que o conceito tratava, tínhamos duas lixeiras em casa, a das galinhas e a da rua, quando se limpava ou aspirava a piscina, a água esgotada regava o pomar e lavava os cachorros, se plantavam e se colhiam os frutos da terra. Tais aspectos moldaram minha forma de ver o mundo e muito provavelmente influenciaram minhas escolhas profissionais muito mais do que sou capaz de perceber.

Ao mesmo tempo, naquela cidade eterna, vi feita de pedras pretas e brancas, a flor artificial mais linda em que havia posto os olhos, era o chão de uma praça, feita por um gênio, e que unia prédios de forma tão elegante que a arquitetura me capturou em definitivo, desde que pudesse fazer coisas como aquela. Tratava-se do

Campidoglio14 e suas linhas negras me mostraram que nem tudo que é duro é pesado. Como Niemeyer depois nos permitiria saber, que o concreto poderia ser tão

14

A Piazza del Campidoglio em Roma foi projetada e executada por Michelangelo e desde então é considerada uma das mais significativas contribuições feitas na história do planejamento urbano. (TRACHTENBERG; HYMAN, 1986).

(28)

leve quanto velas de jangadas nordestinas. Havia sempre uma beleza em subverter a lógica e essa busca foi sempre uma das minhas paixões, a partir daquele ano de 1994, quando Romário desconstruía Parreira.

Do amor à arquitetura, a paisagem uniu a infância com a vontade de um futuro, com atributos e deveres profissionais, onde a busca de conhecimento permitia manter-me estudando o reino vegetal e suas infindáveis interações e inter-relações, mais que isso, suas relações com o engenho humano e suas formas de atuação nos ambientes naturais. Redescobri que a emoção espacial sentida no Panteão já a havia sentido aos doze anos junto ao Jequitibá de Vassununga em Santa Rita do Passa Quatro e que voltaria a sentir, tantas outras vezes, em contato com parques naturais, com jardins, com a arquitetura e com a arte, entre tantas manifestações de beleza notáveis.

Ao voltar ao Brasil poucos dias depois, adulto e decidido, prestei o vestibular e ingressei na faculdade de arquitetura, para descobrir que sonhar faz bem, mas o trabalho que desses sonhos advém é imenso e constante, em especial num país em que a beleza ainda é restrita a poucas pessoas, frente à enorme disparidade social e financeira de nossa nação, e que nossas cidades e roças ainda clamam por respeito e entendimento, para que todos possam, de fato, desfrutar do potencial que os espaços urbanos e rurais nos possibilitam, fazendo destes uma escola sem limites, onde a beleza, a correção e a responsabilidade imperem e estejam a serviço de todos, irrestritamente.

Meu diário pessoal começou assim: em 12 de abril de 1976 nasci em Piracicaba, às 09 horas e 50 minutos, no Hospital dos Fornecedores de Cana. Era então ano do Dragão na China, e eu recebia Áries por signo regente, com Gêmeos de ascendente. Nunca dei muita importância para tais coisas, mas com o tempo a vida me deixou mais inclinado a pensar nos mistérios que rondam nossa existência, por isso, que fiquem aqui registrados tais fatos normalmente alheios à Academia.

Com meses de vida nos mudamos para Jaboticabal, por ser filho de pais agrônomos e jovens professores do curso de agronomia da UNESP. Foi nessa pequena cidade do interior paulista que crescemos, meus irmãos nascidos ali (Daniel e Tiago) e eu. Na altura de meus quatro anos, mudamos para a Chácara

(29)

Pacha Mamma, que ficava muito próxima da Universidade, quase na zona rural da

cidade, no bairro da Aparecida, que contava com recentes áreas de expansão imobiliária, em direção ao novo bairro: Recreio dos Bandeirantes. Meus primeiros amigos por afinidade nasceram na Aparecida, pois não eram filhos de outros professores, mas vizinhos de rua com quem passava os dias a brincar e explorar o território local. Alguns, os mais próximos, são grandes amigos até hoje. Passávamos o dia em ambientes naturais, fosse na própria chácara ou no entorno do bairro, ainda rural, onde podíamos aproveitar das inúmeras descobertas, mesmo que nossa “amplitude de voo” fosse restrita.

Com oito anos mudamos para São Paulo, fato que gerou uma mudança em nossas vidas. Agora estudávamos em escola pública, cada um dos irmãos em um horário, dentro dos três turnos municipais de ensino. Ia a pé para a escola, aprendendo a caminhar pelas infindáveis ladeiras do bairro da Aclimação. Passávamos os dias fora de casa, brincando na rua. Aos finais de semana, desfrutávamos de coisas inexistentes no interior, como videogames e shopping centers (com suas portas automáticas e escadas rolantes), além de um sem número de novidades da capital, como parques urbanos e temáticos (Ibirapuera, Playcenter, Zoológico, por exemplo).

