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PONTO 2° - LIÇÃO 5a

PRIMEIROS RECONHECIMENTOS E DEMARCAÇÕES DA COSTA DO BRASIL. EXPEDIÇÕES EXPLORADORAS PORTUGUESAS> DO PRINCÍPIO DO SECULO XVI

Transmitida a el-reí dom Manuel a nova do desco

-brimento da terra de Vera-Cruz, em Junho ou Julho de 1500, segundo Harrisse ("The discovery of North America", pago 687), anunciou-a o soberano de Portu-gal aos de Castela, em carta de 29 de Julho de 1501, onde se faz referencia ao Brasil como - "uma grande ilha, bôa para refresco e aguada dos navios que fossem á India".

O escrivão Pero Vaz de Caminha, em seu minu-cioso diario epistolar, assegurou a dom Manuel, nar

-rando-lhe o feito de Cabral: - "Esta terra, senhor, é em toda praia praina, chan e mui formosa. Em tal maneira é graciosa, que querendo-a aproveitar dar-se-á nella tudo".

Não obstante, a expedição de 1500, dispendiosa em extremo, fôra uma desilusão para dom Manuel,

que não ocultou sua censura ao descobridor do Brasil no regimento de 1507, com que Fernão Soares

foi á India. .

Com efeito, Cabral regressou ao Tejo apenas com tres navios dos treze que dali partiram.

Sem contar o de Vasco de Atayde, que, desgar-rando em Cabo-Verde, arribou ao reino, logo no começo da derrota, e o de Gaspar de Lemos, que, do Brasil, regressou a Lisbôa com a noticia do descobri-mento (*), quatro náus perderam-se na passagem do

(*) o sr. Duarte Leite diz, em sua obra: - "O comandante

al-viçareiro, presumívelmente Gaspar de Lemos, ladeou o continente, que

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35-cabo das Tormentas, entre elas a de seu descobridor Bartholomeu Dias, que ali encontrou a morte.

Desgarrou-se no oceano Indico a de Diogo Dias. A Calecut só chegaram seis navios; e, destes, um se perdeu e dois se desgarraram no regresso: os de Sancho de Toar e Pero de Atayde .

O rei de Portugal, si não teve pressa em fazer á Espanha comunicação oficial do descobrimento de uma nova ilha na vastidão do Atlantico e si não pen-sou em colher. dela maior proveito que o de servir de estação de refresco e aguada para suas esquadras de rumo á India, mandou, entretanto, em meiado de 1501, reconhece-Ia por uma flotilha de tres naus, provavelmente sob o comando de Gaspar de Lemos, trazendo no soto-comando, ou como piloto, Americo Vespucci.

Essa primeira expedição de reconhecimento do Brasil, no principio do seculo XVI, encontrou no porto de Bezenégue, Cabo-Verde, o resto da esquadra de Cabral, de retorno á praia de Belém.

Proseguindo na viagem pelo Atlantico, foi avis-tada, a 16 de Agosto, a ponta oriental da costa bra-sileira, a que foi dado o seu atual nome de cabo de

São Roque, cuja festa a igreja catolica celebra na-quele dia.

E, assim, o chefe da primeira expedição, á pro-porção que os descobria ao longo de nossa costa, foi designando seus sucessivos acidentes geograficos pelos santos do calendario eclesiastico.

buco, onde começa a dobra" para oêste, Descontada a pequena parte vista por Cabral, êste foi o primeiro reconhecimento por europeus de litorais brasileiros; e devia ter sido ligeira, pois dêle não ficou qual-quer vestigio escrito. O planisferio de Cantino, cuja VERA CllUZ foi desenhada sObre noticias de Cabral e Lemos, não traz Inscrição al-guma que se possa atribuir a êste".

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36-A saber:

A 28 de Agosto, o cabo de Santo Agostinho; a 29 de Setembro, o rio São Miguel; a 30 de Setembro, o rio São Jeronimo; a 4 de Outubro, o rio São Fran-cisco; a 21 de Outubro, o rio das Virgens; a 1° de Novembro, a baía de Todos os Santos; a 13 de De-zembro, o rio Santa Luzia; a 21 de Dezembro, o rio

São Thomé; a 25 de Dezembro, a baía do Salvador;

a 1° de Janeiro de 1502, a baía do Rio de Janeiro; a 6 de Janeiro, Angra dos Reis; a 20 de-J aneiro, a ilha de São Sebastião; e a 22 de Janeiro, o porto de São Vicente.

Singrou depois até Cananéa, e, a 2 de Fevereiro, transpoz o cabo de Santa Maria, na costa do Uru-guai.

