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PUC CAMPINAS PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA

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PUC CAMPINAS – PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA

GILLES LIPOVETSKY

METAMORFOSES DA CULTURA LIBERAL: ÉTICA, MÍDIA E EMPRESA

Campinas - SP 2018

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DANILO PRADO FIGUEIREDO

METAMORFOSES DA CULTURA LIBERAL: ÉTICA, MÍDIA E EMPRESA

Resenha do Livro Metamorfoses da Cultura Liberal, Ética, Mídia e Empresa, apresentada pelo aluno Danilo Prado Figueiredo, RA 17203621, da disciplina Antropologia Teológica B do curso de Graduação em Ciências Econômicas da PUC Campinas – Pontifícia Universidade Católica.

Prof. Ms. Pe. Danilo Rodrigues.

Campinas - SP 2018

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RESENHA

LIPOVETSKY, Gilles. Metamorfoses da cultura liberal: ética, mídia e empresa. Porto Alegre/RS: Editora Sulina, 2004. 88 p.

Gilles Lipovetsky nasceu em Millau (Franca) em 24 de setembro de 1944, é professor de Filosofia em Grenoble (Franca) e teórico da Hipermodernidade, sendo um dos principais defensores atuais das democracias liberais e um crítico temível e consistente da satanização da mídia. E autor de varias obras pela grande editora francesa Gallimard, entre as quais A era do vazio (1983), O Império do efêmero (1987), O crepúsculo do dever (1992) e a Terceira mulher (1997). Recebeu homenagens em 2013 o Doutoramento Honoris causa pela Universidade de Aveiro e em 2015 o Doutoramento Honoris causa pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul.

A sua obra Metamorfoses da cultura liberal: ética, mídia e empresa, originou-se de conferências feitas por Lipovetsky no Canadá, em novembro de 2001, a qual foi homenageado pela Faculdade de Teologia, Ética e Filosofia da Universidade de Sherbrooke, com o título de Doutor Honoris causa em Filosofia, convidado na sequência, para um seminário de Sociologia, coordenado por Diana Pacom, na Universidade de Otawa, e uma palestra no Colegio Dominicano de Filosofia e Teologia de Otawa, Gilles Lipovetsky aproveitou para retomar algumas análises presentes em obras suas, fazer um balanço das suas reflexões de então e esboçar algumas hipóteses em desenvolvimento, é, portanto, neste contexto que o autor escreve sua obra dividindo-a em quatro capítulos.

No primeiro capítulo, intitulado “Narciso na armadilha da

pós-modernidade?”, o autor traz um debate em breves palavras sobre como é este comportamento individualista do indivíduo pós-moderno com relação a esses novos valores sociais (o “eu” fundamentalmente como profissional e egoísta). Apesar de a maioria ainda se doar ao ambiente familiar, muitos homens e mulheres veem a si próprios como figuras essenciais para a felicidade e bem-estar. As pessoas estão trabalhando mais, focando em suas carreiras e em conforto financeiro em um primeiro momento. Após uma singela introdução, Lipovetsky inicia sua argumentação a

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respeito do assunto destaque do livro: a moral, onde ele traz evidências comparativas, mediante um exame minucioso do nosso mundo moderno, ou seja, da atualidade, com o mundo de épocas antigas. Segundo ele, umas das características do mundo pós-moderno é a responsabilidade, onde ele afirma que nós, como seres humano, temos que compreender de fato qual é o nosso verdadeiro papel na sociedade, tanto individual como coletivo. Na sua visão, o papel o individual do ser humana seria a sua própria responsabilidade perante a sociedade e o papel coletivo diz respeito há pessoas públicas (políticos) e pessoas formadoras de opiniões (empresários, jornalistas, etc.), isto é, as decisões que são tomadas por eles influenciam na vida de grande número de pessoas.