Nossas férias eram passadas na praia, sobretudo na pequena e histórica Cananéia, ou no rancho de pescaria às margens do Rio Paraná próximo a Presidente Epitácio. O contato com a natureza sempre foi constante e as atividades lúdicas estavam a ela associadas. Assim descobrimos o mar, o mangue e as margens de grandes rios muito precocemente, com seus riscos e alegrias, o que nos dava muita confiança para a inventividade e para as brincadeiras mais ousadas, apesar da pouca idade. Nessas aventuras, além de rochas, água e terra, sempre figuravam as plantas e os animais desses ambientes, com os quais travávamos batalhas de morte, ao mesmo tempo em que aprendemos a observá-los, criá-los e a respeitá-los.

Aos dez anos, retornamos a Jaboticabal. Acredito que nessa época comecei a desenhar mais frequentemente, ao menos com intenção de retratar o mundo que me atraía: as plantas principalmente. Lembro-me de ficar desenhando as orquídeas da coleção de meus pais, flores fascinantes cujas cores e os perfumes me encantavam.

(30)

Coletava de tudo na chácara para presentear a minha mãe, e enroscava as flores e muito mato em seu cabelo, à moda dos índios, para vê-la ainda mais linda. Nessa época, os adultos viam meus rabiscos e comentavam: “esse moleque desenha bem, certamente vai ser arquiteto”. Nem imaginava o que seria esse tal arquiteto, e aparentemente ninguém nunca se atentou para o quê eu desenhava, talvez somente para como eu o fazia. Eu desenhava a abundância natural que possuíamos em casa, com cores e formas, e talvez principiasse a querer descobrir o que mais podia encontrar, para desenhar, em outros locais.

Em 1990, com quatorze anos, mudamos para Araras. A adolescência alcançava espaços maiores. A vida era distinta, nossos pais passavam a semana em outras cidades, nos encontrávamos aos finais de semana, e havia sempre alguém a cuidar de nós, a Dinah, nossa avó Marion e um bom número de empregadas domésticas que passaram por nossa casa, ao longo de quatro anos. Esse estilo de vida demandava bastante atenção e muita responsabilidade de ambas as partes, pais e filhos, pois as grandes decisões eram tomadas por eles, enquanto as decisões cotidianas ficavam por nossa conta.

A principal obrigação era estudar, em seguida, não causar grandes “distúrbios sociais”, e obedecer aos tios e amigos que se revezavam a nos orientar durante os períodos que nossos pais não estavam conosco. Sempre cumprimos nossas tarefas e jamais tivemos grandes dificuldades na escola. Também continuava a me aplicar nos esportes, hábito familiar de muitos anos. Foi nestas atividades coletivas que comecei a perceber as sutilezas de comportamento nas pessoas com quem convivia, sobretudo através do futebol.

Nos esportes aprende-se o valor da derrota e, com sorte, o da vitória, que não é comum a todos, mas que abranda a alma e enriquece os laços de amizade. Não tenho dúvidas de que os grandes amigos que reconheci na puberdade são frutos do esporte, não por praticar em conjunto, mas pela forma de se portar diante dos outros. Com eles iniciei o hábito de viajar pelo país buscando lugares remotos para acampar e apreciar as descobertas da juventude. Íamos sozinhos, com aval dos pais, e sempre retornamos bem e com as cabeças cada vez mais cheias de sonhos. Nessa época também participava de um grupo de artistas de pintura contemporânea

(31)

da cidade, a vida era repleta de diversidade e animação, porém com grandes responsabilidades.

Finalizado o colegial aos dezessete anos, recebi de meus pais uma proposta de viagem (em virtude da pouca idade para ingressar na faculdade), a ser feita sozinho, para desfrutar por três meses das paisagens da Europa, devendo voltar para prestar o vestibular ao final do ano de 1994. Aceitei de pronto, fascinado, jamais pensei nos riscos e nas dificuldades envolvidos e passei a me organizar para viajar o quanto antes, eu, um mapa das linhas de trem e uma mochila enorme nas costas. Tendo início em Londres para um curso de inglês, com dezoito anos recém-celebrados na Inglaterra, fui para Calais na França, atravessando o Canal da Mancha com destino a Paris. A passagem de volta estava comprada para 08 de julho a partir de Roma, destino final de minha viagem. Sem saber, tornava-me um

grand tourist, seguindo a rota mais tradicional desse movimento, depois de haver

percorrido tantos locais em território brasileiro.

