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PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO

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Academic year: 2021

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Registro: 2016.0000261444

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação nº 0001454-41.2009.8.26.0247, da Comarca de São Sebastião, em que é apelante CETESB - COMPANHIA AMBIENTAL DO ESTADO DE SÃO PAULO, é apelado LUIGI GIUSEPPE FOLLO.

ACORDAM, em 2ª Câmara Reservada ao Meio Ambiente do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Negaram provimento ao recurso. V. U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão.

O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores VERA ANGRISANI (Presidente sem voto), PAULO AYROSA E EUTÁLIO PORTO.

São Paulo, 14 de abril de 2016. Alvaro Passos

RELATOR Assinatura Eletrônica

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Voto nº 26987/TJ – Rel. Alvaro Passos – 2a Câm. Res. Meio Ambiente

Apelação cível nº 0001454-41.2009.8.26.0247

Apelante: CETESB COMPANHIA AMBIENTAL DO ESTADO DE SÃO PAULO

Apelado: LUIGI GIUSEPPE FOLLO

Comarca: São Sebastião F. Ilhabela Vara única Juiz(a) de 1º Grau: Carlos Eduardo Mendes

EMENTA

AÇÃO ORDINÁRIA Ajuizamento de ação com a pretensão de obter autorização para construir, no lote de propriedade do demandante, em até 15 (quinze) metros de curso d´água Admissibilidade Exigência de manter a distância de 30 (trinta) metros de APP (corpo d´água) Não cabimento Situação peculiar em que se verifica uma situação urbana consolidada, com córrego canalizado, afastando a função da área de preservação permanente no local Elaboração de laudo por perito nomeado que conclui pelo baixo impacto, com possibilidade de compensação, na construção na distância almejada, sem prejuízos ao meio ambiente Recurso improvido.

Vistos.

Trata-se de apelação interposta contra a r. sentença de fls. 240/242, cujo relatório se adota, que julgou procedente ação ordinária, concedendo licença ambiental para edificação no lote indicado na inicial, obedecendo a distância de 15 (quinze) metros do curso d´água.

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decisão com base nos argumentos expostos nas razões de fls. 247/275. Com resposta e parecer ministerial, vieram os autos para julgamento.

É o relatório.

A r. sentença deve ser confirmada pelos seus próprios e bem deduzidos fundamentos, os quais ficam inteiramente adotados como razão de decidir, nos termos do art. 252 do Regimento Interno deste Egrégio Tribunal de Justiça.

Tal dispositivo estabelece que “nos

recursos em geral, o relator poderá limitar-se a ratificar os fundamentos da decisão recorrida, quando, suficientemente motivada, houver de mantê-la”,

e tem sido amplamente utilizado por suas Câmaras, seja para evitar inútil repetição, seja para cumprir o princípio constitucional da razoável duração dos processos1.

O COLENDO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA tem prestigiado este entendimento quando predominantemente reconhece "a viabilidade de o órgão julgador adotar ou ratificar o juízo de

valor firmado na sentença, inclusive transcrevendo-a no acórdão, sem que tal medida encerre omissão ou ausência de fundamentação no decisum"

(REsp n° 662.272-RS, 2ª Turma, Rel. Min. João Otávio de Noronha, j . de 4.9.2007; REsp n° 641.963-ES, 2ª Turma, Rel. Min. Castro Meira, j . de 21.11.2005; REsp n° 592.092-AL, 2ª Turma, Rel. Min. Eliana Calmon, j .

