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1 REVISTA CITRICULTOR ANO VII I Nº 31 I AGOSTO DE 2015 I WWW.FUNDECITRUS.COM.BR

C

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C

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TA

82%

159%

LEVANTAMENTO

APONTA:

(2)

2 REVISTA CITRICULTOR

A REVISTA CITRICULTOR é uma publicação de distribuição gratuita entre citricultores, editada pelo Fundo de Desefa da Citricultura - Fundecitrus I Avenida Dr. Adhemar Pereira de Barros, 201, Vila Melhado, Araraquara - SP, CEP: 14807-040 - Nº ISSN: 23172525. Contatos: Telefones: 0800 112 155 e (16) 3301-7045 I e-mail: comunicacao@ fundecitrus.com.br - Website: www.fundecitrus.com.br. Jornalista responsável: Fabiana Assis (MTb 55.169) I Reportagem e edição: Jaqueline Ribas, Fabiana Assis I Projeto gráfico e diagramação: Marcelo de Almeida “Quén” I Assistente: Tainá Caetano I Tiragem: 8,5 mil exemplares.

EDITORIAL

APRENDAMOS COM

OS NOSSOS ACERTOS

ÍNDICE

Pág.8

CVC e HLB Levantamento mostra situação oposta para as duas doenças

Pág.7

MAL CUIDADOS Mais de 7% dos pomares estão em situação ruim

Pág.6

CANCRO CÍTRICO Nova legislação está em discussão nos órgãos do governo

Pág.4

PINTA PRETA

Quanto mais ações de manejo, menores são os prejuízos

Expediente

Lourival Carmo Monaco Presidente do Fundecitrus

Pág.12

BOAS PRÁTICAS Inovação faz pomar de família Lavrado prosperar

ERRAMOS: Na edição nº 30 as cores da legenda do gráfico na pág.13 (Calor

desfavorece) foram trocadas. O correto é cor

vermelha referente a Comendador Gomes e a azul representando Analândia.

CRÉDITOS: Na matéria Alternária - quanto mais

longe, melhor, da edição nº 30, as fotos do

fruto na pág. 30 e das folhas da pág. 31 são do pesquisador Eduardo Feichtenberger. A foto do fruto da pág. 31 é do pesquisador Fernando Alves de Azevedo.

A

o longo de anos temos convivido com ameaças que geram ansiedade e, às vezes, angústia temporária. Podemos escolher cada cadeia produtiva e identificar ameaças as quais, graças aos conhecimentos científicos e técnicos, se transformam em oportunidades, permitindo a evolução. Cada um de nós viveu essa experiência e hoje esquecemos que tudo foi feito com respeito às normas e técnicas.

Com a universalização de pragas e doenças, por mais controle que se exerça para impedir esse fenômeno mundial, mais cedo ou mais tarde elas surgem em nosso ambiente. Quem assistiu o momento em que a Tristeza ameaçava dizimar quase toda a citricultura paulista, na década de 40, teve suas esperanças renovadas com a identificação de novo porta-enxerto e, mais tarde, uma ‘vacina’. Mais recentemente, na década de 90, a CVC tomava conta de boa parte dos pomares e uma onda de receios inundou setores da citricultura que viam nuvens negras para o seu futuro. Novamente foi possível demonstrar que a luta com a natureza é constante e dependente dos conhecimentos científicos e de experiência. Sem grandes embates, porém, com constância e respeito às boas normas de manejo, conseguimos a expressiva diminuição da infestação que, há dez anos, contaminava metade das laranjeiras de São Paulo e hoje está em 7% das plantas. Corremos o risco de lança-la ao esquecimento como já aconteceu com outras doenças.

O mesmo aconteceu quando a MSC apareceu, dizimando rapidamente pomares inteiros no norte do parque citrícola. A lição da Tristeza se fez útil e a solução foi a troca do porta-enxerto. Há muitos exemplos que nos avisam para não subestimar a capacidade da natureza em nos pregar lições. Estar alerta para os seus caprichos é uma responsabilidade de todos os elos da cadeia produtiva e ter, a cada problema que surge, a consciência de que precisamos gerar novos conhecimentos para solucionar o desafio, ressaltando que as soluções demandam tempo e eficácia.

Esse alerta é particularmente relevante no caso do maior desafio que enfrentamos até agora: o HLB, doença com semelhança relativa à CVC, mas com um vetor mais eficiente, exigindo uma luta permanente e solidária de toda citricultura. Mais uma vez o citricultor tem que se unir à pesquisa e aplicar com agilidade, rigor e persistência as medidas de controle para que a curva ascendente da doença seja revertida e, daqui alguns anos, também seja mais um problema secundário.

Não podemos desanimar. Muito já se sabe sobre seu controle, sua biologia e estratégias de manejo permitindo, por hora, que a doença caminhe com a menor velocidade já registrada no mundo. Todavia, ainda estamos longe de baixar a guarda. Nós nos adaptamos nas técnicas de manejo, de alerta regional, na busca por material geneticamente tolerante ou repelente, porém, cada um deles tem seu tempo de maturação. Os dados mais recentes ressaltam nossa preocupação. A expansão continua de forma genérica em uma curva senoidal, embora individualmente temos muitos exemplos de controle razoável da infestação. Está nas nossas mãos, citricultores, entender que a competitividade está na dependência de aceitação de uma luta incessante com as armas que já estão a nossa disposição e outras a serem desenvolvidas.

Forte ação preventiva e residual.

Nativo - Protege muito, contra mais doenças.

Nativo é o fator de proteção essencial para todo produtor que busca produtividade. Sua eficácia protege contra várias doenças, em seus diversos estágios, oferecendo resultados expressivos em diversas culturas.

Dois modos de ação em um único produto resulta em

maior eficiência e manejo de resistência; • Forte ação preventiva contra várias doenças;

Resistente a lavagem por chuvas e prolongado período;

Melhor cobertura e redistribuição dentro das plantas

de proteção;

Nativo tem versatilidade, abrangência, eficiência, qualidade

e potencial produtivo.

Seu braço forte

contra as doenças.

www.bayercropscience.com.br

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3 REVISTA CITRICULTOR

Forte ação preventiva e residual.

Nativo - Protege muito, contra mais doenças.

Nativo é o fator de proteção essencial para todo produtor que busca produtividade. Sua eficácia protege contra várias doenças, em seus diversos estágios, oferecendo resultados expressivos em diversas culturas.

Dois modos de ação em um único produto resulta em

maior eficiência e manejo de resistência; • Forte ação preventiva contra várias doenças;

Resistente a lavagem por chuvas e prolongado período;

Melhor cobertura e redistribuição dentro das plantas

de proteção;

Nativo tem versatilidade, abrangência, eficiência, qualidade

e potencial produtivo.

Seu braço forte

contra as doenças.

www.bayercropscience.com.br

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4 REVISTA CITRICULTOR 4 REVISTA CITRICULTOR

PINTA PRETA

S

omar as várias práticas de manejo é a forma mais eficiente de controlar a pinta preta, diminuir a incidência de sintomas e ter ganhos financeiros com frutos destinados ao mercado in natura, de acordo com pesquisa desenvolvida pelo gerente de produção agrícola e logística da fazenda Gua-cho, da Agroterenas, Ezequiel Castilho, como aluno do Mestrado Profissional em Controle de Doenças e Pragas dos Citros do Fundecitrus – MasterCitrus. O objetivo da pesquisa foi avaliar a viabilidade técnica e econômica do con-trole da pinta preta antes e após a colheita.

“O estudo mostra que o citricultor deve adotar um conjunto de medidas de controle e não usá-las de forma isolada. Dessa maneira conseguirá

reduzir a incidência de sintomas e agregar valor ao fruto para a venda ao mercado in natura, onde a presença de frutas com sin-tomas representa um deságio no valor recebido”, afirma Castilho.

A proteção vai aumentando proporcionalmente ao número de ações de controle. Quanto mais medidas adotadas, maior é a efi-ciência. Entretanto, os resultados mostram que elas não são capa-zes de evitar totalmente a pinta preta, quando a doença já está pre-sente no talhão. Daí a importância da escolha de talhões livres ou

QUANTO MAIS PRÁTICAS DE

MANEJO,

MELHOR O CONTROLE

Pesquisa comprova que união de medidas é a forma mais

eficaz de lidar com a doença e ter ganhos financeiros

com baixíssima incidência quando se destina o fruto ao mercado in natura.

Foram analisados tipos de controle químico, métodos e épocas de colheita, tratamentos de packinghouse e armaze-namento em câmara fria em frutos de va-riedades tardias colhidos em talhões com diferentes incidências de pinta preta.

Dentre os métodos avaliados, a es-colha de talhões com menor incidên-cia da doença, o controle químico até o final do período de chuvas e a co-lheita precoce foram os que tiveram maior impacto na redução de frutos com sintomas.

Manejo diminui a quantidade de frutos com lesões de pinta preta, valorizando-os

no mercado

Foto: Henrique Santos

Confira na íntegra o trabalho desenvolvido por Ezequiel Castilho durante o MasterCitrus no site do Fundecitrus

Acesse: http://www.fundecitrus.com.br/pdf/ projetos/EzequielZCastilho.pdf

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5 REVISTA CITRICULTOR 5 REVISTA CITRICULTOR

Itens Julho Agosto Setembro

sem controle com controle sem controle com controle sem controle com controle Preço de venda CIF* R$ 19,39 (CX) R$ 19,39 (CX) R$ 19,43 (CX) R$ 19,43 (CX) R$ 20,29 (CX) R$ 20,29 (CX)

Depreciação do fruto com pinta preta 5% 0% 10% 0% 15% 0%

Preço final de venda CIF* R$ 18,42 (CX) R$ 19,39 (CX) R$ 17,49 (CX) R$ 19,49 (CX) R$ 17,25 (CX) R$ 20,29 (CX) Controle químico prolongado R$ 0,00 R$ 0,20 R$ 0,00 R$ 0,20 R$ 0,00 R$ 0,20

Colheita seletiva R$ 0,00 R$ 0,47 R$ 0,00 R$ 0,47 R$ 0,00 R$ 0,47

Seleção no packinghouse R$ 0,00 R$ 0,44 R$ 0,00 R$ 0,44 R$ 0,00 R$ 0,44

Custo do controle adicional R$ 0,00 R$ 1,11 R$ 0,00 R$ 1,11 R$ 0,00 R$ 1,11 Receita bruta R$ 18,42 (CX) R$ 18,28 (CX) R$ 17,49 (CX) R$ 18,32 (CX) R$ 17,25 (CX) R$ 19,18 (CX)

Diferença de receita** -R$ 0,14 + R$ 0,83 + R$ 1,93

MANEJO DA PINTA PRETA É VANTAJOSO

Adoção de medidas de controle evita a desvalorização do preço dos frutos

*Média de preço da caixa de laranja para o mercado interno de 2010 a 2014 (Fonte: Cepea, 2014) ** Diferença no valor da caixa de laranja com a adoção de medidas de controle

O controle químico prolongado - feito de agosto a abril/maio, com seis ou sete aplicações de fungicidas - re-duziu a quantidade de frutos com sin-tomas em 46,9% na colheita realiza-das em agosto e 29,8% em setembro, em talhão com incidências maiores da doença. Em talhão com baixa incidên-cia, a redução foi de 94,8% em julho e 77,6% em agosto.

A colheita antecipada feita em julho teve 77,5% de frutos com sintomas de pinta preta a menos que a realizada em agosto e, 90,2% menos que a de se-tembro. Já a realizada em agosto, teve menos 56,3% frutos sintomáticos do que a de setembro.

Outras medidas testadas, como a colheita seletiva dos frutos apenas do terço médio e superior da árvore, sem levar em consideração a presen-ça de sintomas de doenpresen-ça, e a seleção e descarte de frutos com sintomas no packinghouse, com apenas 6 a 8 inspetores em um ponto da linha de beneficiamento, não deram resultado significativo. O armazenamento do fruto em câmaras frias, a 5ºC por 21 dias, retardou o aparecimento de no-vas lesões, mas os métodos de mane-jo aplicados no campo mostraram-se mais eficientes.

“A pesquisa deixa evidente a im-portância do manejo no campo, pois foram essas medidas que se mostraram mais eficazes na redução de sintomas da pinta preta nos frutos”, diz o pesqui-sador do Fundecitrus Renato Beozzo Bassanezi, orientador do estudo.

Os experimentos foram conduzi-dos em pomar comercial de laranjeira Valência e Natal, localizados no mu-nicípio de Santa Cruz do Rio Pardo/ SP, nas safras 2011/2012 e 2012/2013, em talhões que produziam frutos para o mercado in natura, escolhidos de acordo com o histórico de ocorrência da pinta preta em anos anteriores. A MELHOR MEDIDA PARA O BOLSO

A pesquisa também mostrou a via-bilidade econômica dos tratamentos avaliados na relação custo-benefício da adoção das medidas de controle diante da desvalorização do preço do fruto com pinta preta no mercado.

O tratamento químico prolongado é a medida que menos aumentou os gas-tos com manejo, seguido pela seleção no packinghouse e pela colheita seleti-va. A aplicação dessas ações totalizou R$ 1,11 por caixa de 40,8 kg.

Levando em consideração que a

ausência do manejo acarretaria uma desvalorização de preço de 5% em julho, 10% em agosto e 15% em se-tembro - com base na quantidade de frutos com lesões nesses períodos -, as medidas de controle trouxeram ga-nhos financeiros nos dois últimos me-ses que variam de R$ 0,83 a R$ 1,93 por caixa (ver tabela abaixo).

A análise de custo foi calculada de acordo com a média do preço de venda das caixas de laranja para o mercado interno de 2010 a 2014, de acordo com o Cepea (Centro de Estu-dos AvançaEstu-dos em Economia Aplica-da – Esalq/USP). Em seguiAplica-da, foram somados os custos médios da colhei-ta da fazenda, do beneficiamento do

packinghouse, da logística e de

im-postos para compor o preço da venda CIF (sigla em inglês de custo, segu-ros e frete).

“O manejo da pinta preta deve ser pautado na integração das diferentes medidas de controle, evitando erros, principalmente aqueles relacionados às pulverizações. Assim o citricultor conseguirá manter a doença em níveis baixos, reduzindo os danos causados na fruta”, afirma o pesquisador do Fundecitrus Geraldo J. Silva Junior, co-orientador do estudo.

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6 REVISTA CITRICULTOR

GOVERNO

6 REVISTA CITRICULTOR

NOVA LEI PARA O

CANCRO CÍTRICO

Ministério da Agricultura e Secretaria Estadual da

Agricultura estudam mudanças na atual legislação

E

stimulados pela pressão do setor citrícola, que está sofrendo as consequências do alastramento e crescimento da incidência de cancro cítrico, sobretudo no estado de São Paulo, o Ministério de Agricultura e Abastecimento (MAPA) e a Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Es-tado de São Paulo (SAA) estão reven-do a legislação sobre a reven-doença.

Em julho, o Fundecitrus levou ao se-cretário do Departamento de Sanidade Vegetal (DSV), Luis Eduardo Pacifici Rangel, a solicitação dos citriculto-res paulistas para que o MAPA desse atenção à proposta de mudanças nos critérios de controle da doença, desen-volvida de 2011 a 2013 por um comitê com representantes de todos os estados produtores de citros.

Desde janeiro, após a posse do se-cretário estadual de Agricultura, Ar-naldo Jardim, o assunto deslanchou em São Paulo. O estado é o que mais tem sentido o crescimento da doença após o encerramento das inspeções oficiais nos pomares, em 2009.

Estima-se que o cancro cítrico esteja presente em 5% dos talhões do parque citrícola, um aumento de 260% em três anos. Atualmente a lei estadual deter-mina que o citricultor faça quatro ins-peções por ano e que sejam arrancadas as plantas doentes. As árvores que esti-verem ao entorno devem receber aplica-ções periódicas de cobre.

O fórum estadual para a discussão da situação é a Câmara Setorial de Citros. Um comitê formado por pesquisadores

do Centro de Citricultura, Fundeci-trus e Escola Superior de Agricultura ‘Luiz de Queiroz’ (Esalq/USP), além de representantes da SAA e o pre-sidente da Câmara, Emílio Fávero, tem debatido a proposta de uma nova Instrução Normativa que substitua a atual legislação. As propostas foram encaminhadas à CANECC (Campa-nha Nacional de Erradicação do Can-cro Cítrico), órgão responsável por estudar a lei no âmbito federal.

“É importante a modificação ocor-rer na lei federal porque é em cima desse parâmetro que os estados ba-seiam as suas adaptações. Em São Paulo, a mudança é uma necessidade, diante da atual incidência da doença no Estado”, afirma o professor da Es-cola Superior de Agricultura ‘Luiz de Queiroz’, José Belasque Junior, que participou do comitê que elaborou a nova proposta.

O objetivo é dar possibilidade para que o produtor controle a doença de forma racional, sem que seja levado a arrancar toda a propriedade.

“Hoje o manejo do cancro cítrico não é considerado uma situação re-gular no país, mesmo assim alguns estados o fazem. Temos exemplos de países vizinhos ao Brasil que manejam a doença e são grandes ex-portadores de citros. É preciso uma adequação para que todos os citricul-tores tenham igualdade de condições para se manter no negócio”, afirma o presidente do Fundecitrus, Lourival Carmo Monaco.

DISCUSSÃO SEGUE

UM LONGO CAMINHO

04/05/12 Fundecitrus leva à secretária da

Agricultura Monika Bergamaschi a preocupa-ção do setor citrícola com a indefinipreocupa-ção das políticas públicas para o controle do cancro após o encerramento das inspeções oficiais.

2011 a 2013 Comitê formado por entidades

de pesquisa e de defesa sanitária de SP, PR, MG, RS elabora e apresenta proposta de nova lei federal de defesa contra o cancro cítrico.

01/11/13 É publicada a Resolução SAA

– 147, que muda as regras de controle do cancro no estado de São Paulo, acabando com a obrigatoriedade do raio de 30 metros.

01/10/14 Fundecitrus apresenta à secre-tária de Agricultura Monika Bergamaschi, propostas formatadas por pesquisadores e citricultores para manter o cancro sob con-trole dentro das novas regras do estado.