Dai por diante, segundo alguns historiografos assumiu Vespucci o comando, prosseguindo por mais 50 dias a navegação em rumo S. E. Regressou, enfim, a Lisbôa, com duas caravelas, a 7 de Setembro de 1502.

A segunda expedição português a, a que coube concluir a verificação do contorno litoraneo do Brasil, foi a de 1503, confiada ao comando de Gonçalo Coelho.

Compunha-se sua esquadrilha de seis naus, vindo ainda em sua companhia Americo Vespucci.

Coelho correu a costa brasileira, desde a Baía até ao Prata; é-lhe atribuida a fundação da feitoria de

Santa Cruz, na Baía.

Na altura de Fernando de Noronha, sossobrou a nau capitanea, e Vespucci, tendo-se separado do chefe da expedição, proseguiu rumo S. até Caravelas ou Cabo-Frio, onde ergueu um fortim.

Gonçalo Coelho deceu, por seu turno, a costa, até penetrar na baía do Rio de Janeiro, onde cons

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37-truiu uma casa-forte, á fóz do rio Carioca (casa

-oca, branco - carai) .

Mas esses primitivos alicerces das fortificações do nosso litoral foram destruidos pelos Tamoios, logo que se retiraram as caravelas das expedições de Americo Vespucci e Gonçalo Coelho.

Outra expedição portuguesa, vinda ao Brasil no princípio do seculo XVI, foi chamada a de dom Fernão de Noronha, armador, ou Fernan de Loronha, como diz a carta régia de dom Manuel. A expedição saiu de Lisbôa a 24 de Junho de 1503 e reconheceu a ilha anteriormente descoberta, e que recebeu o nome de seu donatario Fernando de oronha, o qual, entre -tanto, nada fez pelo arquipelago que lhe foi doado.

De 1511 é a vinda da nau Breiôa ao Brasil, con-forme a relação deixada por Duarte Fernandes, es -crivão dela, e publicada por Varnhagen. Teve a nau aquele nome, por ter sido provavelmente construida nos estaleiros da Bretanha, e pertencia aos armado-res Bartholomeu Marchioni, Benedicto Morelli, Fran-cisco Martins e Fernão de Noronha. A expedição ope-rou no litoral fluminense (Cabo-Frio). Durou oito mezes a viagem redonda da nau Bretôa, a qual, além de uma preciosa carga de cinco mil tóros de pau-brasil, animais não alados e passaros vivos, levou tambem para a Europa trinta e tantos indios, redu-zidos a cativeiro.

Depois de Gonçalo Coelho, o Brasil ficou esque -cido pelo govêrno portuguez, diante do sonho orien-tal da conquista de Malaca.

Cabral limitou-se á investi dura de posse da nova terra de Verá-Cruz para a corôa portugueza; e o comandante da armada de 1501 chantára marcos ao longo da costa.

Por seu turno, os espanhóis, com Vicente Yafíez Pinzon e outros mareantes, haviam quasi simultanea

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-mente encetado viagens de exploração ás costas

ame-ricanas. r:

Isto demonstra que, sob a reserva diplomatica, imposta pelo tratado de Tordesillas, Portugal e Es-panha tateavam e se competiam na exacta demar-cação do meridiano lindeiro, considerando-se ambos com equipolentes direitos de conquista e senhorio do Brasil.

Nestas condições, ao trono portuguez, si desde logo pudesse conhecê-Ia em seu justo valor e exten-são geografica, politica e economica, não convinba descuidar-se da colonização da nova terra, empos-sada por Pedro Alvares Cabral.

Assim, por cerca de trinta anos, teria o Brasil de permanecer esquecido do bafejo oficial.

O proprio nome sagrado, que lhe dera Cabral em 1500, perdeu-se nesses primeiros anos de letargia administrativa, substitui do pelo do unico artigo mer-cantil que o fazia lembrar aos traficantes e corsarios: - o páo-brasil, ou, simplesmente, Brasil.

Só no reinado de dom João IH, o Colonizador, foi que a soberania de Aviz entrou a conhecer a impor-tancia da terra.

QUADRO SI óTICO

Descoberto o Brasil, a corôa portugueza armou duas expedições para reconhecê-lo :

1a - A de 1501, flotilha de tres naus, sob o co-mando de Gaspar de Lemos e, talvez, de Americo Vespucci, descobriu a costa desde o cabo de São Roque (Rio Grande do Norte) até ao de Santa Maria. nas costas do Uruguai.

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39-2a - A de 1503, de seis naus, sob o comando de

Gonçalo Coelho e ainda talvez de Americo Vespucci, verificou o contorno continental desde a Baía até ao Prata, fundou uma feitoria em Santa Cruz, fortificou Cabo-Frio e o interior da baía do Rio de Janeiro.