De Paris, o itinerário foi sendo definido de acordo com o vento, sem grandes regras, mas utilizando a memória e um passe de trem válido por trinta dias. Percorri os países baixos, a Suíça, parte da Europa Central, Portugal e Espanha, para então chegar ao sul da França. Atravessando os Alpes pelos caminhos ao redor do lago de Como, cheguei à Itália. Visitei as cidades de Bellagio, Milão e Torino. Passei por Veneza, que flutuava, e me lembrei dos livros do Calvino. Passei a sonhar com obras e idéias que me pareciam incríveis. Em Florença, o Davi e os quadros de Botticelli me encheram a alma, mas foi em Roma, no fim da viagem, que me decidi pela Arquitetura, e assim, com a mente resolvida, tracei meus planos ao voltar ao Brasil.

Naquele ano de 1994, Ayrton Senna havia falecido em um trágico acidente em Imola, a seleção havia ganhado a copa do mundo de futebol com muitas dificuldades e sem grandes espetáculos, culminando com uma disputa por pênaltis contra a Itália, ao meio dia, nos Estados Unidos. Tudo me parecia absurdo! E era. Após o retorno ao Brasil e de um rápido, porém grande esforço de estudos, ingressei na Faculdade Arquitetura e iniciei o curso em 1995. Eu já sabia que o mundo era imenso, cheio de maravilhas e de dificuldades e não podia perder mais tempo sem poder desbravá-lo!

(32)

Cadernos

Até o momento não existem faculdades de paisagismo no país, possuindo características próprias e distintas, de acordo com as diferentes carreiras e disciplinas que pretensamente formam tais profissionais, notadamente a Arquitetura, a Biologia e a Agronomia, cada uma com suas dificuldades intrínsecas. Por esse motivo, antes de tudo, o paisagista precisa ser um curioso, um viajante, um observador sensível e científico, e procurar por meios próprios, complementar sua formação, a fim de poder tornar-se um bom profissional da paisagem.

Na carreira da arquitetura, ainda existe uma grande dificuldade em se estudar a vegetação, inicialmente porque os professores também são arquitetos, sem grande experiência em ciências naturais, mas em especial, por que para os arquitetos a vegetação é utilizada como elemento construtivo do espaço e raramente vista como um ser vivo excepcional, não existindo estudos de aprofundamento em suas infinitas características botânicas, bastando saber que altura e forma tomam quando adultos. Na biologia e na agronomia, as dificuldades são outras, porém semelhantes. São necessidades complementares que ainda não foram organizadas, tampouco supridas para garantir uma formação plena e maior autonomia profissional ao paisagista.

Por tais motivos, em 1998, tornei-me estagiário na Seção de Floricultura e Plantas Ornamentais do Instituto Agronômico de Campinas (IAC) sob a orientação do Dr. Luiz Matthes, onde permaneci até 2002. Aos poucos a minha afinidade de trabalho com o Luiz cresceu e com ela os nossos trabalhos profissionais juntos. Em 2003, pouco depois de minha graduação, fundamos a Licuri Paisagismo, elaborando projetos e prestando consultoria paisagística a diversos municípios e empresas do interior do Estado de São Paulo.

Neste processo de aprendizagem, tanto a coleção botânica do IAC como os jardins do Clube Náutico de Araraquara, aliados ao contato diário com o Luiz foram fundamentais em minha formação profissional, sobretudo na familiarização com situações paisagísticas, detalhes de campo e problemas de jardins, como as necessidades corretivas dos solos, demandas de plantas por nutrientes, predileções de espécies por determinados ambientes e condições, entre outros.

Referências

Documentos relacionados

Mas como diz Hutcheon 2011, certos detalhes, como personagens, descrições, lugares etc., de um texto qualquer, adaptado para o cinema, televisão ou teatro, é preciso que o

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido TCLE Este é um convite para você participar da pesquisa intitulada “Prática de exergame em dupla x individual: efeitos na adesão ao

5 “A Teoria Pura do Direito é uma teoria do Direito positivo – do Direito positivo em geral, não de uma ordem jurídica especial” (KELSEN, Teoria pura do direito, p..

Desta forma, optou-se pela aplicação da metodologia da geoecologia da paisagem para a realização das etapas de planejamento ambiental territorial da sub-bacia

A Variação dos Custos em Saúde nos Estados Unidos: Diferença entre os índices gerais de preços e índices de custos exclusivos da saúde; 3.. A variação dos Preços em

Este trabalho tem por objetivo apresentar um esquema auto-adaptativo versão p do Método dos Elementos Finitos para análise de erros a-posteriori e refinamento

Sinais clínicos da doença podem aparecer em torno de 15 a 60 dias após a exposição, antes mesmo do animal vir a ser diagnosticado como positivo (Silva et al., 2001).. A doença pode

Quanto às variáveis relacionadas à satisfação nas duas últimas duas semanas, somente para dinheiro não houve diferença antes e depois da cirurgia, para as demais: