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Cabo Verde Protecção dos Recurso Naturais na Ilha do Fogo (PRNF II)

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após os últimos três meses de uma consultoria de 9 meses

Seguimento e avaliação (terceira missão)

Cabo Verde

Protecção dos Recurso Naturais na Ilha do Fogo (PRNF – II)

Novembro 2007

(2)

após os últimos três meses de uma consultoria de 9 meses

Seguimento e avaliação (terceira missão)

para o

Ministério de Ambiente e Agricultura – MAA

e o Banco de Desenvolvimento – KfW

Cabo Verde

Protecção dos Recurso Naturais na Ilha do Fogo (PRNF – II)

Projecto KfW N° 200565770

Novembro 2007

Katalina Mauer

Rua António Nobre 247/1º P- 2750-655 Cascais/ Pampilheira Portugal Telephone: +351-21-1114139 +351-96-0230857 E-mail: katinkamauer@rocketmail.com

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i Cabo Verde: PRNF – II

Conteúdo

1 Resumo Executivo ... 4

2 Introdução ... 6

2.1 Comentário aos Termos de Referência (TdR) ... 6

3 Avaliação do estado de avanço do sistema S&A, delineamento das principais linhas de realização e finalização ... 7

3.1 Agricultura ... 7

3.1.1 Actividades passadas ... 7

3.1.2 Avaliação da presente situação ... 8

3.1.3 Futuras actividades a desenvolver ... 8

3.2 Erosão ... 9

3.2.1 Actividades passadas ... 9

3.2.2 Avaliação da presente situação ... 10

3.2.3 Futuras actividades ... 10

3.3 Situação socioeconómica ... 10

3.3.1 Actividades passadas ... 11

3.3.2 Avaliação da presente situação ... 11

3.3.3 Futuras actividades ... 11

3.4 Biodiversidade ... 12

3.4.1 Actividades passadas ... 12

3.4.2 Avaliação da presente situação ... 12

3.4.3 Futuras actividades ... 13

3.5 Anotação ao sistema de S&A do projecto PRNF II: Comunicação social ... 13

4 Elaboração de um sistema de S&A de biodiversidade e do uso de terra no PNF e a sua integração no sistema SIG do projecto ... 13

4.1 Inventário ecológico do PNF ... 14

4.1.1 Objectivo... ... 14

4.1.2 Metodologia... ... 14

4.1.3 Observações e Resultados ... 16

4.2 Inquérito aos criadores de cabras das zonas altas do Fogo ... 28

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ii Cabo Verde: PRNF – II

4.2.2 Metodologia... ... 28

4.2.3 Resultados... ... 28

4.3 Avaliação do estado de biodiversidade através dos trabalhos de detecção remota de 2004 e 2006... 30

4.4 S&A do uso da terra no PNF ... 31

4.5 Futuras Actividades para a continuação do sistema S&A do PNF ... 32

5 Apontamento de tarefas concretas para a implementação do sistema S&A... 33

6 Comentários às outras tarefas ... 34

7 Conclusões Finais ... 34

7.1 Funcionamento do Sistema S&A ... 34

7.1.1 Produção Agrícola ... 34

7.1.2 Erosão... ... 35

7.1.3 Situação socioeconómica ... 35

7.1.4 Biodiversidade e uso do solo no PNF ... 35

7.1.5 Comunicação Social ... 36

7.1.6 Outras tarefas para o funcionamento o sistema S&A... ... 36

7.2 Outras Recomendações relativas ao PNF ... 36

7.2.1 Plantas endémicas ... 36 7.2.2 Actividades do PNF ... 36 7.2.3 Uso do solo no PNF ... 37 8 Referências ... 37 9 Anexos ... 38 I. Termos de Referência

II. Mapa dos pontos de observação do Inventário Ecológico

III. Ficha de campo para o levantamento ecológico no PNF

IV. Selecção de novos pontos de observação

V. Lista de plantas identificadas encontradas durante o estudo

VI. Inquérito para os criadores de cabras nas zonas altas VII. Mapa das zonas de pastoreio de cabras

VIII. Inquérito socioeconómico revisto

IX. Proposta preliminar de formação ecológica para os guardas do PNF

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iii Cabo Verde: PRNF – II

X. Organigrama do projecto PRNF II com

competências no sistema S&A XI. Tutorial Garmin eTrex Vista Cx

XII. Sessão de Apresentação dos Resultados da Consultoria

Abreviações:

CSA Conservação de Solo e Água

DGASP Direcção- Geral de Agricultura, Silvicultura e Pecuária DSS Direcção de Serviços de Silvicultura

GCF Germano Centeio Fonseca, Animador do PNF

GOPA Gesellschaft für Organisation, Planung und Ausbildung mbH

GPS Global Positioning System

INE Instituto Nacional de Estatística

KfW Kreditanstalt für Wiederaufbau (Banco de Desenvolvimento

Alemão)

MAA Ministério de Agricultura e Ambiente

PFMV Perímetro Florestal de Monte Velha

PNF Parque Natural do Fogo

PRNF II Projecto Protecção dos Recursos Naturais na Ilha do Fogo, fase II S&A Seguimente e Avaliação

SIG Sistema de Informação Geográfica

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1 Resumo Executivo

A presente consultoria foi efectuada entre Agosto e Novembro de 2007, sendo a última de três, com o objectivo geral de estabelecer e a operacionalizar um sistema de Seguimento e Avaliação (S&A) do impacto da segunda fase do projecto “Protecção dos Recursos Naturais do Fogo” (PRNF II).

Os objectivos gerais do presete trabalho foram

a) A avaliação do estado e avanço da implementação do sistema S&A e o delineamento das principais linhas para a sua completa realização e finalização

b) O estabelecimento de um sistema operacional de S&A de biodiversidade e do uso do solo no Parque Natural do Fogo.

No âmbito de ponto a), as actividades limitaram-se à revisão do inventário socioeconómico e se chegou às seguintes recomendações para a finalização do sistema S&A:

 Mudar de metodologia para o levantamento da produção agrícola, de forma que se utilizem os inquéritos anuais do Ministério de Agricultura. Para os dados dos anos agrícolas de 2004/05, 2005/06 e 2006/07, a coordenação do Projecto em Praia deve entrar em contacto com o Ministério de Agricultura para obter a informação desagregada.

 Avaliar a necessidade de incluir um indicador adicional para o aumento da produção económica: medição do aumento da área cultivada por causa de obras de CSA.

 Chegar a uma decisão sobre a futura actividade relativa ao factor erosão:

o Aplicar calculações para prognosticar a erosão, por exemplo a USLE (Universal Soil Loss Equation, ou seja Equação Universal de Perda do Solo).

o Estabelecer um protocolo com a Universidae Federal do Ceará para desenvolver um estudo

o Contratar um perito para continuar a medição da erosão.

o Não continuar a medição da erosão. Neste caso, deve-se encontrar um novo indicador adequado para o resultado 1 do projecto.

 Repetir anualmente o inquérito socioeconómico na sua versão revista que contem perguntas qualitativas e inclui famílias não membros de associações.

 Instalar um sistema de comunicação social do projecto.

 Operacionalizar a posição de S&A em Praia, para a coordenação, agregação e avaliação das individuais actividades de S&A.

 Coordenar, organizar e manter periodicamente o sistema SIG do projecto no Fogo. No âmbito de ponto b), realizaram-se os seguintes trabalhos:

 Avaliação das Ortofotos de 2004 e 2006, classificadas anteriormente, para detectar mudanças na cobertura vegetal, sobretudo de plantas endémicas, no território do PNF.

 Realização de um inventário ecológico (vegetal) do PNF

 Instalação de uma rede de pontos de observação da vegetação na zona do PNF (104 pontos identificados com GPS)

 Inquérito a criadores de cabras que tradicionalmente utilizam as zonas altas da Bordeira Exterior

A avaliação das ortofotos não deu resultados seguros; recomenda-se esperar até a próxima avaliação de ortofotos em 2010. O inventário ecológico deve-se repetir no mesmo ano e na mesma época em que serão tiradas as imagens de satélite (época de chuvas). O inquérito aos criadores de cabras deve-se repetir também no mesmo ano.

Recomenda-se ainda a realização de uma formação ecológica para guardas do PNF, para poderem acompanhar trabalhos científicos no PNF, e ainda a realização de um inventário faunístico do PNF, para completar o inventário ecológico.