21/01/15 O novo secretário de Agricultura, Arnaldo Jardim, recebe o Fundecitrus que sa-lienta a necessidade de mudança de posicio-namento do governo diante dos citricultores que enfrentam o cancro cítrico.

28/04/15 O secretário recebe citricultores,

entidades agrícolas e Fundecitrus, em Ribei-rão Preto, e mais uma vez a pauta é a ne-cessidade de adequar a lei do cancro cítrico.

15/05/15 O assunto entra na pauta da

Câmara Setorial de Citros do Estado de São Paulo por determinação do secretário.

25/05/15 O secretário Arnaldo Jardim

avança a discussão de mudanças da lei do cancro na Câmara Setorial de Citros e se dispõe a ouvir as propostas das diversas alas do setor citrícola.

22/07/15 Fundecitrus faz reunião com

Secretário do Departamento de Sanidade Vegetal, Luis Eduardo Pacifici Rangel, para pedir agilidade na modernização da lei fede-ral de controle do cancro cítrico.

11/08/15 Na primeira reunião da nova gestão da CANECC, a pauta foi a nova lei.

Jul/15 Em diversas reuniões, o Comitê de

Fitossanidade da Câmara Setorial de Citros do Estado de São Paulo discute propostas para uma nova Instrução Normativa federal.

15/05/15 Em visita ao Fundecitrus, o

se-cretário se mostrou decidido a promover as alterações solicitadas pelos citricultores.

(7)

7 REVISTA CITRICULTOR

SEM CUIDADO

O

parque citrícola tem 2% da sua área com pomares abandonados, o que representa 9.953 hectares de citros, de acordo com censo da ci-tricultura, realizado pelo Fundecitrus, entre outubro de 2014 e março de 2015.

Os pomares abandonados são aque-les sem tratos culturais, controle fitossa-nitário insatisfatório, com elevado grau de infestação de pragas e doenças, com frutas apodrecidas no chão, mato alto, plantas com galhos secos ou mortas.

A macrorregião Centro é onde está a maior parte dos pomares abandonados. Nela está a região de Brotas, com maior área proporcional ao seu tamanho, com mais de 5% (1.339 ha). Em extensão, a região de Duartina é a primeira colo-cada do abandono com 1.889 hectares (3% de sua área). Matão, também neste setor, tem 1.353 ha (2%) abandonados. A região que tem menos área de po-mares abandonados ou em más condi-ções é o Triângulo Mineiro, com 0,88% do seu terrítorio (veja tabela ao lado). QUASE ABANDONADOS

Não são apenas as áreas abandona-das que causam preocupação. Outros 24.672 hectares, ou 5,5% do parque ci-trícola, estão em condições muito ruins. São pomares com deficiência de tratos culturais e pouca produtividade em grande parte das plantas devido ao ma-nejo inadequado de pragas e doenças.

Neste quesito, a região de Limeira está disparada na frente com 6.517 ha de pomares em condições ruins. So-madas, as áreas abandonadas e mal cuidadas tomam 14% da região. Em seguida, está a região de Porto Fer-reira, com 3.674 ha em estado precá-rio de conservação, o que resulta em quase 9% de área. Brotas também tem uma área grande de pomares em mau estado com 2.858 ha, que somados aos pomares abandonados compromete

O MAPA DO ABANDONO

Posição Região abandonadosHa região% da cuidadosHa mal região*% da do parque Total % citrícola 1º Limeira 830 1,49 6.517 13,90 1,49 2º Brotas 1.399 5,22 2.858 12,65 0,86 3º P. Ferreira 427 0,92 3.674 8,74 0,83 4º Votuporanga 1.051 3,58 1.867 7,58 0,59 5º Matão 1.353 2,37 3.289 6,93 0,94 6º Duartina 1.889 3,05 2.554 4,50 0,90 7º Bebedouro 1.091 1,54 1.734 3,10 0,57 8º S. J. R. Preto 818 3,16 710 2,97 0,31 9º Itapetininga 55 0,29 326 1,83 0,08 10º Avaré 677 1,11 813 1,45 0,30 11º Altinópolis 144 1,26 102 0,93 0,05 12º T. Mineiro 218 0,82 228 0,88 0,09

quase 13% da sua área (veja abaixo). De acordo com o gerente geral do Fundecitrus, Antonio Juliano Ayres, estes pomares representam um grande risco para a citricultura. “Servem de constante fonte de doença e criadouro de pragas, sobretudo do psilídeo

Dia-phorina citri, transmissor do HLB. Eles

devem ser erradicados porque prejudi-cam os citricultores que estão cuidando de seus pomares e desenvolvendo um bom trabalho”, afirma.

O Fundecitrus tem investido em ações para minimizar o impacto causa-do por estes pomares. A principal delas é a criação de vespinhas Tamarixia

ra-diata, inimigo natural do psilídeo, para

serem soltas nestas áreas que não tem controle químico e dessa forma mini-mizar a população da praga. Também tem incentivado os citricultores a bus-car soluções com os proprietários de pomares vizinhos em más condições, entre elas a erradicação ou pulveriza-ção da área.

O assunto também foi levado à Se-cretaria Estadual de Agricultura e Abas-tecimento (SAA) e ao Ministério da Agricultura e Abastecimento (MAPA), com a solicitação formal de agilidade e prioridade dos órgãos de defesa para soluções para estas áreas de risco.

7,5% do parque citrícola estão

abandonados ou em mau estado

SINAL DE

ALERTA

O parque citrícola tem 2% de pomares abandonados que são fonte de doença e criadouro de pragas

Ranking das regiões com áreas de pomares abandonados e em más condições

Foto:

Jaqueline Ribas/Fundecitrus

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8 REVISTA CITRICULTOR

DOENÇAS

Levantamento mostra que manejo aplicado para a CVC fez efeito,

mas que parte dos citricultores estão deixando de erradicar o HLB

O

levantamento amostral de doenças realizado pelo Fundecitrus traz uma boa e uma má notícia para o setor citrícola. A boa notícia é que, em três anos, a clorose variegada dos citros (CVC) teve uma redução drástica de 82% no índice de plantas contamina-das. Por outro lado, no mesmo período, o greening (huanglongbing/HLB) teve uma elevação de 159%.