1 Anote-se, dentre tantos outros: AI nº 99010271130-7, Rel. Des. Caetano Lagrasta, em

17/09/2010; Apelação 99109079089-9, Rel. Des. Moura Ribeiro, em 20/05/2010; Apelação n° 990.10.237099-2, Rel. Des. Luiz Roberto Sabbato, em 30.06.2010; Agravo de Instrumento 99010032298-2, Rel. Des. Edgard Jorge Lauand, em 13/04/2010; Apelação 991.09.0841779, Rel. Des. Simões de Vergueiro, em 09/06/2010; Apelação 991000213891, Rel. Des. Paulo Roberto de Santana, em 09/06/2010; Apelação nº 99208049153-6, Rel. Des. Renato Sartorelli, em 01/09.2010; Apelação nº 992.07.038448-6, São Paulo, Rel. Des. Cesar Lacerda, em 27/07/2010; Apelação nº 99206041759-4, Rel. Des. Edgard Rosa, em 01/09/2010; Apelação nº 99209075361-4, Rel. Des. Paulo Ayrosa, em 14/09/2010; Apelação nº 99202031010-1, Rel. Des. Mendes Gomes, em 06/05/2010; Apelação nº

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17.12.2004 e REsp n° 265.534- DF, 4ª Turma, Rel. Min. Fernando Gonçalves, j de 1.12.2003).

Consigna-se que a r. sentença corretamente assentou que, analisando em conjunto os textos legais indicados nos autos (Lei nº 6.766/76 e o Código Florestal), que podem estar em vigência concomitantemente, não se vislumbra dano ambiental no caso concreto, considerando, dentre outros pontos, que o curso d´água está canalizado e “minimiza a interferência humana em seu fluxo, de modo a permitir ao autor a edificação, guardando o recuo non aedificandi de quinze metros, previsto na Lei nº 6.766/76, distância suficiente para a proteção de água, neste local”.

O feito foi ajuizado ainda na vigência da anterior Lei nº 4.771/65, ocasião em que já se previa a atual proteção das áreas próximas dos corpos d´água, como a da hipótese vertente, sendo certo que, com o advento do novo Código Florestal (Lei nº 12.651/12), a situação, de um modo geral, permaneceu idêntica com a proteção da área ambientalmente protegida e na mesma distância.

Nos termos do atual Código Florestal (Lei nº 12.651/12), em seu art. 3º, II, a área de preservação permanente é aquela região protegida, “coberta ou não por vegetação nativa, com função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade ecológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas”.

Anote-se que, atualmente, pelo novo Código Florestal, as APPs são protegidas tanto em regiões rurais como urbanas, de modo que esta questão não seria a motivação para afastar eventual incidência da legislação florestal.

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anterior quanto o atual, o imóvel estaria dentro do limite de área de preservação permanente, que seria, no caso, de 30 (trinta) metros. Entretanto, a hipótese vertente possui peculiaridades que não permitem a incidência das funções que a APP tem a finalidade de atingir, uma vez que se trata de área urbana consolidada e com o curso d´água canalizado, ao menos neste trecho.

O laudo apresentado pelo perito nomeado concluiu que, a despeito da localização do imóvel, trata-se de área urbana já consolidada; que a supressão de vegetação terá pequeno impacto e é passível de compensação; que não haverá prejuízos ao meio ambiente; que o córrego está canalizado dentro do loteamento.

Desse modo, estando o lote de propriedade do demandante, ora apelado, em área urbana totalmente consolidada, em loteamento que possui outras construções aprovadas com menos de 30 (trinta) metros do córrego canalizado, com indicação de possibilidade de adoção de medidas compensatórias ao meio ambiente, a função da área de preservação permanente, prevista no Código Florestal (antigo art. 2º, II, e atual art. 4º, I, “a”), não seria atingida, devendo ser sopesados todos os direitos envolvidos na lide, efetuando-se uma análise do sistema legal pertinente de forma integral, com uma compatilização de normas, cabendo a aplicação da faixa de 15 metros.

Consigne-se que não se trata de afastar a importância da defesa do meio ambiente e nem de sobrepor um direito privado sobre o interesse público, mas sim analisar o caso concreto e todos os direitos envolvidos, como o direito de propriedade, que também é constitucionalmente protegido, em um quadro peculiar de consolidação urbana com outros imóveis regularmente instituídos no mesmo loteamento, com canalização do corpo d´água, em que a improcedência do pedido inicial de autorização de construção na distância de 15 (quinze) metros autorizada em outro texto legal não traria resultado prático expressivo.