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Antes de se poder estabelecer um sistema de S&A o uso do solo o PNF, devem-se resolver as complicações com a demarcação das zonas do PNF devido a reivindicações de terras por parte dos habitantes da Chã das Caldeiras:

 Reconsiderar a zonificação do PNF existente, considerando zonas de possível expansão da agricultura, onde ainda não existem culturas.

 Sensibilização e formação da população acerca dos benefícios do PNF.  Estabelecer a direcção do PNF na Chã das Caldeiras.

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2 Introdução

O presente relatório é o resultado de uma consultoria efectuada entre Agosto e Novembro de 2007, no quadro da consultoria externa (GOPA) do Projecto PRNFII pelo Perito de Gestão de Recursos Naturais Katalina Mauer. Esta consultoria foi a ultima de três, as duas anteriores sendo realizadas por Roberto Maldonado. O objectivo geral das consultorias foi o estabelecimento e a operacionalização de um sistema de Seguimento e Avaliação (S&A) do impacto da segunda fase do projecto “Protecção dos Recursos Naturais do Fogo” (PRNF II).

Os dois objectivos globais do PRNF II são

1.) Contribuir para um desenvolvimento durável baseado na valorização integrada e participativa dos recursos naturais das zonas agro-ecológicas e no capital humano e socio-económico local. 2.) Contribuir para a melhoria das condições de vida da população alvo, através da melhoria e

ampliação da base produtiva dos recursos agro-silvo-pastoris.

As principais actividades do projecto para este fim são a implementação de medidas mecânicas e biológicas de conservação de solo e agua (CSA), o aumento de produção e disponibilidade forrageira, melhoria do sistema de criação de ruminantes, melhoria de horticultura e da arboricultura fruteira, assim como a transformação e valorização dos produtos agro-pecuários. Além disso, as actividades incluem a operacionalização do Parque Natural do Fogo (PNF), um património com alto valor paisagístico, cultural, faunístico e florístico, albergando um significativo número de espécies endémicas. (Proposta de Intervenções da II fase do projecto PRNF, Abril de 2005)

O objectivo de um sistema de S&A é a avaliação dos efeitos (ou “impactos”) do projecto em relação ao alcançar dos objectivos globais do projecto. O S&A não só considera os efeitos directos das actividades do projecto, mas também efeitos secundários e outros desenvolvimentos da zona de intervenção e na Ilha do Fogo em geral, para poder avaliar o impacto do projecto. Depois da análise dos impactos, espera-se poder tirar conclusões acerca da sustentabilidade das intervenções e dos resultados, as quais devem ser considerados no planeamento futuro do projecto.

Entre Abril de 2006 e Abril de 2007, foram realizadas duas consultorias com o fim de introduzir ao projecto um sistema de seguimento e avaliação (S&A) participativo, depois de o protocolo com a INIDA, que inicialmente estava previsto de implementar o sistema, não se ter estabelecido. Nestas consultorias anteriores, iniciou-se a instalação do sistema de S&A nas áreas da produção agrícola, da erosão e dos parámetros socioeconómicos. Uma das tarefas centrais da presente consultoria foi a implementação de um sistema operacional de S&A para o Parque Natural do Fogo (PNF).

Consoante as duas grandes áreas de trabalho desta consultoria, o relatório está principalmente dividido em duas partes (Avaliação dos trabalhos de S&A passados; e a formulação de um Sistema de S&A para o PNF.

O presente relatório resume os trabalhos de S&A já efectuados, a avaliação da situação presente e as futuras actividades previstas para o funcionamento do sistema.

2.1 Comentário aos Termos de Referência (TdR)

As tarefas descritas nos Termos de Referencia (ver anexo I.) foram completadas, com a excepção da análise dos resultados dos inquéritos socioeconómicos de 2006. Os inquéritos foram entregues em

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Novembro de 2006 ao INE para avaliação, com prazo de entrega dos resultados dentro de um mês (que depois foi adiantado para Abril de 2007), a que ainda não se realizou. Sem receber então os resultados, não foi possível a sua sistematização, integração no SIG e apresentação, conforme previsto nos TdR.

3 Avaliação do estado de avanço do sistema S&A, delineamento das principais linhas de realização e finalização

A primeira tarefa principal do presenta trabalho foi a análise do estado e avanço da implementação do sistema S&A e o delineamento das principais linhas para a sua completa realização e finalização, segundo os termos de referência (TdR). Consoante os TdR, neste âmbito também era previsto a análise dos resultados dos inquéritos socio-económicos de 2006 (situação zero) e o procedimento à sua sitematização, integração no SIG e apresentação.

Este capítulo foca os trabalhos já efectuados pelo consultor Roberto Maldonado no âmbito da implementação de um sistema de S&A do projecto, nomeadamente nas áreas da produção agrícola, erosão e parámetros socioeconómicos. Para cada área, procede-se à avaliação o presente estao do S&A, seguido por recomendações para a finalização e a operacionalização do sistema e S&A. As recomendações encontram-se resumidas, em forma de uma “checklist”, nas conclusões finais.

3.1 Agricultura

Conforme o quadro lógico do projecto, o indicador para o objectivo de aumentar a produção agropecuária e a transformação de produtos (resultado 2), é um aumento em 20% do valor da produção resultante destas actividades em 2008, relativo a 2005.

3.1.1 Actividades passadas

A produção agrícola foi medida pela primeira vez entre Setembro de 2006 e Fevereiro de 2007, conforme a metodologia elaborada por Roberto Maldonado na sua primeira missão de consultoria, baseada no Manual do Inquiridor da campanha agrícola 1998-99 que utiliza quadrados de produção como unidades de observação no campo. Foram medidos o milho e o feijão como produtos representativos.

Na sua segunda missão, o Sr. Maldonado realizou a avaliação dos dados recolhidos (para pormenores, ver o Relatório de Abril de 2007). Acrescenta-se que se encontraram vários constrangimentos durante o tempo do levantamento de dados (irregularidades de cumprimento das visitas às parcelas, falta de observações no que respeita a colheita do milho ou destruição da demarcação da parcela de observação, entre outros), assim existindo uma variedade de fontes de erros.

Os resultados do primeiro ano de produção não permitiram nenhuma conclusão acerca de relações entre a presença/ a idade das obras de CSA e a quantidade produzida nas respectivas parcelas. A única forte relação observada foi a da quantidade de produção e a quantidade de precipitação. Os resultados longe do esperado podem ser resultado de vários erros e lapsos no levantamento; por outro lado, cabe mencionar que se trata de um único ano de observação, assim os resultados não tendo forte significância estatística.

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3.1.2 Avaliação da presente situação

a) Como a metodologia do levantamento agrícola do ano passado foi baseado na antiga metodologia do MAA que já não se aplica há alguns anos, é difícil encontrar dados a partir de 2004 que sejam comparáveis com os dados levantados. A aplicação da metodologia do ano passado também implica trabalho adicional para os inquiridores que fazem o levantamento anual da produção agrícola para o Ministério de Agricultura, já que os trabalhos são efectuados pelos mesmos funcionários do MAA. Portanto, propõe-se a alteração da metodologia, com vista à obtenção de dados comparáveis a partir de 2004/2005. Visto que os responsáveis pela realização dos inquéritos anuais do Ministério da Agricultura são da Delegação, decidiu-se tornar mais efectiva a medição da produção agrícola através da utilização dos dados dos levantamentos agrícolas realizados para o Ministério de Agricultura desde 2004/05.

b) Como indicador adicional para o aumento da produção económica, o Sr. Maldonado recomendou a introdução da medição do aumento da área cultivada por causa de obras de CSA. Ou seja, as áreas onde antigamente não se praticava agricultura por causa da degradação do solo, onde a construção de obras de CSA agora permite o cultivo.

A monitorização destas parcelas a partir de uma altura antes da sua conversão, podia dar valiosa informação acerca da efectividade das obras de CSA na produção agrícola. A associação, ao planear a construção de uma obra de CSA, deve comunicar estes planos ao projecto, para se poder levantar a situação zero de um conjunto de informações acerca do terreno em questão:

 Descrição da parcela

 Condições e características do solo  Declive

 Estruturas existentes e seu estado de manutenção  Vegetação

 Uso histórico e recente da parcela

Nestas parcelas, depois de se iniciar a actividade, se continuará a observação todos os anos relativamente aos factores sob monitorização. Os dados temporais adquiridos podem-se comparar cada ano para verificar mudanças significativas na qualidade do solo, na produção agrícola etc.

