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A r t i g o 32 Zaira Matheus O. insularis Fernando de Noronha AQUACULTURE BRASIL - JANEIRO/FEVEREIRO 2017

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AQUACULTURE BRASIL - JANEIRO/FEVEREIRO 2017 32

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Os polvos são moluscos pertencentes à classe Cephalopoda, que também inclui sé-pias, lulas e Nautilus. Es-tes animais, considerados os mais complexos entre os invertebrados, são fre-quentemente mantidos em laboratórios ou aquários. As razões para tal incluem: i. Utilização como organis-mos modelo em pesquisas nas áreas de neurobiologia, fisiologia e comportamen-to animal; ii. Fins orna-mentais; iii. Repovoamen-to; e iv. Aquicultura. Na aquicultura, os polvos

es-tão entre os invertebrados marinhos mais atrativos para a diversificação de espécies por apresentarem rápido crescimento com-binado a boas taxas de conversão alimentar, além de possuírem elevado teor proteico e alto valor de mercado.

Atualmente, o cul-tivo de algumas espécies de polvos somente é viável em escala experimental, entretanto, nas últimas dé-cadas, o número de estu-dos aumenta consideravel-mente visando conhecer e aprimorar as técnicas para

o cultivo em larga escala (Vidal et al., 2014). Um es-tudo recente compilou as principais informações so-bre a tecnologia de cultivo de sete espécies de polvos realizados com diferentes propósitos e graus de suces-so ao redor do mundo: Amphioctopus aegina, En-teroctopus megalocyathus, Octopus maya, Octopus mimus, Octopus minor, Octopus vulgaris e Rob-sonella fontaniana (Iglesias et al., 2014). Dentre estas espécies, O. maya e O. vul-garis são as mais estudadas e consideradas,

portan-Situação atual do cultivo de

polvos no mundo

Cultivo de

polvos:

situação atual,

desafios e

perspectivas

Katina Roumbedakis

Laboratório de Sanidade de Organismos Aquáti-cos (AQUOS), Departamento de Aquicultura,

Universidade Federal de Santa Catarina. katina.roumbedakis@gmail.com

Érica A. G. Vidal

Laboratório de Cultivo de Cefalópodes e Ecolo-gia Marinha Experimental (LaCCeph), Centro de Estudos do Mar, Universidade Federal do Paraná. ericavidal2000@yahoo.com.br

Penélope Bastos Teixeira

Laboratório de Nutrição de Espécies Aquícolas (LABNUTRI), Departamento de Aquicultura, Universidade Federal de Santa Catarina.

penelopebastos@gmail.com

Tatiana Silva Leite

Laboratório de Bentos e Cefalópodes (LABECE), Departamento de Oceanografia e Limnologia, Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

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AQUACULTURE BRASIL - JANEIRO/FEVEREIRO 2017 34 AQUACULTURE BRASIL - JANEIRO/FEVEREIRO 2017 34 to, modelos e candidatas preferenciais para a aquicultura. Acerca destas duas espécies mais estu-dadas (O. maya e O. vulgaris), há uma importante diferença em relação a sua estratégia reprodutiva. Fato que impli-ca diretamente na produção destes animais. Espécies como O. vulgaris, produzem algu-mas centenas de milhares de ovos pequenos, que dão ori-gem a indivíduos planctôni-cos, denominados “paralar-vas”. Outras espécies, como O. maya, produzem poucos milhares de ovos grandes, que dão origem a juvenis bem desenvolvidos e bentônicos. Tais estratégias exercem grande infl uência na tecnolo-gia de cultivo destas espécies, já que, no primeiro caso, altas taxas de mortalidades ocor-rem durante a fase de paralar-va, devido principalmente à falta de dietas adequadas.