De acordo com a pesquisa feita nos pomares pelo Fundecitrus, 6,77% das laranjeiras do parque citrícola de São Paulo e Triângulo e Sudoeste de Mi-nas Gerais têm CVC e 17,89% tem HLB. O último levantamento, que foi realizado em 2012, apontava índices de 38,39% e 6,91%, respectivamente

(veja gráfico na página ao lado).

Foram avaliadas 24,2 mil laranjeiras em todas as regiões do parque citrícola, nos meses de junho e julho, selecionadas de acordo com variedade, idade e tama-nho de propriedade. Após a vistoria de campo, foi feita uma auditoria com no-vas inspeções e análise de material no laboratório do Fundecitrus.

CVC – CASO DE SUCESSO

Principal doença da citricultura pau-lista na década de 1990, a CVC está controlada. Segundo o levantamento, a maior parte das plantas doentes apre-senta sintomas iniciais (menos de 25% da copa atacados).

A doença caiu em todas as faixas etárias (veja infográfico na pág.10), mas principalmente nas plantas jo-vens, com redução de 94% tornan-do-se praticamente inexistente.

Grande contribuição para este re-sultado veio da mudança no sistema de produção de mudas, que se mos-trou uma medida importante no com-bate a CVC ao longo dos anos. Em 1999, antes da promulgação da lei que tornava obrigatório os viveiros serem telados, a incidência em plan-tas de até 2 anos era de 35,69%. De lá pra cá foram produzidas 160 milhões de novas plantas, ou seja, 80% das árvores que hoje estão no campo che-garam aos pomares mais saudáveis e

CVC

DIMINUI

82%

HLB

AUMENTA

159%

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9 REVISTA CITRICULTOR

se mantiveram assim por mais tempo. Outras medidas que colaboraram para a redução foram a intensificação do uso de inseticidas foliares e, princi-palmente, sistêmicos nos pomares por causa do psilídeo, inseto transmissor do HLB, o que repercutiu no controle das cigarrinhas transmissoras da CVC, e a retirada de plantas doentes com reno-vação em bloco dos pomares.

A queda de incidência também foi expressiva nos pomares acima de 10 anos, grupo que era o mais atingido pela doença. Nestas plantas a CVC caiu de 61,33%, em 2012, para 13,67%

(veja infográfico na pág. 10).

De acordo com o pesquisador do Fundecitrus Renato Beozzo Bassane-zi, a renovação e retirada dos poma-res mais velhos ajudou no controle da doença. “A grande diminuição de pomares nos últimos anos colaborou para a redução da CVC porque eles tinham plantas com condições ruins, produtividade baixa e alto índice de doenças e pragas. Isso vale também para outras doenças, inclusive para o HLB”, explica.

O bom resultado não veio de gra-ça. É reflexo de todo investimento feito em pesquisa, liderado pelo Fun-decitrus e com envolvimento de uma grande rede de institutos em consór-cio, com o apoio da Fapesp, para des-vendar todos os aspectos da doença que era totalmente desconhecida quando surgiu nos pomares, no final da década de 1980.

Na época, foi sequenciado o ge-noma da bactéria Xylella fastidiosa, causadora da doença, e realizados outros projetos de genoma funcional (que determina as funções dos genes), identificado o inseto vetor da doença e criado um pacote de medidas que permitiu reduzir a incidência da CVC nos pomares, no começo lentamente e depois com mais velocidade.

“Foi um efeito de redução em cas-cata, era questão de tempo para que a incidência geral diminuísse com a ado-ção do pacote de manejo da doença e compromettimento pelos citricultores”, afirma Bassanezi.

HLB – FUTURO NA MÃO DOS CITRICULTORES

Na opinião do gerente geral do Fun-decitrus, Antonio Juliano Ayres, o HLB pode seguir o mesmo caminho que a CVC e ter seu impacto reduzido, basta o produtor se manter firme na prática do controle adequado. “O sucesso do ma-nejo da CVC vai nos ajudar a combater o HLB, pois as duas doenças são bacte-rianas com vetores envolvidos. Todavia a bactéria do HLB é mais agressiva e o insetor transmissor mais eficiente. Para a CVC o tripé muda sadia, controle do vetor e poda ou eliminação de plantas doentes é suficiente. Para o HLB é ne-cessário ter muito mais rigor, a ação tem que ser externa também, exigindo união e ação conjunta, ou seja, é im-prescindível a adoção do manejo regio-nal, participar do Alerta Fitossanitário do Fundecitrus e a aplicação de todas as medidas de manejo, como controle mais severo na borda, inspeção e atua-ção nas propriedades vizinhas”, afirma. Para ajudar o citricultor na aplicação das medidas em seu pomar, o Funde-citrus está ampliando as áreas de ma-nejo regional/Alerta Fitossanitário que atualmente englobam as regiões de

Araraquara, Avaré, Bebedouro, Casa Branca e Santa Cruz do Rio Pardo, com mais duas regionais no Triângulo Mi-neiro e em Bauru. Como medida com-plementar a instituição tem realizado a soltura da vespinha Tamarixia radiata, inimigo natural do psilídeo. Somente no último ano foram liberados 300 mil insetos em 360 locais.

Mas de acordo com o levantamen-to, apesar da obrigatoriedade da elimi-nação dos pés doentes, há 35 milhões de plantas com sintomas de HLB no campo. Este número é igual ao total de árvores erradicadas por causa da doença nos primeiros nove anos da sua existência em São Paulo (ao todo, 38,8 milhões de árvores com HLB foram er-radicadas até o final de 2014, de acordo com os relatórios apresentados pelos citricultores à Coordenadoria de Defe-sa Agropecuária – CDA).

As maiores taxas de crescimento da incidência de plantas com sintomas de HLB no campo são para as faixas etárias mais velhas, o que indica uma diminuição na erradicação nesta fai-xa. De 2012 para 2015, o número de pés com sintomas no campo aumen-tou 233% nas árvores com mais de 10 anos. Entre as com idade de 6-10

A EVOLUÇÃO DAS DOENÇAS

CVC tem queda drástica com controle rígido. Já o HLB tem aumentado a contaminação

0,89 1,89 3,8 6,95 17,89 37,57 39,77 34,6 42,58 2009 2010 2011 CVC HLB 2012 2015 6,77

(10)

10 REVISTA CITRICULTOR

Foram avaliadas 24 mil plantas para apurar

índice de CVC e HLB e a severidade dos

sintomas

DOENÇAS

anos o aumento foi 182%, na idade de 3-5 anos foi 116% e nas plantas de 0-2 anos aumentou 64% (veja no

infográ-fico abaixo).