3.1.3 Futuras actividades a desenvolver

No ano agrícola de 2007/2008, pretende-se trabalhar com os dados levantados através do inquérito anual do Ministério de Agricultura. A presente metodologia de levantamento anual da produção agrícola é a implementação de um inquérito aos produtores depois da colheita. Os inquiridores (o Sr. Orlando Araújo e Sr. José Pedro Lopes) recebem anteriormente uma lista, representando uma amostra casual, de agricultores a entrevistar. Estas listas vêm por tipo de cultivo, neste caso sendo interessante o sequeiro, a fruteira e a viticultura (especialmente na Chã das Caldeiras).

Para os fins da monitorização da produção agrícola para o projecto, se utilizarão os inquéritos previamente escolhidos conforme:

 Um certo numero de inquéritos por zona do projecto

 Membros de associações (min. 3) e não membros (min. 3) para cada zona agro-ecológica. Para a escolha das zonas agro-ecológicas podiam-se utilizar os lugares da medição da produção realizada por Roberto Maldonado em 2006 (relatório de Setembro e 2006), nomeadamente Ribeira Filipe e Lomba na zona húmida alta; Campanas de Baixo, São Jorge e Galinheiro na

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zona húmida/ semi-húmida baixa; e Curral Grande, Cabeça o Monte e Monte Grande na zona semi-árida do sudoeste. A escolha de Monte Grande pode-se reconsiderar, já que não faz parte da área de intervenção do projecto.

Num passo separado, deve-se proceder à aquisição dos pormenores dos inquéritos dos produtores identificadosdos anos agrícolas passados, nomeadamente dos anos 2004/05, 2005/06 e 2006/07 (a partir do início o projecto), para poder obter resultados comparáveis e para a reconstrução da situação zero. Para este fim, deve-se entrar em contacto com o Ministério e Agricultura para obter acesso aos dados desagregados dos anos anteriores.

A seguir a avaliação dos dados e de possíveis mudanças, será necessário verificar se as mudanças observadas são atribuíveis às actividades do projecto ou não. Propõe-se discutir a possibilidade de utilizar os resultados dos inquéritos socioeconómicos para a possível atribuição e a necessidade de incluir perguntas adicionais para este fim. Depois desta avaliação, os resultados adquiridos devem-se considerar no futuro planeamento do projecto, avaliando a necessidade de mudar de actividades do projecto ou de indicadores.

A recolha e avaliação destes dados com vista para o cumprimento dos objectivos globais do projecto, deve-se realizar cada ano.

A avaliação destes dados será coordenada pela Sra. Lia Medina, a socióloga do projecto. A Sra. Conceição Sanches, coordenadora dos trabalhos de S&A na Praia, será responsável pela aquisição dos dados dos anos anteriores do Ministério de Agricultura. Os trabalhos de recolha dos dados no campo, de implementação dos inquéritos e de entrega à socióloga serão coordenados pelo Sr. Jaime Ledo.

3.2 Erosão

A erosão está especificada no quadro lógico do projecto como um dos indicadores para resultado 1 do projecto (“Medidas mecânicas e biológicas de CSA são funcionais”). Segundo o documento, um dos resultados do projecto deve ser a diminuição da erosão nos terrenos trabalhados em 30% comparado com não trabalhados, no ano 2008, relativamente a 2005.

3.2.1 Actividades passadas

O Sr. Maldonado, na sua primeira missão de consultoria, iniciou os trabalhos de medição da erosão e precipitação. A quantificação foi efectuada nos oito pares de parcelas utilizados para a medição da produção agrícola, com um sistema cerrado chamado “caixa de erosão” (para a descrição da metodologia, consultar o relatório de Setembro 2006).

A realização dos trabalhos de observação, na época das chuvas de 2006/07 foi confrontada com várias complicações, as quais levaram à perda de dados, como por exemplo a perda de alguns pontos de observação devido ao abandono de actividades antes do tempo previsto, a falta de colaboração dos donos/usuários do terreno ou a manipulação externa do equipamento de medição. Tem que se acrescentar que nos últimos anos, se verificou uma diminuição da precipitação, o que também dificulta a medição da erosão, já que a metodologia aplicada não tem medida de medir a erosão eólica. Os resultados finalmente não permitiram demonstrar o impacto positivo das obras de CSA relativo à redução da erosão (para mais detalhes sobre os resultados, ver o relatório de Abril de 2007).

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O consultor R. Maldonado chegou à conclusão que a metodologia aplicada foi incorrecta. As caixas de observação estavam fechadas e assim excluíram as obras de CSA, não sendo realmente possível uma comparação entre os pontos com e aqueles sem obras de CSA, porque tecnicamente os dois pontos comparados foram iguais.

3.2.2 Avaliação da presente situação

O Sr. Maldonado sugeriu não continuar a medição da erosão ou, se sim, de utilizar uma metodologia diferente, por exemplo “pregos de erosão”. Existem estes aparelhos de medição da erosão que também medem a deposição de material. No último relatório de actividades do projecto (Agosto de 2007), também foi posto em dúvida se o indicador de 30% de diminuição da erosão era adequado. Não se tendo iniciado nenhum trabalho de observação da erosão este ano, tem que se chegar a uma conclusão relativamente à continuação da medição da erosão.

3.2.3 Futuras actividades

As alternativas a considerar para os futuros anos são:

a) Continuar com a medição da erosão a partir do ano 2008. Existem várias hipóteses para a realização desta alternativa:

 Em vez a medição directa, podem-se aplicar calculações para prognosticar a erosão para terras com obras de CSA e sem obras de CSA. Uma das equações mais utilizadas para este objectivo é o USLE (Universal Soil Loss Equation, ou seja Equação Universal de Perda do Solo). Esta equação permite o prognóstico da taxa de erosão média anual numa enconsta, baseado nos padrões de precipitação, tipo de solo, topografia, sistema de produção e práticas de gestão. Com base nesta equação (ou equações semelhantes), pode-se desenvolver uma calculação para a Ilha do Fogo. Tem que se ter em conta que o trabalho com equações não é a mesma coisa que uma medição.

 Avaliar a possibilidade de envolver a Universidae Federal do Ceará com um estudante na matéria, por exemplo com um estudo de 6 meses.

 Contratar um perito para continuar a medição da erosão. Neste caso, continuam a existir fortes dúvidas acerca do sentido de uma consultoria e os custos ligados a um novo e exacto sistema de medição da erosão, além do custo de contratação do especialista. Devem-se considerar ainda os custos de manutenção do novo sistema de medição.

A continuação da medição da erosão significaria a confrontação com o problema que não existem dados de comparação dos anos anteriores.

b) A outra alternativa é não continuar a medição da erosão. Neste caso, propõe-se encontrar um novo indicador adequao para o resultao 1 o projecto.

Só depois de decidir a continuação deste aspecto, se pode planear o S&A seguinte, deixando o seguimento da problemática para o consultor do projecto Sr. Seibert.

3.3 Situação socioeconómica

Um dos objectivos globais do projecto PRNF II é a contribuição para a melhoria das condições de vida das populações-alvo. Como não existe indicador quantitativo para este objectivo, decidiu-se

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implementar um inquérito socioeconómico, para detectar mudanças em certos comportamentos que podiam dar informação sobre a qualidade de vida da população-alvo. Entre as mudanças a observar ao longo dos anos de actividade do projecto, podia ser a mudança de lenha para cozinhar para gás; o melhoramento de habitações e de saneamento, ou o aumento de escolaridade dos filhos. Antes de utilizar estes indicadores (parte deles sugeridos por R. Maldonado na sua missão de curto prazo em Abril de 2006) para os objectivos o S&A, é sugerido avaliar a sua viabiliade para este fim.

3.3.1 Actividades passadas

O inquérito socioeconómico foi realizado com 10% dos chefes de família de cada associação parceira do projecto, na segunda metade de 2006. Em Novembro de 2006, os dados foram entregues ao INE, instituição contratada para realizar o tratamento dos dados em SPSS. Embora o prazo de entrega dos resultados foi em Abril de 2007, estes ainda não foram enviados.

3.3.2 Avaliação da presente situação

Sem receber os resultados dos inquéritos do ano passado, não foi possível determinar a situação zero até agora.

Entretanto, a repetição da implementação do inquérito socioeconómico no início do próximo ano já está em planeamento. O inquérito está a ser revisto; baseado nas perguntas do inquérito passado, que se vão manter da forma existente, estão a ser incluídas perguntas qualitativas além das quantitativas do ano passado (para ver o inquérito revisto, consultar anexo VIII). Considera-se importante permitir uma avaliação subjectiva e participativa por parte dos beneficiários/ afectados do projecto. A informação qualitativa irá dar informação não só sobre as mudanças, mas também da percepção delas por parte da população. Assim, a própria população-alvo participa na monitorização do projecto.

Também se considera a possibilidade de reduzir o volume do inquérito. Para avançar com este passo, no entanto, é necessário obter os resultados do primeiro inquérito, para poder verificar quais são as perguntas que não dão informação relevante. Antes de receber os resultados de 2006, não se aconselha eliminar perguntas do inquérito.

Adicionalmente ao 10% das famílias dentro das associações entrevistadas, é previsto a inclusão de famílias que não são membro de uma associação. Só através da comparação dos resultados das duas categorias se pode verificar se realmente uma mudança ou melhoria na qualidade de vida é atribuível a actividades do projecto.

3.3.3 Futuras actividades

A elaboração e revisão do inquérito é prevista de ocorrer em Novembro e Dezembro 2007, sendo necessário verificar se as perguntas estão adequadas e compreensíveis para a população-alvo. Em Janeiro e Fevereiro irá ser gerada a amostra de famílias a entrevistar, e a implementação do inquérito realizará-se nos meses de Março e Abril. Desta vez, será a Sra. Lia Medina a responsável para o tratamento e a analise dos dados levantados. Espera-se ter recebido os resultados do inquérito do ano passado no final destas actividades, para permitir uma comparação entre os anos e subsequente avaliação dos impactos positivos ou negativos do projecto. O inquérito e sua avaliação são previstos de ser implementados cada ano.

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A socióloga o projecto, Sra. Lia Medina, será responsável para todos os passos desta actividade.

3.4 Biodiversidade

A protecção da biodiversidade e das espécies endémicas constitui um dos objectivos globais do projecto, dando seguimento as actividades do antigo projecto PNF (GTZ) e a criação do PNF no ano 2003.

Sendo o desenvolvimento e um sistema de S&A da biodiversidade e do uso o solo no PNF uma das duas tarefas principais da presente consultoria, este capítulo dá um resumo das actividades passadas, deixando a descrição das actividades presentes e as recomendações para o capítulo 3, onde estes assuntos serão tratados em detalhe.

3.4.1 Actividades passadas

Em 2006, foi contratado um especialista em tele-detecção para classificar imagens de satélite Quickbird dos anos 2004 e 2006, com o objectivo de detectar mudanças na superfície coberta por espécies endémicas (Echium vulcanorum, Artemisia gorgonum e Euphorbia tuckeyana), entre o início e o fim do projecto. Como resultado, se geraram mapas (shapefiles) de distribuição destas espécies no sistema SIG do projecto.

As actividades da presente consultoria centraram-se num estudo ecológico de todas as zonas do PNF, com vista à detecção dos efeitos das actividades do PNF para a vegetação endémica. O estudo realizou-se através de observações vegetais no campo. Além destes levantamentos, realizou-se um inquérito junto dos criadores de cabras que tradicionalmente utilizam as zonas mais elevadas da Bordeira para a recolha de pasto ou para pastagem livre de cabras, para obter uma melhor percepção das causas de mudança na vegetação. O inquérito foi realizado pelo Sr. Francisco Correia, no âmbito de um outro inquérito para avaliar a viabilidade de uma fábrica de ração.

3.4.2 Avaliação da presente situação

a) Avaliação de Ortofotos

Neste momento, não se podem tirar conclusões acerca do estado da vegetação, baseadas na avaliação das Ortofotos de 2004 e 2006, por falhas no material fornecido de 2004. Para poder tirar conclusões certas, recomenda-se esperar até à próxima avaliação de fotografias de satélite.

b) Inventário Ecológico do PNF

O presente estudo tencionou uma comparação dos dados vegetais com os dados de Teresa Leyens, levantados durante os seus estudos entre 1997 e 2001. No entanto, por falta das exactas posições geográficas dos pontos de observação dos estudos anteriores, não foi possível efectuar uma comparação pormenorizada. Como resultado, em vez de poder tomar os resultados antigos como situação zero, são os resultados do presente estudo que têm que representar a situação zero.

Trata-se do primeiro estudo da biodiversidade no âmbito do sistema S&A do projecto; assim, não permite fazer nenhuma comparação com dados anteriores para tirar conclusões acerca do impacto das actividades do PNF. A conversa com o animador do PNF, Germano Centeio Fonseca, deu informações adicionais, que permitem tirar algumas conclusões acerca dos efeitos da proibição do pastoreio livre

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nas zonas altas da Bordeira. Para uma avaliação completa, no entanto, vai ter que se repetir o presente estudo e a classificação das fotografias de satélite.

c) Uso do solo no PNF

Existem dúvidas acerca da finalização e implementação das zonas de uso do solo no PNF, por razões explicadas em ponto 4.4., pelo que de momento não é possível a introdução de um sistema de S&A do uso do solo do parque.

3.4.3 Futuras actividades

As recomendações para futuras activides encontram-se em capítulo 4. A coordenação das actividades de seguimento e avaliação da parte ecológica e de uso de solo no PNF será a responsabilidade do coordenador do PNF Sr. Alexandre Nevsky Rodrigues.

3.5 Anotação ao sistema de S&A do projecto PRNF II: Comunicação social

Em Junho de 2007, foi realizada uma análise sobre o nível de conhecimento do projecto PRNF II por parte das populações residentes nas localidades abrangidas pelo projecto. O inquérito foi implementado por Bruno Castaldi, Jaime Rodrigues e Rosa Seminario e levou às conclusões que a maior parte da população-alvo na área de operação do projecto PRNF II não o conhece e que o projecto até ao momento não tem comunicado as vantagens dos seus programas de capacitação e infra-estruturas físicas, o que se manifesta claramente no baixo nível de conhecimento sobre o projecto. Estes resultados levam à conclusão que se deve promover a comunicação social do projecto, sendo esta essencial para desenvolver um sistema de monitorização participativa. A comunicação com as pessoas directamente afectadas pelo projecto é necessária para o funcionamento do projecto por várias razões:

 As pessoas ganham conhecimento acerca do projecto que pretende melhorar as condições de vida deles, o que leva a uma sensibilidade aumentada.

 O contacto directo com as pessoas (em vez dos presidentes das associações), aumenta a auto-estima da pessoa. Isto leva a uma consciência elevada sobre o próprio papel no projecto.  Este conhecimento e a consciência geridos podem levar a um envolvimento mais activo no

projecto (por exemplo comentários e sugestões), ou até promover o incentivo próprio de experimentar novas formas de agricultura etc.

 A opinião e o “feedback” da população afectada são a melhor ferramenta de seguimento e avaliação, podendo até ajudar a criar novos indicadores para o sucesso do projecto.

Portanto, propõe-se instalar um programa de comunicação social do projecto, sendo o jornalista Sr. Jaime Rodrigues a pessoa proposta para esta posição.

4 Elaboração de um sistema de S&A de biodiversidade e do uso de terra no PNF e a sua integração no sistema SIG do projecto

Consoante os TdR, a segunda tarefa principal da presente consultoria é "elaborar um sistema de S&A da biodiversidade e do uso da terra no PNF.” Esta tarefa abrange as seguintes, especificadas separadamente nos TdR:

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 Apreciar os trabalhos de detecção remota efectuados para a avaliação do estado da biodiversidade de 2004 (situação zero) e 2006, planificando a continuação do seguimento em relação a 2007 e 2008.

 Repetir o inventário ecológico e Monte Velha de 2004 nas 14 parcelas de observação ara avaliar o desenvolvimento das plantas endémicas depois o incêndio.

 Com base nas informações existentes sobre a biodiversidade no PNF, estabelecer novos ponos representativos de observação permanente da mesma, mediante a definição clara dos critérios e escolha.

 Realizar um inventário ecológico do PNF nas zonas extra Monte Velha. Todas as tarefas supra mencionadas estão incluidas nas descrições em baixo.

4.1 Inventário ecológico do PNF

Antes de mais, tem que se esclarecer que o presente estudo não tem em conta a biodiversidade faunística por causa de falta de tempo e recursos. No contexto deste estudo, quando se fala em biodiversidade, o autor está a referir-se somente à vegetação.

O inventário ecológico do PNF foi realizado em 19 dias de campo entre 11.09.2007 e 05.11.2007, durante os quais se levantaram dados em 104 pontos de observação identificados com GPS.

4.1.1 Objectivo

Com a intenção de completar o estabelecimento de um sistema operacional de S&A para a biodiversidade, depois dos trabalhos em tele-detecção realizados por Jorge Mattos em 2006, procedeu-se a completar um estudo no campo, para obter a situação zero acerca do estado da biodiversidade no PNF para o seguimento futuro.

4.1.2 Metodologia

a) Levantamento de dados vegetais

A metodologia de levantamento dos dados vegetais no campo integrou aspectos do inventário florestal de Monte Velha (ver relatório de Abril 2005) assim como da metodologia utilizada por Teresa Leyens em 1997-2001, para poder obter dados comparáveis com os anos anteriores.

Em Monte Velha, trabalhou-se com os pontos de referência do inventário florestal de 2005 que estavam marcados com postos de cimento. No caso do restante terreno do PNF, a selecção dos pontos de observação efectuou-se no campo através de critérios de escolha previamente definidos (para mais detalhes, ver anexo IV: selecção de novos pontos de observação). Devido à vasta área a cobrir pelo estudo e o difícil acesso à maioria das zonas do PNF, não se optou pela escolha prévia de pontos, nem se marcaram os pontos fisicamente no campo. Marcaram-se sim por GPS, assim sendo possível reencontrar cada ponto na altura de repetição deste inventário.

Dentro de um raio de 9.77m (=300m2) em volta do ponto de referência, se recolheram os dados acerca das propriedades do ponto de observação e os dados vegetais (ver ficha de campo no anexo III). Para Monte Velha, ainda se observou o estado de regeneração das espécies arbóreas. No Vulcão, seguiu-se uma metodologia diferente, por causa do declive acentuado de toda a encosta e a fragilidade da jorra: Seguiu-se o caminho para o cume e se fizeram observações em pontos onde se encontrou vegetação. Os pontos, como todos os outros, marcaram-se com GPS, e se fez a observação das espécies à volta, sem respeitar um limite físico.

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As observações, conforme possibilidade, foram acompanhadas pela toma de fotografias diagnósticas que estão armazanadas no ficheiro o Inventário Ecológico 2007, no computador de SIG. No caso de Monte Velha, a má vista causada por nuvens não permitiu a repetição das fotografias panorâmicas. Os dados de solo, uso de terra e vegetais levantaram-se conforme a seguinte metodologia:

Condições do solo:

 Categoria 1 (profundo: bom enraizamento com alta percentagem de terra fina)

 Categoria 2 (Profundidade média: reduzida percentagem de argila ou solos de pedra solta, com alta % de esqueleto)

 Categoria 3 (pouco profundo ou rochoso. Pouco solo superficial) Uso da terra:

 Categoria de uso (Especial, Tradicional, Moderado ou Protecção Integrada)  Grau de utilização

 Tipo de utilização, por exemplo colheita de lenha, colheita de pasto ou agricultura  Grau de erosão

Os dados relativos ao grau de utilização e ao grau de erosão foram levantados usando a seguinte gradação: 0 = sem + = leve ++= médio +++= forte Dados vegetais:

 Qualidade de regeneração global (incluindo regeneração de cepo) na parcela (só em Monte Velha) :

 Categoria 1 (suficiente quantidade para preencher abertura existente no tecto da copa)

 Categoria 2 (regeneração fecha só uma parte das aberturas)  Categoria 3 (nenhuma regeneração)

Como não existiam dados de 2005 acerca da regeneração das espécies não arbóreas, estes dados não foram levantados.

 Espécie (plantas vasculares e fetos)

Abundância-cobertura seguinte Braun-Blanquet:

5: qualquer número de indivíduos, cobrindo mais de 75%da área; 4: qualquer número, cobrindo de 50% a 75% da área;

3: qualquer número, cobrindo de 25% a 50% da área; 2: qualquer número, cobrindo de 5% a 25% da área

1: numerosos ou esparsos, mas cobrindo menos de 5% da área; +: poucos indivíduos, cobertura muito baixa

r: planta solitária, rara, cobertura muito baixa. b) Observações pessoais

Durante o trabalho de campo, a consultora passou muito tempo a conversar com o animador do PNF, Germano Centeio Fonseca (GCF), que acompanhou todo o trabalho de campo. Como excelente conhecedor das zonas altas da ilha, o Sr. Germano mostrou-se uma fonte imprescindível de informação histórica da zona do PNF.

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Para permitir uma análise quantitativa dos dados vegetais, os valores ficaram posteriormente sujeitos a uma transformação com valores numéricos usando uma escala da seguinte forma:

5 => 4 4 => 3 3 => 2 2 => 1 1 => 0.5 + => 0.3 r => 0.1 ausente => 0

Os dados acerca do grau de utilização e a erosão converteram-se em valores numéricos de 0 a 3, sendo 0 a ausência e 3 o impacto mais forte.

Para a avaliação dos resultados, tinha-se esperado que fosse possível a comparação dos dados com os dados dos estudos de Teresa Leyens em 1997-2001, assim beneficiando de forma que os levantamentos actuais não constituíssem a situação zero mas que sim, já se podia obter alguma informação relativa a alterações na cobertura vegetal. No entanto, infelizmente isto não foi possível por causa da falta de posições geográficas exactas dos pontos de observação anteriores.

Assim, faz-se uma observação do estado da vegetação presente, sem se terem efectuado análises estatísticas. Estas podiam ser interessantes depois da repetição deste trabalho, para a comparação directa. As descrições em baixo não podem dar a informação completa, por isso guardam-se as tabelas de dados originais no sistema do projecto (num ficheiro chamado “Inventário Ecológico 2007”) para futuras análises e comparações.

d) Integração dos dados no sistema SIG do projecto

Todos os dados recolhidos de cada ponto de observação foram integrados na tabela de atributos de um shapefile chamado “IE_2007_pontos_esp.shp”, que se encontra no ficheiro “Inventário Ecológico 2007” do sistema SIG do projecto. Os nomes científicos das espécies foram codificados para uma abreviação de seis letras maiúsculas, utilizando as primeiras três letras do género e os primeiros três da espécie. Assim, para ilustração, Artemisia gorgonum se torna em ART_GOR, e Echium vulcanorum em ECH_VUL. Na lista de plantas em anexo V, encontra-se o nome abreviado para cada espécie.

4.1.3 Observações e Resultados

Das 76 espécies identificadas, 39 (51%) são endémicas ou nativas à Ilha do Fogo. A maioria das plantas introduzidas são espécies plantadas para fins agrícolas e florestais (43%) ou crescem exclusivamente na floresta de Monte Velha (13,5%) onde encontram um clima favorável que não existe fora desta zona. Tirando as espécies agrícolas, a percentagem das introduzidas diminui para 40%. 16% das espécies introduzidas encontradas são espécies herbáceas que só aparecem na época das chuvas, portanto o resultado seria diferente se a observação se repetisse numa outra altura do ano.

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40%

15%

45% Introduzida

Nativa Endémica

Gráfico 1: percentagem de plantas endémicas, nativas e introduzidas (sem agricultura) nos pontos observados

Das 23 plantas vasculares listadas na Primeira Lista Vermelha de Cabo Verde, as seguintes 14 (61%) encontraram-se durante o presente estudo:

 Artemisia gorgonum  Campylathus glaber  Conyza feae  Conyza varia  Dracaena draco  Echium vulcanorum  Erysimum caboverdianum  Euphorbia tuckeyana  Globularia amygdalifolia

 Lobularia canariensis ssp. fruticosa  Nauplius daltonii ssp. vogelii  Periploca laevigata ssp. chevalieri  Tornabenea tenuissima

 Umbilicus schmidtii

As seguintes espécies encontraram-se em grande abundância em toda a zona do PNF:  Hyparrhenia hirta

 Lavandula rotundifolia  Periploca laevigata  Satureja forbesii

Estas espécies acompanharam consequentemente a vegetação característica das diferentes zonas do PNF. A vegetação da Bordeira exterior pode-se dividir principalmente em dois tipos: nas encostas sul e sudoeste com solos cobertos com jorra, domina Echium vulcanorum com Artemisia gorgonum; nas partes do Norte e noroeste, com solos pedregosos, Euphorbia tuckeyana desempenha um papel mais dominante. A vegetação da Bordeira Interior caracteriza-se por um elevado número de Euphorbia tuckeyana devido à humidade percolando das encostas íngremes da Bordeira Interior alta. A maior densidade de E. tuckeyana relativo ao seu ambiente também caracteriza as ribeiras mais húmidas da Bordeira Exterior. O Perímetro Florestal de Monte Velha, devido às fortes intervenções humanas, sobretudo no decorrer do último século, e as suas características microclimáticas, desempenha um papel não comparável com as restantes zonas do PNF, situação que se explica mais em baixo.