Lipovetsky inicia o capítulo dois intitulado de: “Morte da moral ou

ressurreição dos valores: que ética para hoje?”, afirmando que nos dias atuais existe um grande número de homens e mulheres que nas suas concepções a moral acabou, uma vez que predominam o cinismo, o egoísmo e a negação de valores, porque os fundamentos complexos da moral já se tornaram desnecessários. O autor expõe comparações de três fases da moral, que ele chama de: “as três eras da moral”. A primeira e mais antiga, chamada de era Teológica, era assegurada, ou seja, pautada pela fé em Deus, pois a única e verdadeira moral só era conhecida através dos ensinamentos da Bíblia Sagrada que são textos manuscritos escritos por homens inspirados por Deus. Somente o Evangelho, que segundo o Cristianismo são as Boas Novas, isto é, um Deus que deu sua vida pela humanidade, sendo morto, cricificado mas ressuscitou ao terceiro dia e mediante a Fé exclusiva Nele e seguindo seus ensinamentos, abrindo mão dos costumes mundanos, alcançará então a salvação eterna e terá direito há habitar junto com ele no Ceú. Essa era funcionou até o fim do século XVII. Após esse inicia-se a era Laica Moralista, que é o nome que Lipovetsky dá à segunda fase da história da moral, uma vez que laica é aquilo que não pertence ao clero nem a uma ordem religiosa, na qual o racionalismo predomina e está atribuído a princípios independentes de dogmas e doutrinas. Foi a partir do Iluminismo, um movimento intelectual do século XVIII caracterizado pela centralidade da ciência e da racionalidade crítica no questionamento filosófico, o que implica recusa a todas as formas de dogmatismo, que os modernos buscaram estabelecer as bases de uma moral independente da Igreja. A exigência absoluta é o dever de humanidade, o princípio de obediência íntima à inspiração da consciência. Com os modernos, o verdadeiro valor não está mais no jejum, nas penitências, nas rezas e nas

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peregrinações, mas na obediência à lei moral, que prescreve a tolerância, a liberdade religiosa, o direito à “consciência errônea”. Nesse sentido, a secularização da moral coincide com a supremacia da razão moral, com o humanismo ético, ou seja, o homem pode alcançar a virtude sem a ajuda de Deus e de dogmas teológicos. O autor quer dizer nessa afirmação que a moral estava sob o domínio religioso e nessa era passa para o regime civil, uma vez que razão no sentido etimológico é a faculdade de conhecimento intelectual próprio do ser humano e humanismo ético é a valorização do ser humano e a condição humana acima de tudo. A terceira e mais importante fase é a pós-moralista que, de acordo com Gilles Lipovetsky, é onde nos encontramos hoje. A cultura predominante nessa sociedade glorifica os desejos individuais. O máximo de felicidade e bem estar é uma forma de princípio que se alinha ao anseio das pessoas, as quais deixaram de pensar unicamente como uma sociedade e suas causas revolucionárias. Essa evolução se revela especialmente na antes chamada esfera da moral individual, a dos deveres para consigo mesmo (castidade, temperança, higiene, trabalho, poupança, interdição de suicídio). No fundo todos esses imperativos transformaram-se em opiniões livres, em direitos individuais, tendo sido, no passado, pensados, ao contrário, como deveres absolutos do homem para consigo. O culto ao dever sacrificial não é mais exaltado em lugar algum, nem na escola, nem nos livros, nem mesmo na política. Mas, ao mesmo tempo a caridade, os apelos à solidariedade, aos pobres, aos enfermos, nunca alcançaram tanto sucesso midiático. Lipovetsky faz também três observações quanto ao relativismo e liberalismo da moral, segundo ele, o individualismo significava a paixão exclusiva pelo dinheiro e autoabsorção em si mesmo, daí o autor observa que a exigência ética nos permite estabelecer uma imagem mais complexa, menos estereotipada do individualismo, com frequência reduzida ao egoísmo e ao niilismo puro e simples. A segunda observação é que não devemos exagerar a ideia de que tenderíamos para o “relativismo dos valores”, onde tudo é relativo, basta observar que a tortura, pedofilia, terrorismo, etc, são radicalmente rejeitados em massa e até diabolizados. Até mesmo nas questões como aborto, uso de drogas, pena de morte, homossexualismo, podemos notar as diversificações do sistema e a individualização da moral. E a última observação é acerca dos paradoxos da época pós-moralista, onde de um lado as sociedades endeusam o prazer, a sexualidade, a satisfação do desejo, mas sem promover a orgia ou a anarquia sexual, como bem afirma o autor que estamos muito longe da promiscuidade e da indisciplina sexual (páginas 36 e 37). Portanto essa