“Se a erradicação estivesse ocor-rendo, era de se esperar que a taxa de crescimento da incidência de pés doentes fosse semelhante para todas as idades. Observa-se, porém, que o indí-ce de árvores com sintomas no campo tem aumentado numa velocidade maior nas idades mais velhas, indicando um acúmulo de plantas sintomáticas nesta faixa, isto é, que a cada ano há menos erradicação nos pomares adultos, tal-vez porque estas árvores doentes ainda tenham alguma produção residual por alguns anos ou porque a eliminação delas signifique a saída do produtor da citricultura”, explica Bassanezi.

Esta tendência é comprovada pela queda no número de plantas erradica-das por HLB nos relatórios apresenta-dos pelos citricultores a CDA que em 2013 foi de 7,2 milhões de plantas e em 2014 de 4,5 milhões. Estes pés contaminados que ficam no campo vão piorando ao longo do tempo, o que re-presenta mais queda de produtividade e qualidade e mais contaminação de novas árvores.

Para se ter uma ideia, 8,1% das la-ranjeiras do parque citrícola tem mais

COMPORTAMENTO IGUAL

CVC cai e HLB cresce em todas as faixas etárias das plantas

que 25% da copa com sintomas, situa-ção que a planta tem queda de produ-tividade em torno de 50%. Isso signi-fica que hoje o parque citrícola tem prejuízo de 4% da sua produção por causa do HLB. O efeito da doença já foi comprovado na Flórida, onde qua-se mais de 70% das árvores têm HLB e a produção foi reduzida em 60%

nos dez anos que o HLB está presente

(leia mais na pág. 13).

O levantamento mostrou ainda que 1,5% das laranjeiras estão com mais de 75% das copas tomadas pelo HLB. Estas plantas pouco produzem e os fru-tos que vingam são de baixa qualida-de. Estudos feitos nos EUA mostram que sucos com mais de 25% de frutas provenientes de plantas com HLB têm uma redução da qualidade perceptível aos consumidores.

“Deixar a planta doente no campo é uma visão de curto prazo do citricultor que está pensando apenas na produção presente e não na manutenção futura do seu negócio. É preciso manter a erradicação para diminuir a velocida-de com que a doença tem se alastrado nos pomares e manter a qualidade das frutas que são produzidas no parque cítricola”, afirma Bassanezi.

REGIÕES

O índice de HLB cresceu em todo parque citrícola, embora seja pratica-mente inexistente no extremo norte, nas regiões do Triângulo Mineiro e Votuporanga. Já a CVC caiu em todo

CVC HLB > 10 anos -78% +233% 6 a 10 -72% +182% 3 a 5 -75% +116% 0 a 2 -94% +64%

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11 REVISTA CITRICULTOR 11

INCIDÊNCIA DE CVC E HLB POR REGIÃO

Regiões centrais são as mais afetadas

estado e tem índices muito baixos no extremo Sul, onde ficam as regiões de Duartina, Avaré e Itapetininga

(veja o mapa acima). As duas áreas

foram beneficiadas pela distância do foco inicial destas doenças que foi na região de Araraquara, no caso do HLB, e na de São José do Rio Preto, no caso da CVC.

As condições climáticas destas re-giões também podem ser um motivo da baixa incidência. Por um lado, as regiões ao norte são mais quentes e mais secas, condição desfavorável para a bactéria do HLB e para o psi-lídeo. Segundo um estudo do pesqui-sador do Fundecitrus Silvio Lopes, a contaminação pode ser até três vezes menor nestes casos.

No outro extremo, o menor déficit hídrico e o tempo mais frio do Sul explicam a pouca severidade de sinto-mas de CVC e influenciam no ciclo de desenvolvimento das cigarrinhas

re-TGM BEB ALT VOT SJO MAT DUA BRO PFE LIM AVA ITG 88% CVC HLB

sultando na baixa população do vetor. Já as regiões no sul do parque citrí-cola, sobretudo Brotas, Porto Ferreira e Limeira estão entre as que têm os ín-dices mais altos de HLB e, no caso das duas últimas, também de CVC.

A macrorregião mais afetada pelo HLB é a Sul (que engloba as regiões de Limeira, Porto Ferreira e Casa Branca), onde a doença triplicou e atinge 42,5% das plantas, na mé-dia. Em seguida está a macrorregião Centro (Matão, Brotas e Duartina), com 23,57% de suas laranjeiras afe-tadas, mais do que o dobro do que existia em 2012.

São regiões com predominância de propriedades pequenas, o que dificul-ta o manejo, sobretudo do HLB, que precisa de ação simultânea em grandes áreas com participação dos citriculto-res em um manejo regional. Além dis-so, muitos produtores têm optado pela manutenção de plantas doentes e estas

8,58% 0,26% 9,72% 1,46% 1,32% 12,01% 11,24% 10,17% 2,27% 11,48% 5,40% 0,07% 10,46% 4,46% 4,10% 4,35% 0,01% 1,72% 24,17% 16,28% 5,68% 46,12% 43,81% 38,37%

regiões tem muitos pomares abandona-dos (veja mais na pág. 7).

A macorregião Norte (Triângulo Mineiro, Bebedouro e Altinópolis) tem média de 6,81%; o Sudoeste (Avaré e Itapetininga) 4,72%, e o Noroeste (Vo-tuporanga e São José do Rio Preto) tem 2,23% de plantas com HLB.

“Para algumas regiões este é o mo-mento crucial que irá determinar o fu-turo da citricultura. Ou o produtor man-tém a erradicação das plantas doentes, controla com rigor o psilídeo e encon-tra uma maneira de atuar nos vizinhos que não estão fazendo o manejo ou a citricultura da região estará compro-metida. Já está provado que onde os citricultores estão seguindo as medidas recomendadas à risca a doença está sob controle. Somos exemplos para o mun-do tomun-do de combate ao HLB. É o mo-mento dos produtores se posicionarem para manter a liderança da citricultura brasileira”, afirma Ayres.