Em geral, pode-se observar uma forte degradação nas zonas altas da Bordeira com bom acesso, nomeadamente nas zonas de Montinho e de Cabeça Fundão (Montado Nacional).

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4.1.3.1 Perímetro Florestal de Monte Velha

Para avaliar o desenvolvimento das espécies endémicas depois do incêndio de 2004, utilizaram-se os dados do inventário vegetal de Teresa Leyens em 1997, tanto como os dados do inventário florestal de 2005 e os dados do presente estudo. Além disso, recorreu-se a material cartográfico baseado em fotografias aéreas e de satélite antes e depois do incêndio.

Em Junho de 2004, uma grande parte do PFMV, sobretudo as partes de Montinho e Piorno e a parte oeste da floresta de Monte Velha, sofreu um incêndio que durou 9 dias. O inventário florestal foi realizado no início de 2005 e assim, dá valiosa informação sobre o estado das plantas pouco depois do incêndio. Embora este estudo não focou as plantas endémicas, contem informação acerca delas. O PFMV pode ser dividido numa zona seca, nomeadamente as zonas de Piorno e Montinho (pontos MV001-MV007, ver mapa) e uma zona húmida que engloba a Floresta de Monte Velha (pontos MV008-MV014). As parcelas de observação MV004-MV009 ficam em áreas atingidas pelo incêndio. O resto das parcelas está localizado em zonas não queimadas.

A percentagem de plantas introduzidas (excluindo as espécies plantadas para fins agrícolas) no PFMV monta a 49%. A floresta está composta excusivamente por espécies arbóreas plantadas. Apesar de o elevado número de espécies nesta área representar um aumento na biodiversidade em termos do número de espécies, as plantas introduzidas são consideradas uma ameaça a ecossistemas, e assim, uma ameaça à biodiversidade.

Por essa razão, o PFMV, de momento, não tem grande valor em termos de conservação e protecção de espécies endémicas. No entanto, a floresta tem grande valor no que respeita as funções e os serviços do ecossistema, já que consta um reservatório natural de água para as zonas mais em baixo e, além disso, evita a erosão das zonas altas para as terras baixas, o que tem grande importância para as zonas agrícolas nas encostas mais baixas. Outra significância da floresta, particularmente para o desenvolvimento turístico no PNF, é o seu valor recreativo.

10% 41% 49% Introduzida Agricola Endémica/ nativa

Gráfico 2: Percentagem de plantas endémicas/ nativas e introduzidas no PFMV

Nas parcelas de observação onde Eucalyptus sp. domina, o sub-bosque está muito mal desenvolvido. A falta de plantas para estabilizar o solo pode levar a elevada erosão. Sugere-se a descontinuação da plantação de espécies de Eucalyptus. Com a excepção do Dragoeiro Dracaena draco em somente uma das parcelas de observação (MV014), não se viu nenhuma espécie arbórea nativa ou endémica.

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Recomendação: Deve-se considerar a plantação de espécies arbóreas nativas, tais como D. draco, Ficus sycomorus, que está em perigo de extinção na ilha do Fogo, e, sobre tudo, o Marmulano, Sideroxylon marginata, a única espécie arbórea endémica do Cabo Verde. A plantação destas árvores teria um efeito duplo: por um lado, a manutenção dos serviços do ecossistema florestal existente, por outro lado a protecção destas espécies e assim, o aumento do valor da floresta em termos de conservação de espécies endémicas e de biodiversidade.

Observações da vegetação endémica relativas ao incêndio: a.) Lantana camara e Periploca laevigata

Lantana camara, uma espécie introduzida, só aparece nas zonas mais húmidas, enquanto Periploca laevigata (Lantisco) parece ter um muito bom potencial de recuperação nas áreas mais secas não utilizadas para agricultura (MV003-MV007).

Nas zonas com cobertura arbórea mais densa (MV008-MV014), observe-se a dominância de P. laevigata ou de Lantana camara no sub-bosque, não se tendo observado uma co-dominância. Quanto aos factores determinantes, parece que Lantana está mais abundante nas zonas não ardidas, enquanto a P. laevigata cresce melhor nas zonas ardidas. Lantana é resistente a incêndios leves, mas não aguenta fogos quentes. É possível que nas zonas mais queimadas observadas, esta é a razão que Lantana não aparece. Se for assim, P. laevigata parece ter uma vantagem. Além do factor da humidade, isto podia explicar a abundância de P. laevigata nas zonas mais secas da área de observação. No entanto, como as zonas ardidas coincidem com as zonas secas e as zonas não ardidas com a área mais húmida, esta observação não permite chegar a conclusões acerca da relação da proliferação destas duas espécies com o incêndio.

Nas zonas húmidas da floresta, especialmente nos pontos de observação em elevações mais baixas, observou-se que Lantana camara tem uma proliferação acentuada, em alguns casos atingindo uma cobertura do sub-bosque de 80%.

Foto 1: Lantana camara no sub-bosque em Monte Velha (MV013)

Lantana camara pode tornar-se um problema como planta invasora, como já aconteceu em grandes partes da África e em muitas ilhas no Pacífico. Entre os efeitos indesejáveis em respeito à Ilha do Fogo, encontram-se os seguintes: Se a planta se torna dominante no sub-bosque, derruba a sucessão e diminui a biodiversidade. Como a planta é tóxica para a maioria dos animais domésticos devido a

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elevados níveis de alcalóides, não serve como planta forrageira. Assim, tem o potencial de suplantar cada vez mais a vegetação endémica que é recolhida como pasto. L. camara também diminui a capacidade de absorção e retenção de água do solo (comparado com uma camada de gramíneas): junto com os factores supra mencionados, têm que se considerar os efeitos negativos desta planta para as culturas de café, entre outras, nas zonas em baixo do PFMV.

b.) Tornabenea tenuissima

Tal como em 2005 depois do incêndio, a maioria do Funcho foi observado nas parcelas queimadas, não sendo possível, com base nos dados fornecidos, determinar uma mudança na cobertura.

c.) Paronychia illecebroides

Em 2005, depois do incêndio, observou-se Palha de Formiga em grande abundância. Em 2007, P. illecebroides já não foi observada em nenhuma parcela do inventário. A planta poderá ter beneficiado do incêndio, antes de as outras plantas recuperaram, e depois ter desaparecido quando a concorrência com as outras espécies em recuperação ficou mais forte.

d.) Outras espécies endémicas

Em relação às outras espécies endémicas observadas na zona do estudo, nomeadamente Campanula bravensis, Sonchus daltonii (Coroa de Rei), Dracaena draco (Dragoeiro), Satureja forbesii (Erva Cidreira), Sarcostemma daltonii (Gestiba), Artemisia gorgonum (Lorna), Conyza feae (Lorna-Brabo), Globularia amygdalifolia (Mato Botão), Diplotaxis hirta (Mostarda-Brabo), Lotus jacobaeus (Piorno) e Euphorbia tuckeyana (Tortolho), não se observou nenhuma mudança significativa que se podia atribuir ao incêndio.

4.1.3.2 Chã das Caldeiras, Bordeira Interior e Vulcão

a) Bordeira Interior

A Bordeira Interior (pontos BI001-014) é de difícil acesso; os pontos de observação acederam-se por baixo, na maioria dos casos não sendo possível subir mais do que 100 metros a partir da Chã das Caldeiras. Nos pontos de observação no Monte Amarelo (BI009-010), foi possível subir a elevações mais altas, mas em geral, não se fizeram observações da vegetação das encostas escarpadas por causa da falta de acesso.