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“liberdade individualista” gera mais costumes moderados do que dissolutos, ou seja, não leva à desordem social, mas sim a uma “desordem organizadora”.

Lipovetsky termina o capítulo II retomando a questão principal que é o individualismo, sendo que em sua visão há dois tipos: o individualismo irresponsável e o individualismo responsável. O primeiro ele é aquele onde o indivíduo cultua o sucesso pessoal a qualquer preço, sem medir consequências, tornando-o niilista, ou seja, para esse indivíduo as crenças e os valores tradicionais não têm fundamento, por isso não há sentido ou utilidade nenhuma. O segundo é uma espécie de inclinação do individualismo que se preocupa com questões sociais como a tolerância, a ecologia, o respeito pelas crianças, a exigência de limites, o voluntariado, a luta contra a corrupção e as comissões éticas. Portanto, é nesse cenário que o autor continua seu raciocínio dizendo que devemos retroceder o individualismo irresponsável e avançar o individualismo responsável juntamente com uma ética da responsabilidade, isto é, uma ética que faça jus as consequências objetivas das nossas escolhas de acordo com as verdadeiras condições sociais e não ao idealismo absoluto, que tenha mais realização práticas e menos realizações intencionais, que haja instituições políticas mais justas, inteligentes e coerentes. Não é com belas declarações de generosidade que se conseguirá mais justiça e mais humanidade, mas fazendo com que o individualismo irresponsável retroceda, com a criação de novos dispositivos de solidariedade.

No capítulo III, penúltimo capítulo da sua obra, Lipovetsky chama-o de: “A alma da empresa: mito ou verdade”, onde apresenta alguns fatores como exemplos de éticas adquiridas por grandes empresas com o intuito de conquistar clientes e consumidores. Quanto mais são exigidos níveis de rentabilidade elevados dos capitais investidos, mais a gestão ética ascende. Quanto mais as empresas nadam nas águas geladas do liberalismo econômico, mas se mostram em busca de alma; maior é a fúria da guerra econômica, maior a exigência de uma moralização dos negócios. Os princípios da moral tornaram-se condição para o sucesso dos negócios e estão ligadas a quatro grandes fatores: o primeiro são uma sucessão de catástrofes e de perigos que acelerou a tomada de consciência humana em relação a preservação do meio ambiente e do homem. O segundo é o novo modelo econômico do capitalismo determinado pelas políticas neoliberais dos anos 80 e pelo desenvolvimento de inovações financeiras cada vez mais sofisticadas. O terceiro é a ascensão do referencial ético no universo empresarial juntamente com as novas estratégias de