TGM - Triângulo Mineiro I VOT - Votuporanga I SJO - S. J. do Rio Preto I DUA - Duartina I BEB - Bebedouro I ALT - Altinópolis I MAT - Matão I BRO - Brotas I PFE - Porto Ferreira I LIM - Limeira I AVA - Avaré I ITG - Itapetininga

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12 REVISTA CITRICULTOR

BOAS PRÁTICAS

OLHAR INOVADOR

A

paixonados por citros. Assim se definem Mario e Murilo Lavrado, pai e filho, pequenos produtores, de Marcondésia/SP. Mas, para enfrentar os desafios e prosperar na citricultura, só a paixão não foi suficiente, necessitou-se investir em tecnologia e novas práticas.

De 2006 a 2012, os pomares da fa-mília registraram baixa produtividade, avanço do HLB e prejuízos financei-ros que quase levaram ao abandono da cultura. “Pensei em desistir, foi uma fase de desânimo. O Murilo que insis-tiu para continuarmos. Apostamos em mudanças e estamos dando a volta por cima”, conta Mario.

Parceria e o diálogo foram fundamen-tais para aliar a experiência do pai, que completará 40 anos na citricultura, com o desejo de inovação do filho, de 24 anos,

Modernidade do filho aliada à experiência do pai

traz prosperidade para pomares da família Lavrado

recém-formado em Agronomia. “Nas-ci e cres“Nas-ci no meio dos pomares, sem-pre desejei seguir os passos do meu pai, por isso lutei para permanecermos na citricultura”, diz.

O primeiro passo foi a renovação dos pomares com novas variedades, plantas mais adensadas e irrigadas. Investiram na nutrição das árvores e na compra de maquinários mais modernos. O planejamento foi peça chave, principalmente no manejo fi-tossanitário. “Buscamos informações e atualizações para entender como é a transmissão das principais doenças e o ataque das pragas para conseguirmos agir no momento correto”, diz Murilo. Para enfrentar o HLB, adotaram o monitoramento e controle regular do psilídeo, erradicação de plantas

doen-tes e atenção especial às bordas do po-mar com inspeções e aplicações mais frequentes e replantas para evitar que a doença avance para dentro da proprie-dade. Também participam do Alerta Fitossanitário.“Quando somos avisados que foi encontrado um psilídeo nas ar-madilhas, já entramos em ação”, diz.

O manejo de outras doenças e pra-gas é feito com o intuito de preveni-las ou controla-las logo no início. Para isso ficam atentos aos períodos em que as plantas estão mais suscetíveis, inspecio-nam regularmente e usam defensivos em rotação. “Depois que passamos a ter consciência de que é preciso agir antes que a situação se agrave, estamos con-seguindo evitar prejuízos”, afirma o pai.

A família colhe os frutos das mudan-ças. A produtividade é crescente, a taxa de plantio é dez vezes maior do que a de erradicação, a qualidade e sabor dos frutos melhoraram e as doenças estão sob controle. Em 2015, houve aumen-to de 20% em área plantada e 30% em produtividade em comparação com 2014. “As dificuldades mostraram que era o momento de mudar. Sempre fui aberto a novidades, por isso a parceria com meu filho deu certo”, diz Mario.

NOVOS TEMPOS: A seção de boas

práticas na citricultura estreia com a história da parceria entre pai e filho que mostra a necessidade de modernização no campo para aumentar lucros e enfrentar desafios. Foto: Jaqueline Ribas/Fundecitrus Murilo (esq.) e Mario: parceiros em torno da inovação pela produtividade

(13)

13 REVISTA CITRICULTOR

Chefe de Operações do CRDF visita o Fundecitrus

em busca de conhecimento e parcerias

CONEXÃO

FLÓRIDA SE ESPELHA EM SP PARA

REVERTER SITUAÇÃO DO HLB

E

mbora tenham identificado o HLB com apenas um ano de diferença, São Paulo e Flórida (EUA) vivem realidades bem diferentes da doença. Enquanto São Paulo tem 17,9% de plantas com sintomas (leia mais na pág.

8), a Flórida contabiliza mais de 70%

das suas árvores contaminadas. O estado americano é exemplo do efeito devastador da doença, que em dez anos tomou a citricultura e derru-bou a produtividade. O HLB foi detec-tado na Flórida em 2005. No ano ante-rior, a produção foi de 240 milhões de caixas de laranja, agora, a estimativa é de 96 milhões, o que representa uma queda de 60% em uma década.

O chefe de operações do Citrus Re-search & Development Foundation - CRDF, (veja mais no quadro), Harold Browning, atribui este prejuízo à alta população de psilídeos na Flórida quan-do a quan-doença foi detectada e a demora em dar uma resposta para o problema.

O

CRDF foi criado em 2009, manti-do por citricultores da Flórida para financiar pesquisas para a descoberta de soluções para os produtores, sobre-tudo para o HLB.

O foco dos estudos tem sido a busca da cura da doença, como antibióticos, plantas resistentes, porta-enxertos tole-rantes e coquetéis nutricionais.

A entidade contabiliza US$ 31 mi-lhões em pesquisas realizadas e em andamento, totalizando 107 projetos que vão de genomas a práticas no campo.

No início, a entidade era financiada exclusivamente por citricultores, mas atualmente também recebe subsídios dos governos estadual e federal.

O CRDF não conta com pesquisado-res próprios, por isso contrata ou financia pesquisa de universidades e institutos. De acordo com Browning, o CRDF en-contra dificuldades para levar os projetos à parte prática, que pode ser aplicada no campo. Uma das opções analisadas pela entidade para ultrapassar este obstáculo é se espelhar no modelo do Fundecitrus.

ALTOS INVESTIMENTOS

EM PESQUISA

zer com que as plantas produzam pelo maior tempo possível. “Não é uma es-colha, é uma imposição da doença. Só há uma forma de controlar o HLB, que é o combate do psilídeo e a erradicação de plantas e São Paulo está neste cami-nho. Mas a situação da Flórida é dife-rente”, afirma Browning.

Os produtores norte-americanos também querem investir em novos po-mares e devem usar os métodos dos produtores paulistas, que tem se mos-trado eficientes na contenção do HLB.