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Foto 2: Trabalho de campo em Monte Amarelo (BI008)

As encostas íngremes da Bordeira Interior têm pouca vegetação e solo, assim a água corre até ao pé, onde se encontram os pontos de observação. A vegetação destes pontos destaca-se por um elevado número de Euphorbia tuckeyana relativo à vegetação da Chã das Caldeiras, espécie que também se encontra com elevada abundância nas ribeiras mais húmidas da Bordeira Exterior. Na Bordeira Interior encontrou-se também um elevado número de Helianthemum gorgoneum (Piorno de cor Amarelo), Sonchus daltonii (Coroa de Rei) e Cenchrus ciliaris (Rabo de Gato).

30 (uma das quais não aparece na lista mas foi observada fora da parcela de levantamento) das 39, ou seja 77% das espécies encontradas nas encostas da Bordeira Interior são nativas ou endémicas, encontrando-se nesta zona 71% de todas as espécies endémicas/nativas observadas no âmbito deste estudo. Assim, a Bordeira Interior constitui um “banco de sementes” valoroso para a Ilha do Fogo. Por essa razão, foi classificada como zona de Protecção Integrada na primeira proposta de zonagem do PNF. Contudo, os pontos observados estão ameaçados pela recolha de pasto que ainda se pratica, e ainda pela expansão da viticultura.

Recomendação: Tem que se assegurar a manutenção e o cumprimento do estado de “Protecção Integrada” para toda a Bordeira Interior.

b) Achada Gancho/ Monte Lorna

A zona de Achada Gancho/ Monte Lorna, que fica a leste da entrada do PNF, está representada pelos pontos CH005-CH011, sendo os pontos CH005-008 em Monte Lorna, e CH009-011 em Achada Gancho. A zona é de uso tradicional, com agricultura e pastoreio de cabras.

Das plantas endémicas, destaca-se o Echium vulcanorum nesta zona, e ainda cresce Artemisia gorgonum, Diplotaxis hirta, Lavandula rotundifolia e Lotus jacobaeus, entre outras. Também se observa uma abundância de gramíneas como Hyparrhenia hirta e Heteropogon contortus;

Embora o pastoreio livre de cabras não esteja permitido em nenhum sítio no PNF, em Achada Gancho observaram-se óbvios vestígios de cabras nas plantas. Em Achado Gancho, também se pratica o corte de Euphorbia tuckeyana vivo para lenha. Aqui, a abundância de gramíneas podia ser o resultado da pressão exercida pelo pastoreio livre de cabras, já que as gramíneas têm maior potencial de regeneração.

Recomendação: Nesta zona, devia-se intervir com o pastoreio livre das cabras e o corte de plantas endémicas vivas que se pratica e fortalecer a vigilância por parte dos guardas do PNF.

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Monte Lorna tem forte actividade agrícola, mas as plantas cultivadas (rícino, maçã, batata, feijão congo, marmelo e videira, entre outras) crescem entre plantas endémicas, as quais aparentemente não foram retiradas quando as culturas se instalaram.

Recomendação: Este tipo de agricultura devia-se promover em todas as zonas de uso tradicional no PNF. Na Chã das Caldeiras e ainda na zona de Montinho (já fortemente atingida pela erosão), onde a agricultura está a expandir, devia-se sensibilizar a população para os benefícios de manter as plantas endémicas quando se introduzem novas parcelas de agricultura.

Foto 5: Agricultura menos aggressiva em Monte Lorna (CH007) c) Vulcão

Os pontos de observação do Pico do Vulcão – do pé até ao cume - são os pontos CH001-004, CH12-13 e ainda Pico001-003. O cume do Pico do Vulcão constitui uma zona de protecção integrada, as restantes encostas do vulcão sendo de uso moderado. Não obstante, a agricultura, sobretudo a viticultura, está a expandir fortemente em toda a Chã das Caldeiras. Todos os pontos de observação das encostas ao pé do vulcão (CH001-004 e CH12-13) ficam entre ou dentro de parcelas de agricultura, não tendo sido possível encontrar nesta área outros pontos sem agricultura.

Em geral, a vegetação é esparsa, devido à constante erosão da jorra do vulcão. Isto não significa, no entanto, que seja pobre em espécies. Das 41 espécies nativas e endémicas encontradas no decorrer do presente estudo, 19, ou seja, 46%, estavam presentes nas encostas e no cume do vulcão. Especialmente subindo a altitudes mais elevadas, o número de espécies é surpreendente, mesmo ao cume tendo-se observado 5 espécies. A 2340m, encontra-se um pé solitário de Echium vulcanorum, não se tendo visto plantas jovens à volta.

Recomendação: Para manter uma população viável de Echium vulcanorum nesta encosta do vulcão, deviam-se plantar alguns pés para assegurar a possibilidade de reprodução.

4.1.3.3 Bordeira Exterior

A Bordeira Exterior, apesar de não se tratar de uma zona habitada, é uma zona de utilização intensiva. Até ao limite do PNF em 1800m, pratica-se a agricultura, o pastoreio livre de cabras, vacas e burros e a recolha de pasto para os animais. Em 2004, com o estabelecimento do PNF, as actividades agrícola e

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de pastoreio livre foram interditas nas zonas acima dos 1800. No entanto, existem terras privadas nas zonas altas e por isso, ainda se mantêm alguma actividade agrícola. Entre 1977 e 1988, quase toda a zona alta da Bordeira (nomeadamente as zonas de Montinho, Ribeira Filipe, Cabeça do Monte, Cutelo Capado e Montado Nacional) estava sujeita ao cultivo do Rícino (Ricinus communis), no âmbito do “Projecto Rícino”. Algumas partes da Bordeira sofreram grandes danos por causa deste projecto e também devido ao pastoreio de cabras, e estão hoje a recuperar.

Foto 6: Cabras na Bordeira Exterior em Montado Nacional em 2000.

A vegetação natural, apesar da forte pressão pela actividade humana, ainda pode ser encontrada em todas as zonas da Bordeira, em alguns sítios até em muito bom estado. Esta vegetação pode-se dividir principalmente em dois tipos: nas encostas sul e sudoeste com solos cobertos com jorra, domina Echium vulcanorum com Artemisia gorgonum; nas partes do Norte e noroeste, com solos pedregosos, Euphorbia tuckeyana desempenha um papel mais dominante.

Nota-se que o Mato Branco, Phagnalon melanoleucum, se encontrou em grande abundância durante as observações de Leyens em 1997-2001, só se tendo visto alguns exemplares na Bordeira Interior desta vez.

1.) Recomendação: Não se podendo verificar neste momento se isto foi um resultado de pura coincidência ou se realmente diminuiu a abundância desta espécie na zona do estudo, deve-se realizar um estudo acerca da inclusão de P. melanoleucum na Lista Vermelha e da possível introdução de medidas para a conservação desta espécie.

O contrário do caso de P. melanoleucum aplica-se à Sempre-Noivinha, Lobularia canariensis. Especificada por Leyens como espécie fortemente ameaçada, durante o presente estudo observaram-se muitas populações intactas desta planta que estava presente em 10% das parcelas de observação e ainda foi encontrada em alguns lugares fora dos pontos de observação. Este aumento é capaz de ser

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um resultado da diminuição da actividade humana (nomeadamente do pastoreio das cabras) nesta zona devido ao estabelecimento do PNF.

a) Montinho

A zona denominada como ”Montinho” no presente estudo engloba os pontos de observação BE006-BE024. A zona à volta da casa do guarda de Montinho caracteriza-se pela agricultura e florestação nas zonas mais baixas. Assim, o uso humano desta zona está muito forte na zona leste da área de observação (pontos BE008-BE010 e BE011-BE014), diminuindo em intensidade até as zonas mais para sudoeste (pontos BE0017-BE022). As actividades humanas são a agricultura e a recolha de pasto. Em Montinho, os pontos BE008-BE010 e BE011-BE014 ficam em zonas de utilização forte e de agricultura. Segundo informação pessoal (GCF), a agricultura está a expandir significativamente nesta zona, assim ameaçando as encostas com cobertura vegetal muito boa e intacta, como é o caso nos pontos BE012-BE014.

Recomendação: Reforçar a vigilância pelos guardas do parque para impedir a expansão da agricultura para estas zonas de vegetação intacta do PNF e promover uma agricultura menos invasiva.