A expedição de Fernão de Noronha (1503) reco-nheceu a ilha dêsse nome, descoberta anteriormente.

Depois da expedição de Gonçalo Coelho, perma-neceu o Brasil no olvido, por cerca de 30 anos.

TRAÇOS BIOGRAFICOS GONÇALO COELHO

Segundo Diogo Barbosa Machado (tomo lI, pa-.gina 391, da Biblioteca Lusitana), Gonçalo Coelho era

- "mui perito na sciencia da cosmographia".

Por ordem de dom Manuel, partiu "para explorar a situação das terras e partes da America novamente descobertas, como tambem os costumes de seus ha-hitantes" .

Saiu de Lisbôa com o posto de capitão de uma armada.

Tomou posse da nossa terra em nome do sobe-rano e escreveu a Descripção do Brasil.

Segundo informações, não positivadas, de alguns cronistas, teria ele cêrca de 30 anos, quando coman-dou essa expedição.

Zeferino Candido, em seu livro "Brazil", diz que Gonçalo Coelho fez importante relatorio de sua

viagem.

"Era homem ilustrado, como se colige do cargo que mereceu e das bôas referencias que lhe faz João de Barros, tomando-o por informante".

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Era capitão-mór e escrivao da Fazenda e mor-reu em idade avançada.

FERNÃO CARDIM (1548-1625)

Quem até hoje escreveu a melhor biografia de

Fernão Cardim foi Rodolfo Garcia, na introdução de

"Tratados da terra e gente do Brasil", do mesmo

Cardim (reedição feita em 1925).

Fernão Cardim era natural de Vianna do AI

-vito, arcebispado de Evora, e filho de Gaspar

Cle-mente e de Ignez Cardim.

Qualificando-se em 14 de agosto de 1591, pe

-rante a mesa do Santo Oficio, presidida pelo

visi-tador Heitor Furtado de Mendonça, na cidade do

Salvador, declarou ter quarenta e tres anos "pouco

mais ou menos". Nascera, pois, em 1548.

Esta data, porém, não combina com a designada

pelo padre Antonio Vieira, que diz ter Cardim

en-trado para a Companhia de Jesús em 1555, aos

quinze anos de idade. Neste caso, o nascimento

devia ter ocorrido em 1540. Garcia prefere a

decla-ração feita pelo proprio Cardim.

Fernão Cardim já era ministro do Colegio dos

J esuitas em Evora, quando foi designado, em 1582~

para companheiro do padre visitador Cristovão de

Gouveia, passando a Lisbôa em outubro daquele ano

e partindo para o Brasil a 5 de Março de 1583,com

o governador Manuel Telles Barreto e com alguns

pa-dres. Chegou á Baía a 9 de maio do"mesmo ano.

Da Baía, alo de Maio de 1590,datou a ultima

carta de sua interessantissima "Narrativa epistolar".

No Rio de Janeiro, como reitor do Colegio de

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-41-sou procuração ao padre Estevam da Grã para de-marcar terras de Guaratiba.

No Colegio do Rio de Janeiro, foi seu compa-nheiro por algum tempo o padre José de Anchieta.

Em 1598, foi eleito na congregação provincial para procurador da Provincia do Brasil em Roma. Foi, depois, novamente, reitor do Colegio da Baía.

CONTRATADORES DA TERRA E DO PAU-BRASIL. FEITORIAS MI-LITARES E ARMADAS DE GUARDA-COSTA. CHRISTÓVÃO

JACQUES

Tendo chegado a Lisbôa o primeiro carregamento de páu-hrasíl (ibirá-pitanga, dos selvagens), viu-se logo a costa oriental de nosso país, de preferencia o litoral de Pernambuco e da Baía, assolada pelos cor-sarios franceses de Honfleur e Dieppe, contra os quais, sem resultado, reclamou Portugal ao rei de França.

O arquivo do Conselho Geral do Almirantado de Rouen registou em 1504a primeira incursão

fran-cesa ao porto da Baía de Todos os Santos e rio Para-guassú, feita pelo navio Espoir, procedente de Hon-fleur, ao mando de Binot Palmier de Gonneville.

A terra do Brasil e seus produtos, após a viagem de.Cabral, foram arrendados, pelo prazo detres anos,

a alguns cristãos nóvos (judeus convertidos ao cris

-tianismo), com a obrigação de armarem anualmente navios, construirem uma fortaleza, conservando-a pelo tempo do contrato.

No primeiro ano, estavam isentos de qualquer imposto á corôa; no segundo ano, contribuiam com

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