No México, o cultivo da espécie endêmica da Penín-sula de Yucatán, O. maya, tem sido realizado com sucesso e domínio completo do ciclo de vida em laboratório. Ju-venis são obtidos a partir de adultos coletados no ambi-ente e

acondiciona-dos em laboratório para que ocor-ra a reprodução. Posteriormente, as fêmeas são indi-vidualizadas para oviposição e os ovos fertilizados são incubados ar-tifi cialmente até a eclosão. Os juvenis recém-eclodidos aceitam dieta artifi -cial imediatamente após o início da alimentação exó-gena (Rosas et al.,

2014). Por outro lado, o cultivo de O. vulgaris, realizado prin-cipalmente na Espanha, é ba-seado na engorda de

subadul-tos capturados no ambiente, mantidos em tanques ou gai-olas fl utuantes e alimentados com animais provenientes da fauna acompanhante da pesca até atingirem o peso comer-cial (García-García e Valverde, 2006). to, modelos e candidatas preferenciais para a aquicultura. Acerca destas duas espécies mais

estu-No México, o cultivo da espécie endêmica da Penín-sula de Yucatán,

sido realizado com sucesso e

Na aquicultura, os polvos estão entre os invertebrados marinhos mais atrativos para

a diversificação de espécies por apresentarem rápido crescimento combinado a

boas taxas de conversão alimentar, além de

possuírem elevado teor proteico e alto

valor de mercado.

Reprodução e

larvicultura

Para o cultivo em labo-ratório, os reprodutores podem ser obtidos por meio de mer-gulho ou capturados com arma-dilhas ou potes. O importante é que sejam saudáveis e coleta-dos da forma menos traumáti-ca possível. A cópula pode ser observada em poucas horas após a introdução de machos e fêmeas em um mesmo tanque. Recomenda-se oferecer abrigos para os reprodutores (vasos de barro, canos de PVC, etc) a fi m de promover o bem-estar, já que estes animais vivem entocados em rochas, e para que as fêmeas possam depositar seus ovos.

Durante o período de

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© Katina Roumbedakis

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maturação sexual, machos e fêmeas tem apetite voraz e po-dem consumir o equivalente a 30-50% de seu peso corporal por dia (Vidal et al., 2014). A alimentação dos reprodutores é realizada de forma criteriosa enfatizando-se o elevado valor nutricional através de itens como siris, caranguejos, ostras, mexilhões e peixes, que podem ser fornecidos vivos ou conge-lados. Quando a fêmea para de se alimentar é um indício de que está prestes a desovar. Durante todo o período de incubação dos ovos, a fêmea fi ca den-tro da toca e não se alimenta, dedicando-se a limpar e aerar os ovos continuamente. A eclosão

das paralarvas ou juvenis dura de vários dias a se-manas.

Os polvos apre-sentam desenvolvimento direto, ou seja, não pos-suem fase larval, dando origem a paralarvas ou juvenis, dependendo da espécie. As paralarvas, apesar de serem essen-cialmente miniaturas dos adultos, são planctônicas e têm proporções

cor-porais diferentes dos adultos. São muito peculiares, pois ao eclodirem já apresentam siste-ma nervoso relativamente bem desenvolvido e capacidades inatas para capturar presas

mui-to maiores que seu próprio tamanho,

que oscila entre 3-5 mm de comprimento total. Os juvenis, por outro lado, são bentônicos e tem aparência e comportamen-to muicomportamen-to similar aos adulcomportamen-tos.

Os polvos

apresentam

desenvolvimento

direto, ou seja, não

possuem fase larval,

dando origem a

paralarvas

ou juvenis, dependendo

da espécie.

Desafi os na nutrição

de polvos

A nutrição é um fator chave para o des envolv imento do cultivo devido à ausência de dietas que supram as exigências nutricionais na lar-vicultura e engorda. Garantir efi ciência e qualidade das dietas é o principal desafi o para a transferência de tecnologia do cul-tivo em pequena es-cala para a produção industrial.

