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Estética Contemporânea

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Academic year: 2021

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Estética Contemporânea

Mário Xavier Gomes Rocha – Ua 71145

Nicolas Provost – Moving Stories

Nicolas Provost é um realizador e artista visual, que vive e trabalha em Bruxelas. Estudou na Royal Academy of Fine Arts, em Gent, Bélgica.

Foi ilustrador, designer gráfico e diretor de arte de empresas em Oslo, Noruega. A partir dos anos noventa, começou a produzir trabalhos em vídeo, os quais receberam vários prémios em festivais de vídeo, e que são vistos worldwide.

O trabalho de Provost é uma reflexão sobre a gramática do cinema, sobre a relação entre a arte visual e a experiência cinematográfica. A dualidade desempenha um papel importante nos trabalhos do artista, marcadamente a ambiguidade e o equilíbrio entre o grotesco e o comovente, a beleza e a crueldade, o emocional e o intelectual.

Através da manipulação do tempo, de códigos e elementos formais, plenamente reconhecidos pelo público, Provost analisa a linguagem cinematográfica e a narrativa fílmica. Novas histórias são contadas por descontextualização e desconstrução de imagens e/ou de filmes existentes. O áudio é também um elemento importante nos seus trabalhos, ao ser usado com uma forte carga emocional, além de constituir um suporte rítmico.

O filme Moving Stories data de 2011, é produzido a cores e tem uma duração aproximada de sete minutos. Neste filme, Nicolas Provost leva-nos a uma viagem por céus diurnos até ao pôr do sol. O ponto de partida para este projeto é o futuro misterioso de um casal de jovens. A matéria prima consiste na recolha de uma série de pequenos clips de aviões em pleno ar. Utiliza planos

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filmados de várias perspetivas, desde o plano do solo, dentro do avião e diversos ângulos do avião em pleno voo.

Para Provost, a web oferece uma memória coletiva proporcionada pela revolução digital do novo século. Para o autor, importar material de filmes/clips existentes, esculpi-los e dar-lhes outro sentido faz parte do seu trabalho. Segundo o artista, o público já atingiu a maturidade suficiente para percecionar o caráter poético inerente a novas linguagens cinematográficas. As suas palavras, retiradas de uma entrevista dada por ocasião do Bucharest International Experimental Film Festival, em dezembro do corrente ano, exprimem-no claramente:

“I quickly found out that we are all part of a huge collective film memory and that the audience is very mature to understand and feel the poetry of film language.”

[BIEFF the BLOG, 2013] acedido a 03/12/2013.

Visto por outro lado, em termos de custos de produção, é bastante mais económico usar cenas já filmadas em detrimento de as filmar. De certa forma, existe um reaproveitar e reciclar de material já usado, transformando-o em matéria prima para as suas obras.

Os momentos “aftermath” nos filmes de longa metragem sempre o fascinaram, os momentos de tranquilidade dos filmes que permitem uma rutura na história, em que o público pode refletir sobre o que aconteceu e para onde a história pode progredir. Infelizmente, estes momentos apenas duram breves segundos, pelo que é o próprio realizador que procura prolongá-los, na medida do possível.

No seu filme Moving Stories, Provost tenta conduzir o espectador com o filme, dando um novo sentido a incríveis clips de cenas filmadas de aviões, acrescentando-lhes uma possível narrativa, sustentada apenas por um breve diálogo sugestivo, no início.

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Concretamente neste filme, através de uma longa sequência, o público pode maximizar a projeção da sua imaginação. Desta forma, o filme torna-se numa experiência visual mediática. A aplicação de sons sobre o filme desafia, de uma forma muito emotiva, a imaginação do público, ao ouvir-se um diálogo entre um casal de jovens enquanto vemos o voo de um avião comercial em direção ao pôr do sol. Ao utilizar apenas o diálogo e não as imagens dos intervenientes, Provost promove ao máximo a capacidade imaginativa do espectador. Em apenas breves segundos, vemos um plano do interior do avião com uma vista para o exterior, que poderá situar ou não o casal nesta viagem. O próprio discurso associado apenas à viagem já causa tensão, fazendo-nos questionar sobre o que irá acontecer-lhes ou o que irá acontecer ao avião. Durante dois momentos no filme, o som é utilizado como potenciador de tensão, quando usa o som de um trovão e de ventos muito fortes. A banda sonora cativa o público do princípio até ao fim. Jogando com momentos de tensão mais fortes, Provost consegue manipular a atenção permanentemente durante os escassos sete minutos.

Num segundo diálogo entre o casal, quando a mulher pergunta “everything ok?”, obtendo a resposta “yeah”, o público tem um momento de descontração. E é nesta constante dualidade tensão/ tranquilidade que Provost nos mantém aprisionados até ao último instante.

O conceito de viagem é reforçado por planos tirados em pleno dia, passando para planos do pôr do sol. Associado à simples definição de uma viagem de avião, ele consegue reproduzir uma viagem no tempo e espaço.

Em termos de materialidade da obra, o artista utiliza diversos clips de voos de aviões comerciais Boeing, acrescenta-lhe diálogos entre um casal extraídos de um filme. Os aviões são filmados em diversos ângulos e sempre em viagem. Para conferir uma temporalidade, e reforçar o conceito de viagem, recorre a planos de voo feitos durante o dia e planos de voo durante o pôr do sol. A viagem é o conceito principal da obra, constituindo a ancoragem que define o

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sentido. Os diálogos e os sons naturais acrescentam um efeito psicológico de expectativa, criando tensão ao longo do filme. São imagens descontextualizadas e trazidas para um novo contexto, sendo observadas pelo público de uma forma completamente diferente. Na realidade, nada mais são do que imagens de aviões em pleno voo; porém, associadas a uma boa banda sonora e a sons de excertos de diálogos, permitem que a história fique inconclusa e o espectador fique em expectável suspense.

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Snapshots

Webgrafia

MOVING STORIES – Interview with Nicolas Provost – “We are all part of a huge collective film memory.”

http://bieff.wordpress.com/2012/11/12/moving-stories-interview-with-nicolas-provost-we-are-all-part-of-a-huge-collective-film-memory/

Link para o filme:

Referências

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