Algumas zonas mais elevadas da zona de Montinho (pontos BE008, BE009, BE011) encontram-se num estado de degradação avançada. A degradação pode-se atribuir ao pastoreio de cabras, assim como ao projecto Rícino nos anos 1980. Tendo-se eliminado a vegetação natural nas zonas da implementação deste projecto para a cultura do Rícino (Ricinus communis), a vegetação endémica nunca conseguiu recuperar depois de esta ter sido abandonada. Nestas zonas, nem só a cobertura vegetal está degradada, mas também a erosão está muito forte. No entanto, existe um programa de restauração da flora endémica nesta área (ver pontos BE009 e BE011), como é o caso por cima de Cabeça Fundão (pontos BE001 e BE004).

Recomendação: Fortificar este programa de restauração e plantação de plantas endémicas. Além das plantas que estão a ser plantadas (Tortolho (Euphorbia tuckeyana), Lorna (Artemisia gorgoneum), Funcho (Tornabenea tenuíssima) e Piorno (Lotus jacobaeus)) deviam-se plantar espécies arbustivas com maior potencial de crescimento como o Lantisco (Periploca laevigata), ou gramíneas como Hyparrhenia hirta, que podiam impedir o avanço da erosão mais rapidamente.

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No ponto BE006 observou-se uma abundância surpreendente de Lobularia canariensis (Sempre-Noivinha), uma espécie em forte perigo de extinção na Ilha do Fogo, segundo Leyens (2002).

Recomendação: Verificar que não se realize nenhuma expansão de terras sob agricultura para esta encosta. Caso se verifique o estado de L. canariensis como “fortemente ameaçado”, podiam-se recolher sementes para crescer plantas em viveiros e depois plantar em outros sítios no parque. Para este fim, propõe-se realizar entrevistas com a população local para saber a distribuição natural de L. canariensis nas zonas do parque.

Mais para sudoeste, a vegetação sofre menos perturbação humana. Em alguns sítios (pontos BE0017-BE022) não existe uso humano devido à má acessibilidade, pelo que nem sequer se pratica a recolha de pasto para animais. Antes da instalação do PNF, segundo GCF, estas zonas usaram-se fortemente para o pastoreio livre de cabras. Como o PNF impede estas actividades, já se nota a diferença no estado da vegetação, agora sendo muito densa nestas zonas e sem vestígios de dano.

Nesta zona, nomeadamente nos pontos BE19, BE020 e BE022, encontraram-se populações de Lobularia canariensis. Neste caso, a ausência do pastoreio livre de cabras e de utilização humana nesta zona desde a introdução do Parque Natural do Fogo tem efeitos muito positivos para esta espécie em perigo cuja população parece estar a recuperar.

b) Montado Nacional

A zona por cima de Cabeça Fundão (Pontos BE001-BE005) apresenta-se extremamente degradada. Segundo inquéritos realizados no âmbito dos estudos de Leyens (Leyens 2001), antigamente a vegetação nesta área era densa, dominada por Echium vulcanorum com Artemisia gorgonum, de uma altura até 3m. Isto reflecte-se na composição vegetal actual, apesar de ela estar muito esparsa. Nesta zona, E. vulcanorum e A. gorgonum estão acompanhados por Verbascum cystolithicum, uma espécie que também aparece em abundância nas jorras da Chã das Caldeiras.

A destruição da vegetação nesta zona começou em 1950, em 1978 sendo quase completamente ausente. A degradação pode-se atribuir principalmente ao pastoreio livre de cabras (GTZ/ Leyens 2002). Hoje, existem esforços de recuperar a vegetação nesta zona. No ano 2000, foi construído um viveiro onde se criam plantas endémicas (Echium vulcanorum, Artemisia, gorgonum e Lotus jacobaeus, entre outras) e com a idade de 5 meses, estão plantadas. Em alguns sítios (ver ponto BE001) verificou-se uma muito boa regeneração de E. vulcanorum, existindo muitas pequenas plantas e até muitas mais velhas de regeneração natural que já parecem estar estabelecidas e ter boas hipóteses de sobrevivência.

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Foto 8: Plantação de Echium vulcanorum em Montado Nacional Recomendações:

1.) Para esta zona, tal como em Montinho, sugere-se reforçar o projecto de plantação, para segurar a regeneração da vegetação endémica.

2.) Os pontos de observação BE001 e BE004 ficam em zonas de plantações; propõe-se observar o desenvolvimento da vegetação nestas parcelas paralelamente à vegetação das parcelas sem plantações.

c) Bordeira, zonas altas

Nas zonas altas e menos frequentadas da Bordeira (pontos BE0034-045), observam-se as mesmas espécies dominantes que nas zonas de utilização mais forte, embora em muitos casos com maior cobertura e acompanhadas por outras espécies que não estão abundantes nas zonas de actividade humana intensiva. Destas espécies, destacam-se Tornabenea tenuissima, Lobularia canariensis e Erysimum caboverdeanum. Especialmente as populações de L. canariensis parecem estar a beneficiar da reduzida actividade humana em toda a zona do PNF.

Os pontos BE041-BE045 estão com traços de cabras: encontram-se fezes e caminhos de cabras, e as plantas estão com vestígios de dentadas dos animais. Toda a vegetação destas zonas sofre desta influência. Aqui, trata-se de cabras vadias que vêm das encostas altas escarpadas da Bordeira Interior. Recomendação: Deve-se observar o desenvolvimento do estado da vegetação nesta zona. De momento, a influência das cabras vadias não se considera preocupante porque não parecem ter grande influência fora desta zona, mas se a influência do estrago fica mais forte, propunha-se a caça destes animas. Para este fim, podia-se desenvolver um programa de incentivo para a participação da população.

d) Bordeira, zonas baixas

A vegetação das zonas baixas do PNF observadas (pontos BE046-60), entre 1800m e 2100m, caracteriza-se pela alta cobertura de gramíneas, dominada por Hyparrhenia hirta, com outras como Heteropogon contortus, Brachypodium distachyon e Aristida cardosoi. Ainda aparecem em elevados números Lavandula rotundifolia, Satureja forbesii, Euphorbia tuckeyana e Diplotaxis hirta. Segundo informações pessoais de GCF, toda esta zona baixa do PNF era antigamente zona de pastoreio livre de

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cabras, mas este já não se pratica. Segundo ele, a vegetação netas zonas está num estado de recuperação.

Foto 9: Vegetação dominante das zonas baixas da Bordeira Exterior.

Encontrou-se Lobularia canariensis nestas encostas (entre os pontos BE050-053, e também entre BE055-60), na maioria dos casos indivíduos solitários, mas na encosta da ribeira de ponto 058, a 2100m, encontrou-se uma população intacta, junto com Echium vulcanorum e Sonchus daltonii. Nas áreas erodidas das zonas baixas da Bordeira neste lado (entre pontos BE051 e BE052 e também entre 056 e 057) que podiam ser um resultado das chuvas recentes, observaram-se Forsskaolea procridifolia e Diplotaxis hirta como espécies pioneiras.

Recomendação: Estas espécies podiam-se considerar para plantação em outras zonas muito degradadas, para estabilizar o solo.

4.1.3.4 Observações acerca da influência de cabras

Em muitos ecossistemas, o pastoreio livre de cabras tem provocado danos substanciais à vegetação, muitas vezes causando distúrbios ao nível do ecossistema. Os efeitos do sobrepastoreio ainda se observam em algumas zonas de observação deste estudo. Não se trata somente da degradação da vegetação, mas esta também leva à degradação dos solos devido a um aumento de erosão.

Este efeito verifica-se nas zonas bem acessíveis da Bordeira Exterior, que ainda por cima estão com um solo de jorra muito frágil, nomeadamente em Montado Nacional e Montinho. O pastoreio livre de cabras já não se pratica nestas zonas, mas os efeitos do estrago ainda hoje as caracterizam.

Como já se mencionou em cima, existem algumas zonas do PNF em que se verificou com certeza a influência do pastoreio de cabras, estas zonas sendo Achada Gancho e as partes da Bordeira exterior alta, para sul do Ponto Alto do Norte. No último caso, trata-se de cabras selvagens da Bordeira Interior. No caso primeiro deve-se reforçar as regras das zonas de utilização do PNF para verificar que este comportamento não se multiplique.

Referências

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