Os polvos são carnívoros e utilizam a proteína como principal fonte de energia. São muito efi cientes na assimilação de nutrientes, com taxas de retenção proteica de até 96% (Lee, 1994). Entretanto, altos níveis proteicos na dieta implicam no aumento dos custos de produção, sendo imprescindível o uso de dietas balanceadas para se obter maior efi ciência no cultivo.

As paralarvas são predadoras visuais, portanto necessitam de suprimento constan-te de presas vivas, de deconstan-terminado tamanho e mobilidade e de excelente qualidade nutricional para satisfazer seu exigente apetite. Necessitam de alimentos ricos em ácidos graxos

poli-insatu-rados, fosfolipídios, colesterol e cobre. Devido ao seu alto metabolismo e elevadas taxas de alimen-tação e crescimento, podem entrar em inanição rapidamente na ausência de alimento, o que resul-ta em morresul-talidade. Na larvicultura, as melhores taxas de sobrevivência foram obtidas com uma dieta composta de zoeas de crustáceos e artêmias (Iglesias e Fuentes, 2014). Conseguir suprir todas as exigências nutricionais das paralarvas não é uma tarefa fácil, e explica porque a larvicultura é o grande gargalo para o cultivo comercial de polvos (Vidal et al., 2014). Na engorda, o desa-fi o é elaborar péletes com ingredientes processa-dos em baixa temperatura, como os liofi lizaprocessa-dos. Isto porque fontes proteicas em alta temperatu-ra como farinha de peixe são pouco digestíveis e promovem baixas taxas de crescimento (Rosas et al., 2013).

Para impulsionar o cultivo de polvos, é imprescindível conhecer as exigências nutricio-nais de cada espécie e nas diferentes fases do ciclo de vida. Identifi car a dieta das paralarvas no am-biente natural é um passo importante para desen-volver alimentos inertes aplicáveis na larvicul-tura. Além disso, conhecer a fi siologia digestiva dos polvos é primordial, para que se possa avaliar fontes disponíveis de baixo custo para viabilizar a engorda.

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© Katina Roumbedakis Fêmeas de O. maya

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Espécies com potencial e

perspectivas para o Brasil

Atualmente, várias es-pécies de polvos no Brasil

têm suas identifi cações

reavaliadas do ponto de vista taxonômico. Para a aquicultu-ra isto é importante, uma vez que a escolha de uma espécie para cultivo está relacionada com características intrínsecas, como habitat, ciclo de vida e alimentação, requerendo, por-tanto, o máximo de conheci-mento possível sobre a espécie escolhida.

Pelo menos quatro espécies de polvo no Brasil possuem características com-patíveis para o cultivo. Duas

se destacam como alvos de pesca, e, portanto, possuem

grande interesse para con-sumo: Octopus cf. vulgaris e Octopus insularis. A pri-meira faz parte do complexo de espécies com maior destaque econômico no mundo, que

acreditava-se ter distribuição

mundial. Atualmente sabemos que a espécie que ocorre em águas brasileiras, é

genetica-mente distinta da

es-pécie correspondente do Atlân-tico Norte (Amor et al., 2016). Esta espécie tem distribuição no Sul e Sudeste, em águas que não ultrapassem 24oC. Já O. in-sularis é uma espécie tropical recentemente descrita (Leite et al., 2008; Lenz et al., 2015), que suporta temperaturas de até 32oC e maiores variações de salinidade (Amado et al., 2015). Sua distribuição vai desde o Caribe até o Espírito Santo,

in-cluindo todas as ilhas oceâni-cas tropicais do Atlântico Sul. É a espécie de maior importância econômica do Norte e Nordeste. Entre os polvos com características para aquariofi lia, merecem destaque espécies de menor porte, como Octopus hummelinck, única espécie oce-lada do Atlântico Sul, que habi-ta fendas em recifes tropicais; e Paraoctopus sp., um polvo pig-meu que é encontrado em águas subtropicais e utiliza conchas e restos de lixo humano como toca.

