EXCELENTÍSSIMO SENHOR DESEMBARGADOR DA COLENDA 6ª CÂMARA CÍVEL DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL.

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DESEMBARGADOR DA COLENDA 6ª CÂMARA CÍVEL DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL.

Embargos de Declaração nº 70070043575

SEGURADORA LÍDER DOS CONSÓRCIOS DO SEGURO DPVAT S.A., já qualificada nos

autos, nos autos da Ação de Cobrança proposta por JULIANO FERNANDES RODRIGUES, processo registrado sob número em epígrafe, vem por seu advogado signatário opor EMBARGOS DE

DECLARAÇÃO com pedido de efeitos infringentes em face de acórdão publicado, no processo em

questão, nos termos dos artigos 494, I e 1.022, ambos do Código de Processo Civil, pelos fatos e fundamentos que passa a expor.

I – DA DECISÃO EMBARGADA

Concessa máxima vênia Excelência, mas da análise da respeitável decisão proferida pela Colenda Câmara Cível lançada nos autos, constata-se a existência de flagrante omissão, uma vez que não foi analisado o Embargo de Declaração anterior, comprovado o pagamento requerido na via administrativa no valor de R$ 1.687,50.

Primeiramente, insta ressaltar que conforme entendimento do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, são admitidos embargos declaratórios quando a decisão afronta a verdade formal do processo, ou seja, a própria prova dos autos, exatamente como no caso em liça:

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CONTRADIÇÕES. PREQUESTIONAMENTO. NÃO OCORRÊNCIA. 1. Contradição por contrariedade à prova. 1.1 - Ocorre contradição sob a forma de erro de fato quando o julgamento admite como existente fato não ocorrido, ou vice-versa, caso em que acontece contradição com a verdade formal do processo. É o mesmo erro de fato que inclusive autoriza ação rescisória, com base no art. 485, IX, do CPC. Por tratar-se de erro de fato, é possível o alargamento do conceito de contradição para fins de embargos declaratórios (CPC, art. 535, I), inclusive como medida profilática, porquanto evita a ação

rescisória. Nessas situações, o recurso não ataca o fundamento de fato utilizado pela decisão, o que caracterizaria mero pedido de reconsideração ou de reexame - portanto, envolvendo verdade material, ou mérito extraído do fato pelo

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julgador -, mas ataca o erro de fato, gerador de uma contradição com a verdade formal do processo. 1.2 - Não se reconhece a ocorrência de erro de fato quando o Colegiado se divide na análise da prova, optando uns julgadores (voto minoritário) por adotar laudo administrativo elaborado por Auditores do Tribunal de Contas do Estado, no sentido da inexistência de prejuízo ao erário municipal, e optando outros julgadores (voto majoritário) pela ocorrência de prejuízo, evidenciando os elementos de prova nos autos. Ademais, o juiz não está adstrito ao laudo, "podendo formar sua convicção com outros elementos ou fatos provados nos autos." (CPC, art. 436). 2. Contradição no voto de um julgador. Ainda que, a princípio, redação capaz de causar dúvida, tal ocorre somente em aparência, visto restar claro que o voto foi pelo desacolhimento dos embargos infringentes, haja vista o resultado do julgamento e inclusive no Acórdão. 3. Contradição quanto às consequências. Não há paradoxo entre a exclusão da suspensão dos direitos políticos e da proibição de contratar com o Poder Público, consideradas pelo embargante mais graves, e a condenação ao ressarcimento ao erário, considerada menos grave, isto porque não há relação de interdependência ou de principal e acessório entre os diversos sancionamentos previstos na Lei da Improbidade Administrativa. 4. Dispositivo. Embargos de declaração desacolhidos. (Embargos de Declaração Nº 70055386122, Primeiro Grupo de Câmaras Cíveis, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Irineu Mariani, Julgado em 14/03/2014) (grifou-se)

Ocorre que Vs. Excelências entenderam por julgar procedente o pedido de indenização por invalidez, ainda que o laudo do perito oficial tenha atestado a ausência de invalidez permanente, fundado no parecer médico do processo administrativo, entendendo como não comprovado o pagamento, consubstanciado nos extratos bancários juntados pelo demandante na inicial, veja-se do acórdão:

“(...) embora o laudo elaborado por perito judicial tenha concluído pela

inexistência de invalidez permanente (fl. 93-94), como bem referiu o colega magistrado, prevalece a graduação da invalidez conforme conclusão administrativa, pois a perícia realizada pela demandada concluiu que a parte autora fazia jus à indenização no valor de R$ 1.687,50, tendo em vista a existência de invalidez permanente parcial (limitação funcional do tornozelo direito no percentual de 12,5% - fl. 47).

