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Processo nº 199/2021
Recorrentes: UNIÃO FUTEBOL CLUBE DE NOVA FÁTIMA Recorrido: Tribunal Pleno do TJD-PR
Relator: LUIZ FELIPE BULUS
RECURSO VOLUNTÁRIO. PRESCRIÇÃO E
DECADÊNCIA. NÃO OCORRÊNCIA. DESPROVIMENTO DO RECURSO.
1. A discussão no presente caso não diz respeito à
prescrição, mas à decadência, sendo certo que o prazo a ser aplicado é de 1 ano, nos termos do artigo 28 do Ato da Presidência nº 17/2017 da Federação Paranaense de Futebol.
2. Mesmo sendo considerado o marco inicial defendido pelo
Recorrente (setembro de 2019), é certo que não ocorreu a decadência, vez que a instauração do PAD se deu em 20/03/2020, portanto, em prazo inferior a 1 ano.
3. A matéria de ordem pública, relativa à suposta ofensa à
Ampla Defesa, alegada pela Procuradoria deste STJD com sugestão pela anulação da decisão do PAD, deveria ter sido alegada pela parte supostamente prejudicada na primeira oportunidade que teve para falar nos autos.
4. Não havendo alegação da parte acerca da ofensa à Ampla
Defesa, é inconteste a ocorrência de preclusão.
5. O Recurso Voluntário deve ser desprovido.
Vistos, relatado e discutido o processo em epígrafe,
A C O R D A M os Auditores do Pleno do Superior Tribunal de Justiça Desportiva do Futebol, por unanimidade, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
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Relatório:
Trata-se de Recurso Voluntário, com pedido de efeito suspensivo, interposto pelo União Futebol Clube de Nova Fátima contra acórdão proferido pelo Tribunal Pleno do TJD-PR, que homologou decisão da comissão disciplinar da FPF de desfiliação do Recorrente.
O Recorrente alega que teria ocorrido decadência, vez que a comissão de processo disciplinar foi instaurada pela FPF somente em 20/03/2020, enquanto o marco inicial do prazo decadencial teria início no término do prazo de inscrição dos campeonatos das categorias de base (março/2019).
Nesse contexto, pede a incidência dos artigos 28 e 29 do Ato da Presidência nº 17/2017, que regulamenta as normas da comissão de processo disciplinar da FPF.
O Recorrente aduz, ainda, que o periculum in mora residiria na possibilidade de, a qualquer momento, poder ser convocado arbitral para as bases e 3ª Divisão do Campeonato Paranaense.
Indeferi o pedido de efeito suspensivo por não vislumbrar os requisitos do artigo 147-A do CBJD.
A Procuradoria ofertou parecer opinando por conhecer de ofício matéria de ordem pública para “anular a decisão de origem” por suposta ofensa à Ampla Defesa.
Este é o relatório, em apertada síntese.
Voto:
O Recorrente traz como única alegação de defesa, desde a origem, a ocorrência de prescrição.
O Pleno deste STJD fixou, recentemente (8/7/2021), no processo 153/2021, o entendimento com relação aos artigos 28 e 29 do Ato da Presidência nº 17/2017 da FPF, no sentido de que o artigo 28 cuida de decadência que, no presente caso, é de 1 ano.
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Com efeito, da mesma forma como entendido por este Pleno em julgamentos anteriores também oriundos do TJD-PR em casos análogos, não há falar em prescrição ou decadência, uma vez que, mesmo sendo considerado o marco inicial defendido pelo Recorrente (março de 2019), é certo que não ocorreu a decadência, vez que a instauração do PAD se deu em 20/03/2020.
Portanto, não há falar em decadência e/ou prescrição na hipótese vertente.
No tocante à tese da Procuradoria, no sentido de que deveria ser acolhida matéria de ordem pública relacionada ao julgamento pela comissão sem a análise do pedido de produção de prova testemunhal e realização de sustentação oral, impende registrar que a suposta ofensa à Ampla Defesa deveria ter sido alegada pela parte supostamente prejudicada na primeira oportunidade que teve para falar nos autos. No caso, seria o momento da abertura de prazo para alegações finais.
Ainda que se quisesse ser mais flexível, vale lembrar que a matéria também poderia ter sido alegada perante o TJD-PR e, finalmente, no âmbito deste Recurso Voluntário. Jamais foi alegada. Se não foi, a conclusão não pode ser diversa da que a parte não se sentiu prejudicada e que a matéria está preclusa.
A esse respeito vale conferir o entendimento pacífico do eg. STJ:
AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL - AÇÃO DE COBRANÇA C/C PEDIDO CONDENATÓRIO - DECISÃO MONOCRÁTICA QUE NEGOU PROVIMENTO AO RECLAMO.
INSURGÊNCIA DO DEMANDADO.
1. Não tendo a parte se insurgido contra o indeferimento da
prova oral, em momento oportuno, operou-se a preclusão do direito de requerê-la.
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2. A desconstituição das conclusões do acórdão acerca do descumprimento do contrato demandaria o revolvimento do contexto fático-probatório dos autos, o que é obstado, nesta instância recursal, pelo óbice da Súmula 7/STJ.
3. Agravo regimental desprovido.
(AgRg no AREsp 244.542/MT, Rel. Ministro MARCO BUZZI, QUARTA TURMA, julgado em 07/06/2018, DJe 19/06/2018)
GRIFOS NOSSOS
AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO.
RESCISÃO CONTRATUAL. CERCEAMENTO DE
DEFESA. JULGAMENTO ANTECIPADO DA LIDE.
PRECLUSÃO. INDENIZAÇÃO. FALTA DE
PREQUESTIONAMENTO. ART. 1.022 DO CPC/2015.
VIOLAÇÃO. INDICAÇÃO. AUSÊNCIA.
RESPONSABILIDADE CONTRATUAL. REVISÃO.
IMPOSSIBILIDADE. SÚMULAS NºS 5 E 7/STJ.
1. Recurso especial interposto contra acórdão publicado na vigência do Código de Processo Civil de 2015 (Enunciados Administrativos nºs 2 e 3/STJ).
2. Não tendo a parte se insurgido contra o indeferimento da
prova oral em momento oportuno, operou-se a preclusão do direito de requerê-la (CPC/1973).
3. (...)
7. Agravo interno não provido.
(AgInt no AREsp 1599827/RJ, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em 11/11/2020, DJe 17/11/2020)
GRIFOS NOSSOS Nesse passo, não merece melhor sorte o fundamento trazido no parecer da Procuradoria no sentido de que a decisão deveria ser anulada por ofensa à Ampla Defesa.
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E-mail: stjd@cbf.com.br | www.stjd.org.br | + 55 21 30356200 Ante o exposto, nego provimento ao Recurso Voluntário.
É como voto.
Brasília, 4 de agosto de 2021.
LUIZ FELIPE BULUS Auditor do Pleno do STJD