Pelo menos

quatro espécies

de polvo no

Brasil

possuem

características

compatíveis para

o cultivo.

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Atualmente, várias es-pécies de polvos no Brasil

têm suas identifi cações

reavaliadas do ponto de vista taxonômico. Para a aquicultu-ra isto é importante, uma vez que a escolha de uma espécie para cultivo está relacionada com características intrínsecas, como habitat, ciclo de vida e alimentação, requerendo, por-tanto, o máximo de conheci-mento possível sobre a espécie escolhida.

Pelo menos quatro espécies de polvo no Brasil possuem características com-patíveis para o cultivo. Duas

se destacam como alvos de se destacam como alvos de pesca, e, portanto, possuem

grande interesse para con-sumo:

e Octopus insularis

meira faz parte do complexo de espécies com maior destaque econômico no mundo, que

acreditava-se ter distribuição

© Katina Roumbedakis

O. cf. vulgaris - engorda experi-mental em laboratório

© Penélope Bastos Teixeira

© Penélope Bastos Teixeira

Juvenil de O. cf. vulgaris capturado em área de maricultura - Florianópolis- SC

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37 AQUACULTURE BRASIL - JANEIRO/FEVEREIRO 2017

Estudos em

andamento

No Brasil, diversos estu-dos são realizaestu-dos com polvos que apresentam potencial para o cultivo. No Laboratório de Cultivo de Cefalópodes e Eco-logia Marinha Experimental da UFPR (LaCCeph), estudos em andamento procuram com-preender a biologia e ecologia das paralarvas, com enfoque na infl uência de fatores ambientais no desenvolvimento de ovos e paralarvas e nas interações en-tre as paralarvas e suas presas, visando fornecer subsídios para otimizar a larvicultura.

O Laboratório de Ben-tos e Cefalópodes (LABECE) da

UFRN realiza o Projeto Cepha-lopoda, com pesquisas nas áreas da avaliação de biodiversidade, biologia molecular, biologia básica, ecologia e comporta-mento, tendo como objetivos principais a correta identifi -cação das espécies e delimitação das populações de polvos exis-tentes no Atlântico Oeste, além da ampliação do conhecimento sobre a vida desses animais em ambiente natural e em cativeiro. Na UFSC, pesquisas em andamento no Laboratório de Nutrição de Espécies Aquícolas (LABNUTRI), focam em estu-dos sobre ocorrência e hábito

alimentar de espécies na-tivas, na fi siologia diges-tiva e no desenvolvimento de tecnologias em nutrição. No Laboratório de Sanidade de Or-ganismos Aquáticos (AQUOS), os estudos buscam conhecer a fauna parasitária e o estado de saúde de animais selvagens das duas principais espécies com potencial de cultivo. Os estudos em andamento têm o intuito de promover parcerias entre pesquisadores e universidades e expandir o conhecimento so-bre nossas espécies e, assim, vi-abilizar o cultivo em um futuro próximo.

*Consulte as referências bibliográfi cas em: www.aquaculturebrasil.com/artigos

alimentar de espécies na-tivas, na fi siologia diges-tiva e no desenvolvimento de tecnologias em nutrição. No Laboratório de Sanidade de Or-ganismos Aquáticos (AQUOS), os estudos buscam conhecer a fauna parasitária e o estado de saúde de animais selvagens das duas principais espécies com potencial de cultivo. Os estudos em andamento têm o intuito de promover parcerias entre pesquisadores e universidades e expandir o conhecimento so-bre nossas espécies e, assim, vi-abilizar o cultivo em um futuro

*Consulte as referências bibliográfi cas em: www.aquaculturebrasil.com/artigos

© Penélope Bastos Teixeira

Octopus cf. vulgaris - engorda experimental em gaiolas - UFSC

O. vulgaris Rio de Janeiro, by Athila Bertoncine Sub I. Redonda 060412 F. Moraes_2792

Referências

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