Sendo assim, diante do reconhecimento por parte da seguradora ré da existência de invalidez permanente parcial e da inexistência de prova do

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pagamento administrativo, impõe-se a manutenção da sentença que condenou a apelante ao pagamento da quantia de R$ 1.687,50. (...)”

Entretanto, conforme se desprende do documento MEGADATA e comprovante

de transferência bancária que segue em anexo, que comprovam o pagamento na via administrativa, o mesmo fora feito pela MBM SEGURADORA S.A. no ano de 2010 (fl.48) e em conta DISTINTA daquela que o autor alega em sua peça exordial. A autorização de pagamento acostada com a inicial foi assinada em 2011 e possui protocolo posterior, em seguradora diversa da qual efetivou o pagamento.

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PAGAMENTO ADM:

Assim sendo, como forma de provar o não pagamento requerido na via administrativa, o embargado junta extratos da conta bancária de sua mãe e ainda datados de 2011 (fls. 27/36), o que logicamente não constaria o pagamento efetivado.

Entende a embargante que lhe é dado o direito de requerer a abordagem, bem como validação do referido pagamento, eis que se trata de questão crucial para coibir a má-fé da parte

autora.

Ademais disso, conforme a súmula 14, o espelho do “sistema Megadata” goza de presunção relativa de veracidade como prova de pagamento administrativo da indenização, quando provido de dados que lhe confiram verossimilhança. Dessa forma, consta o Megadata, com o nome da vítima,

dados já suficientes que lhe confiram verossimilhança, garantindo que houve o pagamento na esfera administrativa.

Consoante remansosa jurisprudência, é perfeitamente aceitável a Tela do Megadata a comprovar os pagamentos do Seguro Obrigatório DPVAT.

Assim, efetivamente necessária a manifestação deste Juízo sobre a validade e reconhecimento do pagamento diante da apresentação da tela do Megadata.

Negar a existência do pagamento administrativo ou, simplesmente ignorá-lo, seria permitir o enriquecimento sem causa da embargada, situação esta que não pode ser permitida pelo Judiciário pelo mero apegou ao processualismo exacerbado.

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Ora Excelência, não deve o Poder Judiciário corroborar comportamento de deslealdade processual da embargada em detrimento do direito da embargante. O embargado omite que já recebeu valores administrativamente pelo mesmo sinistro e isto é realidade fática, a qual, não pode ser sobrepujada pelo processualismo.

Destarte, imprescindível a oposição dos presentes embargos, no intuito de aclarar a decisão no ponto atacado, ou seja, validade e reconhecimento, para que assim a embargante tenha conhecido e provido o Recurso.

Enseja-se, destarte, manifestação por parte de Vossa Excelência, vez que evidente contradição e inexatidão material ali contida a evidenciar um erro a ser sanado. Dessa feita, imperativa a necessidade de melhor pronunciamento, de modo a sanar a contradição e erro material apontado.

Diante do exposto, requer a demandada sejam conhecidos dos presentes Embargos de

Declaração, dando-lhes provimento para pronunciar-se acerca das contradições ora apontadas, acolhendo o pagamento administrativo realizado, julgando-se improcedente a demanda.

Pugna-se, ainda, que não se olvide Vossa Excelência dos necessários efeitos infringentes que por certo decorrerão do reconhecimento da questão ora posta ao seu elevado crivo, bem como, em não sendo este o entendimento que decline suas razões de decidir em contrário modo que a embargante tome ciência inequívoca dos argumentos que embasam seus fundamentos para que possa levar a discussão às superiores instâncias.

Por derradeiro, requer, ainda, sejam feitas as anotações necessárias para que seja observado o nome do patrono da presente, Dr. Gabriel Lopes Moreira, OAB/RS 57.313, para efeito de intimações futuras, exclusivamente, sob pena de nulidade.

Nestes termos, Pede deferimento. Porto Alegre, 24 de outubro de 2016.

CAMILE SIGNOR PALUDO OAB/RS 101.978

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