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marketing, com o objetivo de ganhas novas fatias de mercado por meio de novas políticas de comunicação e de produtos. E o quarto é o chamado promoção da cultura empresarial, com a exigência de mobilização dos empregados. Começa-se a compreender que a guerra econômica está centrada nos homens; não se pode vencer os desafios da competitividade se eles não estão motivados e engajados na empresa. É justamente aí que a solidariedade, a ética, a ecologia e a empresa cidadã desempenham um papel de adesão, de mobilização interna. Nesse contexto o autor expõe algumas razões em relação da ética nas empresas: uma primeira razão são as exigências dirigidas às empresas em matéria de segurança e de eliminação de riscos que estão longe de acabar. A segunda razão é em função da globalização liberal e do novo peso das finanças, o futuro econômico das empresas é incerto, caótico e complexo. Terceira razão é relativa ao consumo contemporâneo, onde se vê indivíduos que querem afirmar a sua identidade por meio do próprio consumo. a quarta e última razão é a ética dos negócios como um fenômeno futuro em relação a transformação do equilíbrio tradicional dos poderes e dos contrapoderes em ação nas democracias liberais. Dentro desse contexto o autor ainda cita três níveis da ética: o primeiro nível é a ética facultativa, que significa que nem tudo que é bom moralmente deve ser obrigatório para uma empresa. O segundo nível é a ética indeterminada, onde não se deve perder de vista que há outra dimensão da moral, relativa ao risco e à incerteza, que remete a um engajamento ou uma ética mais pessoal e o terceiro nível é a ética absoluta, que segundo Lipovetsky se existe um nível facultativo da ética dos negócios, há também um nível obrigatório e incondicional, inviolável, trata-se dos princípios últimos da moral, que prescrevem o respeito às pessoas, a proteção à vida, o respeito à dignidade dos outros. A conclusão a que se chega, é que a ética mais importante é a absoluta, em que todas as empresas, independentemente de sua condição atual, deve assegurar condições de trabalho adequadas aos funcionários. Qualquer outra moral é facultativa.

Lipovetsky, chamada o último capítulo da sua obra, capítulo IV de: “Deve-se culpar a mídia?”, onde o autor usa como exemplo a televisão. Antes do advento do aparelho, vizinhos ainda se encontravam em cafés do bairro para conversar. Atualmente, os diálogos se enquadram de acordo com os programas televisivos. No sofá de casa. Ele analisa a influência da mídia na sociedade, dizendo que se a violência aumenta a culpa é da TV que promove os programais criminais, se o rendimento escolar dos alunos cai, a culpa é das horas que ficam em frente da TV

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vendo programas imbecis em vez de estarem estudando. A xenofobia reaparece através de líderes de partidos políticos de extrema direita que são convidados para fazerem debates em programas de TV. A abstenção eleitoral aumenta devido a mídia que imbeciliza os eleitores com seus programas de variedade e transforma a política em espetáculo. Surge um novo culpado, um novo “demônio” a “mídia”. Os meios de comunicação, atrelados à tecnologia, formaram uma população mais individualista. É nesse momento que os tópicos apresentados no início da obra ganham forma novamente e se unem a uma espécie de egocentrismo em comunidades modernas. Outra acusação contra a mídia é que a televisão perverte a democracia e degrada o espaço público. O militante é substituído por um telecidadão distraído e passivo, inclusive o da política midiática.

O autor conclui sua obra dizendo que mídia deve ser considerada como agente de consolidação da democracia, pois opera no sentido da desqualificação do autoritarismo e das incitações histéricas à violência e às cruzadas. A mídia situa-se no pólo da moderação, não da excomunhão. Exaltando os direitos do homem e a tolerância, glorificando o bem-viver individual em detrimento das grandes militâncias, acelerando o esquecimento dos acontecimentos com outros acontecimentos sempre novos, superficializando as mensagens, a mídia funciona como um amplificador da pacificação coletiva e da desdramatização da vida social, seja qual for o volume de imagens de violência estampado nas telinhas. Paradoxalmente, a mídia deu maior estabilidade à ordem democrática, mesmo que seja uma ordem “mole”, desinvestida em benefício dos prazeres e realizações privados. Portanto, tanto os jovens e os demais cidadãos devem estar atentos os divertimentos midiáticos, com certas restrições, distanciamentos e liberdade, pois para Lipovetsky, o ponto centra da sua obra é a reflexão sobre as mudanças ocorridas nos sistemas educativos para que preparem melhor a juventude a enfrentar os problemas do presente e do futuro.

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BIBLIOGRAFIA E REFERENCIAS

• Lipovetsky, Gilles. Metamorfoses da cultura liberal: ética, mídia e empresa. Tradução Juremir Machado da Silva – Porto Alegre: Sulina, 2004, 88 p. ISBN: 978-85-205-0369-0.

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