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Não há indícios e nem provas aptas a desacreditar o trabalho técnico realizado, mostrando-se viável a autorização pretendida pelo autor, cabendo eventual compensação ao meio ambiente.

Sobre o tema, confira-se:

AÇÃO CIVIL PÚBLICA. APP. Imóvel localizado à margem de córrego em área urbana. Bairro antropizado há quase quatro décadas. Curso d´água que se mostra coberto em sua quase totalidade por casas e vias públicas. Laudos da CETESB que atestam a descaracterização da área de preservação. Perda da função protetora. Precedentes. Condenação do MP a arcar com o ônus da sucumbência que só seria possível no caso de comprovada má-fé. Sentença parcialmente reformada. Recurso provido em parte. (Apelação nº 0000743-78.2012.8.26.0587 São Sebastião Rel. Vera Angrisani 2ª Câmara Reservada ao Meio Ambiente DJ 31/07/2014)

AÇÃO CIVIL PÚBLICA. Guarulhos. Córrego dos Cubas. Demolição das construções efetuadas em área de preservação permanente. 1. Mata ciliar. Área de preservação permanente. Zona urbana. Função. A discussão sobre a aplicação do Código Florestal à zona urbana foi afastada pela LF nº 12.651/12. Nos termos do inciso II do art. 1º da LF nº 4.771/65 e do art. 3º II da LF nº 12.651/12, a área de preservação permanente, coberta ou não por vegetação nativa, tem a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem estar das populações humanas. As áreas protegidas não cumprem sempre as sete funções, mas aquelas às quais se destina; no caso presente, as matas ciliares visam à preservação dos recursos hídricos (evitar o assoreamento e manter a qualidade da água), a estabilidade geológica (evitar a erosão e o consequente assoreamento), com a função paralela (mas não a principal) de assegurar a biodiversidade e o fluxo gênico de fauna e flora. Na área urbana, a mata ciliar protege os recursos hídricos e, de modo secundário, as demais funções; pode-se dizer que a proteção dos recursos hídricos é a principal função ambiental da mata ciliar urbana. 2. Mata ciliar. Área de preservação permanente.

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Zona urbana. Função. Não vejo como atribuir à faixa ao longo do córrego canalizado, isolado da natureza, recomposta em florestas ou não, a função ecológica primitiva. A mata protetora nada protegerá, uma vez que as águas foram isoladas e não têm, nesse trecho, contato algum com a natureza; e não há sentido maior em impedir a ocupação que se amolde ao Plano Diretor e às posturas urbanas dos terrenos localizados depois da rua, se esta própria permanece onde está com o impacto ambiental que lhe é próprio. São circunstâncias que levam a uma flexibilidade do uso das áreas de preservação permanente na área urbana, conforme a Câmara Ambiental reconheceu em ocasião anterior. Procedência. Recurso do Município e dos corréus providos para julgar a ação improcedente. (Apelação nº 0070828-48.2011.8.26.0224 Guarulhos Rel. Torres de Carvalho 1ª Câmara Reservada ao Meio Ambiente DJ 06/08/2015)

Cabe observar, ainda, que, ao ser adotada uma tese, todas as outras, com ela incompatíveis, são rejeitadas automaticamente. E, ainda que sejam examinados um a um os fundamentos expostos nos articulados, aqueles que não se encaixam na proposição acolhida pelo julgador estão rechaçados.

E outros fundamentos são dispensáveis, diante da adoção dos que foram deduzidos na r. sentença e aqui expressamente adotados para evitar inútil e desnecessária repetição, nos termos do art. 252 do Regimento Interno deste Egrégio Tribunal de Justiça.

Pelo exposto, nego provimento ao recurso.

ALVARO PASSOS Relator

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