Harold Browning, do CRDF, mostra que a entidade é um dos parceiros do Fundecitrus

Diferentemente do que ocorreu na citri-cultura paulista, os produtores norte-a-mericanos priorizaram a busca de uma solução definitiva para a doença e não a manejaram no campo. “Houve uma falha no controle. Por vários anos man-teve-se o padrão de pulverização que já existia de três vezes por ano. Quando perceberam o erro, por volta de 2010, o número de aplicações aumentou, mas já era tarde demais”, afirma Browning. O executivo ficou duas semanas no Brasil, em agosto, visitando o Fundeci-trus e pomares de São Paulo e do Para-ná para conhecer o que está sendo feito nas pesquisas e no campo e verificar possibilidade de financiar e cooperar com projetos no país. “Nossos estudos englobam dúvidas que são comuns à Flórida, ao Brasil e à Ásia, portanto podemos firmar parcerias para solu-cioná-las em conjunto”, diz.

O desafio para os produtores da Fló-rida é minimizar a queda de frutos e

fa-Foto:

(14)

14 REVISTA CITRICULTOR Acompanhamento de queda de frutos ocorre até a colheita

ESTIMATIVA DE SAFRA

D

epois de anunciar a estimativa da safra de laran-ja 2015/16, prevista em 278,99 milhões de caixas, o Fundecitrus realiza o monitoramento de queda e tamanho dos frutos em todo parque citrícola para fazer reestimativas de safra.

O procedimento é necessário para assegurar a precisão dos números da estimantiva e dar segurança ao planejamento den-tro das propriedades.

Agentes de pesquisa estão visitando cerca de 900 talhões de laranja desde junho. O acompanhamento está sendo reali-zado mensalmente até que os frutos sejam colhidos.

Os talhões monitorados foram sorteados de forma que se identificassem com o perfil da região em relação à variedade, à idade e sua representatividade no parque.

Em cada um são acompanhadas oito árvores vizinhas a uma das 2.500 que foram derriçadas para compor a estima-tiva da safra. Os frutos que estão no chão são separados por florada e contados. Para verificar o desenvolvimento, são co-lhidos cinco frutos por florada em cada uma das laranjeiras monitoradas do talhão, que são medidos e pesados.

As informações coletadas de junho a agosto servirão de base para a reestimativa da safra 2015/16, que será divul-gada em setembro.

O trabalho continua até o fechamento da safra, com outras reestimativas em novembro de 2015 e fevereiro de 2016.

Agente do Fundecitrus faz pesagem para verificar desenvolvimento

dos frutos

DE OLHO

NA SAFRA

Acompanhamento da taxa de queda e

do tamanho dos frutos assegura precisão

da estimativa de produção de laranjas

(15)

15 REVISTA CITRICULTOR

Tronco e ramos são mais afetados pela doença

Citric

cultor

Citr

Citricult

ic

u

ltor

or

15 REVISTA CITRICULTOR

Pragas e Doenças

O nono capítulo da seção aborda a rubelose, doença causada por fungo que provoca seca

de tronco, ramos e galhos, morte de parte da copa e redução da produtividade do pomar.

A

rubelose, conhecida como “mal rosado”, é causada pelo fungo

Erythricium salmonicolor. A

doença ocorre em tronco, galhos e ra-mos, afeta todas as variedades de citros e está presente em todo o Brasil. É mais severa em árvores adultas e em poma-res adensados com copas muito fecha-das. Umidade e ferimentos facilitam o desenvolvimento do fungo e o surgi-mento da doença.

SINTOMAS

O fungo penetra em tecidos da casca, até atingir camadas mais internas do le-nho. As lesões iniciam-se na bifurcação de tronco e ramos, devido à maior umi-dade do local.

No início da infecção, as lesões li-beram uma goma. As partes afetadas fi-cam com cobertura branca, em formato de leque, que depois adquire coloração

No início da infecção há liberação de goma

rosa, sinal típico da doença. Com o tem-po, essa cobertura branca desaparece, deixando a superfície da planta rachada com fios longos brancos ou

acinzenta-Umidade e ferimentos facilitam o desenvolvimento do fungo Foto: Ivaldo Sala/Fundecitrus Foto: Arquivo Fundecitrus

LESÃO ROSADA É

SINAL DE RUBELOSE

(16)

16 REVISTA CITRICULTOR

dos, chamados de prancha. A casca com o tempo racha e apresenta fendas devido à morte dos tecidos. As lesões comprometem camadas internas, pro-vocando anelamento de galhos e ramos, e seca acima da área afetada.

DANOS

A rubelose é caracterizada pela mor-te de ramos e galhos, mas em ataques mais severos pode causar a morte de toda a planta. Os frutos dos ramos in-fectados não crescem, não amadurecem e caem prematuramente. O fungo tam-bém pode se desenvolver no pedúnculo e na superfície do fruto.

CONTROLE

O controle consiste na remoção e poda de galhos e ramos com sinto-mas da doença, secos e improdutivos. “Dessa forma, reduz-se a fonte de contaminação e evita que a copa da planta seja afetada”, afirma o pesqui-sador Geraldo J. Silva Junior.

O tratamento de inverno é a melhor medida de controle, devido à baixa

in-Em ataques severos a rubelose

causa a seca e morte de galhos e até de toda a planta

cidência de chuvas e consequente dimi-nuição da umidade.

Na região dos ramos onde não há anelamento, deve-se limpar a lesão com escova de aço e depois pincelar pasta de cobre. Nas regiões aneladas, é necessá-rio podar abaixo da margem infenecessá-rior da lesão e também proteger com pasta de cobre. Todos os galhos infectados de-vem ser retirados do pomar para evitar a disseminação da doença.

Pulverizações preventivas com produtos à base de cobre, direcionadas aos ramos internos, também contri-buem para a redução da severidade da doença. “A rubelose normalmente está sob controle na maioria dos pomares paulistas, mas os citricultores devem ficar atentos para não deixarem a si-tuação se agravar. A adequação do vo-lume e da dose de cobre deve ser feita com critério”, diz o pesquisador.

Planta fica com superfície rachada,

com fios longos, brancos ou acinzentados

Foto: Arquivo Fundecitrus

Foto:

Referências

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